Você está na página 1de 10

ESBOÇO DO ARTIGO

Questão problema: Como o Serviço Social pode intervir frente ao cenário


contemporâneo da necropolítica?
Objetivo geral:
Promover diálogo acerca do conceito de necropolítica atrelado ao contexto brasileiro
e compreender como isso atinge a categoria profissional do Assistente Social.
Objetivos específicos:
● Conceituar a necropolítica
● Contextualizar as particularidades e especificidades da formação sócio-
histórica do Brasil.
● Apontar as consequências nefastas do capitalismo
● Descrever a atuação do Serviço Social frente às demandas oriundas da
necropolítica

O mito da “democracia racial” é mais uma estratégia para esconder o racismo


existente no Brasil, é mais uma estratégia para o genocídio do afro-brasileiro. Tal
ideia de democracia racial põe em evidência para as populações negras que o único
privilégio para elas seria se tornarem branco, por dentro e por fora.

1 Conceituar a necropolítica (Bruna)


¹ MBEMBE, A. (2015) Na formulação de Foucault, o biopoder parece funcionar mediante a divisão entre as
pessoas que devem viver e as que devem morrer. Operando com base em uma divisão entre os vivos e os
mortos, tal poder se define em relação a um campo biológico – do qual toma o controle e no qual se inscreve.
Esse controle pressupõe a distribuição da espécie humana em grupos, a subdivisão da população em
subgrupos e o estabelecimento de uma censura biológica entre uns e outros.
O conceito de necropolítica foi desenvolvido pelo sociólogo Achille Mbembe.
Em seu texto, o autor conceitua a necropolítica como o poder de ditar quem deve
viver e quem deve morrer dentro da sociedade. Partindo desse pressuposto, os
grupos mais vulneráveis estão destinados à morte. A escolha entre morrer ou viver
se manifesta por meio de técnicas que objetivam o genocídio de grupos, e/ou
pessoas que não tenham lugar no sistema da ideologia dominante, o que faz
prevalecer o controle social através da morte. Na construção do seu parecer o autor
tem como base o conceito de Biopoder¹, que foi desenvolvido por Foucault. O
biopoder traz a reflexão sobre a gestão do Estado em vida, pelo controle e poder,
para Achille esse conceito criado por Foucault já não pode mais explicar a
sociedade atual, de como esse poder político está sendo exercido.

Numa tentativa de atualizar o biopoder, Achille conceituou que a


necropolítica, vai ser o poder exercido pelo Estado para determinar através de uma
série de medidas quem vai morrer. É sabido pensar que, cabe ao governante a
gestão da vida, por exemplo, produzir políticas públicas que viabilizem a
manutenção da vida e quando não há essa intervenção, acaba por alimentar
mecanismos que levam à morte. A necropolítica tem a parte de deixar morrer,
quando se é negado condições dignas de vida, mas também tem a parte de fazer
morrer.

Em relação a parte do fazer morrer, podemos analisar a questão da suposta


guerra às drogas, visto que o Estado faz uso da sua força de poder coercitivo, e do
seu discurso ideológico para justificar as ações tomadas por ele para assim, dizer
quem tem que morrer. A força policial atua de uma forma dentro das comunidades.
Já dentro dos condomínios e bairros nobres, sua atuação é completamente
diferente. Imaginando o ponto de vista apresentado pelo Estado, uma chacina
realizada na favela, acontece para proteger a vida dos “cidadãos de bem”, passando
a ideia de que o foco é a segurança. Quando na verdade o que acontece é o
extermínio de um determinado grupo da população, especificamente pessoas
periféricas, pretas e em extrema situação de violação de direitos. Borges afirma que:

Guerra às drogas entra em cena como o discurso de legitimação da ação


genocida do Estado. Um discurso que, ao longo da historia da sociedade
brasileira, se materializou de diferentes formas e perspectivas em corpos
negros. (Borges, 2019, p.21)

Dessa forma, é de suma importância refletir que dentro da sociedade uma


vida vale mais que outra, alguns corpos são considerados matáveis, são corpos que
a morte é naturalizada, será vantajoso para a lógica da sociabilidade capitalista
dessa forma. Racializar essa reflexão é imprecindivél, pois o racismo é uma
tecnologia de dominação utilizada para alimentar esse sistema, visto que o conceito
de raça é utilizado para separar pessoas entre superiores e inferiores, diante disso
os corpos negros vão sendo eliminados para potencializar a vivencia de outros.
(INCLUIR UMA CITAÇÃO)
2 Contextualizar as particularidades e especificidades da formação sócio-histórica do
Brasil. (Gessica)

Para compreender a conjuntura brasileira e todo o escopo de eventos


que vem acontecendo no Brasil atualmente, é importante revisar o passado,
traçando aspectos desde a sua formação sócio-histórica até meados de hoje.
Perceber o país a partir do sistema colonial e as formas cruéis e violenta da
escravidão, no qual os negros e indígenas tiveram não só seus corpos
escravizados, mas também seu status políticos.

