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FACULDADE ANHANGUERA DE BRASILIA

DIREITO

Matheus Fernandes de Oliveira Costa

DIREITOS FUNDAMENTAIS E SUAS DIMENSÕES

BRASÍLIA – DF
2022
Matheus Fernandes de Oliveira Costa – RA: 397294016196

DIREITOS FUNDAMENTAIS E SUAS DIMENSÕES

Trabalho apresentado ao prof.


Jerfeson, como avaliação da
disciplina Teoria Geral do Processo.

BRASÍLIA – DF
2022
Dimensões dos Direitos Fundamentais

Matheus Fernandes de Oliveira Costa1


RA: 397294016196
Jefferson Oliveira2

Resumo
Os Direitos Fundamentais são direitos inerentes à proteção do Princípio
da Dignidade da Pessoa Humana. Assegurados pela nossa Carta Magna,
garante o mínimo necessário para que o cidadão exista de forma digna dentro
de uma sociedade, dando ao mesmo autonomia e proteção. Contudo, há certa
confusão entre eles e os direitos humanos. Por isso, importa saber: os direitos
fundamentais referem-se aqueles que são reconhecidos e positivados no
âmbito do direito constitucional positivo de um determinado Estado, já os
direitos humanos estão além das fronteiras, supranacionais, por meio de
tratados e tendo, portanto, validade independentemente de sua positivação
constitucional. Logo, devem ser observados em todas as esferas, tanto no
direito público como no privado, pois nenhum deles se encontra afastado do
controle da Constituição Federal elencados entres os seus artigos 5º e 17º.

Abstract
Fundamental Rights are rights inherent to the protection of the Principle
of Human Dignity. Assured by our Magna Carta, it guarantees the minimum
necessary for the citizen to exist in a dignified way within a society, giving him
autonomy and protection. , there is some confusion between them and human
rights. Therefore, it is important to know: fundamental rights also refer to those
that are recognized and affirmed within the scope of the positive constitutional
law of a given State, since human rights are recognized across borders,

2
supranationals, through treaties and therefore having , valid, valid regardless of
their constitutional positivity. Therefore, they must all be considered as spheres,
both in public and private law, since none of them is far from the control of the
Federal Constitution listed between articles 5 and 17.

Introdução

Os direitos e garantias fundamentais, possuem um histórico de


evoluções e de bases que remetem ao século XVIII, o primeiro código de leis
escrito de que se tem notícias, foi o Código de Hamurabi. Posteriormente,
instituições sociais, bem como, a democracia e a igreja contribuíram para o
processo de humanização dos sistemas legais. Em 1789, considerada a
primeira tentativa, bem como o primeiro grande marco na criação de direitos e
garantias fundamentais, se deu origem à Declaração Universal dos Direitos do
Homem e do Cidadão, resultado da junção dos princípios religiosos do
cristianismo com ideias libertários da Revolução Francesa. Representou a
primeira investida da humanidade de estabelecer parâmetros humanitários
válidos universalmente para todos os homens, independentemente de suas
adversidades, que, posteriormente foi adotada e proclamada pela Resolução n.
217 na Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas
(ONU) de 1948, porém teve uma amplitude maior, uma vez que é uma cartilha
de direitos básicos que é defendida por todos os países que a assinaram, do
qual o Brasil é signatário.
Dimensão dos direitos fundamentais

Os direitos e garantias fundamentais estão divididos na Constituição


Federal por temas específicos. São eles: direitos individuais e coletivos (artigo
5º da CF), direitos sociais (do artigo 6º ao artigo 11 da CF), direitos de
nacionalidade (artigos 12 e 13 da CF) e direitos políticos (artigos 14 ao 17 da
CF).

Alexandre de Moraes fez uma breve análise geográfica da Constituição


quando da divisão dos direitos e garantias fundamentais, onde assinalou:

“Direitos individuais e coletivos – correspondem aos direitos


diretamente ligados ao conceito de pessoa humana e de sua própria
personalidade, como, por exemplo: vida, dignidade, honra, liberdade.
Basicamente, a Constituição de 1988 os prevê no art. 5º [...];

Em primeiro plano os direitos de primeira geração são aqueles


inspirados nas doutrinas iluministas e jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII:
seriam os direitos inerentes a liberdade negativa clássica, configurando os
direitos civis e políticos. Portanto, exigem do ente estatal um caráter negativo,
tendo como titular o indivíduo. Seriam estas, liberdade religiosas, políticas, civis
clássicas como o direito à vida, políticas, à segurança, à propriedade, à
igualdade formal (perante a lei), as liberdades de expressão coletiva etc. São
os primeiros direitos a constarem do instrumento normativo constitucional,
apreciados pela primeira vez na Magna Carta de 1215, assinada pelo rei João
Sem-Terra na Inglaterra.

