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09/12/2023, 18:37 Envio | Revista dos Tribunais

O impacto das novas tecnologias no direito probatório: um olhar sobre os documentos eletrônicos digitais

O IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO DIREITO PROBATÓRIO: UM OLHAR SOBRE OS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS DIGITAIS
The impact of new technologies on law of evidence: a look at digital electronic documents
Revista de Processo | vol. 339/2023 | p. 353 - 380 | Maio / 2023
DTR\2023\3920

Marcelo Chiavassa de Mello Paula Lima


Doutor em Direito Civil pela USP. Mestre em Direito Civil pela PUC/SP. Especialista em Direito Contratual pela PUC/SP. Especialista em Direito Civil italiano pela Università degli
Studi di Camerino. Professor de Direito Civil, Direito Digital e Direito da Inovação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisador na área de regulação de novas
tecnologias. Advogado. marcelo_chiavassa@hotmail.com

Milena Gomes Francisco Teixeira


Mestranda em Direito Processual Civil pela Universidade de São Paulo (USP). Advogada. teixeiramilena@outlook.com

Área do Direito: Processual; Digital


Resumo: As diretrizes e os princípios enfatizados pelo legislador processual civil brasileiro nos direcionam à atualização da interpretação do princípio da intrumentalidade das
formas para analisá-lo em conjunto com a duração razoável do processo, a adequação do processo e a efetividade da tutela jurisdicional. Assim, o presente estudo visa trazer ao
direito probatório o uso das novas tecnologias, examinando de que forma estas podem substituir ou ampliar os meios probatórios típicos e atípicos.

Palavras-chave: Direito processual civil – Direito probatório – Instrução probatória – Documentos eletrônicos – Documentos digitais – Novas tecnologias
Abstract: The guidelines and principles emphasized by the Brazilian civil procedural legislator direct us to update the interpretation of the “nulle pas nullité sans grief” to analyze it
alongside the reasonable duration of the process, the adequacy of the process and the effectiveness of judicial decision. Thus, the present study aims to bring to the law of
evidences the use of new technologies, examining how they can replace or expand the typical and atypical evidences.

Keywords: Civil procedural law – Law of evidence – Electronic documents – Digital documents – New technology trends
Para citar este artigo: LIMA, Marcelo Chiavassa de Mello Paula; TEIXEIRA, Milena Gomes Francisco. O impacto das novas tecnologias no direito probatório: um olhar sobre os
documentos eletrônicos digitais. Revista de Processo. vol. 339. ano 48. p. 353-380. São Paulo: Ed. RT, maio 2023. Disponível em: inserir link consultado. Acesso em:
DD.MM.AAAA.
Sumário:

1. Função e finalidade dos documentos: a prova em sua essência - 2. Provas típicas e alternativas digitais - 3. Provas documentais - 4. Exibição de documento ou coisa - 5. Perícia
e inspeção judicial - 6. Depoimento pessoal e prova testemunhal - 7. Produção antecipada de prova - 8. Conclusão - 9. Referências bibliográficas - 10. Legislação

1. Função e finalidade dos documentos: a prova em sua essência


O ato de documentar algo – indissociável da própria atividade humana – é antigo. Os desenhos rupestres em cavernas de milhares de anos atrás, assim como as histórias e os
textos documentadas em papel e/ou pedra, permitem-nos compreender a Antiguidade e como era o mundo e a estrutura social milhares de anos atrás1-2.

A própria estrutura linguística é um documento da evolução humana3, à medida que cada idioma e dialeto guarda elementos de sua própria origem e evolução. Sem deixar de
mencionar documentos que não foram produzidos diretamente pelas mãos humanas, mas que permitem aos cientistas demonstrar como era o passado – próximo e remoto.
Pensemos aqui nos fósseis e animais, rochas e vegetais que se mantiveram intactos dentro de âmbar ou de gelo por milhares de anos4.
O documento, como se pode perceber, guarda em si o registro da nossa história, seja em áudio, seja escrito, seja em sinais (fumaça, Morse, por exemplo), seja em vídeo, seja em
bits e bytes, seja em registros mantidos pela própria natureza.
Por essa função característica (registrar fatos/atos), os documentos marcam também a evolução do próprio Direito enquanto ciência, na medida em que era – e ainda é –
necessário estabelecer regras para que estes documentos pudessem ser usados como meios de prova5.
Assim, nem todo documento serve como meio de prova jurídico, por diversas razões: (i) obtenção ilícita; (ii) dúvidas sobre autoria; e/ou (iii) dúvidas sobre integridade.

Nas civilizações antigas, nas quais a escrita era privilégio de poucos, a prova era essencialmente testemunhal6. Isso inclusive ajuda a entender por que, ainda hoje, a prova
testemunhal possui relevante destaque no sistema processual civil/penal7, ainda que existam outros tipos de documentos (vídeo, foto, áudio) que cada vez mais a tornam
desnecessária.

A palavra “prova” deriva da expressão latina probo, que significa bom, reto, honrado8. Assim, a prova, que tem como finalidade a comprovação da verdade de uma proposição9,
deve ser legítima e íntegra. Isso significa que a prova, para ser confiável em juízo, precisa ser obtida por meio legítimo e ser capaz de identificar/atestar, com alguma segurança, a
(in)ocorrência de um determinado fato.
O Direito aprendeu a tutelar adequadamente as provas que englobam os documentos cartáceos (inclusive procedimentos para a alegação de falsidade documental) e as provas
testemunhais. Entretanto, o rápido avanço das novas tecnologias traz desafios não só perante as regras e os meios de prova já estabelecidos, mas também perante os novos
meios de prova essencialmente digitais.
No mundo atual, parece haver a crença de que os documentos cartáceos são mais seguros do que os documentos digitais (aqueles produzidos por um sistema computacional).
Entretanto, isso ocorre pelo fato de o ordenamento jurídico lidar melhor com as soluções já consagradas ao longo dos séculos do que com as novas soluções10, o que é algo
absolutamente natural.
Este texto pretende debater exatamente este ponto: como fazer com que as provas produzidas no ambiente digital sejam tão ou mais seguras do que aquelas produzidas em
documento escrito ou relatadas por uma testemunha? Além disso, o sistema probatório atual faz sentido, diante do surgimento de tecnologias que possam suprir, por exemplo, a
importância da prova testemunhal no ordenamento jurídico brasileiro?
2. Provas típicas e alternativas digitais
Relevante parte dos atos cotidianos atuais são por si só, ou geram por seus resultados, dados digitais de tráfego ou de conteúdo. Contratos de compra e venda, de aluguel, de
prestação de serviços; ou, ainda, contratos cotidianos entre amigos, profissionais e desconhecidos; ou até mesmo uma simples curiosidade ou vontade expressada em sites de
busca, transformaram-se em alguns toques nas telas de smartphones, os quais, apesar da facilidade de serem gerados, podem possuir complexo sistema de tratamento11 de
dados.
Inevitavelmente, ao tratarmos de demandas judiciais, abordamos fatos e suas respectivas provas, o que ocasiona a necessidade de o processo civil lidar com os dados e meios
tecnológicos que circundam os fatos jurídicos atuais. É nesse ponto que a doutrina clássica deve ser reinterpretada de modo a se adequar às necessidades jurisdicionais
contemporâneas, especialmente aquelas ainda não regulamentadas pela legislação processual.

No processo civil brasileiro, à luz do princípio da instrumentalidade das formas12, positivado no artigo 188 do Código de Processo Civil, extrai-se que os atos e os termos
processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei expressamente exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, preencham a finalidade
essencial. No mesmo sentido, seus artigos 369 e 370 autorizam aos jurisdicionados a produção e, ao magistrado, a determinação de ofício, de todos os meios legais e moralmente
legítimos de provas, à luz da atipicidade das provas.

Alinhado a estes, o princípio constitucional da duração razoável do processo foi reiterado em diferentes formas no vigente Código de Processo Civil13, com a função não somente
de acelerar a prestação da tutela jurisdicional, mas também de torná-la mais adequada e efetiva14. O inciso VI do artigo 139 foi mais específico ao flexibilizar os meios de provas
de modo a se adequarem às peculiaridades do caso concreto, acompanhando a terceira onda15 de renovação do processo civil, com enfoque em mecanismos procedimentais que
tragam maior adequação e efetividade aos direitos garantidos pelas legislações democráticas vigentes e, consequentemente, à tutela jurisdicional prestada.

