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INTRODUÇÃO
Contratos eletrônicos são contratos celebrados virtualmente. Inexistência de
legislação específica.
Seria a internet um meio ou um local?
Os contratos eletrônicos possuem os requisitos dos contratos em geral?
Qual a legislação aplicável a eventuais conflitos decorrentes de contratos
eletrônicos?
INTERNET
Histórico
A descoberta dos meios de comunicação de massa, tais como o telégrafo em
1838, demarca o surgimento de uma nova era, da informação. Por conta disso,
ficou constatada a necessidade de difundir tais informações por meio de
aparelhos que unissem a comunicação com o processamento de informações.
Neste contexto social surgiu a INTERNET, tendo como instrumento necessário
para o seu uso o computador, que por sua vez, data da época da Segunda
Guerra Mundial nos Estados Unidos da América, para difusão de informações
começou a ser feita pelos militares, através do envio de mensagens para altos
comandos. Esse primeiro computador foi denominado de ENIAC (Eletronic
Numeral Integrator Analyzer and Computer).
No ano de 1951 foi lançado na Inglaterra o LEO – Lyons Eletronic Office, o
primeiro computador para uso comercial. A partir de então, a evolução do
mundo virtual se deu de forma mais rápida, tendo sido projetada a primeira
rede de computadores nos anos 60.
É uma tendência social a organização em torno de redes e, nesse contexto,
surgiu a ARPAnet (Advanced Research Project Agency Network), com o intuito
de descentralizar o armazenamento de informações militares, evitando assim,
que uma possível invasão a Washington, colocasse em risco a segurança
nacional.
No final dos anos 80, ARPAnet foi perdendo seu caráter militar, passando a ser
financiada pela NASA, instituição americana responsável por pesquisas
espaciais e, em 1990 foi oficialmente denominada de Internet.
No Brasil, a internet foi inicialmente restringida às universidades e centros de
pesquisa, passando em 1995 para o uso comercial e, logo depois, com a
disponibilização do acesso à rede através dos provedores de acesso, a
movimentação comercial atingiu a casa dos bilhões.
A Internet se tornou operacional no Brasil com a criação do Comitê Gestor de
Internet no Brasil (CGIB) por meio da Portaria Interministerial N° 147, de 31 de
maio de 1995 do Ministério das Comunicações e do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Seus integrantes foram nomeados pela Portaria Interministerial Nº
183, de 3 de julho de 1995, sofrendo alterações através das portarias
subsequentes. A exploração comercial da Internet foi oficialmente inaugurada
com a Portaria nº. 148 de 31 de maio de 1995 do Ministro de Estado das
Comunicações.
O barateamento dos equipamentos de informática e a constante melhora de
qualidade nos serviços de telecomunicações têm atraído milhares de pessoa à
rede mundial de computadores. Desta forma, a internet possibilitou o
surgimento de uma nova forma de comunicação entre as pessoas, onde
alguém de dentro de sua própria casa poderá receber uma mensagem de outra
pessoa do outro lado do mundo em questão de segundos e com um baixo
custo.
Assim, na fase pós-moderna em que vivemos, o mundo não é mais dominado
pelos possuidores de terras e outros meios de produção. Aqueles que detêm a
informação possuem o poder de controlar o acesso aos demais meios de
produção .
O Direito viu-se diante de uma situação fática sem regulamentação, tendo que
verificar, de acordo com a legislação já existente e os costumes, se aquela
prática estava de acordo com a realidade jurídica do país e, proteger os
cidadãos dos riscos trazidos pela nova tecnologia.
Esse novo espaço até então inexistente, que se convencionou chamá-lo de
“ciberespaço” ou espaço virtual, para Rodney de Castro Peixoto, transcrito por
Sheila Leal, seria “o conjunto de sites, computadores, pessoas, programas e
recursos que formar a Internet” (LEAL, 2007, p. 10).
Principais características do “ciberespaço” ou espaço virtual: intangibilidade,
velocidade, quebra das barreiras geográficas e jurisdicionais, interatividade,
facilidade de acesso e insegurança.
A intangibilidade significa que o mundo virtual não é um espaço físico
perceptível aos nossos sentidos; ele constitui uma ficção do mundo da
informática que se traduz por bits e bytes.
Posteriormente, no que tange à velocidade, um dado transmitido pela internet,
pode chegar ao outro lado do globo terrestre em questão de segundos,
emendando assim, na terceira característica, qual seja, a quebra das barreiras
geográficas e jurisdicionais, onde as pessoas de diferentes partes do mundo
podem transacionar sem precisar sair de suas casas.
Com isto, surge uma dificuldade em determinar qual seria a legislação aplicável
às mais diversas situações que ocorrem no ciberespaço. Essa comunicação de
forma rápida e eficiente retrata a característica da interatividade, onde pessoas
e sistemas se comunicam, em tempo real.
Por fim, quanto à insegurança, apesar dos crescentes avanços, o espaço
virtual ainda é um ambiente vulnerável, tendo em vista o surgimento de
pessoas que têm a intenção de cometer fraudes utilizando-se da falta de
regulamentação própria aos crimes cometidos através da internet e a facilidade
do acesso.
