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Artigo
ABSTRACT:The law 11.419/2006 provides for the modernization of the judicial process and
indicates basic guidelines imposed on all the country judicial levels, reaching all levels of
jurisdiction. Virtualization of the process, although foreseen with an authorizing nature, tends
to become mandatory showing the need for the judiciary technological evolution. The
electronic using in the criminal process, in particular, still permeating by the concern about the
guarantee of security and accuracy in the communication of procedural acts.
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1 INTRODUÇÃO
O impacto que a tecnologia provoca no processo é notado com maior intensidade na
última década. O mundo contemporâneo é caracterizado pela maior agilidade e flexibilidade
das relações. Considerando o direito como fenômeno e fato social, é imperioso
compreender a análise do direito adaptado aos serviços do meio eletrônico, bem como o
modo que a realidade jurídica é influenciada pela sociedade pós-industrial.
Válido ainda, definir o objeto do presente trabalho, qual seja, a análise do histórico,
legislações e do direito comparado pertinente ao tema, bem como a comunicação virtual
dos atos judiciais no âmbito do direito processual penal.
escrever, peça que hoje se tornou obsoleta pelo aparecimento do computador. Nesse
sentido, são as palavras do professor e Juiz de Direito José Eulálio Figueiredo de Almeida [1]:
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O Brasil, hoje, passa por uma fase de transição, visando adaptar-se ao contexto de
informatização não apenas do Judiciário, com enfoque exclusivo na solução de problemas
administrativos, mas, sobretudo, da informatização da Justiça. O fator determinante para
tanto é, justamente, a entrada em vigor da Lei 11.419/2006.
O marco inicial que, de fato, representou a admissão da via eletrônica como meio
hábil para a remessa de peças processuais, foi o advento da Lei 9.800/99, a chamada Lei do
Fax. Contudo, ainda foi pouca a contribuição para um verdadeiro processo eletrônico, uma
vez que restringia o uso da utilização de sistema de transmissão dados para prática de atos
processuais que dependessem de petição escrita.
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Diante das críticas acima citadas, a Ajufe manteve a postura de que permanecesse o
projeto original, emendado com o substitutivo do Senador Osmar Dias, sob o argumento de
que definir em lei qual seria a única tecnologia aceitável, além de interferir em esfera
pertinente ao judiciário, burocratiza a informatização, impede a implementação imediata da
lei e inviabiliza a evolução tecnológica futura (DOMINGUES, Paulo Sérgio)[5].
A crítica que se faz, contudo, é que faltou uma maior explicação acerca de que em
condições deveriam ser operados os atos processuais por meio dos sistemas de
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transmissões de dados similares ao fac-símile. Vários órgãos do Poder Judiciário, por meio de
regimentos internos, entenderam que esse sistema seria mediante correio eletrônico, sem o
uso da assinatura eletrônica, certificada ou não.
O que se observa, pois, é que o legislador foi omisso quanto à obrigação de aferir
perfeita concordância entre o original enviado por outros meios de transmissão e o original
entregue em juízo. Essa lacuna, na maioria das vezes, também não foi elucidada nos
regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário.
É válido frisar que, o texto da Lei 9.800 não prevê condenação em litigância de má-fé
ao peticionante que apresentar seu documento original em papel diferente daquela versão
que foi transmitida por outro meio de transmissão de dados similar ao fax. Desse modo, tem-
se que o uso da expressão “petição escrita”, no art. 1º, refere-se ao aspecto visual da peça
transmitida, em detrimento do emprego da técnica da certificação digital.
O artigo 5º da referida Lei permite, ainda, aferir que não havia nenhuma exigência aos
órgãos judiciários para disporem da infraestrutura necessária a essa operação. Fazendo uma
comparação legislativa, percebe-se que o art. 10, §3º, da Lei 11.419/06, dispõe que os órgãos
do Poder Judiciário são responsáveis por manter equipamentos de digitalização e de acesso
a rede mundial de computadores à disposição dos interessados para distribuição de peças
processuais.
Cerca de dois anos após a vigência da Lei 9800/99, foi promulgada a Lei 10.259/01,
que, ao disciplinar a criação dos Juizados Federais, dispõe sobre três novidades que
impulsionaram a informatização do processo perante estes órgãos federais.
O art. 8º, §2º, preceitua esta primeira inovação ao permitir a utilização de sistemas
informáticos para recepção de peças processuais, sem exigir a apresentação subseqüente
de originais em meio físico, como antes fazia a Lei 9800/99:
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Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando não proferida esta na audiência
em que estiver presente seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em mão
própria).
§ 1o As demais intimações das partes serão feitas na pessoa dos advogados ou dos
Procuradores que oficiem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via postal.
