Você está na página 1de 28

LIMITES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E FAKE NEWS

LIMITS ON FREEDOM OF EXPRESSION AND FAKE NEWS

DEBORAH

RESUMO

O artigo analisa os limites da liberdade de expressão e fake news. Para tanto,


examinam-se os direitos fundamentais, as garantias constitucionais bem como
os direitos individuais e coletivos previstos no ordenamento brasileiro. Além
disso, será analisada a expressão fake News e como as sociedades atuais
estão lidando com esse fenômeno. Através das mudanças ocorridas durante
os anos, os direitos previstos nas legislações, viram-se esbarrados pelas fake
News, quando há disseminação de informações não verdadeiras para a
coletividade. Utilizando-se a metodologia dedutiva, chegou-se à conclusão de
que com o surgimento das fake News é necessário um cuidado maior quando
as notícias forem divulgadas além da punição para aqueles que disseminam
informações vazias de conteúdo verdadeiro, para que a liberdade de expressão
seja respeitada conforme determinação normativa, já que cada vez mais há a
preocupação relacionados aos cidadãos e a segurança jurídica do
cumprimento dos seus direitos.

Palavras-Chave: Liberdade de expressão; Fake News; Direitos fundamentais;


Garantias constitucionais; Constituição; Ordenamento jurídico.

ABSTRACT

The article analyzes the limits of freedom of expression and fake news. For that,
the fundamental rights, the constitutional guarantees as well as the individual
and collective rights foreseen in the Brazilian law are examined. In addition, the
expression fake News will be analyzed and how current societies are dealing
with this phenomenon. Through the changes that have taken place over the
years, the rights provided for in the legislation have been hampered by fake
News, when there is dissemination of untrue information to the community.
Using the deductive methodology, it was concluded that with the emergence of
fake News, greater care is needed when news is disseminated, in addition to
punishment for those who disseminate information that is empty of true content
so that freedom of expression is respected according to normative
determination, since there is an increasing concern related to citizens and the
legal security of the fulfillment of their rights.

Keywords: Freedom of expression; Fake News; Fundamental rights;


Constitutional guarantees; Constitution; Legal order.

SUMÁRIO: Introdução. 1 Os direitos fundamentais. 1.1 Direitos fundamentais


e garantias constitucionais no ordenamento jurídico brasileiro. 1.1.1 Direitos
individuais. 1.1.2 Direitos coletivos. 2 Fake News. 2.1 Caracterização das fake
News. 2.2 Como as fake News alteraram os panoramas das sociedades
atuais. 2.3 O que a legislação brasileira aborda em relação as fake News. 3 Os
limites da liberdade de expressão e as fake News. 3.1 A responsabilização dos
provedores de internet em relação a disseminação das fake news. 3.2
Aplicação prática das normas no caso concreto. 4 Conclusão. Referências.

INTRODUÇÃO

Com o objetivo de analisar a relação entre a liberdade de expressão e as


fake news, serão examinadas quais as medidas tomadas em relação a essa
disseminação de conteúdo falso além das normas jurídicas que determinam o
que deve ser feito no caso de um indivíduo espalhar conteúdo falso, bem
como o papel da internet como fonte principal de ocorrências dessas
informações e o que os provedores de internet podem fazer para frear o
avanço dessas notícias.

A importância do tema é indiscutível, sobretudo, pela análise de como


as fake news alteraram o panorama não só do Brasil como de várias
sociedades ao redor do mundo, a ponto de ser um tema notório e de
preocupação para todos os setores dos países. Isso porque as informações
falsas contribuem para o discurso de ódio bem como gera emoções nas
pessoas de forma errônea, além da desinformação e na má formação de
opinião dos cidadãos.

Por conta disso, o tratamento do assunto de fake news ganha força,


sendo colocado no patamar principal pela importância que tem de se prevenir
o avanço dessas notícias e punir aqueles que a disseminam.

Aborda-se, para falar do tema, a liberdade de expressão, pois, há um


contraponto acerca do liame entre esta e as fake news, pois, a divulgação de
notícias estaria atrelada à liberdade de expressão. Porém, há que se analisar
até que ponto pode chegar o indivíduo com um discurso, baseado no direito de
expressão sendo que o que ele pronuncia não é dotado de verdade e gera
inúmeras consequências tanto individuais, como discursos de ódio, quanto
coletivas, relacionadas principalmente com religião e política.
A metodologia utilizada, por meio do método dedutivo, ocorreu com uma
abordagem qualitativa, com base nas interpretações textuais e análise de
fatores que demonstram a importância da análise da liberdade de expressão e
das fake news no cenário atual. Dessa forma, utilizou-se a doutrina e a
legislação as maiores fontes de pesquisa.

O problema a ser tratado no artigo está relacionado com o debate entre


o que é liberdade de expressão e se as fake news podem ser consideradas
uma modalidade desse direito. A preocupação maior é conseguir fazer uma
diferenciação entre a expressividade e disseminação de informações falsas.

1 OS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais possuem uma história desde o século XVIII. O


surgimento desses direitos deu-se muito à criação dos direitos humanos no
mundo.

A primeira vez que se ouviu falar de direitos está relacionada à


existência digna da pessoa humana, datado de 1789, na Declaração
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, surgida na época da
Revolução Francesa.

A ideia de dignidade e de todos os demais direitos necessários, foi


criada para que o ser humano não só sobrevivesse, mas sim, existisse. Todos
esses ideais foram pensados e discutidos, trazendo um grande avanço para a
humanidade, pois, era a primeira vez que se pensava em direitos de ordem
universal, que pudessem abranger todas as pessoas em qualquer lugar do
mundo.

Baseada na declaração de 1789, a ONU (Organização das Nações


Unidas), em 1948, escreve a Declaração dos Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas, que possui muito do que foi escrito na
declaração anteriormente mencionada, mas também reforça e amplia a
questão dos direitos básicos, devendo ser defendida e cumprida por todos
aqueles países que a assinaram.
Foi através dessas declarações que os direitos fundamentais surgiram
descritos em um conjunto de normas e leis. É de grande importância e
merece o reconhecimento de todos de que esses direitos devem ser
respeitados, pois, é dever do Estado garantir o mínimo para cada cidadão.

O Brasil adotou a declaração da ONU e por isso ela faz parte do


ordenamento jurídico brasileiro. Os direitos fundamentais são tão importantes
para o país que há um título específico para mencionar esses direitos, no
começo da Constituição.

Isso demonstra que os direitos e as garantias presentes na


Constituição são baseados na Declaração Universal dos Direitos do Homem
de 1789 e na Declaração dos Direitos Humanos de 1948 com o objetivo
primordial de conceder dignidade para toda e qualquer pessoa, além da
proteção dos direitos individuais perante o Estado, obrigando-o a garantir,
respeitar e proteger os direitos e garantias.

1.1 Direitos fundamentais e garantias constitucionais no ordenamento


jurídico brasileiro

Os direitos fundamentais, que são de natureza declaratória, são de


extrema importância para o indivíduo, tanto na sua forma individual quanto
para o coletivo. É através da expressão direitos humanos que cada ser
humano tem os direitos básicos para viver em sociedade. Esses direitos são
universais, ou seja, valem para todos os povos de todas as nações o tempo
todo.