CONCEITO DE INTERNET
Nesse sentido, a OAB seccional São Paulo desenvolveu um projeto de lei por
meio de sua Comissão Especial de Informática Jurídica, que visa regulamentar
o comércio eletrônico. Tal projeto foi apresentado na Câmara dos Deputados,
possuindo como fundamento as leis existentes nesse sentido em diversos
países, como Portugal, Estados Unidos e Itália.
Walter Lima Jr: “há diversas maneiras de identificação de IP. Uma delas é
através da adoção do protocolo IPV6, mas a implantação dessa tecnologia
seria "custosa" para os grandes players da internet. Hoje pelos processadores
I3, i5, i7, há possibilidades de conhecer a máquina que esta partindo o request
na Internet. Enfim, a privacidade na internet é um mito.”
Enquanto não forem criadas leis específicas, as condutas dos crimes digitais
deverão ser tratadas de acordo com o Código Penal.
Na era da pós modernidade, a Internet passou a ser um dos meios de
comunicação mais difundidos no mundo, tendo em vista a sua facilidade de
acesso, rapidez na obtenção de informações, praticidade, entre outras
características.
De forma oposta, há quem defenda que a Internet deve ser regulada por meio
de analogia e direito comparado, sendo a Internet um meio auto-regulável. E
existem os que defendem a necessidade de uma legislação e regulamentação
específicas, sem a perenidade dos códigos.
A lei modelo da UNCITRAL, lei que surgiu nos Estados Unidos tem sido
tomada como referencial por vários países, inclusive o Brasil, que possui
alguns projetos de lei em tramitação, o Projeto 1589/99 da OAB seccional São
Paulo o PL 4906/2001, PL 104/2011 (4) , PL 2367/2011 , PL 3200/2012 , PL
4189/2012 , PL 4509/2012 ; PL 3607/2012 ; PL 4348/2012 entre outros
CONTRATOS ELETRÔNICOS
Contrato eletrônico é apenas aquele realizado por meio de computador ou
inclui os firmados por quaisquer meios de telecomunicação, tais como telefone,
fax.?
De outro modo, deve-se lembrar que “eletrônico” é o meio pelo qual as partes
escolheram para efetivar o contrato, tendo em vista que, em geral, a lei não
exige forma específica, o contrato pode ser realizado sob qualquer forma,
desde que não contrária a lei. Assim, “pode-se entender por contrato eletrônico
aquele em que o computador é utilizado como meio de manifestação e de
instrumentalização da vontade das partes” (LEAL, 2007, p. 79).
Há que distinguir os contratos eletrônicos dos contratos da informática, pois
esses não são necessariamente efetuados através do computador, mas o
objeto de sua prestação é voltado para o ambiente de digital, tais como os
contratos de desenvolvimento de websites e de divulgação de publicidade na
internet.
Da mesma forma, diferenciam-se os contratos concluídos pelo computador
dos executados por computador. Nos primeiros, o computador é um
instrumento para a formação do contrato, ou seja, ele é uma parte necessária
para a formação da relação jurídica.
Já nos contratos executados por computador, o contrato não é efetivado de
forma eletrônica, mas a execução do objeto contratual é feita por meio do
computador. O contrato fora firmado de forma comum, mas deverá ser
executado eletronicamente.
Assim, “se as partes manifestarem a vontade através de veiculação de
mensagens eletrônicas, tais contratos, independentemente da natureza do
objeto contratual, integram-se à categoria de contratos eletrônicos” (LEAL,
2007, p.81). Para Sheila Leal, o que importa para a caracterização de um
contrato como eletrônico ou não, é se a expressão das vontades se deu
virtualmente.
PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
a) Capacidade das partes
A capacidade genérica é aquela atribuída de forma geral a todos para realizar
os atos da vida civil. De tal forma, a realização de um contrato por um
relativamente ou absolutamente incapaz, torna o negócio jurídico nulo ou
anulável.
Já a capacidade específica é uma aptidão diferenciada para realizar aquele ato
jurídico. Ela é necessária, pois, por vezes, a legislação impõe limitações à
liberdade de contratar, por exemplo, quando proíbe que os ascendentes e
descendentes realizem entre si contrato de compra e venda (art. 496 do Código
Civil).
b) Idoneidade do objeto
O contrato deve ter um objeto lícito. Possível, é aquele que pode existir
materialmente e juridicamente, não se confundindo a impossibilidade com a
indisponibilidade atual do objeto, pois esta se trata de contrato sobre coisa
futura, onde o contrato só será válido se objeto vir a existir. Como exemplo
tem-se a contratação da colheita de café que virá a ser plantada. Por último, a
economicidade se trata da substancialidade do valor do bem a ser contratado.
Os bens de valor ínfimo não podem ser apreciados em dinheiro e, portanto,
não interessa ao direito contratual.
c) Legitimação
Para o direito material uma pessoa pode ter a prática de certos atos retirada da
sua esfera de direitos em decorrência da falta de relação que possui com o
objeto do contrato. Classifica-se em legitimação direta e indireta, sendo aquela
uma competência pessoal para dispor sobre os seus direitos e para contrair
obrigações. Esse tipo de legitimidade só será limitada se a pessoa estiver
impedida de adquirir algum tipo de direito.
A legitimação indireta é aquela concedida a um terceiro para agir em nome de
outrem. Este terceiro dispõe de poderes necessários e específicos, para, por
meio de representação ou autorização, agir em virtude de disposição legal ou
delegação de um interessado.
