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FACULDADE ANHANGUERA DE BRASILIA

DIREITO

Matheus Fernandes de Oliveira Costa

Cooperação entre as partes e os órgãos jurisdicionais


Distinção entre norma material e processual
Normas processuais no tempo e no espaço
Interpretações da lei processual

BRASÍLIA – DF
2022
Matheus Fernandes de Oliveira Costa – RA: 397294016196

Cooperação entre as partes e os órgãos jurisdicionais


Distinção entre norma material e processual
Normas processuais no tempo e no espaço
Interpretações da lei processual

Trabalho apresentado ao prof.


Jefersson, como avaliação da
disciplina Teoria Geral do Processo.

BRASÍLIA – DF
2022
SUMÁRIO
Resumo ........................................................................................................................... 4

1. Introdução ................................................................................................................ 5

2. Desenvolvimento .................................................................................................... 5

2.1. Breve histórico do princípio da cooperação.................................................... 5

2.2. Novo código de Processo Civil/ Cooperação entre as partes e os órgãos


jurisdicionais ................................................................................................................... 6

2.3. Distinção entre norma material e processual ................................................. 9

2.4. Normas processuais no tempo e espaço...................................................... 14

2.5. Interpretação da lei processual....................................................................... 16

3. Considerações Finais........................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 25
Cooperação entre as partes e os órgãos jurisdicionais
Distinção entre norma material e processual
Normas processuais no tempo e no espaço
Interpretações da lei processual

Matheus Fernandes de Oliveira Costa 1


RA: 397294016196¹
Jefferson²

Resumo

Este artigo indica uma análise a respeito da devida aplicação do princípio


da cooperação, também chamado de princípio da colaboração, no Processo
Civil. Bem como, a distinção entre norma material e processual demonstrando
que é de extrema importância que o profissional e o estudante de Direito saibam
como reconhecer a natureza da norma (se material ou processual). Explicitando
também a interpretação das normas processuais e a sua aplicação no tempo e
no espaço, de forma a esclarecer e exemplificar melhor esses conceitos.

Abstract
This article indicates an analysis regarding the proper application of the
principle of cooperation, also called the principle of collaboration, in Civil
Procedure. As well as the distinction between substantive and procedural norm
demonstrating that it is extremely important that the professional and the law
student know how to recognize the nature of the norm (whether material or
procedural). Also explaining the interpretation of procedural rules and their
application in time and space, in order to better clarify and exemplify these
concepts.
1. Introdução

O Novo CPC (CPC/2015) é uma das principais legislações do


ordenamento jurídico brasileiro. Não só é a regra processual geral em Direito
Civil, como atua de forma subsidiária nas demais áreas. Portanto, determina os
procedimentos gerais e serve à elucidação de procedimentos especiais.
Dessa forma, procederá uma análise e desenvolvimento dos temas que
circulam esse novo diploma legal. Nesse sentido, observasse a aplicação e
importância do princípio da cooperação entre as partes e órgãos jurisdicionais,
estabelecendo que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para
que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito e efetiva. Os aspectos
das normas materiais e processuais, sendo o processo instrumento para a tutela
dos direitos materiais, ao mesmo tempo em que é por ele preenchido, em uma
relação de circularidade. Bem como, as diversas maneiras de interpretação das
normas processuais de acordo também com o resultado, fixando o seu
significado e delimitando o seu alcance, e as formas de integração da lei
processual, fenômeno que não se confunde com o da interpretação. Sendo esse
à atividade de suprir lacunas da lei.

2. Desenvolvimento

2.1. Breve histórico do princípio da cooperação

O princípio da cooperação é inspirado em diversos sistemas jurídicos


estrangeiros que já o utilizam, como o português, o italiano e o alemão, sendo
este último considerado como o local de origem do princípio.
Embora, tenha já algumas repercussões na doutrina e em julgados no
Brasil, neste não havia a previsão legal do princípio da cooperação, mas tinha
base constitucional, sendo extraído da clausula geral do devido processo legal,
bem como do princípio do contraditório, uma vez que exige a participação e, mais
especificamente uma soma de esforços para melhor solução da disputa judicial,
ou seja, o processo efetiva-se mediante uma atividade de sujeitos em
cooperação.
Este importante princípio transforma o processo civil numa ‘comunidade
de trabalho’ e responsabiliza as partes e o tribunal pelos seus resultados. Este
dever de cooperação dirige-se quer às partes, quer ao tribunal. Deriva do
princípio da boa-fé, sendo assim para que haja um processo justo é necessária
uma conformidade com o direito à vontade das partes de agirem da forma mais
leal para a composição da lide.

2.2. Novo código de Processo Civil/ Cooperação entre as partes e os


órgãos jurisdicionais

Devido as deficiências do atual sistema, o novo Código de Processo Civil


nas palavras de Teresa Arruda Alvim Wambier pautou-se em:

“medidas que têm por f inalidade emprestar maior ef etividade e


conceder uma tutela jurisdicional mais célere e justa ao cidadão, pois
coíbem artif ícios técnicos no intuito de retardar o desf echo do
processo”.

