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Invisibilização da população minoritária em uma análise de estudo dos

poderes.

Introdução
Os estudiosos que discutem sobre a invisibilização das minorias periféricas lançam
diversos olhares e perspectivas diferentes sobre eles, assim como distintas
explicações sobre o seu processo de esquecimento. Inicialmente, esses indivíduos
não faziam parte da história, e somente eram citados nela como corpos vítimas do
controle por classes dominantes, evidenciando que esse povo sempre fora
pertencente ao meio termo na posição de esquecimento ou de vulnerabilidade.
Para uma compreensão do tema, entenderemos sobre os conceitos trabalhados por
Michael Foucault, filósofo francês, que analisa a lógica do poder soberano, do
biopoder e da biopolítica. Em primeira instância, Foucault discute acerca da teoria
clássica soberana, a qual apresenta ideais de poder soberano sobre a vida e morte,
o soberano pode fazer morrer e deixar viver, sendo estes não mais fenômenos
naturais e sim fatores do campo político que irão problematizar o poder sobre a vida
e a morte, no entanto a partir do século XVII são desenvolvidas transformações das
tecnologias de poder.
Nos séculos XVII e XVIII começaram a surgir técnicas voltadas ao corpo individual,
que elaboravam a distribuição e organização dos corpos por meio de um
alinhamento e, consequentemente, vigilância, dessa maneira se observava uma
anátomo-política do corpo humano, na qual haviam dispositivos disciplinares
incubidos de aumentar a força produtiva, através do controle de tempo e espaço nas
instituições.Entretanto, ao final do século XVIII é possível observar o surgimento de
outra tecnologia de poder, que não anula o caráter disciplinar da primeira, mas
articula entre si, caracterizando-se como uma biopolítica da espécie humana, sendo
um conjunto de processos que engloba a população (corpo múltiplo), constituído nas
práticas de natalidade, mortalidade, inabilidades biológicas e efeitos do meio. A
biopolítica vai intervir em acontecimentos aleatórios que repercutem incapacidades,
a partir disso implementam mecanismos reguladores (de previsões, estatísticas e
medições) que atuam fixando estados globais de equilíbrio, assim, o foco não é
estabelecer uma disciplina, e sim uma regulamentação.
Por fim, é necessário compreender também sobre o excesso do biopoder sobre o
direito soberano, isso ocorre quando surge, envolvendo fatores técnicos e políticos,
a possibilidade de proliferação de algo vivo, que fora fabricado por homens, como
tipos de vírus que podem se tornar incontroláveis. Logo, torna-se evidente o excesso
do biopoder, que até então possuía o objetivo de organizar a vida, mas elabora
formas de acabar com esta, assim, retomando ao direito de vida e morte do poder
soberano.
O presente artigo irá apresentar o conceito de biopoder de Foucault como agente
influenciador do surgimento do capitalismo e estabelecimento de uma classe
dominante, e busca propor uma reflexão acima do controle dos corpos,
especialmente aqueles em situação de minoria, o direito da vida e da morte,
surgimento de movimentos revolucionários sobre a influência do mass media.

Invisibilização histórica
Ao final do século XV é possível perceber o culto pelo novo e pela originalidade,
promovido pelas ideias iluministas, sendo assim, passa-se a enxergar a história
como um progressivo processo de emancipação humana, visto que a medida que
fosse avançando, essa teria mais valor, no entanto essa visão histórica parte de um
processo unitário, somente existindo história se houvesse progresso.
Em benefício disso, a história como curso unitário é uma resultante da perspectiva
de uma sociedade composta de classes dominantes e burguesas, que tornam a
classe dominada invisível, os pobres que não são capazes de fazer história, já que
em suas vidas não há o progresso. É ilusório pensar que possui apenas um ponto
de vista histórico, sendo que os acontecimentos do passado podem ser
interpretados de diversas formas diferentes, como por exemplo o processo de
colonização do Brasil, que na visão europeia determinante, acreditava-se que a
partir da colonização dos povos originários indígenas, os tornariam seres humanos,
configurados através de uma cultura ocidental européia que trazia suas crenças e
modos de vida, criando uma visão animalizada daqueles indivíduos que não
apresentavam traços da cultura dominante, dessa forma essa perspectiva foi uma
transmitida como história europeia, para um europeu, sobre o Brasil.
Compreende-se, portanto, a problemática de um curso unitário e centralizado em
apenas um ponto de vista
Sob esse viés, é possível enxergar também por parte dos colonizadores uma noção
de biopoder, denunciando que a imposição de uma cultura e religião acima de um
povo como uma forma de controle dos corpos, além disso, introduzindo métodos de
disciplina (trabalhos que exigiam a força do ser), que caso não fossem estritamente
seguidos, haveriam métodos de punição.
Após o fim da era colonial e fim da modernidade, um dos fatores que contribuiram
para o fim da ideia de uma história unitária foi o efeito da sociedade da comunição_
mass media_. O pós-moderno está ligado ao fato que a sociedade atual está
vinculada a sociedade da comunicação generalizada, que consiste em uma
população mais complexa, embebidas por esperanças de emanciapação, com
fundamento nisso, surge em 1968 uma onda de movimentos identitários,a
manifestação do devir (processo de mudanças e transformações), no qual a nova
geração reivindicou o fim de posturas conservadoras, tudo isso influenciado pelos
modos de comunicação, imprescindíveis na dissolução dos pontos de vidas
centralizados. Dessa maneira, o mass media elabora um sistema de informações
que funciona de forma integrada e fornece notícias em tempo real sobre tudo que
acontece, tal sistema acarreta uma pluralidade de sentidos,sendo necessária a
interpretação, mas também cria um cenário global para escutar e enxergar visões
diferentes, logo, a sociedade minoritária, até então invisível, ganha espaço para
finalmente expor seus pontos de vistas e perspectivas, consequentemente,
buscando pelos seus direitos que foram historicamente negados.

Dicotomia do direito de vida e morte: O vírus e o biopoder


Como já discutido anteriormente, predominava-se nos séculos passados o poder
soberano, que possuia o direito de fazer morrer e o deixar viver dos súditos. Essa
forma de poder soberana chegou a fim e foi substituida pelo poder que visa a
organização e gestão da vida, o biopoder.
A recente crise de saúde provocada pela pandemia do Covid-19 instaurou no mundo
inteiro medidas de isolamento social que determinou sob a população um novo
adequamento sobre um sistema pandemico. Este novo momento caótico determinou
diversas análises relacionadas a biopolítica e as estruturas de vigilância, além da
mutiplicação da desigualdade e discursos negacionistas.
Na pandemia, sofremos com a disseminação do vírus, mas também de negligências
estatais sobre a vida humana. A quarentena foi o esboço cru e real da desigualdade
social no Brasil, na qual os grupos minoritários que já enfrentavam situações de
vulnerabilidade foram atalmente agravados com a pandemia,

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