Contudo, trazendo referidos princípios à realidade brasileira, na qual se encontra o maior tribunal de justiça do mundo em volume de processos16 e, a cada grupo de 100.000
habitantes, 12.211 ingressaram com uma ação judicial no ano de 201917-18, a prática da referida celeridade mostra-se prejudicada na macroestrutura do Poder Judiciário, ficando
nas mãos dos sujeitos processuais optar pelo uso ou requerimento dos meios que lhes favoreçam, como o negócio jurídico processual – mais teórico do que prático, até o
presente momento – e o uso de novas tecnologias para a instrução probatória.
Pautado nessa premissa, o legislador processual de 2015 reconheceu a necessidade de o Direito acompanhar a sociedade, inclusive a diversidade de demandas e questões que
surgem com a criação e evolução das novas tecnologias, sendo, inclusive, os próprios tribunais usuários e beneficiários delas, para além do mero acesso à internet ou ao

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processo digital, tendo metade dos tribunais brasileiros alcançado o uso de inteligência artificial para alguma finalidade19. Entretanto, tendo em vista criar uma lei atemporal ou
que, ao menos, não exigisse reformas na mesma velocidade das criações tecnológicas atuais, não lhe caberia especificar, individualmente, as espécies de provas digitais a serem
utilizadas no processo, mencionando tão somente, a título exemplificativo, os documentos eletrônicos (artigos 439 a 441), o depoimento pessoal (artigo 385, § 3º) e a oitiva de
testemunha (artigo 453, § 1º, e artigo 461, § 2º) realizados por videoconferência.
Nesse aspecto, o presente estudo visa analisar algumas das novas tecnologias que já podem contribuir com a instrução probatória processual, sem ter a pretensão de esgotá-las
em suas espécies, mas sim de explorar as premissas da doutrina processual e os elementos que autorizam sua utilização, uma vez que, apesar de caracterizarem novas provas,
visam à clássica função de persuasão racional, respeitado o devido processo legal.

Para tanto, faz-se necessária não somente a análise da prova em si, mas também de sua cadeia de custódia20, examinando-se a confiabilidade dos instrumentos, os órgãos e as
eventuais tecnologias utilizadas para sua produção ou obtenção e armazenamento. Em outros termos, as mudanças são significativas, de modo que não basta a mera análise da
prova sobre os fatos que integram a causa de pedir, mas é necessário que se debruce sobre a própria constituição e validação desta – a meta prova (meta-evidence)21.
3. Provas documentais
3.1. Documento cartáceo
Para que seja possível estabelecer parâmetros de segurança do documento cartáceo e do documento digital, a fim de analisar se um deles é mais efetivo do que o outro, é
necessário primeiro estabelecer os critérios que fazem com que um documento venha a ser juridicamente seguro.
Como o objetivo de um documento é registrar um ato/fato, sua segurança deve ser analisada a partir de 3 (três) critérios: (i) a autoria; (ii) a integridade (não modificação); e (iii) a
sua indestrutibilidade.
Esses três requisitos operam de maneira distinta a depender do tipo de documento. Um documento escrito necessita da identificação do autor, sob pena de não possuir validade
jurídica para a finalidade de provar determinado ato/fato. Entretanto, uma imagem não precisa da identificação do autor, na medida em que ela, assim como o vídeo, registra
exatamente o ocorrido, sem depender do relato do autor ou de um documento escrito.

Em regra, o documento cartáceo pode ser facilmente alterado, razão pela qual seu nível de integridade não é elevado22. Por outro lado, as alterações nesse tipo de documento
são mais fáceis de serem identificadas do que em um documento digital.
Em relação à indestrutibilidade, o documento cartáceo também é frágil, na medida em que sujeito às intempéries naturais (traças, fogo, umidade) e ao simples ato de destruição
humana (rasgar, cortar, triturar).
Inobstante esses pontos de fragilidade, existe um arcabouço de regras jurídicas que visa permitir que os documentos cartáceos sejam juridicamente seguros. Assim, em termos de
autoria, é possível trabalhar com os seguintes níveis de segurança23:
Nível 1 (menos seguro) – documento particular;
Nível 2 – documento particular com a presença de testemunhas;
Nível 3 – documento particular com firma reconhecida por semelhança;
Nível 4 – documento particular com firma reconhecida por autenticidade;
Nível 5 (mais seguro) – documento feito por instrumento público.

Em relação ao critério da integridade, a tabela sofre pequena alteração24:


Nível 1 (menos seguro) – documento particular;
Nível 2 – documento particular com a presença de testemunhas;
Nível 3 – documento particular que circula com cópia autenticada por Tabelião;
Nível 4 (mais seguro) – documento por instrumento público.
Por fim, em relação à indestrutibilidade, é possível identificar apenas dois níveis de segurança:
Nível 1 (menos seguro) – documento particular;
Nível 2 (mais seguro) – documento por instrumento público.
Como se pode notar, o direito, ao longo dos séculos, criou mecanismos jurídicos que trazem segurança ao documento cartáceo, seja para o reconhecimento da autoria, seja para
a preservação da integridade, seja para a preservação da indestrutibilidade do documento.
O nível mais seguro – e aquele que demonstra o alto grau de sofisticação da tutela do documento cartáceo – é o instrumento público, lavrado por Tabelião desinteressado com
presunção de fé pública, o qual é responsável por redigir todo o documento e, ao final, certificar-se de que as partes diante dele realmente desejam realizar aquele ato. Assinado o
documento, a via original fica armazenada com o Tabelião, que entrega às partes traslados da versão original.
Desta forma, o Tabelião é responsável por atestar que as partes realmente estavam presentes e desejavam realizar aquele ato e guardar a via original do documento, permitindo
assim que ele não seja posteriormente modificado (integridade) e tampouco destruído.
É verdade que, mesmo neste nível de sofisticação, não é possível garantir com absoluta precisão a segurança do documento cartáceo. O Cartório pode pegar fogo, hipótese na
qual a via original seria destruída. Ademais, o Tabelião e/ou alguma das partes, podem fazer o ato de má-fé, seja por corrupção, seja para prejudicar terceiros.
3.2. Documento digital

O documento digital é aquele produzido por sistema computacional25 (linguagem binária), independentemente da ferramenta utilizada26 (computador, gravador digital, câmeras
digitais, smartwatches, smartphones, tablets etc.).
Ele é originalmente tão inseguro quanto os documentos cartáceos. A comprovação da autoria é dificultada, na medida em que não é sequer possível realizar análise grafotécnica
da escrita e tampouco afirmar que o autor é o detentor do dispositivo informático no qual o documento foi criado.

Em relação à integridade, basta analisar a facilidade com que um documento pode ser alterado27 – seja texto, imagem, áudio e até mesmo vídeo – e os enormes problemas que
daí decorrem (montagens, deepfakes, edições, entre outros).
A indestrutibilidade, que parece ser o principal trunfo dos documentos digitais em comparação com os documentos cartáceos, não passa de um blefe. Embora o documento digital
por si só seja mais difícil de ser destruído, já que ele pode existir em diversos dispositivos e pastas ao mesmo tempo (e será sempre original, e não cópia), além de não estar
sujeito às intempéries naturais28, os dispositivos de armazenamento não foram feitos para durarem por décadas a fio. Por essa razão, dispositivos portáteis com poucos anos de
vida já não garantem mais a segurança dos dados, além de poder existir incompatibilidade entre o dispositivo de armazenamento e o dispositivo computacional (basta lembrar dos
disquetes, que não podem ser lidos em nenhum computador novo). Ademais, os dados armazenados no disco rígido de uma máquina podem ser seriamente danificados,
impedindo assim a recuperação dos documentos ali armazenados – problema que vem sendo mitigado com o armazenamento em nuvem29.
Assim como ocorreu com o documento cartáceo, é necessário que o sistema jurídico e os próprios desenvolvedores de tecnologia criem regras para tornar este tipo de documento
mais seguro em relação aos três critérios elencados, quais sejam: autoria, integridade e indestrutibilidade.
Do ponto de vista jurídico, a questão da autoria passa pela identificação de quem criou e assinou o documento. Desta forma, o Brasil possui duas leis que versam sobre o tema da
chamada assinatura. A primeira delas é a Medida Provisória 2200-2/200130, que instituiu a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).

