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Brazilian Journal of Development 100556

ISSN: 2525-8761

A ata notarial na perspectiva de um processualista civil

The notarial act from a civil proceduralist's perspective

DOI:10.34117/bjdv7n10-391

Recebimento dos originais: 07/09/2021


Aceitação para publicação: 28/10/2021

Fabio Tadeu Ferreira Guedes


Especialista em processo Civil e em Direito Imobiliário
PUC-SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Rua Lima Barros, 52, Jardim Paulista, São Paulo-SP, CEP 04503-030.
E-mail: fabiotfguedes@hotmail.com

RESUMO
A ata notarial é um importante meio de prova. Mas seria a ata notarial a solução para
qualquer situação? Para utilizá-la corretamente, o processualista civil precisa conhecê-la.
Estas breves considerações buscam esclarecer as aplicações da ata notarial.

Palavra-chave: Processo Civil, Direito Probatório, Ata Notarial.

ABSTRACT
Notarial act is an important means of proof. But would the notarial act be the solution to
any situation? To use it correctly, the civil proceduralist needs to know it. These brief
considerations seek to clarify the applications of the notarial act.

Keywords: Civil Procedure Code, Means of Proof, Evidences, Notarial Act.

1 INTRODUÇÃO
O Código de Processo Civil de 2015 trouxe grandes alterações ao processo
judicial. Talvez a maior delas seja a proposta de mudança à mentalidade de como o
processo civil deve ser interpretado e aplicado sistematicamente.
E não estamos falando sobre institutos ou regras processuais pontuais. O Código
nos provoca a olhar além do simples texto. Não que o CPC/2015 seja inovador 1 ou

1
Muito antes do CPC/2015, Mauro Cappelletti já sinalizava a importância da ampliação de mecanismos de
processamento de litígios para além dos tribunais, ao tratar do “acesso à justiça”, lecionando que “o enfoque sobre o
acesso – o modo pelo qual os direitos se tornam efetivos – também caracteriza crescentemente o estudo do moderno
processo civil. (...) Os juristas precisam, agora, reconhecer que as técnicas processuais servem a funções sociais; que
as cortes não são a única forma de solução de conflitos a ser considerada; e que qualquer regulamentação processual,
inclusive a criação ou o encorajamento de alternativas ao sistema judiciário formal tem um efeito importante sobre
como opera a lei substantiva – com que frequência ela é executada, em benefício de quem e com que impacto social.
Uma tarefa básica dos processualistas modernos é expor o impacto substantivo dos vários mecanismos de
processamento de litígios. Eles precisam, consequentemente, ampliar sua pesquisa para mais além dos tribunais e
utilizar métodos de análise da sociologia, da política, da psicologia e da economia, e ademais, aprender através de

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implemente um rompimento de paradigmas para iniciar um novo ciclo, mas certamente


nos convida a reavaliar aquilo que se entende por “acesso à justiça” e a forma de
materializá-lo no atual contexto da nossa sociedade.
Ganha importância nesse contexto a busca por meios alternativos/adequados de
solução de conflitos, que retirem do Poder Judiciário a centralização dessa tarefa2.
É fácil citar alguns exemplos importantes que decorrem desse “novo modelo” de
buscar a solução de conflitos por intermédio de mecanismos alternativos ao Poder
Judiciário. É o caso do procedimento extrajudicial para reconhecimento da usucapião3,
previsto agora expressamente na Lei de Registros Públicos (o art. 1.071, do CPC,
introduziu o art. 216-A à Lei 6.015/1973), e já é possível obter o reconhecimento da
titularidade de um bem imóvel sem a necessidade de buscar auxílio junto ao Poder
Judiciário.
Os cartórios extrajudiciais também já estão aptos a prestar serviços de mediação
e conciliação, como meios alternativos de prevenção de litígios, amparados pelo
Provimento 67/2018, expedido pelo Conselho Nacional de Justiça4.
E a atuação dos cartórios extrajudiciais tende a se expandir cada vez mais. Embora
as novidades sempre enfrentem certa resistência, imagina-se que até mesmo atos de
execução sejam gradativamente incorporados às atividades corriqueiras das serventias
extrajudiciais5. Exemplo disso é o Projeto de Lei 6.204/2019, em trâmite perante o Senado
Federal, que “disciplina a execução extrajudicial civil para cobrança de títulos executivos
judiciais e extrajudiciais e atribui ao tabelião de protesto o exercício das funções de agente
de execução”.
De maneira semelhante, o Projeto de Lei 3.999/2020, em trâmite perante a Câmara
dos Deputados, “dispõe sobre o despejo extrajudicial e a consignação extrajudicial de
chaves, e para tanto altera a Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, que dispõe sobre as
locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes”.

outras culturas. (...) Seu estudo pressupõe um alargamento e aprofundamento dos objetivos e métodos da moderna
ciência jurídica”. (CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie Nortfleet, Porto Alegre, Fabris,
1988. pp. 12/13).
2
Diversas atividades já são corriqueiramente desenvolvidas pelas serventias extrajudiciais, como dos procedimentos
de divórcio e inventário extrajudiciais.
3
“A desjudicialização de certos procedimentos especiais, como é o caso da usucapião, não é um movimento isolado”
(ALVIM, Arruda. A usucapião extrajudicial e o Novo Código de Processo Civil. Doutrinas Essenciais – Novo Processo
Civil. Vol. 6/2018. Revista de Direito Imobiliário. Vol. 79/2015. p. 15-31. Jul-dez/2015. DTR\2016\20. p. 07).
4
O Provimento 67/2018, do CNJ, “dispõe sobre os procedimentos de conciliação e de mediação nos serviços notariais
e de registro do Brasil”.
5
Sem olvidar, obviamente, de procedimentos já amplamente utilizados, como o de alienação fiduciária, previsto na Lei
9.514/94, que já é conduzido pelo Cartório de Registro de Imóveis e, ao final, propicia a venda do imóvel dado em
garantia.

