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O movimento de reconceituação do Serviço Social discutiu a teoria e prática da

profissão construídas até então. Na década de 1960-70, iniciou um processo de análise


da conjuntura do Serviço Social, posicionando a reconceituação como um movimento
de crítica ao Serviço Social tradicional que estava sendo praticado pelos profissionais.
Esse movimento procurou promover a reflexão do Serviço Social enquanto profissão,
caracterizando-se como um movimento específico dos países latino-americanos.

Os fundamentos da reconceituação passaram por formulações que visaram à melhoria


das relações dos indivíduos e grupos na sociedade em que vivemos. O processo de
renovação do Serviço Social se deu no momento em que havia a ruptura do Serviço
Social tradicional, aquele em que os profissionais atuavam de maneira temporária e
burocratizada, usando do método funcionalista para tratar das questões na área social.

O movimento de reconceituação ocorreu a partir dos anos 1960, em um momento em


que aconteceram também transformações no mundo capitalista. A classe profissional
dos assistentes sociais lutou e buscou (ainda o faz) seu espaço na condição de ser um
profissional que também planeja e não só executa ações. Indo além do que trabalhar
questões sociais de indivíduos ou grupos, pois pretendiam desenvolver seu trabalho
pautado nas relações que se estabelecem na sociedade, levando em consideração as
mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais de cada época. A ruptura com o
Serviço Social tradicional e conservador não acontece em sua totalidade, pois o Brasil
vivia a era da ditadura militar, o que dificultava os avanços nas discussões da questão
social, temas que eram cobertos pelo autoritarismo de um governo militar e ditatorial.
Dessa forma, a prática profissional tradicional e conservadora enfrentava dificuldades
em encaminhar suas ações de um modo mais crítico e renovador.

Nesse contexto, o Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais


(CBCISS) elaborou alguns documentos em encontros e seminários realizados para
discussões da ação profissional do Serviço Social. O CBCISS, na década de 60, era
conhecido como Comitê Brasileiro de Conferência Internacional de Serviço Social.
O primeiro documento, conhecido como Documento de Araxá, reuniu em seminário 38
assistentes sociais de vários Estados e aconteceu na cidade de Araxá– MG, de 19 a 26
de março de 1967. Este documento foi considerado um marco fundamental no
movimento de reconceituação, pois iniciou as discussões acerca do que era o Serviço
Social, apresentando uma visão científica e prática da profissão. Entendeu-se que o
Serviço Social, foi construído como uma profissão de “ajuda”, ligado ao processo de
desenvolvimento da sociedade. Surgiu então a preocupação dos assistentes sociais em
“reconceituar” o Serviço Social.

O Documento de Araxá (1967) apontava para discussões e reflexões de uma prática


profissional voltada à promoção humana e prevenção de problemas individuais e
coletivos, com vistas ao desenvolvimento dos indivíduos.

É a partir dos anos de 1960, com o início das mobilizações e greves dos movimentos
sociais, religiosos e políticos, principalmente com a mobilização sindical dos
metalúrgicos da cidade de São Bernardo–SP, que o Serviço Social também discutiu as
questões sociais de uma forma mais crítica, em busca da transformação social. Essa
análise crítica se fundamentou na teoria marxista, pois as discussões se desdobraram nas
relações de produção e reprodução social, que se estabelecem na sociedade. O
pensamento marxista surge na profissão como uma forma de instigar um
posicionamento crítico dos profissionais diante das desigualdades sociais, mas esbarra
na realidade da sociedade burguesa, em que prevalece a prática da benesse e do
assistencialismo.

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