Você está na página 1de 34

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE - (UNIBH)

WELLINGTON CLAYTON DOS SANTOS CARDOSO

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NO DIREITO PENAL E CRIMES


CIBERNÉTICOS

TECHNOLOGICAL EVOLUTION IN CRIMINAL LAW AND CYBER CRIMES

Belo
Horizonte
2023
WELLINGTON CLAYTON DOS SANTO CARDOSO

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NO DIREITO PENAL E OS CRIMES CIBERNÉTICOS

Projeto de Pesquisa apresentado à


disciplina Trabalho de Conclusão do
Centro Universitário de Belo
Horizonte como requisito parcial para
obtenção de horas na disciplina
Trabalho de Conclusão.

Orientadora: Prof.ª Cristina Capanema

Belo
Horizonte
2023
RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo analisar o sistema de


informação quanto à evolução do Direito Penal, da mesma forma, tratando-se de
crimes cibernéticos. Por isso, observando-se alterações no comportamento da
sociedade, leis (direitos e garantias) e no próprio entendimento doutrinário, ocorre
que, essas mudanças potencializaram e influenciaram o uso contínuo da internet que
estenderam os efeitos dos crimes cibernéticos.

No curso deste, trazendo ao centro uma discussão doutrinária em torno da


possibilidade de aplicação de tais penas, ou entendimento, expondo as ideias de
juristas, metodologias aplicadas, entendimento do modelo jurídico, tal qual presentes
suas evoluções no meio digital, ao que se passa ao entendimento necessário sobre
as mudanças no Direito Penal, não distante dos crimes cibernéticos. Cumpre ressaltar
que a base ideológica para a execução do presente trabalho é minoritária. Para a
elaboração do presente estudo foi utilizado o método dedutivo, partindo-se do conceito
geral para o mais específico.

Para se chegar a uma conclusão foi necessário que se fizesse uma breve
explanação histórica, após passou-se pela exposição de alguns princípios aplicáveis
ao tema proposto, ainda por uma breve exposição dos pontos centrais do Direito
Penal, Processo Penal e Direito Digital. Pelo exposto, chega-se à indubitável
conclusão de que sim há a possibilidade e não só possibilidade de renovação do
Direito Penal e Digital e sim uma necessidade visto a mudança constante nos fatores
que tratam de crimes cibernéticos no Direito Penal Brasileiro.

Palavras-Chave: Direito Penal. Direito Digital. Crimes Cibernéticos.


SUMMARY

This course completion work aims to analyze the information system


regarding the evolution of Criminal Law, in the same way, in the case of cybercrimes.
Therefore, observing changes in society's behavior, laws (rights and guarantees) and
in the doctrinal understanding itself, it happens that these changes potentiated and
influenced the continuous use of the internet that extended the effects of cybercrimes.

In the course of this, bringing to the center a doctrinal discussion around the
possibility of applying such penalties, or understanding, exposing the ideas of jurists,
applied methodologies, understanding of the legal model, as present its evolutions in
the digital environment, to what happens to the necessary understanding about
changes in Criminal Law, not far from cybercrimes. It should be noted that the
ideological basis for the execution of this work is minority. For the elaboration of the
present study, the deductive method was used, starting from the general concept to
the more specific one.

In order to reach a conclusion, it was necessary to make a brief historical


explanation, after passing through the exposition of some principles applicable to the
proposed theme, still for a brief exposition of the central points of Criminal Law,
Criminal Procedure and Digital Law. Based on the foregoing, we arrive at the
undoubted conclusion that yes, there is the possibility and not only the possibility of
renewing Criminal and Digital Law, but a necessity given the constant change in the
factors that deal with cybercrimes in Brazilian Criminal Law.

Keywords: Criminal Law. Digital Law. Cibercrime.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6

2. CONCEITOS ........................................................................................................ 7

3. EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL NO CIBERESPAÇO .................................... 9

4. SURGIMENTO DOS CRIMES VIRTUAIS .......................................................... 12

5. O DELITO: CRIMES VIRTUAIS ......................................................................... 14

6. ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO..................................................................... 19

6.1. NOÇÕES BÁSICAS - crimes cibernéticos................................................ 19

7. DA PESPECTIVA AO TRATAMENTO DOS CIBERCRIMES .......................... 24

8. APLICABILIDADE DA LEI PENAL AO ENTENDIMENTO DOS CRIMES


CIBERNÉTICOS..................................................................................................... 28

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 31

10. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33


6

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo atentar-se à evolução tecnológica no


Direito Penal tratando de Crimes Cibernéticos no Brasil e no mundo é tem a
finalidade de promover a ideia de como a internet influencia no Direito Penal e seus
segmentos, trazendo novos e antigos riscos quanto ao seu entendimento,
surgimento, evolução, aplicabilidade da lei e entendimento doutrinário dentre outros.

Neste contexto, abordando em primeiro momento, a força da implantação


da tecnologia na sociedade no período pandêmico do COVID, e de como a internet
trouxe inúmeros benefícios a todos os seres existentes, isso não há dúvida,
entretanto, aumentou e propiciou o surgimento de novas práticas ilícitas, bem como
aprimorou outras formas de execução de crimes já tipificado no Direito Penal.

Diante disso, grande parte da população mundial tem acesso a internet e


utiliza esse meio sem fronteira, com isso, os crimes virtuais têm se tornado cada vez
mais intensos e frequentes na em todo o mundo, mas principalmente na sociedade
brasileira. Por fim, outro impasse é o entendimento da aplicabilidade desses crimes
no âmbito jurídico brasileiro, principalmente a todo paralelo penal, quando se define
materialidade e autoria dos crimes cibernéticos no ciberespaço.

Para supressão desses crimes, no Brasil, o combate ao cibercrime, possui


leis específicas, como a Lei Carolina Dieckmann (Lei nº 12.737/12), que tipifica
condutas como invasão de dispositivos eletrônicos e obtenção não autorizada de
dados. Além disso, a Polícia Federal e outros órgãos de segurança atuam na
investigação e repressão dos crimes cibernéticos.

No entanto, apesar dos esforços, o combate ao crime cibernético no Brasil


ainda enfrenta desafios, como a falta de conscientização e conhecimento sobre
segurança digital, a falta de recursos adequados para investigações, a evolução
7

constante das técnicas dos criminosos e a dificuldade de cooperação internacional


para enfrentar os crimes que atravessam fronteiras virtuais.

Ademais, e importante que os usuários da internet estejam cientes dos


riscos associados aos crimes cibernéticos e adotem medidas de segurança, como
o uso de senhas fortes, a atualização regular de softwares, o cuidado ao clicar em
links suspeitos e a proteção de informações pessoais. Além disso, é fundamental
investir em educação e conscientização sobre segurança digital, tanto a nível
individual quanto no âmbito das empresas e do governo.

Por fim, existem desafios no Brasil que merece destaque, Impunidade,


falta de recursos e capacitação, cooperação internacional, baixa conscientização e
educação, novas ameaças e técnicas avançadas e proteção de dados pessoais.

2. CONCEITOS

Antes de internar-se no assunto, iremos mencionar alguns conceitos para


entendimento do texto, entende-se o conceito do Direito Penal e sua finalidade o
qual sua forma geral abrange duas teorias; Teoria maximalistas com o propósito de
Lei e Ordem, que visa a proteção de todo e qualquer bem independente do seu
valor, ao contrário dessa teoria a Teoria minimalista que tem como finalidade
proteger os bens mais importantes ao convívio da sociedade, esse último tem como
prevalência no mundo acadêmico atual.

