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BIOPODER: UMA FACE DE MUITAS POSSIBILIDADES

Michel Foucault foi um filósofo, professor, psicólogo e escritor francês. Foucault


realizou um grande salto na filosofia por causa de seu jeito inovador de ver as
situações. Ele, influenciado pelos grandes nomes da filosofia como Nietzsche, Karl
Marx e entre outros, realizou grandes feitos nas estruturas filosóficas. Para Foucault,
em resumo, biopoder refere-se a uma técnica de poder que busca criar um estado de
vida em determinada população para produzir corpos economicamente ativos na
sociedade e politicamente dóceis.

Biopoder seria ou é uma forma de governar a vida individual de um ser ou geral de


uma população. O biopoder se divide em dois eixos: disciplina, onde há o controle dos
corpos; e biopolítica, o governo da população no geral. Essas duas formas de poder se
incluem, são interligadas por várias relações.

A disciplina, se concentra no corpo como uma máquina, e seu foco seria como se
fosse um “adestramento”, onde o indivíduo é obrigado a seguir determinadas regras
sem qualquer objeção, ser comportado e dócil. Agia nas formas de trabalho, na
extorsão de suas forças, no crescimento de sua utilidade na sociedade e entre outros.
Por exemplo no controle da forma como seu próprio corpo reage á situações no
trabalho que exerce ou situações políticas do dia a dia. (anátomo-política).

“Agora é sobre a vida e ao longo de todo o seu desenrolar que o poder estabelece
seus pontos de fixação. A morte é o limite, o momento que lhe escapa. Ela se torna o ponto
mais secreto da existência, o mais privado” (FOUCAULT, 2012, p. 151).

A biopolítica, se concentrava no todo, no coletivo. Interferia ou se adentrava no


controle de nascimentos, da mortalidade, da duração de vida e entre outros. Esses
processos são medidos através de intervenções e controle. Por exemplo, a biopolítica
afeta a sexualidade em si, sua cor de pele e várias outras coisas. (biopolítica da
população).

“As disciplinas do corpo e as regulações da população constituem os dois polos em torno dos
quais se desenvolveu a organização do poder sobre a vida. A instalação, durante a época
clássica, desta tecnologia de duas faces – anatômica e biológica –, individualmente e
especificante, voltada para os desempenhos do corpo e encarando os processos da vida,
caracteriza um poder cuja função mais elevada já não é mais matar, mas investir sobre a vida,
de cima para baixo.” (FOUCAULT, 2012, p.152).

Anteriormente, como já se viu o conceito de biopoder e suas ramificações,


atualmente existem muitas situações no qual o biopoder é evidente.

Um exemplo de biopoder atuado no racismo. O racismo de Estado trabalhado por


Michel Foucault, ao exercer o biopoder, o Estado tem por função eliminar os
potenciais perigos à vida, a fim de preservá-la. Dessa maneira, sendo ele:
“Protetor da integridade, da superioridade e da pureza da raça” Foucault (1976).

Citado por Michel Foucault como aparato fundamental de controle e disciplina sobre
os corpos na biopolítica e, no biopoder, o racismo é o mecanismo de divisão entre
aqueles que devem viver e aqueles que são deixados para morrer. Seus agentes, são os
que personificam o conceito de biopoder a partir da biopolítica, ou seja, os grandiosos
do governo, acima disso tudo, envolvido com o capitalismo diretamente e o
manipulando. Seus meios de se chegar a isso, é por meio de discursos manipuladores
para a população à mercê desse determinado governo, e assim, não tendo escolha a
não ser acreditar no que lhe é dito. Sua tecnologia por meio de usos eletrônicos,
palestras, aparições ao vivo e entre outros, são suas formas de chegar nos indivíduos.

Outro exemplo de biopoder e biopolítica, foram as situações vividas na época da


Covid-19 no Brasil e no mundo todo. O ex-presidente brasileiro, Jair Messias
Bolsonaro, desconsiderou o conhecimento científico para combater a pandemia na
época, e essa escolha, provocou milhares de mortes de brasileiros pelo país. Na obra
“Necropolítica” (2011) do filósofo Achille Mbembe, a necropolítica, uma espécie de
biopolítica, é a utilização do biopoder pelo Estado, usando meios para a decisão de
quem pode viver e de quem deve morrer. Os grupos atingidos dados a estas
informações são a população em um todo, já que é uma situação social. Seus meios
para chegar no público, ou seja, suas tecnologias utilizadas foram meio de transmissão
pelas redes sociais e entrevistas jornalísticas. Afeando toda a sociedade presa no meio
desse sistema ou desses agentes, assim também utilizando um darwinismo social
vulgar.

Joseph-Achille Mbembe, conhecido popularmente apenas como Achille Mbembe,


um filósofo, teórico político, historiador e professor universitário, criou o termo
famoso chamado necropolítica. Tem forte ligação com o filósofo comentado
anteriormente, Michel Foucault. O termo necropolítica foi criado a partir do termo da
biopolítica, a necropolítica é a capacidade de estabelecer parâmetros em que a
submissão da vida pela morte está legitimada. Para Achille Mbembe, a necropolítica
não se dá apenas pelo uso da vida, mas também pela destruição dos corpos. Não é
apenas morrer, mas também fazer morrer. Esse poder voltado a morte, é um
elemento no capitalismo neoliberal de hoje.

“A necropolítica aparece, também, no fato de que o vírus não afeta todas as pessoas de uma
maneira igual. (...) O sistema capitalista é baseado na distribuição desigual da oportunidade de
viver e de morrer”
(Joseph-Achille Mbembe)

Mbembe explica que, o termo da necropolítica, sua ideia era demonstrar as formas
pelos quais, no mundo atual, existem estruturas com o objetivo de provocar e realizar
a destruição de alguns grupos na sociedade.

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