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Todas essas possibilidades tendem a materializar uma nova perspectiva de que é


possível – e desejável – que casos potencialmente litigiosos ou já com litígio latente sejam
solucionados com o auxílio de atividades que se desenvolvam paralelamente ao Poder
Judiciário.
Nesse cenário, fica evidente a importância assumida pelas serventias
extrajudiciais no que se refere ao acesso à justiça e à prestação da tutela jurisdicional.
Uma dessas atividades tem proximidade ainda maior com o Poder Judiciário, na
medida em que se relaciona intimamente com a prestação jurisdicional: a ata notarial que,
com o advento do CPC, foi tipificada como meio de prova e agora está expressamente
prevista no Capítulo XII, das provas, no artigo 3846.
Ocorre que, historicamente, os alunos de graduação não têm muito contato com o
direito notarial e registral, que detêm um sistema próprio de princípios e regras. Na
maioria das vezes, o advogado acaba tendo conhecimentos pontuais de uma ou outra
atividade dos notários e dos registradores, mas não se debruça especificamente sobre o
arcabouço de princípios e regras que norteiam tais sistemas.
O presente trabalho visa justamente reduzir esse distanciamento do processualista
com o direito notarial, buscando despertar o interesse da doutrina sobre essa interrelação
do processualista civil com o trabalho dos notários, que tomará campo cada vez mais
presente em sua atuação profissional.
Embora se encontre material acadêmico sobre a ata notarial com certa abundância,
ousamos afirmar que os trabalhos parecem ora destinados àqueles que estudam a matéria
de direito notarial, com ênfase nos interesses próprios dos notários, ora destacam
consequências da ata notarial para o processo judicial, mas, de certa forma,
desvinculando-a daquele profissional que lhe deu origem. Poucos são os trabalhos que
sejam voltados especificamente aos processualistas, militantes no processo judicial e que
também se preocupem com a essência do ato praticado pelo tabelião de notas. A doutrina
ainda precisa estabelecer a correlação entre o ato praticado pelo tabelião e a sua
implicação para o processo.
Não basta ter o conhecimento de que a ata notarial seja um meio típico de prova.
Para que o operador do direito possa manejar adequadamente essa ferramenta, precisa
conhecer como ela se constitui, qual é exatamente o seu objeto e como poderá utilizá-la.

6
Artigo 384, CPC: “A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a
requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião. Parágrafo único. Dados representados por imagem ou
som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial”.

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Assim como os demais meios de prova devem observar certos requisitos para que
tenham validade dentro do processo, o operador do direito também deve aferir se a ata
notarial padece de algum vício que macule o seu conteúdo. Mas, sem o conhecimento
doutrinário sobre os princípios e requisitos que rodeiam e conferem fé-pública ao
conteúdo da ata notarial, essa aferição vem passando despercebida no âmbito processual.
Sem a ambição de esgotar o tema, os capítulos a seguir visam apenas provocar o
operador do direito a se preocupar também com a elaboração da ata notarial, momento
que antecede sua utilização no processo judicial.

2 A ATIVIDADE DO NOTÁRIO COMO FORMA DE DESCENTRALIZAÇÃO


DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
A atividade das Serventias Extrajudiciais representa verdadeira descentralização
da prestação de serviços públicos. E se justifica por diversos aspectos que, somados,
teoricamente levam ao administrado um serviço especializado de maior qualidade.
A descentralização dos serviços tende a gerar uma maior economia aos cofres
públicos e um custo menor àqueles que consomem os serviços prestados, na medida em
que a delegação da atividade fomenta ganho de eficiência.
Tratar a prestação do serviço como uma atividade empresarial7 implica, quase que
automaticamente, na adoção de padrões de atuação e de gestão que, somados à constante
especialização dos envolvidos e das técnicas aplicáveis, levará ao administrado um
serviço mais barato e de maior qualidade.
Mas isso não quer dizer que a descentralização da gestão e da prestação dos
serviços públicos desnature a função exercida. Apesar de transferida às serventias
extrajudiciais, é importante não se esquecer de que a atividade dos notários e dos
registradores possui natureza de Direito Público.
A Constituição Federal, reconhecendo a importância da atividade das serventias
extrajudiciais, em seu art. 236, expressamente atestou essa condição de que “os serviços
notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público”.
A Lei 8.935/1994, ao regulamentar o referido art. 236, dispõe que “os serviços
notariais e de registro são de organização técnica e administrativa destinados a garantir a
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos” (art. 1º).

7
O art. 21, da Lei 8.935/94 estabelece que: “o gerenciamento administrativo e financeiro dos serviços notariais e de
registro é da responsabilidade exclusiva do respectivo titular, inclusive no que diz respeito às despesas de custeio,
investimento e pessoal, cabendo-lhe estabelecer normas, condições e obrigações relativas à atribuição de funções e de
remuneração de seus prepostos de modo a obter a melhor qualidade na prestação dos serviços”.

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Ou seja, trata-se do exercício de Função Pública que é prestada sob a iniciativa


Particular8.
Esse é o ponto de partida para se estabelecer as bases para entender o que seria,
exatamente, a ata notarial: um documento redigido e certificado por um Tabelião de
Notas, que exerce função pública em caráter privado, por delegação.
O cumprimento de uma função pública, nem é preciso dizer, exige daquele que a
exerce uma série de deveres, poderes e prerrogativas. Afinal, para que o Tabelião possa
desenvolver plenamente sua atividade pública, precisa ser munido de poderes e
prerrogativas, que são concedidos justamente para que a atividade possa ser
desempenhada em sua plenitude.
Função pública, segundo Luiz Guilherme Loureiro, é “atividade exercida por
agente estatal, no cumprimento do dever de alcançar o interesse público, por meio do uso
de poderes que pertencem ao próprio Estado”9. Trata-se de atividade que tem por dever
satisfazer o interesse de terceiros (interesse público)10.
Por sua vez, delegar, na definição de Hely Lopes Meirelles, significa “conferir a
outrem atribuições que originariamente competiam ao delegante”11.
Mas, como bem destaca Luiz Guilherme Loureiro, a delegação recebida pelo
Notário não pode ser confundida com um simples ato de delegação de direito
administrativo. Deles se diferencia por não ser um ato revogável em qualquer tempo, ou
seja, não tem natureza temporária ou transitória. Trata-se, por determinação
constitucional, de transferência definitiva de competência 12, diferindo do mero ato de
delegação regular.
Talvez um dos principais poderes recebidos pelo tabelião seja a conhecida fé
pública, prevista no art. 3º, da referida Lei 8.935/1994.
Ao ser aprovado nos certames e investido na função, o Tabelião de Notas se torna
um representante do Poder Público. Ou seja, o Estado seleciona alguém do povo para

8
O STF, inclusive, posicionou-se no sentido de que os emolumentos extrajudiciais, ou seja, a remuneração
recebida pelo Notário, têm natureza de taxa. Vide. RP nº 1094/SP, Rel. Min. Soares Munoz, Tribunal Pleno
do Superior Tribunal Federal, j. 08/08/1984.
9
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais – 4ª
ed. – Salvador: JusPODIVM, 2020, p. 114.
10
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais – 4ª
ed. – Salvador: JusPODIVM, 2020, p. 108.
11
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 19ª ed. Malheiros Editores, 1994. p. 106.
12
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais – 4ª
ed. – Salvador: JusPODIVM, 2020, pp. 115/116.