Para suplementar o entendimento, busca também o saber do conceito do


Direito Processual Penal que é um ramo do Direito Público responsável pela
aplicação jurisdicional do Direito Penal que tem como finalidade fornecer os
instrumentos necessários ao cidadão em face ao poder do Estado.

Diante disso, como passagem rápida, o Estado tem o direito de punir (jus
puniendi), para não contradizer suas diretrizes, não pode de imediato e
arbitrariamente imputar uma pena, sem o devido processo legal, assim o Estado
8

tem órgãos estatais incumbidos da persecução penal na obtenção de provas


práticas do crime e de sua autoria que é demonstrado no poder judiciário, que
poderá identificar o culpado e condená-lo a determinada espécie de pena.

Esse conjunto de princípios e normas que disciplinam a persecução penal


para a solução das lides penais constitui um ramo do direito público denominado
Direito Processual Penal, não distanciando os princípios gerais, caso eles não se
enquadrarem a algum fato o Art. 3º do Decreto - Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941, dispõe;

“A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação


analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito”
art.3ºCPP.

assim, o referido Código regulamenta, em amostra, a aplicação da lei processual no


tempo e no espaço, a investigação dos delitos por meio do Processo Penal em
inquérito policial, diversas formas de ação penal e sua respectiva titularidade,
competência dos órgãos jurisdicionais, os sujeitos processuais, a forma de coleta
das provas, as diversas modalidades de procedimentos de acordo com a espécie e
gravidade da infração penal cometida, nulidades decorrentes da não observância
das formalidades processuais, recursos dentre outros.

Aditivo ao conceito, que merece destaque ao ser apresentado, por ser


parte dos desregramentos penais e o conceito do Direito Digital, que foi um grande
passo para a humanidade, e suas ramificações aplicados em todo o Direito,
mudanças, evoluções, aplicabilidade, entendimento doutrinário, efeitos na
sociedade, etc, não distante, foi a implementação da Emenda constitucional que
trata do assunto;

LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados


pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 115, de 2022).

em síntese, para robustecer o entendimento segundo Patrícia Peck


(2015);
9

“O Direito Digital consiste na evolução do próprio Direito, abrangendo todos


os princípios, fundamentos e institutos que estão vigentes e são aplicados até
hoje, assim como introduzindo novos institutos e elementos para o
pensamento jurídico, em todas as suas áreas”.

com a evolução constante do Direito Penal e o cometimento de crimes, não se pode


deixar de mencionar o Direito Digital responsável para regulamentar o ciberespaço,
que foi implementado em meados de 2007, que atualmente, ganha espaço na
sociedade.

3. EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL NO CIBERESPAÇO

Em primeiro momento, o Direito Penal tem como principal artigo o Art. 1º.
do Código Penal, discorre que “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal - CP.” ou seja, aquele crime só é de fato um crime
quando ele está tipificado no modelo do Código Penal, observados a aplicabilidade
à anterioridade da lei.

Assim, não se pode distanciar dos crimes análogos de informática, é


possível ter uma ideia de como aquele crime está inserido nos moldes do Direito
Penal, como aquela prática afeta o saber jurídico. Desse modo, para entendimento
de crimes de ciberespaço entende-se como conceito de internet trazido por
Zanellato;

“A internet é um suporte (ou meio) que permite trocar correspondência,


arquivo, ideia, comunicar em tempo real, fazer pesquisa documental ou
utilizar serviços e comprar produtos (2002, p 173)”.

sendo assim, a internet é uma rede mundial de informações de milhares de pessoas


de todo o mundo, paralelas ao armazenamento em massa de BIG DATA (pesquisa
de informações para formação de um conjunto de dados muito grande) e
informações disponibilizadas para aqueles que estão sempre conectados, ou seja,
a internet foi um meio de comunicação onde pode-se trocar informações.
10

Logo, ao estado primitivo da evolução do Direito Penal se passaram


alguns crimes na década de 60, nos EUA, na época, começaram a aparecer na
imprensa e na literatura científica norte-americana os primeiros casos de uso de
computadores para cometer delitos como sabotagem e espionagem
governamentais.

Dentro de pouco tempo, após o ocorrido a sociedade tomou como estudos


ligados a matéria informática, em 1980, as ações de crime ganharam força, como o
crime de pirataria, abuso de telecomunicações, roubo de dados e pornografia
infantil, assim o ciberespaço foi ganhando nome ao longo das décadas e mudanças
causadas a sociedade.

Brevemente, foi ponto de partida, não tão distante do atual ano, podemos
mencionar a "Revolução industrial 4.0”, que são Tecnologias para automação e
troca de dados e utiliza conceitos de Sistemas ciber-físicos, Internet das Coisas e
Computação em Nuvem, quem vem pelo caminho da predominância. Para mais, o
Direito Penal na era digital está ganhando mais espaço na usabilidade de
tecnologias, metodologias e utilizando de novo entendimento legal, assim essas
alterações causam inúmeros desafios, conflitos, discordâncias, aceitações dentre
outras alterações nas relações sociais, jurídicas, financeiras e globais.

Consequentemente, além do crescimento frenético da era digital, não se


pode esquecer o estopim da era digital, o fato global marcante para toda a
humanidade em 2019, a pandemia do COVID-19, com a ameaça iminente e riscos
mudaram extremamente o cotidiano da humanidade, que até o momento ainda
deixa evidências em todo mundo. Para preservação da saúde e controle, foram
feitas medidas protetivas de isolamento conhecido como “quarentena”, o que de
modo afetou toda raça humana.

Diante disso, mudanças foram feitas na execução penal ao tratar da


proteção da população carcerária, desde os agentes aos que cumpre pena em
regime fechado, onde os encontros físicos, reuniões, visitas jurídicas, intimações,
audiências, cumprimento de prazos e atendimento jurídicos dentre outros feitos,
11

passaram-se por uma evolução, um processo digital que desde sua implementação
está sendo grande progresso na sociedade, com esses avanços, trouxe grandes
benefícios sociais. Contudo, aparentado, não só os progressos benéficos como
também os crimes praticados aumentaram no ciberespaço.

O Que se pode afirmar segundo Hoffmann-Riem Wolfgang;

“E grande a probabilidade de que a Pandemia do Corona, eclodida


mundialmente no ano de 2020, conduza a transformações com
consequências permanentes, também no que se refere às áreas de aplicação
das tecnologias digitais, acompanhada por mudanças de hábitos de vida. Já
estão sendo cada vez mais utilizadas as tecnologias digitais, sob influência
dos sistemas de aprendizagem, para analisar o curso da pandemia e
sobretudo para superar os seus problemas.” (2021, p 26).

o principal foco dessa evolução digital foi para ter controle e minimizar os impactos
causados pela pandemia, assim houve a criação de novas melhorias no convívio da
sociedade.

Por essa razão, ao período mencionado, foram feitas novas adaptações


no sistema jurídico brasileiro da era informatizada que implementou-se o processo
jurídico eletrônico, juiz virtual, audiências online, cabimento de provas(digitais),
influência no curso penal do inquérito policial, processo penal, ações penais, visitas
on-line o cumprimento de remissão da pena por videoaulas on-line(educação),
transformação do processo físico para o digital e transferência bancária
instantâneas e documentos digitais dentre outras mudanças.