Com a Medida Provisória 2200-2/2001, o Brasil passa a reconhecer duas formas de assinatura eletrônica, a simples e a qualificada (ou digital)31. A firma eletrônica qualificada é
aquela realizada por meio de certificado digital padrão ICP-Brasil, ao passo que a firma eletrônica simples é aquela realizada por qualquer outro sistema tecnológico que permita
aferir a autoria de quem assina. Ademais, por expressa determinação legal (art. 10 da MP 2200-2/2001), a firma eletrônica qualificada possui presunção – relativa – de autoria e
pode ser utilizada para qualquer finalidade, sem possibilidade de recusa injustificada, ao passo que a simples apenas tem validade entre as partes contratantes ou terceiros que
quiserem aceitá-la.
A Lei 14.063/2020 (LGL\2020\12790) veio sistematizar melhor o uso das assinaturas eletrônicas perante e no Poder Público, além de criar nova forma de assinatura eletrônica,
intermediária entre a simples e a qualificada, denominada firma eletrônica avançada.
Assim, a firma eletrônica avançada é aquela que utiliza certificados não emitidos pela ICP-Brasil ou outro meio de comprovação de autoria e de integridade de documentos em
forma eletrônica, desde que admitido pelas partes como válido ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento. Além disso, ela deve estar associada ao signatário de
maneira unívoca; deve ser passível de identificação de alteração posterior e garanta, com elevado nível de confiança, que o titular possa operá-la sob o seu controle exclusivo.

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Desta forma, percebe-se que o sistema jurídico brasileiro adotou mecanismos de autenticidade da assinatura a fim de tornar o documento digital tão ou mais seguro que o
documento em papel no quesito autoria. Vale destacar que o certificado digital32 segue basicamente o mesmo sistema do documento celebrado por instrumento público. A
certificadora, neste caso, faz o papel do Tabelião, terceiro desinteressado que certifica que o titular é de fato quem diz ser, entregando a ele um objeto (cartão, token etc.) que irá
servir para assinar documentos com elevado grau de proteção. Portanto, em relação à autoria, é possível elencar os seguintes níveis de segurança do documento digital:
Nível 1 (menos seguro) – Documento apócrifo ou com assinatura baseada em texto (ex.: e-mail);
Nível 2 – Firma Eletrônica Simples;
Nível 3 – Firma Eletrônica Avançada;
Nível 4 – Firma Eletrônica Qualificada;
Nível 5 – Instrumento Público celebrado por meio de firma eletrônica avançada;
Nível 6 (mais seguro) – Instrumento Público celebrado por meio de firma eletrônica qualificada.

A respeito da integridade das provas digitais33, o uso de firmas eletrônicas avançadas e qualificadas (certificado digital) possui grau de segurança elevado, que permite garantir a
integridade do documento assinado por elas34. No caso específico da firma eletrônica qualificada, o uso de criptografia assimétrica garante a impossibilidade de modificação do
documento.

A criptografia assimétrica35 é baseada no modelo de duas chaves distintas: uma privada (certificado digital) e outra pública (disponível para todos) correspondente, no qual o
documento só poderá ser aberto pela chave pública de Tício se ele foi assinado com a chave privada de Tício. Qualquer alteração do documento entre o momento de criptografar
e descriptografar não irá permitir a abertura do documento, atestando, desta forma, que ele foi adulterado36.
Assim, em relação à integridade do documento digital, é possível classificá-los da seguinte forma:
Nível 1 (menos seguro) – Documento sem criptografia;
Nível 2 – Documento com criptografia simétrica;
Nível 3 – Documento com criptografia assimétrica;
Nível 4 (mais seguro) – Documento com criptografia assimétrica que adota o modelo da Infraestrutura de Chaves Públicas do Brasil (ICP-Brasil).
Por fim, em relação à indestrutibilidade, a regra segue a dos documentos cartáceos, exatamente pela segurança do documento ser armazenado por uma autoridade pública
dotada de fé pública:
Nível 1 (menos seguro) – Documento particular;
Nível 2 (mais seguro) – Documento celebrado por instrumento público.
A compreensão dos níveis de segurança do documento digital que já existem no ordenamento jurídico brasileiro é fator crucial para afastar eventuais impugnações de autoria e
autenticidade no âmbito processual, bem como para tornar desnecessária a presença de testemunhas que validem o ato praticado, conforme estudado no próximo capítulo.
Inclusive, com o advento da Lei 14.129/2021 (LGL\2021\3997), o uso das assinaturas digitais eletrônicas pelos cidadãos e órgãos públicos passou a ser uma das diretrizes para o
aumento da eficiência da administração pública tendo em vista a desburocratização, inovação, transformação digital e participação do cidadão; havendo, inclusive, a presunção de
veracidade do documento assinado digitalmente pelo usuário do serviço público.
No âmbito judicial, deve-se interpretar a disposição do art. 439 do Código de Processo Civil, quanto à conversão de documentos eletrônicos em cópia impressa na limitação dos
processos físicos, ainda existentes em nosso país. Ainda, nessa hipótese, admite-se o depósito em cartório de mídia digital – como CD e pen drive – ao instruir um processo físico
com documentos eletrônicos, os quais devem ser depositados em quantas cópias forem as partes e, assim, ensejarão o acesso e a verificação de sua validade certificada37 nos
moldes expostos alhures.
Tratando-se de processo judicial eletrônico, admite-se a reprodução digitalizada de documento físico que, na ausência de entes públicos, tenha sua autenticidade declarada pelo
próprio advogado da parte que a apresentou, à luz do artigo 425, inciso VI, do referido Codex.
3.3. Título executivo extrajudicial

A testemunha é figura central na evolução do direito probatório38, pois, como já mencionado, ela tem como finalidade atestar a realização de um ato (autoria), a sua integridade e,
até mesmo, o pleno gozo das faculdades mentais do sujeito processual. Essa é a regra em diversas passagens da legislação civil, bastando lembrar o artigo 784, inciso III, do
Código de Processo Civil (é título executivo extrajudicial o documento particular assinado pelas partes e por ao menos duas testemunhas), o art. 1.868, inciso I, e o art. 1.876, § 1º,
ambos do Código Civil (LGL\2002\400) (testamento cerrado deve ser entregue na presença de ao menos duas testemunhas e o testamento particular deve ser subscrito por ao
menos três testemunhas).
Já observamos, também, que os documentos digitais firmados com certificado digital padrão ICP-Brasil (firma eletrônica qualificada) são capazes de atestar com elevado grau de
segurança o autor (a lei garante presunção de autoria, ex vi art. 10, § 1º, da MP 2200-2/2001) e a integridade do documento, eis que se utilizam da criptografia assimétrica39.
Desta forma, a tecnologia supre o papel das testemunhas quando, em relação ao testemunho, espera-se apenas a comprovação destes atos, tal qual na regra do título executivo
extrajudicial previsto no art. 784, III, do CPC (LGL\2015\1656).
Disto resulta a seguinte indagação: o documento particular digital firmado com certificado digital sem a presença de testemunhas pode ser considerado título executivo, mesmo
sem a presença das duas testemunhas exigidas por lei? A resposta é positiva, exatamente porque ele permite suprir, com segurança, a ausência das testemunhas.
Esta questão, inclusive, já foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.495.920/DF, de relatoria do Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, o qual, depois de
longa digressão sobre o papel das testemunhas e da tecnologia envolvendo o certificado digital, votou pelo reconhecimento do título executivo, mesmo sem a presença das
testemunhas:
“A assinatura digital realizada no instrumento contratual eletrônico mediante chave pública (padrão de criptografia assimétrico) tem a vocação de certificar – através de terceiro
desinteressado (autoridade certificadora) – que determinado usuário de certa assinatura digital privada a utilizara e, assim, está efetivamente a firmar o documento eletrônico e a
garantir serem os mesmos os dados do documento assinado que estão a ser enviados.
O padrão criptográfico de chave simétrica é aquele em que há apenas um código para criptografar ou descriptografar o documento eletrônico que é assinado, sendo que o
assimétrico ou de chave pública (e mais seguro) utiliza duas chaves diversas, no caso, uma detida por aquele que assina digitalmente e outra pela autoridade certificadora.
Quando da assinatura digital de determinado documento eletrônico, entidades certificadoras fazem gerar um arquivo eletrônico a conter os dados do titular da assinatura,
vinculando-o a uma chave e atestando a sua identidade. O art. 6º da MP 2.200/01, que Institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil, com o objetivo de
garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, esclarece que as autoridades certificadoras são “entidades credenciadas a emitir
certificados digitais vinculando pares de chaves criptográficas ao respectivo titular, compete emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados, bem como colocar à
disposição dos usuários listas de certificados revogados e outras informações pertinentes e manter registro de suas operações. Parágrafo único. O par de chaves criptográficas
será gerado sempre pelo próprio titular e sua chave privada de assinatura será de seu exclusivo controle, uso e conhecimento”. [...] A assinatura digital do contrato eletrônico,
funcionalidade que, não se deslembre, é amplamente adotada em sede de processo eletrônico, faz evidenciada a autenticidade do signo pessoal daquele que a apôs e, inclusive,
a confiabilidade de que o instrumento eletrônico assinado contém os dados existentes no momento da assinatura. A lei processual, seja em relação aos títulos executivos judiciais,
seja em relação aos executivos extrajudiciais traz como matriz a necessidade da existência de um ‘documento’, o que se pode identificar com a leitura das hipóteses ali arroladas.
O contrato eletrônico é documento, em que pese eletrônico, e ganha foros de autenticidade e veracidade com a aposição da assinatura digital. Aliás, a lei o fez assim. O art. 10 da
MP 2.200/01 considera o documento eletrônico como documento privado ou público e salienta, ainda, a veracidade das declarações nele contidas quando assinado digitalmente.
[...] Pela conformação dos contratos eletrônicos, o estabelecimento da necessidade de conterem a assinatura de 2 testemunhas para que sejam considerados executivos,
dificultaria, por deveras, a sua satisfação.
Se, como ressalta a referida doutrinadora, agrega-se a eles autenticidade e integridade mediante a certificação eletrônica, utilizando-se a assinatura digital devidamente aferida
por autoridade certificadora legalmente constituída, parece-me mesmo desnecessária a assinatura das testemunhas.” (grifos do original)
A decisão, que já é seguida por Tribunais estaduais, em breve, enfrentará novos questionamentos, principalmente depois da regulação das assinaturas avançada pela Lei 14.063/
2020 (LGL\2020\12790), que permite a utilização de outros modelos de certificação digital – em tese tão seguros quanto – que não seguem o padrão ICP-Brasil. Assim,
certamente surgirão questionamentos sobre a desnecessidade das testemunhas nos documentos firmados com firma avançada, quando os padrões de segurança forem
semelhantes aos do certificado digital.
Vale dizer, a este respeito, que a presunção de autoria prevista na MP 2200-2/2001 é aplicável somente à firma qualificada. Por outro lado, naquela época, não se falava, ainda, na
tecnologia da hoje, conhecida como firma eletrônica avançada, que poderá, em breve, ter o mesmo reconhecimento da firma eletrônica qualificada, com a vantagem de ser
certamente mais barata para todos os interessados, permitindo assim, quem sabe, a desejável popularização das assinaturas eletrônicas.
3.4. Ata notarial

