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O avanço neoliberal no contexto do serviço

social:o projeto ético-político enquanto


instrumento de defesa
Ana Paula dos ReisI; Henice de Freitas PascoalII;
Reginaldo Pereira França JuniorIII; Valquíria Alves
MarianoIV

I
Bacharel em Serviço Social UNIUBE
II
BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL UNIUBE. Contato:
henice_pf@hotmail.com
III
Mestrando em Serviço Social pela PUC-SP, sob orientação da
Professora Maria Lucia Silva Barroco; Assistente Social,
Professor do curso de Serviço Social da Universidade de
Uberaba. Contato: reginaldo.junior@uniube.br
IV
Mestre em Serviço Social pela FHDSS-UNESP Franca.
Assistente Social. Gestora do Curso de Serviço Social da
Universidade de Uberaba. Contato:
gestor.servicosocial@uniube.br

RESUMO

O presente trabalho resulta de pesquisa bibliográfica, que teve


como objetivo analisar o trabalho profissional do assistente
social sob a égide do capital em sua fase monopolista. Neste,
são tratados os elementos sócio-históricos; o paradigma
neoliberal e a construção teórico-metodológica do projeto ético-
político do Serviço Social. Assim, a pesquisa foi realizada
utilizando-se da revisão de literatura, o que possibilitou a
compreensão do trabalho profissional dos assistentes sociais,
elegendo como premissa a identificação dos limites e
possibilidades postos na atualidade para o Serviço Social,
mediante o capitalismo monopolista.

Palavras-chave: Trabalho. Serviço Social. Neoliberalismo e


Contemporaneidade.

1 INTRODUÇÃO

A dominação imensurável da qual a classe trabalhadora é


acometida, resulta dos novos padrões de acumulação,
inspirados na mundialização da economia, e na globalização,
operada, segundo Iamamoto (2008) pelo capital transnacional e
investimentos financeiros. Após a Guerra Fria e no alvorecer do
século XXI, a economia sob a hegemonia do império norte-
americano sofre profundas mutações. Mudanças estas acionadas
pelos grandes grupos das industriais transnacionais, passando a
operar com o capital que rende juros "[...] bancos, companhias
de seguro, fundos de pensão, fundos mútuos e sociedades
financeiras de investimentos" (IAMAMOTO, 2008, p. 107).
Todo esse processo recebe respaldo dos Estados nacionais e são
fortemente consolidados por meio da força de trabalho, ou seja,
cria-se a acumulação do capital por meio dos únicos que não o
desfrutam e que ainda são chamados a participar deste acúmulo
pagando os impostos e vendendo seu único meio de
subsistência, sua força de trabalho. Sendo que, a cada dia é
negado, a milhares de pessoas, até o acesso a esta venda de
força de trabalho, pois o avanço tecnológico acarreta a redução
de postos de trabalho para a produção do capital, uma marca
indelével do processo de consolidação dos monopólios e do
desenvolvimento tecnológico, que favorece apenas ao capital.

Neste sentido, com relação à classe trabalhadora, o exército


industrial de reserva descrito na década de 1930, assume nova
roupagem no cenário atual, sendo que as relações sociais de
produção são constituintes de uma sociedade marcada por
novos protagonistas, mas necessariamente combinada com a
estrutura que fundou o país, acrescida das "transformações que
vem operando na esfera do Estado e nas políticas sociais
públicas, condizentes com o organismo internacionais em
especial o Fundo Monetário Internacional (FMI)" (IAMAMOTO,
2007, p. 180).

Sendo assim, na atualidade, o trabalho no mundo capitalista


não ocorre apenas com a transformação direta da natureza,
mas em todo processo de produção de mais-valia, pois é neste
processo que ocorre a concentração do capital e sua
expansão/consolidação.

2 SERVIÇO SOCIAL: ELEMENTOS SÓCIO-


HISTÓRICOS À CONSTRUÇÃO TEÓRICO-
METODOLÓGICA DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO

Para compreensão do Serviço Social na contemporaneidade,


devemos considerar seus pressupostos sócio-históricos, pois a
profissão surge no Brasil influenciada pela Igreja Católica e
fundamentada pelas bases neotomistas de São Tomas de
Aquino1, seguindo o modo de pensar e agir do Serviço Social
norte americano. O Serviço Social no Brasil emerge no ano de
1936 na cidade de São Paulo com a primeira escola de Serviço
Social e no ano de 1937 no Rio de Janeiro, momento em que
são formadas as primeiras assistentes sociais, com a visão
conservadora, calcada em um fundamento religioso arcaico,
mantenedor da "ordem".

A ordem era primar pelos "bons modos" e o "reajuste" da classe


operária, pois se entendia que o homem deveria aceitar as
condições naturais de sua existência. Assim, os que sofriam de
falta de "caráter" como vistos na época, deveriam ser
"ajustados", conforme as necessidades de uma sociedade que
era regida por uma ordem natural, em que o homem é
culpabilizado por suas condições materiais de existência, pois a
centralidade do problema era a falta de ajustamento do
indivíduo à sociedade, sendo que os mesmos eram encarados
como caso de polícia. Assim, reforçava a crença da
espiritualização da miséria, da exploração e da subalternização
do pobre sobre o Manto Sagrado da espiritualidade.