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representá-lo na prestação de um serviço público. Os atos que ele passa a praticar, são
expedidos em nome do Poder Público e no interesse da sociedade.
Quando o particular se relaciona com um desses representantes, a bem da verdade,
relaciona-se com o próprio Poder Público.
A mesma confiança depositada nos atos praticados pelo Poder Público deve ser
estendida, naturalmente, àqueles que o representam. A crença de existência e de validade
que a sociedade atribui aos atos praticados pelo Poder Público precisa acompanhar os atos
praticados pelo representante público, ainda que no exercício de uma função delegada.
Essa crença que legitima os atos praticados pelo representante tem ligação direta
com a chamada “fé pública”13.
A fé pública, no âmbito das serventias extrajudiciais, “é a confiança atribuída por
lei aos atos que o notário e o registrador declare ou faça dentro do exercício de sua função,
os quais são presumidos como verdadeiros, até prova em contrário; torna os acordos
jurídicos eficazes com base no ato praticado ou declarado pelo notário”14.
Ou seja, da combinação do art. 236 da Constituição Federal com o art. 3º da Lei
8.935/94, percebe-se que o Tabelião de Notas recebe poderes para que, em nome da
Administração Pública e agindo como agente estatal, com fé pública dos atos que pratica,
organize técnica e administrativamente a prestação de serviços destinados a garantir a
publicidade, a autenticidade, a segurança e a eficácia de atos jurídicos (lato sensu).

3 A ATA NOTARIAL
3.1 CONCEITO E OBJETO
Engana-se aquele que associa a criação ou o uso da ata notarial ao Código de
Processo Civil de 2015. A primeira ata notarial que se tem notícia, lavrada em solo
brasileiro, é comumente atribuída a Pero Vaz de Caminha, em carta encaminhada ao Rei
D. Manoel I, relatando-lhe o descobrimento das terras tupiniquins.

13
João Francisco Massoneto Junior destaca a existência de três categorias distintas de “fé pública”: “a Fé Pública
Administrativa, que certifica os atos da administração pública, a Fé Pública Judicial, que envolve procedimentos
judiciais, no âmbito litigioso, e a Fé Pública Notarial e Registral, inerentes aos atos notariais e de registro”
(MASSONETO JR., João Francisco. A Fé Pública na atividade notarial e registral. In Tabelionato de Notas /
Coordenação Izaías Gomes Ferro Júnior, Márcia Rosália Schwarzer – Salvador: Editora JusPodivm, 2019. p. 146).
14
MASSONETO JR., João Francisco. A Fé Pública na atividade notarial e registral. In Tabelionato de Notas /
Coordenação Izaías Gomes Ferro Júnior, Márcia Rosália Schwarzer – Salvador: Editora JusPodivm, 2019. p. 147.

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É bem verdade que apenas em passado recente a ata notarial tenha recebido
atenção legislativa específica – ainda que timidamente, deixando um certo vazio
normativo15 –, mas sempre esteve presente na atividade dos notários.
Não obstante, a Lei 8.935/94, que regulamenta o artigo 236 da Constituição
Federal, ao dispor sobre serviços notariais e de registros, prevê, em seu artigo 6º, competir
aos Notários autenticar fatos. O artigo 7º, III, do mesmo diploma, determina competir
com exclusividade ao Tabelião de Notas lavrar atas notariais. De seu turno, o artigo 384,
do CPC, determina que “a existência e o modo de existir de algum fato pode ser atestado
ou documentado” por uma ata notarial.
Da leitura conjunta dos artigos 236 da Constituição Federal, dos artigos 6º e 7º,
III, da Lei 8.935/94, com artigo 384 do Código de Processo Civil, verifica-se que a
existência e o modo de existir de um fato podem ser documentados em uma ata notarial
lavrada por um Tabelião de Notas, que os certifica e autentica em razão da fé pública que
recebeu por delegação do Poder Público.
Na definição mais precisa de Leonardo Brandelli, ata notarial é “o instrumento
público através do qual o notário capta, por seus sentidos, uma determinada situação, um
determinado fato, e o translada para seus livros de notas ou para outro documento. É a
apreensão de um ato ou fato, pelo notário, e a transcrição dessa percepção em documento
próprio”16.
Como leciona Luiz Guilherme Loureiro, “a finalidade da ata notarial é a
constatação de fatos pelo notário com a finalidade de formar prova para fins
administrativos ou judiciais, ou seja, esse tipo de documento notarial tem por objetivo a
pré-constituição de provas”17.

15
Para Walter Ceneviva, “a interpretação histórica mostra que a ata notarial é novidade na lei brasileira. Ou seja, foi
criada em 1994, com esse nome”. Mas, como ele bem destaca, o art. 7º, da Lei 8.935/94, ao se referir à ata notarial,
omite as peculiaridades e os cuidados que lhe são inerentes (CENEVIVA, Walter. Ata notarial e os cuidados que exige,
in Ata notarial / Amaro Moraes e Silva Neto ... [et al.]; coord. Leonardo Brandelli. – Porto Alegre: Instituto de Registro
Imobiliário do Brasil: S. A. Fabris, 2004. pp. 77 e 91). No mesmo sentido, para Alberto Caminã Moreira, “a lei limita-
se, entretanto, a atribuir competência ao tabelião para lavrar a ata notarial, sem esclarecer o seu significado, sem dizer
o seu conteúdo” (MOREIRA, Alberto Caminã. Ata Notarial. In A Prova do direito processual civil: estudos em
homenagem ao professor João Batista Lopes / Elias Marques de Medeiros Neto, Ricardo Augusto de Castro Lopes,
Olavo de Oliveira Neto, (coordenadores). – 1. Ed. – São Paulo: Editora Verbatim, 2013. p. 16).
16
BRANDELLI, Leonardo. Atas notariais, in Ata notarial / Amaro Moraes e Silva Neto ... [et al.]; coord. Leonardo
Brandelli. – Porto Alegre: Instituto de Registro Imobiliário do Brasil: S. A. Fabris, 2004. p. 44.
17
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais – 4ª ed. – Salvador:
JusPODIVM, 2020. p. 826.