Todos os indivíduos nascem com alguns direitos e garantias, pois são


inerentes ao ser humano. A Constituição Federal de 1988 define e elenca, em
seu título II, entre os artigos 5º a 17, os direitos e garantias fundamentais, que
são divididos em cinco capítulos, quais sejam, direitos individuais e coletivos;
direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos e direitos
relacionados aos partidos políticos (BRASIL, 1988).

Algumas características dos direitos fundamentais são a


imprescritibilidade, que significa que não se perdem pelo passar do tempo; a
complementariedade, que os direitos fundamentais devem ser analisados em
conjunto com os demais direitos; a universalidade, que os direitos abrangem
toda a população, sem distinção e sem exceção; e concorrência, aonde vários
direitos fundamentais podem ser exercidos simultaneamente.

Já as garantias fundamentais não se confundem com os direitos


fundamentais. Isso porque as garantias são ferramentas que tem como
finalidade assegurar que as normas sejam aplicadas horizontalmente, ou seja,
por todo o território nacional, sem exceções. Um dos exemplos de garantias
fundamentais, são os remédios constitucionais, previstos em alguns incisos no
art 5º, como mandado de segurança e habeas corpus, criados com o intuito de
garantir a aplicação dos direitos dispostos nas normas jurídicas.

1.1.1 Direitos individuais

Os direitos individuais são limites impostos pela democracia para


preservar direitos indispensáveis à pessoa humana.

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em assembleia


nacional constituinte para um Estado democrático, destinado a
assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacifica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
seguinte Constituição Federativa do Brasil (BRASIL, 1988).

Os direitos individuais estão previstos no artigo 5º da Constituição


Federal e tem aplicação imediata. Possuem características de historicidade,
originados de processo histórico acompanhando sua evolução temporal;
inalienabilidade, que não pode ser alienado; imprescritibilidade, não se perde
com o tempo; e irrenunciabilidade, que significa que não pode ser renunciado.
O artigo 5º prevê alguns direitos individuais como principais a serem
defendidos que serão analisados a seguir,

Art 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Percebe-se que o direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e


propriedade, são os direitos individuais de maior relevância na Constituição,
sendo nomeados um a um no ordenamento (BRASIL, 1988).

O direito à vida está intrinsecamente relacionado ao princípio da


dignidade da pessoa humana. Esse é o direito que deve ser mais resguardado,
pois, sem vida não há direito. Logo, mesmo que há relatividade entre os
direitos, quando tiver que se discutir a importância de todos, não há como dizer
o contrário do direito à vida, pois é a base de todo o restante do ordenamento.
O direito à vida também está relacionado a ter uma vida digna, com direitos a
serviços como saúde, lazer, educação, alimentação, lar, cultura, garantindo o
Estado o acesso desses direitos para a população.

O direito à liberdade está relacionado com as escolhas e direitos do


indivíduo. Essa liberdade é ampla e pode ser considerada de diversas formas.
A liberdade de expressão, tema central do presente trabalho é um modo de
liberdade. Poder se expressar, emitir opiniões, publicar artigos, tudo isso está
relacionado a liberdade de expressão.

A liberdade pode ser entendida também como liberdade de crença, de


religião, de profissão, de pensamento, todos esses são exemplos de direito à
liberdade. Quando, por exemplo, houver privação de liberdade, pode-se utilizar
o remédio constitucional denominado habeas corpus para garantir a locomoção
daquele acusado.

O direito à igualdade também é um direito individual fundamental. A


igualdade está elencada no artigo 5º da Constituição e está presente em todo o
ordenamento jurídico, de forma direta ou indireta. A igualdade garante a todos
os mesmos direitos e deveres, independentemente de gênero, cor, origem,
dentre outros. Somente aqueles que são diferentes, por motivos alheios a sua
vontade, é que devem ser tratados de formas distintas.

O direito à segurança está previsto no artigo 5º e no artigo 144 da


Constituição. É um dever do Estado. Há a segurança policial, que está atrelada
a força física, protegendo os cidadãos de desordens e desrespeito aos direitos
individuais, e a segurança jurídica, que se relaciona com a parte processual,
sigilo de dados e informações pessoais das pessoas que integram o processo.

O direito à propriedade também está previsto no art. 5º e no artigo 170, II


da Constituição que fortalece a ideia de propriedade para todos que a
possuem. Porém, insta salientar que o direito à propriedade não é absoluto,
cabendo respeitar a função social, devendo o possuidor do imóvel adequar o
uso da propriedade ao interesse do Estado, caso não esteja cumprindo tal
compromisso.

1.1.2 Direitos coletivos

Os direitos coletivos podem ser definidos como os direitos que


abrangem a sociedade como um todo.

Os direitos coletivos em sentido lato se classificam em direitos


difusos, direitos coletivos em sentido estrito e direitos individuais
homogêneos. A diferenciação entre esses direitos se dá, dentre
outros aspectos, pela transindividualidade, que pode ser real ou
artificial, ampla ou restrita; pelos sujeitos titulares, determinados ou
indeterminados; pela indivisibilidade ou divisibilidade do seu objeto;
pela disponibilidade ou indisponibilidade do bem jurídico tutelado; e
pelo vínculo a ensejar a demanda coletiva, jurídico ou de fato
(GASTALDI, 2014).

O artigo 81 do Código de defesa do consumidor, diferencia os direitos


coletivos, conforme dispõe a seguir,

A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:


“I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que
sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com
a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos
os decorrentes de origem comum”. (BRASIL, 1990)

A fim de esclarecer todos os direitos coletivos, conforme elencado no


parágrafo anterior, passa-se a analisar os direitos difusos.

Para Ada Pellegrini Grinover, a categoria dos direitos difusos pode ser
assim entendida,

Compreende interesses que não encontram apoio em uma relação


base bem definida, reduzindo-se o vínculo entre as pessoas a fatores
conjunturais ou extremamente genéricos, a dados de fato
freqüentemente acidentais ou mutáveis: habitar a mesma região,
consumir o mesmo produto, viver sob determinadas condições sócio-
econômicas, sujeitar-se a determinados empreendimentos, etc.
(GRINOVER, 1984).

Alguns exemplos de direitos coletivos difusos são proteção do meio


ambiente, proteção do patrimônio histórico, cultural dos espaços públicos,
proteção do consumidor contra produtos danificados, dentre outros.

Os direitos coletivos em sentido estrito possuem como atributo as


características a seguir,

A transindividualidade real restrita; a determinabilidade dos sujeitos


titulares – grupo, categoria ou classe de pessoas – , unidos por uma
relação jurídica-base; a divisibilidade externa e a divisibilidade interna;
a disponibilidade coletiva e a indisponibilidade individual; a
irrelevância de unanimidade social e a reparabilidade indireta
(BENJAMIN, 1995).

Algumas hipóteses desses direitos coletivos são um aumento de


parcelas de um financiamento de maneira ilegal; busca pelos direitos
igualitários para estudantes de escolas; aumentos abusivos de mensalidades,
dentre outros.