Nesse entendimento, consagrado pelo novo diploma processual de 2015


da Lei nº 13.105, no qual estabelece que todos os sujeitos do processo devem
cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito e
efetiva (art. 6º), a cooperação entre os órgãos jurisdicionais deve ser princípio
que permeia o processo. Tornando-se o princípio básico do contencioso cível,
assim, como está na vacância da legislação, surge à necessidade de estudos
acerca do princípio da cooperação que altera a dinâmica do processo, efetivando
os poderes do Juiz e das partes, estabelecendo o dever das partes de
contribuírem para a pronta resolução das necessidades.
Novo CPC adotou o princípio da colaboração do juiz para com as partes
como sendo o mais apropriado para disciplina da direção do processo no
processo civil do Estado Constitucional. Tendo em vista o impacto dos princípios
no Novo Código de Processo Civil, Tartuce afirma:

[...] Novo Código de Processo Civil, pela adoção de um sistema aberto


e principiológico, intensif icará o diálogo não só com a Constituição
Federal, mas também com o Código Civil. A propósito, este é um livro
de diálogo das f ontes, substantivas e adjetivas.
Especificamente no caso do juiz, o dever de cooperação enquadra os
deveres de a) esclarecimento (agir de modo transparente e pragmático,
proferindo comandos claros e objetivos); b) consulta (incentivar o diálogo e
fomentar o debate); c) prevenção (alertar riscos e diligenciar para que os atos
processuais não sejam praticados de forma viciada ou para que possam ser
corrigidos rapidamente – noção intimamente ligada à ideia de primazia de
mérito); e d) auxílio (remover obstáculos impeditivos e reduzir desigualdades).
Ainda se sustenta o dever de comprometimento do juiz, que compreende
a ideia de operosidade e de máxima dedicação à causa. A ideia é fornecer todas
as representações possíveis para cada procedimento considerado
independentemente e garantir o compromisso do magistrado com a entrega da
justiça. Em outras palavras, está operando com eficiência e extraindo o máximo
de produtividade da atividade judiciária, gastando menos tempo e recursos.
O novo modelo proposto com a chancela do princípio tem estima, pois
cada vez mais, tem sido outorgada maior importância para a figura do
magistrado, a exemplo da criação da teoria dos precedentes, onde haveria
vinculação das decisões dos tribunais superiores, não só das ações de controle
concentrado e das súmulas vinculantes, ambos do STF, ou mesmo da adoção
da distribuição dinâmica do ônus da prova, onde o julgador poderia encarregar
o ônus da prova a quem tem melhor condições de produzi-la no caso concreto.
Desta forma impede eventuais questões de advogados, que regulados
friamente no disposto na lei, sustente que somente seus representados devam
agir desta forma, bem como no evento de um testemunho pessoal.
Outro aspecto relevante está disposto na parte final do caput do art. 10,
Código de Processo Civil de 2015. Ainda que as matérias que se n ecessite
resolver de ofício, o juiz não deve agir assim, sem que a parte prejudicada antes
tenha a chance de se manifestar. Este é um artigo que merece reflexão, pois não
bastasse à necessária cooperação entre os partícipes do processo e o dever de
fundamentar por parte dos juízes, o NCPC se atentou em conferir às partes o
direito ao contraditório, ainda que a matéria possa ser decidida de ofício pelo juiz
(ex. Prescrição). Isto seguramente finalizará com alguns recursos, já que as
partes, através do contraditório, podem auxiliar nos fundamentos das decisões
judiciais.
Existem matérias que o julgador precisa decidir de ofício, sem a
necessidade de ser provocado e/ou sem ouvir as partes. Esta matéria de ordem
pública, de ampla relevância social, em que o meritíssimo fundamentado no
princípio do inquisitivo precisa decidir-se prontamente sobre o tema. Assim como
amostra, na incompetência absoluta. Devemos destacar que a prescrição e a
decadência são exceções ao dispositivo.

Assim entende-se que a boa-fé e a cooperação não poderão ser afastadas


por negócio jurídico processual (Enunciado nº 06 do Fórum Permanente dos
Processualistas Civis).
Tornando indispensável à possibilidade das partes se manifestarem, nas
questões de ordem pública, pode desencadear um alargamento indesejado e
dispensável do processo. Este ponto irá desencadear uma forte discussão
doutrinária e jurisprudencial, pois toca nos fundamentos de uma teoria geral do
processo.
O artigo 190 do CPC de 2015 traz uma inovação que é a busca de
conciliar, ou equilibrar o princípio do dispositivo e inquisitivo, aceitando que as
partes acordem sobre o procedimento, mostrando as partes, a possibilidade de
pactuarem quanto a convencionar sobre o ônus, faculdades, poderes, deveres
processuais, prazos, perícias, observadas as peculiaridades de cada caso, antes
ou durante o processo. Esta importante inserção da vontade das partes é de
suma relevância, entretanto só adianta com a concordância do juiz, o que faz
com que exista uma relação de colaboração processual.
Este tema é bastante relevante para o atual Processo Civil e começa a ser
disseminado nas decisões, assim podemos destacar o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL. PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA. EXTINÇÃO DO


PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. DIREITO DA PARTE A
EMENDA À INICIAL. GARANTIA À EFETIVA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO. ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAL.