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Ao se referir à ata notarial, Márcio Pires de Mesquita afirma que “o tabelião


translada para o papel os detalhes e os pormenores de determinado fato, tal qual uma
fotografia escrita, com a intenção de resguardá-lo para o futuro”18.
Para Nadja Reis da Silva, “trata-se de uma narrativa de fatos ou materialização de
forma narrativa de eventos vistos ou ouvidos pelo Tabelião, ou seus prepostos
autorizados, lavrado em um instrumento qualificado com fé pública e com a mesma força
probante de escritura pública”19.
Percebe-se que o objeto da ata notarial é a certificação de fatos jurídicos
observados ou presenciados pelo Tabelião em um determinado momento. Fatos
observados e/ou sentidos pelo Tabelião são descritos em forma narrativa, com a finalidade
de constituir prova da ocorrência e da forma como ocorreram.
É exatamente por certificar a existência de fatos que a ata notarial desperta
interesse dos processualistas e, desde a vigência do CPC/2015, ganhou o adjetivo de prova
tipificada. Afinal, compete às partes de um processo judicial provar a verdade dos fatos
em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz (art. 369,
CPC).
Mas, seria a ata notarial a solução dos processualistas para a fase instrutória?

3.2 DA ESCRITURA PÚBLICA À ATA NOTARIAL


O artigo 6º da Lei 8.935/94, estabelece a competência de atuação dos notários. A
primeira delas é a de formalizar juridicamente a vontade das partes. O dispositivo também
estabelece que lhes cabe intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou
queiram dar forma legal ou autenticidade. Por fim, a de que lhes cabe autenticar fatos.
Nesse mister, o notário deve estar próximo às partes, entender o que desejam e dar
forma ao ato ou negócio jurídico que almejam praticar na sua presença.
Deve-se ter em mente que o notário não é um simples certificador da vontade das
partes. Integra sua função participar da qualificação jurídica do ato, já que o exercício da
atividade notarial exige que o notário compreenda e molde juridicamente o desejo dos
interessados. O notário deve receber os interessados, apreender o que objetivam,

18
MESQUITA, Márcio Pires de. Breves considerações sobre a ata notarial. Revista de Direito Imobiliário. vol. 62/2007.
p. 276/279. Jan-jun/2007. Doutrinas essenciais de direito registral. vol. 1. p. 333/337. Dez/2011. DTR\2007\812. p. 01.
19
SILVA, Nadja Reis da. Aspectos práticos de uma ata notarial para fins de usucapião extrajudicial. In Tabelionato de
notas / Coordenação Izaías Gomes Ferro Júnior, Márcia Rosália Schwarzer – Salvador: Editora JusPodivm, 2019. p.
406.

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aconselhá-los, redigir o documento correspondente e, por fim, arquivá-lo em sua


serventia.
Assim, não será lavrada escritura de doação se o notário verificar que as partes
convencionaram o pagamento de um preço, por exemplo.
Mesmo que as partes expressamente manifestem vontade de lavrar a escritura, se
o notário, ao qualificar o negócio jurídico, convencer-se da ilicitude de seu objeto, a
escritura não será lavrada por ele.
O notário, portanto, recebe a declaração de vontade das partes e, no
desenvolvimento do seu trabalho, materializa formal e juridicamente o objeto
declarado/almejado pelos interessados.
Essa atividade está intimamente ligada à própria fé pública delegada ao Tabelião
de Notas. Quando uma escritura é lavrada, o efeito produzido é mais amplo do que pode
parecer ao leigo. Além de dar publicidade ao ato (efeito conhecido com mais frequência),
a lavratura de uma escritura carrega consigo a chancela de que as partes efetivamente
compareceram perante o Tabelião e que a ele emitiram a declaração de vontade que
integra o negócio estampado na escritura pública.
Essa certificação é que dá a segurança jurídica ao ato praticado. É o próprio Estado
declarando que aquelas pessoas que participam da escritura tinham vontade de praticar e
praticaram aquele ato transcrito pelo Tabelião.
Como bem leciona Moacyr Amaral Santos, “do instrumento público perfeito se
diz que é autêntico. Por si mesmo faz prova de sua proveniência, isto é, de que o
documento tem um oficial público como autor”20.
É interessante observar que “a fé do notário a propósito das declarações recebidas
é absoluta quanto à existência delas e relativa quanto ao conteúdo. De todo modo,
qualquer contestação a elas, existência ou conteúdo, somente pode ser feita na via judicial
por parte com legitimidade ativa”21.
Com a intervenção do notário na contextualização do negócio almejado pelos
interessados, fica garantida não só a autoria da manifestação declarada, como a
capacidade ostentada pelos declarantes para a prática daquele ato. Igualmente, “em vista

20
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial. Vol. IV, 3ª ed. Prova documental – São Paulo:
Max Limonad, 1966. p. 118.
21
FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger. Ata Notarial – Doutrina, Prática e Meio de Prova / Paulo Roberto Gaiger Ferreira,
Felipe Leonardo Rodrigues – 2. ed. – Salvador: Editora JusPodivm, 2020. p. 69.