REQUISITOS CONTRATUAIS
a) Consentimento
O consentimento, que se traduz pela manifestação da vontade, deve estar livre
de vícios, tais como coação, erro e dolo. Pode se dar de diversas formas, tais
como verbal, escrita, direta e por meio de silêncio.
Existe também uma distinção entre consentimento expresso e tácito, que
repousa na forma que de expressão. Assim, o consentimento poderá ser tácito,
exceto se por determinação legal se exija a forma expressa.
b) Objeto
Todo contrato deve possuir um objeto que não se confunde com a prestação,
pois esta seria o objeto da obrigação enquanto aquele, é o conjunto de atos
que as partes se comprometeram a praticar.
c) Forma
No tocante ao requisito formal, a regra é a liberdade da forma contratual.
Excepcionalmente, a lei pode exigir forma específica, como diz o art. 107 do
Código Civil. Ex. escritura pública para contrato de compra e venda de bem
imóvel
CONTRATOS DE ADESÃO
Constitui figura peculiar no âmbito contratual, tendo em vista o seu principal
traço que é a indiscutibilidade da proposta por parte do aceitante, o qual deverá
aderir às cláusulas previamente estabelecidas pelo proponente. Proponente,
policitante ou solicitante = aquele que faz a proposta. Oblato, policitado ou
solicitado = aquele que recebe a proposta.
1 Negociações Preliminares
Antes da formação do contrato, ocorrem as negociações preliminares ou
tratativas, onde os contratantes trocam informações sobre suas possibilidades
econômico-financeiras, sem estabelecer vínculo jurídico entre as partes. Ou
seja, a mera existência de negociações preliminares não cria direitos nem
obrigações para os contratantes.
A responsabilidade civil aquiliana ou extracontratual é possível quando for
criada uma expectativa de contrato em que uma das partes tenha tido prejuízo
em virtude desta expectativa, aquele que o causou será obrigado a reparar
independentemente de culpa, com fundamento no princípio da boa-fé objetiva e
nos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
2 Proposta
Também chamada de policitação, a proposta é a manifestação de vontade
inicial do contrato, direcionada à parte contrária, para que aceite ou não, e no
primeiro caso, vir a formar definitivamente o contrato. Se, contudo, o recipiente
aceitá-la com reservas ou alterando-a, estará surgindo uma nova proposta.
Possui força vinculante para o proponente apenas, tendo em vista que nesse
momento, ainda não existe contrato, mas os eventuais prejuízos causados ao
aceitante pela retirada da oferta podem ser passíveis de perdas e danos.
Na oferta ao público, para ter o direito de revogar a oferta, o policitante deverá
fazer a ressalva de possibilidade de revogação, sob pena de responder, caso
um terceiro venha a manifestar a sua aceitação.
Além disso, a proposta, apesar de ainda não formar negócio jurídico, deve
conter todos os elementos do negócio cujo objetivo é firmar com o aceitante,
sem induzi-lo a erro no momento da aceitação.
3 Aceitação
A fase final das manifestações de vontade ocorre com a aceitação de todos os
termos da oferta.
4 Retratação
Possibilidade de arrepender-se por parte do oblato, desde que a comunicação
do arrependimento chegue ao conhecimento do policitante antes ou em
momento igual ao da aceitação.
Elementos subjetivos
Os elementos subjetivos dizem respeito às características pessoas dos
contratantes, ou seja, a capacidade das partes e o consentimento não viciado.
Primeiramente, cumpre repetir o que já foi dito a respeito da capacidade das
partes para os contratos em geral, onde apenas é válido o contrato realizado
por pessoas capazes, assim consideradas pelo Código Civil, como os maiores
de dezoito anos, desde que não estejam com as faculdades mentais
comprometidas, como nos artigos 3º e 4º do mesmo diploma legal.
Assim, os atos praticados por um absolutamente incapaz são passíveis de
nulidade, enquanto que os praticados por um relativamente incapaz estão
sujeitos à anulabilidade, como se vê nos artigos 166, inciso I e 177, inciso I,
ambos do Código Civil.
Tais normas têm por finalidade a proteção dos incapazes e, portanto, na
prática, são relativizados os atos cotidianos praticados por estes, pois
presume-se a aceitação dos pais.
Porém, no que tange à contratação eletrônica, não se pode considerar como
corriqueira a aquisição de produtos por menores através da Internet, tendo em
vista apenas a facilidade de acesso e navegação. Deve-se analisar no caso em
concreto se o ato praticado pelo incapaz era um ato em que se poderia
presumir a aceitação dos seus responsáveis legais.
Vale ressaltar que a relativização da incapacidade para os atos corriqueiros é
um caso excepcional que considera a realidade fática da situação. Assim,
estão juridicamente sujeitos à anulação ou anulabilidade, desde que solicitada
pelo representante legal.
O Código Civil traz a situação específica do menor que realiza um contrato
ocultando a sua idade ou fazendo-se passar por agente capaz no art. 180, in
verbis:
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Depreende-se deste artigo que, ao menor aplicar-se-á o princípio da boa-fé e a
máxima de que ninguém pode se beneficiar da sua própria torpeza, devendo
seus representantes legais responderem pelos prejuízos causados.