Diante disso, estes foram os novos meios usados com tecnologia em toda
sociedade, essas mudanças do físico para o digital excederam os contratempos da
aplicação do Direito Penal, do Processo Penal, não excluindo outros direitos, no
início da estação virtual, que surgiram também outros crimes virtuais como novas
práticas.
12

4. SURGIMENTO DOS CRIMES VIRTUAIS

Em primeiro momento, o crime cibernético, também conhecido como cibercrime, é


uma realidade presente em todo o mundo, inclusive no Brasil. O país enfrenta
desafios significativos quando se trata de crimes cibernéticos, devido à crescente
dependência da tecnologia, ao aumento do acesso à internet e à expansão das
atividades online, dentre outros.

Logo após os casos retratados anteriormente e casos passados, outros


crimes surgiram e ficaram conhecidos como crimes cibernéticos que deixaram ainda
mais dúvidas para alguns ao seu entendimento de como tratá-los. Um delito
interessante informático cometido em MIT, (Massachusetts Institute of Technology),
em 1964, quando um aluno de 18 anos teria cometido um ato que classificou como
cibercrime, esse ato tendo sido advertido pelo entendimento superiores locais;

Segue outros fatos relacionados ao surgimento dos crimes virtuais, alguns


casos trazidos pelo JESUS MILAGRE;
“Para alguns, o primeiro delito teria ocorrido no âmbito do MIT (Massachusetts
Institute of Technology), no ano de 1964, onde um aluno de 18 anos teria
cometido um ato classificado como cibercrime, tendo sido advertido pelos
superiores. Outros ainda referenciam o primeiro caso de que se tem notícia
sobre hacking no ano de 1978, na Universidade de Oxford, onde um
estudante copiou de uma rede de computadores uma prova. Uma invasão
seguida de uma cópia. Até essa data não existia lei sobre crimes informáticos
nos EUA. A Flórida, no mesmo ano, foi o primeiro Estado americano a
formular leis sobre informática. (JESUS; MILAGRE, 2016, p. 22-23).”
Não distante, outros ainda referenciam o primeiro caso de que se tem notícia
sobre hacking no ano de 1978, na Universidade de Oxford, onde um
estudante copiou de uma rede computadores uma prova. Até o ocorrido não
tinha uma Lei sobre crimes informáticos nos EUA. Assim, a Flórida, no
mesmo ano, foi o primeiro Estado americano a formular leis sobre
informática. (JESUS; MILAGRE, 2016).
Da mesma maneira, foi nas décadas de 1980 e 1990 que grande parte dos
crimes cibernéticos se propagou. Já na década de 1980, John Draper
(Captain Crunch), conhecido por ser o inventor do "phreaking", usou um
apito para produzir o tom de 2.600hz, capaz de enganar o sistema telefônico
americano, também, conseguiu realizar ligações gratuitamente. (JESUS;
MILAGRE, 2016).

do mesmo modo, os atos conhecidos como crimes foram propagando de varias


maneiras, o que mais se encontrava no meio digital era a disseminação de vírus,
pornografia infantil, invasão de sistemas e a pirataria, um momento em que se
começou a conscientização para a implantação de segurança de sistemas o que
13

ocasionou um grande desafio quanto ao entendimento dos fatos e o surgimento de


problemas futuros.

Assim como no mundo, o Brasil teve sua notícia dos primeiros crimes de
phishing scam bancário (pescaria de senhas) em 1999. Igualmente, outro
caso célebre foi o de um empresário e ex-controlador de uma rede de varejo,
acusado à época (1999) de ter enviado, de Londres, e-mails para o mercado
financeiro com informações falsas alardeando o risco de quebra de um banco.
A partir de então, os problemas envolvendo a investigação de crimes
informáticos, que poderiam ser praticados em qualquer localidade do mundo.
Mais que isso, notou-se a refletir sobre a necessidade de leis que tratassem
de crimes informáticos. (JESUS; MILAGRE, 2016).
No ano de 1997, em novembro, a Justiça de Belo Horizonte tirava da Internet
páginas com fotografias de crianças em sexo explícito, sendo que o
responsável tinha apenas 15 anos de idade.
Na época, poderia alguém já imaginar que haveria necessidade de lei
específica para responder a tais delitos; crime de computador – prova pericial
necessária à demonstração da autoria. (JESUS; MILAGRE.2016).

outro nome que merece destaque quando se trata de outros crimes cibernéticos
trazidos por Carneiro;

Em alguns meados passados a grande transformação do meio físico para o


virtual foram os crimes virtuais que tiveram maior evidência de 1960 em
diante, principalmente em casos de manipulação e sabotagem de sistemas.
Em 1970 a figura do hacker já era conhecida em razão dos crimes de invasão
de software. Em 1980 tais crimes se difundiram com as práticas de invasões
de sistemas, pirataria, pedofilia entre outras, sendo necessário maiores
preocupações com a segurança virtual. (CARNEIRO, 2012).

diante disso, o que pode se presenciar atualmente e o crescimento imparável da


sociedade brasileira de estar sempre conectada, esse fator tem se tornado uma
grande porta para o cometimento de crime ao usuário esses criminosos prejudicam
essas pessoas através do meio digital influenciando diretamente na vida pessoal,
pública, financeira, coletiva e não distante da vida privada, um dos ataques mais
comuns são o Ransomware (do termo em inglês; resgate de dados) - e um tipo de
malware, de sequestro de dados, por meio de criptografia, que torna impossível de
se rastrear o criminoso, ou seja, aquele de tem os dados privados violados correm
o risco desses dados serem publicados, para não ter esses efeitos os donos dos
dados pagam para o criminoso a recuperação desses dados.
14

Outro feito foi que para minimizar o problema, o Estado brasileiro teve a
iniciativa de focar e tratar assuntos tecnológicos nas últimas décadas, pois o número
de denúncias e cometimento de crimes on-line só aumentavam. Atualmente,
pesquisas relacionadas a crimes virtuais, sabe-se que o Brasil é o quarto do mundo
com o maior número de ameaças virtuais, por falta de segurança eficiente e usuários
leigos no assunto, veja que;

“Pesquisas revelam que o Brasil está na rota dos crimes cibernéticos. De


acordo com a Polícia Federal, em notícia do ano de 2004, de cada dez
hackers ativos no mundo, oito vivem no Brasil. Não bastante, segundo o
órgão, à época, dois terços dos responsáveis pela criação de páginas de
pedofilia na Internet, detetadas por investigações policiais brasileiras e no
exterior, teriam origem brasileira. A mesma Polícia Federal já afirmou que o
crime informático gera mais dinheiro que o narcotráfico. Dados do CNB –
Colégio Notarial do Brasil – indicam que o número de crimes virtuais no país
aumentou 70% entre 2012 e 2013 (KURTZ, 2014, p.1).”

o Brasil encontra grandes dificuldades para sanar a problemática vivenciada, pois ao


decorrer dos tempos os crimes estão em constante mudança, em conjunto com as
tecnologias, por essa causa não está sendo suficiente para a tal demanda, ou seja,
para uma ligeira eficiência.

5. O DELITO: CRIMES VIRTUAIS

Nos dias que ocorrem, são conhecidos pela sociedade como crimes
virtuais, assim conceituando-se, como crime virtual a conduta típica e ilícita praticada
por meio de um computador, tablet, smartphone e uso da internet, mesmo sem estar
conectado a ela, ou seja, qualquer meio eletrônico que possa prejudicar terceiros.

Os crimes virtuais no Brasil, os crimes cibernéticos abrangem uma ampla


gama de atividades ilegais realizadas por meio da internet, incluindo fraudes,
phishing, roubo de identidade, disseminação de malware, invasões de sistemas,
vazamentos de dados, pornografia infantil, entre outros. Esses crimes podem causar
15

prejuízos financeiros, danos à reputação das vítimas e impactos significativos em


empresas, instituições e até mesmo na infraestrutura do país.