Fundado nesta perspectiva messiânica e ajustadora, é aprovado


o primeiro Código de Ética (1947) embasado na ideologia
católica, fundamentado pela filosofia Neotomista, direcionada
para o processo de reordenamento da vida social, com base na
filosofia do ajustamento do "caráter" da classe trabalhadora,
levando em consideração que os profissionais neste primeiro
momento não possuíam nenhum tipo de direito, apenas
deveres, assim, a ética se caracteriza como de caráter religioso.

Sete anos após o primeiro código de ética, no ano de 1954, é


aprovado o 1º currículo mínimo para o curso de Serviço Social,
depois de muita luta da profissão, juntamente com a Associação
Brasileira dos Assistentes Sociais (ABAS) e a Associação
Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS) tendo grande
repercussão para o Serviço Social brasileiro. No ano de 1967
ocorre o seminário de Araxá para discutir a revisão crítica, em
nível teórico-metodológico, no sentido de fomentar uma ação
articulada com as lutas dos segmentos populares (AGUIAR,
1995).

Já a década de 1960 representou um período de mudanças,


inclusive na reformulação do código de 1947 para o de 1965,
aprovado um ano após o golpe militar, sofrendo reflexos da
ditadura. As mudanças no documento direcionam a importância
de zelar pela família, visando à harmonia, o equilíbrio e a paz
social (AGUIAR, 1995). Assim, carregado de caracteres da
ideologia da autocracia burguesa (PAULO NETTO, 1991), o
Código de 1965 consolida sua missão: conservar toda estrutura
ideológica, a partir do contexto da autocracia burguesa, como
forma ídeo-política do conservadorismo burguês.

Perpassando o período da ditadura, o movimento de


reconceituação foi "um fenômeno tipicamente latino-americano
na década de 1965, dominado pela contradição ao
tradicionalismo profissional, implicou um questionamento global
da profissão" (IAMAMOTO, 2007, p. 205-206).

Na década de 1970 dando continuidade a luta da categoria


acontece o seminário de Teresópolis que discutiu a metodologia
utilizada pelo Serviço Social, na perspectiva de uma atuação
critica e contra o positivismo. Em 1975, revisado o código de
1965 aparecem os direitos do profissional, mas com a mesma
visão Neotomista da igreja católica e com a postura ética do
profissional em relação a seus colegas de profissão.

Cabe destacar aqui que o movimento de ruptura experimentou


nos anos 1960/1970 seu tímido, mas importante início, só se
concretizando com a erosão do sistema governamental vigente,
ou seja, o início da queda do governo militar. Paulo Netto
(2005, p. 17) descreve de forma clara e evidente a erosão do
governo militar na segunda metade da década de 1970,
[...] quando a ditadura começa a experimentar a
sua erosão, que se fazem sentir no Brasil as
ressonâncias das tendências que, na
Reconceituação, apontavam para uma crítica
radical ao tradicionalismo e essas ressonâncias
reverberam tanto mais quanto avançam as forças
democráticas na cena política nacional, com
claríssimas implicações no interior da categoria
profissional.

Esta ressonância no meio profissional só é realmente fortalecida


e legitimada com o enfraquecimento da ditadura militar, porém
seu processo histórico ainda aponta o intento de romper com o
tradicional desde o início dos anos de chumbo da ditadura,
aflorando de forma mais aberta no final da metade dos anos
1970.

Efetivamente, os seminários, colóquios e congressos realizados


pelas entidades de classe do Serviço Social (CFAS, CRAS,
ABESS e ENESSO), foram pontos importantes do debate
profissional, quando a categoria adensou-se na discussão do seu
agir profissional, articulado com a CENEAS, questionando seu
espaço sócio-ocupacional na divisão social e técnica do trabalho,
inclusive discutindo seu piso salarial. No III CBAS, fica claro que
a intenção de ruptura consolida-se no âmbito profissional, pois
neste Congresso conhecido como o "Congresso da Virada", a
categoria repudia veementemente a posição conservadora da
Coordenação do evento, (CFAS apud GUIMARÃES, 1997, p. 41)
enfatiza a avaliação do evento:

1. a preparação da III CBAS, que não garantiu a


consulta aos assistentes sociais, através de
discussões amplas e democráticas;

2. a forma de organização, que impediu a


participação maciça dos profissionais, pois o preço
cobrado para a inscrição do Congresso e as
demais despesas (passagens, estadia e
alimentação) não condizia com a realidade salarial
da maioria dos assistentes sociais brasileiros;

3. a limitação à participação dos estudantes de


Serviço Social, principalmente daqueles próximo à
conclusão do Curso, que não só têm interesse e
necessidade de discutir com a categoria como
podem contribuir no debate sobre os rumos da
profissão na realidade brasileira;

4. a definição do tema, considerando que os


assistentes sociais não participaram da sua
escolha, não podendo assegurar a linha, as
diretrizes e o posicionamento que contribuam
para a busca de uma posição política coerente
com o momento histórico;
5. o repúdio ao convite de honra feito aos
representantes do governo, principalmente ao
Ministro do Trabalho, Murilo Macedo, que assume
atitudes patronais e repressivas, tendo
determinado a intervenção nos sindicatos, numa
tentativa de impedir a emancipação dos
trabalhadores. Tais medidas e outras punições
atingiram duramente líderes sindicais, em Minas
Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul e Distrito Federal, decorrentes da política
governamental que reprime manifestações
populares.