1.1.2 Direitos individuais homogêneos


Os direitos individuais homogêneos podem ser definidos assim,

são aqueles que decorrem de uma origem comum, possuem


transindividualidade instrumental ou artificial, os seus titulares são
pessoas determinadas e o seu objeto é divisível e admite
reparabilidade direta, ou seja, fruição e recomposição individual
(BENJAMIN, 1995).

Esses direitos tem como objetivo reunir os direitos individuais de


diversas particularidades em um conjunto de direito coletivos, sob a alegação
de auxiliar o ingresso à justiça além de favorecer princípios que diminuíssem o
tempo do processo além de ser mais eficaz e efetivo na decisão final.

São exemplos de direitos individuais homogêneos explosões que deixam


milhares de feridos; danos a vários consumidores por compra de um
determinado produto; fraude causada aos clientes por conta de pirâmide
financeira, dentre outros.

2 FAKE NEWS

As fake news são informações falsas que são espalhadas e publicadas,


com maior repercussão e alcance na internet, com o intuito de distorcer a
realidade, além de ter possíveis cunhos políticos e financeiros. O Dicionário de
Oxford fez a seguinte definição acerca das fake news, “um adjetivo relacionado
ou evidenciado por circunstâncias em que fatos objetivos têm menos poder de
influência na formação da opinião pública do que apelos a emoções ou crenças
pessoais” (GENESINI, 2018, p. 47).

Outra definição de fake news pode ser dada por Meneses,

Fake News são notícias falsas nas quais existe uma ação deliberada
para enganar os consumidores. Não coincide com o conceito de false
news, que por sua vez, não partem de ação deliberada, mas de
incompetência ou irresponsabilidade de jornalistas na forma como
trabalham informações fornecidas por suas fontes. (Meneses, 2018,
p. 40)

Com o acesso à internet cada vez mais difundido, as fake news ganharam
força pois ficou muito mais fácil espalhar notícias. Com a velocidade de
produção de conteúdo e a rápida difusão das informações, tornou-se
corriqueiro em um ambiente como a internet, que parece não haver autoridade
nem punição para aqueles que reproduzem fake news, as informações serem
espalhadas com maior velocidade ainda.
O crescimento exponencial das novas tecnologias e do acesso a elas
criou uma verdadeira revolução na maneira como a sociedade se
informa e se comunica, permitindo o envio de mensagens
instantâneas e serviços de voz e vídeo em nível global.
Diferentemente dos tradicionais veículos de comunicação em massa,
quais sejam, os jornais impressos, o rádio e a televisão, que
funcionavam de maneira centralizada, unidirecional e verticalizada, a
chamada “era da informação” é marcada por um modelo “todos para
todos”, no qual qualquer pessoa pode produzir e compartilhar
conteúdo com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Isso
gera o fenômeno da “sobrecarga de informação” (information
overload), pois os dados não são mais filtrados pelos procedimentos
tradicionais e a quantidade de informação que um indivíduo recebe
supera sua capacidade de processá-la (ALVES, MACIEL, 2020).

A expressão ganhou força em meados de 2016, após dois acontecimentos


que ganharam repercussão mundial, no campo da política. Uma delas foi a
saída do Reino Unido da União Europeia e a outra foi a eleição de Donald
Trump para presidência dos Estados Unidos. Ambos foram baseados em
muita especulação até a concretização dos acontecimentos. Esses dois
eventos foram importantes porque a disseminação de informações ocorreu de
forma muito mais veloz do que tudo aconteceu e as notícias não eram
corretas, o que gerou incômodo e preocupação, principalmente para as
populações dos países envolvidos.

A partir daí, houve o crescimento exponencial aonde a internet passou a


ser um local de circulação de informações sem o compromisso da verdade e
sem regulamentação para casos de fake news,

A divulgação de notícias na internet não possui o mesmo


compromisso e carece de regulamentação, possuindo um conteúdo
amplamente produzido pelos próprios usuários, o que torna possível,
inclusive, que qualquer pessoa crie uma página jornalística de
aparente credibilidade e publique absolutamente qualquer coisa.
Certamente, a Internet e o crescimento das mídias sociais não
inventaram o fenômeno da desinformação, mas criaram um ambiente
propício para que houvesse uma difusão em massa de notícias
falsas, em velocidade nunca antes vista na história da humanidade
(ALVES, MACIEL, 2020).
Mesmo as notícias falsas não serem uma novidade recente, o modo
como estão sendo feitas, causa preocupação, até mesmo porque muitas
pessoas acreditam naquela informação sem ao menos procurar pela
veracidade das informações, disseminando o conteúdo falso de maneira
exponencial.

2.1 Caracterização das fake news

Como dito no tópico acima, as fake news são notícias que circulam em
meios de comunicação de maneira errônea, atribuindo repercussão para
notícias falsas. A caracterização dessas notícias pode ser enquadrada da
seguinte maneira, não são dotadas de verdade; não há fontes confiáveis que
repassam as informações; e além de divulgar esses comunicados, pode haver
um potencial de manipular emoções em todos aqueles que consomem essas
informações. Essa situação de disseminação de informações, pode ser
demonstrada no cenário atual, por exemplo, com o surto de Covid-19 que
assola o mundo,

O surto de COVID-19 e a resposta a ele têm sido acompanhados por


uma enorme infodemia: um excesso de informações, algumas
precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e
orientações confiáveis quando se precisa. A palavra infodemia se
refere a um grande aumento no volume de informações associadas a
um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente
em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia
atual. Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da
manipulação de informações com intenção duvidosa (OMS, 2020).

Essa procura por fake news está muito atrelada ao tipo de informações
que o usuário procura na internet. Se uma pessoa prefere notícias mais
sensacionalistas ou procura notícias parecidas com essas em suas redes
sociais, há uma filtragem para que sejam enviadas a ela informações daquele
tipo, o que pode ajudar a disseminar as fake news. Portanto, quanto mais
procura tiver e rede de amigos consumindo o mesmo tipo de informações,
maiores serão as disseminações de fake news,

i) na internet, os custos e barreiras à entrada para produção e


disseminação de conteúdo são radicalmente mais baixos, permitindo
uma fragmentação da produção de conteúdo e a transformação de
todo usuário da rede em potencial produtor de conteúdo. Ademais, a
informação se alastra mais rapidamente e de forma que dificulta seu
rastreamento; ii) a Internet facilita o anonimato; iii) por fim, o modo de
financiamento da produção e disseminação de conteúdo na Internet é
diferente. Na Internet, o consumidor financia o acesso a grande parte
do conteúdo não por meio de pagamento direto ao produtor ou
disseminador de conteúdo, mas por meio do fornecimento de seus
dados (GROSS, 2020).

Quanto a questão das emoções das pessoas que consomem esse tipo
de conteúdo, é possível entender o porquê são mais suscetíveis a alguns
sentimentos. Angústia, frustração, ansiedade, medo são algumas das
emoções que afloram em pessoas que consomem as fake news. Isso porque
como na maioria das vezes são notícias sensacionalistas, há nelas um
sentimento de dor, tragédia, dentre outros que não colaboram para otimizar e
acrescentar positivamente na vida das pessoas,

Envolvem, portanto, conteúdos que despertam emoções e crenças,


dado que, tendo em vista a pós-verdade, a tendência das pessoas é
serem menos cautelosas com notícias que vão ao encontro de suas
visões de mundo e, portanto, que confirmam suas crenças. O
contrário também ocorre. As pessoas questionam tudo aquilo que vai
de encontro com as suas convicções, mesmo que seja pautado em
argumentos fundados em dados verdadeiros. Assim, até mesmo a
verdade empírica dos fatos é posta em questionamento, caso seja
uma verdade incômoda aos pontos de partida adotados pelos que se
alinham com as práticas da pós-verdade (NOHARA, 2020).

