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Como dito na música, existe alguém que morre e alguém que mata. A
morte da população negra, banalizada nas periferias contemporâneas, é
prática que acontece desde o período colonial. Prática através da qual,
inclusive, a sociedade brasileira se constituiu. Isso pode ser relacionado ao que
o filósofo Achille Mbembe conceitua como necropolítica. A necropolítica,
baseada nas noções foucaultianas de biopolítica, é o poder de ditar quem pode
viver e quem deve morrer.
Além do controle da população realizado por meio do biopoder, como
coloca Foucault, Mbembe afirma que uma parcela da população é
deliberadamente escolhida para morrer. A morte de determinado grupo, então,
é vista como algo aceitável. Mas não são todos que estão sujeitos à
necropolítica. Os corpos deixados para morrer, segundo o filósofo, são
escolhidos por questões raciais. O risco de morte, em uma sociedade pautada
pela necropolítica, depende especialmente da cor da pele.
O extermínio dos grupos escolhidos pela necropolítica acontece em
espaços que o autor chama de “zonas de morte”. As estruturas sociais operam
para que determinados indivíduos permaneçam submetidos a condições em
que o risco de morte é potencializado. Como descrito em Negro Drama, é
comum, além de ser desejo do Estado, que a população negra e periférica seja
vista pobre, presa e, por fim, morta. Assim, o Estado, cujo poder deveria
estabelecer os limites entre os direitos e a violência, utiliza de seu poder, na
verdade, para criar essas “zonas de morte”:
Referências bibliográficas
ASANTE, Molefi. Afrocentric idea in education. The Journal of Negro. Vol. 60.
No. 2, Spring 1991, pp.170-180.