As principais motivações por trás dos crimes cibernéticos no Brasil


incluem ganhos financeiros, espionagem industrial de hacktivismo e até mesmo
ações perpetradas por grupos criminosos organizados. Além disso, facilidade de
anonimato proporcionada pela internet torna mais desafiador identificar e
responsabilizar os criminosos cibernéticos.

Ocorre que, o que se pode entender é uma ideia de que o crime virtual,
em tese, era considerado um crime-meio, em que se utiliza uma tecnologia como
ferramenta para alcançar um determinado crime.

O que traz o autor Peck Pinheiro;

“Não é crime-fim por natureza, ou seja, o crime cuja modalidade só ocorra em


ambiente virtual, à exceção dos crimes cometidos por hackers, que de algum
modo podem ser enquadrados na categoria de estelionato, extorsão,
falsidade ideológica, fraude, entre outros. (PECK PINHEIRO,2007, p. 250;
2014, p. 307).”

entende-se que o crime virtual pode ser um crime-meio, mas vem se desenvolvendo
como crime-fim, o que demandou, aliás, a tipificação de alguns crimes informáticos
próprios, com a edição das Leis nº12.735/2012 (que tipifica condutas realizadas
mediante uso de sistema eletrônico, digital ou similares, que sejam praticadas contra
sistemas informatizados e similares) e nº. 12.737/2012 (tipificação criminal de delitos
informáticos e dá outras providências).

Ademais, não só hackers podem praticar um crime-fim informático, mas


qualquer pessoa, que detém de um aparelho informático que possa prejudicar outro.
O fato é que a maior parte dos crimes eletrônicos está relacionada a delitos em que é
um meio para a realização da conduta virtual, mas o crime em si não.

A exemplo, tem-se como crimes mais comuns praticados na rede o


estelionato e a pornografia infantil e os ataques mais comuns os praticados por meio
16

de vírus de computador ou “malware” (vírus), seguido de invasão de perfis nas redes


sociais e por ataques de “phishing” (conteúdo falsos que atraem o usuário como se
fosse verdadeiro).

Já os crimes cibernéticos mais raros (porém crescentes) continuam sendo


aqueles causados por códigos maliciosos, negação de serviço, dispositivos roubados,
sequestrados e roubo de informações privilegiadas. Quando combinados, esses
fatores são responsáveis pelos custos anuais contra crimes cibernéticos para as
organizações.

O que traz o entendimento do autor Rossini ao tratar de delitos


informáticos;

“Os delitos praticados através de um computador, mesmo que não esteja


conectado a internet, também são considerados crimes virtuais.
(ROSSINI,2004)”.

ademais, atenta-se para o entendimento do tipo da conduta, trazido pelo autor


Rossini;

“Conduta típica e ilícita, constitutiva de crime ou contravenção, dolosa ou


culposa, omissiva, praticada por pessoa física ou jurídica, com o uso da
informática, em ambiente de rede ou fora dele, e que ofenda, direta ou
indiretamente, a segurança informática, que tem por elementos a
integralidade, a disponibilidade e a confidencialidade. (Rossini, 2004).”

desse jeito, o entendimento do Direito Penal trata a tipologia e entendimento dos


crimes informáticos que podem ser conhecidos como: crimes contra honra, fraudes
virtuais, crimes contra a propriedade intelectual, pornografia infantil e principalmente
com grande crescimento o estelionato, (pirâmide, rifas, e golpes de investimentos sem
fundo, PIX e etc), plágio, invasão de dispositivos informáticos/furto de dados, calúnia,
difamação, injúria, incitação/apologia ao crime, racismo/LGBT fobia/Misoginia,
Pirataria digital e divulgação de fotos íntimas, dentre outros.

Ademais, a Lei 14.155 de 2021, modificou e incluiu alguns dispositivos do


Código Penal e do Código Processo Penal, promovendo alterações referentes aos
17

crimes de invasão de dispositivos informáticos, furto mediante fraude eletrônica,


estelionato mediante fraude eletrônica, dentre outros crimes relacionados a
dispositivos eletrônicos.

Por esse motivo, anteriormente, a Lei dos Crimes Cibernéticos, de nº


12.737/2012, se deu início ao fato do caso da atriz brasileira Carolina Dieckmann, que
teve seu computador invadido e suas fotos íntimas furtadas e disponíveis na internet,
não se sabe até o momento se esses dados estão vagando, pois, a rede Internet e
uma rede infinita de dados paralela.

Para a ideia de informatização para Medeiros informatização;

"A então denominada Era da informação elevou a internet ao patamar de


meio de comunicação mais popular e efetivo de todos os tempos, tendo em
vista sua influência massiva nas relações sociais, econômicas e políticas.
Contudo, proporcionalmente aos avanços e benefícios, a internet aliada a
uma comunicação cada vez mais veloz, como no mundo real, tornou-se
espaço também para o cometimento de delitos, surgindo os crimes
cibernéticos. (MEDEIROS e UGLADE, 2020)."

conceito de Internet para Medeiros e Uglade;

“ A internet e uma rede de computadores, ligadas por redes menores, portanto


comunica-se entre si, assim através de um endereço IP, onde variadas
informações são trocadas, e quando surgem o problema, existe um
quantidade enorme de informações pessoais disponíveis na rede, ficando a
mercê de milhares de pessoas que possuem acesso a internet, e quando não
é disponibilizada pelo próprio usuário, são procuradas por outros usuários
que busquem na rede o cometimento de crimes, os denominado Crimes
Cibernéticos. (MEDEIROS e UGALDE, 2020).

como mencionado anteriormente, para qualquer prática do crime cibernético constitui-


se de vários tipos de ferramentas para atividade ilícita, sendo elas qualquer dispositivo
eletrônico, essa a lacuna que se encontra e semeia ao sistema jurídico brasileiro.
18

A demais, para ter breve e básico conhecimento sobre alguns crimes


informáticos, a Comissão Europeia aponta sobre; ULRICH SIEBER (2008, apud
CRESPO, 2011, p. 60);

a) violação à privacidade;
b) crimes econômicos:
b.1) hacking;
b.2) espionagem;
b.3) pirataria em geral (cópias não autorizadas);
b.4) sabotagem e extorsão;
b.5) fraude;
c) conteúdos ilegais e nocivos;
d) outros ilícitos;
d.1) contra a vida;
d.2) crime organizado;
d.3) guerra eletrônica.

também conhecido como crime informático autora francesa, Martine Brait (1985, p.
287), que classificou esses delitos em crimes onde a informática dar-se o ponto de
partida, que se pode citar;

a) manipulação de dados e/ou programas a fim de cometer uma infração já


prevista pelas incriminações tradicionais;
b) falsificação de dados de programas;
c) deterioração de dados e de programas e entrave à sua utilização;
d) divulgação, utilização ou reprodução ilícita de dados e de programas;
e) uso não autorizado de sistemas de informática; e
f) acesso não autorizado a sistemas de informática.

desse modo, estudiosos classificam os crimes relacionados à informática, dentre os


mais simples entendimentos quando os mais detalhados, por complexos e difíceis de
se caracterizar, pois não só o tempo modifica cada crime, como também a tecnologia
ou metodologia usada;
19

“Diante disso, a proposta de classificação mais específica é a proposta de


BRAIT (1985), que trata a informática como meio para a prática de velhos
crimes ou agressão a bem jurídico protegido pelo Direito Penal, e crimes
informáticos em que a informática (inviolabilidade dos dados) é de fato o bem
jurídico mais protegido”. (adaptações)- BRAIT

Em consequência aos crimes cibernéticos, a doutrina tem uma temática


muito robusta ao que se pode presenciar, visto que, pode haver vários tipos de
entendimento para cada tipo de crime, não só o entendimento, mas a aplicação.

6. ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO

6.1 NOÇÕES BÁSICAS - crimes cibernéticos.

Visto anteriormente sobre alguns delitos de informática, segue o


entendimento da doutrina sobre crimes cibernéticos, em princípio, o Art. 5º da CF-88,
em seu inciso X, dedica-se a vida inviolável do indivíduo assegurando contra qualquer
violação, o que pode ser logo descrito;

“X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 88)”.

logo, pode se observar que qualquer tipo de violação ao individuo torna-se ilegal ao
que se espera desse entendimento.

Assim, na promoção do entendimento legal, o princípio da legalidade busca


uma forma regulamentar o ambiente virtual e também usa de ferramentas essenciais
para a manutenção de segurança jurídica, tratando da dignidade do indivíduo e todas
as demais garantias constitucionais, como forma de regularizar o meio informático,
impactos sofridos, temos o Marco Civil da Internet que visa o tratamento da rede de
internet onde o qual aquele que dispõe de serviços também pode se responsabilizar
pelos seus atos, outras problemáticas relacionados aos crimes cibernéticos focam
também, nos agentes de internet, peculiaridades na operacionalização da internet,
20

direitos constitucionais na internet, LGPD, Marco Civil da Internet, prova eletrônica e


responsabilidade civil na internet dentre outros.

Outra lei e a Lei nº 12.737/2012 sobre tipificação criminal de delitos


informáticos pode ser conhecida como lei da Carolina Dieckmann, onde teve sua
privacidade violada, também, a Lei nº 12.735/2012, conhecida como Lei Azeredo foi
a criação de delegacias virtuais, além de tornar obrigatório a interrupção imediata da
mensagem que contenham conteúdo racista ou qualquer outro tipo de discriminação.

Ademais, o entendimento da doutrina vai além de existir os crimes


praticados dentro do ambiente virtual, existem outros crimes que utilizam apenas
dessa ferramenta para práticas de crimes fora do ambiente virtual, é o caso de
transferência instantânea conhecido como “PIX”.

Assim, a ciência jurídica entende esse tipo de criminalidade sendo


classificados e denominados como crimes relacionados às novas tecnologias são
inúmeros: criminalidade mediante computadores, criminalidade do computador, delito
informático, delinquência informática, delitos cibernéticos, furtos de dados,
informações, cibercrimes.

Nesse sentido, Reginaldo César nos explica essa classificação;

“O crime virtual puro seria “toda e qualquer conduta ilícita que tenha por
objetivo exclusivo o sistema de computador, pelo atentado físico ao
equipamento e seus componentes, inclusive dados e sistemas” Afinal, o crime
virtual comum seria aquele que se utiliza da internet “apenas como
instrumento para a realização do delito já tipificado pela lei penal, dentre os
quais destacamos as seguintes legislações. (REGINALDO CÉSAR).”

desse modo, o Código Penal tipifica cada crime com ligação aos crimes cibernéticos,
desde do crime feito no ambiente virtual ou como os que usam apenas a ferramenta
como meio da prática do crime.

“Art. 121 (homicídio), Art. 122 (instigação, induzimento, auxílio ao suicídio),


Art. 147. (ameaça), Arts. 153, 154 3 325 (segredos), Art. 158 (extorsão), Art.
171 (estelionato), Art. 184. (violação de direito autoral), Art. 218 (corrupção
de menores), Art. 307 (falsidade), Art. 50 da LCP (cassinos), Art. 2º, IX, da
21

Lei nº 1.521/51 (pirâmides, bola de neve), Art. Art. 195 da Lei n. 9.279/96
(concorrência desleal), Art. 10 da Lei n. 9.296/96 (interceptação telefônica),
Art. 12 da Lei n. 9.609/98 (software), Art. 72 da Lei Eleitoral (alterações no
sistema e no resultado/danos), Art. 94 da Lei n. 8.666/93 (licitações).

Esses crimes são conhecidos por ter alguma ligação com tecnologia, em
momento considera-se como crime, o que mais chama atenção é o de “FAKE NEWS”
- Conhecido como expor, anunciar, declarar, impulsionar, dizer, postar notícias falsas
em meio digital. Ainda em fase de votação o projeto Lei a PL 2630/2020, trata-se
dessas “Fakes News”, que distribui a responsabilidade para aquele que trata da
notícia.

Diante disso, alguns crimes que podem ser praticados na internet, como
crimes contra o patrimônio em geral furto, estelionato, dano, extorsão etc; fraudes em
gera promessas de altos ganhos e serviços on-line de investimentos; crimes contra
honra, calúnia injúria e difamação; Racismo; interceptação de correspondência,
violação de direitos autorais, pornografia infantil com pedofilia, pirataria de “software”
programas de computador, clonagem falsificação de cartão de crédito e débito,
invasão de dispositivos informáticos, interrupção de serviço informático e dentre
outros crimes cibernéticos.

Além da denominação desses crimes, há também, uma classificação, nota-


se em outro entendimento sobre o uso e classificação do tipo de crime cibernético que
é mencionado por Homebanking;

Outro entendimento mostra que a doutrina classifica os crimes cibernéticos


como puros e mistos, os crimes puros são caracterizados por crimes no
ambiente virtual como resgate (ransomware), já os crimes mistos utilizam o
meio virtual como ferramenta para praticar o delito como transferência ilícita
de valores (HOMEBANKING).

o que se entende é que, um crime puro é aquele que são praticados no ambiente
virtual, como “ransomware” (resgate de dados furtados, seus dados são furtados e
suspeito lhe obriga a pagar uma certa quantia para devolução ou acesso àqueles
dados), diferentemente os mistos que usam de uma ferramenta digital para aplicar o
delito, pode-se citar o cartão magnético de aproximação, sendo uma ferramenta
digital, mas pode ser violado no meio físico, em ambos os ambientes.
22

Desse modo, previsto a última lei recentemente sancionada a Lei nº


14.478/2022, que trata de diretrizes na prestação de ativos virtuais e na
regulamentação das prestadoras de serviço virtuais; contra fraudes, valores
mobiliários ou ativos financeiros, crimes contra o sistema financeiro nacional e
lavagem de dinheiro, assim, em específico ao Código Penal, um dispositivo legal que
também preenche a lacuna dos crimes virtuais, trazido por Damásio;

“Ademais, a Lei n. 12.737/2012, traz uma alteração ao art. 298º do Código


Penal, falsificação de documento particular, onde faz prever a equiparação a
documento particular ou cartão de crédito ou débito. Perceba-se que o
documento particular é elemento indispensável ao comportamento
reprovável. Tem-se, pois, que sem um “documento particular” se torna
impossível realizar a conduta “falsificar”. (JESUS, DAMÁSIO).”

“Ao equiparar o cartão de débito ou crédito ao documento particular, o


legislador foi específico ao objeto, porém não resolveu a questão da
interpretação envolvendo os inúmeros documentos que hoje não estão sob
um suporte material. Logo, alguém que falsifica um documento que está
contido em um suporte token ou pendrive, pelos princípios penais, praticaria
fato atípico. Uma limitação do objeto do comportamento. Mais prudente seria,
ao legislador, equiparar o documento particular aos documentos, informações
e declarações eletrônicas, representadas ou não em suporte material, de
qualquer natureza.” (JESUS, DAMÁSIO).”