Portanto, não ceder às fake news é o melhor a ser feito. Procurar


informações de sites confiáveis, checar as informações com os órgãos
responsáveis, são medidas para diminuir a divulgação e a disseminação
dessas informações.

2.2 Como as fake news alteraram os panoramas das sociedades atuais

As notícias falsas já são propagadas há algum tempo. Essas notícias só


foram potencializadas pela internet e redes sociais,

Certamente, a Internet e o crescimento das mídias sociais não


inventaram o fenômeno da desinformação, mas criaram um ambiente
propício para que houvesse uma difusão em massa de notícias
falsas, em velocidade nunca antes vista na história da humanidade
(ALVES, MACIEL, 2020).
Porém, com o avanço das tecnologias, sua repercussão se tornou ainda
mais forte e mais rápida. Com isso, os países tiveram que se adequar para
essa nova realidade, de informações chegando a todo momento, sendo que
muitas das vezes, não seguras e desprovidas de fonte confiáveis e de
informações precisas.

As fake news no Brasil tem um cunho político muito forte. Muitas vezes são
espalhadas por grupos políticos de ideais diferentes para atacar uns e outros
com o intuito de descredibilizar o grupo político que não o seu. A manipulação
de informações nesse caso, pode atingir o eleitorado que, baseado naquelas
informações, escolhe o seu voto.

Além do campo político, as fake news também afetaram diferentes temas,


como o mercado financeiro, a área da saúde e a relação com o comércio.

A realidade é complexa e intimidadora. Os avanços tecnológicos,


postos a serviço da humanidade, exigem reflexão. Se a esta realidade
agregarmos ainda os interesses daqueles que se beneficiam com a
mentira, a manipulação, a demagogia e o populismo, ao cidadão
restam poucas ferramentas para se defender e proteger a
democracia. (PINA, QUIRÓS, 2017, p.37)

Além disso, as fake news fizeram com que as pessoas passassem a ser
mais intolerantes umas com as outras, principalmente no campo político e
religioso, por receberem notícias daquilo que lhes interessa, não se preocupam
com o diálogo com o outro, restando o discurso de ódio e de não aceitação
daquilo que lhes é contrário,

Apesar de ser inegável a influência das fake news na sociedade


contemporânea, é preciso ressaltar, antes de tudo, que as mesmas
só possuem esse potencial tão amplo de disseminação em razão do
contexto cultural e político propício que vivenciamos em grande parte
do mundo, marcado por radicalizações políticas e por uma espécie de
guerra ideológica que divide a sociedade em grupos antagônicos e
rivais. Esse contexto está marcado por grandes incertezas e medos
diversos, por crises econômicas cíclicas e pela desconfiança nas
instituições políticas e midiáticas. Um terreno fértil para que todo tipo
de discurso de ódio, teorias da conspiração e campanhas
difamatórias ganhe maior proporção (ALVES, MACIEL, 2020).
As fake news também causam mais desinformação para a população. Isso
porque se acreditam em informações falsas, saberão primeiramente dela do
que da informação correta, além de acabar passando para os demais,
inverdades. A divulgação dessas notícias acaba prejudicando a formação do
pensamento crítico das pessoas, pois é somente através de informações
precisas que são formadas críticas, argumentos e opiniões acerca do assunto.

Já alguns doutrinadores acreditam que o problema das fake news fica mais
agravado quando atinge direitos de maior porte. Por isso, quando as notícias
são divulgadas há que se preocupar com os direitos e princípios do
ordenamento jurídico, a fim de resguardar o direito de todos, conforme Pina,

Em termos legais, o problema das fake news se dá quando ocorre um


conflito de direitos. Tais conflitos são produzidos entre a informação
transmitida e os direitos fundamentais das pessoas afetadas por dita
informação, principalmente a honra e a intimidade (PINA, QUIRÓS,
2017, p. 41).

Assim, as fake news entraram na sociedade atual e há que se ter


precaução para que não sejam objeto de manipulação da população em geral.

2.3 O que a legislação brasileira aborda em relação as fake news

O ordenamento jurídico brasileiro possui princípios, garantias e direitos


assegurados na Constituição. Alguns desses princípios podem entrar em
colisão e seguir direções divergentes, quando da sua aplicação. Um exemplo
seria a livre iniciativa e a proteção do consumidor, o direito à propriedade e sua
função social, dentre outros. No caso dessas situações, nem sempre há
solução para esses conflitos.

Quando há embate entre os princípios a dificuldade é justamente


adequar o caso e ver qual deles sofrerá limitação total ou parcial para o outro.
No caso por exemplo, das fake news, poderia ser uma hipótese de conflito de
liberdade de expressão já que comunicar notícias e informações está dentro
desse direito, juntamente com a ideia de se expressar livremente.
Portanto, os princípios são de igual valor devendo ser analisado caso a
caso a questão, pois, em determinado momento pode ser que um princípio
sofra um limite maior do que outro. Então, no caso entre fake news e liberdade
de expressão, por exemplo, o segundo tem maior valor, devendo nesse caso
prevalecer sob o primeiro.

Isso porque, conforme será analisado, mesmo que as fake news sejam
uma forma de expor opiniões, na medida em que interfere na vida das pessoas
de forma negativa, não há que se colocar o direito individual de expressão
acima do bem coletivo, motivo esse que justifica a priorização da liberdade de
expressão, princípio este que deve ser utilizado amplamente, porém, cuidando
para que suas opiniões não sejam disseminadores de notícias falsas.

Quanto as normas jurídicas que regulamentam a questão das fake news,


tem-se no Brasil alguns projetos de lei que abordam sobre o tema; uns mais
específicos, outro mais genéricos, e serão demonstrados a seguir.

O Projeto de Lei 2917/2019, “Altera o Código Penal, instituído pelo


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 e a Lei no 13.188, de 11 de
novembro de 2015, que dispõe sobre o direito de resposta, para tratar da
retratação sobre crimes contra a honra quando da veiculação de notícias falsas
na internet” (BRASIL, 2019). Nesse projeto, não há uma definição do que seria
fake news, porém, já há a possibilidade de retratação quando divulgada uma
notícia falsa de modo que afete a honra de uma pessoa.

Há um outro Projeto de Lei nº 2609/2019 que “Altera a Lei nº 12.965, de


23 de abril de 2014, para criar obrigação de indisponibilização de notícias
falsas por provedores de aplicações de internet e dá outras providências
(BRASIL, 2019)”. Esse projeto já define o que seria fake news além de criar
mecanismos aonde os provedores de internet não permitam a replicação de
mensagens falsas, além de responsabilidade civil para o usuário que espalhou
a informação incorreta, foi notificado e não retirou a publicação do ar.
Mais um Projeto de Lei relacionado às fake news é o de nº 9554/2018 que
“Acrescenta artigo ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal, para tipificar o crime de divulgação de informação falsa –
fakenews” (BRASIL, 2018). Nesse projeto além de tipificar fake news no art.
287-A do Código Penal, ainda estabelece penas de detenção e multa, além de
aumento de pena caso haja divulgação com o fim de obter vantagem para o
indivíduo ou terceiros.

