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Responsabilidade Tributária

A responsabilidade tributária determina quem é o responsável legal pelo pagamento


de cada tributo. Em geral, quem deve pagar é aquele que possui ligação direta com o tributo, o
chamado sujeito passivo direto. Contudo, em alguns casos, um terceiro pode ser o responsável
pelo pagamento do mesmo. Podendo esse terceiro não ser relacionado diretamente ao tributo,
mas relaciona-se de forma indireta com ele. Por isso, é chamado de sujeito passivo indireto.

O Código Tributário Nacional (CTN), em seu capítulo V, nos trás hipóteses em que a
responsabilidade tributária pode ser atribuída a terceiros. Sendo alguns dos casos:

Responsabilidade por Transferência

A responsabilidade por Transferência ocorre quando a obrigação tributária,


depois de ter surgido contra uma pessoa determinada (sujeito passivo), em virtude de
fato posterior, transfere-se para outra pessoa diferente.

A responsabilidade por transferência se dá após a ocorrência do fato gerador,


em razão de circunstancias posteriores previstas em lei. Dessa forma, provocando uma
transferência da responsabilidade para um terceiro, podendo o contribuinte
permanecer ou não no polo passivo da obrigação, ou seja, o surgimento da
responsabilidade tributária não surge com o fato gerador, mas com a ocorrência de
outro fato que gera a hipótese de responsabilização. São espécies de responsabilidade
tributária por transferência: por solidariedade tributária passiva, dos sucessores e de
terceiros.

Responsabilidade tributária por substituição

Na responsabilidade tributária por substituição o responsável não se torna


sujeito passivo da obrigação, mas sim da sua relação de substituição, tendo em vista a
existência prévia de dispositivo legal, atribuindo a responsabilidade a uma terceira
pessoa.

Ocorre quando a obrigação tributária surge desde logo contra uma pessoa
diferente daquela que esteja em relação econômica com o ato, o fato ou negócio
tributado. Ou seja, desde o início a obrigação surge para pessoa que se relaciona
indiretamente com o fato gerador, e tal substituição tem como fundamento a
existência de lei que assim disponha.

Além da previsão expressa em lei, é mister, juntamente para a caracterização


deste tipo de responsabilidade, a existência de um liame jurídico, econômico ou
contratual entre o contribuinte e o responsável. Deste modo, recebem a denominação
de “substituído” e “substituto”, respectivamente. Vale lembrar, que este último, porém,
detém direito de regresso imediato em relação ao tributo que eventualmente suportar,
independentemente de recorrer ao Poder Judiciário ou à Administração Pública.

Neste contexto, há ainda que se falar na substituição progressiva e regressiva.

Substituição Tributária progressiva ou para frente

A Substituição Tributária “para frente”, também conhecida como


progressiva, fundamenta-se no artigo 150 §7º da Constituição Federal, que
estabelece, in verbis:
“A lei poderá atribuir ao sujeito passivo de obrigação tributária a condição de
responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador
deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição
da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.”

Em se tratando da substituição progressiva, mesmo quando o fato


gerador ainda não foi praticado (ou seja, o fato gerador é presumido), o
responsável deverá recolher o tributo. Ou seja, o anterior da cadeia tributária
se torna responsável pelo pagamento antecipado do tributo, cujo fato gerador
é presumido por não ter acontecido ainda.

Assim, acontece quando o tributo é pago para o fisco antes que o fato
gerador ocorra. Podemos ver isso ocorrer na cobrança de IPI e ICMS sobre
mercadorias, pois antes mesmo da circulação dos produtos ele já é recolhido, o
que facilita a fiscalização.

Podemos visualizar melhor com o caso prático a seguir:

Tribunal de Justiça do Mato Grosso TJ-MT - Apelação / Remessa Necessária:


APL XXXXX-45.2014.8.11.0003 MT

RECURSO DE APELAÇÃO - TRIBUTÁRIO - OPERAÇÃO SUJEITA AO RE-


COLHIMENTO DO ICMS POR SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA - ICMS-ST. MANDADO
DE SEGURANÇA - ALEGADA VIOLAÇÃO A DIREITO LI- QUIDO E CERTO -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE SUBSTI- TUTO E SUBSTITUÍDO -
INEXISTÊNCIA OMISSÃO NA RETENÇÃO DO IMPOSTO ESTADUAL -DEVER DO
SUBSTITUTO RECOLHER O TRI- BUTO — ICMS/ST - RECURSO DESPROVIDO. A
substituição tributária implica na escolha, pela lei, do substituto como
responsável pelo pagamento do tributo devido por fato gerador praticado pelo
contribuinte. Na esteira da jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de
Justiça, proferida sob a sistemática de recurso representativo da controvérsia
no REsp 931.727-RS “inexiste relação jurídico- tributária entre o substituído (no
caso, a distribuidora) e o Fisco, o que permite concluir, assim, inexistir
solidariedade entre substituído e substituto (no caso, o fabricante), de modo
que descabe a cobrança do valor remanescente de ICMS diretamente do
substituído, cabendo, porém, a sua exigência do substituto” A legislação
tributária encartada no art. 20, II, da Lei 7.098/98 e art. 1º, $ 1º, Seção XIII, do
Anexo XIV do RICMS, vigente à época da autuação, imputava a
responsabilidade tributária às indústrias mato-grossenses pelo paga- mento do
ICMS devido nas operação subsequentes, o chamado regime de substituição
tributária para frente — ICMS/ST, em relação as operações com produtos
cerâmicos. A omissão na retenção do tributo devido por substituição tributária,
enseja a responsabilização do substituto pelo recolhimento do imposto.
Recurso desprovido.

Responsabilidade tributária por substituição regressiva

A Substituição Tributária “para trás”, ou regressiva, por sua vez, está


regrada no artigo 128 do Código Tributário Nacional. Que dispõe o seguinte:
“Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo
expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,
vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.”

Neste caso, ocorre basicamente o oposto do que se dá na substituição


progressiva, ou seja: o pagamento do tributo é efetuado posteriormente à
ocorrência do fato gerador. De modo que o fato gerador se dá em momento
anterior e o responsável recolherá no futuro o tributo de fato gerador que
ocorreu por prática de terceiro. Nesse caso, o próximo da cadeia produtiva se
torna responsável por recolher tributos devidos por aqueles que os
antecederam.

Assim, é o caso do IPI, uma vez que as montadoras recolhem os


tributos pelos fornecedores.

Para melhor visualização veremos a jurisprudência a seguir:

Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Apelação Cível: AC XXXXX


43.2019.8.13.0024 MG

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA PREVEN- TIVO - TAXA


FLORESTAL - SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA REGRESSIVA - REGIME ESPECIAL -
DECRETO Nº. 47.580/18. 1. A Taxa Florestal tem como fato gerador o exercício
regular do Poder de Polícia ambiental, por meio da fiscalização das atividades
relacionadas à exploração de produtos e subprodutos florestais. 2. Na hipótese
de substituição tributária regressiva, o adquirente dos produtos e subprodutos
florestais deve recolher a Taxa Florestal devida pela produção do carvão, na
qualidade de substituto e, também, o devido pelo seu consumo sempre que for
necessária a fiscalização de qualquer uma das etapas da cadeia. 7. A
sistemática da arrecadação da Taxa Florestal se pauta na fiscalização por
estimativa da atividade degradante, não havendo indícios de incompatibilidade
da "Declaração de Estimativa de Consumo Anual" com a Lei 4.747/68 ou com o
art. 145, II, da CF/88.

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