Você está na página 1de 28

Marco Civil da Internet

APRESENTAÇÃO

O Marco Civil da Internet foi criado com o objetivo de preservar a liberdade de expressão por m
eio do acesso à Internet e à informação para todos. Sua intenção é regular o meio digital, que, at
é então, funcionava com uma "terra sem lei", ou seja, onde vale tudo.
Em qualquer sociedade democrática, existem limites no que se
refere às liberdades individuais (de se expressar) e aos direitos
de outros (como sua honra e imagem).

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o histórico desta


Lei, que funciona como uma espécie de "Constituição" da Internet brasileira, discussão que está
longe de estar concluída e que vem
sendo revista conforme se desenrolam os fatos. Você também entenderá melhor seus impactos n
a sociedade e principalmente
na prática do jornalismo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir o Marco Civil da Internet.


• Relacionar liberdade de expressão com o Marco Civil da Internet.
• Analisar o impacto do Marco Civil da Internet para o jornalismo.

INFOGRÁFICO

O Marco Civil da Internet é uma lei notória na história brasileira


e representa um avanço e a sinalização do Governo no tocante à regulamentação do funcioname
nto da Internet. Reconhecendo
sua importância como ferramenta de informação e formação do cidadão, cria um conjunto de reg
ras de modo a nortear a relação
entre os usuários e as empresas de Internet.

A Lei foi sancionada em abril de 2014 pela presidente Dilma Rousseff, tendo seu projeto elabor
ado em 2009 (ainda no Governo Lula) e sido
alvo de discussão e consultas públicas na Câmara dos Deputados
desde 2010.

Veja, no Infográfico, os pilares que norteiam esta Lei, bem como


os direitos que ela lhe confere.
CONTEÚDO DO LIVRO

O Marco Civil da Internet é uma Lei que estabelece princípios,


garantias, direitos e deveres dos usuários da Internet; é uma espécie
de “Constituição” dela. Em um Estado democrático, as leis podem e devem refletir a ampliação
de direitos, e não sua restrição. O Marco
Civil é inovador por ser uma Lei que amplia e garante direitos na Internet e que não trabalha co
m a perspectiva de que os direitos garantidos nos espaços virtuais sejam menores que aqueles
existentes no dia a dia.

Nos últimos anos, o Judiciário tem tido a necessidade de atualizar, modificar e propor novas leis
em decorrência das mudanças em curso no mundo digital, em especial ao regulamentar a atuaçã
o de empresas,
e o que estas podem ou não fazer com seus dados, criando leis para evitar abusos e garantir direi
tos civis.

Na obra Legislação aplicada à Comunicação Social - Ênfase em Jornalismo, leia o capítulo Mar
co Civil da Internet, base teórica
desta Unidade de Aprendizagem. Neste capítulo, você vai entender melhor as repercussões e im
pactos que esse cenário de mudança gera nas mais diversas áreas, inclusive no campo de atuação
do jornalista.

Boa leitura.
LEGISLAÇÃO
APLICADA À
COMUNICAÇÃO
SOCIAL - ÊNFASE
EM JORNALISMO

Guaracy Carlos da Silveira


Marco Civil da Internet
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir Marco Civil da Internet.


 Relacionar a liberdade de expressão com o Marco Civil da Internet.
 Avaliar o impacto do Marco Civil da Internet para o jornalismo.

Introdução
Em pouco mais de duas décadas de uso comercial, a internet transfor-
mou as relações humanas. O mais notável foi o desenvolvimento do
conhecimento e do acesso à cultura. Antes da proliferação da internet,
as informações eram transmitidas por livros impressos. No que se refere à
educação, as pesquisas escolares eram feitas em enciclopédias disponíveis
em bibliotecas ou compradas nas bancas de jornais. Com o surgimento
da internet, esses materiais perderam espaço para os sites especializados,
biblioteca virtuais, homepages e sites de buscas, tornando a pesquisa mais
dinâmica e acessível.
Com o passar do tempo, os avanços tecnológicos, a expansão da
internet e com o Plano Nacional de Banda Larga para as camadas mais
populares da sociedade, houve a necessidade de criar uma lei para gerir
o acesso à rede de computadores. Mesmo diante de muita resistência
e controvérsias, em 2009 o governo iniciou os debates e, em 2014, san-
cionou a Lei nº. 12.965, de 23 de abril de 2014, que estabelece princípios,
garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil: o Marco
Civil da Internet.
Neste capítulo, você vai estudar o que é o Marco Civil da Internet, sua
principal finalidade e seus princípios. Além disso, vai conhecer a relação
entre a liberdade de expressão e o Marco Civil da Internet, bem como
seu impacto na rotina jornalística.
2 Marco Civil da Internet