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A ata notarial ganhou especial atenção do legislador de 2015 ao ser incluída expressamente no capítulo relativo às provas (art. 384), o que não nos parece ser resultado de uma
necessidade de autorização ou tipicidade deste documento como prova, considerando já ser esta admitida como espécie atípica anteriormente e, além disso, já se encaixar no
gênero de provas documentais. Ainda, trata-se de espécie de prova documental que já estava destacada no atual cotidiano forense, justamente por atribuir autenticidade, por meio
da fé pública, a fatos jurídicos que pudessem ser modificados posteriormente, como grande parte dos dados disponibilizados nos meios digitais.
Se, por um lado, a inovação legislativa sanou quaisquer eventuais dúvidas quanto à aptidão desta espécie probatória já tão utilizada para trazer confiabilidade ao conteúdo e à
autoria de determinados fatos, por outro, deixou de tratar de tecnologias que teriam o mesmo fim, optando o legislador pela burocratização notarial em detrimento das novas
tecnologias40.
Sem prejuízo, a doutrina tem estudado a tecnologia blockchain como alternativa à função notarial e, em realidade, como alternativa a qualquer documento escrito, inclusive
público, tornando desnecessária a atuação de uma autoridade para certificá-lo.
Trata-se de tecnologia caracterizada como um banco de dados distribuído, compartilhado e criptografado, que serve como um repositório público, irreversível e incorruptível de
informação41, no qual cada dado será inserido à cadeia de transações mediante assinatura eletrônica e formação de vínculo com os dados anteriores, de forma sucessiva e
distribuída em diferentes servidores, formando a chain, ou, ainda, pela definição que se pretende introduzir o Projeto de Lei 3.443/2019, é “o sistema que funciona como
instrumento de registro em blocos, permitindo a transferência de informações criptografadas, sem a existência de autoridade central de validação”42. Em analogia ao serviço
notarial, equivaleria a um conjunto de livros de registros sucessivos, com referências aos anteriores (como matrículas de desmembramento), disponibilizados em ambiente público,
compartilhado e universal43.

Por não se tratar, a princípio, de tecnologia acessível a todos, há empresas especializadas44 em realizar este tipo de armazenamento e verificação, e algumas delas, inclusive,
trazem custo inferior à ata notarial.
Portanto, utilizando-se deste recurso, a parte que deseje produzir prova documental de fato disponibilizado na internet, por exemplo, pode registrar o conteúdo e o momento exato
de acesso armazenando-os com a referida tecnologia, gerando uma timestamp que pode ser verificada pela parte contrária e pelo próprio juiz – inclusive mediante inspeção
judicial, sem a necessidade de assistência pericial, uma vez que o próprio prestador do serviço tecnológico autenticará a confiabilidade da prova.
Contudo, tratando-se de tecnologia recente em nossa sociedade e distante da regulamentação usual brasileira, seu uso limita-se, por ora, ao setor privado, deixando de gozar da
fé pública inerente aos órgãos públicos, autarquias e prestadores delegados, como ocorre com a ata notarial45, já contando, todavia, com a presunção de veracidade disciplinada
pelo artigo 26 da Lei 14.129/2021 (LGL\2021\3997).
Assim, o registro armazenado por meio do uso de blockchain não substitui, de forma literal e absoluta, o caráter de documento público que usufrui a ata notarial. Entretanto,
apresenta a mesma finalidade e confiabilidade daquela, inobstante a ausência de fé pública, o que, à luz da atipicidade das provas e da instrumentalidade das formas, parece-nos
suficiente no âmbito do processo judicial, apesar de ainda estarmos longe de possuir jurisprudência46 ou legislação específica a respeito.
De todo modo, a atual abstinência de legislação a respeito não traz a necessária segurança jurídica almejada pelo jurisdicionado, o qual, ao utilizar-se de novas tecnologias, visa
facilitar e reduzir os custos da instrução probatória, não se mostrando tão pertinente fazê-lo se sua utilização se tornar uma questão processual sobre sua cadeia de custódia.
4. Exibição de documento ou coisa