Nesse sentido, Achille Mbembe (2015) afirma que:

Em primeiro lugar, no contexto da colonização figura-se a


natureza humana de escravo como uma sombra personificada.
De fato, a condição de escravo resulta de uma tripla perda:
perda de lar, perda de direitos sobre seu corpo e pelo status
político. Essa perda tripla equivale a dominação absoluta,
alienação ao nascer e morte social (expulsão da humanidade do
modo geral). (MBEMBE, 2015, p. 131).

Na percepção de Silva (2012) o violento processo da escravidão,


ocorreu de maneira diferente dos outros países, foi convertido numa
escravidão negra, em que o escravo ocupava o lugar menos importante da
pirâmide social, e, consequentemente foi perdendo sua história, sua cultura e
sua condição de ser humano. Dessa forma, acarretou em grandes
desigualdades entre os grupos, decorrente da formação social escravista que
teve como marco, um profundo processo de divisão racial da sociedade.

Conforme Mbembe (2015), em seu estudo acerca do conceito da necropolítica,


conceito esse, já apresentado no tópico anterior, buscou apreender as formas
de soberania em que possui como projeto central, as destruições dos corpos
humanos. Por meio dessa apreensão, é possível verificar quais os corpos
serão alvo dessa política de morte, assim o Estado vem definindo qual vida é
útil e qual vida é descartável.

Colaborando com a literatura existente acerca da temática abordada,


Wermuth et al (2020) elucida estudos a respeito da necropolítica e da forma
que esse processo se conecta com a formação sócio-histórica brasileira,
fomenta em sua pesquisa a maneira como ocorreu a escravidão colonial
alicerçado numa lógica violenta e racista, que segundo, as concepções dos
autores, perdura na estrutura operacional das instituições até os dias atuais
baseadas no extermínio sobretudo da população negra.

Segundo Silva (2012), um dos fatores que contribuiu para o modelo


perverso da escravidão, foi o processo de acumulação primitiva que ocorreu
no Continente Europeu, quais tinha sua manutenção a partir da exploração
das Américas e Antilhas. As colônias produziam em grande escala para
aumentar o mercado internacional, por via de mão de obra escrava, bem
como, constituiram-se de uma Indústria naval do tráfico de negros
escravizados. Além dos europeus e portugueses terem encontrado um
cenário favorável em países do continente africano para livre acesso do tráfico
da população negra.

De acordo com Silva (2012) esse contexto teve o reforço da Igreja


Católica que afirmou que os africanos negros não eram humanos e que
portanto, eram inimigos de Deus e dessa forma, deveriam aceitar sua
condição. Vale destacar também, que obtiveram o apoio da sociedade que
naturalizaram a situação, tomando-as como uma prática divina e absoluta,
desconsiderando-a da concepção de se tratar de uma construção social.

● No contexto da liberdade formal, é importante destacar que diversos


fatores influenciaram para que a abolição ocorresse, mas o fator
principal estava ligado aos interesses da Inglaterra, que visava atingir a
transição do capitalismo comercial para o capitalismo industrial. Então,
a Inglaterra inicia o processo de luta contra a escravização, no entanto,
mantém a desumanização do negro praticada em todas as esferas
● Em outro momento, Silva (2012), destaca que, após a abolição da
escravidão, para manter a preservação do status quo, a burguesia
utiliza-se do racismo como ferramenta de controle. O racismo que se
apresenta como instrumento de sustentação das desigualdades sociais
e raciais próprias do capital, trata-se de uma propriedade estrutural das
políticas públicas que determina: o funcionamento das políticas sociais,
o funcionamento das instituições e também das representações
culturais, nas quais colocam certos grupos raciais em situação de
privilégio e outros, em condição de subalternidade.
● Como se pode observar, a sociedade foi estruturada utilizando o
racismo como mecanismo de dominação e repressão, primeiro, pautado
em uma ideia religiosa na qual os negros não eram considerados seres
humanos, e por isso, não possuia direitos, depois, com o fim da
escravidão formal, interiolizam no seio da sociedade o racismo validado
pela ciência, na qual como consequência, o Estado, ao longo dos anos,
promovem uma politica de vida e de morte a depender da hierarquia que
o corpo ocupa na sociedade brasileira.