Neste momento a profissão mostra um amadurecimento e


adensamento crítico depois de décadas de alienação,
patrocinada pelo bloco no poder dominante, consegue superar-
se, questionando de forma crítica e propositiva um novo
horizonte profissional, articulando a teoria à prática. Ficavam
definidas assim as bases sólidas da perspectiva de mudança na
profissão, consolidando seu intento: romper com as bases
conservadoras da profissão, mas a luta ainda só começaria.

Em 1980 com a aproximação da teoria de Marx e a vigência do


currículo mínimo, as maiores transformações do Serviço Social
se deram com a aprovação do código de ética de 1986
afirmando que a profissão é autônoma inscrita na divisão sócio-
técnica do trabalho coletivo, ainda que não ocorra à ruptura com
o conservadorismo, este é considerado o Código Marco da
profissão. E com a promulgação da Constituição da Republica
Federativa do Brasil, que ocorre no ano de 1988, a profissão
caminha na construção de uma identidade profissional voltada à
classe trabalhadora, assumindo uma prática mais humanizada e
com maior enfoque nos direitos dos cidadãos, tendo como valor
central a liberdade em favor da equidade e da justiça social
(BRASIL, 1988).

Cabe ilustrar aqui, todo o contexto que a profissão busca


também a readequação do currículo mínimo, sendo que a
proposta das diretrizes curriculares gerais para os cursos de
Serviço Social surgem num momento em que as diretrizes
anteriores, no caso de 1982, já não mais abarcavam toda a
compreensão da totalidade social na qual o assistente social
está inserido, derivando desta insatisfação, a urgência em
definir padrões de qualidade da formação profissional,
capacitando o assistente social para intervir na realidade social.

O momento de revisão do Currículo Mínimo ocorreu durante a


XXVIII Convenção Nacional da Associação Brasileira de Ensino
de Serviço Social (ABESS), realizada na cidade paranaense de
Londrina, em outubro de 1993, quando ocorreu a deliberação da
revisão do Currículo Mínimo da formação profissional que
perdurava desde 1982 (Parecer CFE n° 412, de 04 de Agosto de
1982). A revisão curricular da formação profissional foi em face
aos movimentos contemporâneos causados pela questão social
e suas múltiplas expressões que incidem no agir profissional.
Na busca pela ruptura com um Currículo anacrônico, que já não
atendia as demandas do Serviço Social, a ABESS promove em
parceria com o Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas
Sociais e Serviço Social (CEDEPSS), Conselho Federal de Serviço
Social (CFESS) e Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço
Social (ENESSO) (grifos nossos), neste momento todos os
seguimentos representantes da categoria profissional,
estudantes e pós-graduandos. Nesta articulação, tais órgãos
promoveram cerca de 200 (duzentas) oficinas em 67 (sessenta
e sete) unidades acadêmicas filiadas a ABESS. Ocorreram
também duas oficinas nacionais e 25 (vinte e cinco) estaduais.

Os desdobramentos dos debates em torno da revisão curricular


adensaram-se, sendo aprovados na XXIX Convenção Nacional
da ABESS em 1995 no Recife e, finalmente em 1996 o processo
de constituição de uma nova lógica curricular se faz mais
próxima da realidade acadêmica, política e social do país. A
ABESS encaminha a proposta de renovação curricular no ano de
1996 ao Conselho Nacional de Educação para sua apreciação e
aprovação.

A formação profissional do Assistente Social é expressa na nova


concepção curricular que indica:

1. O Serviço Social se particulariza nas relações


sociais de produção e reprodução da vida social
como uma profissão interventiva no âmbito da
questão social, expressa pelas contradições do
desenvolvimento do capitalismo monopolista.

2. A relação do Serviço Social com a questão


social fundamento básico de sua existência é
mediatizada por um conjunto de processos sócio-
históricos e teórico-metodológicos constitutivos de
seu processo de trabalho.

3. O agravamento da questão social em face das


particularidades do processo de reestruturação
produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia
neoliberal, determina uma inflexão no campo
profissional do serviço Social. Esta inflexão é
resultante de novas requisições postas pelo
reordenamento do capital e do trabalho, pela
reforma do Estado e pelo movimento de
organização das classes trabalhadoras , com
amplas repercussões no mercado profissional de
trabalho.