1 Origem da internet
Se você tem menos de 25 anos de idade, certamente irá se assustar ao saber que,
há algum tempo, a sociedade vivia sem internet. Não que ela já não existisse,
mas o acesso era extremamente restrito. Apenas militares, pesquisadores e
poucas instituições de ensino tinham acesso à internet no Brasil. Sem contar
que, inicialmente, a World Wide Web (Rede Mundial de Computadores) servia
essencialmente para troca de e-mails, já que as homepages ainda não tinham
sido inventadas.
Desenvolvida para fins militares, a internet, assim como boa tarde das
tecnologias a que tivemos acesso, foi criada para ser utilizada na guerra, mais
precisamente durante a Guerra Fria, no final da década de 1960, período em
que os norte-americanos e a União Soviética travavam uma disputa tecnoló-
gica. Diante das circunstâncias, os Estados Unidos procuravam um sistema
descentralizado de comunicação e armazenamento de dados que permanecesse
ativo mesmo que uma parte fosse atacada. O projeto idealizado pela Advanced
Research and Projects Agency (Arpa) foi financiado pelo Pentágono e pela
Nasa, exclusivamente para essa finalidade.
De acordo com os registros históricos, a primeira evidência de uso da
Arpanet ocorreu em 5 de agosto de 1968, sendo considerada a mãe da internet
em muitas literaturas. Com o decorrer do tempo e o crescimento da Arpanet,
a rede passou a ser utilizada por universidades e, em meados da década de
1980, adotou o Protocolo de Controle de Transmissão (Transmission Control
Protocol, TCP) e o Protocolo de Internet (Internet Protocol, IP). O TCP/IP
é o protocolo atualmente em uso, com tecnologia padrão para comunicação.
No Brasil, a internet só chegou na década de 1990, inicialmente disponibi-
lizada, apenas, para algumas universidades com uso exclusivo em pesquisas.
Comercialmente, a rede passou a estar disponível em 1994, sendo vendida pela
empresa de telecomunicações Embratel. Porém, em 1995, o Ministério das
Comunicações, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia deram
início aos procedimentos para facilitar o acesso à internet para a população
brasileira. Desde então, a internet passou a ser utilizada abertamente na área da
educação, como na oferta de cursos on-line, seminários virtuais, conferências
virtuais e no ensino a distância.
Antes do Marco Civil da Internet, o argumento que mais se ouvia era de que
a internet era uma “terra sem lei”, bordão utilizado para falar que não existia
penalidade para quem usasse a rede com outra finalidade a não ser a de se
comunicar e informar responsavelmente. Com a disseminação da internet, os
hábitos e costumes da sociedade se modificaram. Compartilhar informações,
Marco Civil da Internet 3

comentar uma foto, entrar em salas de bate-papo para conversar, conversar


com amigos pelas redes sociais, realizar compras, estudar, entre outras, são
as muitas formas de uso da rede.
Por meio do Decreto nº. 7.175, de 12 de maio de 2010, o Governo Fede-
ral lançou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), para massificar a
oferta de banda larga no País e promover o crescimento da capacidade da
infraestrutura de telecomunicações. Com isso, o número de pessoas na rede
aumentou consideravelmente, como você pode observar nas Figuras 1 e 2,
que mostram, respectivamente, o aumento da banda larga fixa e móvel no
Brasil. Consequentemente, os atritos passaram a surgir, e questões éticas e
morais foram levantadas.

32.500
31.048
28.863
25.482 26.757
23.968
22.186
18.829
15.300 17.000

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Figura 1. Crescimento da banda larga fixa no Brasil (em mil).


Fonte: Adaptada de CGI.br (2019).

135.000.000
129.842.000

120.238.000

25.446.700 60.104.000

3.270.007
0
2014 2015 2016 2017 2018

Figura 2. Crescimento da banda larga móvel no Brasil — (Padrão 4G LTE - quantidade


de celulares 4G em uso).
Fonte: Adaptada de CGI.br (2019).

A liberdade de expressão, direito garantido pela constituição, passou a


ser a palavra da vez. É muito comum encontrar pessoas dando opiniões nas
redes sociais, criando debates acerca de um determinado assunto, levantando
4 Marco Civil da Internet

