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RESUMO

INTRODUÇÃO
Contratos eletrônicos são contratos celebrados virtualmente. Inexistência de
legislação específica.
Seria a internet um meio ou um local?
Os contratos eletrônicos possuem os requisitos dos contratos em geral?
Qual a legislação aplicável a eventuais conflitos decorrentes de contratos
eletrônicos?

Sheila do Rocio Cercal Santos Leal, Contratos Eletrônicos: validade jurídica


dos contratos via internet, publicado no ano de 2007. (Diretora do Curso de
Direito da Pontificia Universidade Católica do Paraná - Campus Curitiba.
Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR – 2003

Lei Modelo da UNCITRAL (United Nations Commission on Internet Trade Law)


sobre o comércio eletrônico
Projeto de Lei 1.589/99 da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional São
Paulo. Dispõe sobre o comércio eletrônico, a validade jurídica do documento
eletrônico e a assinatura digital, e dá outras providências. Disponível em
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=16943

INTERNET
Histórico
A descoberta dos meios de comunicação de massa, tais como o telégrafo em
1838, demarca o surgimento de uma nova era, da informação. Por conta disso,
ficou constatada a necessidade de difundir tais informações por meio de
aparelhos que unissem a comunicação com o processamento de informações.
Neste contexto social surgiu a INTERNET, tendo como instrumento necessário
para o seu uso o computador, que por sua vez, data da época da Segunda
Guerra Mundial nos Estados Unidos da América, para difusão de informações
começou a ser feita pelos militares, através do envio de mensagens para altos
comandos. Esse primeiro computador foi denominado de ENIAC (Eletronic
Numeral Integrator Analyzer and Computer).
No ano de 1951 foi lançado na Inglaterra o LEO – Lyons Eletronic Office, o
primeiro computador para uso comercial. A partir de então, a evolução do
mundo virtual se deu de forma mais rápida, tendo sido projetada a primeira
rede de computadores nos anos 60.
É uma tendência social a organização em torno de redes e, nesse contexto,
surgiu a ARPAnet (Advanced Research Project Agency Network), com o intuito
de descentralizar o armazenamento de informações militares, evitando assim,
que uma possível invasão a Washington, colocasse em risco a segurança
nacional.
No final dos anos 80, ARPAnet foi perdendo seu caráter militar, passando a ser
financiada pela NASA, instituição americana responsável por pesquisas
espaciais e, em 1990 foi oficialmente denominada de Internet.
No Brasil, a internet foi inicialmente restringida às universidades e centros de
pesquisa, passando em 1995 para o uso comercial e, logo depois, com a
disponibilização do acesso à rede através dos provedores de acesso, a
movimentação comercial atingiu a casa dos bilhões.
A Internet se tornou operacional no Brasil com a criação do Comitê Gestor de
Internet no Brasil (CGIB) por meio da Portaria Interministerial N° 147, de 31 de
maio de 1995 do Ministério das Comunicações e do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Seus integrantes foram nomeados pela Portaria Interministerial Nº
183, de 3 de julho de 1995, sofrendo alterações através das portarias
subsequentes. A exploração comercial da Internet foi oficialmente inaugurada
com a Portaria nº. 148 de 31 de maio de 1995 do Ministro de Estado das
Comunicações.
O barateamento dos equipamentos de informática e a constante melhora de
qualidade nos serviços de telecomunicações têm atraído milhares de pessoa à
rede mundial de computadores. Desta forma, a internet possibilitou o
surgimento de uma nova forma de comunicação entre as pessoas, onde
alguém de dentro de sua própria casa poderá receber uma mensagem de outra
pessoa do outro lado do mundo em questão de segundos e com um baixo
custo.
Assim, na fase pós-moderna em que vivemos, o mundo não é mais dominado
pelos possuidores de terras e outros meios de produção. Aqueles que detêm a
informação possuem o poder de controlar o acesso aos demais meios de
produção .
O Direito viu-se diante de uma situação fática sem regulamentação, tendo que
verificar, de acordo com a legislação já existente e os costumes, se aquela
prática estava de acordo com a realidade jurídica do país e, proteger os
cidadãos dos riscos trazidos pela nova tecnologia.
Esse novo espaço até então inexistente, que se convencionou chamá-lo de
“ciberespaço” ou espaço virtual, para Rodney de Castro Peixoto, transcrito por
Sheila Leal, seria “o conjunto de sites, computadores, pessoas, programas e
recursos que formar a Internet” (LEAL, 2007, p. 10).
Principais características do “ciberespaço” ou espaço virtual: intangibilidade,
velocidade, quebra das barreiras geográficas e jurisdicionais, interatividade,
facilidade de acesso e insegurança.
A intangibilidade significa que o mundo virtual não é um espaço físico
perceptível aos nossos sentidos; ele constitui uma ficção do mundo da
informática que se traduz por bits e bytes.
Posteriormente, no que tange à velocidade, um dado transmitido pela internet,
pode chegar ao outro lado do globo terrestre em questão de segundos,
emendando assim, na terceira característica, qual seja, a quebra das barreiras
geográficas e jurisdicionais, onde as pessoas de diferentes partes do mundo
podem transacionar sem precisar sair de suas casas.
Com isto, surge uma dificuldade em determinar qual seria a legislação aplicável
às mais diversas situações que ocorrem no ciberespaço. Essa comunicação de
forma rápida e eficiente retrata a característica da interatividade, onde pessoas
e sistemas se comunicam, em tempo real.
Por fim, quanto à insegurança, apesar dos crescentes avanços, o espaço
virtual ainda é um ambiente vulnerável, tendo em vista o surgimento de
pessoas que têm a intenção de cometer fraudes utilizando-se da falta de
regulamentação própria aos crimes cometidos através da internet e a facilidade
do acesso.

CONCEITO DE INTERNET

Para entender o conceito de Internet, primeiro é necessário entender o


significado de rede de computadores, tendo em vista a confusão que, por
vezes, se faz entre os dois institutos. Rede de computadores é um complexo
consistindo de duas ou mais unidades de computação interconectadas. Essas
unidades são interligadas por meio de programas (softwares) e outros
equipamentos eletrônicos, podendo trocar dados entre si.
A Internet pode ser definida como uma rede de computadores de grande
proporção e ilimitado acesso aos disponíveis no ciberespaço. Observa-se,
assim, que nem toda rede de computadores constitui internet, pois a internet
proporciona acesso irrestrito, enquanto uma rede de computadores dentro de
uma determinada empresa, por exemplo, fica limitada àqueles que têm
autorização para acessá-la.
A Norma nº 004/95 publicada pelo Ministério das Comunicações, aprovada
pela Portaria nº 148/95 do Ministério da Ciência e Tecnologia, que regulamenta
o uso da rede pública de telecomunicações para acesso à internet, trouxe a
seguinte definição
Internet: nome genérico que designa o conjunto de redes, os meios de
transmissão e computação, roteadores, equipamentos e protocolos
necessários à comunicação entre computadores, bem como o "software" e os
dados contidos nestes computadores
Assim, a Internet é um meio não é um lugar, um contrato. Se a Internet fosse
um lugar, onde seria o foro de um contrato celebrado pela Internet entre uma
empresa alemã e outra brasileira? portanto, um contrato celebrado por meio da
internet apenas difere de outro contrato qualquer, pelo meio de comunicação
escolhido para a sua efetivação.
Acompanhando o ritmo dinâmico e crescente da Internet, as informações
jurídicas têm conquistado um relevante espaço na rede, tornando a Internet um
dos mais novos e eficazes instrumentos de cidadania e trabalho jurídico.
Diversos serviços, como declaração de impostos, denúncias online no
PROCON e Ministério Público, o fornecimento de certidão negativa da dívida
ativa.

LIBERDADE DE ACESSO E PROTEÇÃO DO USUÁRIO

O principal entrave nas negociações pela Internet ainda continua sendo o


aspecto de insegurança que ela traz para os usuários. Por isso, está havendo
uma grande preocupação com a regulamentação da situação dos contratos
eletrônicos.

Nesse sentido, a OAB seccional São Paulo desenvolveu um projeto de lei por
meio de sua Comissão Especial de Informática Jurídica, que visa regulamentar
o comércio eletrônico. Tal projeto foi apresentado na Câmara dos Deputados,
possuindo como fundamento as leis existentes nesse sentido em diversos
países, como Portugal, Estados Unidos e Itália.

As disposições deste projeto incluem a proteção do usuário da Internet que se


utiliza do comércio virtual, com base em dispositivos já existentes no Código de
Defesa do Consumidor para regular o comércio habitual. Além disso, traz uma
proteção especial, tendo em vista a vulnerabilidade da transmissão de
informações nas transações virtuais.

Percebe-se o surgimento de medidas protetivas ao usuário, com a introdução


da assinatura digital como forma substitutiva da assinatura manual, um instituto
ainda não disciplinado em nenhuma lei no Brasil.

Já no âmbito internacional, os Estados Unidos saíram na frente ao aprovar no


ano de 2000 uma lei que reconhece como válidos documentos assinados pela
internet. No Brasil a MP nº 2.200-2/2001, introduziu a infra-estrutura das
Chaves Públicas Brasil/ CP, atribuindo fé pública e presunção relativa de
veracidade à assinatura digital.
Delitos e responsabilidade na Rede

A Internet foi programada para funcionar e distribuir informações de forma


ilimitada. Em contrapartida, as autoridades judiciárias estão presas às normas
e instituições do Estado e, portanto, a uma Nação e a um território limitado.

Walter Lima Jr: “há diversas maneiras de identificação de IP. Uma delas é
através da adoção do protocolo IPV6, mas a implantação dessa tecnologia
seria "custosa" para os grandes players da internet. Hoje pelos processadores
I3, i5, i7, há possibilidades de conhecer a máquina que esta partindo o request
na Internet. Enfim, a privacidade na internet é um mito.”

Mas a questão da soberania é um dos maiores entraves para a criação de uma


legislação supranacional, pois, o Direito Internacional não tem caráter punitivo
obrigatório; apenas para os Estados que concordarem em firmar tratados.

Devido à difusão da Internet, a privacidade das pessoas passou a ser invadida


de forma corriqueira, pois, na Rede podem ser encontradas informações sobre
qualquer pessoal em uma quantidade surpreendente.

Começa, então, a surgirem os problemas de crimes virtuais, com a criação da


figura dos invasores dos sistemas.

São práticas comuns na Internet a ocorrência de crimes de racismo, por meio


de sites de divulgação de grupos como os Skinshead, a invasão da privacidade
por meio de correntes de sorte, que chegam ao seu e-mail sem autorização,
porém não há nenhuma lei que proíba a sua existência, golpes bancários e
crimes de pedofilia.

Ao redor do mundo, os países estão preocupados em reprimir essas práticas,


como é o caso do Brasil com a criação de unidades especiais para o combate
de crimes virtuais, como a Delegacia de Crimes Praticados por Meios
Eletrônicos da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Enquanto não forem criadas leis específicas, as condutas dos crimes digitais
deverão ser tratadas de acordo com o Código Penal.
Na era da pós modernidade, a Internet passou a ser um dos meios de
comunicação mais difundidos no mundo, tendo em vista a sua facilidade de
acesso, rapidez na obtenção de informações, praticidade, entre outras
características.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS JURÍDICAS DA INTERNET.