4.O processo de trabalho do Serviço Social é


determinado pelas configurações estruturais e
conjunturais da questão social e pelas formas
históricas de seu enfrentamento, permeadas pela
ação dos trabalhadores, do capital e do Estado,
através das políticas e lutas sociais (CRESS, 2007,
p.29).
Estes pressupostos da formação profissional marcam a busca
por uma nova lógica curricular que abranja toda a dinâmica da
sociedade e suas interferências no cotidiano profissional do
assistente social.

Buscando este aprofundamento em consonância à lei 8.662/93


(Código de Ética Profissional do Assistente Social) ficam
determinadas as bases para uma formação profissional livre do
conservadorismo, tendo como primazia a busca de uma
compreensão mais crítica da dinâmica social enfrentada pelo
assistente social, definindo que estas diretrizes deveriam
implicar numa "capacitação teórico-metodológica, ético-política
e técnico-operativa" (CRESS, 2007, p.31, grifos dos autores).
Esta capacitação encontra-se como um eixo fundamental na
formação profissional do assistente social, determinando que
tenha em seu bojo a:

1. Apreensão crítica do processo histórico como


totalidade;

2. investigação sobre a formação histórica e os


processos sociais contemporâneos que
conformam a sociedade brasileira, no sentido de
apreender as particularidades da constituição e
desenvolvimento do capitalismo e do Serviço
Social no país;

3. Apreensão do significado social da profissão


desvelado às possibilidades de ação contidas na
realidade;

4. Apreensão das demandas consolidadas e


emergentes postas ao Serviço Social via mercado
de trabalho, visando formular respostas
profissionais que potenciem o enfrentamento da
questão social, considerando as novas
articulações entre público e privado;

5. Exercício profissional cumprindo as


competências e atribuições previstas na
Legislação Profissional em vigor." (CRESS, 2007,
p. 26).

A partir deste direcionamento na formação profissional, as


propostas das diretrizes curriculares seguem na construção de:

[...] conteúdos (teórico-ético-políticos-culturais)


para a intervenção profissional nos processos
sociais que estejam organizados de forma
dinâmica, flexível, assegurando elevados padrões
de qualidade na formação do assistente social"
( CRESS, 2007, p. 27).

Estes conteúdos versam sobre a capacidade do profissional


entender o processo vivenciado na sua prática profissional,
capacitando-o de forma a enfrentar criticamente esta realidade
tão presente na práxis profissional do assistente social,
elevando seu conhecimento teórico-crítico, para assim
apreender a realidade e ser um profissional competente.

Assim, precisamos referir que, todo o contexto em que se insere


a profissão, com base no entendimento da inserção do Serviço
Social dentro da divisão social e técnica do trabalho (PAULO
NETTO, 1991), remete a obrigatória reflexão sobre a profissão e
o mundo do capital, em sua fase imperialista, onde prevalece os
interesses de base econômica.

Para maior compreensão dos interesses econômicos hoje


sustentados pela classe do capital, é necessário antes de
qualquer coisa conhecer alguns traços que movimentaram o
processo econômico e do qual engendrou o que é visto e
vivenciado principalmente pela classe trabalhadora, devido a
financeirização, a reestruturação produtiva e o contexto atual
neoliberal que repercute avassaladoramente nos países
periféricos.

Toda centralidade da vida coletiva e das relações sociais por


elas operadas, são frutos do trabalho coletivo, não um trabalho
comum, mas um trabalho desenvolvido em consequência das
necessidades humanas, que no cenário de superprodução, em
detrimento destas necessidades e principalmente das
necessidades do capital, acarretam as crises econômicas
"contradições do próprio capitalismo" e carência financeira e de
consumo para as classes subalternas.

Pode-se dizer que o sistema capitalista é imbuído por


transformações ocorridas por consequência das forças
produtivas. A cada estágio do capitalismo a ele é acrescido
novas potências e um novo mercado econômico. Contudo, o
estágio dos monopólios significou o conhecimento científico nas
estratégias capitalistas, a evolução tecnológica, os maquinários
em substituição ao trabalho vivo, o empreendimento dos bancos
e a fusão com as empresas.

Não poderia ficar de fora deste estágio as indústrias bélicas na


produção de armamentos e da ciência com intuito a destruição e
a guerra. Há também a "partilha territorial", apoderação de
milhares de quilômetros quadrados territoriais.

Essa partilha territorial do mundo foi posta em


questão em 1914: como já não existiam mais
territórios "livres", qualquer nova expansão
haveria de fazer-se mediante o confronto entre
Estados imperialistas é assim que explode a
Primeira Guerra Mundial, expressão dos conflitos
interimperialistas, conflitos que também
responderiam pela Segunda Guerra Mundial. De
fato, a guerra, no estágio do capitalismo dos
monopólios, constitui a forma extrema de
partilhas do mundo pelas potências imperialistas
(PAULO NETTO, 2007, p. 183).
A produção bélica passa a compor mais tarde a subprodução das
indústrias civis, sua alta tecnologia científica se põe aos Estados
detentores do monopólio, cuja intenção é provocar o
militarismo. A busca por armamentos por "inimigos externos" no
intuito de aquecer a economia. A procura por este tipo de
mercadoria se dá como resposta as crises econômicas.