bandeiras ideológicas e/ou partidárias, compartilhando momentos da sua


vida como quem conversa com um amigo. Entretanto, ofensas, xingamentos
e ameaças passaram a surgir quase que na mesma proporção e sem ter uma
legislação que regulamentasse a comunicação em rede. O cenário passou a
mudar com a implantação do Marco Civil da Internet, que permite responsa-
bilizar o agente de acordo com sua ação.
Em 2009, a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça
(SAL/MJ) em parceria com a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas
do Rio de Janeiro, deu início às articulações e conversas a respeito do Marco
Civil da Internet, também chamado de Constituição da Internet Brasileira.
Todavia, somente em 2014 a Lei nº. 12.965 foi sancionada, visando atender à
demanda da sociedade civil, com a finalidade de estipular princípios, garan-
tias, direitos e deveres para o uso da internet no País. Além disso, estabelece
diretrizes para atuação da União, Estados e Municípios em relação à internet.
Segundo dados da pesquisa TIC Domicílios (CGI.BR, 2019), aproxima-
damente 127 milhões de brasileiros acessam a internet no Brasil. Com tanta
gente tendo acesso à rede, o número de contratempos costuma ser maior. A
Lei surge, então, como um instrumento legal para normatizar a cultura digital,
respeitando os direitos dos civis, regulando o direito de acesso à rede mundial
de computadores, estabelecendo com transparência as responsabilidades dos
sujeitos envolvidos e definindo diretrizes para a atuação do governo: “[…] era
crucial o estabelecimento de condições mínimas e essenciais não só para
que o futuro da Internet seguisse baseado em seu uso livre e aberto, mas que
permitissem também a inovação contínua, o desenvolvimento econômico e
político” (CGI.BR, [2014], p. 5).
Em seu art. 2º, a Lei nº. 12.965/2014 (BRASIL, 2014, documento on-line)
destaca que está fundamenta no respeito à liberdade de expressão, bem como:

I — o reconhecimento da escala mundial da rede;


II — os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício
da cidadania em meios digitais;
III — a pluralidade e a diversidade;
IV — a abertura e a colaboração;
V — a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor;
VI — a finalidade social da rede.

Em resumo, o Marco Civil da Internet tem por objetivo preservar a liber-


dade de expressão promovendo o acesso à internet e a informação a todos, à
inovação e adesão a padrões tecnológicos abertos de forma segura.
Marco Civil da Internet 5

Acesse a Lei nº. 12.965/2014 (BRASIL, 2014) na íntegra no site do Planalto, do Governo
Federal. Veja a seguir alguns conceitos importantes para compreendê-la.
 Internet: sistema constituído do conjunto de protocolos lógicos, estruturado
em escala mundial para uso público e irrestrito, com a finalidade de possibilitar a
comunicação de dados entre terminais por meio de diferentes redes.
 Terminal: computador ou qualquer dispositivo que se conecte à internet.
 Endereço de Protocolo de Internet (endereço IP): código atribuído a um ter-
minal de uma rede para permitir sua identificação, definido segundo parâmetros
internacionais.
 Administrador de sistema autônomo: pessoa física ou jurídica que administra
blocos de endereço IP específicos e o respectivo sistema autônomo de roteamento.
É devidamente cadastrada no ente nacional responsável pelo registro e pela dis-
tribuição de endereços IP geograficamente referentes ao País.
 Conexão à internet: habilitação de um terminal para envio e recebimento de
pacotes de dados pela internet, mediante a atribuição ou autenticação de um
endereço IP.
 Registro de conexão: conjunto de informações referentes à data e à hora de início
e término de uma conexão à internet, sua duração e o endereço IP utilizado pelo
terminal para o envio e recebimento de pacotes de dados.
 Aplicações de internet: conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas
por meio de um terminal conectado à internet.
 Registros de acesso a aplicações de internet: conjunto de informações referentes
à data e à hora de uso de uma determinada aplicação de internet a partir de um
determinado endereço IP.

2 Marco Civil da Internet e a liberdade de


expressão
Certamente, a máxima da comunicação nos últimos tempos tem sido “O meu
direito termina quando começa o do outro”, principalmente após o surgimento
do Marco Civil da Internet. A célebre frase de Augusto Branco define bem
esse contexto: “As pessoas gostam do ideal de liberdade de expressão até o
momento em que começam a ouvir aquilo que elas não gostariam que dissessem
a respeito delas” (IMAGINIE, 2019, documento on-line).
Com a internet ao alcance de todos, o surgimento de novas redes sociais
e, principalmente, com o direito à liberdade de expressão, o que mais temos
presenciado na rede são pessoas se aproveitando desse direito para agredir
6 Marco Civil da Internet

outras. Um caso que gerou grande repercussão, até mesmo internacional, foi
com a filha do ator Bruno Gagliasso e a atriz Giovanna Welbank. Em novembro
de 2017, a socialite Day McCarthy, brasileira que mora no Canadá, utilizou
suas redes sociais para ofender a filha do casal, Chissono, de 4 anos de idade
na época. McCarthy gravou um vídeo em que falava palavras racistas contra
a criança sem o menor pudor ou medo de punição. Porém, graças à Lei que
rege o Marco Civil da Internet, os pais puderam prestar queixa e fazer valer
o direito da filha.
Embora tenhamos o direito à liberdade de expressão, não podemos agredir
outras pessoas tendo como justificativa esse direito. Por mais que o Marco
Civil da Internet não tenha por finalidade cercear o direito à liberdade de
expressão, e sim estabelecer princípios que garantem o livre acesso à internet
e resguardar direitos e deveres, é preciso que as pessoas compreendam que a
rede deve ser utilizada com sabedoria. Quando começaram os debates acerca
da criação do Marco Civil da Internet, o grande temor da sociedade e de
muitas instituições de direitos era justamente o fato de perder essa liberdade.