3 Apontar as consequências nefastas do capitalismo. (Greysa)

O Serviço Social percorre vários contextos e épocas, fortalecendo-se ao


longo dos diferentes períodos sociais, políticos e econômicos. Dessa forma, a
profissão desenvolveu suas práticas em resposta às expressões da questão social
decorrentes da expansão do capitalismo. É sabido, que o Serviço Social enquanto
profissão, tem a marca profunda do capitalismo e também do conjunto de variáveis
que a ele estão subjacentes, como a alienação, contradição, antagonismo, visto que
foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e desenvolvido (MARTINELLE, 2005,
p. 66). A partir desse cenário, intensificam-se as desigualdades sociais, onde o
Assistente Social se insere com o intuito de enfrentar as mazelas decorrentes das
expressões da questão social.

É de suma importância compreender que o Assistente Social é um


profissional que tem um compromisso pautado no Código de Ética Profissional e na
construção do projeto ético-político, mantendo comprometimento com as dimensões
teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política, visando eliminar toda forma
de dominação, discriminação, exploração, independente de raça, gênero,
sexualidade, território dentre outras formas de dominação. Dessa forma, a ação
profissional necessita de um Assistente Social que tenha a compreensão histórica-
metodológica da profissão e principalmente do Brasil, para assim ter um
embasamento sobre o cotidiano com posicionamento político pautado no Código de
Ética, além de subsídios para realização das atividades, mantendo
comprometimento com as dimensões.

Adentrando na discussão acerca das mazelas sociais, advindas do


capitalismo, com ênfase no âmbito racial, é importante destacar que o Brasil foi um
dos últimos países da América Latina a abolir a escravatura. Contudo, a abolição da
escravidão não proporcionou aos negros o acesso a uma vida com garantia de
direitos básicos. Conforme o autor Nascimento (1978, p. 65), com o fim da
escravidão, os escravizados foram libertos sem nenhum apoio social. Nesse
processo, deu-se a exoneração da responsabilidade, tanto do estado, quanto dos
senhores e da igreja, dessa forma, deixando-os à mercê na luta para a própria
sobrevivência. Em decorrência desse fato, muitos deles continuaram nas fazendas
em que trabalhavam, enquanto outros ficaram sem emprego devido a vinda de mão
de obra estrangeira. Os anos seguintes ao fim da escravidão não foram suficientes
para pôr fim a diversos ideais racistas que ainda se fazem presentes na atualidade.
Desse modo, a abolição não foi uma garantia para que os escravizados tivessem
acesso a direitos básicos, como saúde, habitação, saneamento básico e educação.
São evidentes as consequências do racismo na atualidade oriundas desse processo
histórico.

De acordo com Almeida (2019), o racismo pode ser compreendido como uma
forma sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento, e que se
manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes, que culminam em
desvantagens ou privilégios para indivíduos. Tomando como ponto de partida o
conceito abordado pelo autor, é importante destacar os atravessamentos e
manifestações oriundos do racismo.

Uma das manifestações provindas dessa segregação refere-se ao racismo


estrutural, que tem sua base e sustentação na sociedade, fazendo uso dos
principais mecanismos de dominação para garantir a predominação da sua
ideologia. Dessa forma, esse grupo hegemônico reforça a sua estrutura de poder
com base na discriminação, fazendo uso da política, economia, cultura, direito, entre
outros. Para além disso, as expressões do racismo estrutural também estão
presentes nos costumes cotidianos, através de práticas, hábitos, falas racistas, que
às vezes passam despercebidas, etc.

Durante muitos anos, e até mesmo na contemporaneidade, é perceptível o


estranhamento diante da presença de pessoas negras em alguns espaços, como
por exemplo, cargos de chefia, profissões elitizadas (médico, advogado, etc), ou até
mesmo em ambientes frequentados por pessoas brancas e ricas, como
restaurantes, lojas, e até mesmo na universidade. Há uma naturalização do lugar do
negro na sociedade como uma classe subalterna, e que infelizmente, devem
conviver com pessoas que se consideram superiores apenas pela cor da pele.
Segundo Almeida (2019):
Homens brancos não perdem vagas de emprego pelo fato de serem
brancos, pessoas brancas não são “suspeitas” de atos criminosos
por sua condição racial, tampouco têm sua inteligência ou sua
capacidade profissional questionada devido à cor da pele.