1. A petição inicial, para ser apta a dar início à demanda judicial, deve cumprir
os requisitos dos arts. 282 e 283 do Código Processual Civil. Constatado vício
sanável na inicial, deve o magistrado oportunizar a sua emenda, nos termos do
artigo 284 do Código de Processo Civil, de forma a garantir o acesso à via
judicial, em observância aos princípios constitucionais de acesso à justiça e
ampla defesa, previstos nos artigos 5º, incisos XXXV e LV, respectivamente, da
Constituição Federal.

2. O princípio da cooperação consiste no dever de cooperação entre as partes


para o deslinde da demanda, de modo a se alcançar, de forma ágil e eficaz, a
justiça no caso concreto.

3. O indeferimento da petição inicial, sem a oportunidade de emenda, constitui


cerceamento do direito da Autora, em verdadeiro descompasso com o princípio
da cooperação.

4. Deu-se provimento à apelação para tornar sem efeito a r. Sentença e


determinar o retorno dos autos à vara de origem, para seu regular
prosseguimento.

Consequentemente, o princípio da colaboração expresso no novo código


de processo civil auxiliará o juiz a cumprir seu dever processual, a fim de melhor
desvendar as controvérsias com uma resolução processual mais justa e
orientada para a relação triangular (juiz, autor e réu). Assim, a chegada desse
princípio provavelmente aumentará a aplicação da lei brasileira para resultados
favoráveis do conflito. O legislador representa uma correção efetiva para a
maioria das falhas que afligem o povo brasileiro. Devemos lembrar que a
redução intencional ou negação de permissões. A aplicação e interpretação
explícitas e implícitas das regras inevitavelmente levarão a uma escalada de
injustiças sociais que há muito afetam a sociedade brasileira.

2.3. Distinção entre norma material e processual

Embora possua diferenciação entre normas materiais e processuais, a


dicotomia norma processual/norma material tende a cair em desuso, na medida
em que uma mesma norma pode conter conteúdo formal e substancial,
eminentemente quando se trata de princípios e sua estrutura normativa não
descritiva, mas finalística.
A diferenciação tradicional se diz que as normas processuais são direito
adjetivo, ou seja, regulam a forma de tutela jurídica dos direitos atras do
processo, regulando o agir processual e materializando instrumento de tutela
jurídica das situações substanciais – o processo não é um fim em si mesmo. Por
outro lado, as normas materiais configuram um direito substantivo, logo esta
impõe uma relação jurídica material entre os sujeitos, com o conteúdo apto a
constituição de situações jurídicas substanciais, conformando direitos e deveres.
Toda via, vale salientar que essa distin ção não é rigorosa, uma vez que o direito
de ação é direito autônomo, independe do direito substantivo, podendo ser
exercido ainda que posteriormente a relação material não seja demonstrada.
Dessa forma, o jus a tal distinção tente a cair em desuso como mencionado.
O processo é instrumento para a tutela dos direitos materiais, ao mesmo
tempo em que é por ele preenchido, em uma relação de circularidade. Logo, se
ao processo cabe a função de concretização dos direitos materiais, o direito
material põe-se como o valor regente da criação, interpretação e aplicação das
regras de processo.
De toda maneira, cabe observar e atentar-se a distinção oferecida por
Marcos Bernardes de Mello:

“Diz-se de direito material toda norma jurídica de cuja incidência


resultam f atos jurídicos que têm por ef icácia a criação e a regulação de
direitos → ← deveres, de pretensões → ← obrigações, ações → ←
situações de acionado e exceções → ← situações de excetuado, que
def inem licitude ou ilicitude de condutas, estabelecem
responsabilidades, prescrevem sanções civis ou penais, criem ônus ou
premiações, dentre outras categorias ef icácias dessa natureza. De
direito f ormal, ao contrário, são as normas que regulam a f orma dos
atos jurídicos ou o modo de exercício dos direitos, que prescrevem,
exclusivamente, ritos, prazos, competências e f ormas processuais.
Estas não atribuem direitos passíveis de subjetivação, nem mesmo
direitos transindividuais, apenas instituem instrumentos destinados à
plena veridicidade do direito material. [3]”

Primeiramente, há de se destacar que a Lei será considerada material ou


processual não pelo local onde ela se encontra prevista, mas sim pelo seu
conteúdo.
Norma material (ou substancial) é aquela que regula as relações / conflitos,
elegendo quais interesses conflitantes devem prevalecer e quais devem ser
afastados.
Por fonte entende-se o meio de produção ou de expressão da ordem
jurídica (de onde emanam).

Norma processual (ou instrumental) é aquela que regula como se dará a


solução dos conflitos em juízo (ou seja, a que regula o processo).

O objeto das normas processuais são:


- Disciplinar o modo processual de solucionar conflitos;
- Atribuir ao juiz poderes para solucionar os conflitos;
- Atribuir às partes instrumentos para a postulação;
- Em síntese, disciplinar o poder jurisdicional.

Em regra, as normas processuais são cogentes, ou seja, não há opção


das partes em segui-las ou não.
Contudo, com o CPC15, há maiores possibilidades de as partes definirem
o trâmite de diversos aspectos do processo, por meio do chamado “negócio
jurídico processual” (CPC, art. 191). Uma situação (já antiga) de mudança de
regra processual por vontade das partes se refere ao foro de eleição (CPC, art.
63).
Se houver a inobservância de normas processuais, a decisão será
inválida e, por isso, deverá ser repetida: error in procedendo.