Controle governamental
Você sempre se sentiu seguro em preencher um cadastro na internet? Por
exemplo, criar uma conta nas redes sociais, ou preencher um cadastro em
um site de empregos, ou fazer uma compra na internet e deixar seus dados,
como CPF, RG e endereço, registrados? Já se perguntou o que essas empresas
fazem com os seus dados após você cancelar o cadastro ou encerrar o perfil
na rede social? Saiba que, na maioria das vezes, seus dados permanecem na
base de dados da empresa.
Em 2018, um escândalo envolvendo o vazamento de dados por parte do
Facebook percorreu jornais e noticiários do mundo todo. Tudo começou quando
o The News York Times divulgou uma reportagem expondo o compartilha-
mento indevido de informações registradas por um quizz da rede social com a
consultoria Cambridge Analytica. Na ocasião, cerca de 87 milhões de pessoas
tiveram seus dados repassados, indevidamente, para a empresa. Tiveram,
portanto, sua privacidade invadia.
Durante as discussões para a implantação do Marco Civil da Internet,
uma das questões levantadas correspondia exatamente ao fato de não haver
transparência na operação de muitas empresas na internet. Por isso, um dos
progressos do Marco Civil da Internet é garantir o direito à exclusão definitiva
dos dados da pessoa que solicitar. A Lei é utilizada para garantir a proteção
da privacidade e evitar abusos de empresas. Ao contrário do que se imagina,
Marco Civil da Internet 7

o Marco não possibilita qualquer instrumento que permita o controle da rede


pelos órgãos do governo ou por qualquer instituição ou pessoa. Isso permite
que a internet continue sendo um espaço de inovação, empreendedorismo e
de acesso à informação.
Além disso, a Lei garante que uma pessoa seja responsabilizada por qualquer
ato que cause danos a terceiros, devendo responder por suas ações quando estes
forem considerados ilegais. Um bom exemplo a esse respeito é o caso da atriz
Carolina Dieckmann, que, em 2012, teve cerca de 36 fotos íntimas expostas na
internet, após não aceitar a extorsão de 10 mil reais por parte do chantagista.
Depois de dar queixa alegando que poderia ter tido as fotos retiradas de um
notebook que havia sido levado para o conserto, a Delegacia de Repressão aos
Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio constatou que a atriz
teve sua caixa de e-mail invadida. Com a identificação dos suspeitos, a polícia
realizou busca e apreensão nas casas dos envolvidos, que foram apreendidos
e punidos. Com o objetivo de assegurar os direitos de quem sofre esse tipo de
ação ilegal, foi criada a Lei nº. 12.737, de 30 de novembro de 2012, batizada de
“Lei Carolina Dieckmann”, que, dentre outros fatores, torna crime a invasão
de aparelhos eletrônicos para a obtenção de dados particulares.
O Marco Civil da internet garante ao Judiciário, o uso de mecanismos,
para a identificação do responsável pelo ato ilegal, como uma forma de coibir
a prática de atos ilícitos sem interferir na liberdade de expressão. Conforme
art. 14 da Lei, “Na provisão de conexão, onerosa ou gratuita, é vedado guardar
os registros de acesso a aplicações de internet” (BRASIL, 2014, documento
on-line). Em resumo, seus princípios consistem em garantir a neutralidade de
rede, a liberdade de expressão e a privacidade dos usuários, direitos assegurados
para manter o caráter aberto da internet.

Em virtude da facilidade de acesso e do anonimato, a internet rapidamente se trans-


formou em um meio para prática dos mais variados crimes. No livro Crimes na Internet
e Inquérito Policial Eletrônico, os autores Mário Furlaneto Neto, José Eduardo dos Santos,
Eron Veríssimo Gimenes (2018), esclarecem pontos relativos a ilícitos penais, como
ameaças, furtos, fraudes, danos, crime contra a honra. Também aborda crimes tutelados
pelo Estatuto da Criança e Adolescente, como aliciamento, assédio, instigação ou
constrangimento na prática de ato libidinoso. Os aspectos formais do inquérito policial
eletrônico são tratados em detalhes, além da invasão de dispositivos informáticos, infil-
tração de agente e armazenamento de registro de acesso aos provedores de conexão.
8 Marco Civil da Internet