Na atual era digital, há verdadeira superdocumentação47 dos fatos como consequência da facilidade e acessibilidade que dispõem as pessoas, as empresas e os entes públicos à
gravação de imagem e voz. Para além dessas, há também a geração de dados de tráfego involuntárias e automáticas pelo uso de dois sistemas distintos computacionais, como o
de um usuário e o de um site de pesquisa, ou de um aplicativo de delivery, ou mesmo para nos comunicarmos virtualmente com conhecidos, gerando um fluxo telemático48 e
consequentes dados. Estima-se que, a cada segundo, são produzidos o equivalente a duas Bibliotecas Nacionais da França em quantidade de dados (63 milhões de Bibliotecas
Nacionais da França por ano) e, ainda, que 90% de todos os dados existentes desde o surgimento da humanidade tenham sido produzidos nos últimos dois anos49.
Referidos dados podem ser e, cada vez mais são, necessários à comprovação dos fatos juridicamente tutelados, podendo ser objeto de instrução probatória tanto quanto a fatos já
ocorridos, por meio da quebra de sigilo de dados armazenados, ou por fatos contemporâneos à demanda, que exigem a interceptação em tempo real – limitada às demandas
penais50.
Alguns destes dados encontram-se disponíveis nas chamadas “fontes abertas on-line”, tais como jornais e revistas eletrônicos, redes sociais, plataformas de vídeo, sites de
entidades públicas, sites de pesquisa e visualização de mapas, entre outros, os quais disponibilizam informações na internet mediante simples acesso ou cadastro51, de modo que
não exigem mandado judicial ou outras medidas coercitivas para o seu acesso52, podendo ser apresentados pelas partes ou mesmo pelo magistrado, o qual poderá realizar
inspeção judicial sem a necessidade de assistência pericial, por exemplo, quando a parte indica o endereço URL no qual está disponível conteúdo que alega ofender sua honra.
Outros dados, contudo, usufruem da proteção constitucional da intimidade, da vida privada e dos dados pessoais, conforme se interpreta da leitura conjunta, em maior ou menor
especialidade, do artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal, do artigo 7º e seus incisos, especialmente I, II, III, VII e VIII, do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014
(LGL\2014\3339)), do artigo 7º e seus incisos, bem como do artigo 17, ambos da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018 (LGL\2018\7222)), sem prejuízo dos tratados e
das convenções internacionais. Estes, necessariamente, dependem de autorização judicial para seu uso como prova lícita e válida, tendo a LGPD, inclusive, atribuído o ônus
probatório ao controlador quanto ao consentimento do titular ao tratamento aplicado aos dados (artigo 8º, § 2º).
É prática forense usual a solicitação de expedição de ofícios a órgãos públicos, como a Receita Federal e o Banco Central via sistemas Sisbajud, InfoJud e Sniper para o
fornecimento de dados pessoais cadastrais como endereço domiciliar do réu (tendo em vista a sua citação), bem como para o cumprimento de medidas cautelares, antecipatórias
ou satisfativas decorrentes de decisão judicial, como o bloqueio de bens móveis e imóveis, ou transferência de ativos financeiros. Do mesmo modo, órgãos públicos e empresas
privadas podem ser oficiados a colaborar com a instrução probatória processual, nos limites da legislação especial sobre o tema.
Nesse sentido, a parte e o Ministério Público poderão, em medida antecipatória de produção de provas ou incidentalmente à demanda judicial já formada, requerer a expedição de
ofício a agentes de tratamento de dados (controladores e o operadores)53 para que forneçam registros de conexão – como o endereço IP utilizado, a data e o horário de um
acesso à internet – ou de acesso a aplicações de internet –, como os sites acessados –, bem como dados pessoais e o conteúdo de comunicações privadas, à luz dos artigos 10,
13 e 22 do Marco Civil da Internet. Não se trata de uma das hipóteses de prova a ser determinada de ofício.
A legislação especial exige que o pedido seja elaborado sobre fatos específicos, usufruindo de fundados indícios da ocorrência do ilícito, com motivada justificativa da utilidade dos
registros solicitados para fins de investigação ou instrução probatória, e com o período específico determinado ao qual se referem tais registros; de modo a viabilizar o
cumprimento da determinação judicial nos limites da questão ou demanda e proteger os demais dados do titular.
Em consonância com a legislação processual relativa à exibição de documento, deve-se elaborar o pedido, para parte ou terceiro, de modo a esclarecer, também, a finalidade da
prova a ser formada e as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.
Nas provas almejadas em que haja sistemas, práticas ou ferramentas de segurança como a criptografia (por exemplo, mensagens trocadas pelo aplicativo WhatsApp), é
aconselhável a elaboração de uma cadeia de custódia de sua decodificação, sempre que possível, tendo em vista manter sua integridade e, consequentemente, seu nível de
segurança e confiabilidade. No RHC 99.735, por exemplo, fora considerada prova ilícita as mensagens extraídas do aplicativo supracitado por sua reprodução no recurso
WhatsApp Web54, em razão, principalmente, da impossibilidade de certificar sua integridade, como consequência da ferramenta de “apagar mensagem” disponibilizada pelo
aplicativo55-56.
Cabe notar, contudo, que o administrador ou provedor somente está legalmente obrigado a armazenar os dados de registro de conexão por um ano (art. 13), e os dados de
aplicação de internet por seis meses (art. 15), prazos significantemente menores do que os prazos civis de prescrição, dando especial utilidade ao procedimento de produção
antecipada de provas neste aspecto. Ademais, o acesso a estes dados é restrito e o procedimento está previsto no Decreto 8.771/2016 (LGL\2016\81224), que regulamenta o
Marco Civil da Internet.
5. Perícia e inspeção judicial

As novas tecnologias relacionam-se com a prova pericial e a inspeção judicial57, a princípio, sob o aspecto de reduzir a necessidade de uso destas nos moldes que anteriormente
estávamos habituados. Isso porque as demais espécies aqui estudadas, principalmente as documentais produzidas com o uso de novas tecnologias como a assinatura eletrônica,
o blockchain e tantas outras, dispensam a análise de um técnico quanto à autoria e veracidade das provas, como o exame grafotécnico tão comum nas décadas anteriores, o que
traz celeridade e redução de custos ao processo, em consonância com o enfoque expressado na Exposição de Motivos58 da legislação atual. Portanto, referidas espécies
probatórias restam cada vez mais reservadas a questões processuais que exijam o trabalho humano.
Sem prejuízo deste aspecto de exclusão, as novas tecnologias trazem, ainda, a análise desta espécie probatória sob dois enfoques: o objeto da perícia ou inspeção e a forma de
realizá-las.
Em relação ao objeto, os dados gerados por interações entre sistemas eletrônicos podem, conforme já tratado anteriormente, ser exigidos diretamente ao provedor ou
administrador da rede, mediante expedição de ofício ou integração do terceiro à demanda, tendo por objeto a instrução processual. Contudo, a alternativa é a apreensão,
precedida de ordem de exibição ou mandado de busca, do próprio dispositivo eletrônico que gerou ou disponibilizou os dados, como computadores e celulares, a qual deverá ser
sucedida de perícia técnica “forense digital”59, atendendo às diretrizes para atividades de identificação, coleta, aquisição e preservação de evidências digitais que possam possuir
valor probatório, conforme ABNT NBR ISO/IEC 27037:2013.

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Mesmo na hipótese de o material ser entregue voluntariamente e acompanhado de esclarecimentos da parte sobre seu conteúdo, especialmente, diante das sucessivas
tecnologias criadas de modo a substituir as anteriores, bem como os diversos formatos de arquivos e seus diferentes softwares leitores, é possível que seja necessário um técnico
especializado – ou que possua equipamentos especializados – para habilitar a leitura dos dados60, inclusive de dados já considerados apagados ou corrompidos, não sendo
atribuição do magistrado fazê-lo sem assistência.
Se não o equipamento em si, muitos órgãos públicos e empresas privadas têm contratado sistemas internos exclusivos para tratamento de seus dados que se mostram
inacessíveis e incompreensíveis a terceiros, o que pode exigir a análise de um perito, eventualmente complementada pela prova oral dos funcionários habilitados a operar no
sistema.
Mesmo nas hipóteses de fontes abertas on-line – também tratadas em tópico supra –, é possível que uma das partes impugne a autenticidade, por exemplo, de um print de tela
que vise provar determinado conteúdo disponibilizado on-line, ensejando a análise técnica para averiguar eventual adulteração dos dados ali representados, ou mesmo eventual
alteração do conteúdo disponibilizado no link URL informado no processo, ainda que por terceiros, ensejando a análise da cadeia de custódia da prova acostada – o que
demonstra a vantagem, nos quesitos custo, confiabilidade e facilidade, da prova produzida com tecnologia blockchain ou por meio de ata notarial.
Portanto, sem qualquer pretensão de esgotar os exemplos de tecnologias e seus produtos que podem ser objeto de análise técnica, resta claro que diversas espécies já são
aceitas pelo Poder Judiciário brasileiro como objeto de análise pericial, sendo plenamente válidas e usufruindo da confiabilidade atribuída pelo assistente do magistrado, no caso
de inspeção judicial, ou do perito nomeado, no caso de perícia.
Por outro lado, o uso das novas tecnologias tem se mostrado limitado aos instrumentos necessários para a análise e aos próprios dados entregues ou apreendidos, não tendo sido
notado, até o presente momento, relevância no modo de se realizar a prova em questão.

Em outros termos, ainda não é uma realidade brasileira a realização de perícias não somente sobre as novas tecnologias, mas usufruindo delas, como eventual perícia médica61
em semelhança às consultas médicas virtuais62 e audiências virtuais, tratadas a seguir.
Este fato, contudo, não necessariamente nos leva a uma crítica em seu modo pejorativo, pois, diante da ampliação do rol de fatos que podem ser provados mediante
documentação com uso de novas tecnologias, resta à prova pericial a análise mais minuciosa das questões processuais fáticas e técnicas, as quais, muitas vezes, ainda exigem a
atuação presencial e humana.
6. Depoimento pessoal e prova testemunhal

A oralidade não é uma das características predominantes do processo civil brasileiro63, o qual dispõe de um severo sistema de preclusões e, na prática forense, cada vez menos
audiências, mesmo se disciplinada como obrigatória pelo legislador, sob o fundamento de haver sobrecarga no Poder Judiciário brasileiro e de serem igualmente suficientes as
razões escritas para a formação da cognição do magistrado.
A prova testemunhal também tem tido sua importância reduzida ao longo dos últimos séculos, consoante o estudado adrede, diante da ampla segurança que as demais espécies
probatórias têm trazido à instrução processual. Ainda, muitas testemunhas, no âmbito civil, sequer presenciaram o fato jurídico debatido, tendo tão somente atuado de modo a
tornar, por exemplo, um contrato particular em título executivo extrajudicial – conforme tratado anteriormente –, o quem vem se intensificando com as assinaturas eletrônicas e a
desnecessidade de realização de negócios jurídicos presencialmente.
Ocorre, contudo, que as novas tecnologias vieram de modo a reduzir algumas das desvantagens das provas orais, não se interpretando mais de forma literal o comparecimento
pessoal em juízo de que tratam o artigo 139, inciso VIII, e o artigo 379, inciso I, da legislação processual, uma vez introduzidos o depoimento e a oitiva realizados mediante
videoconferência, conforme autorizam os artigos 236, § 3º, art. 385, § 3º, 453, § 1º, todos do Código de Processo Civil.