Os direitos de segunda geração relacionam-se com as liberdades


positivas. São direitos objetivos, pois conduzem os indivíduos sem condições
de resguardar os seus direitos através da intervenção positiva do Estado. Ou
seja, ao invés de se negar ao Estado uma atuação, exige-se dele que preste
políticas públicas, impondo ao mesmo a obrigação de fazer, no intuito de
possibilitar a população melhor qualidade de vida e um nível de dignidade
como pressuposto do próprio exercício de liberdade. Correspondendo aos
direitos a saúde, previdência social, educação, trabalho etc. Os primeiros
documentos que representaram esta dimensão são a Constituição de Weimar
na Alemanha e o tratado de Versalhes, ambos de 1919.

Ademais, os direitos de terceira geração, desenvolvidos no século XX:


consagram o que seriam os princípios da solidariedade ou fraternidade, dotada
e alto teor de humanismo e universalidade seriam aqueles direitos atribuídos
de forma geral a todas as formações sociais, protegendo interesses de
titularidade coletiva ou difusa. Sendo alguns deles o direito ao desenvolvimento
ou progresso, autodeterminação dos povos, a um meio ambiente equilibrado,
de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade etc. Trata-se de
direitos transindividuais de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.

A jurisprudência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina TJ-SC (Agravo


de Lauro MüllerInstrumento: AI XXXXX-91.2019.8.24.0000 XXXXX-
91.2019.8.24.0000 - Inteiro Teor) mostra a observância desse direito na prática.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REGULARIZAÇÃO DE


LOTEAMENTO RESIDENCIAL. DECISÃO QUE IMPEDE A VENDA DOS
IMÓVEIS, ASSIM COMO PROÍBE QUALQUER TIPO DE ATIVIDADE QUE
RESULTE EM DANOS AMBIENTAIS NOS LIMITES DA ÁREA DESTES
IMÓVEIS. PRETENSÃO DE REFORMA DA DECISÃO FUNDADA EM
DIREITOS CONSTITUCIONAIS (DIREITO A MORADIA, PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE).
LOTEAMENTO IRREGULAR. ALEGAÇÕES DE CUNHO INDIVIDUAL, QUE
NÃO SE SOBREPÕE AO DIREITO COLETIVO NO CASO CONCRETO.
PREVALÊNCIA DO DIREITO CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO AO
MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO. DECISÃO MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO.”

Os direitos de quarta geração ou dimensão que surgiu dentro da última


década, por causa da avançada grã de desenvolvimento tecnológico não são
um consenso na doutrina, são aqueles direitos emanados pela globalização
política, compreendendo o direito à informação e pluralismo (religioso, político,
jurídico e cultural) e de normalização do patrimônio genético. A globalização
política na esfera da normatividade jurídica foi quem introduziu os direitos desta
quarta geração, que correspondem à derradeira fase de institucionalização do
Estado social.

Existem autores defendendo a existência dos direitos de quinta


dimensão que legitima o estabelecimento da ordem, da liberdade e do bem
comum na convivência, destacando como seu grande representante o direito à
paz. O jurista Paulo Bonavides sintetizou a importância do direito à paz em
uma sociedade globalizada onde prevalece a lógica neoliberal, geradora de
contrastes que culminam em violência ao traçar um panorama histórico e social
das cinco gerações de Direitos Fundamentais, em outras palavras, “quem
negar o direito à paz cometerá um crime contra o ser humano”.

A de se falar também em direitos de sexta dimensão, tendo o acesso à


água potável como modelo dessa geração. Esse direito fundamental,
necessário à existência humana e a outras formas de vida, necessita de
tratamento prioritário das instituições sociais e estatais, bem como por parte de
cada pessoa humana. Dessa forma o Estado legislador fica sujeito da
obrigação de elaborar leis que priorizem a proteção e promoção desse direito
tão importante, exigindo que sua atuação esteja vinculada à juridicidade desse
direito. Logo, no que tange ao Estado administrador, este deve estabelecer
políticas públicas, levando em consideração que se está diante de um direito
fundamental. Já o Estado prestador de serviços jurisdicionais, ao apreciar os
conflitos sociais levados à sua apreciação, deve decidir de modo a concretizar
o direito fundamental.