A crítica que se faz à Lei 10.259/01, contudo, é que os usuários se cadastravam para
receber a senha do sistema no próprio site, de modo a não haver qualquer garantia de que
uma pessoa não se passasse por outra (advogado ou parte de um processo). Nesse sentido,
as ponderações do doutrinador Alexandre Atheniense (2010):
Tendo em vista os motivos alhures citados, ainda em 2011 foi promulgada a Lei 10.358
que, a partir da inserção de um parágrafo único no artigo 154 do CPC, pretendia preencher
essa lacuna:
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Essa tentativa de fornecer autorização legal aos órgãos do Poder Judiciário para que
implantassem sistemas de autenticação eletrônica não logrou êxito, tendo em vista o veto do
então Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Quanto às razões do veto, tem-se que foi alegada a superveniente Medida Provisória
2.200, de 2001, que institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil. A
partir daí, ter-se-ia garantida a autenticidade, integridade e validade jurídica de documentos
em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem
certificados digitais, bem como a realização de transação eletrônicas seguras que, conforme
alegado, já estava em funcionamento. Desse modo, inconveniente seria a adoção da medida
projetada, posto que deve ser tratada de forma uniforme em prol da segurança jurídica[6].
A Lei 11.280/06, por sua vez, surgiu com o intuito de introduzir uma nova redação ao
parágrafo único do artigo 154 do CPC, tendo em vista o já citado veto que a antiga redação
sofrera. Introduziu-se as expressões integridade, validade jurídica e interoperabilidade da
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira:
Ainda no mesmo ano, foi publicada a Lei 11.382, responsável pela criação dos
institutos da penhora on-line e do leilão on-line. O primeiro, também conhecido por Bacen
Jud, sistema mantido pelo Banco Central desde 2001, é um expediente que está sendo
adotado de forma não compulsória por vários magistrados, possibilitando, ao juiz, o bloqueio
de contas bancárias existentes em nome do devedor, em todo o território nacional. Quanto
ao leilão on-line, é importante mencionar que os pregões eletrônicos, realizados por leiloeiros
terceirizados, superam em número de pessoas e receita os leilões presenciais.
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A Lei 11.690, de 2008, introduziu o §3º no artigo 201 do Código de Processo Penal. Desta
feita, passou-se a admitir nas comunicações ao ofendido, por opção deste, o uso do meio
eletrônico.
Ainda em 2008, merece destaque a Lei 11.719, responsável por introduzir o§1º e §2º do
artigo 405 do CPP:
Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo
juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. (Redação
dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Permite-se, pois, o registro dos depoimentos por gravação magnética, como por
exemplo, a gravação do áudio em CD; estenotipia, que é uma técnica similar à taquigrafia;
digital, que nada mais é que a digitação dos depoimentos em computador; ou por meio
audiovisual, que consiste na filmagem dos depoimentos.
É possível aferir, tendo em vista o §2º do mesmo artigo, que será encaminhado às partes
cópia do registro original, no caso de registro por meio audiovisual, sem que haja a
necessidade de transcrição. Nesse sentido:
A idéia era que, passado esse período transitório, o uso do correio eletrônico e assinatura
digital avançada deixassem de ser uma opção e se tornassem obrigatórios. Após o término da
vacatio legis de 2 anos, contudo, o legislador viu-se obrigado a adiar tal imposição em mais 1
ano, tendo em vista forte resistência cultural e da falta de preparação de alguns tribunais e
dos próprios advogados.
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Cita-se, também, a criação do Sistema Habilus, que permitiu aos advogados o acesso
pela internet a uma área de consulta de processos e ao novo sistema de entrega dos
requerimentos executivos. Posteriormente, foi criado o Sistema Citius, dotado de novas
funcionalidades, dentre as quais a apresentação de peças processuais e respectivos
documentos por via eletrônica.
A Espanha, por sua vez, deu início ao Projeto “Tecnologia para Advocacia”, cujo
desenvolvimento baseia-se em dois entes principais, quais sejam: A Autoridade de
Certificação da Advocacia (ACA) e a Red Abogacia.
A Red Abogacia, por sua vez, é uma plataforma de serviços seguros que possibilita a
interoperabilidade entre os diversos Colégios de advogados, seus colegiados e a
administração pública. Os advogados espanhóis possuem a sua disposição número
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Outro serviço prático da Espanha é o Portal Justicia Gratuita, responsável por facilitar ao
cidadão o acesso aos documentos que são exigidos para comprovação do direito à justiça
gratuita, que pertence àquelas cuja renda é inferior ao dobro do salário mínimo da categoria.
Facilita, também, a obtenção de um advogado público e a interconexão com a advocacia
espanhola aos demais órgãos da administração.
O Sistema Parcer, que faz parte do CM/ECF, possibilita consulta de informações sobre
casos e processos em andamento. O termo Pacer, vale dizer, significa acesso público aos
registros eletrônicos da Corte. Por meio do acesso eletrônico via internet, o usuário pode
obter dados sobre casos judiciais, processos e informações sobre a Corte Federal de
Apelação ou outros órgãos do Judiciário americano.
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