São vários os projetos de lei que dissertam a respeito das fake news,
porém, foram expostos apenas alguns que tiveram mais relevância e destaque.
O último Projeto de Lei a ser citado no presente trabalho é o de nº 2630/2020
que foi aprovado pelo Senado Federal e Institui a Lei Brasileira de Liberdade,
Responsabilidade e Transparência na Internet. A seguir serão dispostos alguns
artigos acerca das fake news presentes no projeto.

O art. 3º menciona o combate da desinformação na internet, objetivo


principal da Lei em questão,

Art. 3º A Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e


Transparência Digital na Internet tem como objetivos:
I - o fortalecimento do processo democrático por meio do combate à
desinformação e do fomento à diversidade de informações na internet
no Brasil (BRASIL, 2020);

A lei não exime o Estado do seu papel que é conceder educação para a
população quanto ao uso consciente da internet além de campanhas para
evitar a desinformação.

Art. 25. O cumprimento do dever constitucional do Estado na


prestação da educação, em todos os níveis de ensino, inclui a
capacitação, integrada a outras práticas educacionais, para o uso
seguro, consciente e responsável da internet, incluindo campanhas
para evitar a desinformação na internet e promover a transparência
sobre conteúdos patrocinados.

Art. 26. O Estado deve incluir nos estudos de que trata o art. 28 da
Lei nº 12.965, de de 2014, diagnósticos sobre a desinformação na
internet e a transparência de conteúdo patrocinado na internet
(BRASIL, 2020).

Há ainda um outro projeto que visa algo um pouco diferente do que o


convencional, que tem um viés um pouco diferente dos que foram
apresentados acima. O projeto tem como objetivo a alfabetização digital de
forma afetiva. Isso significa que as crianças e os adolescentes terão a
possibilidade de se capacitarem para que possam checar as informações
disponibilizadas nas redes e verificar o que é real do que é falso.

A partir daí poderão criar consciência e pensamento crítico em relação a


divulgação de informações em massa. Esse projeto é de um enriquecimento
sem igual, haja vista que a formação crítica dos menores é fundamental para
que o fenômeno das fake news possa retroagir,

No Brasil, o projeto LupaEducação é um exemplo de atuação


engajada na promoção de uma alfabetização digital efetiva. Iniciado
em 02 de abril de 2017 pela Agência Lupa, a iniciativa visa capacitar
cidadãos e profissionais em técnicas de checagem de fatos a fim de
construir uma ação multiplicadora para segurança de informação na
rede (ALVES, MACIEL, 2020).

Após tudo o que foi demonstrado, pode-se afirmar que o ordenamento


jurídico brasileiro não possui leis específicas acerca das fake news. O que se
tem são projetos de lei que estão para ser aprovados para se tornarem leis e
coibir ações de disseminação de notícia falsa. Enquanto isso não ocorre, há os
princípios, direitos e garantias fundamentais, jurisprudências, além das ações
estatais para proibir a prática dessas divulgações de informações falsas.

3 OS LIMITES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E AS FAKE NEWS

A liberdade de expressão e as fake news é um tema de grande importância


e que deve ser analisado de acordo com os princípios constitucionais e as
normas legais. Ao se analisar de forma literal, há muitos que confundem o fato
de que o combate às fake news pode ser visto como forma de censura. Porém,
não é isso que dizem as normas.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, IV e IX, e art. 220, esclarece o


seguinte,

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e


de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição (BRASIL,
1988).

Denota-se, portanto, que há sim a previsão de liberdade de expressão, e


é garantida nesses artigos supra citados. Ocorre que, essa liberdade não é
total, devendo ser considerada de acordo com o contexto prático, aliado aos
demais artigos presentes no ordenamento jurídico.

A liberdade de expressão, apesar de ser um direito crucial para a


manutenção da democracia, não pode ser empregada para difamar ou denegrir
outra pessoa, como assegura o inciso X, do art. 5º da Constituição, “X - são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação” (BRASIL, 1988).

A jurisprudência do STF foi de encontro com o que diz a Constituição e


em um dos seus julgados, o ministro Celso Mello dissertou sobre o tema da
seguinte forma,

A prerrogativa concernente à liberdade de manifestação do


pensamento, por mais abrangente que deva ser o seu campo de
incidência, não constitui meio que possa legitimar a exteriorização de
propósitos criminosos, especialmente quando as expressões de ódio
racial – veiculadas com evidente superação dos limites da crítica
política ou da opinião histórica transgridem, de modo inaceitável,
valores tutelados pela própria ordem constitucional dos limites da
crítica política ou da opinião histórica transgridem, de modo
inaceitável, valores tutelados pela própria ordem constitucional
(BRASIL, 2003).

Ainda acerca do julgado mencionado acima, o ministro dissertou mais,


alegando que o direito de livre expressão não pode ser confundido com atos
ilícitos.

O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua abrangência,


manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. As
liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser
exercidas de maneira harmônica, observados os limites definidos na
própria Constituição Federal (CF, artigo 5º, § 2º, primeira parte). O
preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o
“direito à incitação ao racismo”, dado que um direito individual não
pode constituirse salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com
os delitos contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da
pessoa humana e da igualdade jurídica (BRASIL, 2003).

Esse choque de conflitos é apenas fictício, pois, as normas e princípios


já estabelecidos são capazes de solucionar os casos concretos. As fake news
ultrapassam esses direitos das pessoas, quando as informações falsas são
espalhadas com a intenção de ferir alguém. Nesses casos, há sim uma
responsabilidade prevista no Código Civil para casos relacionados a esse tipo
de violação, além da jurisprudência dos tribunais que já condenam os
disseminadores de informações falsas.

Por conta disso, a sociedade deve reprimir qualquer indício de fake


news, sem esquecer da manifestação da imprensa de forma livre e da
autonomia e liberdade da imprensa. Apesar das normas possuírem o mesmo
valor, na teoria, algumas possuem tratamento favorecido em relação as outras,
tamanha sua importância e relevância para a sociedade, como no caso
discutido nesse tópico.

Há que se fazer um adendo a toda essa questão. É provável que


algumas notícias falsas não se qualifiquem como uma ofensa direta, isto é,
quando não forem objeto de insultos ou quando não for prejudicar alguém
gravemente. Nesse caso, poderá haver sim a alegação de que estão
amparados pelos direitos de livre manifestação do pensamento, previsto no art.
5º da Constituição.

