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Seropédica
[2018-02]
SOBRE A AUTORA
Pela fábula das três raças é possível observar como a cultura nacional se formou por
um processo de tradução, seleção, cópia, alteração e atualização. Construindo e
descontruindo a mestiçagem.
A partir do século XX, na década de 30, esses modelos raciais começam a ser
questionados e a palavra Raça cai em desuso, pois para época, as diferenças entre grupos
deveriam ser explicadas a partir de argumentos de ordem social, econômica e cultural. Essa
mistura de “raças” ganha outro sentido na obra de Freyre, Casagrande e senzala. O nome
raça deveria ser abandonado e em seu lugar usar o termo cultura. Nesse período, autores
modernistas como Mario de Andrade, tentam dar ressignificação a palavra raça, e como
estratégia para pensamento social vivido na época, por meio da figura de Macunaíma,
pensam em reinventar outro sentido para o nome raça.
Na mesma década em que começa a cair em desuso o termo “Raça”, o período
governativo definido como Estado Novo, inicia projetos públicos em torno da união das
três raças, por intermédio de intelectuais ligados ao Governo. Nesse momento o “mestiço
vira nacional”, no entanto, nesse mesmo período cresce o processo de desafricanização, na
busca de clarear simbolicamente, de elementos culturais.
Tal política se reflete em três elementos culturais de origem africana que passam a
ser tornar nacionais: a Feijoada, a Capoeira e o Samba.
O prato que no período escravista, era composto pelos produtos mais baratos e
muitas vezes sobras que seriam jogadas no lixo, passa a ser símbolo de uma nação. A
feijoada e seus acompanhamentos são interpretados como a união das raças e das riquezas
da terra, como cita a autora a partir da obra de Reis (1994):
Sendo assim, em suma, a identidade da nação é uma construção que deve levar em
consideração o fator histórico como formador de uma visão que se reconstrói
continuamente e que as estruturas sincréticas da sociedade é o que caracteriza a sua
particularidade.
i
Lilia Katri Moritz Schwarcz. Disponível em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4783890P3 . Acesso em 04 outubro
2018.