Não diferente da interpretação, houve a criação da documentação virtual


para inovação da sociedade, que em alguns casos, a maioria, os documentos virtuais
em determinados locais não são aceitos como os físicos, ou seja, uma discrepância
da aplicabilidade da tecnologia ao entendimento de sua natureza, um contratempo
disso, é o fato desses documentos digitais ficarem expostos na rede global caso algum
déficit no sistema de segurança.

Logo mais, outro entendimento de Damásio que critica a ideia do legislador


no paradoxo penal informático;

“Assim, ao se legislar sobre crimes informáticos, não se começa pela análise


de uma técnica, tampouco definindo tipos penais, mas analisando condutas
incriminadas que podem ser realizadas por diversas formas (técnicas), e que
merecem a consideração do Direito Penal. Do mesmo modo, uma técnica
pode ser integrante de uma ou mais condutas penalmente relevantes. Um
“cavalo de troia”, por exemplo, pode servir a uma invasão, mas também para
permitir o dano ou mesmo o comportamento inesperado de um sistema
23

informático. Por outro lado, nem toda a técnica se enquadra em um


comportamento interminável.

Este pode ser, data venia, um dos principais erros de grande parte dos
doutrinadores e legisladores sobre o tema: confundirem técnica com conduta.
A falta de apoio técnico – especialistas em tecnologia e segurança da
informação, em setores legislativos – leva o legislador brasileiro à criação de
tipos penais incoerentes. (JESUS, DAMÁSIO, p.12).

sendo assim, não obtendo tanto êxito no que diz respeito à dificuldade de todo o
entendimento e classificação dos crimes são a falta de especialistas no assunto para
qualquer compreensão técnica do tipo penal relacionado aos fatos ilícitos em todo
ambiente digital.

Logo, em entendimento a sua classificação, havendo duas ideias


relacionadas ao entendimento dos crimes cibernéticos, denominada modalidades, a
primeira diz respeito aos atos contra o sistema de informática, praticados no ambiente
virtual de qualquer espécie; danos, alteração de dados, programas maliciosos, cópia
de informações não autorizadas e etc, também é conhecida como crimes próprios,
praticados por meio da tecnologia, sem ela não seria possível executar ou
consumação do delito.

Em outra modalidade, são previstas já penalmente, atos que usam o


sistema de informática como instrumento para a sua execução, como crimes contra
patrimônio, estelionato, contra honra, calúnia e etc.

Para melhor entendimento, trazido por Marco Aurélio Rodrigues da Costa


que divide os delitos da seguinte forma;

“crime de informática puro, crime de informática misto e crime de informática


comum. Os primeiros são aqueles em que o sujeito visa especialmente o
sistema de informática; as ações se materializam, por exemplo, por atos de
vandalismo contra a integridade do sistema ou pelo acesso desautorizado ao
computador. Crime de informática misto se consubstancia nas ações em que
o agente visa bem juridicamente protegido diverso da informática, porém o
sistema de informática é ferramenta imprescindível. E os crimes de
informática comum são as condutas em que o agente utiliza o sistema de
24

informática como mera ferramenta, não essencial à consumação do delito.


(RODRIGUES MARCO)”

ao mesmo entendimento de classificação misto, puro, ambiente virtual ou meio virtual,


esses crimes ainda têm um tratamento que se deve observar.

7. DA PESPECTIVA AO TRATAMENTO DOS CIBERCRIMES

Para tratamento dos cibercrimes algumas metodologias estão disponíveis


ao entendimento legal adotado no Brasil, sobre esse sistema, a reserva legal já é
tratada em seu artigo primeiro do código penal, como base esse artigo, desse modo
não se pode abster sobre o tema, assim, especialmente quando se trata de tecnologia,
a prática da técnica para tratamento encontra-se de vários caminhos e entendimentos
como esse mencionado por Jesus Damásio;

“Isto porque o legislador deve ter o cuidado para que não conceba uma
ordenação jurídica natimorta, que ingressa no arcabouço legislativo de modo
ultrapassado.
Sendo assim, no Brasil, a lacuna era atribuída de tal modo de se
legislar sobre o tema, por vezes, tentou condenar técnicas informáticas (ao
invés de condutas praticadas por diversas técnicas), essas técnicas estão em
mudança a todo momento, com a evolução dos sistemas, novas
vulnerabilidades e plataformas tecnológicas. (JESUS, DAMÁSIO).”

ao entendimento o que resta são inúmeras questões que surgem quando se trata de
condutas realizadas no ciberespaço, quanto a materialidade, quanto ao fato e autoria.
Não despercebido, esse entendimento, da criminalidade moderna suscita dúvidas e
insegurança quanto os efeitos das normas já existentes, restando lacunas.

Para mais, um dos maiores desafios ao se tratar da punição dos crimes


praticados em meio ambiente digital diz respeito às provas sobre a materialidade
25

delitiva e aos indícios de autoria que fornecem o mínimo viabilidade (justa causa) à
propositura de uma ação penal.

Por isso, um dos modelos de óbices encontrados ao longo da investigação


criminal, bem como do eventual processo penal, vão desde a identificação de um
possível autor e sua localização (identificar o IP) – protocolo de Internet – que identifica
a máquina de onde partiu a conduta – o que não significa, necessariamente, identificar
o sujeito criminoso), passando pela validade e licitude das provas colhidas que, por
fim, encontra-se dificuldades de rastreamento das condutas quando praticadas
através de IPs camuflados, ou computadores não rastreáveis.

Diante disso, abordando um outro conhecimento, a perícia tem se usada,


mesmo com análises negativas discorre Ricardo Marques;

A importância da perícia está cada vez maior, pois diversas empresas têm
avaliado que manter seguro o segredo industrial tem se tornado um desafio
cada vez mais difícil, pois eventos como fraudes, invasão de crackers, avarias
em rede, distribuição de vírus e abusos de uso de credenciais administrativas
em sistemas, possuem objetivos de subtração de algo alheio ou ainda de
causar prejuízos operacionais. (RICARDO MARQUES).

por outro lado, existem diversas razões que levam à não investigação, como o alto
custo e a ausência de recursos de infraestrutura. Na maioria das vezes, pode ser mais
fácil e rápido reconstruir o sistema do que investigar as causas que levaram à sua
queda ou, então, ao roubo de alguma informação. Para reduzir esses problemas, se
faz necessária a alocação de equipes especializadas em análises forenses com
conhecimentos técnicos e científicos para conduzir a investigação das suspeitas que
envolvem o ambiente de tecnologia.

Assim sendo, através dos processos tecnológicos a obtenção de provas


torna-se cada vez mais usadas nesses ambientes, pois a cada click, postagem tem
um fato que pode ser usado em uma decisão em processo, contudo, os avanços que
são encontrados nos crimes cibernéticos, são poucos encontrados no mundo virtual,
pois há limitações em várias ordens do direito. Por feito disso, casos que não são
expostos a denúncia e descrença das vítimas quanto a punição que acarreta esses
delitos.
26

Ocorre que, quando se trata de provas ou meios de colaborar para o


entendimento da matéria ou do fato, deve-se verificar esses meios informáticos,
físicos ou virtuais, quando se trata dos meios de prova, assim esse sistema seria visto
como parte de uma solução, contudo, quando se trata de provas virtuais, elas são de
modo mais confiáveis, pois podem ser manipuladas contradizendo a realidade dos
fatos, o que modificam o entendimento dos princípios em todos os ramos do Direito,
diante disso, mesmo existindo programas, métodos e especialistas que verificam a
veracidade das provas, encontrado grande desafios ao tratamento das provas.