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do caráter e da fé pública que a lei atribui ao oficial público, presume-se que tudo quanto
êle certifique no instrumento seja conforme a verdade” 22.
Em outras palavras, a fé pública conferida ao Tabelião certifica que o ato
efetivamente ocorreu em sua presença, que a declaração de vontade das partes foi emitida
sem vícios e que a vontade declarada confere com o ato praticado e documentado na
escritura lavrada. Resumidamente, estabelece-se uma certeza de existência e de autoria.
É a essa certificação de autoria que Paulo Roberto Gaiger Ferreira se refere como fé
absoluta.
A relatividade quanto ao conteúdo fica por conta da impossibilidade de o Tabelião
investigar todas as possíveis e imagináveis situações do mundo real que envolvam os
declarantes e de certificar que a vontade declarada na sua presença não coincide com a
intenção que, obviamente, não foi externada pelos interessados. Daí porque o conteúdo
declarado tenha presunção relativa. Presume-se que o seu conteúdo esteja de acordo com
a vontade declarada pelas partes, mas permite-se que os legitimamente interessados
possam impugná-lo se a vontade declarada esconder uma realidade diferente.
A fé pública dos atos praticados na presença do tabelião fica evidente para o
processo civil quando se analisa o disposto nos artigos 374 e 405 do Código de Processo
Civil.
Militando presunção legal de existência e de veracidade aos atos praticados pelo
tabelião, a mera juntada de uma escritura pública aos autos do processo bastará para
provar que as partes nela indicadas praticaram o ato certificado pelo Tabelião.
Mas não pode passar despercebido ao processualista civil que não é a escritura
pública em si que dispensa a parte de provar o seu conteúdo. É importante destacar que a
fé pública delegada ao tabelião é que produz tal efeito. Ou seja, o ato certificado pelo
notário libera a parte de produzir outras provas para demonstrar o conteúdo da escritura.
Como visto logo acima, o trabalho do Tabelião de Notas é que faz gerar esse efeito dentro
do processo.
A relação entre a presunção de existência e veracidade é comumente atribuída ao
documento, e não àquele que o expediu. Mas o documento nada mais faz do que
materializar a certificação realizada pelo Tabelião.
Todo esse contexto que envolve o trabalho dos notários é condensado no referido
art. 405 do CPC.

SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial. Vol. IV, 3ª ed. Prova documental – São Paulo:
22

Max Limonad, 1966. p. 118.

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Firme nas premissas que norteiam a função notarial, voltamos ao preceito contido
no artigo 7º da Lei 9.935. Segundo esse dispositivo, compete exclusivamente aos
Tabeliães de Nota: I – lavrar escrituras e procurações públicas; e, dentre outras
competências, III – lavrar atas notariais. Daí a necessidade de distinguir a atuação do
tabelião em um e em outro ato.
Ambos os atos estão subordinados a elementos formais. Mas aquilo que é objeto
de escritura pública não pode ser objeto de ata notarial. Basicamente porque, na escritura,
há declaração de vontade das partes envolvidas dirigida ao Tabelião, enquanto na ata
notarial ele não é o destinatário de declaração alguma. Ou, nas palavras de Walter
Ceneviva:

Distinção importante está em que, na escritura, o tabelião reduz a termo ou


escreve com suas próprias palavras o que as partes lhe declaram ou informam,
satisfazendo os objetivos visados por estas. Não assim na ata notarial em que
tanto podem ser resenhadas ou reproduzidas palavras pronunciadas por partes
ou terceiros, quanto podem ser notas do próprio delegado, indicando
informações que colha, sem emitir juízo alheio à sua profissão, mas segundo
seu critério, embora voltado à satisfação de um cliente23.

Essa distinção ocorre, basicamente, porque o objeto da escritura pública é um ato


ou um negócio jurídico, enquanto a ata notarial se preocupa com os fatos jurídicos.
Socorrendo-nos da lição de Pontes de Miranda, verificamos que “fatos jurídicos
stricto sensu são os fatos que entram no mundo jurídico, sem que haja, na composição,
dêles, ato humano, ainda que, antes da entrada dêles no mundo jurídico, o tenha havido”24.
Por sua vez, “nos atos jurídicos stricto sensu há sempre manifestação de vontade
(ou comunicação de vontade), ou manifestação de conhecimento (ou comunicação de
conhecimento), ou manifestação de sentimento (ou comunicação de sentimento). Nos
negócios jurídicos, há sempre manifestação de vontade, que pode ser simples, ou
declarada”25.
Daí porque uma escritura pública ser apta a criar, modificar ou extinguir direitos,
enquanto a ata notarial não produz nenhum desses efeitos. A ata notarial tem conteúdo
meramente declaratório, ou seja, é uma narrativa de aspecto conservatório, enquanto que
a escritura pública materializa um ato ou negócio jurídico.

23
CENEVIVA, Walter. Ata notarial e os cuidados que exige, in Ata notarial / Amaro Moraes e Silva Neto ... [et al.];
coord. Leonardo Brandelli. – Porto Alegre: Instituto de Registro Imobiliário do Brasil: S. A. Fabris, 2004. p. 94.
24
MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Parte Geral, Tomo II – 3ª ed. Rio de Janeiro: Editor Borsoi, 1970.
p. 187.
25
MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Parte Geral, Tomo II – 3ª ed. Rio de Janeiro: Editor Borsoi, 1970.
p. 395.

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É possível dizer, nesse contexto, que a escritura é redigida, enquanto a ata é


narrada pelo Tabelião.
Outra diferença importante diz respeito à assinatura dos interessados no
documento lavrado. Na escritura, a assinatura das partes é condição de existência e de
validade do próprio ato26, na medida em que atesta que o interessado declarou sua vontade
ao Tabelião e que esta coincide com o teor redigido na escritura subscrita. A assinatura
do interessado na ata, ao contrário, apenas demonstra que o Tabelião foi provocado para
praticar aquele ato27, sendo que a assinatura do interessado não representa sua
aquiescência com o conteúdo narrado. Mesmo porque a ata contém apenas uma narrativa
unilateral do Tabelião de fatos que foram presenciados por ele.
É interessante registrar uma última diferença entre os documentos: quando da
escritura pública, o notário realiza um juízo a respeito da capacidade de direito das partes
envolvidas e, identificando a incapacidade de qualquer uma delas para a prática do ato, a
escritura não será lavrada. Há, portanto, análise da capacidade jurídica das partes. Por sua
vez, como ata notarial não se refere à prática de atos ou negócios jurídicos, basta àquele
que formula o requerimento ao Tabelião ter capacidade natural e interesse legítimo para
solicitar sua elaboração.
Observa-se, assim, que algumas situações não podem ser objeto de ata notarial,
pois integram o escopo da escritura pública. Há, se assim podemos afirmar, um campo
residual para a ata notarial.
Excluídos os atos e os negócios jurídicos de seu objeto, depreende-se desses
conceitos que o Tabelião, dotado de fé pública que é, pode certificar a ocorrência de fatos
jurídicos presenciados por seus sentidos, e reduzi-los a termo. “Esse profissional
imparcial e neutro deve certificar os fatos tal como por ele percebidos, documentando-os
de maneira objetiva, sem qualquer manipulação, acréscimo ou omissão”28.