Para se ter uma profundidade melhor do que são os direitos


fundamentais, cabe fazer uma breve análise das suas principais
características, que são: Historicidade, pois nascem, modificam-se e
desaparecem. Como afirmava o saudoso professor Norberto Bobbio:

“os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são


direitos históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias,
caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades contra
velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de
uma vez e nem de uma vez por todas. (…) o que parece
fundamental numa época histórica e numa determinada
civilização não é fundamental em outras épocas e em outras
cultuas”

Inalienabilidade, pois os direitos fundamentais não possuem um viés


econômico patrimonial, portanto não podem ser alienados, transferidos,
negociados ou vendidos;

Irrenunciabilidade, essa característica nos mostra uma situação em que,


como regra geral, o titular de um direito fundamental não pode renunciá-lo,
afirmação que decorre da base material dos direitos acima mencionados em
termos de dignidade humana. As pessoas não podem usá-los como quiserem,
pois, têm validade objetiva, pois interessam não apenas ao corpo principal da
atividade, mas à comunidade como um todo.

Relatividade/limitabilidade, devido a determinadas ocasiões, em que


nos deparamos com conflitos entre direitos fundamentais, faz se mister dizer
que nenhum direito fundamental é absoluto, uma vez que é necessário
ameaçar um direito para resguardar outro;

Inviolabilidade, já que os direitos de outrem não podem ser


desrespeitados por nenhuma autoridade ou lei infraconstitucional;
Universalidade, pois são dirigidos a todo ser humano;

Vedação ao retrocesso: A aquisição de direitos básicos não pode ser


objeto de concessão, ou seja, uma vez estabelecidos os direitos básicos, não
são permitidas concessões para fins de restrição ou redução.

Efetividade: ao desenvolver seu papel de agente das políticas sociais, o


Estado deve garantir o máximo de efetivação dos direitos fundamentais.

Imprescritibilidade: Podemos dizer que os direitos fundamentais não se


perdem com o tempo, não são prescritos porque sempre podem ser exercidos
e exercidos e não se perdem (prescritos) por falta de uso; tais regras não são
absolutas, alguns Direitos podem vir a ser concretizados por meio de estatuto
de limitações, como propriedade, que, se não exercidas, podem estar sujeitas a
usucapião. Entre muitas outras características.
Considerações Finais

Dessa forma os direitos fundamentais, juntamente com as garantias, são


um marco importante na Constituição Federal de 1988, pois são normas que
existem com o objetivo exclusivo de promover a dignidade humana e de
proteger o cidadão frente ao poder do Estado. Assim, frutos de um processo
histórico que remonta a Revolução Francesa, chega-se ao entendimento de
que os direitos e garantias fundamentais são imprescindíveis para a vida em
sociedade, uma vez que asseguram que todos os indivíduos sejam tratados de
forma igual perante o ordenamento jurídico. E de modo breve, o que são os
direitos fundamentais e como se relacionam com os direitos humanos.
Referências

ALCÃO, Valdirene Ribeiro de Souza. "Os direitos fundamentais e o princípio da


dignidade da pessoa humana". Justiça Federal - Seção Judiciária do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, v. 20, n. 38, p. 227-239, dez. 2013. Disponível em:
<http://www4.jfrj.jus.br/seer/index.php/revista_sjrj/article/viewFile/465/377>.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Constituição (1988). Brasília: Planalto


do Governo. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>.

DireitoNet. Disponível em:


<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2627/Direitos-Fundamentais >.

JusBrasil. Disponível em:


<https://sergiozoghbi.jusbrasil.com.br/artigos/499244953/dimensoes-dos-
direitos-fundamentais>.

ProJuris. Disponível em: <https://www.projuris.com.br/o-que-sao-direitos-


fundamentais/>.

Aurum. Disponível em:


<https://www.aurum.com.br/blog/direitosfundamentais/#:~:text=Direitos
%20fundamentais%20s%C3%A3o%20aqueles%20inerentes,declaram%2C
%20as%20garantias%20fundamentais%20asseguram.>.

Tfj. Disponível em:


<https://dfj.emnuvens.com.br/dfj/article/view/534#:~:text=Destaca%20a%20paz
%20como%20um,de%20supremo%20direito%20da%20humanidade.>.

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