Como pode ser visto o monopólio não é apenas o controle da


economia interna sobre as forças produtivas, é sim, uma força
exógena, em que países com alto poder econômico atuam sob
países periféricos, o controle se torna globalizado, bancos e
grandes empresas firmam a subordinação de países ao controle
internacional. O modo de produção capitalista em confluência ao
estágio dos monopólios se concentra em uma única arma, a
dominação do capital sobre países subdesenvolvidos, empresas
não monopolizadas e sobre a força de trabalho. O capitalismo
clássico com a crise de 1929 configurada pela Segunda Guerra
Mundial e a extrema manifestação de violência, o que também
evidenciou para burguesia a necessidade do Estado intervir na
economia capitalista; o capitalismo dos "anos dourados" com
Welfare State (Estado de Bem Estar Social) em meados dos
anos de 1970 e o capitalismo contemporâneo.

Devemos elencar a importância do Welfare State, no período de


expansão do capitalismo. Conseguiu agregar as demandas
levantadas pela classe trabalhadora, ao seu dinamismo
econômico. Estabeleceu-se uma relação negociada entre Estado,
capital e trabalho, como expressão concreta de ideologias que
defendiam a possibilidade de compatibilizar capitalismo, bem-
estar e democracia (MOTA, 2009). Conseqüentemente acarretou
mudanças, no que tange a proteção social. Esses serviços
públicos tinham objetivos bem claros: a) responder as
reivindicações dos fortes movimentos operários que se
insurgiam na época; b) assumir os custos de reprodução da
força de trabalho antes pagos exclusivamente com os salários
dos próprios trabalhadores; c) oferecer alternativas de fundos
de reserva públicos disponíveis para serem investidos em
empreendimentos privados dos capitalistas (principalmente na
produção e compra de bens de capital que impulsionaram várias
inovações tecnológicas); d) liberar parte do salário dos
trabalhadores para serem gastos com bens duráveis,
principalmente automóveis, que nesta época se transformam na
mola de expansão da acumulação do capital; e) e, finalmente,
mas não menos importante, oferecer barreiras ideológicas à
expansão do socialismo do Leste que, nesta época, se coloca
como grande ameaça à sociedade capitalista (MOTA apud
MARANHÃO, 2009 p. 7).

No Brasil, devido as suas particularidades regionais, culminou


no processo denominado por Mota de modernização
conservadora, não abarcando o Welfare State. Criaram-se
políticas de proteção social, porém, o expansionismo capitalista,
não contemplou a classe trabalhadora. Apenas no inicio da
década de 1990 diante da lógica neoliberal, que o Brasil se
insere na economia mundial, imprimindo uma reforma do
Estado.
Na prática, isso se traduz em medidas de ajuste econômico e
retração das políticas públicas de proteção social, numa
conjuntura de crescimento da pobreza, do desemprego e do
enfraquecimento do movimento sindical, neutralizando, em
grande medida, os avanços e conquistas sociais alcançadas
pelas classes trabalhadoras nos anos 80 (MOTA, 2009 p. 8).

Instauram-se assim uma nova crise econômica a nível mundial,


que Mota denomina de crise orgânica. O mundo assiste a queda
dos paradigmas que neste contexto sustentavam o ordem
econômica mundial, tais quais, o keynesinismo, o fordismo e
consequentemente o Welfare State. Ocorre também um
retraimento dos movimentos sociais, diante a situação exposta.

Qualificado por muitos como um período em que o trabalho


perdeu a sua centralidade, fato é que os anos que se seguiram à
década de 80 são palco de um processo de restauração
capitalista, assentada num duplo movimento: 1) a redefinição
das bases da economia no mundo através da reestruturação
produtiva e das mudanças no mundo do trabalho; 2) a ofensiva
ideopolítica necessária à construção da hegemonia do grande
capital, evidenciada na emergência de um novo imperialismo e
de uma nova fase do capitalismo, marcada pela acumulação
com predomínio rentista (HARVEY, 2004 apud MOTA 2009, p. 8)

A ofensiva neoliberal avança, iniciando um período de


minimização das ações do Estado, priorizando atendimento
apenas aos sujeitos que, neste contexto, estão privados da
venda de sua força de trabalho, por meio da política de
assistência social. O referido processo denomina-se de novo
imperialismo, tendo nos Estados Unidos seu país de referencia,
perpetuando assim, sua ideologia em escala mundial.

Segundo Mota (2009, p.10),

A marca da acumulação por espoliação tem sido a


abertura de mercados em todo o mundo, através
das pressões exercidas pelo Fundo Monetário
Internacional, Banco Mundial e Organização
Mundial do Comércio que, ao estimularem a
aplicação de excedentes ociosos de capital que
não encontram empreendimentos lucrativos em
seus países de origem , investem nos países
periféricos, de onde jorram remessas de lucros.
Este processo torna-se campo de investimento
transnacional, desde o patenteamento de
pesquisas genéticas, passando pela
mercantilização da natureza, através do direito de
poluir, até a privatização de bens públicos, com a
transformação de serviços sociais em negócios,
implicando degradação do meio ambiente, ampla
especulação imobiliária, como vem acontecendo
com o litoral do Nordeste, e criação de nichos
produtivos locais, entre outros.
Dentro do processo de renovação, estabelece-se uma nova
divisão internacional do trabalho, em que os países
considerados centrais, são responsáveis por planejar, pesquisar,
construir projetos, dentre outros. Os países ditos periféricos
participam disponibilizando mão-de-obra barata, restando aos
trabalhadores à forma mais visível de precariedade.