Uma outra vertente que alimenta essadas ao pessoal, mas, é algo além, que
emerge da prática institucional. Portanto, o racismo institucional reflete como o
racismo estrutural é disseminado por meio das instituições. Suas manifestações
podem ser identificadas através de negligência, desassistência, ações
discriminatórias e excludentes, entre outras, impedindo o indivíduo de exercer a
cidadania. Pode-se citar como exemplo o sistema de justiça criminal brasileiro,
Borges (2019) afirma que:
O sistema de justiça criminal tem profunda conexão com o racismo,
sendo o funcionamento de suas engrenagens mais do que perpassados por
essa estrutura de opressão, mas o aparato reordenado para garantir a
manutenção do racismo e, portanto, das desigualdades baseadas na
hierarquização racial. Além da privação de liberdade, ser encarcerado
significa a negação de uma série de direitos e uma situação de
aprofundamento de vulnerabilidades. Tanto o cárcere quanto o pós-
encarceramento significam a morte social desses individuos negros e
negras que, dificilmente, por conta do estigma social, terão restituido o seu
status, já maculado pela opressao racial em todos os campos da vida, de
cidadania ou possibilidade de alcança-la. Essa é uma das instituições mais
fundamentais no processo de genocido contra a população negra em curso
no país.

Para além dessas alienações citadas anteriormente, pode-se destacar outras


práticas de racismo que se faz presente na contemporaneidade. Como por
exemplo, o racismo cultural, que está relacionado ao estabelecimento de uma
cultura padrão colocando-a num patamar superior às demais, fazendo prevalecer os
seus costumes e gostos, consequentemente, marginalizando as culturas que se
afastam do ‘’padrão’’. Um outro exemplo, refere-se ao racismo ambiental, que
engloba questões territoriais e pode ser identificado através de desapropriações e
degradação ambiental de territórios para fins de interesses próprios e/ou
econômicos. Vale salientar, que esse tipo de racismo atinge diretamente a
população indígena e quilombola, mas também pode ser identificado em outros
contextos.

Tomando como referência tudo aqui abordado, fica evidente o quanto o


racismo está enraizado na sociedade contemporânea, tanto de forma explícita
quanto de forma mascarada. Atualmente, para além da sociedade racista, o Estado
também emana características genocida, e o povo negro, os indígenas, periféricos,
tem travado uma luta diária com o intuito de mudar essa realidade social que o mata
e o excluí da sociedade.

4 Descrever a atuação do Serviço Social frente às demandas oriundas da


necropolítica. (Joseli)

Dentro da sociedade capitalista o dever de um profissional do Serviço Social


é atuar com criticidade, desenvolvendo práticas para lutar contra o avanço das
desigualdades sociais, visto que a busca incessante pelo acúmulo de riquezas
acaba promovendo a expansão de pessoas em situação de risco e vulnerabilidade.
O capitalismo é um sistema completamente desigual que se alimenta da exploração
de pessoas tornando-as mais vulneráveis.
O Estado possui a responsabilidade de atuar como interventor entre a classe
trabalhadora (classe dominada), e as pessoas que detêm os bens de produção
(classe dominante) para assim assumir um papel valioso na construção de uma
sociedade pacífica, justa e com leis que prezam pelo bem estar de ambos. No
entanto, o que acontece é exatamente o contrário, o Estado neoliberal possui um
caráter totalmente ideológico, e suas ações contribuem diretamente para lógica da
classe dominante. Segundo Andrade (2020):

O neoliberalismo é um projeto de sociedade econômico que


pressupõe a retirada do Estado em setores não lucrativo, deixando-
os à mercê do mercado padrão, com privatizações e
mercantilizações de serviços que possam ser comprados tais como:
planos de saúde, plano de previdência e descentralização de
serviços não lucrativos como a assistência social.