No âmbito do processo haverá, pelo juiz, tanto a aplicação de normas


processuais (aspectos formais / burocráticos) quanto de normas materiais
(mérito, conteúdo – efetiva solução do conflito levado ao Judiciário).

As fontes da norma processual são as seguintes:

As fontes do Direito Brasileiro podem ser definidas de acordo com os


meios produção, expressão e interpretação das normas jurídicas. Assim, as
normas do direito processual emanam das fontes que inspiram este ramo do
direito e podem ser classificadas em fontes formais e materiais.

Por fonte, compreendemos o lugar de onde emana algo. Nas fontes do direito
(formais e materiais), encontra-se a origem das normas jurídicas, assim, das
normas processuais. Para os juristas em geral, as fontes formais (meios de
produção ou expressão da norma jurídica) são o que interessa, especialmente
quando se fala em direito processual.

A principal fonte é a lei, em sentido amplo, a Constituição Federal, as espécies


normativas.
a) lei (Constituição, Códigos e outras leis, tratados internacionais)
b) usos e costumes
c) jurisprudência (* alguma divergência)
d) súmula vinculante e precedentes vinculantes (CF, após EC 45/04
e CPC15)
e) regimentos internos dos Tribunais (disciplinam o funcionamento
interno dos Tribunais).

De se destacar que, do ponto de vista gramatical, não é adequado utilizar


o termo jurisprudência no plural (é possível se falar em julgados, ementas,
acórdãos, decisões; mas não “jurisprudências”).

As fontes acima indicadas são as denominadas fontes abstratas ou


genéricas. As fontes abstratas são as mesmas do direito em geral a lei e as
fontes tidas como subsidiárias, quais são: os usos-e-costumes e o negócio
jurídico, e, para alguns, a jurisprudência e a doutrina. Assim, primeiramente, são
fontes abstratas da norma processual as disposições de ordem constitucional,
como as que criam e organizam tribunais, que estabelecem as garantias da
Magistratura, que fixam e discriminam competências, que estipulam as diretrizes
das organizações judiciárias estaduais, que tutelam o processo como garantia
individual.
Além disso, também podem ser fontes da norma processual: as Constituições
estaduais (na competência que lhes é reservada), a lei complementar, a lei
ordinária, a lei delegada, convenções e tratados internacionais.

Já as fontes concretas são as normas efetivamente aplicadas no país.


Assim, são fontes concretas no Brasil:
- CF 88
- CPC 15
- Leis extravagantes que regulam matéria processual, como por exemplo:
locação (8245/91), alimentos (5478/68), CDC (8078/90), ação civil pública
(7347/85), “lei da pandemia” (14010/20) etc.
- Tratados internacionais ratificados pelo Brasil (cf. aula anterior sobre
principiologia)
- RITJSP, RISTJ, RISTF.

As fontes concretas das normas processuais se referem às fontes


legislativas, já examinadas em abstrato, quando efetivamente atuam. Essas
fontes concretas desdobram-se em fontes constitucionais, fontes da legislação
complementar à Constituição e fontes ordinárias.
A Constituição Federal, como fonte concreta da norma processual, possui:
1) as normas de superdireito, relativas às próprias fontes formais legislativas das
normas processuais; 2) normas relativas à criação, organização e funcionamento
dos órgãos jurisdicionais; 3) normas referentes aos direitos e garantias
individuais atinentes ao processo, e 4) normas dispondo sobre remédios
processuais específicos.
Na legislação de nível complementar à Constituição assume primeiro
posto o Estatuto da Magistratura, que ainda não foi editado.
Quanto à legislação ordinária, pode-se falar do Código de Processo Civil,
do Código de Processo Penal, da Consolidação das Leis do Trabalho, do Código
de Processo Penal Militar e da Lei de Juizados Especiais. Ao julgar se o juiz não
observar normas materiais, a decisão deverá ser reformada (modificada e,
portanto, não repetida): error in judicando.
O estudo do direito material e do direito processual continua a ser um tema
muito importante para o direito processual, que é repetidamente abordado no
ensino clássico e moderno. No entanto, a diferenciação não é mais vista como
estanque, mas por meio de um processo de comunicação circular. A
compreensão do assunto auxilia o profissional do direito e tem sido continuada
no âmbito da nova lei de processo civil, principalmente em relação ao direito
provisório, onde as regras substantivas são tratadas de forma diferenciada das
regras processuais.

2.4. Normas processuais no tempo e espaço

Qualquer norma – inclusive a norma processual – tem eficácia restrita a


um determinado território (ou seja, é aplicável em determinado espaço) e tempo
(ou seja, é aplicável por determinado período, com começo e fim), ou seja, o juiz
apenas aplica ao processo a lei processual do local onde exerce a jurisdição.

Eficácia da norma processual no espaço:

Quanto ao espaço, a lei processual é regulada pelo princípio da


territorialidade. Assim, a lei processual tem eficácia em território nacional. Isto,
porque a norma processual tem por objeto disciplinar a atividade estatal
(jurisdição), e essa atividade é manifestação do poder soberano do Estado,
desse modo, não poderia ser regulada por leis estrangeiras.
A justificativa política para esta regra é que a jurisdição – poder
incontrastável de dizer o direito – é manifestação do poder soberano do Estado.
Assim, por certo, não pode a jurisdição ser regulada por leis estrangeiras.
A justificativa prática para esta regra é que existiriam grandes dificuldades
na aplicação de normas estrangeiras (com tradição, sistema e normas materiais
distintas) em um sistema pátrio distinto.
Em relação à lei processual no espaço, no Brasil apen as são aplicáveis
normas processuais brasileiras (o que não ocorre em relação a normas materiais
estrangeiras, que eventualmente podem ser aplicadas no país – cf. CPC, art.
376).

