FOUCAULT E O BIOPODER Segundo Foucault, o biopoder se equilibra em
dois elementos principais: disciplina e biopolítica. A disciplina se encarrega da
disciplina dos corpos das pessoas e a biopolítica se ocupa do governo da população. Se antes imperava um poder sobre a vida dos indivíduos, fosse o poder do rei sobre seus súditos ou do pai de família sobre seus tutelados, com o enfraquecimento e queda do regime absolutista e a revisão da autoridade patriarcal com raízes no direito romano, há o advento do biopoder por volta do século XVII. Com isso, o poder em relação à morte metamorfoseou-se em um poder sobre a vida, isto é, aquele que o detinha (no contexto, o Estado) adquiriu o direito de intervir nas múltiplas instâncias da vida do indivíduo, para sua manutenção, inclusive na condição de natalidade desta, situação na qual o poder político se vale da combinação da disciplina e da biopolítica para “controlar os corpos”, usando uma expressão foucaultiana. O papel da disciplina é docilizar os corpos, adestrando-os por meio do incremento de suas aptidões, de suas forças, tornando-os controláveis e manipuláveis nos mais diversos âmbitos sociais. Sua atuação tem foco no indivíduo e acontece em locais como o exército, instituições de formação acadêmica, os manicômios, os hospitais, os presídios e congêneres, locais onde se ensina, vigia e/ou pune os indivíduos que não se enquadram na “docilização”. A parte que cabe à biopolítica se envolve com a coletividade. Questões acerca da natalidade, da mortalidade, expectativa e longevidade da vida, relação de distribuição de recursos e demografia, entre outras, são temas da biopolítica. Logo, não está mais em jogo o direito sobre a morte, mas sobre a vida. Enfim, inclusive o tipo de vida de cada um, levando a uma compreensão de que o biopoder estende seu domínio até mesmo à economia. Afinal, por meio da disciplina se constrói operários, consumidores, poupadores etc. Por meio da biopolítica, define-se os tipos de mercado, de indústria, de comércio, produção fabril, agrícola, divisão e hierarquização social etc. Em um segundo momento, os estudantes devem investigar na comunidade os códigos que levam as pessoas que a compõem a agirem como agem, identificando elementos do biopoder como determinantes de tais ações. Ainda devem verificar os critérios, a partir do biopoder, adotados pela comunidade para estabelecer quem é ou não marginal, no sentido sociológico da palavra, isto é, aquele que não ocupa papel central nas decisões, não pertence a grupos de destaque, entre outras condições. A investigação pode ser feita por meio de observação do cotidiano, entrevista, análise da retórica da comunidade etc. Professor, essa atividade tem o sentido de oportunizar aos estudantes refletirem uma realidade a partir da conexão com ideias advindas de sistemas filosóficos.