- RELATIVIZAÇÃO DAS NOÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO

Para o Direito, o tempo é relevante na determinação do momento da aquisição


e/ou extinção dos direitos, na fixação da vigência das leis e dos negócios
jurídicos, no estabelecimento das regras para a contagem dos prazos em geral
(LEAL, 2007, p. 23)

Desta forma, a Internet veio quebrar os paradigmas que regem os contratos em


geral, ao relativizar as noções de espaço e tempo, quebrando barreiras
geográficas e permitindo que o mundo inteiro se comunicasse de forma mais
rápida.

As definições do espaço e do tempo são relevantes para determinar qual será


a lei aplicável no caso concreto e qual o foro competente para eventuais
conflitos.

Em relação ao tempo, uma das vantagens trazidas pela Rede, é a possibilidade


de efetuar transações comerciais, mesmo fora do horário comercial do
estabelecimento físico do seu fornecedor. Mas a comprovação do exato
momento da contratação fica prejudicada.

- LIBERDADE DE USO E VAZIO DE REGULAMENTAÇÃO

O uso da Internet é ilimitado aos seus usuários, não possuindo fronteiras ou


barreiras. Não há, nesse sentido, um órgão internacional responsável pela
regulamentação de seus atos, ficando a critério de cada país discipliná-lo no
seu ordenamento jurídico da forma mais conveniente. Apesar disso, alguns
países ainda não possuem nenhuma regulamentação para as transações
efetuadas de forma virtual, criando o que pode se chamar de “vazio de
regulamentação”.
Os posicionamentos doutrinários divergem quanto à necessidade de legislação
específica para tratar as questões travadas no ciberespaço. Os EUA adotaram
a posição de deixarem a critério do setor privado a regulamentação de tal meio,
porém, defendendo a necessidade de criação de um código comercial de
regras fundamentais, para nortear o comércio eletrônico.

De forma oposta, há quem defenda que a Internet deve ser regulada por meio
de analogia e direito comparado, sendo a Internet um meio auto-regulável. E
existem os que defendem a necessidade de uma legislação e regulamentação
específicas, sem a perenidade dos códigos.

O Código de Conduta de Portugal, de 2000, pode ser citado como modelo de


auto-regulamentação.

... o ideal seria mesmo uma regulamentação supranacional, neutra, que


transcendesse os limites territoriais dos países e alcançasse todo o mundo.
Porém, essa solução, ao mesmo por ora, não se apresenta como viável, seja
porque se está ainda muito longe de alcançar uma neutralidade, seja em razão
da soberania dos Estados e de suas peculiaridades de ordem social,
econômica e cultura, das quais derivam necessidades diversas que os
distinguem dos demais Estados (LEAL, 2007, 28).

Nesse sentido, qualquer legislação proposta deverá estabelecer normas de


caráter geral, permitindo uma mobilidade maior do aplicador do direito para
adaptar às diferentes e permanentemente mutáveis situações que surgem na
Internet com reflexos no âmbito jurídico.

A lei modelo da UNCITRAL, lei que surgiu nos Estados Unidos tem sido
tomada como referencial por vários países, inclusive o Brasil, que possui
alguns projetos de lei em tramitação, o Projeto 1589/99 da OAB seccional São
Paulo o PL 4906/2001, PL 104/2011 (4) ,  PL 2367/2011 ,  PL 3200/2012 ,  PL
4189/2012 ,  PL 4509/2012 ;  PL 3607/2012 ;  PL 4348/2012 entre outros

TENDÊNCIA À DISPENSABILIDADE DOS DOCUMENTOS FÍSICOS

Os serviços bancários, as compras, e até mesmo a processualística brasileira,


caminha para dispensabilidade do uso de documentos físicos, representados
por papel, e a utilização de dados digitais.
Segurança e validade das contratações em meio eletrônico, como todos os
riscos que apresentam, têm ou não a mesma validade jurídica das transações
documentadas em papel?

Estudos desenvolvidos pelo IDC – Instituto de Direito do Consumidor –


revelaram que quase 37% dos brasileiros que acessam a Internet não se
utilizam da Web para fazer compras por não confiarem na segurança dos sites
de comércio eletrônico (LEAL, 2007, p. 32).

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS


Negócio jurídico, ato jurídico lícito que decorre de uma ou mais vontades,
criando, modificando, transferindo o extinguindo direitos.
Os negócios jurídicos podem ser unilaterais, quando é necessária apenas a
manifestação da vontade de uma das partes, ou bilaterais / multilaterais,
quando necessita de mais de uma vontade para que se aperfeiçoe o negócio.
Contratos são sempre bilaterais ou multilaterais. Exigência do encontro das
vontades de duas ou mais pessoas.
Contrato privado é um negócio jurídico bilateral ou multilateral particular onde
prevalece a vontade das partes, devendo estar de acordo com o ordenamento
jurídico, para criar, modificar ou extinguir direitos.
Essencialmente, o contrato cria uma norma individual entre as partes, e o seu
descumprimento não gera sanção, mas é pressuposto para aplicação de
sanção prevista em norma jurídica geral.
São seis os princípios norteadores do direito contratual: autonomia da vontade,
função social, consensualismo, obrigatoriedade das convenções, relatividade
dos efeitos do negócio jurídico e boa-fé.
Exceção
A regra é a autonomia da vontade. Contudo a igualdade preconizada pela
escola clássica não condiz com os princípios de justiça em contratos públicos,
trabalhistas e consumeristas. Assim, o Estado ditou normas impondo o
conteúdo de certos contratos, proibindo a introdução de certas cláusulas e
exigindo, para se formar, sua autorização.
Criação de diversas leis de proteção ao hipossuficiente, ou seja, aquela parte
mais fraca economicamente ou socialmente.
Autonomia da vontade: liberdade de contratar, tanto o conteúdo quanto a forma
são livres para a escolha das partes, as quais também podem escolher com
quem querem contratar. Liberdade de contratar, de escolher o outro contraente
e de determinar o conteúdo do contrato.
A liberdade contratual, porém, não é absoluta, encontrando limite na ordem
pública, ao proteger o interesse coletivo. Dirigismo contratual se justifica para
assegurar a igualdade econômica dos contratantes, retratando o
intervencionismo estatal nas relações particulares para fazer garantir a
supremacia do interesse público.
Função social é a utilidade que os contraentes devem dar ao contrato,
preservando os interesses da coletividade. Assim, devem sujeitar a sua
vontade e liberdade de contratar aos bons costumes e às normas de interesse
público.
Consensualismo, esse princípio trata da exigência de nada além da
manifestação de vontade dos contratantes para que o contrato seja válido e,
embora a lei exija forma específica para alguns contratos, a regra é que as
partes são livres para pactuarem da forma que desejarem.
O contrato é intangível e, portanto, uma vez pactuado, as partes devem cumpri-
lo em todos os seus termos, sob pena da parte lesada pedir proteção ao
Estado em razão de o contrato representar lei entre as partes. Essa “lei” enseja
a provocação do Judiciário, exceto se houver caso fortuito ou força maior.
O princípio do pacta sunt servanda não é absoluto, pois se submete à teoria da
imprevisão, que trata da possibilidade de o magistrado rever os termos do
contrato, caso haja enriquecimento ilícito superveniente de uma das partes ou
até mesmo resolver o contrato.
Disso, infere-se que o contrato é excepcionalmente mutável, só podendo ser
alterado por autoridade judiciária com o intuito de restabelecer o equilíbrio entre
as partes contratantes.
O contrato só aproveita e prejudica a quem dele faz parte, não atingindo
terceiros, assim entendidos por qualquer pessoa estranha à relação jurídica.
Esse princípio trata da eficácia dos contratos, ou seja, a extensão dos seus
efeitos.
Boa-fé. A interpretação do contrato não deve ser feita de forma literal, pois
prevalecerá a intenção das partes, mesmo que esteja expressa ou que tenha
sido transmitida de forma oposta no contrato.

CONTRATOS ELETRÔNICOS
Contrato eletrônico é apenas aquele realizado por meio de computador ou
inclui os firmados por quaisquer meios de telecomunicação, tais como telefone,
fax.?
De outro modo, deve-se lembrar que “eletrônico” é o meio pelo qual as partes
escolheram para efetivar o contrato, tendo em vista que, em geral, a lei não
exige forma específica, o contrato pode ser realizado sob qualquer forma,
desde que não contrária a lei. Assim, “pode-se entender por contrato eletrônico
aquele em que o computador é utilizado como meio de manifestação e de
instrumentalização da vontade das partes” (LEAL, 2007, p. 79).
Há que distinguir os contratos eletrônicos dos contratos da informática, pois
esses não são necessariamente efetuados através do computador, mas o
objeto de sua prestação é voltado para o ambiente de digital, tais como os
contratos de desenvolvimento de websites e de divulgação de publicidade na
internet.
Da mesma forma, diferenciam-se os contratos concluídos pelo computador
dos executados por computador. Nos primeiros, o computador é um
instrumento para a formação do contrato, ou seja, ele é uma parte necessária
para a formação da relação jurídica.
Já nos contratos executados por computador, o contrato não é efetivado de
forma eletrônica, mas a execução do objeto contratual é feita por meio do
computador. O contrato fora firmado de forma comum, mas deverá ser
executado eletronicamente.
Assim, “se as partes manifestarem a vontade através de veiculação de
mensagens eletrônicas, tais contratos, independentemente da natureza do
objeto contratual, integram-se à categoria de contratos eletrônicos” (LEAL,
2007, p.81). Para Sheila Leal, o que importa para a caracterização de um
contrato como eletrônico ou não, é se a expressão das vontades se deu
virtualmente.

TIPOS DE CONTRATOS ELETRÔNICOS


Intersistêmicos, interpessoais e interativos
CONTRATOS ELETRÔNICOS INTERSISTÊMICOS
Em linhas gerais, são aqueles realizados automaticamente entre máquinas,
após terem sido predefinidas certas configurações nos sistemas pelo homem.
São geralmente utilizados por grandes empresas para, por exemplo, minimizar
o trabalho de reposição de estoque.
Usualmente, as empresas envolvidas na contratação, via EDI (Eletronic Data
Interchange), precedentemente ao início das operações comerciais eletrônicas,
já disciplinaram e detalharam os direitos e obrigações e as atribuições de cada
parte. Contudo, após a programação dos programas aplicativos, não há mais
manifestação de vontade humana. As máquinas operam, automaticamente,
sem qualquer intervenção do homem (LEAL, 2007, p. 83).
EDI (Eletronic Data Interchange) é a forma de comunicação em que diversos
aparelhos eletrônicos trocam informações por meio de protocolos.
A doutrina italiana defende a inexistência de vontade humana nos contratos
eletrônicos intersistêmicos, tendo em vista que certas decisões, como marca e
quantidade do produto a ser adquirido, são tomadas pelos computadores e não
pelas máquinas. Nesse sentido, Moreno Navarrete defende a existência de
uma “vontade informática”.
Porém, tendo em vista que na criação e programação dos programas operados
nas máquinas, houve a vontade humana que já predeterminou as linhas gerais
do processo de contratação. Assim, fatalmente, mesmo que de forma indireta,
haverá participação da vontade humana nos contratos eletrônicos
intersistêmicos.
No caso de falhas dos sistemas, a responsabilidade deverá recair sobre aquele
em benefício do qual a máquina estava atuando, tendo em vista que a opção
por este método de contratação foi exclusiva daquela pessoa, mesmo sabendo
que nenhuma máquina é imune a falhas. Existe uma aceitação tácita aos riscos
do sistema no momento de sua escolha.
No caso concreto, deve-se analisar se a falha foi devido a defeito em um ou
ambos os sistemas ou, se de fato, decorreu de descumprimento de obrigação
contratual, caso em que, autoriza a rescisão imediata do contrato.