Eficácia da norma processual no tempo:


No tempo, as leis processuais estão reguladas na Lei de Introdução às
normas do Direito brasileiro – LINDB (Decreto-Lei no 4.657/1942). Assim em
relação ao início da vigência, se a própria lei processual não trouxer qualquer
regulamentação, aplica-se a regra geral prevista no art. 1º da LINDB (Decreto-
Lei no 4.657/1942): vigência após 45 dias. Mas nada impede que a lei traga outro
prazo.
Quanto à vacatio, a contagem se dá conforme a LC 95/98, art. 8º, § 1º.
Tal artigo dispõe que deve ser incluído o dia de publicação no Diário Oficial e
também o último dia do prazo.
Mas, a partir da vacatio, aplica-se imediatamente a lei nova aos processos
em curso?
Em relação ao tempo, diante de modificações das normas, a questão é
solucionada pela aplicação das regras de direito intertemporal. Assim, no tocante
à modificação de normas processuais, aplicam-se as regras do direito
processual intertemporal.
Por direito intertemporal pode-se entender o conjunto de regras que trata
da aplicação do direito no tempo, especialmente em relação a modificações
legislativas. Assim, diante de uma mudança legislativa, para saber qual regra
deve ser aplicada (anterior ou atual), devemos nos socorrer do direito
intertemporal.
Em relação à matéria processual, a regra principal é que as novas regras
já se aplicam aos processos que estão em trâmite (CPC, art. 1.046).
Contudo, esta regra não é absoluta e não deve ser interpretada sozinha.
A CF 88, em seu art. 5º, XXXVI, resguarda o ato jurídico perfeito. E é possível
falar-se em ato jurídico processual perfeito.
Por conseguinte, em regra, os atos já realizados ou consumados não são
atingidos pela lei nova, mas aos processos em curso já se aplica a nova
legislação.
De seu turno, não se tratando de norma com vigência temporária (o que
é a regra; como exceção, “lei da pandemia”), a lei processual terá vigor até que
outra a modifique (LINDB, art. 2º).

Vigora o princípio do “tempus regit actum”:


O princípio do "tempus regit actum", o tempo rege o ato. Signif ica que
qualquer situação jurídica como f atos e negócios serão avaliados e
julgados pela lei em vigor atualmente, não pela legislação aplicada no
tempo da celebração do negócio.
“Tempus regit actum” (o tempo rege o ato), que se traduz na ideia de
que os atos processuais são regidos pela lei em vigor no momento em
que são praticados, portanto, a nova lei deverá ser utilizada para todos
os processos em andamento, e os iniciados após a vigência da lei.
“Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.”

Em suma: as leis processuais são de efeito imediato perante os feitos


pendentes, mas não são retroativas, pois só os atos posteriores à sua entrada
em vigor é que se regularão por seus preceitos. “Tempus regit actum”.

2.5. Interpretação da lei processual

Interpretar a lei é fixar seu significado e delimitar seu alcance. Em outras


palavras, a atividade de interpretação da lei tem por finalidade não só descobrir
o que a lei quer dizer, mas ainda precisar em que casos a lei se aplica, e em
quais não. Trata-se de atividade essencial para o jurista, sendo certo que todas
as normas jurídicas (e, para dizer a verdade, todos os atos jurídicos) devem ser
interpretadas, até mesmo as mais claras. A ideia, por muito tempo consagrada,
de que a clareza da lei dispensa a interpretação é errada, mesmo porque só se
sabe que a lei é clara depois de se interpretá-la. A interpretação da lei
processual, como não poderia deixar de ser, segue os mesmos critérios e pode
alcançar os mesmos resultados que a interpretação das leis em geral. É preciso,
assim, apresentar os métodos de interpretação da lei processual e, em seguida,
enumerar os possíveis resultados da atividade interpretativa. São cinco os
métodos de interpretação da lei processual: literal ou gramatical, lógico-
sistemático, histórico, comparativo e teleológico. Antes de apreciá-los
separadamente, é preciso se afirmar que nenhum deles é suficiente para
determinar a verdadeira vontade da lei, sendo essencial a utilização de todos.
Não existe apenas um método de interpretação. E os diversos métodos não se
excluem, mas na verdade são complementares.
Os principais métodos interpretativos são os seguintes:

I - Gramatical (exegético): Consiste em uma análise inicial do texto que se busca


captar o conteúdo e observar a sua linguagem. Assim, percebe-se que é um
método que toma por base o significado das palavras da Lei e sua função
gramatical.
II - Sistemático: Consiste em analisar o Direito interpretando por um prisma
holístico, isto é, obrigando o intérprete a verificar o Direito como um todo,
averiguando todas as disposições pertinentes ao mesmo objeto, entendendo o
sistema jurídico de forma harmoniosa e interdependente.”. Esse método,
portanto, tem por finalidade analisar a norma jurídica em seu contexto com outras
normas e repudia a análise isolada da mesma.