Para solucionar essa questão, é preciso que o legislador interprete o


caso concreto a fim de ponderar se houve ou não desrespeito às normas
jurídicas, principalmente através dos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, conforme disserta Barroso,

A existência de colisões de normas constitucionais leva à


necessidade de ponderação. A subsunção, por óbvio, não é capaz de
resolver o problema, por não ser possível enquadrar o mesmo fato
em normas antagônicas. Tampouco podem ser úteis os critérios
tradicionais de solução de conflitos normativos - hierárquico,
cronológico e da especialização - quando a colisão se dá entre
disposições da Constituição originária. Esses são os casos difíceis,
assim chamados por comportarem, em tese, mais de uma solução
possível e razoável. Nesse cenário, a ponderação de normas, bens
ou valores (v. infra) é a técnica a ser utilizada pelo intérprete, por via
da qual ele (i) fará concessões recíprocas, procurando preservar o
máximo possível de cada um dos interesses em disputa ou, no limite,
(ii) procederá à escolha do bem ou direito que irá prevalecer em
concreto, por realizar mais adequadamente a vontade constitucional.
Conceito-chave na matéria é o princípio instrumental da razoabilidade
(BARROSO, 2010, p. 354).

Apesar da explanação feita, há que se perceber que as notícias falsas


sempre tem um objetivo específico, que é a disseminação da informação,
mesmo que de modo lícito, pode causar prejuízos para a sociedade em geral,
como o boicote à vacinação de doenças que podem ser evitadas caso a
pessoa seja vacinada, por exemplo.

Nesse caso há uma lesão à saúde pública, pois, quanto menos vacinados
tiver, mais propensão de doenças irão surgir, devendo, portanto, ser
responsabilizada qualquer pessoa que dissemina essas informações sem
fundamento e sem conhecimento técnico. No contexto apresentado, a
liberdade de expressão não pode mais ser justificativa para as fake news, já
que o interesse público é maior do que a possibilidade de se espalhar boatos.

3.1 A responsabilização dos provedores de internet em relação a


disseminação das fake news

Os provedores de internet muita das vezes podem ser responsabilizados


pelo conteúdo postado de fake news. Fato é que esse assunto vem sendo
discutido pelos doutrinadores. Após o estouro de notícias falsas, algumas
medidas precisaram ser tomadas e uma delas está relacionada com a internet.
Isso porque é nela que há a maior incidência de fake news, pois o acesso se
dá por qualquer pessoa e não há muito critério para a divulgação de
informações ou opiniões, mesmo que não verdadeiras.

A lei nº 2630/2020 faz menção à proibição da disseminação de


informações não verdadeiras, “Art. 5º São vedados, nas aplicações de internet
de que trata esta Lei: III – redes de disseminação artificial que disseminem
desinformação” (BRASIL, 2020).

Os provedores de internet também têm um papel fundamental para


evitar que as notícias falsas se propaguem. No artigo da lei mencionada está
descrito no art. 9º que os provedores devem proteger a sociedade contra as
informações negativas, sendo livres de tal envolvimento as manifestações
artísticas e intelectuais,

Art. 9º Aos provedores de aplicação de que trata esta Lei, cabe a


tomada de medidas necessárias para proteger a sociedade contra a
disseminação de desinformação por meio de seus serviços,
informando-as conforme o disposto nos artigos 6º e 7º desta Lei.
Parágrafo único. As medidas estabelecidas no caput devem ser
proporcionais, não discriminatórias e não implicarão em restrição ao
livre desenvolvimento da personalidade individual, à manifestação
artística, intelectual, de conteúdo satírico, religioso, ficcional, literário
ou qualquer outra forma de manifestação cultural (BRASIL, 2020).

Outra dispositivo legal, a lei nº 12.965/2014 estipulou que o provedor de


conexão com a internet deve guardar os registros de conexão, a fim de,
posteriormente poder ter o registro dos usuários,

Art. 13. Na provisão de conexão à internet, cabe ao administrador de


sistema autônomo respectivo o dever de manter os registros de
conexão, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo
prazo de 1 (um) ano, nos termos do regulamento.
§ 1º A responsabilidade pela manutenção dos registros de conexão
não poderá ser transferida a terceiros.
§ 3º Na hipótese do § 2º , a autoridade requerente terá o prazo de 60
(sessenta) dias, contados a partir do requerimento, para ingressar
com o pedido de autorização judicial de acesso aos registros
previstos no caput.
§ 4º O provedor responsável pela guarda dos registros deverá manter
sigilo em relação ao requerimento previsto no § 2º , que perderá sua
eficácia caso o pedido de autorização judicial seja indeferido ou não
tenha sido protocolado no prazo previsto no § 3º (BRASIL, 2014).

A referida lei ainda menciona a questão da responsabilidade do provedor


de conexão à internet,

Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado


civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e


impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente
poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não
tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu
serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo
apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário (BRASIL, 2014).

Nesse contexto, a responsabilização do provedor está relacionada no


caso de descumprimento de ordem judicial. Ou seja, caso haja uma
determinação para que o provedor de internet retire do ar o conteúdo
impróprio e o mesmo não retire ou não torne indisponível a URL, aí sim será
responsabilizado.
O juiz, além de verificar caso a caso, deverá intervir com as medidas
cabíveis para garantir o sigilo das informações além de tomar as decisões a
respeito do processo, conforme determinações da lei, a fim de resguardar a
parte ofendida e responsabilizar quem de direito realizou tal ação.

3.2 Aplicação prática das normas no caso concreto

As fake news como já faladas anteriormente, são combatidas quando


lesam alguém e/ou quando há disseminação de informações falsas. Alguns
julgados a seguir comprovam que há sim penalidades para aqueles que
insistem em divulgar notícias falsas, como a indenização a ser paga, no julgado
abaixo,

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. DIREITO À INFORMAÇÃO


VERSUS DIREITO À IMAGEM. CONCORDÂNCIA PRÁTICA DE
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS. NOTÍCIA FALSA. FAKE NEWS.
ATO ILÍCITO CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE CIVIL
RECONHECIDA. QUANTUM INDENIZATÓRIO CONSENTÂNEO À
GRAVIDADE DA LESÃO. RECURSO IMPROVIDO. Como é sabido,
dentre os princípios que orientam a interpretação constitucional
inclui-se o princípio da Concordância Prática, que afirma que a
aplicação de uma norma constitucional deve realizar-se em
harmonia com a totalidade do ordenamento constitucional. É
justamente com base neste entendimento que o Poder Judiciário
pátrio vem enfrentando a problemática das notícias falsas, ou
fake news, como popularmente vêm-se a estas se referindo. A
Constituição Federal assegura o direito à informação sem,
contudo, descurar do, tão importante quanto, direito à
informação. Justamente por isto traz disposição expressa no
sentido de ser devida a indenização por danos morais pela
veiculação falsa, em proteção aos direitos da personalidade.
Muito embora da reportagem aqui discutida não se vislumbre
juízo de valor acerca do apelado, não existem dúvidas de que se
trata de uma notícia falsa, o que poderia ter sido evitado por um
pouco mais de cautela por parte da apelante. É que, conforme se
extrai do termo de interrogatório de fls. 25/26, documento público, o
apelado nunca foi preso, mas conduzido para prestar esclarecimentos
acerca da sua comercialização de distintivos da corporação. Muito
embora sustente o apelante que a informação acerca da prisão lhe
tenha sido passada por policiais civis e que a captação das imagens
tivesse se dado com autorização do delegado, tais razões são pouco
fidedignas uma vez que, além de o demandado não trazer aos autos
mínima prova das suas afirmações, dificilmente se crê que um
delegado de polícia reputaria por preso uma pessoa que acabara de
ser ouvido por si na condição de conduzido. Na hipótese dos autos
restou clara a extensão do dano sofrido, a permitir a fixação do
quantum indenizatório no patamar de R$ 25.000,00. Como afirmado
pelo próprio preposto da empresa ré ouvido como testemunha, a
notícia falsa foi veiculada não somente na cidade de Itabuna, mas
também nas cidades do entorno. Ademais, o vídeo da matéria
discutida nos autos revela que o apresentador, além da exibição da
imagem do apelado, divulga o seu nome completo e hipocorístico,
bem como mostra a sua loja, de modo que todos que assistissem a
reportagem pudessem identificar o autor, potencializando o dano por
si sofrido, de modo que tenho que não há razões para redução da
indenização. Recurso improvido. (TJ-BA, Classe: Apelação, Número
do Processo: 0012477-80.2009.8.05.0113, Órgão julgador:
PRIMEIRA CAMARA CÍVEL, Relator(a): MÁRIO AUGUSTO ALBIANI
ALVES JÚNIOR, Publicado em: 18/08/2020) (Grifo nosso).