Por conta disso é que os sites de compras pela Internet trazem formulários
onde é solicitado ao usuário o preenchimento de alguns dados pessoais, tais
como data de nascimento e, ainda advertem que é proibida a contratação com
menores de dezoito anos.
Em relação à manifestação de vontade efetivada através da Internet, esta se
dá através da trocas de mensagens eletrônicas entre os contratantes, que, pela
definição contida no art. 2º da Lei Modelo da Uncitral, é “a informação gerada,
enviada, recebida ou arquivada eletronicamente, por meio óptico ou similares”.
A formação do consentimento ocorre, nos contratos intersistêmicos, no
momento da celebração do acordo entre ambas as partes operadoras dos
sistemas que, posteriormente irão efetuar a troca de mensagens eletrônicas
automaticamente. Já nos contratos interpessoais, o consentimento se dá com o
envio do e-mail de confirmação para a outra parte e, nos contratos interativos,
geralmente se concretiza com um clique no botão “confirma” ou qualquer outro
correspondente.
O Brasil deu um passo à frente no estabelecimento da segurança das
contratações virtuais ao estabelecer no Projeto de lei nº 4.906/2001, requisitos
para atribuir validade às mensagens enviadas eletronicamente, como se vê:
Título V – Do Comércio Eletrônico (na verdade por meio eletrônico)
Art. 26. Sem prejuízo das disposições do Código Civil, a manifestação de vontade das partes
contratantes, nos contratos celebrados em meio eletrônico, dar-se-á no momento em que o
destinatário da oferta enviar documento eletrônico manifestando, de forma inequívoca, a sua
aceitação das condições ofertadas.
§1º A proposta de contrato por meio eletrônico obriga o proponente quando enviada por ele
próprio ou por sistema de informação por ele programado para operar automaticamente.
§2º A manifestação de vontade a que se refere o caput deste artigo será processada mediante
troca de documentos eletrônicos, observado o disposto nos artigos 27 a 29 desta lei.
Art. 17. O documento eletrônico considera-se envido pelo remetente e recebido pelo
destinatário se for transmitido para o endereço eletrônico definido por acordo das partes e
neste for recebido.
I – à remessa por via posta registrada, se assinado de acordo com os requisitos desta lei, por
meio que assegure sua efetiva recepção; e
II – à remessa por via postal registrada com aviso de recebimento, se a recepção for
comprovada por mensagem de confirmação dirigida ao remetente e por este recebida.
Assim, considerar-se-ão válidos os atos concluídos eletronicamente, desde que
preenchidos os devidos requisitos, pois os contratos são regidos pelo princípio
da liberdade das formas, desde que não prescrita ou defesa em lei.
Além disso, deve-se observar se o consentimento manifestado pelas partes
está livre de vícios, considerando como tais, todos aqueles aplicáveis aos
contratos em geral.
Especificamente em relação aos contratos eletrônicos de consumo, por ser, em
sua maioria, contratos de adesão, Código de Defesa do Consumidor ainda
exige que esse consentimento seja informado, estando previsto nos artigos 6º,
inciso III, 30, 31, 46 e 48, todos do CDC.
Elementos objetivos
Os elementos objetivos estão relacionados com o objeto da relação jurídica
contratual e os meios eletrônicos de pagamento utilizados pelos contratantes.
Assim como todos os contratos usuais, o contrato eletrônico deve ter um objeto
lícito, possível e determinado ou determinável, conceitos já identificados no
Capítulo próprio para a caracterização dos elementos dos contratos em geral
ou, serviços, que são exemplos de bens imateriais.
Atualmente, um dos bens imateriais mais comuns para a realização de
contratos é a informação. Assim, devido ao seu valor e à facilidade de se obtê-
las por meio da Internet, os fornecedores desse de informações valiosas sobre
os seus consumidores, deve adotar todas as medidas cabíveis para mantê-las
sigilosas, preservando a relação de confiança que o consumidor nele
depositou.
No que tange ao provedor de acesso à Internet, existe uma relação jurídica de
prestação de serviços, fixada mediante contrato e protegida pelo Código de
Defesa do Consumidor, respondendo assim, de forma objetiva pelos dados
causados ao usuário devido à má prestação do serviço, como por exemplo,
falhas do sistema que impeçam o envio de e-mails.
De outro modo, o provedor de acesso não é parte na relação jurídica firmada
entre duas pessoas pela Internet, pois o seu papel é de fornecer apenas os
endereços de IP. Assim, seria o mesmo que reconhecer a companhia
telefônica como parte no contrato efetuado entre duas pessoas por meio de
telefone.
Estabelecido o objeto do contrato, passa-se para a análise das formas
eletrônicas de pagamento. Nesse sentido, a parte aceitante da oferta, se
identifica através de uma senha que lhe dá acesso aos fundos de suas contas
bancárias e, a partir de então, são transferidos os valores para o beneficiário.os
sistemas mais utilizados de pagamento em meio eletrônico são: cartões de
crédito, cartões de uso exclusivo para uso em ambiente virtual
Tais meios de pagamento se sujeitam a diversos procedimentos estabelecidos
pelos fornecedores, para garantir ao consumidor a validade e segurança de
suas transações, tais como assinatura digital, criptografia e certificação digital.