CONTRATOS ELETRÔNICOS INTERPESSOAIS


Esse tipo de contrato se perfaz através da comunicação entre pessoas por
meio de um computador, em todas as fases da efetivação do contrato. É mais
comumente feito em salas de chat (bate-papo) ou via e-mail (correio
eletrônico).
Dada a grande semelhança dos contratos eletrônicos interpessoais via e-mail
com os efetuados por correio convencional, tendo em vista o caminho virtual
que a mensagem percorre, através de servidores, até atingir o seu destinatário,
tais contratos se equiparam àqueles efetivados por carta, sendo denominados
de contratos à distância.
Em relação aos contratos feitos em salas de chat, a comunicação entre o
contratante e o contratado se faz em tempo real, assemelhando-se, assim, aos
contratos realizados pelo telefone. Por vezes, a semelhança entre esses dois
tipos de contrato é tão grande que existe a possibilidade de a conversa nos
chats além ser digitada, vir acompanhada por voz, dependendo do software
utilizado.
Os contratos eletrônicos interpessoais podem ser simultâneos, quando
“celebrados em tempo real, on line”, propiciando interação imediata das
vontades das partes, a exemplo dos contratos em salas de conversação ou
videoconferência, e, como tal, considerados entre presentes; não simultâneos,
quando entre a manifestação de vontade de uma das partes e a aceitação pela
outra decorrer espaço mais ou menos longo de tempo. A esta última categoria
pertencem os contratos por correio eletrônico, equiparados aos contratos entre
ausentes, já que mesmo estando as partes se utilizando de seus
computadores, concomitantemente, faz-se necessária nova operação para se
ter acesso à mensagem recebida. (LEAL, 2007, p. 86)
Tal distinção é de suma importância, tendo em vista que, dependendo da
classificação dos contratos (entre presentes ou entre ausentes), os efeitos
jurídicos serão diversos, causando conseqüências igualmente diferentes.
CONTRATOS ELETRÔNICOS INTERATIVOS
Esta última forma de contrato eletrônico se caracteriza pela comunicação entre
uma pessoa e um sistema, comumente vista nas lojas virtuais, onde tal
sistema, que já foi previamente programado pelo seu criador ou seu operador,
realizado operações automáticas com o contratante, tendo em vista a oferta de
bens e serviços no ambiente digital.
Os contratos eletrônicos interativos são também chamados de “CONTRATOS
POR CLIQUE”, pois através do clique do mouse o indivíduo realiza a
confirmação dos seus dados e, efetiva o contrato.
Vale ressaltar que tais contratos são considerados como contratos de adesão,
tendo em vista a impossibilidade de discussão das cláusulas por parte do
aceitante. Ele simplesmente aceita ou não as cláusulas unilateralmente
estipuladas pelo fornecedor.
Da mesma forma que os contratos interpessoais, os interativos são contratos à
distância, tendo em vista que são feitos por meio do computador e não na
presença de ambas as partes contratantes, sendo aplicáveis aos contratos de
consumo efetivados por esta modalidade, as normas relativas à contratação à
distância previstas no Código de Defesa do Consumidor.

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS PARA OS CONTRATOS ELETRÔNICOS:


a) Princípio da Equivalência Funcional: não há distinção entre contratos físico e
contratos eletrônicos
b) Princípio da Inalterabilidade do Direito: a eletrônica é apenas outro meio
para contratação, não há necessidade de alterações  no Direito, se aplicam as
disposições genéricas aos contratos.
c) Princípio da Identificação: deve-se buscar ao máximo assegurar a
identificação das partes contratantes, utilizando-se de meios eletrônicos
garantidores
d) Princípio da Verificação: documentos eletrônicos deixam vestígios digitais
que podem servir de prova e portanto devem ficar armazenados e arquivados
para fim de prova da celebração contratual.

Outros doutrinadores classificam de forma diferente:


- Princípio da EQUIVALÊNCIA FUNCIONAL dos contratos realizados em meio
eletrônico com os contratos realizados por meios tradicionais
Fundamentalmente, um contrato efetivado no mundo virtual, possui as mesmas
características e os mesmos efeitos que um contrato comum. Por isso, as leis
existentes conferem validade jurídica da mesma forma que os contratos já
regulados possuem.
É o que trata o art. 5º da Lei Modelo da Uncitral feita pelos Estados Unidos em
1996, o art. 3º do Projeto de Lei 1.589/99 da OAB/SP e os arts. 28 e 32 do
Projeto de Lei 4.906/2001.
Nesse sentido, o art. 5º da Lei Modelo da Uncitral trata que, “Não se negarão
efeitos jurídicos, validade ou eficácia à informação apenas porque esteja na
forma de mensagem eletrônica”. Portanto, garante-se que os contratos
firmados eletronicamente terão validade e eficácia jurídica da mesma forma
que um contrato celebrado de forma comum.

- Princípio da neutralidade e da PERENIDADE DAS NORMAS reguladoras do


ambiente digital
Dada a constante mudança no ambiente digital, tendo em vista o
desenvolvimento da tecnologia e o surgimento de novos softwares e sistemas
mais avançados, o princípio da neutralidade e da perenidade das normas
reguladoras do ambiente digital representa um papel de suma importância.
As normas devem ser neutras para que não constituam em entraves ao
desenvolvimento de novas tecnologias e perenes no sentido de se manterem
atualizadas, sem necessidade de serem modificadas a todo instante (LEAL,
2007, p. 91)
A futura legislação deverá permanecer aberta a novas descobertas, sem,
contudo precisar ser re-criada toda vez que houve um avanço na tecnologia,
devendo, portanto, ser flexível para comportar as mudanças jurídicas. Nesse
mesmo sentido, dispõe o art. 13 da Lei Modelo Uncitral.

- Princípio da CONSERVAÇÃO e aplicação das normas jurídicas existentes


aos contratos eletrônicos
O Direito não pode deixar sem solução as diversas situações jurídicas que
ocorrem no nosso dia-a-dia, desta forma, como os contratos eletrônicos
guardam todas as características básicas do contrato comum, a eles devem ser
aplicadas as normas a esses relativas. Independentemente de ser “fechado” no
mundo virtual, um contrato de compra e venda, por exemplo, não deixará de
sê-lo apenas por ter sido concluído eletronicamente.
Os elementos essenciais do negócio jurídico – consentimento e objeto, assim
como suas manifestações e defeitos, além da própria tipologia contratual
preexistente, não sofrem alteração significativa quando o vínculo jurídico é
estabelecido na esfera do comércio eletrônico.
Assim, presentes os elementos essenciais do contrato, não há porque dar
tratamento diverso ao contrato eletrônico, principalmente quando há uma
carência de legislação específica em relação a esse instituto.
A internet não cria espaço livre, alheio ao Direito. Ao contrário, as normas
legais vigentes aplicam-se aos contratos eletrônicos basicamente da mesma
forma que a quaisquer outros negócios jurídicos. A celebração de contratos via
Internet se sujeita, portanto, a todos os preceitos pertinentes do Código Civil
Brasileiro (Código Civil). Tratando-se de contratos de consumo, são também
aplicáveis as normas do Código de Defesa do Consumidor (Código de Defesa
do Consumidor). (LAWAND, 2003, p. 93)
Os aplicadores do Direito, portanto devem fazer uso das formas interpretativas
da legislação, como a analogia e a integração, para solucionar as situações
que venha a surgir e que encontrem corresponde na legislação contratual em
vigor.
Porém, existem aspectos da contratação eletrônica que não encontram
correspondentes na legislação, como é o caso da prova e meios de
pagamento. Desta forma, não se pode negar a necessidade da criação de leis
específicas para disciplinar tal instituto, devendo complementar às existentes e
não substituí-las.

- PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA


Devido à vulnerabilidade do mundo virtual, os contratos eletrônicos expõem os
participantes a maiores riscos, com grandes possibilidades de fraudes. Isso
justifica o uso da boa-fé objetiva nos contratos virtuais.
A primeira legislação específica a trazer tal princípio de forma expressa foi o
Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista a hipossuficiência do
consumidor em relação ao fornecedor.
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios: [...]III – harmonização dos
interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e
tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores
Em suma, é o princípio que visa a proteção da parte mais fraca da relação
jurídica, esperando que a parte que possui mais vantagens em relação à outra,
aja de forma justa e leal, honrando com a confiança nela depositada.
A boa-fé objetiva também encontra previsão no Código Civil, em seu artigo
422, e sempre caberá ao aplicador – juiz – o dever de, em consulta aos seus
próprios valores éticos comportamentais, manifestar-se caso a caso, se as
partes agiram segundo um standard da boa-fé objetiva. Ou seja, a análise do
atendimento a este princípio deve ser feita casuisticamente pelo magistrado, no
julgamento do processo, tendo em vista a sua própria convicção do conceito de
boa-fé.
CONTRATOS ELETRÔNICOS SÃO DOCUMENTOS?
TEM A MESMA VALIDADE DE DOCUMENTOS COMUNS?
Para alguns autores documento é toda representação material destinada a
reproduzir e fixar determinada idéia ou manifestação do pensamento, assim,
como o documento eletrônico não possui suporte material para alguns autores
não pode ser considerado documento. A grande maioria dos autores, contudo,
entende que a existência do documento eletrônico prescinde de suportes
materiais.
Documentos físicos originais, existem apenas em uma via. As cópias geram
reproduções de originais e nunca outros originais. O documento eletrônico, por
sua vez, sempre será original, mesmo que copiado, feito portanto 3 cópias de
um contrato todos terão a mesma assinatura e a mesma sequência de bits
formadora da primeira versão, por essa razão, o documento eletrônico existe
em quantas vias se desejar, todas são consideradas originais.
A impressão de documentos eletrônicos é a reprodução de um original, em
virtude disso não pode ser pressuposta a identicidade, o impresso dependerá
de autenticação por autoridade competente da mesma forma que os
documentos físicos.
Mas como se ter certeza de que a(s) pessoa(s) que produziu o documento é
(são) verdadeiramente aquelas às quais se quer imputar tal constituição?
Inicialmente, observe-se o que diz o Código de Processo Civil:
Artigo 371. Reputa-se autor do documento particular: I - aquele que o fez e o
assinou; II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado; III - aquele
que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a experiência
comum, não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos
domésticos”.
No caso dos documentos eletrônicos, as lógicas importantes são as dos incisos
I e II e, portanto, fundamental verificar quem assinou tal documentação
eletrônica.
Para tentar-se evitar dúvidas, foram constituidas as assinaturas eletrônica e
digital, além do sistema de contrasenhas como métodos de verificação (P. Da
Verificação).
Assinatura eletrônica é todo o método utilizado para identificar o autor de um
documento produzido por meio digital. Nãose utiliza necessariamente de lógica
de criptografia e pode ser desde uma digitalização de senha feita em suporte
de papel até a identificação do usuário através do registro de sua máquina ou
por contrasenha (password).
A assinatura digital, por sua vez, é mecanismo de assinatura eletrônica mais
complexo e elaborado, entendido como método mais seguro de certificação de
autoria de documento digital. Ela assegura que uma mensagem veio do
emissor através de um sistema denominado criptográfico, em que, apenas uma
autoridade intermediário ou o receptor recebem mecanismo de verificação de
autenticidade (criptografia chave público-privada).
Muito se questionou se documentos produzidos pelo meio eletrônico podem ser
utilizados para fins de prova de fatos ali inseridos.
A pronta leitura do artigo 332 do Código de Processo Civil esclarece tal dúvida
ao apor que
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos,
em que se funda a ação ou a defesa.
De tal sorte, documentos produzidos eletrônicamente tem a mesma validade,
desde que alguns critérios de verificação de autenticidade sejam levados em
consideração. A primeira delas  é que (a) tenha autoria identificável
(autenticidade) e a segunda (b) que não possa ser alterado de modo
imperceptível (integridade). São, portanto, requisitos para que documentos
eletrônicos sejam válidos a autenticidade e integridade. 