Inobstante a retirada do princípio da identidade física do juiz da legislação processual civil atual64, deve-se atribuir como mérito da introdução das tecnologias típicas (leia-se
videoconferência) a possibilidade de o próprio juiz natural da causa participar da produção da prova oral de qualquer parte ou terceiro. É dizer, o magistrado terá acesso à
linguagem corporal e à entonação da voz do depoente ou da testemunha, em tempo real e/ou mediante gravação, armazenada por imagem e áudio, podendo ser acessada
novamente pelo próprio juiz e, inclusive, em segundo grau de jurisdição.

Referida adaptabilidade da prova oral às novas tecnologias tem sido chamada de “imediação virtual”65, a qual mostra-se mais adequada à dinâmica da sociedade atual, tornando o
contraditório mais acessível em um país com a extensão geográfica e diferenças socioeconômicas do Brasil e, uma vez mais, atendendo aos anseios de adequação e melhoria na
prestação da tutela jurisdicional visados pelo legislador de 2015.
Isso porque a versão virtual das provas orais não objetiva a substituição dos antigos métodos presenciais de modo absoluto, mas sim a substituição de meios que se mostravam
mais dispendiosos às partes – como audiências em outras comarcas e estados –, mais morosos ao processo – como a necessária expedição de carta precatória – e menos
adequados à prestação de uma tutela jurisdicional justa – como a realização da oitiva de testemunha por juiz diverso daquele que proferirá a sentença. Já há casos, inclusive, nos
quais a audiência fora realizada pelo aplicativo WhatsApp66, possibilitando o acesso do cidadão de baixa renda ao Poder Judiciário de sua própria casa e sem qualquer custo
adicional à tecnologia já por ele utilizada em seu cotidiano.
Deste modo, nos limites alcançáveis pela disciplina processual e pelas tecnologias criadas até o momento, foi possível reduzir o custo do acesso à justiça e a morosidade
decorrente da sobrecarga do Poder Judiciário brasileiro, ampliando a confiabilidade e efetividade da prova oral em dois dos grandes problemas no processo civil moderno67-68.
7. Produção antecipada de prova
A produção antecipada de provas é procedimento no qual se produz qualquer dos meios de provas admissíveis no procedimento comum, desde que haja fundado receio de que
venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; ou de que a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição
ou outro meio adequado de solução de conflito; ou, por fim, tendo em vista o prévio conhecimento dos fatos de modo a justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
Portanto, trata-se de procedimento aplicável a qualquer das provas estudadas alhures – como a exibição de dados e registros durante o prazo legal de armazenamento pelo
administrador ou provedor, anteriormente à prescrição civil, conforme tratado no tópico de exibição de documento ou coisa –, destacando-se, em acréscimo, entre as provas
digitais, o e-discovery.
Trata-se do conjunto de arquivos, com quaisquer tipos de informações armazenadas eletronicamente, produzido pelas partes, usualmente em fases pré-processuais do common
law, tendo por meta a provisão de êxito das partes na demanda a ser iniciada69. Nos Estados Unidos, inclusive, a matéria já foi objeto de inclusão na legislação processual por
meio de reformas legislativas70-71, tratando-se de prática mais usual naquele país, especialmente, por seu alto custo inacessível para grande parte dos litigantes brasileiros.
No âmbito do civil law, especialmente diante das modificações introduzidas pelo legislador processual de 2015, tencionando prestigiar os meios alternativos de solução de
conflitos, inclusive pré-processuais, vislumbra-se uma oportunidade para as partes usufruírem das novas tecnologias, uma vez mais, não somente com o intuito de vencer uma
demanda judicial, mas também de modo a evitá-la.
8. Conclusão
A doutrina clássica e os princípios do direito processual civil, especialmente a instrumentalidade das formas e a atipicidade das provas, oportunizam aos jurisdicionados o uso de
todos os meios probatórios em direito admitidos, de forma ampla. Lidos em conjunto com as novas diretrizes processuais, notavelmente a duração razoável do processo – que
apesar de já ser uma garantia constitucional, vem ganhando cada vez mais relevância – e a adequação do processo à demanda e à tutela jurisdicional pleiteada, resultam num
processo civil mais flexível e aberto para o uso de novas tecnologias que lhe reduzem custo, tempo e inseguranças.
Neste aspecto, os documentos digitais assinados nos moldes regulamentados pela Medida Provisória 2.200-2/2001 e pela Lei 14.063/2020 (LGL\2020\12790) possuem níveis de
segurança equivalentes aos documentos cartáceos usualmente aceitos, trazendo as vantagens de reduzir impugnações quanto à sua autoria e integridade. Ainda, documentos
emitidos com o uso da tecnologia blockchain – ou semelhantes que existam ou venham a existir – podem substituir, em sua finalidade, o uso da ata notarial, de modo a reduzir os
custos da litigância.
Já em relação aos dados digitais, caso disponibilizados em fontes abertas da internet, podem ser objeto de inspeção judicial sem a necessidade de assistência técnica ao
magistrado – caso a parte não tenha se precavido com o registro via blockchain, ou mesmo com a ata notarial –, enquanto aqueles protegidos pela legislação constitucional e
especial poderão ser solicitados ao administrador ou provedor, durante o período que lhes cabe armazená-los e mediante pedido fundamentado e individualizado da parte, tendo
em vista a comprovação dos milhares de dados que geramos na sociedade atual em atos simples do cotidiano e que, eventualmente, venham a ser uma questão processual.
Ainda, a prova pericial forense digital será capaz de interpretar eventuais dados exibidos ou apreendidos que não estejam aptos à leitura do homem médio, bem como demonstrar
a cadeia de custódia diante de eventual impugnação quanto à prova utilizada. Ademais, na hipótese de os dados não serem exibidos pelas partes ou pelo terceiro intimado ou
oficiado, a perícia poderá recair sobre os próprios equipamentos responsáveis pela emissão ou pelo recebimento dos dados que se visa utilizar na demanda processual.
As provas orais, como a testemunhal e o depoimento pessoal, conforme já previstas pelo legislador, poderão ser realizadas mediante videoconferência, trazendo a redução de
custos e a almejada celeridade processual à realidade dos tribunais brasileiros, além de possibilitarem o contato do juiz da causa, inclusive do segundo grau de jurisdição, à
linguagem corporal e entonação da voz do depoente ou da testemunha, propiciando maior confiabilidade à valoração exercida pelo magistrado.
Por fim, referidas provas podem ser produzidas de forma antecipada ou incidental ao processo, parecendo-nos vantajosa a primeira hipótese para a parte que possui prazo
prescricional de dois ou mais anos – comum na esfera cível –, mas que pretende se utilizar de dados armazenados pelo administrador ou provedor por tempo inferior, bem como à
parte que, pretendendo resolver a demanda de forma consensual ou provisionar sua estimativa de êxito, usufrua o e-discovery, em semelhança ao direito estadunidense.

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Assim, depreende-se a relevância que as novas tecnologias trouxeram à instrução probatória do processo civil não somente por meio de novas espécies probatórias, mas também
de modo a facilitar o uso das espécies típicas que, por razões como a distância geográfica ou o alto custo, estavam tornando o processo civil oneroso ou inadequado às demandas
atuais.
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2 .CHIAVASSA, Marcelo de Mello Paula Lima; ANDRADE, Vitor Morais de. Manual de direito digital. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2020. p. 86-88.

3 .VOGEL, Michely Jabala Mamede. A noção de estrutura lingüística e de processo de estruturação e sua influência no conceito e na elaboração de linguagens documentárias.
2007. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, 2007.

4 .ZOLNERKEVIC, Igor. Registros do cartáceo. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo, n. 209, p. 47-49, jul. 2013.