Elementos formais
O primeiro elemento formal é justamente a forma de realização do contrato,
que de acordo com o art. 107 do Código Civil, é livre, desde que a lei não
estabeleça forma específica, como no clássico caso do contrato de compra e
venda de imóvel.
Em segundo lugar, tem-se a segurança de que o contrato eletrônico firmado
tem validade, que não fora adulterado e, que as partes contratantes são de fato
quem dizem ser.
No mundo virtual, o original de um documento não distingue de uma cópia não
há assinatura de próprio punho sobre um papel, como ocorre com os contratos
escritos, o que leva a um enorme potencial de risco para ocorrência de fraudes
[...] (LEAL, 2007, p. 148).
A tecnologia utilizada na Internet facilita a adulteração dos documentos,
devendo estes serem regulados por legislação específica, tendo em vista as
peculiaridades aos quais estão sujeitos. Porém, enquanto isso não ocorre,
aplicam-se as leis existentes em nosso ordenamento, no que couber.
A insegurança que os documentos geram também se projeta para as partes do
contrato. O consumidor, por exemplo, não sabe ao certo se, fazendo o
pagamento, receberá a mercadoria do fornecedor, bem como o fornecedor não
sabe se está efetivando um contrato com agente capaz.
Segundo pesquisa da Módulo, 30% das empresas brasileiras já foram atacadas
por hackers, entre as empresas que contabilizaram prejuízos com invasões
13% tiveram perdas acima de R$ 1 milhão. [...] Os principais pontos de invasão
são as redes internas (41%), Internet (38%) e acesso remoto (14%) É por esse
motivo que as empresas têm entendido que a segurança digital é um bom
investimento a ser feito e, as grandes, ditas confiáveis, empresas utilizam um
selo de segurança digital que garante a integridade do procedimento o sigilo
das informações fornecidas pelos seus consumidores.
Art. 4º A oferta de contratação eletrônica deve conter claras e inequívocas informações sobre:
f) instruções para arquivamento do contrato eletrônico, pelo aceitante, bem como para sua
recuperação, em caso de necessidade; e
CONFIRMAÇÃO DE RECEBIMENTO
Vale ressaltar que a contratação eletrônica traz um problema quanto à
confirmação de que a mensagem chegou aos seus destinatários, já que a sua
transmissão percorre vários caminhos até chegar ao destinatário final.
O Projeto de Lei formulado pela OAB de São Paulo dispõe em seu artigo 7º
que, “Os sistemas eletrônicos do ofertante deverão transmitir uma resposta
eletrônica automática, transcrevendo a mensagem transmitida anteriormente
pelo destinatário, e confirmando seu recebimento”.
Desta forma, o policitante deverá tomar todas as providências possíveis para
garantir que a aceitação do oblato chegou ao seu conhecimento, transcrevendo
a sua aceitação e enviando-a por meio de mensagem automática ao aceitante.
LOCAL
O local de formação de um contrato em geral, não encontra maiores
divergências na doutrina, sendo estabelecido pelo art. 435 do Código Civil que
estará concluído o contrato no local onde fora proposto. Porém, os contratos
eletrônicos nem sempre têm esses limites estabelecidos, pois muitas vezes os
contratantes se encontram em lugares opostos do planeta e, a conclusão do
contrato se deu em outro local diverso.
Para dirimir os conflitos decorrentes da falta de especificação do lugar de
formação do contrato, o Lei Modelo da Uncitral traz em seu artigo 15, uma
solução possível para o problema. De acordo com este dispositivo, uma
declaração eletrônica será considerada expedida e recebida no local onde o
remetente e o destinatário, respectivamente, tenham seu estabelecimento.
Assim, não se leva em consideração nem o endereço do website, nem o
endereço físico do servidor, mas o local do domicílio ou estabelecimento das
partes. Caso uma das partes ou ambas possuam mais de um estabelecimento,
considera-se como formado o contrato naquele que guarde relação mais
estreita com seu objeto, ou o estabelecimento principal. Caso o remetente ou o
destinatário não possuam estabelecimento, considera-se como tal o local de
sua residência habitual.
LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo, pode acessar um site na
Internet. Isto põe em dúvida onde estará o consumo, e qual o tipo de
consumidor com o qual os agentes econômicos terão de tratar. Este é o desafio
de hoje. Quando havia um consumidor certo, por exemplo, no Brasil, o
exportador na origem procurava atender a todos os requisitos da legislação
brasileira Hoje não se sabe, a priori, quem é o consumidor, não se sabe quais
são, por exemplo, as exigências que vigoram num país distante quanto á
linguagem utilizável, imagens consideradas ofensivas e etc. Há, portanto, uma
mobilidade no consumo. Em suma os agentes econômicos não têm mais um
local físico ao qual obrigatoriamente se reportem. Eles podem estar alocados
fisicamente em qualquer lugar do mundo, e virtualmente num endereço apenas
eletrônico.
Desta forma, a inexistência ou dificuldade de localização de um local físico
onde se estabeleça o fornecedor e, a falta de uniformidade das legislações no
âmbito internacional, torna necessária a análise do instituto da legislação
aplicável aos contratos eletrônicos.