Em processo de desenvolvimento a proteção social deve estar bem


estruturada com condições de promover a pretensão segurança privada e dignidade
do usuário, não basta apenas de dispor de delitos nesse contexto tem que haver
deveres entre o usuário e a máquina, para aprimoramento das ferramentas legislativas
e operacionais no combate ao crime, tanto no mundo virtual quanto no físico.

Assim, pode-se ser considerado alguns entendimentos de Direito Penal


Digital;

“Conhecidas as técnicas pelas quais se podem praticar comportamentos ou


condutas informáticas, que podem ser consideradas crimes digitais, bem
como apresentada para uma proposta para legislação eficaz em sede de
direito penal informático, apresentamos neste capítulo um estudo
pormenorizado sobre o Direito Penal informático, apresentando ainda uma
classificação para os crimes informáticos. (JESUS MILAGRE).”

atualmente, o ambiente jurídico usa-se da internet como seu maior aliado, propondo
ações de entendimento de recursos, materialidade dentre outras questões de
informática, passando a valorização do Direito Penal ao entendimento do crime
cibernético, de alguns crimes segundo Jesus Milagre;

“Novas figuras delitivas no Código Penal, embora no nosso sentir não


resolvam o problema da falta de estrutura investigativa, sem dúvida alguma
eram chamadas por autoridades e operadores do Direito.
27

De fato, é inegável que onde há relevância econômica deve haver relevância


jurídica, e é esta a tutela que se apresenta, a proteção à incolumidade de
informações, bancárias, financeiras, dentre outras informações geradas e
tratadas por pessoas físicas e jurídicas. Sistemas informáticos processam ou
tratam dados eletrônicos, geram significado e informações. Logo, são
merecedores da tutela penal, pois a informação é bem preciosa.

Como salienta Ferreira Lima (2011, p. 6), diante da evolução tecnológica


existe uma predisposição social em reconhecer bens jurídicos informáticos e,
dentre os que mais se sobressaem, temos o sigilo e a segurança de dados e
informações eletrônicas. Para a autora, é tal juízo de reprovação (violação a
dados e a informações privadas) que move o Direito Penal. De fato, tal juízo
de reprovação existia, mas foi preciso que uma pessoa pública, atriz popular,
fosse vítima de um suposto crime informático para que o legislativo finalizasse
uma discussão de mais de 10 (dez) anos no Congresso Nacional, com a
aprovação da Lei n. 12.737/2012, sancionada em 30 de novembro do mesmo
ano.

Elevaram-se, pois, os dados informáticos e os dispositivos ao status de


valores jurídicos fundamentais das relações sociais de uma sociedade
dependente da tecnologia da informação, protegendo-os. Assim, ao tratarmos
de “crime informático”, usamos tal nomenclatura justamente para demonstrar
qual o bem jurídico protegido pelo Direito Penal, a informática, ou a
privacidade e a integridade dos dados informáticos. (JESUS MILAGRE).’’

não distante, a internet tem sido um meio de comunicação e ligação de pessoas, com
isso ela trás uma nova forma de contrato. Onde pessoas de limítrofes ou países
distintos são conectadas em um mesmo contrato celebrado por essa via.

Entretanto, no que discorre informa que:

Não existe normatização específica sobre os contratos realizados sob essa


égide. No entanto, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor
sustentam, em parte, os conflitos atinentes a respeito desse tema, faltando
uma norma específica que assegure os asseios da comunidade virtual
(VEDOVATE, 2005, p. 13).

assim, quando se trata de contratos por via online, o Brasil não possui legislação
específica sobre os ilícitos cometidos através do meio informático, o que demonstra o
desafio no combate aos crimes cibernéticos.
28

8. APLICABILIDADE DA LEI PENAL AO ENTENDIMENTO


DOS CRIMES CIBERNÉTICOS

Em inicial a problemática demonstrada, houve lacunas na aplicabilidade


das normas específicas para esses problemas envolvendo tecnologia da informação,
logo, quando se tratada em matéria penal a dificuldade era ainda mais complexa
quando ao crime, dispostos por Carneiro;

Não distante, o entendimento dos crimes cibernéticos, a Lei Penal utiliza da


analogia para seus efeitos, assim como os crimes de; Calúnia (art. 138),
Difamação (art. 139), Injúria (art.140), Ameaça (art. 147), furto (art. 155), dano
(art. 163), Apropriação indébita (art. 168), Estelionato (art.171), Violação ao
direito autoral (art. 184), Pedofilia (art. 247, Lei 8069/90 ECA), Contra
propriedade industrial (art. 183 e ss. Lei 9.279/96), Interceptação de
comunicação de informática (art. 10 Lei 9296/96), interceptação de E-mail
comercial ou Pessoal (art. 10 Lei 9.296/96), Crimes contra software – Pirataria
(art. 12 Lei 9.609/98) (CARNEIRO, 2012, p 1).

mencionados anteriormente, os dispositivos legais que envolvem podem ser


entendidos como matéria de crime cibernéticos, o que pode se observar, ao
entendimento outras condutas como: danos praticados contra informações
armazenadas no dispositivo pessoal, propagação de vírus, apropriação de
informações não autorizadas, downloads de programas que danificam o sistema
informático, dentre outros.

Quanto a esse tratamento dos crimes aos órgãos especializados trazidos


por Wendt;

Desse modo, no Brasil, existem diversos órgãos especializados quanto ao


combate aos cibercrimes, exemplificando a ação conjunta entre Ministério
Público Federal, a Polícia Federal e a Organização não governamental
29

Safernet, que auferem e afiliam denúncias arroladas aos crimes virtuais. Já


na esfera estadual, é possível identificar outro desafio, pois nos deparamos
outra realidade, onde poucos Policiais Civis têm estruturas particularizadas
em investigar e combater aos crimes virtuais, isto é, os profissionais são
despreparados e a se compararem com os delinquentes (WENDT, 2011).

outro fator que merece destaque é o local dos crimes, ou seja, qual é o entendimento
da aplicação um dos maiores problemáticas, assim é observado o princípio da
territorialidade. Nesse sentido, previsto no art. 5º do Código Penal Brasileiro, dispõe
que aos crimes cometidos em território brasileiro aplica-se a lei brasileira.

No mesmo pensamento, uma das grandes lacunas quanto a aplicabilidade


do local dos crimes que podem ser trazidos por Souza Neto;

“os crimes cometidos em navegação, aplica-se a lei brasileira quando


o utilizado for brasileiro. Entretanto, há exceção a este dispositivo é o
princípio da extraterritorialidade, contido no artigo 7º do mesmo
diploma legal. Assim, estando o agente localizado fora do país, aplica-
se a lei brasileira nos casos do supracitado artigo ou nos casos em
que houver acordo ou tratado neste sentido. (SOUZA NETO, 2009, p.
58-60).”

logo, após o entendimento dos territórios, mudanças são recomendadas nas leis que
protegem esse tipo de bem no ambiente virtual, buscando assim, proteger os
interesses envolvidos contra os avanços da utilização dos meios informáticos em
práticas que ferem a dignidade da pessoa humana, assimilando as nuances da nova
realidade social.

Oque discorre, que a tutela apenas de tais interesses faz-se extremamente


necessária vez que a falta de regulamentação que reprime atos que vão de encontro
à Nova Ordem Social torna instável a sustentação desse novo modelo.

Outro fator que colabora com a decadência da Legalidade é o entendimento


da tecnologia da Informação são os provedores da justiça são despreparados no
assunto, que detém do entendimento pleno do Direito, mas nenhum conhecimento da
Ciência da Computação, que leva o melhor entendimento e conhecimento
relacionados aos crimes cibernéticos.
30

Assim, quanto à normatização que trata da informática, focado no campo


criminal, pois diante da ausência de legislação específica têm-se aplicado o Código
Penal, a recente mudança para acolhimento de alguns crimes de informática com leis
especiais.