5 .DINIZ, Davi Monteiro. Documentos eletrônicos, assinaturas digitais: um estudo sobre a qualificação dos arquivos digitais como documentos. Revista de Direito Privado, São
Paulo, v.6, p. 52-95, abr.-jun. 2001.

6 .No Código de Hamurabi, o autor que não apresentasse suas testemunhas era tido como mentiroso (arts. 9º, 10 e 11). No Código de Manu, provavelmente, a legislação antiga
que melhor tenha regulado os meios de prova, se não houvesse consenso entre as testemunhas, o Rei deveria adotar a tese defendida pelo maior número de testemunhas; em
caso de empate, em favor das testemunhas mais distintas por seu mérito; se persistisse o empate, pelos Djivas mais perfeitos (art. 59). No direito romano, os negócios jurídicos
(nexum e mancipium) tinham força de lei quando eram celebrados na presença de testemunhas (art. 1, Tábua Sexta, da Lei das XII Tábuas). Essas passagens permitem
compreender que as testemunhas eram o principal meio de prova do direito antigo; eram, portanto, fundamentais para a segurança jurídica dos atos da época (lícitos, ilícitos,
comerciais ou de qualquer natureza).

7 .LOPES JR., Aury. Direito processual penal.18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 207.

8 .MICHAELIS. Dicionário escolar língua portuguesa. 4. ed. São Paulo: Melhoramentos, 2016. p. 752.

9 .TEPEDINO, Gustavo; BARBOZA, Heloísa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de. Código Civilinterpretado conforme a Constituição da República. Rio de Janeiro: Renovar,
2004. t. I, p. 425.

10 .CHIAVASSA, Marcelo de Mello Paula Lima; ANDRADE, Vitor Morais de. Manual de direito digital. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2020. p. 131-132.

11 .Interpretando-se como tratamento toda operação realizada com dados pessoais, como as que se referem à coleta, à produção, à recepção, à classificação, à utilização, ao
acesso, à reprodução, à transmissão, à distribuição, ao processamento, ao arquivamento, ao armazenamento, à eliminação, à avaliação ou ao controle da informação,
modificação, comunicação, transferência, difusão ou extração, à luz do artigo 5º, inciso X, da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018).

12 .CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 82.

13 .Vide, a título exemplificativo: arts. 4º, 6º e 139, inciso II, do Código de Processo Civil.

14 .NERY JR., Nelson. Princípios do processo na Constituição Federal. 13. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: ed. RT, 2017. p. 372.

15 .A este respeito: CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Briant. O acesso à justiça. Tradução Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988.

16 .De acordo com informações disponibilizadas pelo próprio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo disponíveis em: [www.tjsp.jus.br/QuemSomos]. Acesso em: 17.03.2021.

17 .Conselho Nacional de Justiça. Justiça em Números 2020. Brasília, 2020. p. 99.

18 .Contudo, referido dado não pode ser interpretado de forma literal, considerando-se que os maiores litigantes são repetitivos, sendo principalmente entes públicos e instituições
bancárias. A este respeito, Conselho Nacional de Justiça. 100 maiores litigantes. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2012.

19 .SALOMÃO, Luis Felipe (Coord.). Tecnologia aplicada à gestão dos conflitos no âmbito do Poder Judiciário brasileiro. São Paulo: Centro de Inovação, Administração e Pesquisa
do Judiciário da Fundação Getulio Vargas (CIAPJ/FGV), 2021. p. 65-70.

20 .Definida, pela Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça, como “o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história
cronológica do vestígio, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte” (Portaria 82/2014) e, depois, incluído em semelhança no art. 158-A do
CPP, com a redação dada pelo Pacote Anticrime – Lei 13.964/2019.

21 .CABRAL, Antonio do Passo. Processo e tecnologia: novas tendências. In: LUCON, Paulo Henrique dos Santos et al. (Coords.). Direito, processo e tecnologia. São Paulo: ed.
RT, 2020. p. 95.

22 .OLIVEIRA, Fernanda Rosa de Vasconcelos. A força probante dos documentos digitalizados: eficiência versus segurança jurídica. Revista Caderno Virtual, Brasília, v. 1, n. 46,
p. 14, 2020.

23 .CHIAVASSA, Marcelo de Mello Paula Lima; ANDRADE, Vitor Morais de. Manual de direito digital. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2020. p. 132.

24 .Ibidem, p. 132.

25 .GANDINI, João Agnaldo Donizeti. A validade jurídica dos documentos digitais. Revista de DireitoPrivado, São Paulo, v. 805, p. 83-98, nov. 2020.

26 .DELGADO MARTÍN, Joaquín. Judicial-Tech, el proceso digital y la transformación tecnológica de la justicia: obtención, tratamiento y protección de datos en la justicia. Madrid:
Wolters Kluwer, 2020. p. 55.

27 .CLEMENTINO, Edilberto Barbosa. Processo judicial eletrônico. Curitiba: Juruá, 2008. p. 209.

28 .ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Revista de Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 2, p. 15-27, maio-ago. 2004.

29 .PRADO, Geraldo. Breves notas sobre o funcionamento constitucional da cadeia de custódia da prova digital. Palestra intitulada “A interface entre o Direito Digital e o Processo
Penal”, proferida no âmbito do Ciclo Permanente de Palestras com o tema “Consequências do Uso da Inteligência Artificial no Processo Penal”. Núcleo de Estudo Luso-Brasileiro

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da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (NELB), 20 de jan. 2021.

30 .BRASIL. Medida Provisória 2.200-2, de 24 de agosto de 2001. Institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de Tecnologia
da Informação em autarquia, e dá outras providências. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/antigas_2001/2200-
2.htm#:~:text=2200%2D2&text=MEDIDA%20PROVIS%C3%93RIA%20No%202.200,autarquia%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias]. Acesso em:
20.03.2021.

31 .SCHMITZ, Carlos André Aita et al. Consulta remota – Fundamentos e prática. Artmed: Porto Alegre, 2020. p. 27.

32 .MENKE, Fabiano. A criptografia e a infraestrutura de chaves públicas brasileira (ICP-Brasil). CadernoEspecial – A regulação da criptografia no direito brasileiro, São Paulo, v. 1,
p. 83-97, dez. 2018.

33 .Neste sentido o Enunciado 297 da IV Jornada de Direito Civil prevê que: “O documento eletrônico tem valor probante, desde que seja apto a conservar a integridade de seu
conteúdo e idôneo a apontar sua autoria, independentemente da tecnologia empregada.” (Enunciado 297. IV Jornada de Direito Civil. Ministro Ruy Rosado de Aguiar. Disponível
em: [www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/278]. Acesso em: 20.03.2021.)

34 .MENKE, Fabiano. Op. cit.

35 .MENKE, Fabiano. Assinaturas digitais, certificados digitais, infra-estrutura de chaves públicas brasileiras e a ICP alemã. Doutrinas Essenciais de Responsabilidade Civil, v. 8,
p. 1169-1180, out. 2011.

36 .MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. O documento eletrônico como meio de prova. DoutrinasEssenciais de Processo Civil, São Paulo, v. 4, p. 525-569, out. 2011.

37 .RINALDI, Luciano. Comentários aos artigos 439 a 441. In: CABRAL, Antonio do Passo; CRAMER, Ronaldo (Coords.). Comentários ao novo Código de Processo Civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2016. p. 637.

38 .CINTRA, Marcelo Zarif. Prova testemunhal, contradita, acareação e testemunha referida. DoutrinasEssenciais de Processo Civil, São Paulo, v. 4, p. 389, out. 2011.

39 .DIDIER, Fredie; ALEXANDRIA, Rafael. O uso da tecnologia blockchain para arquivamento de documentos eletrônicos e negócios probatórios segundo a Lei de Liberdade
Econômica. Inteligência Artificial e o direito processual: 2020. Disponível em: [www.academia.edu/43234884/
O_uso_da_tecnologia_blockchain_para_arquivamento_de_documentos_eletr%C3%B4nicos_e_neg%C3%B3cios_probat%C3%B3rios_segundo_a_Lei_de_Liberdade_Econ%C3%B
Acesso em: 20,03.2021.

40 .DELLORE, Luiz. Processo de conhecimento e cumprimento de sentença – Comentários ao CPC de 2015. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Método, 2018. v. 2, p. 359-361.

41 .WRIGHT, Aaron; DE FILIPPI, Primavera. Decentralized blockchain technology and the rise of lex cryptographia, 2015, p. 02. Disponível em: [https://papers.ssrn.com/sol3/
papers.cfm?abstract_id=2580664]. Acesso em: 18.03.2021.