Há a possibilidade de dirimir os conflitos com normas do Direito Internacional
Privado, tendo em vista que esse é o ramo do direito que estabelece um
conjunto de regras que demarcam a competência de várias ordens jurídicas
potencialmente aplicáveis à disciplina das relações de direito privado. Há uma
relativização do princípio da territorialidade adotada pelos Estados, para que,
de acordo com os limites instituídos pelos ordenamentos jurídicos de cada
Nação, sejam aplicadas leis estrangeiras dentro dos seus territórios, não
podendo tais leis contrariar princípios e direitos fundamentais nacionais.
No Brasil, a possibilidade da aplicação do direito estrangeiro no território
nacional, ou, quando incabível esta hipótese, a supremacia da lei brasileira
sobre as estrangeiras, encontra-se disciplinada em diversos institutos jurídicos,
como a Lei de Introdução ao Código Civil, o Código Civil, o Código de Defesa
do Consumidor (CDC), e até mesmo a jurisprudência já firmou seu
entendimento no caso concreto.
De acordo com o art. 1º do Código de Defesa do Consumidor, conclui-se que,
aos contratos eletrônicos de consumo, são aplicáveis as normas
constantes no CDC, pois, são de ordem pública, cogentes e indisponíveis, e,
nessas condições, aplicáveis aos contratos internacionais de e-commerce, para
a proteção dos direitos dos consumidores brasileiros.
Atualmente, tem-se preferido utilizar a arbitragem e a auto-regulamentação
como forma de solução dos conflitos, sendo aquela a mais célere e esta a mais
efetiva, tendo em vista que as partes envolvidas no litígio decidem acerca das
peculiaridades das controvérsias, respeitando a Constituição Federal, as
legislações infra-constitucionais e os princípios que regem a contratação geral
e eletrônica.
No tocante ao foro competente, o art. 111 do Código de Processo Civil (CPC)
estabelece que será aquele eleito pelas partes. Caso não haja eleição de foro,
será a ação proposta no domicílio do réu, de acordo com a regra geral do art.
94 do CPC, se for fundada em direito pessoal e, no local onde a obrigação
deva ser satisfeita, em caso de cumprimento forçado desta (art. 100, inciso IV,
“d”, CPC).
O contrato eletrônico preenche todos os requisitos e pressupostos aplicáveis
aos contratos tradicionais, devendo ser tomados alguns cuidados quanto à
segurança dos procedimentos pré-contratuais, tendo em vista a vulnerabilidade
do ambiente digital.
É importante mencionar o princípio que fundamenta a existência dos contratos
eletrônicos, qual seja a liberdade das formas. Assim, como os contratos podem
ser pactuados de qualquer forma, desde que não esteja prevista ou proibida
em lei forma específica, torna-se perfeitamente válida a existência dos
contratos eletrônicos no mundo jurídico.
Porém, deve-se analisar a internet, como ambiente inseguro que é, com
cautela. Os contratantes, primeiramente, para garantir a segurança do contrato,
deverão procurar conhecer a procedência da parte com quem estão
contratando, bem como certificar-se, em contratos mais sensíveis, a existência
de certificado digital de segurança na loja virtual, quando for caracterizada a
relação de consumo ou do banco, quando tratar-se de operações bancárias.
Em se tratando de contratos de consumo, esses têm dominado o instituto dos
contratos eletrônicos no mundo moderno, tendo em vista a facilidade de se
comunicar com uma pessoa, mesmo que estejam em lados opostos do mundo.
Assim, tendo em vista que os contratos celebrados de forma virtual, como já
dito, preenchem os requisitos dos contratos em geral, aos contratos eletrônicos
de consumo, devem ser aplicadas as normas constantes do Código de Defesa
do Consumidor.
Por fim, em casos de conflito de legislação de países diversos, o Brasil adota,
excepcionalmente, o princípio da extraterritorialidade, para que seja aplicada a
legislação estrangeira no território brasileiro, desde que esteja de acordo com
os princípios e garantias fundamentais nacionais.
Já nos contratos eletrônicos de consumo, tem-se admitido, inclusive pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor brasileiro ao estrangeiro, tendo em vista serem os
direitos do consumidor normas de ordem pública. Dessa forma, conclui-se que
poderão ser pactuados através de contratos eletrônicos, tudo aquilo que a lei
não preveja forma específica nem proíba expressamente.
A legislação aplicável, portanto, será a brasileira vigente, principalmente as leis
referentes aos contratos em geral e aos contratos de consumo, e,
subsidiariamente, a legislação estrangeira pertinente aos contratos eletrônicos,
tendo em vista que países como os Estados Unidos, já possuem normas
relativas à contratação eletrônica em vigor me seu ordenamento jurídico,
enquanto que o Brasil ainda não as possui.
VALOR PROBANTE
prova é sinônimo de instrução ou conjunto de atos, realizados pelo juiz e pelas
partes, com a finalidade de reconstrução dos fatos que constituem o suporte
das pretensões deduzidas e da própria decisão. [...] Como meio, a prova é vista
como um instrumento pelo qual as informações sobre os fatos são introduzidas
no processo. [...] Como resultado, a prova é sinônimo de êxito ou de valoração,
consubstanciado na convicção do juiz (LEAL, 2007, p. 169).
Assim, como provas de um processo, o juiz poderá fazer uso de quaisquer
documentos, utilizando-se do princípio probatório do livre convencimento
motivado, o qual é adotado pelo Brasil, valorando-as da forma que julgar
necessária.