26
Nas palavras de Pontes de Miranda: “na manifestação de vontade há o que prefigura o ato jurídico, especialmente o
negócio jurídico (elemento que pode estar em sinais comunicáveis e às vezes comunicados, como se A, antes de ofertar,
mostra a B o rascunho da futura oferta) e o que faz o ato entrar, como ato de alguém, no mundo jurídico. Donde haver
diferença entre vontade manifestada e vontade de manifestar. Quando se redige o instrumento particular, ou quando o
redige o oficial público, ainda se está a manifestar vontade, porém de modo impessoal; somente com a assinatura e,
não raro, com a expedição é que se liga à pessoa a vontade manifestada” (MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito
Privado. Parte Geral, Tomo II – 3ª ed. Rio de Janeiro: Editor Borsoi, 1970. p. 416).
27
“Por exigir a lei que o tabelião atue a requerimento do interessado, afasta-se a atuação oficiosa; trata-se de
consagração do tradicional princípio da instância, que rege o sistema de registros públicos em geral: o tabelião não atua
de ofício” (MOREIRA, Alberto Caminã. Ata Notarial. In A Prova do direito processual civil: estudos em homenagem
ao professor João Batista Lopes / Elias Marques de Medeiros Neto, Ricardo Augusto de Castro Lopes, Olavo de
Oliveira Neto, (coordenadores). – 1. Ed. – São Paulo: Editora Verbatim, 2013. p. 20.
28
LOUREIRO, Luiz Guilherme. Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais – 4ª ed. – Salvador:
JusPODIVM, 2020. p. 825.

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O que se percebe é que a ata notarial é como uma fotografia tirada pelo Tabelião
em determinado lugar do espaço e do tempo, meramente descritiva de fatos jurídicos que
foram presenciados, e sem a aplicação de qualquer elemento cognitivo. Trata-se de
descrição objetiva de uma determinada situação estática.

4 A ATA NOTARIAL E O PROCESSO CIVIL


A ata notarial está indissociavelmente relacionada aos fatos jurídicos. Também
está intimamente relacionada àqueles fatos presenciados e sentidos pelo Tabelião de
Notas. Tem por escopo pré-constituir prova sobre fatos.
Prova sobre fato é justamente o que soluciona grande parte do problema
enfrentado pelo profissional do direito que atua no contencioso cível. Afinal, incumbe ao
autor da demanda o ônus da prova relacionado ao fato constitutivo de seu direito e ao réu
o ônus da prova relacionado aos fatos impeditivos, modificativos e extintivos do direito
afirmado pelo autor da demanda.
A novidade parecia promissora e a conclusão lógica: com a vigência do novo
Código de Processo Civil em 2015, a fase instrutória dos processos judiciais sofreria
substancial alteração. Bastaria ter à disposição uma ata notarial, documento dotado de fé
pública e em cujo favor milita presunção de existência e veracidade, para cumprir o ônus
probatório fixado pelo disposto em seu artigo 373.
A expectativa era boa e legítima. Mas, na prática, não se viu grande novidade,
além da difusão do conhecimento sobre a existência deste interessante e excelente meio
de prova.
Por primeiro porque, como abordado anteriormente, o CPC não criou a ata
notarial, embora certamente tenha contribuído para torná-la uma ferramenta mais usual
para o processo civil ao estabelecê-la como um meio típico de prova.
Some-se a isso que o objeto da ata notarial não se amolda para todas as situações
comumente verificadas em uma demanda judicial.
Isso porque, como se viu, a ata notarial tem cunho meramente narrativo. O
Tabelião de Notas presencia um determinado fato por seus sentidos e o transcreve para
um documento, de forma narrativa e isenta de qualquer elemento cognitivo e/ou
impressões pessoais, fazendo uma espécie de retrato da situação presenciada.
Destina-se a perpetuar uma situação de fato presenciada pelo Tabelião, mas é
corriqueiramente associada a um modo de criação/constituição de prova. Veja-se: não se
cria propriamente uma prova por intermédio da ata notarial. Se a intenção for essa,

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provavelmente haverá outro meio melhor ou igualmente eficaz para atingir tal objetivo29
(principalmente no aspecto financeiro, já que os custos envolvidos podem ser bastante
elevados). O real benefício processual alcançado por uma ata notarial é perpetuar uma
situação que, posteriormente, pode se tornar difícil de ser reproduzida dentro do processo
judicial.
Não é raro, por exemplo, observar que advogados levem documentos (cartas ou
escritos particulares) à presença de um Tabelião de Notas e solicitem que ele transcreva
o seu conteúdo para uma ata notarial. A pedido do interessado, o Tabelião descreverá que
lhe foi apresentado um documento com determinado conteúdo. Todavia, a menos que
haja o risco de esse documento se tornar ilegível ou extraviar, sua força probante não terá
alteração alguma para o processo judicial. A bem da verdade, a ata notarial apenas
registrará que o Tabelião viu o documento e transcreveu o seu conteúdo para um
documento público. Nada mais. O Tabelião não certificará a materialidade do documento
que lhe foi exibido ou tornará verdadeiro ou incontestável seu conteúdo.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, é possível verificar-se grande número
de atas notariais sendo lavradas para colher o depoimento de pessoas, na intenção de se
evitar a necessidade de produção de prova oral em posterior audiência de instrução.
Todavia, para efeitos processuais, em muitos casos, a ata notarial se aproxima
muito a uma declaração subscrita pelo próprio declarante (prova documental30). A bem
da verdade, a diferença reside apenas na certificação realizada pelo Tabelião de que o
declarante esteve na sua presença e espontaneamente proferiu as palavras transcritas na
ata31. Mas a autenticidade da declaração não é o ponto central do debate. O conteúdo, que
realmente importa para a maioria dos casos, não ganha em robustez ou em persuasão 32.