Até aqui já vimos sobre liberdade de expressão e responsabilidade civil,


dois dos princípios fundamentais do Marco. Vejamos agora sobre o que se
trata a neutralidade da rede e a privacidade.
Trata-se de um aspecto muito mais técnico, cujo princípio determina que
todos os dados e/ou informações que transitam na internet devem seguir
padrões. Por exemplo, a navegação a uma determinada velocidade deve ser
mantida, independente do que a pessoa acesse na rede, ou seja, sem restrição de
consumo de banda larga. Isso quer dizer que o provedor de internet do usuário
não pode, de forma alguma, limitar a velocidade de vídeos em plataformas
como Vimeo, YouTube, Torrent, entre outros. Muito menos podem fazer
acordos com sites para carregá-los mais rápido ou mais devagar.
Outra questão importante na neutralidade da rede diz respeito à proibição
dos provedores ofertarem planos com acesso restrito ou privilegiado a sites
específicos. Por exemplo, se o seu provedor de internet oferece um serviço
por um determinado valor com a opção de carregar conteúdo da Netflix mais
rápido, é proibido pela Lei. Sem essas garantias, a internet poderia funcionar
como uma TV a cabo por exemplo, em que o consumidor pagaria um determi-
nado valor para acessar um determinado conteúdo, podendo ser redes sociais,
plataformas de vídeo, etc.
Além disso, o usuário da internet tem sua privacidade resguardada ao
determinar que informações pessoais e registros de acesso só podem ser
comercializados se o cliente consentir, explicitamente, a operação comercial.
A Lei determina que nenhuma empresa ou pessoa física pode bisbilhotar sua
movimentação na rede, muito menos permite que seus dados sejam armaze-
nados em servidores (BRASIL, 2014). Isso só é possível por meio de ordem
judicial, com a finalidade de investigação criminal. Por sua vez, empresas como
Facebook e Google, por exemplo, necessitam de aprovação prévia para ficar
de olho na sua navegação, com o objetivo de exibirem publicidades personali-
zadas. Veja na Figura 3 as vantagens e desvantagens da neutralidade na rede.
Marco Civil da Internet 9

Figura 3. Vantagens e desvantagens da neutralidade na rede.


Fonte: Fibracem (2018, documento on-line).

3 Impacto do Marco Civil da Internet no


jornalismo
O Marco Civil da Internet apresenta muitos aspectos que vêm ao encontro das
premissas vigentes nos principais meios que regulam o jornalismo. De modo
a assegurar o livre exercício da profissão e a liberdade do profissional, o art.
1º da Lei nº. 5.250, de 9 de fevereiro de 1967 (Lei da Imprensa), prevê que “É
livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão
de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura,
respondendo cada um, nos termos da lei” (NEVES, 2000, p. 111).
No que se refere a Lei nº. 12.965/2014, que corresponde ao Marco Civil da
internet, o art. 24 constitui diretrizes para a atuação da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios no desenvolvimento da internet no Brasil
(BRASIL, 2014, documento on-line):

I — estabelecimento de mecanismos de governança multiparticipativa, trans-


parente, colaborativa e democrática, com a participação do governo, do setor
empresarial, da sociedade civil e da comunidade acadêmica;
III — promoção da racionalização e da interoperabilidade tecnológica dos ser-
viços de governo eletrônico, entre os diferentes Poderes e âmbitos da Federação,
para permitir o intercâmbio de informações e a celeridade de procedimentos;
IV — promoção da interoperabilidade entre sistemas e terminais diversos, in-
clusive entre os diferentes âmbitos federativos e diversos setores da sociedade;
V — adoção preferencial de tecnologias, padrões e formatos abertos e livres;
10 Marco Civil da Internet

VI — publicidade e disseminação de dados e informações públicos, de forma


aberta e estruturada;
IX — promoção da cultura e da cidadania; e
X — prestação de serviços públicos de atendimento ao cidadão de forma
integrada, eficiente, simplificada e por múltiplos canais de acesso, inclusive
remotos.

Juntamente com o art. 24, o parágrafo II do art. 25 do Marco dispõe sobre as


aplicações de internet de entes do poder público, que devem buscar: “[…] aces-
sibilidade a todos os interessados, independentemente de suas capacidades
físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, mentais, culturais e so-
ciais, resguardados os aspectos de sigilo e restrições administrativas e legais”
(BRASIL, 2014, documento on-line). Assim, as diretrizes da Lei não podem
ser vistas apenas como um favor do Governo, pelo contrário, é uma proteção ao
livre exercício da profissão do jornalista, conforme destaca Santos (2015, p. 7):

A centralização de informações passa a ser um requisito para a liberdade de


ofício do jornalista porque este, sem a organização das informações ofereci-
das, se vê atolado com a quantidade de dados disponibilizados sem critério,
em plena Sociedade de Rede (também denominada como Sociedade do Co-
nhecimento, da Informação e outras nomenclaturas conforme a conjuntura)
— na qual a informação adquire valor tangível e intangível que penetra os
diferentes âmbitos sociais.