Considerando o contexto brasileiro, data-se o inicio da


reestruturação produtiva em meados da década de 1980. Com
vistas ao aumento da produtividade, os trabalhadores
vivenciaram aumento da jornada de trabalho. Podemos
visualizar também, uma considerável redução dos postos de
trabalho. Vale elencar, a utilização de programas de qualidade
total, os sistemas de produção Just-in-time, kaban dentre
outros aspectos.

O capitalismo contemporâneo assumido a partir dos anos de


1970 com o fim da "onda expansiva de lucros" e principalmente
com a crise do petróleo, também colocou fim ao sonho do
Welfare State e das massas populares que visavam expansão no
plano econômico-social. Iniciando no plano econômico-político a
consolidação Americana por demais países. Paulo Netto (2007)
assinala ainda vetores sociopolíticos por parte da pressão
organizada dos trabalhadores, demandando melhores salários e
em contestação a organização de produção Taylor/Fordista, esta
que se configurou na produção em massa de mercadorias, em
grande parte de veículos, e, no trabalho parcelado e
fragmentado caracterizado por um conjunto de atividades,
pautado numa linha rígida de produção e determinada pela
produção em série de Ford e controle cronometrado de Taylor,
evidenciado também, pela utilização do maquinário e aumento
da jornada de trabalho o que propiciou e propicia a apropriação
da mais-valia relativa.

Em consonância às quedas dos lucros, das mobilizações


anticapitalistas e consequentemente das conquistas dos direitos
sociais "a recessão generalizada de 1974-1975 ascende o sinal
vermelho para o capital monopolista que, a partir de então,
implementa uma estratégia política global para reverter a
conjuntura que lhe é francamente negativa" (PAULO NETTO,
2007, p. 215).

Logo, a produção em massa, característica do modo de


produção fordista é substituída pela acumulação flexível, ou
seja, "[...] uma flexibilização no mercado de trabalho, que vem
acompanhada da desregulamentação dos direitos do trabalho,
de estratégias de informatização da contratação dos
trabalhadores uma flexibilização dos produtos [...]"
(IAMAMOTO, 2007, p. 31). Assim, começa-se a produzir para
determinadas demandas, aqueles que fazem parte do fluxo
econômico, consumidores com alto potencial financeiro, devido
o impulsionamento da "[...] tecnologia de base microeletrônica,
pela informática e pela robótica, passa a requerer novas formas
de estruturação dos serviços financeiros, inovações comerciais,
o que vem gerando e aprofundando uma enorme desigualdade"
(p. 31).
Se antes o período de Henry Ford dava esperança para um
consumo em massa às classes subalternas, agora a acumulação
flexível significava uma mudança nas indústrias e nos processos
de trabalho, principalmente com a inserção dos processos
mecanizados e a inclusão da informática, refletindo
favoravelmente na acumulação por parte do capital e na
precarização das condições do trabalhador e, ainda mais se
produz apenas para mercados específicos.

Outro ponto essencial acionado pelo capital internacional era o


de "desterritorialização da produção" Paulo Netto (2007), elevar
o número de indústrias para países subdesenvolvidos, aonde há
pouca ou nenhuma luta sindical, e muito menos legislações
trabalhistas sólidas.

Nesse cenário de baixa significância da força de trabalho e


supressão aos direitos sociais a ideologia neoliberal é crescente,
nas grandes potências como Estados Unidos, principalmente por
possuir estratégias de controle a financeirização do capital,
entrando em cena o Fundo Monetário Internacional e o Banco
Mundial, ficando a critério do capital a emergência do Estado no
gerenciamento das políticas, ofertando-as apenas a pequenas
parcelas e/ou a camadas mais atingidas pela questão social.

Antes de nos referenciarmos a análise teórico-metodológica do


trabalho profissional e do conteúdo ídeo-político da profissão
frente à crise contemporânea e à consolidação do projeto ético-
político, é necessário, mais uma vez elucidarmos que embora os
assistentes sociais apresentem hoje perspectivas de mudanças
relacionadas ao compromisso ético-político e tenham a abertura
a novos campos de atuação e até mesmo na gestão e
planejamento de políticas, esses se veem em um mercado
concorrente, controlador das relações sociais e de produção,
inseguro e extremamente conservador, no que perpetua o
caráter contraditório assentado no antagonismo das classes
sociais, pautado no ranqueamento e na concorrência.