Para que o contrato exista de forma válida, deve conter determinados


elementos, externos e internos, quais sejam respectivamente, os pressupostos
e os requisitos.

PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
a) Capacidade das partes
A capacidade genérica é aquela atribuída de forma geral a todos para realizar
os atos da vida civil. De tal forma, a realização de um contrato por um
relativamente ou absolutamente incapaz, torna o negócio jurídico nulo ou
anulável.
Já a capacidade específica é uma aptidão diferenciada para realizar aquele ato
jurídico. Ela é necessária, pois, por vezes, a legislação impõe limitações à
liberdade de contratar, por exemplo, quando proíbe que os ascendentes e
descendentes realizem entre si contrato de compra e venda (art. 496 do Código
Civil).
b) Idoneidade do objeto
O contrato deve ter um objeto lícito. Possível, é aquele que pode existir
materialmente e juridicamente, não se confundindo a impossibilidade com a
indisponibilidade atual do objeto, pois esta se trata de contrato sobre coisa
futura, onde o contrato só será válido se objeto vir a existir. Como exemplo
tem-se a contratação da colheita de café que virá a ser plantada. Por último, a
economicidade se trata da substancialidade do valor do bem a ser contratado.
Os bens de valor ínfimo não podem ser apreciados em dinheiro e, portanto,
não interessa ao direito contratual.
c) Legitimação
Para o direito material uma pessoa pode ter a prática de certos atos retirada da
sua esfera de direitos em decorrência da falta de relação que possui com o
objeto do contrato. Classifica-se em legitimação direta e indireta, sendo aquela
uma competência pessoal para dispor sobre os seus direitos e para contrair
obrigações. Esse tipo de legitimidade só será limitada se a pessoa estiver
impedida de adquirir algum tipo de direito.
A legitimação indireta é aquela concedida a um terceiro para agir em nome de
outrem. Este terceiro dispõe de poderes necessários e específicos, para, por
meio de representação ou autorização, agir em virtude de disposição legal ou
delegação de um interessado.

REQUISITOS CONTRATUAIS
a) Consentimento
O consentimento, que se traduz pela manifestação da vontade, deve estar livre
de vícios, tais como coação, erro e dolo. Pode se dar de diversas formas, tais
como verbal, escrita, direta e por meio de silêncio.
Existe também uma distinção entre consentimento expresso e tácito, que
repousa na forma que de expressão. Assim, o consentimento poderá ser tácito,
exceto se por determinação legal se exija a forma expressa.
b) Objeto
Todo contrato deve possuir um objeto que não se confunde com a prestação,
pois esta seria o objeto da obrigação enquanto aquele, é o conjunto de atos
que as partes se comprometeram a praticar.
c) Forma
No tocante ao requisito formal, a regra é a liberdade da forma contratual.
Excepcionalmente, a lei pode exigir forma específica, como diz o art. 107 do
Código Civil. Ex. escritura pública para contrato de compra e venda de bem
imóvel

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS


a) Unilaterais e bilaterais
Unilateral, gerador de obrigações para apenas uma das partes, enquanto o
bilateral forma obrigações recíprocas.
b) Onerosos e gratuitos
No contrato gratuito apenas uma das partes afere vantagens e outra só terá
desvantagens, enquanto no oneroso, ambas as partes possuem vantagens e
desvantagens. Nos contratos gratuitos, via de regra, à vantagem corresponde
um sacrifício. Temos como exemplos de contratos gratuitos o comodato e o
mútuo, onde não há diminuição patrimonial, e a doação, onde há tal
diminuição.
Alguns autores admitem ainda uma terceira categoria chamada de natureza
mista, onde se enquadram o depósito e o mandato, que eventualmente, podem
ser onerosos ou gratuitos.
Fazendo um paralelo, todo contrato bilateral é oneroso, porém, nem todo
contrato unilateral é gratuito, como exemplo, o mútuo feneratício. Mútuo
feneratício ou oneroso é permitido em nosso direito desde que, por cláusula
expressa, se fixem juros ao empréstimo de dinheiro ou de outras coisas
fungíveis, desde que não ultrapassem a faixa de 12% ao ano. As obrigações do
mutuário são restituir o que recebeu em coisa da mesma espécie, qualidade e
quantidade, dentro do prazo estipulado e pagar os juros, se feneratício o
mútuo.
Os contratos onerosos podem ser comutativos ou aleatórios. Naquele, as
prestações são subjetivamente equivalentes e, neste, nem sempre se sabe se
a vantagem será proporcional ao sacrifício.
c) Consensuais e reais
Consensual, é o contrato que se torna perfeito e acabado com a unificação das
vontades das partes, como os contratos de mandato e locação. Já os contratos
reais, necessitam além da manifestação de vontade, da entrega da coisa, para
que se dêem por finalizados, como no comodato e depósito.
d) Solenes e não solenes
Princípio da liberdade das formas, em geral os contratos são não solenes, ou
seja, não necessitam de forma específica para que se concluam validamente.
e) Principais e acessórios
O contrato principal é aquele que possui existência própria e do qual outros
dependem, chamados acessórios, cuja principal função é assegurar o
cumprimento das obrigações do principal. São exemplos de contratos
acessórios ou dependentes, o penhor e a anticrese (credor obtém a posse da
coisa a fim de receber os frutos dela e assim debitar a quantia no pagamento
da dívida).
Obs.: não confundir penhor com penhora. Penhor é uma garantia dada pelo
devedor, espontânea ou por imposição legal, de obrigação assumida. O
devedor entrega uma coisa móvel sua ou de outra pessoa (desde que
autorizada por esta) como forma de garantir que a obrigação por ele assumida
seja cumprida. Caso o devedor descumpra a obrigação, a coisa dada em
garantia permanece com o credor para o cumprimento da dívida. A penhora por
sua vez, é um ato judicial, emitido por um juiz e promovido por um oficial de
justiça sempre durante o processo de execução. Na penhora se apreende ou
se tomam os bens do devedor, para que nele se cumpra o pagamento da
dívida ou a obrigação executada.
f) Instantâneos e de duração
Em linhas gerais, os contratos instantâneos se resolvem em um só momento,
enquanto que os contratos de duração, são aqueles que pela sua natureza,
não é possível satisfazer a prestação em um só momento.
g) Típicos e atípicos
Os contratos típicos são aqueles que estão previstos na lei, enquanto os
atípicos não têm existência prevista, porém, não significa dizer que a existência
deles é inválida. Os contratos típicos são também chamados de nominados e
os atípicos de contratos inominados.
h) Pessoais e impessoais
Contratos pessoais ou intuitu personae, são aqueles que em que a pessoa com
que se contrata é essencial para a validade do contrato, ou seja, ela é
insubstituível, e o contrato é efetuado especificamente para ela. Já os contratos
impessoais, são aqueles em que não importa quem seja a pessoa contratada
por não serem resguardadas suas características pessoais.
i) Autocontrato
Esta é uma forma peculiar de contrato, pois ambos os pólos da relação jurídica,
serão ocupados pela mesma pessoa. A princípio, pode-se pensar que há uma
afronta ao próprio conceito de contrato, quando diz ser este um negócio jurídico
bilateral, porém, o autocontrato é aquele em a mesma pessoa ocupa ambos os
pólos da relação jurídica, representando, porém, duas vontades distintas. Isso
só é possível por meio da representação.

CONTRATOS ATÍPICOS E CONTRATOS COLIGADOS


São aqueles contratos que, de forma sintética, são criados, com fundamento no
princípio do consensualismo e no princípio da liberdade de contratar, para
disciplinar interesses que não foram ainda regulados pela lei.
Não se confundem com contratos inominados, pois estes são somente aqueles
que não possuem nomes próprios. Já os atípicos, modificam elementos
característicos de um contrato típico, e assim, desfigurando-o.

CONTRATOS DE ADESÃO
Constitui figura peculiar no âmbito contratual, tendo em vista o seu principal
traço que é a indiscutibilidade da proposta por parte do aceitante, o qual deverá
aderir às cláusulas previamente estabelecidas pelo proponente. Proponente,
policitante ou solicitante = aquele que faz a proposta. Oblato, policitado ou
solicitado = aquele que recebe a proposta.

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS


Em linhas gerais, o contrato nasce no momento em que há o encontro das
vontades livres das partes contratantes. Porém, não basta apenas a
manifestação das vontades, é preciso um consentimento recíproco. Existem
duas fases na formação dos contratos, a proposta e a aceitação, mas antes, os
contratantes passam por uma negociação preliminar. O contrato entre
ausentes, leva em consideração a ausência jurídica, e não a mera ausência
física, ou seja, é aquele realizado por meio de qualquer meio de comunicação
como internet, cartas, telegramas, entre outros.

1 Negociações Preliminares
Antes da formação do contrato, ocorrem as negociações preliminares ou
tratativas, onde os contratantes trocam informações sobre suas possibilidades
econômico-financeiras, sem estabelecer vínculo jurídico entre as partes. Ou
seja, a mera existência de negociações preliminares não cria direitos nem
obrigações para os contratantes.
A responsabilidade civil aquiliana ou extracontratual é possível quando for
criada uma expectativa de contrato em que uma das partes tenha tido prejuízo
em virtude desta expectativa, aquele que o causou será obrigado a reparar
independentemente de culpa, com fundamento no princípio da boa-fé objetiva e
nos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.

2 Proposta
Também chamada de policitação, a proposta é a manifestação de vontade
inicial do contrato, direcionada à parte contrária, para que aceite ou não, e no
primeiro caso, vir a formar definitivamente o contrato. Se, contudo, o recipiente
aceitá-la com reservas ou alterando-a, estará surgindo uma nova proposta.
Possui força vinculante para o proponente apenas, tendo em vista que nesse
momento, ainda não existe contrato, mas os eventuais prejuízos causados ao
aceitante pela retirada da oferta podem ser passíveis de perdas e danos.
Na oferta ao público, para ter o direito de revogar a oferta, o policitante deverá
fazer a ressalva de possibilidade de revogação, sob pena de responder, caso
um terceiro venha a manifestar a sua aceitação.
Além disso, a proposta, apesar de ainda não formar negócio jurídico, deve
conter todos os elementos do negócio cujo objetivo é firmar com o aceitante,
sem induzi-lo a erro no momento da aceitação.