29
“(...) acusações à pessoa pública em mídia social – sentença de procedência – alegação de parcialidade da testemunha
– não verificação – testemunha que apontou ser conhecida de ambas as partes e que descreveu apenas fatos, isto é, que
a ré possui conta em rede social e que realizou a postagem questionada – ausência de ata notarial e de perícia técnica –
desnecessidade – os fatos alegados não se comprovam apenas por tais meios de prova, podendo outros ser utilizados
para a solução do conflito (...)” (apelação nº 0009165-83.2012.8.26.0153, Rel. Des. Alexandre Coelho, 8ª Câmara de
Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j. 07/02/2019).
30
“Agravo de Instrumento. Ação de reconhecimento e dissolução de união estável – Decisão que recebeu declarações
de testemunhas constantes de ata notarial como prova documental – Hipótese que não se enquadra no rol previsto no
artigo 1015 do Código de Processo Civil – Questão passível de reapreciação, se caso, nos autos principais ou em sede
de recurso de apelação. Não se conhece do recurso” (agravo de instrumento nº 2276339-21.2019.8.26.0000, Rel. Des.
Christine Santini, 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j. 13.12.2019).
31
Vide ata notarial acostada aos autos de ação rescisória em que o requerente poderia ter juntado a própria declaração
transcrita na ata para fazer prova de suas razões. A única diferença fica para a certificação do Tabelião acerca da pessoa
que lhe apresentou a carta, mas não em seu conteúdo (ação rescisória nº 2189965-65.2020.8.26.0000, Rel. Des.
Francisco Bianco, 2º Grupo de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo. J. 28/09/2020).
32
Nesse sentido: “Apelante que não se desincumbiu suficientemente de seu ônus probatório, previsto no artigo 373,
inciso I, do CPC, deixando de comprovar os fatos constitutivos de seu direito – Declarações unilaterais, registradas em
boletim de ocorrência pelo próprio apelante, e em ata notarial por sua amiga íntima, que não são suficientes para
comprovar a efetiva ocorrência de ato ilícito” (Apelação nº 1004929-84.2017.8.26.0286, Rel. Des. Roque Antonio
Mesquita de Oliveira, 18ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j. 25.11.2019).

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O Tabelião não fará qualquer análise sobre a veracidade daquilo que lhe foi dito. Ele
apenas certificará as palavras que ouviu, sem nenhum juízo de valor sobre elas.
Cumpre enfatizar que a declaração documentada pelo Tabelião de Notas não se
equipara à prova testemunhal colhida em juízo. Embora sejam admitidos “todos os meios
legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados” no CPC, “para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa” (art. 369) e não haja
uma hierarquia entre os meios de prova, não se pode afirmar que sejam idênticos o
testemunho colhido judicialmente e o testemunho narrado pelo Tabelião de Notas que,
nas palavras de Moacyr Amaral Santos, constitui o “testemunho extrajudicial”33.
Moacyr Amaral Santos, comparando as duas figuras, afirma que “a prova
fornecida por uma testemunha dêsse gênero, muito embora suas declarações sejam
tomadas mesmo por tabeliães ou oficiais públicos equivalentes, não corresponde à
testemunhal, no sentido jurídico e processual”. Basicamente, afirma ele, porque o
testemunho extrajudicial não se submete a diversas solenidades e garantias, destacando o
contraditório das partes na audiência pública34. Ambas serão provas hábeis a formar o
convencimento do magistrado, mas não são provas análogas.
Por isso, mesmo que haja nos autos uma ata notarial cujo conteúdo seja uma
declaração de alguém que compareceu ao tabelionato para prestar “testemunho” ao
Tabelião, é possível que esta mesma pessoa seja arrolada como testemunha no processo
e precise comparecer à audiência designada. A ata notarial não a isentará de auxiliar o
Poder Judiciário se chamada para tanto.
Curioso mencionar a ocorrência de situações em que a parte deixa de arrolar
testemunhas no momento processual oportuno e vê precluir seu direito de produzir a
prova oral. Nessas hipóteses, não é incomum que a parte encaminhe a testemunha (que
não foi ouvida judicialmente) ao cartório de notas e obtenha uma ata notarial com o seu
testemunho. Preclusa a prova testemunhal, a parte junta aos autos a ata notarial como
forma de contornar a preclusão incorrida. Nessas hipóteses, os Tribunais de Justiça,

33
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial. Vol. III, 3ª ed. Prova testemunhal – São Paulo:
Max Limonad, 1964. p. 59.
34
SANTOS, Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial. Vol. III, 3ª ed. Prova testemunhal – São Paulo:
Max Limonad, 1964. p. 59.

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corretamente, vêm se posicionando no sentido de que tal conduta fere o princípio do


contraditório35 36 37.
Nem se alegue, por oportuno, que a ata notarial possa ser considerada documento
novo porque lavrada após a audiência de instrução e julgamento ou após o prazo para se
arrolar a testemunha38. De tudo o que já se aventou anteriormente, conclui-se que a ata
notarial realmente não pode ser considerada um documento novo nessa hipótese. Não se
trata de um fato presenciado pelo Tabelião e que tenha ocorrido após o momento da
distribuição da demanda ou da apresentação da contestação. Ao contrário, trata-se de um
testemunho que é prestado perante o Tabelião, mas que relata um acontecimento passado.
Se o fato já havia ocorrido e se a testemunha já era de conhecimento da parte que deixou
de arrolá-la, não há como considerar a ata notarial como um documento novo.
Diversas outras situações podem envolver a ata notarial. Mas, de forma reiterada,
temos visto uma avaliação equivocada do propósito e do conteúdo desse documento39.
É também o que ocorre nas hipóteses em que o Tabelião de Notas acompanha uma vistoria
técnica, por exemplo. Não é difícil que a ata notarial tenha por objeto a vistoria em
imóveis, para atestar-lhes as condições físicas.