Assim, pela temática pode-se iniciar a discussão pelo contexto


das políticas de educação, na qual envolve as entidades do
Serviço Social no que refere a ABEPSS (Associação Brasileira de
Ensino e Pesquisa em Serviço Social) no que tange a
reformulação curricular, no sentido de formular os eixos
fundantes da formação profissional, tendo a ética como um dos
pressupostos. Para a ABEPSS:

O desafio para os assistentes sociais é o de


tomada de posição ética e política que insurja
contra os processos de alienação vinculados a
lógica contemporânea, impulsionando a
dimensionar nosso processo de trabalho na busca
de romper com a dependência, subordinação,
despolitização, construção de apatias que se
institucionalizam e se expressam em nosso
cotidiano de trabalho (ABEPSS, 2004, p. 79).
Assim, para caracterizar a concretização do projeto ético-
político, deve-se considerar a ética profundamente vinculada à
democracia (participação dos usuários) e entende-la no "campo
da filosofia e de um saber de caráter ontológico" (BARROCO,
2004, p. 29), pois "[…] a ética não se esgota na afirmação do
compromisso ético-político. É preciso que o compromisso seja
mediado por estratégias concretas, articulado à competência
teórica, técnica e à capacidade de objetivá-las praticamente por
meio da realização dos direitos sociais" (idem, p. 31).

A discussão sobre "direitos sociais" está profundamente ligada


com a estrutura democrática do Estado de Direito, porém,
figura-se como algo contraditório, devido ao processo de
desmantelamento das políticas, o que leva-nos à questionar o
direcionamento ético-político na efetivação dos direitos, o que
Barroco (2004, p. 39) afirma "que está em crise a própria
instituição dos direitos humanos, pois sua universalização e
objetivação não estão sendo garantidos praticamente, ao
mesmo tempo em que serve como discurso - para controle
ideológico […]".

A partir desta afirmação, pode-se falar da "necessidade de


articular formação profissional e mercado de trabalho"
(IAMAMOTO, 2007, p. 11), chamando a atenção para o cenário
de desigualdades sociais, amplamente difundidas, que tem em
seu cerne a reestruturação produtiva no que diz respeito aos
processos de trabalho, a financeirização da economia, o
emprego do capital e o neoliberalismo na falência dos direitos
sociais, que

Inicia-se, lenta e gradualmente, o processo de


reestruturação (ajuste) capitalista no Brasil.
Começa a amadurecer a ideia de reformar o
Estado, eliminado aspectos "trabalhistas" e "
sociais" já vindos do período varguista nos anos
de 30-60 (de desenvolvimento "industrial" e de
constituição do "Estado social"), e,
particularmente, esvaziando as conquistas sociais
contidas na Constituição de 1988 (MONTAÑO,
2003, p. 198).

Cabe-nos atentar ao fato das categorias profissionais que atuam


na efetivação/acesso aos direitos e principalmente ao Serviço
Social, no que tange à respeito ao enfrentamento da questão
social, como também no fortalecimento de seu conteúdo ídeo-
político suscitado pelo projeto ético-político e pelo
amadurecimento profissional. Desta forma, no que concerne ao
amadurecimento profissional, a partir da década de 1990 nota-
se "[…] investimentos de instâncias da categoria em atividades
dirigidas a reflexão ética e a educação instrumentaliza da ética
profissional" (BARROCO, 2004, p. 32).

No entanto, há num contexto contraditório, pelo agravamento


da questão social, posto que "[…] a crise dos movimentos
socialistas e da esquerda em geral, colocando limites objetivos
ao avanço das lutas gerais dos trabalhadores, o que repercute
no âmbito do projeto ético-político profissional" (BARROCO,
2004, p. 33).

Nesta concepção, Iamamoto (2007) situa o exercício profissional


como resultado das relações sociais, fruto de um produto
histórico que tem em sua formação uma sociedade capitalista
construída na e da expropriação do trabalho e legitimada pela
obtenção dos meios de produção nas mãos de poucos. Assim,
pela atual conjuntura, o assistente social volta o seu olhar para
uma perspectiva de autonomia e emancipação da classe
trabalhadora, no que refere a luta de seus direitos como marca
forte de um posicionamento coletivo, que se faz mediante
participação popular nas políticas inerente aos mesmos, como
forma de chamá-los à cidadania.

Neste sentido, pode-se dizer que o conteúdo ídeo-político da


profissão, se diferencia da concepção conservadora que remonta
à década de 1930, mas é necessário visualizar tudo que se
inscreve no contexto da profissão na atual quadra histórica.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para Iamamoto (2007, p. 161) "[...] os assistentes sociais por


estar inseridos na ponta final da prestação dos serviços, vê-se,
institucionalmente, cada vez mais compelido a exercer a função
de um juiz rigoroso da pobreza [...]". Assim, a complexidade
que gira em torno do trabalho profissional resulta das
transformações ocorridas nos processos de trabalho e das
mutações engendradas pelo Serviço Social em seu contexto
ético-político.