3 Aceitação
A fase final das manifestações de vontade ocorre com a aceitação de todos os
termos da oferta.

4 Retratação
Possibilidade de arrepender-se por parte do oblato, desde que a comunicação
do arrependimento chegue ao conhecimento do policitante antes ou em
momento igual ao da aceitação.

5 Momento da conclusão dos contratos entre ausentes


Teoria da informação ou cognição e a teoria da declaração ou agnição.
a) Teoria da informação ou cognição
Os defensores desta teoria acreditam que o contrato se forma apenas quando
o ofertante toma conhecimento da aceitação por parte do oblato, pois antes
disso não se pode dizer que existe acordo de vontades.

b) Teoria da declaração ou agnição


Esta teoria, adotada pelo Código Civil, defende que o contrato entre ausentes
estará concluído no momento que o oblato aceita a proposta. Além disso, deve
enviar a sua resposta ao policitante, adquirindo assim uma presunção de que o
aceitante já fez tudo que lhe era possível para que a aceitação chegasse ao
conhecimento do proponente, como infere-se da sub-teoria da expedição.
Exceções:
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a
aceitação é expedida, exceto:
I - no caso do artigo antecedente; (Art. 433. Considera-se inexistente a
aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante.)
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III - se ela não chegar no prazo convencionado..
VALIDADE DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS
O quesito da validade dos contratos eletrônicos está diretamente ligado à
segurança e estabilidade que se espera dos contratos no mundo jurídico. É a
possibilidade de se valer daquele documento como prova processual ou como
título representativo de uma obrigação.
O ambiente virtual, por si só, inspira insegurança por parte dos usuários da
Internet para realizar transações comerciais, tendo em vista as incertezas por
ele trazidas, quanto: às partes da relação contratual, à forma do documento, à
oferta dirigida ao público e etc.
Válido, portanto, é tudo aquilo que está de acordo com o ordenamento jurídico
vigente e que atende aos princípios gerais do direito, à ética e à justiça sociais.
Para avaliar tal validade, é necessário observar os elementos de validade dos
contratos eletrônicos, os quais podem ser subjetivos, objetivos ou formais.

Elementos subjetivos
Os elementos subjetivos dizem respeito às características pessoas dos
contratantes, ou seja, a capacidade das partes e o consentimento não viciado.
Primeiramente, cumpre repetir o que já foi dito a respeito da capacidade das
partes para os contratos em geral, onde apenas é válido o contrato realizado
por pessoas capazes, assim consideradas pelo Código Civil, como os maiores
de dezoito anos, desde que não estejam com as faculdades mentais
comprometidas, como nos artigos 3º e 4º do mesmo diploma legal.
Assim, os atos praticados por um absolutamente incapaz são passíveis de
nulidade, enquanto que os praticados por um relativamente incapaz estão
sujeitos à anulabilidade, como se vê nos artigos 166, inciso I e 177, inciso I,
ambos do Código Civil.
Tais normas têm por finalidade a proteção dos incapazes e, portanto, na
prática, são relativizados os atos cotidianos praticados por estes, pois
presume-se a aceitação dos pais.
Porém, no que tange à contratação eletrônica, não se pode considerar como
corriqueira a aquisição de produtos por menores através da Internet, tendo em
vista apenas a facilidade de acesso e navegação. Deve-se analisar no caso em
concreto se o ato praticado pelo incapaz era um ato em que se poderia
presumir a aceitação dos seus responsáveis legais.
Vale ressaltar que a relativização da incapacidade para os atos corriqueiros é
um caso excepcional que considera a realidade fática da situação. Assim,
estão juridicamente sujeitos à anulação ou anulabilidade, desde que solicitada
pelo representante legal.
O Código Civil traz a situação específica do menor que realiza um contrato
ocultando a sua idade ou fazendo-se passar por agente capaz no art. 180, in
verbis:
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Depreende-se deste artigo que, ao menor aplicar-se-á o princípio da boa-fé e a
máxima de que ninguém pode se beneficiar da sua própria torpeza, devendo
seus representantes legais responderem pelos prejuízos causados.
Por conta disso é que os sites de compras pela Internet trazem formulários
onde é solicitado ao usuário o preenchimento de alguns dados pessoais, tais
como data de nascimento e, ainda advertem que é proibida a contratação com
menores de dezoito anos.
Em relação à manifestação de vontade efetivada através da Internet, esta se
dá através da trocas de mensagens eletrônicas entre os contratantes, que, pela
definição contida no art. 2º da Lei Modelo da Uncitral, é “a informação gerada,
enviada, recebida ou arquivada eletronicamente, por meio óptico ou similares”.
A formação do consentimento ocorre, nos contratos intersistêmicos, no
momento da celebração do acordo entre ambas as partes operadoras dos
sistemas que, posteriormente irão efetuar a troca de mensagens eletrônicas
automaticamente. Já nos contratos interpessoais, o consentimento se dá com o
envio do e-mail de confirmação para a outra parte e, nos contratos interativos,
geralmente se concretiza com um clique no botão “confirma” ou qualquer outro
correspondente.
O Brasil deu um passo à frente no estabelecimento da segurança das
contratações virtuais ao estabelecer no Projeto de lei nº 4.906/2001, requisitos
para atribuir validade às mensagens enviadas eletronicamente, como se vê:
Título V – Do Comércio Eletrônico (na verdade por meio eletrônico)

Capítulo I – Da contratação no âmbito do comércio eletrônico [...]

Art. 26. Sem prejuízo das disposições do Código Civil, a manifestação de vontade das partes
contratantes, nos contratos celebrados em meio eletrônico, dar-se-á no momento em que o
destinatário da oferta enviar documento eletrônico manifestando, de forma inequívoca, a sua
aceitação das condições ofertadas.

§1º A proposta de contrato por meio eletrônico obriga o proponente quando enviada por ele
próprio ou por sistema de informação por ele programado para operar automaticamente.

§2º A manifestação de vontade a que se refere o caput deste artigo será processada mediante
troca de documentos eletrônicos, observado o disposto nos artigos 27 a 29 desta lei.

Art. 17. O documento eletrônico considera-se envido pelo remetente e recebido pelo
destinatário se for transmitido para o endereço eletrônico definido por acordo das partes e
neste for recebido.

Art. 28. A expedição do documento eletrônico equivale:

I – à remessa por via posta registrada, se assinado de acordo com os requisitos desta lei, por
meio que assegure sua efetiva recepção; e

II – à remessa por via postal registrada com aviso de recebimento, se a recepção for
comprovada por mensagem de confirmação dirigida ao remetente e por este recebida.
Assim, considerar-se-ão válidos os atos concluídos eletronicamente, desde que
preenchidos os devidos requisitos, pois os contratos são regidos pelo princípio
da liberdade das formas, desde que não prescrita ou defesa em lei.
Além disso, deve-se observar se o consentimento manifestado pelas partes
está livre de vícios, considerando como tais, todos aqueles aplicáveis aos
contratos em geral.
Especificamente em relação aos contratos eletrônicos de consumo, por ser, em
sua maioria, contratos de adesão, Código de Defesa do Consumidor ainda
exige que esse consentimento seja informado, estando previsto nos artigos 6º,
inciso III, 30, 31, 46 e 48, todos do CDC.

Elementos objetivos
Os elementos objetivos estão relacionados com o objeto da relação jurídica
contratual e os meios eletrônicos de pagamento utilizados pelos contratantes.
Assim como todos os contratos usuais, o contrato eletrônico deve ter um objeto
lícito, possível e determinado ou determinável, conceitos já identificados no
Capítulo próprio para a caracterização dos elementos dos contratos em geral
ou, serviços, que são exemplos de bens imateriais.
Atualmente, um dos bens imateriais mais comuns para a realização de
contratos é a informação. Assim, devido ao seu valor e à facilidade de se obtê-
las por meio da Internet, os fornecedores desse de informações valiosas sobre
os seus consumidores, deve adotar todas as medidas cabíveis para mantê-las
sigilosas, preservando a relação de confiança que o consumidor nele
depositou.
No que tange ao provedor de acesso à Internet, existe uma relação jurídica de
prestação de serviços, fixada mediante contrato e protegida pelo Código de
Defesa do Consumidor, respondendo assim, de forma objetiva pelos dados
causados ao usuário devido à má prestação do serviço, como por exemplo,
falhas do sistema que impeçam o envio de e-mails.
De outro modo, o provedor de acesso não é parte na relação jurídica firmada
entre duas pessoas pela Internet, pois o seu papel é de fornecer apenas os
endereços de IP. Assim, seria o mesmo que reconhecer a companhia
telefônica como parte no contrato efetuado entre duas pessoas por meio de
telefone.
Estabelecido o objeto do contrato, passa-se para a análise das formas
eletrônicas de pagamento. Nesse sentido, a parte aceitante da oferta, se
identifica através de uma senha que lhe dá acesso aos fundos de suas contas
bancárias e, a partir de então, são transferidos os valores para o beneficiário.os
sistemas mais utilizados de pagamento em meio eletrônico são: cartões de
crédito, cartões de uso exclusivo para uso em ambiente virtual
Tais meios de pagamento se sujeitam a diversos procedimentos estabelecidos
pelos fornecedores, para garantir ao consumidor a validade e segurança de
suas transações, tais como assinatura digital, criptografia e certificação digital.

Elementos formais
O primeiro elemento formal é justamente a forma de realização do contrato,
que de acordo com o art. 107 do Código Civil, é livre, desde que a lei não
estabeleça forma específica, como no clássico caso do contrato de compra e
venda de imóvel.
Em segundo lugar, tem-se a segurança de que o contrato eletrônico firmado
tem validade, que não fora adulterado e, que as partes contratantes são de fato
quem dizem ser.
No mundo virtual, o original de um documento não distingue de uma cópia não
há assinatura de próprio punho sobre um papel, como ocorre com os contratos
escritos, o que leva a um enorme potencial de risco para ocorrência de fraudes
[...] (LEAL, 2007, p. 148).
A tecnologia utilizada na Internet facilita a adulteração dos documentos,
devendo estes serem regulados por legislação específica, tendo em vista as
peculiaridades aos quais estão sujeitos. Porém, enquanto isso não ocorre,
aplicam-se as leis existentes em nosso ordenamento, no que couber.
A insegurança que os documentos geram também se projeta para as partes do
contrato. O consumidor, por exemplo, não sabe ao certo se, fazendo o
pagamento, receberá a mercadoria do fornecedor, bem como o fornecedor não
sabe se está efetivando um contrato com agente capaz.
Segundo pesquisa da Módulo, 30% das empresas brasileiras já foram atacadas
por hackers, entre as empresas que contabilizaram prejuízos com invasões
13% tiveram perdas acima de R$ 1 milhão. [...] Os principais pontos de invasão
são as redes internas (41%), Internet (38%) e acesso remoto (14%)  É por esse
motivo que as empresas têm entendido que a segurança digital é um bom
investimento a ser feito e, as grandes, ditas confiáveis, empresas utilizam um
selo de segurança digital que garante a integridade do procedimento o sigilo
das informações fornecidas pelos seus consumidores.