Para o art. 371 do Código de Processo Civil,
III – aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a experiência comum,
não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos domésticos.
COMÉRCIO ELETRONICO
O Código de Defesa do Consumidor nos contratos eletrônicos de consumo
A revolução das comunicações trouxe consigo a facilidade de acesso à
informação e, com isso, cresceram as relações sociais e econômicas. Assim,
surgiu a necessidade de criação de um instituto que protegesse de forma mais
ampla as relações contratuais desenvolvidas pelos indivíduos no âmbito das
relações de consumo.
Nesse sentido, surgiu o Código de Defesa do Consumidor, por meio de
intervenção estatal na economia, que traz regras próprias sobre os mais
diversos ramos do direito, sendo definido como um microssistema jurídico.
Com o surgimento da internet, as relações de consumo ganharam outra
dimensão, e a insegurança jurídica criada pelo ciberespaço ressaltou a
necessidade de aplicação do Código de Defesa do Consumidor às relações de
consumo na Internet.
CONSUMIDOR
Consumidor é definido por 4 disposições no CDC ( art. 2, caput e parágrafo
único, art. 17 e art 29 do CDC). O conceito de consumidor vai muito além da
definição meramente contratual (o adquirente), pois, tem caráter de Direito
Difuso, visa a proteger também as vítimas de atos ilícitos pre-contratuais como
a publicidade enganosa e as praticas comerciais abusivas, sejam ou não
compradoras e destinatárias finais.
No Brasil não há diferença entre consumidor e usuário
A definição prevista no Código de Defesa do Consumidor é a seguinte:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
TEORIA FINALISTA
propõe que se interprete “destinatário final” de maneira restrita. Assim,
destinatário final seria o destinatário fático e econômico do bem ou serviço,
seja ele pessoa jurídica ou física. Não pode ter adquirido o bem para revenda
ou para uso profissional, casos em que há consumo intermediário, dentro da
cadeia de produção e distribuição, sendo possível o preço desse produto ou
serviço ser embutido no preço final.
TEORIA MAXIMALISTA
reconhece a vulnerabilidade fática, econômica, jurídica e informacional, de uma
empresa ou profissional que adquiriu um produto ou serviço fora de seu campo
de especialidade. Assim, se presume que uma pessoa física seja sempre
consumidora frente a um fornecedor pessoa jurídica e se permite que uma
pessoa jurídica vulnerável prove a sua vulnerabilidade para que seja aplicada
essa teoria.
A teoria predominante é a finalista, em virtude de recorrentes decisões do STJ
nesse sentido, mas para o comercio eletrônico mais adequada a maximalista .
Assim, no que tange à conceituação de consumidor, existem duas correntes
doutrinárias: a maximalista e a finalista. Em suma, a primeira corrente acredita
que o conceito de consumidor é o mais abrangente possível, sendo todo
aquele que é destinatário final de um produto ou serviço. Já a corrente finalista,
entende que consumidor é apenas aquele que utiliza um bem ou serviço de
forma não profissional.
Fazendo um paralelo com os contratos eletrônicos de consumo, seria um erro
considerar a teoria finalista para a caracterização do conceito de consumidor, já
que excluiria do âmbito do Código de Defesa do Consumidor uma infinidade de
situações que acabaram por ficar sem proteção jurídica, aumentando ainda
mais a insegurança do ambiente virtual.
CONSUMIDORES EQUIPARADOS
são (art. 2 parágrafo único CDC) a coletividade de pessoas, mesmo que sejam
indetermináveis, que relaciona-se à relação de consumo, todas as vítimas dos
fatos do serviço, por exemplo, transeuntes que foram atropelados pela queda
do avião da TAM em Congonhas. Além disso, (pelo art. 29 CDC), são
consumidores equiparados todas as pessoas determináveis ou não, expostas
às práticas comerciais de oferta, de contratos de adesão, de publicidade, de
cobrança de dívidas, de bancos de dados, sempre que vulneráveis in concreto.
A justificativa para essa extensão maior do CDC é a possibilidade de muitas e
indetermináveis pessoas serem impactadas pelas atividades dos fornecedores
atuantes no mercado. Para exemplificar tomamos o exemplo de um filho de
consumidor que se machuca por um dano em um brinquedo, essa criança é
consumidora equiparada e se beneficia de todas as normas protetivas do CDC.
A justificativa disso é a responsabilidade objetiva do fornecedor pelo fato do
produto ou serviço.
FORNECEDOR.
O critério caracterizador é desenvolver atividades tipicamente profissionais,
como a comercialização, a produção, a importação, com certa habitualidade.
Fornecedor de produtos e serviços não é qualidade ligada ao objetivo de lucro,
podem ser fornecedores entidades sem fins lucrativos também. Brindes,
prêmios, milhagens e amostras grátis também podem estar sujeitos ao CDC,
pois a remuneração por esses produtos e serviços é indireta.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
OFERTA
Black Friday sendo na verdade “Black Fraude” consumidores internautas sendo
expostos a falsos descontos “tudo pela metade do dobro”
A fraude mais comum é anunciar ofertas que nunca existiram, com descontos
falsos para iludir o consumidor. Aumentar deliberadamente o preço dos
produtos só para mascarar um desconto é considerado propaganda enganosa.