III - histórico: baseia-se na investigação dos antecedentes da lei, seja referente


ao histórico do processo legislativo, seja às conjunturas socioculturais, políticas
e econômicas relacionadas à elaboração da lei.

IV - Comparativo: comparação com ordenamentos jurídicos alienígenas (direito


comparado); esse método corresponde à utilização, para fins de interpretação,
dos subsídios de Direito Comparado, buscando-se nas lições da doutrina
estrangeira e nas normas contidas nos ordenamentos jurídicos positivos de
outros países fundamentos para se descobrir o verdadeiro significado da lei
nacional. É muito comum, como facilmente se verifica, a citação de autores
estrangeiros para fundamentar posições defendidas por juristas brasileiros.

V - Finalístico (teleológico): Consiste na busca da finalidade das normas jurídicas


tentando fazer a adequação destas aos critérios atuais, pois o Direito por ser
uma ciência normativa ou finalística a sua interpretação há de ser
essencialmente teleológica. Dessa forma, o intérprete ou aplicador sempre terá
em vista a finalidade do dispositivo legal, ou seja, se a intenção do legislador foi
atingida.

Conforme o resultado, a interpretação será:


a) declarativa: impõe que a aplicação da lei ocorra nos exatos termos
determinados por seu texto. Nas palavras de JULIO FABRINI MIRABETE, tal
método interpretativo consiste em examinar “a ‘letra da lei’, em sua função
gramatical, quanto ao seu significado no vernáculo.”.
Há que se observar que se trata de método interpretativo inicial, em que se
estabelece o primeiro contato do intérprete com a norma. Neste sentido, adverte
MARIO PIMENTEL:

“é o grau mais baixo, a f orma inicial da atividade interpretativa. As


palavras podem ser vagas, equívocas ou def icientes e não of erecem
nenhuma garantia de espelhar com f idelidade e inteireza o pensamento
da lei”.

b) extensiva / ampliativa: A interpretação declarativa, por sua vez, se opera


quando o sentido e o alcance atribuídos ao texto condizem com os exatos termos
existentes previstos na lei. Nas palavras de MARIA HELENA DINIZ,

“a interpretação declarativa se verif ica quando há “correspondência


entre a expressão lingüístico-legal e a voluntas legis, sem que haja
necessidade de dar ao comando normativo um alcance ou sentido mais
amplo ou mais restrito.”.

Na linha deste entendimento, conclui-se que a interpretação declarativa só é


possível quando não há vagueza ou ambiguidade nos enunciados normativos.
Ou seja, o texto da norma admite apenas um sentido/alcance, que será
necessariamente aplicado pelo operador do direito.

c) restritiva: Há situações em que o legislador, quando da edição da lei, optou


por expressões com sentido demasiadamente amplo e incompatível com a
finalidade da normal, de maneira a tornar imperativa a limitação de significado.
Isto é, o operador deverá restringir o sentido da lei com o escopo de lhe conferir
aplicação razoável e justa, posto que o legislador escreveu mais do que
realmente pretendia.

Neste sentido, valiosas as lições de TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JÚNIOR:

“Uma interpretação restritiva ocorre toda vez que se limita o sentido da


norma, não obstante a amplitude de sua expressão literal. Em geral, o
intérprete vale-se de considerações teleológicas e axiológicas para
f undar o raciocínio. Supõe, assim, que a mera interpretação
especif icadora não atinge os objetivos da norma, pois lhe conf ere uma
amplitude que prejudica os interesses, ao invés de protegê-los”.