35
“Posse com ânimo de dono não comprovada pela prova testemunhal, inexistente prova documental de indícios de
moradia habitual e posse com ânimo de dono. Inadmissibilidade do uso de ata notarial após a dilação probatória normal
realizada no processo, menos ainda com inserção de depoimento de quem poderia ter sido arrolada como testemunha
(...)” (apelação nº 1000548-54.2014.8.26.0604, Rel. Des. Maia da Cunha, 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de São Paulo, j. 25/10/2018).
36
Nesse sentido: “(...) Anulada a sentença antes proferida, para oportunizar a produção de prova oral, houve preclusão
na apresentação do rol de testemunhas. Rol apresentado pelo réu tardiamente. Diante da preclusão, restou prejudicada
a prova acerca da alegada posse longeva exercida pelo réu. Juntada de ata notarial com a apelação contendo declarações
das testemunhas arroladas tardiamente. Inadmissibilidade. Expediente com o qual o réu visa contornar a preclusão e
fazer tábula rasa do princípio do contraditório (...)” (Apelação nº 1014192-46.2017.8.26.0576, Rel. Des. Alexandre
Marcondes, 6ª Câmara de Direito Provado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j. 12/08/2020).
37
“(...) usucapião extraordinário – testemunho registrado por ata notarial em cartório – imprestabilidade – atitude nem
ao menos justificada – contraditório com ser respeitado (...)” (apelação nº 1001649-93.2016.8.26.0269, Rel. Des.
Giffoni Ferreira, 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j. 10/08/2018).
38
Nesse sentido: “(...) Argumentação do agravante baseada exclusivamente em ata notarial lavrada após a sentença,
contendo o depoimento das testemunhas que deixou de arrolar tempestivamente. Documento que não enquadra nas
hipóteses do parágrafo único do art. 435 do CPC. Expediente com o qual o agravante busca contornar a preclusão e
fazer tábula rasa do princípio do contraditório (...)” (agravo interno nº 2150012-94.2020.8.26.0000, Rel. Des. Alexandre
Marcondes, 6ª Câmara de Direito Provado do Tribunal de Justiça de São Paulo, j. 12/08/2020).
39
O Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, chegou a sinalizar que a parte deveria ter se valido de ata notarial
para comprovar situação que a ata notarial não socorreria a parte demandante. Discutia-se uma possível confissão da
parte contida em uma gravação de áudio. Sem adentrar ao mérito da questão, o acórdão se baseia no fato de que “não
há como se afirmar, com a segurança necessária, que se trata mesmo de conversa mantida entre as partes”, o que
somente uma perícia poderia realmente atestar. Mas, logo em seguida, os nobres julgadores “sugerem” que o
demandante “poderia, ao menos, ter buscado atestar a existência dos dados por meio de ata notarial (cf. art. 384,
parágrafo único, do CPC), o que também não fez”. Data máxima vênia, o máximo que as partes poderiam obter com a
ata notarial seria uma degravação fidedigna do conteúdo da suposta conversa – da parte audível, diga-se, porque o
Tabelião não é um perito. O Tabelião de Notas jamais poderia atestar quais eram efetivamente os interlocutores da
conversa e/ou se o seu conteúdo era real ou fictício. Repita-se uma vez mais: o Tabelião apenas narraria na ata que um
interessado compareceu à serventia extrajudicial com uma gravação e, logo em seguida, reproduzi-la. Nada mais. Vide
apelação nº 1005114-21.2018.8.26.0664, Rel. Des. A.C. Mathias Coltro, 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça de São Paulo, j. 14.08.2019.

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Pois bem, nessas hipóteses em que se pretende perpetuar um fato (condição física
do imóvel), caberá ao Tabelião descrever minuciosamente aquilo que presenciou. Mas,
se ele não possui expertise técnica para aferir ou entender determinadas situações, como
deveria proceder? Simples: relatando que se dirigiu ao local e ali o encontrou na situação
verificada nas fotos que acompanham a ata notarial40. Ele não precisa e não deve adentrar
às questões que extrapolam sua atividade. Mesmo que esteja acompanhado de um
profissional habilitado para fazer a avaliação, cumpre-lhe narrar o que o técnico lhe disse
e fotografar (nas hipóteses cabíveis), o que estava sendo avaliado. Veja-se: não é o
Tabelião quem fará a avaliação, cabendo-lhe única e exclusivamente relatar a avaliação
feita pelo profissional que o acompanha (geralmente o próprio requerente/solicitante da
ata)41.
As situações de cabimento e aplicação da ata notarial ao processo judicial são
inúmeras, não sendo possível a abordagem de todas elas neste breve trabalho. Mas o
processualista deve estar atento às múltiplas possibilidades que a ata notarial pode lhe
proporcionar, principalmente quando já sabe e pode antever a necessidade de provar um
determinado fato futuramente.

5 CONCLUSÃO
O direito probatório é um vasto e rico campo de estudo e atuação para os
processualistas civis.
A ata notarial se desabrocha aos olhos dos juristas como uma ferramenta
potencialmente útil, mas ainda pouco explorada.
É como se a ata notarial fosse um programa aberto de computação que permite e
provê meios para que o seu usuário possa programá-lo e adaptá-lo de acordo com as
necessidades específicas de sua utilização. Ou seja, cabe ao usuário saber utilizar as
ferramentas disponíveis para que o programa lhe seja útil.
O presente trabalho visava justamente provocar o processualista a olhar para a
figura do Tabelião, para entender o que dele pode esperar ou exigir. Não adianta crer que
a ata notarial seja a solução do processo civil sem entender para que realmente ela serve.

40
A respeito, vide GUEDES, Fabio Tadeu Ferreira. A ata notarial e a locação de imóveis, in Revista Científica da
Escola Superior da Advocacia: Direito Notarial e Registral, ed. 24, p. 27.07.2017, pp. 30/38.
41
O Tribunal de Justiça de São Paulo já teve oportunidade de decidir causa em que a ata notarial relatou os danos
existentes no imóvel. Posteriormente, com base no relato da ata notarial, um perito avaliou e quantificou os danos
registrados pelo Tabelião: “Locação comercial. Ação indenizatória movida pela Locadora em face da Locatária, por
não ter devolvido o imóvel em bom estado de conservação. Ata notarial que demonstra as más condições em que o
prédio foi devolvido. Valor do conserto avaliado por perícia judicial (...)” (apelação nº 1101679-61.2016.8.26.0100,
Rel. Pedro Baccarat, 36ª Câmara de D. Privado, TJSP).

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Somente enxergando como manusear essa ferramenta processual é que o


advogado poderá imaginar situações em que esse documento será útil. E em outras,
perceber que ela será inútil e buscar meios de prova que sejam mais adequados àquilo que
se pretende provar.
Por isso, tentou-se abordar, ainda que brevemente, a natureza da ata notarial e
certos elementos que lhe são peculiares, trazendo à evidência algumas informações sem
as quais o processualista teria dificuldade de manejar esse meio de prova tipificado pelo
Código de Processo Civil de 2015.

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