FORMAÇÃO E CONCLUSÃO DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS


Os contratos virtuais possuem as mesmas fases de formação dos contratos em
gerais, quais sejam: negociações preliminares, oferta ou policitação e aceitação
ou oblação.
A primeira fase ainda não obriga os contratantes, havendo apenas
especulações sobre a eventual realização do contrato, gerando
responsabilidade pré-contratual pelos possíveis prejuízos causados, tendo em
vista a expectativa de negócio criada. Tal responsabilidade extracontratual se
funda no princípio da boa-fé.
A oferta ou policitação inicia o contrato, que, no caso da Internet, se faz quase
sempre em sites ou lojas virtuais, ficando o produto ou serviço disponível de
forma permanente para que o oblato venha a contratar.
Em primeiro lugar, é necessário precisar se o website contém uma série de
elementos essenciais e suficientes para constituir uma oferta. Em caso
afirmativo, é uma oferta ao público, vinculatória se for um contrato de consumo,
que se conclui no momento em que o usuário transmite a declaração de
aceitação. Se não contiver os elementos constitutivos de uma oferta, trata-se
de um convite a ser oferecido; o “navegante” é quem oferece e o contrato se
completa a partir do momento em que ele recebe a aceitação da parte do
provedor .
Assim, deve-se verificar se existem os requisitos para constituir a oferta, os
quais devem ser mais detalhados do que nos contratos em geral, devido à
incerteza de se saber com quem se está contratando do outro lado do
computador.
Tais requisitos são trazidos pelo art. 4º do Projeto de Lei nº 1.589/99 da
OAB/SP:
Capítulo II – Das Informações Prévias

Art. 4º A oferta de contratação eletrônica deve conter claras e inequívocas informações sobre:

a) nome do ofertante, e o número de sua inscrição no cadastro geral do Ministério da Fazenda,


e ainda, em se tratando de serviço sujeito a regime de profissão regulamentada, o número de
inscrição no órgão fiscalizador ou regulamentador;

b) endereço físico do estabelecimento;

c) identificação e endereço físico do armazenador;

d) meio pelo qual é possível contatar o ofertante, inclusive correio eletrônico;

e) o arquivamento do contrato eletrônico, pelo ofertante;

f) instruções para arquivamento do contrato eletrônico, pelo aceitante, bem como para sua
recuperação, em caso de necessidade; e

g) os sistemas de segurança empregados na operação.

O rol previsto neste artigo, na hipótese de aprovação do Projeto de Lei acima


mencionado, deve ser interpretado de forma exemplificativa, já que é dever do
fornecedor informar o consumidor de todos os detalhes sobre o produto ou
serviço objeto da relação contratual.
QUANDO?
A fase seguinte é a aceitação ou oblação, que marca o encerramento do
contrato, com a adesão por parte do oblato à proposta formulada pelo
policitante. Da mesma forma que os contratos em geral, os contratos
eletrônicos poderão ser considerados “entre presentes” ou “entre ausentes”,
dependendo da análise do momento que se consideram concluídos.
Assim, analisando o art. 428 do Código Civil, temos que nos contratos
interpessoais simultâneos, como aqueles efetivados por meio de salas de
bate-papo (chat), consideram-se formados no momento exatamente posterior
à proposta, por serem contratos entre presentes.
Já os contratos interpessoais não simultâneos, reputam-se formados no
momento da expedição da mensagem eletrônica. Nesse caso, é adotada a
Teoria da Expedição, prevista nos arts. 428, III, e 434, caput, do Código Civil,
tendo em vista que esses contratos seriam considerados entre ausentes,
como é o caso do contrato firmado através de correio eletrônico (e-mail).
Os contratos interativos, que são aqueles em que o consumidor e o
fornecedor não se encontram presentes simultaneamente no mesmo
estabelecimento (lojas virtuais), se formam no momento da expedição da
aceitação pelo oblato, e são, por óbvio, denominados de contratos entre
ausentes.
Por último, nos contratos intersistêmicos, realizados entre computadores, o
momento da conclusão se dá quando da programação dos sistemas pelos
seus operadores, que serão posteriormente executados automaticamente e
fielmente ao que foi programado.

CONFIRMAÇÃO DE RECEBIMENTO
Vale ressaltar que a contratação eletrônica traz um problema quanto à
confirmação de que a mensagem chegou aos seus destinatários, já que a sua
transmissão percorre vários caminhos até chegar ao destinatário final.
O Projeto de Lei formulado pela OAB de São Paulo dispõe em seu artigo 7º
que, “Os sistemas eletrônicos do ofertante deverão transmitir uma resposta
eletrônica automática, transcrevendo a mensagem transmitida anteriormente
pelo destinatário, e confirmando seu recebimento”.
Desta forma, o policitante deverá tomar todas as providências possíveis para
garantir que a aceitação do oblato chegou ao seu conhecimento, transcrevendo
a sua aceitação e enviando-a por meio de mensagem automática ao aceitante.

LOCAL
O local de formação de um contrato em geral, não encontra maiores
divergências na doutrina, sendo estabelecido pelo art. 435 do Código Civil que
estará concluído o contrato no local onde fora proposto. Porém, os contratos
eletrônicos nem sempre têm esses limites estabelecidos, pois muitas vezes os
contratantes se encontram em lugares opostos do planeta e, a conclusão do
contrato se deu em outro local diverso.
Para dirimir os conflitos decorrentes da falta de especificação do lugar de
formação do contrato, o Lei Modelo da Uncitral traz em seu artigo 15, uma
solução possível para o problema. De acordo com este dispositivo, uma
declaração eletrônica será considerada expedida e recebida no local onde o
remetente e o destinatário, respectivamente, tenham seu estabelecimento.
Assim, não se leva em consideração nem o endereço do website, nem o
endereço físico do servidor, mas o local do domicílio ou estabelecimento das
partes. Caso uma das partes ou ambas possuam mais de um estabelecimento,
considera-se como formado o contrato naquele que guarde relação mais
estreita com seu objeto, ou o estabelecimento principal. Caso o remetente ou o
destinatário não possuam estabelecimento, considera-se como tal o local de
sua residência habitual.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
Qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo, pode acessar um site na
Internet. Isto põe em dúvida onde estará o consumo, e qual o tipo de
consumidor com o qual os agentes econômicos terão de tratar. Este é o desafio
de hoje. Quando havia um consumidor certo, por exemplo, no Brasil, o
exportador na origem procurava atender a todos os requisitos da legislação
brasileira Hoje não se sabe, a priori, quem é o consumidor, não se sabe quais
são, por exemplo, as exigências que vigoram num país distante quanto á
linguagem utilizável, imagens consideradas ofensivas e etc. Há, portanto, uma
mobilidade no consumo. Em suma os agentes econômicos não têm mais um
local físico ao qual obrigatoriamente se reportem. Eles podem estar alocados
fisicamente em qualquer lugar do mundo, e virtualmente num endereço apenas
eletrônico.
Desta forma, a inexistência ou dificuldade de localização de um local físico
onde se estabeleça o fornecedor e, a falta de uniformidade das legislações no
âmbito internacional, torna necessária a análise do instituto da legislação
aplicável aos contratos eletrônicos.
Há a possibilidade de dirimir os conflitos com normas do Direito Internacional
Privado, tendo em vista que esse é o ramo do direito que estabelece um
conjunto de regras que demarcam a competência de várias ordens jurídicas
potencialmente aplicáveis à disciplina das relações de direito privado. Há uma
relativização do princípio da territorialidade adotada pelos Estados, para que,
de acordo com os limites instituídos pelos ordenamentos jurídicos de cada
Nação, sejam aplicadas leis estrangeiras dentro dos seus territórios, não
podendo tais leis contrariar princípios e direitos fundamentais nacionais.
No Brasil, a possibilidade da aplicação do direito estrangeiro no território
nacional, ou, quando incabível esta hipótese, a supremacia da lei brasileira
sobre as estrangeiras, encontra-se disciplinada em diversos institutos jurídicos,
como a Lei de Introdução ao Código Civil, o Código Civil, o Código de Defesa
do Consumidor (CDC), e até mesmo a jurisprudência já firmou seu
entendimento no caso concreto.
De acordo com o art. 1º do Código de Defesa do Consumidor, conclui-se que,
aos contratos eletrônicos de consumo, são aplicáveis as normas
constantes no CDC, pois, são de ordem pública, cogentes e indisponíveis, e,
nessas condições, aplicáveis aos contratos internacionais de e-commerce, para
a proteção dos direitos dos consumidores brasileiros.
Atualmente, tem-se preferido utilizar a arbitragem e a auto-regulamentação
como forma de solução dos conflitos, sendo aquela a mais célere e esta a mais
efetiva, tendo em vista que as partes envolvidas no litígio decidem acerca das
peculiaridades das controvérsias, respeitando a Constituição Federal, as
legislações infra-constitucionais e os princípios que regem a contratação geral
e eletrônica.
No tocante ao foro competente, o art. 111 do Código de Processo Civil (CPC)
estabelece que será aquele eleito pelas partes. Caso não haja eleição de foro,
será a ação proposta no domicílio do réu, de acordo com a regra geral do art.
94 do CPC, se for fundada em direito pessoal e, no local onde a obrigação
deva ser satisfeita, em caso de cumprimento forçado desta (art. 100, inciso IV,
“d”, CPC).
O contrato eletrônico preenche todos os requisitos e pressupostos aplicáveis
aos contratos tradicionais, devendo ser tomados alguns cuidados quanto à
segurança dos procedimentos pré-contratuais, tendo em vista a vulnerabilidade
do ambiente digital.
É importante mencionar o princípio que fundamenta a existência dos contratos
eletrônicos, qual seja a liberdade das formas. Assim, como os contratos podem
ser pactuados de qualquer forma, desde que não esteja prevista ou proibida
em lei forma específica, torna-se perfeitamente válida a existência dos
contratos eletrônicos no mundo jurídico.
Porém, deve-se analisar a internet, como ambiente inseguro que é, com
cautela. Os contratantes, primeiramente, para garantir a segurança do contrato,
deverão procurar conhecer a procedência da parte com quem estão
contratando, bem como certificar-se, em contratos mais sensíveis, a existência
de certificado digital de segurança na loja virtual, quando for caracterizada a
relação de consumo ou do banco, quando tratar-se de operações bancárias.
Em se tratando de contratos de consumo, esses têm dominado o instituto dos
contratos eletrônicos no mundo moderno, tendo em vista a facilidade de se
comunicar com uma pessoa, mesmo que estejam em lados opostos do mundo.
Assim, tendo em vista que os contratos celebrados de forma virtual, como já
dito, preenchem os requisitos dos contratos em geral, aos contratos eletrônicos
de consumo, devem ser aplicadas as normas constantes do Código de Defesa
do Consumidor.
Por fim, em casos de conflito de legislação de países diversos, o Brasil adota,
excepcionalmente, o princípio da extraterritorialidade, para que seja aplicada a
legislação estrangeira no território brasileiro, desde que esteja de acordo com
os princípios e garantias fundamentais nacionais.
Já nos contratos eletrônicos de consumo, tem-se admitido, inclusive pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor brasileiro ao estrangeiro, tendo em vista serem os
direitos do consumidor normas de ordem pública. Dessa forma, conclui-se que
poderão ser pactuados através de contratos eletrônicos, tudo aquilo que a lei
não preveja forma específica nem proíba expressamente.
A legislação aplicável, portanto, será a brasileira vigente, principalmente as leis
referentes aos contratos em geral e aos contratos de consumo, e,
subsidiariamente, a legislação estrangeira pertinente aos contratos eletrônicos,
tendo em vista que países como os Estados Unidos, já possuem normas
relativas à contratação eletrônica em vigor me seu ordenamento jurídico,
enquanto que o Brasil ainda não as possui.