Como se vê, a norma prevê hipóteses em que será possível a restrição a


liberdade, valendo-se, para tanto, de termos demasiado amplos e ambíguos.
Nos termos do melhor entendimento, a fundamentação da aplicação da prisão
preventiva apontando-se tais hipótese, sem vinculá-las a fatos concretos, é
invalida e não merecerá prosperar.
Neste sentido, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:
CRIMINAL – HC – ROUBO QUALIFICADO – PRISÃO PREVENTIVA –
OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA
NÃO CULPABILIDADE – INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA DOS REQUISITOS
– AUSÊNCIA DE CONCRETA FUNDAMENTAÇÃO – INDÍCIOS DE AUTORIA
E PROVA DA MATERIALIDADE – GRAVIDADE DO DELITO –
CIRCUNSTÂNCIAS SUBSUMIDAS NO TIPO – MOTIVAÇÃO INIDÔNEA A
RESPALDAR A CUSTÓDIA – POSSIBILIDADE DE FUGA E DE INFLUÊNCIA A
TESTEMUNHAS – CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL – MERAS
CONJECTURAS E PROBABILIDADES – SUPOSTA FUGA –
IMPOSSIBILIDADE DE EMBASAR O DECRETO – NECESSIDADE DA
CUSTÓDIA NÃO DEMONSTRADA – RECURSO PROVIDO – A prisão
preventiva é medida excepcional e deve ser decretada apenas quando
devidamente amparada pelos requisitos legais, em observância ao princípio
constitucional da presunção de inocência ou da não culpabilidade, sob pena de
antecipar a reprimenda a ser cumprida quando da condenação. Cabe ao
julgador, ao avaliar a necessidade de decretação da custódia cautelar,
interpretar restritivamente os pressupostos do art. 312 do Código de Processo
Penal, fazendo-se mister a configuração empírica dos referidos requisitos. O
juízo valorativo sobre a gravidade genérica dos delitos imputados ao paciente, a
existência de prova da materialidade do crime e de indícios suficientes de
autoria, não constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão para garantia
da ordem pública, se desvinculados de qualquer fator concreto. Aspectos que
devem permanecer alheios à avaliação dos pressupostos da prisão preventiva.
As afirmações a respeito da gravidade do delito trazem aspectos já subsumidos
no próprio tipo penal. Conclusões vagas e abstratas tais como a preocupação de
que empreenda fuga ou influencie testemunhas, sem vínculo com situação fática
concreta, efetivamente existente, consistem meras probabilidades, conjecturas
e elucubrações a respeito do que o acusado poderá vir a fazer, caso permaneça
solto, motivo pelo qual não podem respaldar a medida constritiva para
conveniência da instrução criminal. Precedentes do STF e do STJ. O Decreto
prisional carente de adequada e legal fundamentação não pode legitimar-se com
a posterior fuga do paciente, o qual não deve suportar, por esse motivo, o ônus
de se recolher à prisão para impugnar a medida constritiva. Ainda que verdadeira
a condição do paciente, no momento de sua prisão, de foragido da justiça, não
pode o tribunal a quo suprir a deficiência de fundamentação da decisão
monocrática, se a verificação concreta de evasão do réu não constituiu
motivação do Decreto prisional no momento em que foi prolatado. Deve ser
cassado o acórdão recorrido, bem como o Decreto prisional, para revogar a
prisão preventiva do paciente, se por outro motivo não estiver preso, sem
prejuízo de que venha a ser decretada novamente a custódia, com base em
fundamentação concreta. Recurso provido, nos termos do voto do relator. (STJ
– RHC 200601063462 – (19584 SP) – 5ª T. – Rel. Min. Gilson Dipp – DJU
23.10.2006 – p. 327) (grifos inexistentes no original).

d) ab-rogante: Conforme observamos alhures, a interpretação extensiva é


expressamente permitida quando da interpretação da lei processual penal, por
força do comando contido no artigo 3º do CPP.

Nas palavras de ANDRÉ FRANCO MONTORO,

“a interpretação é extensiva quando o intérprete conclui que o alcance


da norma é mais amplo do que indicam os seus termos.”. Como se diz
na doutrina, o legislador disse menos do que deveria dizer – minus
scripsit quam voluit – devendo a lei ser aplicada a determinadas
situações não previstas expressamente em seu texto.

Em sentido semelhante, o Supremo Tribunal Federal já admitiu a interpretação


extensiva do artigo 588 do mesmo diploma, para que se abarque em sede não-
recursal, ou, se resultante de recurso, mesmo à decisão proferida por instância
diversa ou de superior hierarquia, ainda que o paciente, ele próprio, h aja
recorrido. Confira-se:
HABEAS CORPUS. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA. CONCURSO DE
PESSOAS. PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO FUNDAMENTADA.
CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA À CO-RÉ. PEDIDO DE
EXTENSÃO INDEFERIDO NA INSTÂNCIA PRECEDENTE. AUSÊNCIA DE
ILEGALIDADE. DESIGUALDADE DAS CONDIÇÕES SUBJETIVAS DOS
ACUSADOS. ORDEM DENEGADA.

É firme a orientação jurisprudencial desta Casa de Justiça quanto à interpretação


extensiva e à aplicação analógica da norma contida no art. 580 do CPP. Artigo
que, em tema de concurso de agentes, preceitua: “a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter
exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros”. Isso para admitir a aplicação
do efeito extensivo mesmo às hipóteses de decisão favorável proferida em sede
não-recursal (como, por exemplo, em revisão criminal ou em habeas corpus) ou,
se resultante de recurso, mesmo à decisão proferida por instância diversa ou de
superior hierarquia, ainda que o paciente, ele próprio, haja recorrido. 2. No caso,
a falta de identidade objetiva e subjetiva entre as situações jurídico-factuais do
paciente e da co-ré beneficiada com a decisão benfazeja do Superior Tribunal
de Justiça inviabiliza o deferimento do pedido de extensão. 3. Ordem denegada.
(STF. Habeas Corpus nº 108232, Segunda Turma, relator Min. Ayres Britto,
julgado em 18/10/2011, processo eletrônico, divulgado em 16/02/2012,
publicado em 17/02/2012.)

Para interpretar a lei processual, não se leva em consideração apenas a norma


em si, mas também os princípios processuais.

Integração da lei processual

Fenômeno que não se confunde com o da interpretação é o da integração


da lei processual. Chama-se integração à atividade de suprir lacunas, sendo
certo que ao juiz não é dado eximir-se de julgar alegando a existência de lacunas
na lei (art. 126 do CPC). Cabe ao magistrado, assim, suprir eventuais lacunas
da lei utilizando, para tal fim, os costumes, os princípios gerais do direito e a
analogia. Dos costumes e dos princípios gerais do direito, falou -se em parágrafo
anterior, já que são fontes do direito. Resta, assim, tratar da analogia.
Analogia

Esta consiste em aplicar a um caso para o qual não exista norma


especificamente aplicável uma norma jurídica prevista originariamente para um
caso semelhante. Assim, por exemplo, é possível ao juiz determinar a intimação
com hora certa, apesar do silêncio da lei sobre o ponto, já que se pode aplicar,
por analogia, à intimação, o regramento legal da citação.
À luz do caso concreto, é certo que muito tênue a linha que distingue a
interpretação da integração. Para ilustrar esta afirmação, basta analisar a
hipótese de interpretação ampliativa e integração por analogia.