Se o consumidor souber o preço dos produtos antecipadamente pode exigir o
desconto anunciado em cima do preço normal.
Procon mediante queixa do consumidor entrará em contato com o comércio
para resolver o problema desse consumidor e a lesão coletiva para os outros
consumidores.
DECRETO Nº 7.962/2013
Art. 2o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão
de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fácil visualização, as
seguintes informações:
I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no Cadastro
Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da
Fazenda;
II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para sua localização e
contato;
III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à
segurança dos consumidores;
IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como as de
entrega ou seguros;
V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma
e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto; e
VI - informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta.
Art. 3o Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para ofertas de compras
coletivas ou modalidades análogas de contratação deverão conter, além das informações
previstas no art. 2o, as seguintes:
I - quantidade mínima de consumidores para a efetivação do contrato;
II - prazo para utilização da oferta pelo consumidor; e
III - identificação do fornecedor responsável pelo sítio eletrônico e do fornecedor do produto ou
serviço ofertado, nos termos dos incisos I e II do art. 2o.
Art. 4o Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comércio eletrônico, o
fornecedor deverá:
I - apresentar sumário do contrato antes da contratação, com as informações necessárias ao
pleno exercício do direito de escolha do consumidor, enfatizadas as cláusulas que limitem
direitos;
II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e correção imediata de
erros ocorridos nas etapas anteriores à finalização da contratação;
III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta;
IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservação e
reprodução, imediatamente após a contratação;
V - manter serviço adequado e eficaz de atendimento em meio eletrônico, que possibilite ao
consumidor a resolução de demandas referentes a informação, dúvida, reclamação, suspensão
ou cancelamento do contrato;
VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no
inciso, pelo mesmo meio empregado pelo consumidor; e
VII - utilizar mecanismos de segurança eficazes para pagamento e para tratamento de dados
do consumidor.
Parágrafo único. A manifestação do fornecedor às demandas previstas no inciso V
do caput será encaminhada em até cinco dias ao consumidor.
Art. 5o O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e
eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.
§ 1o O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta
utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados.
§ 2o O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios, sem
qualquer ônus para o consumidor.
§ 3o O exercício do direito de arrependimento será comunicado imediatamente pelo fornecedor
à instituição financeira ou à administradora do cartão de crédito ou similar, para que:
I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou
II - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já tenha sido realizado.
§ 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imediata do recebimento da
manifestação de arrependimento.
Art. 6o As contratações no comércio eletrônico deverão observar o cumprimento das
condições da oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados prazos,
quantidade, qualidade e adequação.
Art. 7o A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará aplicação das sanções
previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990.
(Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas
em normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
XII - imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive
por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
PROPRIEDADE INTELECTUAL
Abrange direitos autorais e propriedade industrial (marcas, patentes, modelos
de utilidade, desenho industrial, trade dress ...)
DIREITOS AUTORAIS:
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Lei n 9.279, de 14 de maio de 1996.
Art. 2:. A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado seu interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
I — concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
II — concessão de registro de desenho industrial;
III — concessão de registro de marca;
IV — repressão às falsas indicações geográficas;
V — repressão à concorrência desleal
O registro da propriedade industrial é obrigatório para constituir o direito e deve
ser feito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O caso da marca
Iphone é um bom exemplo de obrigatoriedade do registro. A Gradiente tinha o
registro anterior dessa marca no Brasil, então era a devida proprietária, a Apple
teve de comprar da Gradiente essa marca para poder usá-la.
Criada com a finalidade de proteger direitos dos empresários criativos e
retribuir gastos feitos com pesquisa e tecnologia, como demonstra o artigo:
http://br.noticias.yahoo.com/quebra-patentes-pesadelo-g%C3%AAnio-
brasileiro-201900224--finance.html,
“(...)Desempregado desde 1984, beirou a falência enquanto lutava na justiça contra as
companhias telefônicas pelo pagamento de lucros.Com 41 inventos patenteados no Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Nicolai é reconhecido como o criador do BINA (B
Identifica o Número de A), ou identificador de chamadas. "Isso mudou a telefonia celular!",
afirma orgulhoso. (...)”
Além disso, pode ocasionar perdas sociais, como as que justificaram, no final
de agosto de 2001, a quebra de patente dos remédios contra a AIDS,
determinada pelo então ministro da Saúde, José Serra
http://www.exclusion.net/images/pdf/336_nogge_folha_saopaulo_med_aids.PD
F
“(...) O ministro da Saúde, José Serra, determinou (...) a primeira quebra de patente de
medicamento do país. O medicamento Nelfinavir, fabricado pelo laboratório Roche, teve
quebrada a patente devido ao preço elevado para o consumidor. Cada comprimido do
medicamento custa a equivalente US$ 1,36. O remédio é usado por 25% dos pacientes com
Aids no país. (...) Esse remédio é um dos 12 que compõem o coquetel da Aids, e o governo
gasta cerca de US$ 88 milhões anuais com ele _cerca de 28% das despesas anuais de US$
310 milhões com os remédios importados do coquetel. Para produzir o remédio no país, o
governo brasileiro vai usar o artigo 71 da Lei de Patentes, que prevê a licença compulsória em
casos de emergência, segundo Serra. O governo alega que ficaria difícil manter a distribuição
gratuita com o alto custo do medicamento importado. (...)”