Tem-se um amadurecimento teórico, principalmente no campo


da ética, das vertentes filosóficas no que se referencia à teoria
social de Marx, às competências inscritas no bojo da profissão
se particularizam e tomam formas concretas de realização, não
mais dadas a uma identidade atribuída. No entanto, defrontadas
com o cenário que se apresenta como reflexo da alta incidência
do capital, já que este propaga o crescimento econômico via
desregulamentação das políticas sociais, demandando sua
insidiosa relação de dominação no e do exercício profissional.

A globalização, os avanços tecnológicos e científicos são


utilizados em detrimento da classe trabalhadora, à favor do
capital, fortalecendo a exclusão e minimizando os
investimentos, principalmente com as políticas públicas, ou seja,
esta precarização caminha para o atendimento das demandas
do mercado de trabalho, contribuindo para mão de obra barata,
desemprego e esfacelamento dos direitos sociais e trabalhistas.

O Estado, atuando na implantação de políticas sociais públicas,


vem ao longo dos anos navegando sob critérios do mercado
internacional e condicionando a população brasileira ao declínio
dos direitos sociais estabelecidos constitucionalmente em 1988,
cravejado de lutas, subordinação, discriminação e coerção como
vivenciado no período da ditadura, demonstrando o papel
cartorial desempenhando pelo Estado, como legalizador do
processo de aviltamento do direito social.

O paradigma neoliberal em suas estratégias de manutenção do


poder vigente, acaba culpabilizando o individuo, reduzindo aos
usuários o acesso às políticas sociais, seja de educação, de
saúde, assistência, previdência ou qualquer outra, a blocos
fragmentados e emergenciais que ora é atendida pelo Estado,
mas em sua maioria pela sociedade civil, ou seja, o terceiro
setor e empresariado, respondendo apenas à camadas isoladas
e extremamente precarizadas como vem ocorrendo com a
assistência social.

O Estado ao repassar a sociedade civil o compromisso com as


políticas sociais, individualiza as relações e imprime a retirada
do caráter político das mesmas. No que repercute as
características filantrópicas de suas ações juntamente com a
burguesia e a Igreja na década de 1930. "No limite o
capitalismo acaba com a possibilidade da própria ética, pois
elimina, com sua tendência a destruir tudo que é duradouro a
condição básica de existência dos valores, isto é, a sua
valorização no tempo" (BARROCO, 2004, p. 39).

As empresas, segundo Mestriner (2001), buscam criar a


imagem de empresa social, e envolvem-se com questões
ambientais e educacionais, para promoverem o marketing
empresarial para o atual mercado, na forma de apadrinhamento
aos serviços de responsabilidade estatal, mas por outro lado
esse marketing vem reforçado pela isenção dos impostos ao
grande capital (MESTRINER, 2001).

Desta forma, meio a um trabalho profissional que busca se


efetivar pela construção ético-política, ou seja, com o
compromisso profissional e respeito aos usuários de seus
serviços, identificam-se neste trabalho as dificuldades postas
pela desigualdade advinda do capital e trabalho, que se faz
presente em todas as frentes de trabalho. Assim, repercute na
ambiência do exercício profissional compromissado, que
carregado de conteúdo ideológico, sucumbe, muitas vezes, aos
processos deterministas do capital, pois, como trabalhadores, os
assistentes sociais sentem os reflexos da chamada
reestruturação produtiva. Porém, ao passo que o capital avança,
faz-se necessário e urgente, solidificar uma ação ética
(enquanto ciência) e política (enquanto movimento) na
contracorrente, sem esquecer-se da nossa vinculação ao grande
capital, na perspectiva de avançar quando possível e recuar
quando necessário. Isto é estratégia política.

4 REFERÊNCIAS

ABEPSS. Formação do assistente social no Brasil e a


consolidação do projeto ético-político. Revista Quadrimestral
do Serviço Social, ano 24, n. 79. São Paulo, Cortez, 2004.

AGUIAR, Antonio Geraldo de. Serviço Social e filosofia: das


origens a Araxá. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
BARROCO, Maria Lucia Silva. A inscrição da ética e dos direitos
humanos no projeto ético-político do Serviço Social. Revista
Quadrimestral do Serviço Social, ano 24, n. 79. São Paulo,
Cortez, 2004.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

CRESS CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL. 7ª Região.


Assistente Social: ética e direitos. Coletânea de Leis e
Resoluções. 4. ed. Rio de Janeiro: Lidador, 2007.

GUIMARAES, Telma Sampaio. O projeto de ruptura do Serviço


Social: o compromisso sócio-profissional. Dissertação de
mestrado apresentado à Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, mimeo; 1997

IAMAMOTO, Marilda Villela. Serviço Social em tempo de


capital e fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social.
2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

_____. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e


formação profissional. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

MESTRINER, Maria Luiza. O Estado entre a filantropia e a


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MONTAÑO, Carlos. Terceiro Setor e Questão Social: crítica


ao padrão emergente de intervenção social. 2. ed. São Paulo:
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MOTA, Ana Elizabete. Crise contemporânea e as transformações


na produção capitalista. In Serviço Social: Direitos Sociais e
Competências Profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009,
p.51-67

PAULO NETTO, José. BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma


introdução critica. 2. ed. São Paulo: Cortez,

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