Interpretação Analógica

A interpretação analógica é muitas vezes confundida com o método da


analogia, que tenta preencher lacunas jurídicas para responder a casos
especiais não previstos na lei.
No entanto, a interpretação analógica tem um campo de aplicação diferente,
que é o processo de examinar a finalidade de um dispositivo legal e utilizar os
elementos previstos na própria lei pelo método da similaridade, como ensina o
NUCCI.
Na interpretação analógica, diferentemente da analogia, o intérprete não
usa o sistema jurídico normativo para criar uma nova hipótese jurídica para
encontrar uma solução para um caso específico, mas tenta descobrir as
especificidades do conteúdo da lei por meio de uma geral ou relação. expressões
e de forma alguma criar um padrão.

As Súmulas dos Tribunais

Desde que tenham conteúdo processual, são fontes formais do direito


processual, já que, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, são uma das
formas de expressão do direito. São juridicamente obrigatórias para os tribunais
que as elaboram nos casos de que tratem, até que sejam modificadas ou
revogadas pelo mesmo procedimento seguido na sua constituição. A
obrigatoriedade das súmulas STF resulta dos arts. 95/99 do seu regimento
interno, que por sua vez, se se funda na CF. A obrigatoriedade das súmulas dos
demais tribunais se funda nos arts. 476 e 479 do CPC.

Princípios gerais do direito

Em primeiro plano, cabe ressaltar os diversos significados os quais podem


ser agregados aos princípios.
A acepção moral é aquela relacionada às verdades ou juízos fundamentais que
servem de alicerce ou de garantia de certeza de um sistema de conhecimento,
filosófico ou científico.
Já a acepção lógica, defende a existência da divisão de 3 (três) grupos,
os princípios univalentes, aqueles válidos em todas as ciências, os plurivalentes,
quando se aplicam a vários campos de conhecimento, e os monovalentes,
quando são válidos só para uma determinada ciência, como é o caso dos
princípios gerais de direito.
No entendimento de Miguel Reale, os princípios gerais do direito se
encaixam na classificação de monovalentes, ao passo que são disposições de
valor genérico, que orientam e auxiliam na apreensão do ordenamento jurídico,
bem como na elaboração e aplicação das novas normas.
Dessa forma, a função dos princípios gerais do direito é mais ampla do
que o simples preenchimento das lacunas encontradas na legislação, mas
servem como vigas mestras de todo o ordenamento jurídico, servindo como para
sua elaboração, interpretação, aplicação e integração.

Quanto à interpretação / integração das leis em geral, vale conferir o art. 4º e 5º


da LINDB.

3. Considerações Finais

Assim, não temos dúvidas de que a cooperação não é uma prática que
pode ser vista como uma função separada de um juiz ou tribunal especial (a
cooperação deve ser feita por todos os juízes envolvidos em um caso), mas sim
um princípio que deve permear ambas as jurisdições. como relações
internacionais e institucionais para garantir maior coerência, integridade e
unidade sistêmica.
Em segundo plano, a interpretação do conteúdo jurídico consiste na
análise aprofundada do texto jurídico ou na tomada de decisão para entender
seu significado ou significado exato. É com relação à hermenêutica que se deve
usar para interpretar tais escritos, a fim de obter o pensamento e o sentido que
o legislador quis dar a eles. Ele contém todas as regras e princípios que
legalmente devem ser usados para a interpretação de textos legais. É, portanto,
uma teoria da interpretação. Não obstante, identificar as normas de conteúdo
material e processual é de extrema importância pois, dependendo da natureza
da norma, algumas peculiaridades devem ser observadas.
REFERÊNCIAS

AVELINO, Murilo Teixeira. Diferenças entre norma material e norma processual::


Uma dicotomia enfraquecida. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862,
Teresina, ano 20, n. 4242, 11 fev. 2015. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/31511. Acesso em: 12 nov. 2022.

Cintra, Antônio Carlos de Araújo TEORIA GERAL DO PROCESSO

NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 7. Ed. Rev. Atual. E


ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. P. 50.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 8ª


Edição. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2011. P.133

AVELINO, Murilo Teixeira. Diferenças entre norma material e norma processual::


Uma dicotomia enfraquecida. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina,
ano 20, n. 4242, 11 fev. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/31511.
Acesso em: 12 nov. 2022.

- GONÇALVES. Marcus Vinicius Rios. Teoria geral / Curso de direito processual


civil vol. 17. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020

Revista Consultor Jurídico, 29 de julho de 2017, 8h11

CUNHA, Leonardo Carneiro da. O princípio do contraditório e a cooperação no


processo. Disponível em:
<http://www.leonardocarneirodacunha.com.br/artigos/o-principio-
contraditorioea-cooperacao-no-proces.... Acesso em 05 out 2015.

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual


civil. Teoria do direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2007, vol. I, p. 108.

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