REQUISITOS DE VALIDADE DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS


As transações eletrônicas geram um documento, do qual se espera validade de
possibilidade de servir como prova processual, futuramente. Assim, a
legislação atual ainda não disciplina os requisitos de validade de tais
documentos, mas, é recomendada a verificação de alguns requisitos.
Primeiramente, os fornecedores devem-se garantir aos consumidores a
confidencialidade dos dados, para que não sejam utilizados além da finalidade
contratada. Esses dados, geralmente envolvem senhas de contas bancárias,
números de cartões de crédito, endereço e, a má-utilização por parte do
fornecedor, gera a responsabilidade deste.
Em seguida, deve-se garantir a autenticidade de um documento, com
identificação das partes e da origem das mensagens. Para que a manifestação
de vontade seja levada a efeito por um meio eletrônico, é fundamental que
estejam atendidos dois requisitos de validade, sem os quais tal procedimento
será inadmissível:
a) o meio utilizado não deve ser adulterável sem deixar vestígios; e
b) deve ser possível a identificação do(s) emitente(s) da(s) vontade(s)
registrada(s)
Ou seja, o fornecedor deve garantir aos seus consumidores que a eventual
adulteração por um terceiro de má-fé, dos documentos por ele emitidos, não
poderá ser feita de forma a gerar a impunidade deste.
Passa-se, em seguida, para a avaliação da integridade, que guarda forte
ligação com a autenticidade do documento, já que tem a ver com a adoção de
medidas por parte do fornecedor, para que o documento gerado possua
qualidades que impeçam ou dificultem a sua adulteração. Por fim, o não
repúdio é a garantia que o emissor de uma mensagem não poderá negar que o
fez e, o receptor não terá como se escusar do seu recebimento.
Desta forma, as partes serão solicitadas que, expressamente, concordem com
a não rejeição, utilizando-se, para tanto, de uma empresa certificadora que
comprove a integridade do documento, para que seja possível sua utilização
como meio de prova perante terceiros.

VALOR PROBANTE
prova é sinônimo de instrução ou conjunto de atos, realizados pelo juiz e pelas
partes, com a finalidade de reconstrução dos fatos que constituem o suporte
das pretensões deduzidas e da própria decisão. [...] Como meio, a prova é vista
como um instrumento pelo qual as informações sobre os fatos são introduzidas
no processo. [...] Como resultado, a prova é sinônimo de êxito ou de valoração,
consubstanciado na convicção do juiz (LEAL, 2007, p. 169).
Assim, como provas de um processo, o juiz poderá fazer uso de quaisquer
documentos, utilizando-se do princípio probatório do livre convencimento
motivado, o qual é adotado pelo Brasil, valorando-as da forma que julgar
necessária.
Para o art. 371 do Código de Processo Civil,

Art. 371. Reputa-se autor do documento particular:

I – aquele que o fez e o assinou;

II – aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado;

III – aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a experiência comum,
não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos domésticos.

Já vimos que os documentos eletrônicos particulares podem ser adulterados e,


por esse motivo, não podem ser equiparados aos documentos particulares
escritos, pois não se pode identificar se, quem o enviou é realmente a pessoa
que está contida nele.
Assim, para efeitos de prova, esses documentos se assemelham a um contrato
oral ou por telefone. Vale ressaltar, que, de um modo geral, a prova da
validade, em um processo, cabe a quem alega, porém, se ficar caracterizada a
relação de consumo, e havendo as hipóteses do art. 6º, VIII do CDC, o ônus da
prova será invertido.
Caso seja alegada a falsidade de um documento, o juiz determinará a
realização de perícia técnica para verificar se o documento é valido ou não.
Por fim, deve-se lembrar que, no momento em que forem regulados,
legalmente, os documentos eletrônicos, terão garantida eficácia probatória
devido ao disposto no artigo 332 do Código de Processo Civil que diz, em
suma, que todos os meios de prova admitidos em direito são cabíveis.

COMÉRCIO ELETRONICO
O Código de Defesa do Consumidor nos contratos eletrônicos de consumo
A revolução das comunicações trouxe consigo a facilidade de acesso à
informação e, com isso, cresceram as relações sociais e econômicas. Assim,
surgiu a necessidade de criação de um instituto que protegesse de forma mais
ampla as relações contratuais desenvolvidas pelos indivíduos no âmbito das
relações de consumo.
Nesse sentido, surgiu o Código de Defesa do Consumidor, por meio de
intervenção estatal na economia, que traz regras próprias sobre os mais
diversos ramos do direito, sendo definido como um microssistema jurídico.
Com o surgimento da internet, as relações de consumo ganharam outra
dimensão, e a insegurança jurídica criada pelo ciberespaço ressaltou a
necessidade de aplicação do Código de Defesa do Consumidor às relações de
consumo na Internet.
CONSUMIDOR
Consumidor é definido por 4 disposições no CDC ( art. 2, caput e  parágrafo
único, art. 17 e art 29 do CDC). O conceito de consumidor vai muito além da
definição meramente contratual (o adquirente), pois, tem caráter de Direito
Difuso, visa a proteger também as vítimas de atos ilícitos pre-contratuais como
a publicidade enganosa e as praticas comerciais abusivas, sejam ou não
compradoras e destinatárias finais.
No Brasil não há diferença entre consumidor e usuário
A definição prevista no Código de Defesa do Consumidor é a seguinte:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.

        Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

TEORIA FINALISTA
propõe que se interprete “destinatário final” de maneira restrita. Assim,
destinatário final seria o destinatário fático e econômico do bem ou serviço,
seja ele pessoa jurídica ou física. Não pode ter adquirido o bem para revenda
ou para uso profissional, casos em que há consumo intermediário, dentro da
cadeia de produção e distribuição, sendo possível o preço desse produto ou
serviço ser embutido no preço final.
TEORIA MAXIMALISTA
reconhece a vulnerabilidade fática, econômica, jurídica e informacional, de uma
empresa ou profissional que adquiriu um produto ou serviço fora de seu campo
de especialidade. Assim, se presume que uma pessoa física seja sempre
consumidora frente a um fornecedor pessoa jurídica e se permite que uma
pessoa jurídica vulnerável prove a sua vulnerabilidade para que seja aplicada
essa teoria.
A teoria predominante é a finalista, em virtude de recorrentes decisões do STJ
nesse sentido, mas para o comercio eletrônico mais adequada a maximalista .
Assim, no que tange à conceituação de consumidor, existem duas correntes
doutrinárias: a maximalista e a finalista. Em suma, a primeira corrente acredita
que o conceito de consumidor é o mais abrangente possível, sendo todo
aquele que é destinatário final de um produto ou serviço. Já a corrente finalista,
entende que consumidor é apenas aquele que utiliza um bem ou serviço de
forma não profissional.
Fazendo um paralelo com os contratos eletrônicos de consumo, seria um erro
considerar a teoria finalista para a caracterização do conceito de consumidor, já
que excluiria do âmbito do Código de Defesa do Consumidor uma infinidade de
situações que acabaram por ficar sem proteção jurídica, aumentando ainda
mais a insegurança do ambiente virtual.

CONSUMIDORES EQUIPARADOS
são (art. 2 parágrafo único CDC) a coletividade de pessoas, mesmo que sejam
indetermináveis, que relaciona-se à relação de consumo, todas as vítimas dos
fatos do serviço, por exemplo, transeuntes que foram atropelados pela queda
do avião da TAM em Congonhas. Além disso, (pelo art. 29 CDC), são
consumidores equiparados todas as pessoas determináveis ou não, expostas
às práticas comerciais de oferta, de contratos de adesão, de publicidade, de
cobrança de dívidas, de bancos de dados, sempre que vulneráveis in concreto.
A justificativa para essa extensão maior do CDC é a possibilidade de muitas e
indetermináveis pessoas serem impactadas pelas atividades dos fornecedores
atuantes no mercado. Para exemplificar tomamos o exemplo de um filho de
consumidor que se machuca por um dano em um brinquedo, essa criança é
consumidora equiparada e se beneficia de todas as normas protetivas do CDC.
A justificativa disso é a responsabilidade objetiva do fornecedor pelo fato do
produto ou serviço.
FORNECEDOR.
O critério caracterizador é desenvolver atividades tipicamente profissionais,
como a comercialização, a produção, a importação, com certa habitualidade.
Fornecedor de produtos e serviços não é qualidade ligada ao objetivo de lucro,
podem ser fornecedores entidades sem fins lucrativos também. Brindes,
prêmios, milhagens e amostras grátis também podem estar sujeitos ao CDC,
pois a remuneração por esses produtos e serviços é indireta.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

        § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

        § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.

CONTRATO ENTRE AUSENTES = ARREPENDIMENTO 7 DIAS


Sendo os contratos virtuais já classificados como contratos á distância,
realizados fora do estabelecimento comercial, aplica-se de forma analógica, a
cláusula de arrependimento em benefício do consumidor, prevista no art. 49 do
Código de Defesa do Consumidor:
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura
ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de
produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a
domicílio.

        Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste


artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados..

A justificativa para a aplicação desta cláusula é a minimização da insatisfação


com os contratos firmados virtualmente, já que a oferta feita pelo fornecedor
tem uma maior probabilidade de influenciar o consumidor a adquirir um produto
inadequado por meio eletrônico do que aquele que se dirige diretamente à loja
e verifica o estado do produto ou serviço que está adquirindo.

Por fim, existe previsão da aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos


contratos eletrônicos de consumo

É importante ressaltar que todos os demais dispositivos do código também se


aplicam ao comércio eletrônico. Dentre eles, cita-se o direito à informação clara
e adequada sobre os diferentes produtos e serviços (art. 6º, III),
responsabilidade por vícios e defeitos dos produtos e serviços (arts. 12, 14,
20), obrigatoriedade quanto ao cumprimento da oferta apresentada (art. 35),
proibição de publicidade enganosa ou abusiva (art. 37).

OFERTA
Black Friday sendo na verdade “Black Fraude” consumidores internautas sendo
expostos a falsos descontos  “tudo pela metade do dobro”
A fraude mais comum é anunciar ofertas que nunca existiram, com descontos
falsos para iludir o consumidor. Aumentar deliberadamente o preço dos
produtos só para mascarar um desconto é considerado propaganda enganosa.
Se o consumidor souber o preço dos produtos antecipadamente pode exigir o
desconto anunciado em cima do preço normal.
Procon mediante queixa do consumidor entrará em contato com o comércio
para resolver o problema desse consumidor e a lesão coletiva para os outros
consumidores.