Quando aplicada de forma correta, a interoperabilidade garante ao jor-


nalista informação precisa e de fácil acesso, como é o caso do Portal da
Transparência, ferramenta disponibilizada pelo governo para que não apenas
os profissionais do jornalismo tenham acesso, mas também a sociedade de
um modo geral. Outro bom exemplo é o Sistema de Automação da Justiça
(SAJ), do Estado de Mato Grosso do Sul, que desde 2005, por meio do e-SAJ,
concentra em um único banco de dados, os dados judiciais de todas as comarcas
do estado, incluindo processos de segunda instância no Tribunal de Justiça (TJ).
Se, por um lado o Marco Civil da Internet garante direitos aos jornalistas
no que se refere à divulgação de informações de direito público, por outro, a
Lei penaliza o profissional que por ventura se manifeste contrário a algumas
condutas de parlamentares. É o caso do jornalista Danilo Gentili, que, em 2019,
foi condenado por injúria e deve cumprir pena em regime semiaberto por ter
postado em sua rede social, em 2016, uma série de mensagens chamando a
deputada Maria do Rosário de “[...] falsa, cínica e nojenta” (DANILO..., 2019,
documento on-line). Mesmo recebendo notificação para excluir as mensagens, o
jornalista não apenas não retirou como gravou um vídeo rasgando a notificação
Marco Civil da Internet 11

e colou em suas partes íntimas. A notícia da condenação do jornalista causou


grande impacto, justamente por se tratar do direito à liberdade de expressão
e eventualmente a liberdade de imprensa. Na ocasião de sua condenação, o
jornalista, em entrevista a também jornalista e apresentadora Leda Nagle,
mostrou-se indignado e se comparou a Adolf Hitler “Nem Hitler foi acusado de
tanta coisa. Hitler era nazista, não machista. Isso eu sou. Tenho mais acusação
que o Hitler” (DANILO..., 2019, documento on-line).
Outro caso emblemático, no qual podemos constatar que a livre manifesta-
ção do pensamento foi discutida, é o do jornalista Leonardo Sakamoto, autor
do Blog do Sakamoto. Em evidente contradição à Lei de Acesso à Informação,
o jornalista foi processado criminalmente por divulgar informações obtidas
com base na própria Lei. Em 2015, Sakamoto foi acusado de difamação pela
empresa Pinuscam Indústria e Comércio de Madeira Ltda., por ter publicado
em seu blog uma lista com nomes de empresas autuadas pelo Ministério
do Trabalho por manterem trabalhadores em regime de escravidão. A lista,
com o nome das empresas, foi repassada pelo próprio Ministério a pedido do
jornalista por meio da Lei. No entanto, as informações da lista correspondiam
a processos administrativos já finalizados, ou seja, as investigações foram
concluídas após as empresas terem se defendido das acusações em primeira
e segunda instância (ATOJI, 2015).
Na época, o jornalista também se pronunciou afirmando que “[…] a socie-
dade brasileira depende de informações oficiais e seguras sobre as atividades
do Ministério do Trabalho e do Emprego na fiscalização e combate ao trabalho
escravo contemporâneo no Brasil” (ATOJI, 2015, documento on-line). Já a
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), manifestou-se
a favor do jornalista, enfatizando que o ocorrido não deveria ser tratado como
crime e sim exclusivamente na esfera civil, conforme recomendam a Organiza-
ção das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos. Além disso,
foi questionado o direito de acesso às informações públicas (ATOJI, 2015).
12 Marco Civil da Internet