A necropolítica é um conceito que foi desenvolvido recentemente, porém ela


está presente nas ações do Estado e compõe as estruturas da sociedade há muito
tempo, por exemplo, quando acontece a naturalização da morte, da fome, da falta
de acesso a direitos básicos para um determinado grupo, é tido como algo normal,
já para outros torna-se um fator que causa comoção e revolta. (Citação aqui)
Diante da atual conjuntura política do Brasil, é de suma importância refletir
como o Serviço Social atuará frente às novas expressões da questão social que
estão a emergir, visto que, a intervenção do Assistente Social é baseada na
mediação entre o Estado e a classe trabalhadora, pretendendo garantir que os
direitos não sejam violados. É válido ressaltar que a intervenção profissional deve
estar alinhada às três dimensões teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-
política, que são diferentes, mas que se complementam e são indissociáveis para
atuação profissional. Dessa forma o enfrentamento acontece a fim de validar os
direitos da classe trabalhadora, de forma ampla e universal, portanto a atuação de
um Assistente Social não pode de maneira alguma ser neutra. Diante disso, essa
afirmação de Iamamoto torna evidente a importância do Serviço Social na
sociedade capitalista :

O Serviço Social brasileiro contemporâneo apresenta uma feição


acadêmica-profissional e social renovada, voltada à defesa do trabalho e
dos trabalhadores, do amplo acesso a terra para a produção de meios de
vida, ao compromisso com a afirmação da democracia, da liberdade, da
igualdade e da justiça social no terreno da história. Nessa direção social, a
luta pela afirmação dos direitos de cidadania, que reconheça as efetivas
necessidades e interesses dos sujeitos sociais, é hoje fundamental como
parte do processo de acumulação de forças em direção a uma forma de
desenvolvimento social inclusiva para todos os indivíduos sociais.
(Iamamoto, 2009, p.4) Livro Serviço Social – Direitos Sociais e
Competências Profissionais

Ao analisarmos a construção histórica do Brasil é possível compreender que


ele é um país propício para a reprodução de violências, pois desde sua formação
até o momento atual não foram elaboradas políticas sociais, no intuito de promover
a equidade, para que assim seja feita a inclusão de determinados grupos que foram
marginalizados na sociedade. Como foi abordado nos tópicos anteriores, os
acontecimentos lá do passado, refletem diretamente na sociabilidade atual, e é de
suma importância destacar como o avanço exponencial do neoliberalismo vem
fazendo com que os direitos da classe trabalhadora sejam cada vez mais violados,
vinculado a necropolítica, do fazer morrer e deixar morrer, no qual o fator raça é
determinante. Esse trecho da ABEPSS evidencia como a questão racial está
presente na manutenção das desigualdades sociais:

Ainda que a raça não tenha nenhum sentido biológico, sob o ponto de vista
sócio-histórico, a raça continua sendo um recurso político-ideológico de
estigmatização, segregação, dominação e exploração em todo mundo.
Embora sua existência não seja mais validada pelas ciências naturais, sua
existência real nas mentes e na vida social concreta dos sujeitos. E mesmo
esvaziada no sentido biológico, a ideia de raça persiste, sobretudo, no
âmbito das relações de poder e dominação para manutenção de uma
sociedade desigual. (ABEPSS, 2018, p.14)

Na contemporaneidade é perceptível como o Estado reduz suas ações frente


às políticas sociais, e suas práticas estão indo totalmente contra a população mais
vulnerável, pode-se citar por exemplo, o congelamento dos cofres públicos em
relação às políticas sociais, como educação, assistência, saneamento, saúde,
habitação, cultura, lazer, também vem acontecendo o desmonte de direitos
trabalhistas, a violência por parte da força coercitiva do Estado contra as pessoas
de bairros empobrecidos, dentre outros fatores. No contexto da sociedade
capitalista e extremamente desigual, condições como essas acabam promovendo o
aumento da população desassistida, sem saúde de qualidade, sem segurança, sem
uma boa educação, sem vínculos empregatícios formais, gerando assim novas
demandas para os Assistentes Sociais.
Dessa maneira, o Assistente Social tem o Código de Ética Profissional
(1993), como parâmetro para sua atuação e deve estar alinhado na defesa do
Projeto Ético Político (PEP), que tem como horizonte a construção de uma nova
ordem societária, livre de todas formas de opressão, de alienação e exploração. É
importante destacar que o enfrentamento do racismo ultrapassa o dever de uma
profissão ou da consciência do indivíduo, no entanto, os assistentes sociais têm um
arcabouço sócio-histórico de lutas que permitem contribuir no fortalecimento do
debate e na construção de ações de combate ao racismo.
REFERÊNCIAS

MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. 9.ed. São Paulo:
Cortez, 2005.

Almeida, Silvio Luiz de Racismo estrutural / Silvio Luiz de Almeida. -- São Paulo:
Sueli Carneiro ; Pólen, 2019. (Feminismos Plurais / coordenação de Djamila Ribeiro

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro, processo de um racismo


mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1978.

Você também pode gostar