Por fim, existe previsão expressa da aplicação do Código de Defesa do


Consumidor aos contratos eletrônicos de consumo

DECRETO Nº 7.962/2013
Art. 2o  Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para oferta ou conclusão
de contrato de consumo devem disponibilizar, em local de destaque e de fácil visualização, as
seguintes informações:
I - nome empresarial e número de inscrição do fornecedor, quando houver, no Cadastro
Nacional de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da
Fazenda;
II - endereço físico e eletrônico, e demais informações necessárias para sua localização e
contato;
III - características essenciais do produto ou do serviço, incluídos os riscos à saúde e à
segurança dos consumidores;
IV - discriminação, no preço, de quaisquer despesas adicionais ou acessórias, tais como as de
entrega ou seguros;
V - condições integrais da oferta, incluídas modalidades de pagamento, disponibilidade, forma
e prazo da execução do serviço ou da entrega ou disponibilização do produto; e
VI - informações claras e ostensivas a respeito de quaisquer restrições à fruição da oferta.
Art. 3o  Os sítios eletrônicos ou demais meios eletrônicos utilizados para ofertas de compras
coletivas ou modalidades análogas de contratação deverão conter, além das informações
previstas no art. 2o, as seguintes:
I - quantidade mínima de consumidores para a efetivação do contrato;
II - prazo para utilização da oferta pelo consumidor; e
III - identificação do fornecedor responsável pelo sítio eletrônico e do fornecedor do produto ou
serviço ofertado, nos termos dos incisos I e II do art. 2o.
Art. 4o  Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comércio eletrônico, o
fornecedor deverá:
I - apresentar sumário do contrato antes da contratação, com as informações necessárias ao
pleno exercício do direito de escolha do consumidor, enfatizadas as cláusulas que limitem
direitos;
II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e correção imediata de
erros ocorridos nas etapas anteriores à finalização da contratação;
III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta;
IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservação e
reprodução, imediatamente após a contratação;
V - manter serviço adequado e eficaz de atendimento em meio eletrônico, que possibilite ao
consumidor a resolução de demandas referentes a informação, dúvida, reclamação, suspensão
ou cancelamento do contrato;
VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no
inciso, pelo mesmo meio empregado pelo consumidor; e
VII - utilizar mecanismos de segurança eficazes para pagamento e para tratamento de dados
do consumidor.
Parágrafo único. A manifestação do fornecedor às demandas previstas no inciso V
do caput será encaminhada em até cinco dias ao consumidor.
Art. 5o  O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e
eficazes para o exercício do direito de arrependimento pelo consumidor.
§ 1o O consumidor poderá exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta
utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados.
§ 2o O exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios, sem
qualquer ônus para o consumidor.
§ 3o O exercício do direito de arrependimento será comunicado imediatamente pelo fornecedor
à instituição financeira ou à administradora do cartão de crédito ou similar, para que:
I - a transação não seja lançada na fatura do consumidor; ou
II - seja efetivado o estorno do valor, caso o lançamento na fatura já tenha sido realizado.
§ 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmação imediata do recebimento da
manifestação de arrependimento.
Art. 6o  As contratações no comércio eletrônico deverão observar o cumprimento das
condições da oferta, com a entrega dos produtos e serviços contratados, observados prazos,
quantidade, qualidade e adequação.
Art. 7o  A inobservância das condutas descritas neste Decreto ensejará aplicação das sanções
previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990.
(Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas
em normas específicas:
        I - multa;
        II - apreensão do produto;
        III - inutilização do produto;
        IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
        V - proibição de fabricação do produto;
        VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
        VII - suspensão temporária de atividade;
        VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
        IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
        X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
        XI - intervenção administrativa;
        XII - imposição de contrapropaganda.
        Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive
por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.

PROPRIEDADE INTELECTUAL
Abrange direitos autorais e propriedade industrial (marcas, patentes, modelos
de utilidade, desenho industrial, trade dress ...)
DIREITOS AUTORAIS:

Art. 7 da Lei 9.610/1998 (LDA = Lei de direitos autorais)


 São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou
fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais
como:
I — os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II — as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
III — as obras dramáticas e dramático-musicais;
IV — as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se  fixe por escrito ou por
outra qualquer forma;
V — as composições musicais, tenham ou não letra;
VI — as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;
VII — as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;
VIII — as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
IX — as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X — os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia,
arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI — as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como
criação intelectual nova;
XII — os programas de computador;
XIII — as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e
outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam
uma criação intelectual.
Dois pontos importantes: a necessidade de a obra ter sido exteriorizada e
minimização da importância do meio em que a obra foi expressa (exceto para
se produzir prova de criação ou de anterioridade).
Requisitos:
- pertencer ao domínio das letras, das artes ou das ciências,
- ter originalidade, “novidade” absoluta (independente do valor ou mérito da
obra),
- ser exteriorizada, por qualquer meio e
- achar-se a obra no período de proteção fixado pela lei (durante a vida do
autor, mais 70 anos contados a partir de sua morte).
Conforme se observa no art. 7 da LDA, a tradução também é um dos tipos de
obras protegidas por direitos autorais. Para ser feita, precisa ser autorizada
pelo titular dos direitos sobre a obra original a ser traduzida — confere ao
tradutor o direito autoral sobre seu trabalho.
No Brasil, a tradução de O senhor dos anéis rendeu um processo judicial, no
qual a Editora Martins Fontes foi obrigada a pagar aos tradutores da versão
brasileira 5% sobre o valor de cada exemplar vendido, conforme decisão da
37a Vara Cível de São Paulo
Diferentemente dos outros tipos de propriedade intelectual, o direito autoral
independe de registro. O registro não constitui nenhum direito, ou seja, não é o
fato de se ter o registro de uma obra que seu titular será considerado autor.
(diferente do que ocorre com as marcas e patentes)
Se o registro é facultativo, por que registrar? Para facilitar fazer prova de
anterioridade da obra. Normalmente o registro é feito na Biblioteca Nacional.
Os direitos patrimoniais decorrentes da autoria podem ser exercidos por
terceiros, portanto podem ser cedidos por contrato. Já os direitos morais
decorrentes da autoria, são direitos da personalidade, devem ser exercidos
pelo próprio autor (ou por representante legal, no caso de incapaz).
O Art. 24 da LDA traz como direito moral
I —  o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II —  o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indica-do ou anunciado, como
sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III —  o de conservar a obra inédita;
IV —  o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática
de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua
reputação ou honra;
V —  o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada
VI —  o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já
autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem;
VII —  o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em
poder de outrem para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou
audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu
detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja
causado
Programas de computador são protegidos por direito autoral, conforme
determina a Lei do software n 9.609/98, embora o código-fonte tenha uma
função muito mais utilitária do que artística. a LDA se aplica, em sua totalidade,
aos programas de computador, exceto naquilo que a Lei n 9.609/98 dispuser
em contrário. Os softwares têm registro opcional — como as demais obras
protegidas por direitos autorais —, o que é previsto pelo Decreto n  2.556/98,
mas não na Biblioteca Nacional, e sim no Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI). Prazo de 50  anos, contados a partir de 1º. de janeiro do ano
subsequente ao de sua publicação. Não cabe danos morais. Salvo quando
estipulado em contrário, pertencem exclusivamente ao empregador. É
autorizada uma única cópia do programa para backup.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Lei n 9.279, de 14 de maio de 1996.
Art. 2:. A proteção dos direitos  relativos à propriedade industrial, considerado seu interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
I — concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
II — concessão de registro de desenho industrial;
III — concessão de registro de marca;
IV — repressão às falsas indicações geográficas;
V — repressão à concorrência desleal
O registro da propriedade industrial é obrigatório para constituir o direito e deve
ser feito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O caso da marca
Iphone é um bom exemplo de obrigatoriedade do registro. A Gradiente tinha o
registro anterior dessa marca no Brasil, então era a devida proprietária, a Apple
teve de comprar da Gradiente essa marca para poder usá-la. 
Criada com a finalidade de proteger direitos dos empresários criativos e
retribuir gastos feitos com pesquisa e tecnologia, como demonstra o artigo:
http://br.noticias.yahoo.com/quebra-patentes-pesadelo-g%C3%AAnio-
brasileiro-201900224--finance.html,
“(...)Desempregado desde 1984, beirou a falência enquanto lutava na justiça contra as
companhias telefônicas pelo pagamento de lucros.Com 41 inventos patenteados no Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Nicolai é reconhecido como o criador do BINA (B
Identifica o Número de A), ou identificador de chamadas. "Isso mudou a telefonia celular!",
afirma orgulhoso. (...)”

Contudo, a defesa da propriedade industrial de uma empresa pode gerar mais


perdas do que ganhos. Pode gerar perdas de reputação como a relatada no
texto: http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/ferrero-quer-acabam-com-
dia-da-nutella-criado-por-fa .
“(...)De tanto apreciar Nutella, a pasta de chocolate com avelã da Ferrero, a americana Sara
Rosso criou em 2007 uma data - e um blog - para celebrar a existência da iguaria: 5 de
fevereiro, o Dia Mundial da Nutella (World Nutella Day). Sete anos depois, a companhia quer
que a fã desista da empreitada. Em abril, a Ferrero enviou uma carta à Sara pedindo que ela
pare de utilizar o nome da marca em qualquer tipo de publicação. Por isso, o blog sairá do ar
no dia 25 de maio. Na mesma data, o Facebook e Twitter do site também vão ser fechados.
(...)”

Além disso, pode ocasionar perdas sociais, como as que justificaram, no final
de agosto de 2001, a quebra de patente dos remédios contra a AIDS,
determinada pelo então ministro da Saúde, José Serra
http://www.exclusion.net/images/pdf/336_nogge_folha_saopaulo_med_aids.PD
F
“(...) O ministro da Saúde, José Serra, determinou (...) a primeira quebra de patente de
medicamento do país. O medicamento Nelfinavir, fabricado pelo laboratório Roche, teve
quebrada a patente devido ao preço elevado para o consumidor. Cada comprimido do
medicamento custa a equivalente US$ 1,36. O remédio é usado por 25% dos pacientes com
Aids no país. (...) Esse remédio é um dos 12 que compõem o coquetel da Aids, e o governo
gasta cerca de US$ 88 milhões anuais com ele _cerca de 28% das despesas anuais de US$
310 milhões com os remédios importados do coquetel. Para produzir o remédio no país, o
governo brasileiro vai usar o artigo 71 da Lei de Patentes, que prevê a licença compulsória em
casos de emergência, segundo Serra. O governo alega que ficaria difícil manter a distribuição
gratuita com o alto custo do medicamento importado. (...)”

OBRAS COLABORATIVAS E DOMÍNIO PÚBLICO


Wikipedia é exemplo de obras colaborativas. O conceito de colaborativo não é
novo, mas o sistema wikis o é  — segundo ele, os usuários podem não só
acrescentar informações, como nos blogs, mas também editá-las e publicá-las
Há dois tipos de domínio público:
- criado por lei (legal commons – autor desconhecido, morto sem descendentes
ou decorrido prazo de 70 anos da morte do autor) e
- criado pela sociedade (social commons - autores informam ao mundo em que
circunstâncias terceiros podem ter acesso a suas obras, independentemente
de autorização). Com relação às obras caídas em domínio público, qualquer
pessoa pode fazer delas o uso que melhor lhe aprouver inclusive com fins
econômicos, sem que seja necessário pedir autorização a terceiros.
O conceito de cada uma dessas licenças pode ser encontrado no site
http://creativecommons.org.br/as-licencas/

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