ATOJI, M. Jornalista é processado por divulgar informação obtida via Lei de Acesso. São
Paulo: Abraji, 2015. Disponível em: https://abraji.org.br/noticias/jornalista-e-processado-
-por-divulgar-informacao-obtida-via-lei-de-acesso. Acesso em: 4 abr. 2020.
BRASIL. Lei nº. 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e
deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília, DF, 2014. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em: 1 abr. 2020.
CGI.BR. O CGI.br e o marco civil da internet. São Paulo, [2014]. Disponível em: https://www.
cgi.br/media/docs/publicacoes/4/CGI-e-o-Marco-Civil.pdf. Acesso em: 1 abr. 2020.
CGI.BR. TIC domicílios: pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comuni-
cação nos domicílios brasileiros: 2018. São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.
cetic.br/media/docs/publicacoes/2/12225320191028-tic_dom_2018_livro_eletronico.
pdf. Acesso em: 1 abr. 2020.
DANILO Gentili é condenado à prisão por ofender Maria do Rosário. Veja, 10 abr. 2019.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/entretenimento/danilo-gentili-e-condenado-
-a-seis-meses-de-prisao-em-caso-maria-do-rosario. Acesso em: 4 abr. 2020.
FIBRACEM. Neutralidade da rede. Pinhais, 2018. Disponível em: https://www.fibracem.
com/curiosidades/neutralidade-da-rede/. Acesso em: 4 abr. 2020.
IMAGINIE. Limites entre a liberdade de expressão e o politicamente correto. Belo Horizonte,
2019. Disponível em: https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo-de-redacao/limites-
-entre-a-liberdade-de-expressao-e-o-politicamente-correto/2231900. Acesso em: 5
maio 2020.
NEVES, R. J. Vade Mecum da comunicação social. São Paulo: Rideel, 2000.
SANTOS, I. G. D. G. dos. Os jornalistas frente ao marco civil da internet. In: SIMPÓSIO
INTERNACIONAL DE CIBERJORNALISMO, 6., 2015, Campo Grande. Anais [...]. Campo
Grande: UFMS, 2015. Disponível em: http://www.ciberjor.ufms.br/ciberjor6/files/2015/03/
Os-Jornalistas-frente-ao-Marco-Civil-da-Internet.pdf. Acesso em: 4 abr. 2020.

Leituras recomendadas
BRASIL. Decreto nº. 7.175, de 12 de maio de 2010. Institui o Programa Nacional de Banda
Larga – PNBL [...]. Brasília, DF, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7175.htm. Acesso em: 5 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 5.250, de 9 de fevereiro de 1967. Regula a liberdade de manifestação do
pensamento e de informação. Brasília, DF, 1967. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L5250.htm. Acesso em: 5 maio 2020.
Marco Civil da Internet 13

BRASIL. Lei nº. 12.737, de 30 de novembro de 2012. Dispõe sobre a tipificação criminal de
delitos informáticos; altera o Decreto-Lei nº. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal; e dá outras providências. Brasília, DF, 2012. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm. Acesso em: 5 maio 2020.
FÁBIO, A. C. A aplicação do marco civil da internet, 5 anos depois. Nexo, 22 abr.
2019. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/04/22/A-
aplica%C3%A7%C3%A3o-do-Marco-Civil-da-Internet-5-anos-depois. Acesso em: 2
abr. 2020.
FURLANETO NETO, M.; SANTOS, J. E. L.; GIMENES, E. V. Crimes na internet e inquérito
policial eletrônico. São Paulo: Edipro, 2018.
TOMASEVICIUS FILHO, E. Marco civil da internet: uma lei sem conteúdo normativo. Estud
Av, v. 30, n. 86, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex
t&pid=S0103-40142016000100269. Acesso em: 3 abr. 2020.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
O documentário O menino da internet: a história de Aaron Swartz foi lançado em junho
de 2014 e narra a história do jovem Aaron Swartz, programador e escritor, defensor
da rede digital como ferramenta de democracia e justiça, prodígio da computação e
ativista de liberdade na internet. O menino tirou a própria vida ao ser acusado de vazar
estudos de uma base de dados privada de artigos acadêmicos chamada JSTOR pelo
Ministério Público dos Estados Unidos. O documentário explora questões de acesso
à informação e liberdades civis que guiaram seu trabalho.
DICA DO PROFESSOR

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) é responsável


por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e
ao desenvolvimento da Internet no Brasil. Esse Comitê coordena
e integra todas as iniciativas de serviços de Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a i
novação e a disseminação
dos serviços ofertados.

Com base nos princípios de multilateralidade, transparência


e democracia, o CGI.br representa um modelo de governança multissetorial da Internet com efet
iva participação de todos os
setores da sociedade nas suas decisões. Uma de suas formulações
são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet, os quais
são usados para direcionar todas as decisões referentes à Internet.

Nesta Dica do Professor, você vai saber quais são esses dez princípios.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

EXERCÍCIOS

1) Com relação ao Marco Civil da Internet, avalie as seguintes afirmativas e a relação p


roposta entre elas:

I - O Marco Civl da Internet tem por objetivo preservar a liberdade de expressão.

POR ISSO

II - Deve promover acesso à Internet e informação a todos, buscando a inovação e a a


desão a padrões tecnológicos abertos de forma segura.
Assinale a alternativa correta:

A afirmativa I é uma proposição falsa e a II é verdadeira.