Outra ação por indenização também foi julgada, no caso a seguir, por
conta de imputação falsa de crime em redes sociais, que foi condenado a
pagar a vítima,

APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS


MORAIS - DIVULGAÇÃO DE FAKE NEWS EM FACEBOOK -
FOTOGRAFIA TIRADA DE DELEGACIA DE POLÍCIA -
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO - OMISSÃO OU
NEGLIGÊNCIA NA GUARDA DE DADOS - NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO DE DOLO OU CULPA - DESATENDIMENTO DO
DEVER LEGAL - ÔNUS DO AUTOR - PUBLICAÇÃO COM
IMPUTAÇÃO FALSA DE CRIME - DANO MORAL IN RE IPSA -
INDENIZAÇÃO MANTIDA - JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA -
VEDAÇÃO À REFORMATIO IN PEJUS E JULGAMENTO EXTRA
PETITA - RECURSO DO ESTADO PROVIDO - RECURSO DO
CORRÉU DESPROVIDO - RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO. 1.
(...). 3. Quanto ao corréu, evidente o ato ilícito pela divulgação de
fake news em post público de seu perfil no Facebook, com a
atribuição ao autor de grave crime de assassinato acompanhado
de fotografia. 4. A liberdade de expressão, invocada pelo réu em
seu apelo, não constitui direito absoluto e encontra limites em
outros direitos também constitucionais, como honra, vida
privada e imagem das pessoas. 5. (...) 6. Mantém-se o valor da
indenização ao qual foi condenado o corréu, pessoa física, quantia
capaz de compensar os efeitos do prejuízo sofrido pelo autor e de
evitar reincidência do requerido a praticar ações que possam causar
grave lesão a direitos fundamentais de outrem. 7. Em relação ao
corréu, pessoa física, não se aplica o disposto na Lei n. 9.494/97,
porém deixa-se de alterar a sentença por não ter sido interposto
recurso a respeito, devendo ser evitado o julgamento extra petita e
reformatio in pejus. (TJMS. Apelação Cível n. 0800363-
27.2017.8.12.0008, Corumbá, 4ª Câmara Cível, Relator (a): Des.
Vladimir Abreu da Silva, j: 07/10/2020, p: 13/10/2020) (Grifo nosso).
A ofensa a honra e a imagem decorrentes de ação de indenização
também caracterizado pelas fake news,

AGRAVO DE INSTRUMENTO - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA - AÇÃO


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONTRATO DE
SERVIÇOS DE ADVOCACIA - PUBLICAÇÃO DE RECLAMAÇÃO EM
PÁGINA PÚBLICA DA INTERNET REALIZADA PELA AGRAVADA -
ALEGAÇÃO DOS AGRAVANTES DE OFENSA A HONRA E A
IMAGEM - TUTELA DE URGÊNCIA - ART. 300 DO NCPC -
POSSIBILIDADE - VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES
AUTORAIS - PERIGO DE DANO DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - Os
autores, ora agravantes, interpuseram ação de indenização por danos
morais alegando que a ré, ora agravada, ofendeu a honra objetiva e
subjetiva dos demandantes ao publicar reclamação em página pública
da internet. Deferimento de tutela de urgência com o objetivo de
compelir a agravada a retirar toda e qualquer ofensa relacionada
ao contrato celebrado entre as partes ante a probabilidade de
prejuízo da imagem dos mesmos perante terceiros. Art. 300 do
NCP. Verossimilhança das alegações autorais. Perigo de dano de
difícil reparação. Provimento ao recurso. (TJ-RJ - AI:
00033275520178190000 RIO DE JANEIRO CAPITAL 37 VARA
CIVEL, Relator: EDSON AGUIAR DE VASCONCELOS, Data de
Julgamento: 31/05/2017, DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 05/06/2017) (Grifo nosso).

Um julgado recente acerca das eleições ocorridas no ano de 2020


também menciona a propagação de notícias falsas como um ato irregular,
causando danos para a população. No julgado abaixo houve a divulgação de
notícias falsas, o que tornou a campanha do candidato ilegal, que fez que ele
arcasse com uma multa além da retirada dos conteúdos do ar.

RECURSO EM REPRESENTAÇÃO. ELEIÇÕES 2020.


PROPAGANDA ELEITORAL VEDADA. FAKE NEWS. PREFEITO
MUNICIPAL. BELÉM. ART. 22, LEI 23.610/2019. POSTAGENS.
VÍDEOS. FACEBOOK. OFENSA À HONRA. CONFIGURAÇÃO.
POLÊMICA. IMAGEM. PUBLICAÇÃO DE NOTÍCIAS FALSAS. FAKE
NEWS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO. 1.
Recurso eleitoral interposto em desfavor da sentença de Zona
Eleitoral que julgou procedente a representação, aplicando multa no
valor de R$ 5.000,00 por entender que ficou configurada propaganda
irregular no pleito de 2020. 2. O art. 22 da Lei 23.610/2019 dispõe que
não é tolerada propaganda, respondendo o infrator pelo emprego de
processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de
poder que caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa, bem como
atingir órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública. 3. As
fake news são notícias fraudulentas, produzidas dolosamente,
com a intenção de provocar algum dano; não se constituem
apenas em notícias falsas, ou meramente mentirosas. Resultam
da disseminação de informação através do desinteresse em
confirmar a veracidade da mesma. 4. Configurou-se fake news a
divulgação, em rede social (facebook) de diversas notícias com
uso de adjetivos aliados a frases soltas e vídeo com conteúdo
apelativo e polêmico, capaz de gerar, artificialmente, estados
mentais e emocionais. 5. Os conteúdos possuíam o condão de
influenciar de maneira negativa o eleitor, uma vez que ultrapassou os
limites da livre manifestação do pensamento, caracterizando-se como
uma postagem disseminadora de propaganda eleitoral vedada e fake
news, bem como baseia o art. 22 verificado ao norte. 6. Manutenção
da sentença a quo para aplicação de multa no valor de R$ 5.000,00,
bem como remoção dos conteúdos pleiteados. 7. Recurso conhecido
e desprovido.
(TER – PA RE: 060045840 PARAUPEBAS – PA, Relator: Juiz Alvaro
José Norat de Vasconcelos, Data de julgamento: 04/05/2021, Data de
publicação DJE Tomo 087 12/05/2021, p. 34/36) (Grifo nosso).