Se nota, que alguns são moldados no entendimento do direito penal outros


nem tanto, eventualmente podem não se enquadrar nos tipos penais estabelecidos
até então, surgindo a denominada atipicidade do ato, com a consequente impunidade
do agente delituoso.

Atualmente, há vários projetos de lei no Congresso Nacional que visam


disciplinar esse tipo de conduta ilícita com o uso da tecnologia da informação e
dispositivos de informática de todo o tipo. Por conseguinte, esse tipo de projeto não
só tipifica o tipo penal, mas também, da um embasamento para outros dispositivos já
incluídos no entendimento penal estabelecidos pela norma penal, como também
observando as diretrizes da Convenção Internacional de Budapeste que trata sobre
cibercrimes que foi criada em 2004, dentre outros projetos.

No Estado brasileiro, atendendo a problemática apresentada, tem sido


criado Delegacias de Polícia especializadas em crimes de informática, que investiga
crimes de informática próprios e impróprios, na competência que estabelece no
domicílio da vítima, não havendo essa especialidade são atendidos nas delegacias
locais.
31

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho, visou fazer uma análise cuidadosa acerca


possibilidade de aplicação dos crimes cibernéticos no entendimento do Direito Penal
e justiça brasileira, sendo necessária a realização de uma breve introdução sobre a
problemática, passando brevemente pela parte histórica que cerca o tema,
explanando alguns princípios aplicáveis, acontecimentos fáticos, e explicando
tecnicidades sobre o crime cibernético em si, ao seu entendimento na modernidade.

Abordou-se a sistemática no desenvolvimento tecnológico ao decorrer dos


tempos, a interdependência econômica, a excessiva informatização da sociedade e o
poder abrangente da tecnologia da informação, em contrapartida têm exigido da
Ciência Criminal moderna a compreensão dos comportamentos dos criminosos nos
quais a computação está imersa.

Com isso, tem aumentado progressivamente em todos os níveis existentes


os crimes cibernéticos em toda linha virtual do planeta, principalmente na sociedade
brasileira que são vários tipos de modalidade de crimes como; furto, fraude,
chantagem, discórdia social, etc, com a segurança danificando a privacidade e a
identidade de usuário não excluindo os governos.

Além disso, há uma necessidade em estabelecer novas diretrizes de


sistema de segurança que permite a proteção das informações torna-se cada vez mais
relevante, quando os dados são de grande importância, que por fim, apesar dos
esforços, aperfeiçoamentos, inclusões e melhoramentos, ainda existem fragmentos
jurídicos e desafios a serem superados ao que trata o tema. Diante desse
pensamento, há uma ausência de legalidade específica sobre alguns aspectos ao
tema, a falta de um tratamento único de acolhimento de denúncias, o despreparo de
especialidades no âmbito estadual e mais desafiador quanto ao princípio da
territorialidade e materialidade quanto ao entendimento da sociedade.

O dilema tratado, no Brasil e em outros países, é de como enfrentar o crime


cibernético e como promover efetivamente a segurança de usuários e organizações
32

que detém desses dados, que independentemente do geoespaço o crime é cometido


virtualmente, o que dificulta a punição dos autores, que necessita de uma resposta de
nível global aos tratamentos desses crimes cibernéticos, o que se pode entender é
que o combate à criminalidade informática encontra várias lacunas legislativas, que
podem causar restrição à liberdade de expressão e ao acelerado desenvolvimento
tecnológico.

Um dos fatores que impossibilitam esse combate é que a internet permite


o anonimato, o que dificulta a identificação do autor, haja vista a possibilidade de
manipulação desses dados, outro sim, são os flagrantes que também é quase
impossível de ser acontecido, pois, muitas das vezes, o resultado crime vem muito
depois do início de alguma execução, pois a vítima muito das vezes só reconhece o
prejuízo após um grande lapso temporal, não imediatamente à sua execução.

Mas o impasse inicia-se com popularização da internet, cumulada com a


falta de conscientização da importância da prevenção, com a adoção de medidas de
segurança, que podem refletir outra fragilidade da internet tornando a identificação do
criminoso limitada. Por último, o Brasil detém de leis que buscam a proteção das
pessoas físicas ou jurídicas que são vítimas de crimes cibernéticos, interessando o
legislador na reivindicação dos direitos dos cidadãos, contudo seu alcance não e
prosperado tratando-se de um crime transnacional de informática, por outro lado, a
busca continua na eficácia da aplicação da ciência criminal no entendimento dos
crimes cibernéticos, que para isso, caso seja regulamentar a responsabilidade do
proprietário do equipamento emissor das informações, sendo que na impossibilidade
de localizar o criminoso que utilizou o dispositivo informático para a execução do
crime, responsabilizar-se-ia o proprietário da máquina.

Enfrentar esses desafios exige uma abordagem integrada que envolva


investimentos em recursos, capacitação, conscientização, cooperação internacional e
atualização constante das técnicas de segurança cibernética. Além disso, é
importante envolver os setores públicos e privado, bem como a sociedade em geral,
para uma ação conjunta na prevenção e combate aos crimes cibernéticos.
33

10. REFERÊNCIAS

BULOS, Uadi Lammego. Curso de Direito Constitucional. 6.ed. rev. e atual. São
Paulo. Saraiva. 2010.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito


constitucional. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 19. Ed. rev. São Paulo:
Atlas, 2015.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 41. ed., rev. e
atual. até a Emenda Constitucional nº 99, de 14.12.2017. São Paulo: Malheiros, 2018.

Wolfgang Hoffmann-Riem. Teoria Geral do Direito Digital. Disponível em: Minha


Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2021.

ZANELLATO, Marco Antônio. Condutas Ilícitas na sociedade digital, Caderno


Jurídico da Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, Direito e
Internet, julho de 2002.

CARNEIRO, Adeneele Garcia. Crimes virtuais: elementos para uma reflexão


sobre o problema na tipificação. 2012. Âmbito Jurídico. Disponível em:

https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-99/crimes-virtuais-elementos-para-uma-
reflexaosobreoproblemanatipificacao/#:~:text=Na%20d%C3%A9Cada%20de%2070
%20a,%C3%A0%20dade%20de%20se%20despender. Acesso em: 16 Nov. 2020
34

FIORILLO, Celso Antônio P.; CONTE, Christiany P. Crimes no meio ambiente


digital. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2016. E-book. ISBN
9788547204198. Disponível em:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547204198/. Acesso em: 07


nov. 2022.

JESUS, Damásio de; MILAGRE, José A. Manual de crimes informáticos. [Digite o


Local da Editora]: Editora Saraiva, 2016. E-book. ISBN 9788502627246. Disponível
em:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502627246/. Acesso em: 30


mar. 2023.

DINIZ, Maria H. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. v.1.
[Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2023. E-book. ISBN 9786553628045.
Disponível em:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553628045/. Acesso em: 02


abr. 2023.

GRECO, Rogério. Direito Penal Estruturado. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2023. E-
book. ISBN 9786559647651. Disponível em:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559647651/. Acesso em: 09 mai. 2023.

REIS, Alexandre Cebrian A.; GONÇALVES, Victor Eduardo R. Direito processual penal.
(Coleção esquematizado®) . [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2023. E-book. ISBN
9786553626638. Disponível em:

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553626638/. Acesso em: 09 mai. 2023.

Você também pode gostar