42 .Artigo 4º, inciso X, do Projeto de Lei 3.443/2019. Disponível em: Portal da Câmara dos Deputados [www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=2207511#tramitacoes]. Acesso em: 27.03.2021.

43 .CARACIOLA, Andrea; ASSIS, Carlos Augusto de; DELLORE, Luiz. Prova produzida por meio de blockchain e outros meios tecnológicos: equiparação à ata notarial? In:
LUCON, Paulo Henrique dos Santos et al. (Coords.). Direito, processo e tecnologia. São Paulo: ed. RT, 2020. p. 67-68.

44 .A título exemplificativo: Open timestamps, disponível em: [https://opentimestamps.org/] e Original My, disponível em: [https://originalmy.com/].

45 .ARRUDA, ALVIM, José Manoel de. Manual de direito processual civil – Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 17. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: ed. RT,
2017. p. 880.

46 .A este respeito, a jurisprudência ainda é tímida. O Agravo de Instrumento 2237253-77.2018.8.26.0000 (TJSP) fora interposto tendo em vista a reforma da decisão de 1º grau
por meio da qual fora indeferida a tutela antecipada que, entre outros pleitos, visava à “abstenção de comunicação a terceiros dos requerimentos e dos termos da demanda”, sob o
fundamento de risco de exclusão do conteúdo ofensivo disponibilizado na internet antes da instrução probatória. A Desembargadora Relatora, Fernanda Gomes Camacho,
manteve a denegação da tutela, por entender que, diante da afirmação do Agravante de que “providenciou a preservação de todo o conteúdo via Blockchain”, portanto, “não se
justifica a pretensão de abstenção de comunicação de terceiros a respeito dos requerimentos do agravante e dos termos da demanda”, negando provimento ao recurso. (TJSP; AI
2237253-77.2018.8.26.0000, rel. Des. Fernanda Gomes Camacho, 5ª Câm. Dir. Priv., 3ª Vara Cível, j. 19.12.2018, data de registro: 19.12.2018.)

47 .CABRAL, Antonio do Passo. Op. cit., p. 93.

48 .MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis; BARBOSA, Daniel Marchionatti. Dados digitais: interceptação, busca e apreensão e requisição. In: LUCON, Paulo Henrique dos
Santos et al. (Coords.). Direito, processo e tecnologia. São Paulo: ed. RT, 2020. p. 478.

49 .CHIAVASSA, Marcelo de Mello Paula Lima; ANDRADE, Vitor Morais de. Manual de direito digital. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2020. p. 276-277.

50 .Ibidem, p. 481.

51 .NASCIMENTO, Bárbara Luiza Coutinho do. Provas digitais obtidas em fontes abertas na internet – Conceituação, riscos e oportunidades. In: LUCON, Paulo Henrique dos
Santos et al. (Coords.). Direito, processo e tecnologia. São Paulo: ed. RT, 2020. p. 119.

52 .Human Rights Center, UC Berkeley School of Law. The New Forensics: using open source information to investigate grave crimes. Disponível em: [https://
humanrights.berkeley.edu/sites/default/files/publications/bellagio_report_july2018_final.pdf]. Acesso em: 21.03.2021.

53 .Pessoas naturais ou jurídicas, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais (controlador) ou que realizam o
tratamento de dados pessoais em nome do controlador (operador), à luz do art. 5º, incisos VI, VII e IX, da LGPD.

54 .“O WhatsApp Web e o WhatsApp para Computador são extensões da conta do WhatsApp que você usa no seu celular. As mensagens que você envia e recebe são
sincronizadas entre seu celular e seu computador, de modo que você possa visualizá-las em ambos os aparelhos.” Disponível em: [https://faq.whatsapp.com/web/download-and-
installation/about-whatsapp-web-and-desktop]. Acesso em: 20.03.2021.)

55 .“[...] é possível, com total liberdade, o envio de novas mensagens e a exclusão de mensagens antigas (registradas antes do emparelhamento) ou recentes (registradas após),
tenham elas sido enviadas pelo usuário, tenham elas sido recebidas de algum contato. Eventual exclusão de mensagem enviada (na opção ‘Apagar somente para Mim’) ou de
mensagem recebida (em qualquer caso) não deixa absolutamente nenhum vestígio, seja no aplicativo, seja no computador emparelhado, e, por conseguinte, não pode jamais ser
recuperada para efeitos de prova em processo penal, tendo em vista que a própria empresa disponibilizadora do serviço, em razão da tecnologia de encriptação ponta-a-ponta,
não armazena em nenhum servidor o conteúdo das conversas dos usuários.” (RHC 99.735/SC, rel. Min. Laurita Vaz, 6ª T., j. 27.11.2018, DJe 12.12.2018.)

56 .MOURA, Maria Thereza Rocha de Assis; BARBOSA, Daniel Marchionatti. Op. cit., p. 483.

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09/12/2023, 18:37 Envio | Revista dos Tribunais

57 .Neste tópico, tratamos da inspeção judicial assistida por peritos, uma vez que a simples inspeção judicial realizada pelo magistrado na forma de acesso a dados
disponibilizados na internet fora tratada nos tópicos sobre Exibição de documento ou coisa e Ata notarial, supra.

58 .BRASIL. Código de Processo Civil e normas correlatas. 7. ed. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015. p. 24-37. Disponível em:
[www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/512422/001041135.pdf]. Acesso em: 27.03.2021.

59 .CARNEIRO, Leandro Dias. Como a perícia digital pode corroborar no devido processo legal. Disponível em: [https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-153/como-a-pericia-
digital-pode-corroborar-no-devido-processo-legal/]. Acesso em: 27.03.2021.

60 .NASCIMENTO, Bárbara Luiza Coutinho do. Op. cit., p. 121.

61 .A GAZETA. Perícia virtual ainda não vale e emperra auxílio-doença do INSS. Disponível em: [www.agazeta.com.br/es/economia/pericia-virtual-ainda-nao-vale-e-emperra-
auxilio-doenca-do-inss-0420]. Acesso em: 27.03.2021.

62 .Conforme Resolução 2.227/2018 e Portarias 1.643/2002 e 467/2020, todas do Conselho Federal de Medicina.

63 .Quando comparada, por exemplo, ao ordenamento italiano, no qual as partes podem suscitar, em audiência, eventuais questões que não haviam sido suscitadas em suas
primeiras manifestações escritas, bem como alterar aquelas já suscitadas (GRAMAGLIA, Dario. Manuale breve di diritto processuale civile. Milano: Giuffrè, 2010. p. 194).

64 .Assim constava do Código de Processo Civil de 1973: “Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado,
afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença,
se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas.”

65 .MONTEIRO NETO, João Pereira. Imediação virtual e produção da prova oral por videoconferência. In: LUCON, Paulo Henrique dos Santos et al. (Coord.). Direito, processo e
tecnologia. São Paulo: ed. RT, 2020. p. 432.

66 .WhatsApp possibilita audiência com partes que moram em cidades distintas. Disponível em: [www.migalhas.com.br/quentes/302640/whatsapp-possibilita-audiencia-com-
partes-que-moram-em-cidades-distintas]. Acesso em: 23.03.2021.

67 .Sobre condições econômicas e o acesso à justiça, ver: GALANTER, Marc. Why the haves come out ahead? Speculations on the limits of legal change. Volume 9:1 Law and
Society Review, v. 9, n. 1, p. 95-160, 1974. Republicação (com correções) in Law and Society. Dartmouth, Aldershot: Cotterrell, 1994).

68 .Sobre a percepção de justiça da população por fatores como a efetividade das instituições e dos profissionais do Direito, ver: SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma
revolução democrática da justiça. Coimbra: Almedina, 2015.

69 .CABRAL, Antonio do Passo. Op. cit., p. 92.

70 .E-discovery amendments to the federal rules of civil procedure go into effect today. Disponível em: [www.ediscoverylaw.com/2006/12/e-discovery-amendments-to-the-federal-
rules-of-civil-procedure-go-into-effect-today/]. Acesso em: 26.03.2021.

71 .Federal Rule Changes Affecting E-Discovery Are Almost Here – Are You Ready This Time? An Overview of the Rules, History and Commentary. Disponível em:
[www.ediscoverylaw.com/wp-content/uploads/2015/10/Rules-Amendment-Alert-100115.pdf]. Acesso em: 26.03.2021.

https://revistadostribunais.com.br/maf/app/delivery/document 9/9

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