Assim, percebe-se que na prática os atos relacionados com fake news


são bem parecidos. Em sua maioria, são classificadas como notícias falsas
aquelas que deturpam a realidade e causam estados diferentes nas pessoas
por conta do seu conteúdo apelativo. Nos casos configurados, há geralmente
uma multa aplicada pelo descumprimento dos padrões corretos de
disseminação de informações bem como a retirada do conteúdo do ar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A liberdade de expressão é um direito consagrado na Constituição.


Através dele é possível opinar, dialogar e fazer comentários acerca de
assuntos e se posicionar em relação a qualquer tipo de tema. Porém, com o
avanço das informações e da tecnologia, as notícias chegam com maior
velocidade e o ser humano não está conseguindo administrar todas as
informações que recebe e muito menos emitir opiniões sobre tudo que
consome.

Nessa seara, surgiram as fake news, que são informações e notícias


falsas, que são rapidamente espalhadas, causando sentimentos de pânico,
ódio, ansiedade, dentre outras coisas naqueles que acompanham tal tipo de
informação.

Para combater esse fenômeno, é necessário que haja uma


regulamentação de leis que proíbam e punam aqueles que disseminam essas
notícias, além de um controle rígido com os provedores de internet, a fim de
impossibilitar que as notícias falsas naveguem quase que livremente pela
internet.
Além disso, é preciso educar a população para que tenham senso
crítico do que deve ser compartilhado e do que não deve. O que é de cunho
falso e sem notoriedade não deve ser espalhado, deixando apenas os
conteúdos relevantes serem propagados.

Há que se analisar que a liberdade de expressão não pode ser atrelada


às fake news. O direito de se expressar é totalmente diferente do que enviar
informações falsas para que cause alvoroço ou discussões desnecessárias
entre as pessoas. Há que ensinar a população a não consumir essas
informações, além de punir aqueles que insistem em publicar tais notícias.

Nos capítulos do artigo foram analisados aspectos como origem dos


direitos fundamentais e as garantias constitucionais no ordenamento jurídico
brasileiro. Foi descrito também o que são fake news, sua caracterização, como
a disseminação de notícias falsas repercutem na sociedade atual e sua
abordagem na legislação vigente no país. Por fim, foi analisado o tema central
que é a liberdade de expressão e as fake news e quais as medidas jurídicas
adotadas na prática para aqueles que disseminam informações falsas.

Por tudo o que foi exposto, a liberdade de expressão é sim um


princípio muito importante e que deve ser respeitado, sob pena de punições
previstas no ordenamento jurídico brasileiro. As fake news por sua vez, não
podem ser interpretadas como um modo de expressão, haja vista que a
divulgação de informações inverídicas além de irresponsáveis afetam a
sociedade como um todo, o que vai além do princípio ora mencionado.
Aqueles que estão dispostos a continuar espalhando esse tipo de notícias,
devem ser punidos para que não haja desencontro das informações que são
realmente necessárias.

REFERÊNCIAS

ALVES, Marco AS; MACIEL, Manuella RH. O fenômeno das fake news:
definição, combate e contexto. Publicado em fev 2020. Disponível em
https://revista.internetlab.org.br/o-fenomeno-das-fake-news-definicao-combate-
e-contexto/ Acesso em 15 jul 2021.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo
– Os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. Ed. Saraiva,
2.ª ed., 2010. Livro em PDF. Paginação Irregular. P. 354

Cf. BENJAMIN, Antônio Herman V. A insurreição da aldeia global contra o


processo civil clássico: apontamentos sobre a opressão e a libertação judiciais
do meio ambiente e do consumidor. In: MILARÉ, Édis (coord.). Ação civil
pública – Lei 7.347/85: reminiscências e reflexões após dez anos de
aplicação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995, p. 96-7.

BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília: Senado, 1988.

BRASIL. Código de defesa do consumidor (1990). Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de
1990.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 82424/RS. Relator: Min.


Moreira Alves, 17 de setembro de 2003. Disponível em:
https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur96610/false. p. 524 E 629.
Acesso em 12 jul 2021.

BRASIL. Lei nº 12.965 de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e


deveres para o uso da internet no Brasil. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm Acesso
em 10 jul 2021.

BRASIL. Câmara dos deputados. Projeto de Lei 9554 de 2018. Disponível


em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=2167903. Acesso em 08 jul 2021.

BRASIL. Câmara dos deputados. Projeto de Lei 2601 de 2019. Disponível


em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=2199770. Acesso em 07 jul 2021.

BRASIL. Câmara dos deputados. Projeto de Lei 2917 de 2019. Disponível


em https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=2203521 Acesso em 07 jul 2021.

BRASIL. Câmara dos deputados. Projeto de Lei 2630 de 2020. Disponível


em https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?
dm=8110634&disposition=inline. Acesso em 09 jul 2021.

GASTALDI, Suzana. Âmbito jurídico. Direitos difusos, coletivos em sentido


estrito e individuais homogêneos: conceito e diferenciação. Publicado em
1 de jan 2014. Disponível em < https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-
processual-civil/direitos-difusos-coletivos-em-sentido-estrito-e-individuais-
homogeneos-conceito-e-diferenciacao/>. Acesso em 06 jul 2021.
GENESINI, S. (2018). A pós-verdade é uma notícia falsa.Revista USP, (116),
pp. 45-58.

GRINOVER, Ada Pellegrini. A tutela dos interesses difusos. São Paulo:


Editora Max Limonad, 1984, p. 30-1.

GROSS, Clarissa Piterman. Fake new e democracia: discutindo o status


normativo do falso e a liberdade de expressão. In RAIS, Diogo (Coord.)
Fake News: a conexão entre desinformação e o direito 2. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 94.

Meneses, J. P. (2018). Sobre a necessidade de conceptualizar o fenómeno


das fake news. Observatório (OBS*), Special Issue, vol. 12, nº 4, pp. 37-53.
Disponível em: http://obs.obercom.pt/index.php/obs/article/view/1376/pdf.
Acesso em 13 jul 2021.

NOHARA, Irene Patrícia. Desafios da ciberdemocracia diante do fenômeno


das fake news: regulação estatal em face dos perigos da desinformação.
In RAIS, Diogo (Coord.) Fake News: a conexão entre desinformação e o direito
2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. p. 80.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Entenda a infodemia e a


desinformação na luta contra a COVID-19. 2020. p. 2.

PINA, Carolina; QUIRÓS, Eduardo. A era da pós verdade: realidade versus


percepção. Uno, São Paulo, v. 27, n. 1, p.41-43, mar. 2017. Disponível em:
https://www.revista-uno.com.br/wp-content/uploads/2017/03/UNO_27_BR_baja.
pdf. Acesso em: 10 jul 2021.

Você também pode gostar