A)
A afirmativa I é uma proposição verdadeira e a II é falsa.
B)
As afirmativas I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I.
C)
As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
D)
As afirmativas I e II são proposições falsas.
E)

2) O Marco Civil da Internet trouxe mudanças no meio jornalístico, em parte resultand


o na melhoria da qualidade do jornalismo em geral por meio do desenvolvimento de
novas técnicas de apuração e também dando mais segurança jurídica para os conteúd
os publicados. Contudo, ele também resultou em alguns conflitos com as normas ética
s e legais que orientam o trabalho do jornalista. Considere as seguintes afirmações:

I - A centralização de informações passa a ser fundamental para o exercício do jornal


ismo.

II - Os servidores de Internet podem retirar informações postadas pelos jornalistas d


e acordo com sua conveniência.

III - No cenário digital, caso o jornalista não identifique suas fontes, ele é responsável
pelas informações que divulgar.

Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s):

I e II.
A)
I e III.
B)
II e III.
C)
II.
D)
III.
E)

3) Considere a seguinte situação:


Um provedor de Internet lançou uma oferta promocional, um pacote de dados chama
do de "ligeirinho". Nele, pelo dobro do valor normal da assinatura, você terá acesso
mais rápido do que os usuários comuns aos sites do Youtube e à Netflix.

Considere os seguintes princípios do Marco Civil da Internet:

I - Neutralidade.
II - Liberdade de expressão.
III - Privacidade.

A promoção é uma óbvia afronta ao(s) seguinte(s) princípio(s):

I.
A)
II.
B)
III.
C)
I e II.
D)
I e III.
E)

4) Considere o seguinte fato:

"Em maio de 2012, crackers do interior de Minas Gerais e São Paulo invadiram o e-m
ail de Carolina Dieckmann, de onde baixaram fotos íntimas da atriz. O conteúdo foi p
ublicado na Internet após Carolina resistir às chantagens dos criminosos, que pedira
m R$ 10.000,00 para apagar as imagens."

Em relação ao Marco Civil da Internet, considere as seguintes afirmações:


I - O ocorrido é uma clara afronta aos direitos de inviolabilidade.
II - Os crackers realizaram um crime de acordo com o Marco Civil.
III - O provedor de e-mail deve responder solidariamente pelo crime.

Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s):

I e II.
A)
I e III.
B)
II e III.
C)
I, II e III.
D)
III.
E)

5) O Marco Civil da Internet determina que:

"O provedor de aplicações de Internet somente poderá ser responsabilizado civilment


e por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial esp
ecífica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviç
o e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infrin
gente, ressalvadas as disposições legais em contrário."

Ou seja, o provedor só é responsável por um conteúdo postado depois de ser notificad


o a retirá-lo de circulação pela justiça. A opção do legislador mostra claro desejo de p
roteger:

o princípio da neutralidade.
A)
o princípio da liberdade de expressão.
B)
o princípio da privacidade.
C)
os princípios da neutralidade e da liberdade de expressão.
D)
os princípios da liberdade de expressão e da privacidade.
E)

NA PRÁTICA

A relação entre a proteção dos direitos do usuário das redes digitais


e os possíveis usos de suas informações pessoais é polêmica e ainda não há consenso acerca dos
limites e dos deveres das empresas.
Um dos elementos que incendiou essa discussão foi o escândalo
da empresa Cambridge Analytica.

Tendo surgido com a investigação de dois grandes jornais que constataram que a empresa coleto
u e compartilhou dados de
usuários do Facebook, que foram usados, então, como norteadores de campanhas políticas, o esc
ândalo decorrente abalou o Facebook - seu presidente teve que dar depoimento ao Congresso am
ericano no tocante à privacidade dos usuários do Facebook - e levou a empresa Cambridge Anal
ytica à falência.

Em 2019, a história, inclusive, virou um documentário da rede Netflix, chamado "Nada é privad
o: o escândalo da Cambridge Analytica"
(The Great Hack). Conheça, em Na Prática, os detalhes do caso.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:

Senado Federal e o Marco Civil da Internet

O Marco Civil da Internet garante ao usuário 13 direitos, dentre eles a acessibilidade, a qualidad
e da conexão contratada e o sigilo das comunicações. O texto garante também a neutralidade da
rede, evitando a cobrança diferenciada por pacotes de dados acessados, como acontece na TV a
cabo. Veja a reportagem de Thiago Tibúrcio, da TV Senado, explicando mais sobre o tema.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Observatório do Marco Civil da Internet

Publicação on-line de cunho acadêmico e independente, que busca criar o ambiente ideal para de
bates qualificados, dinâmicos e interativos. São disponibilizados, periodicamente, novas decisõe
s, comentários e conteúdo multimídia, notícias relevantes e projetos de lei acerca do Marco Civil
da Internet, sendo uma ótima fonte para suas pesquisas.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar