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1.

CONCEITO DE ECONOMIA

Segundo o ponto de vista dos primeiros teóricos, a ciência económica deu os


primeiros passos em finais do séc. XVIII, com a Revolução Industrial e a afirmação do
capitalismo como modo de produção autónomo, inicialmente na Indústria e depois na
agricultura. Sabe-se que os escritores gregos falavam de economia. Mas a palavra tinha
então um conteúdo condizente com o seu significado etimológico. A economia era
entendida, fundamentalmente, como a administração (nomos – ordem ou lei) da casa
(oikos – casa ou património).
1. Oiko – Casa, património;
2. Nomos – Norma, lei, administração;
3. Polis – Cidade no grego.
O conceito de economia política possui duas vertentes, a merxista e a clássica ou
académica – (Leonel Robbins, Raymond Barre, Teixeira Ribeiro, Paul Samuelson,
Alfread Marshall).
Segundo os marxistas: a economia politica é a ciência que estuda as relações sociais de
produção e distribuição de bens e serviços para sociedade, para estes o entendimento da
economia politica está intrinsecamente vinculada a dados históricos e sociais.
Já para os clássicos ou académicos a economia política é definida:
1. Segundo Leonel Robbins: ciência que estuda o comportamento humano quanto à
relação entre fins e meios escassos suscetível de uso alternativo.
2. Segundo Raymond Barre: a economia politica é a ciência que estuda a administração
dos serviços escassos, ou seja, estuda o aproveitamento do homem nos recursos
escassos.
3. Paul Samuelson: a economia politica é ciência que estuda a forma como as pessoas e
a sociedade decidem aplicar os recursos escassos que poderiam ter utilização
alternativas para produzir diversos bens e distribuir para consumo agora e no futuro
entre as várias pessoas na sociedade.
4. Segundo Alfread Marshal: ciência que se aplica no estudo da humanidade dos
assuntos crescente da vida.
5. Segundo Teixeira Ribeiro: ciência que estuda as escolhas que se produzem em trocas
de bens ou as afectam.
Nesses termos, num âmbito genérico a economia pode ser entendida como ciência que
estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição de bens que visam
atender as necessidades humanas, identificando as leis que regem tais relações. Antes
mesmo desta ser conhecida como economia política, foi conhecida como economia
nacional, economia pública, economia civil e economia social, foi assim introduzida
como economia política pelo francês Antoine de Montchretien, no ano de 1615, em seu

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livro “Tratado de economia política” com o objetivo de transpor para a actividade
estatal as ideias e os princípios da economia.

4. ECONOMIA NA ANTIGUIDADE

Na antiguidade, a actividade produtiva – “atividade económica” - orientava-se


no sentido da criação de um fundo comum de bens cuja distribuição era assegurada de
acordo com o critério de autoridade de um Pater, o sacerdote ou o chefe é que
determinava a parte do produto social que caberia a cada indivíduo. As relações
comerciais eram incipientes, ou seja, iniciais tal como a actividade industrial (assente
em unidades de produção artesanais), e as relações de trabalho assemelhavam-se com o
processo de circulação de bens da época, representavam prestações de tipo obrigatório,
que dispensavam o mercado enquanto mecanismo de circulação e de distribuição dos
bens. Compreende-se, assim, que os problemas económicos eram abordados, pelos
escritores da antiguidade, no âmbito de considerações morais e filosóficas, ligadas à
problemática do destino e dos fins do homem, do sentido da presença do homem na
sociedade e das formas de organização política e social da comunidade.

Assim, são características típicas da economia na antiguidade as seguintes:

1. Existência de um fundo comum de bens;


2. Existência de uma entidade “autoridade” responsável pela administração e
distribuição dos bens desse mesmo fundo comum cujo nome – Pater;
3. Relações comerciais totalmente incipientes, ou seja, iniciais, isto inclui o
processo de produção de bens que era tipicamente artesanal, as relações de
trabalho de igual modo e a execução do trabalho era de carácter obrigatório;
4. Inexistência de um mecanismo de distribuição e circulação de bens – mercado;
5. Encaravam-se, os problemas económicos, no âmbito de considerações morais e
filosóficas essencialmente vinculativas aos problemas e fins do homem.
6. O PENSAMENTO ECONÓMICO NA IDADE MÉDIA

Durante a Idade Média, os problemas económicos eram abordados numa


perspectiva ético-normativa, do mesmo modo que a vida económica, sobretudo a partir
de Carlos Magno, se apresenta fortemente subordinada a valores e normas de natureza
religiosa e moral. A discussão da problemática económica decorria nos quadros da
doutrina teológica, sobressaindo, entre as questões abordadas, o problema do justo preço
justum pretium) e os problemas da legitimidade do comércio e juro.

A ideologia dominante considerava o homem essencialmente como um ser de


natureza transcendente, orientado para um destino extraterrestre. Dentro destes
parâmetros, o homem deveria preocupar-se fundamentalmente com a sua salvação; os
fins económicos consideravam-se sempre subordinados a fins transcendentais: a riqueza
material e a acumulação de fortunas eram condenadas em nome de valores morais. Nem
sempre a realidade se conformaria com tais concepções, mas eram esses cânones da
ideologia dominante que inspiravam as leis e o costume e formavam o espírito das

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pessoas. O tomismo terá sido a última grande tentativa de harmonizar os sentimentos da
Igreja e as exigências da fé com as construções puramente racionais, relativamente aos
problemas económico-sociais acima referidos.

Assim, a economia na idade média, foi marcada essencialmente pelas seguintes


características:

1. Teocentrismo, ou seja, o homem era guiado pela religião, preocupando-se


fundamentalmente com a sua salvação e Deus estava no centro de tudo e de
todas as coisas, inclusive nos assuntos de índole económica;
2. Autossuficiência, isto é, produzia-se simplesmente o necessário para manter a
subsistência das pessoas;
3. Total condenação das riquezas e acumulação de fortunas em nome dos valores
morais;
4. Ausência da obsessão pelo trabalho material e sua produtividade;
5. Os problemas económicos eram abordados pela doutrina teóloga ds época e
encerados numa perspectiva ético-normativa, por exemplo a não cobrança de
juros.
1. RENASCIMENTO – REFORMA

Com efeito, a partir do Renascimento foi abandonada esta tentativa de


conciliação entre o conhecimento racional e a fé, passando a filosofia económica a
desenvolver-se não à margem do cristianismo mas sim, por vezes, contra os seus valores
tradicionais. Os sécs. XV e XVI marcam um período de profundas transformações no
domínio económico, social e cultural. O Renascimento e a Reforma constituem
acontecimentos fundamentais de um processo que, embora por diferentes caminhos,
aponta para novas concepções sobre a relação entre o homem e a divindade e para a
autonomização do poder do estado relativamente ao poder religioso. No quadro de um
amplo movimento de ideias novas acerca do mundo e da vida, a ordem económica
começou a ser encarada de modo autónomo, a margem da perspectiva moral e teológica
medieval.

O contacto com novos mundos e a descoberta de novas verdades vieram


deslocar o centro das preocupações humanas do espiritual para o temporal; a ciência
laiciza-se; a observação do mundo e da vida ganha primazia sobre a dedução pura como
metodologia do conhecimento, as grandes construções de base teológica dão lugar à
análise realista dos problemas concretos dos homens concretos. É nesta óptica que os
autores começam a preocupar-se com o estudo dos fenómenos económicos, tentando
descobrir entre eles relações de causa e efeito, o que constitui a base da atitude
científica. Nos sécs. XVI e XVII surgiram as primeiras obras centradas em questões de
natureza económica, relacionadas com o desenvolvimento do capital comercial, com as
finanças da monarquia absoluta e com o conjunto de fenómenos que integram o
processo da “acumulação primitiva do capital”.

Assim as principais característica da reforma ou renascimento foram:

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1. A transição do teocentrismo para o antropocentrismo, ou seja, se até então Deus
estava no centro de tudo (teocentrismo), a partir do renascimento essa concepção
muda totalmente, pois o homem passa a preocupar-se fundamental consigo
próprio (antropocentrismo).
2. Atenções viradas para a produtividade, isto é, se até então não havia,
propriamente, uma obsessão pelo trabalho produtivo a partir da reforma esse
conceito muda, pois as pessoas passaram a empenhar-se mais no trabalho
material e nos seus resultados – produtividade.

Essas características marcantes da reforma trouxeram consigo alguns resultados –


consequências, tais como:

3. Laicização – a ciência e a ordem económica separa-se dos assuntos religiosos,


ganhando assim primazia e autonomia;
4. Surgimento dos primeiros estados nacionais na Europa;
5. Surgimento de novas categorias de homens (conhecido como divisão do
trabalho);
6. Surgimento das feiras – pequenos locais onde se praticavam as actividades
económicas “ em espécie de mercados”.
7. Surgimento das primeiras obras centradas fundamentalmente em questões de
natureza económica.
8. O SISTEMA MERCANTIL: O MERCANTILISMO
Em finais do séc. XV, o desenvolvimento do comércio - que se iniciara com as
cruzadas, trouxe consigo um grande fenômeno, a grande acumulação de riqueza por
parte de comerciantes e banqueiros, cuja actuação passa a desenvolver-se tendo em vista
não a satisfação das necessidades mas na obtenção de um ganho, um ganho por natureza
indefinido, ilimitado (quem tem dinheiro, transforma-o em mercadorias para obter, pela
venda destas, uma quantidade de dinheiro maior).

Ficava, portanto, para trás a lógica da actividade económica orientada, essencialmente,


para a satisfação das necessidades de cada um, dando assim origem a uma nova lógica
assente no conceito de que (quem tem um bem troca-o por dinheiro, para obter, em
troca desse dinheiro, outro bem de que necessita) e o ideal medieval de moderação e de
desprendimento relativamente à riqueza. O enriquecimento individual passa a ser aceite
como finalidade normal (e até louvável) da actividade dos homens, atitude que a
Reforma viria legitimar, no plano filosófico-religioso. Os problemas económicos
passam a ser encarados na óptica do estado (intervencionismo) e os autores que agora
escrevem sobre questões económicas já não são os teólogos, mas os homens de
negócios, os administradores, os conselheiros do soberano.
A compreensão dos fenómenos económicos é exigida pela (e posta ao serviço da)
necessidade de definir políticas económicas capazes de fornecer ao estado e aos seus
cidadãos a riqueza e o poderio indispensáveis à consolidação da sua soberania e
independência.

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Pois bem (…) foi neste tempo de profundas transformações, no quadro desta “revolução
do séc. XVI” que, entre finais do séc. XVI e meados do Séc. XVIII, se desenvolveu na
Europa (especialmente na Espanha e em Portugal, na França e na Inglaterra) uma
corrente de ideias que ficou conhecida por mercantilismo, este, é entendido como um
conjunto de práticas e estratégias económicas levadas a cabo pelos governantes
europeus a fim de enriquecer o seus estados – países.

Entre os principais representantes do pensamento e das políticas mercantilistas


destacam-se:
1. Espanha: Damian Oliveira; Santos Ortiz; Jesuíta Mariana.
2. Portugal: Alexandre de Gusmão; Marquês de Pombal; Antônio Ribeiro
Sanches; Luís Medes; Duarte Ribeiro.
3. França: Jean Bodin; Colbert; Antoine Montchretien
4. Itália: Antonio Serra; Geovanni Botero.
5. Inglaterra: Oliver Cromwell; Jonh Hales; Thomas Mun.
Quando se fala de mercantilismo parece que se está a admitir a existência de um sistema
de ideias, uma corrente de pensamento. A verdade, porém, é que nenhum autor, do séc.
XVI ao séc. XVIII, se designou a si mesmo como mercantilista. Ou seja, o
mercantilismo não foi, necessariamente, uma escola por que não existiu nenhuma
doutrinas ou princípios que fossem seguidos por todos. Os especialistas na matéria
destacam ainda que os próprios mercantilistas não tinham consciência de que estavam a
praticar e consequentemente contribuir para o mercantilismo.
É importante ainda aludir que embora os dirigentes e os principais políticos desse
pensamento convergiam no conceito de enriquecer as suas nações, distinguiam-se no
que respeita as modalidades ou medida específicas a qual os mesmos adotavam para
tornar possível tal enriquecimento, nesses termos, fala-se, precisamente, dos
mercantilismos nacionais ou tipos de mercantilismo:
1. Buliolismo – espanhol/português;
2. Mercantilismo Industrial – francês;
3. Mercantilismo Comercial – inglês;
1. O BULIONISMO ESPANHOL
A preocupação dominante dos mercantilistas espanhóis e portugueses foi a de conservar
no país a maior quantidade possível do ouro e da prata provenientes das colónias da
América, na convicção de que assim conseguiriam preservar a riqueza e o poderio dos
seus estados. Para tanto, defendiam a intervenção do estado no sentido de proibir a saída
do ouro e da prata (em moeda ou em barras). Uma vez ineficaz tal medida, propôs-se
uma outra solução intervencionista: o controlo autoritário dos câmbios e o lançamento
de direitos alfandegários que desencorajassem as importações. Esta política - defendida
por Ortiz (1558) e por Oliveira (1621) – foi, consequentemente, um desastre às
economia espanhola, ou seja, essa modalidade mercantilista foi um fracasso para a

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economia espanhola pois o ouro e a prata não eram autossuficientes para enriquecer o
país.
Assim, contra ela (embora considerando a abundância de ouro e prata uma meta a ser
perseguida) manifestou-se, na própria Espanha, o jesuíta Mariana (1609) e,
sensivelmente na mesma altura, os italianos Botero e Serra. Para estes autores, o melhor
caminho para um país obter ouro e a prata, sem terceiras preocupações, era o do
desenvolvimento da agricultura e da indústria, isto é, muito mais do que somente
acumular metais preciosos, dever-se-ia olhar, essencialmente, para o investimento na
actividade agrícola como base para o desenvolvimento do país.
Assim, as principais medidas propostas e adoptadas pelos mercantilistas espanhóis e
portugueses foram:
1. A intervenção do Estado na economia – (na criação de mecanismos necessários
que asseguravam a não saída das riquezas para o estrangeiro);
2. Metalismo – (a principal estratégia levado a cabo pelos mercantilistas espanhóis
e portugueses, o acúmulo de metais precisos, assim o metalismo consistia na
defesa do acúmulo de metais preciosos como ouro e a prata).
1. MERCANTILISMO INDUSTRIAL (FRANÇA)

Diferente de Portugal e Espanha, a França não dispunha de minas de ouro ou de prata,


nesta senda, o problema que se colocava à França não era tanto o de conservar o ouro e
a prata disponíveis, mas sim o de obter esses metais preciosos. Por isso, os
mercantilistas franceses partiam da concepção de Montchretien onde a ideia central era
a nação. Embora considere como elemento fundamental a abundância de metais
preciosos no país, Montchrestien defendia a necessidade de uma economia nacional
completa e autosuficiente, uma vez que não é a abundância de ouro e de prata, só por si,
que faz os estados ricos e opulentos.
Embora Montchrestien insista especialmente na necessidade de reservar o comércio aos
nacionais e de impedir os comerciantes estrangeiros de fazerem sair o ouro e a prata do
país, poderá dizer-se que o colbertismo procurou promover a prosperidade da nação
francesa, ou seja, incentivo ao desenvolvimento manufactureiro atraindo assim os
metais preciosos através da venda ao estrangeiro de mais bens do que os que lá se
compravam. Assim, fortalecer as manufacturas, proteger o mercado nacional,
desenvolver a marinha e conquistar os mercados coloniais – e outros mercados externos
- eis os pilares em que o mercantilismo francês se alicerçava.
Assim, as principais medidas propostas e adoptadas pelos mercantilistas franceses
foram:
1. Forte investimento em manufatura – (Inentivo na produção de artigos de luxo
que seriam comercializadas no mercado externo).
2. Intervenção do Estado na economia – (fundamental para assegurar a valorização
dos produtos nacionais face ao mercado externo), assim o estado implementava
medidas como:

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1. Protecionismo alfandegário – (criação e imposição de impostos e altas taxas
sobre produtos estrangeiros para proteger o mercado interno).
2. Monopolização – (que consistia basicamente na total exclusividade dos assuntos
económicos internos com vista a impossibilitar a saída das riquezas nacionais).
1. MERCANTILISMO COMERCIAL (INGLATERRA)

A expansão económica da Inglaterra, no séc. XVII, se operou basicamente a partir do


comércio externo. Dai que os mercantilistas ingleses do séc. XVII, embora
considerassem que a Industria podia contribuir para alimentar as exportações,
entendiam que ela era apenas um meio, entre outros, de os países enriquecerem. Ao
contrário do que vimos acontecer com os autores franceses, os mercantilistas ingleses
atribuíam pouca importância à regulamentação da actividade industrial. A sua
preocupação fundamental residia na obtenção de uma balança comercial excedentária
ou favorável, vendendo ao estrangeiro mais do que o que lá se comprasse, o que se
traduziria na entrada liquida de ouro na Inglaterra.
Para tanto, não seria imprescindível reduzir as importações, ou seja, não era necessário
deixar de importar muito, poderia mesmo ter de se importar muito, se tal fosse
necessário para exportar ainda mais. Nesta perspetiva, o importante para os
mercantilistas ingleses era assegurar a supremacia naval e conquistar mercados,
controlar a navegação e o comércio, actividades nas quais deveria concentrar-se a acção
incentivadora e protectora do estado. Assim se compreendem as principais medidas
propostas e adoptadas pelos mercantilistas ingleses no séc. XVII:
1. Actos de navegação – uma série de leis aprovadas em 1651, durante o governo
de Oliver Cromwell, que tornavam o uso de navios estrangeiros (qualquer um
que possuísse bandeira diferente da Inglesa) proibido para todo o comércio entre
o Reino Unido e suas colônias pelo mundo, ou seja, tais leis buscavam restringir
o uso de navios estrangeiros, exceto os britânicos, no comércio entre o Reino
Unido e suas colônias pelo mundo.
1. Regime do pacto colonial, que proibia a transformação das matérias-primas nas
colónias inglesas, convertendo estas em fornecedores de matérias-primas à
Metrópole e compradoras dos produtos manufacturados ingleses, ou seja, foi
uma medida instituída que visava a exclusividade do comércio externo da
colônia em favor da metrópole que a colonizou, neste caso – Inglaterra.
2. Um regime aduaneiro que desagravava de impostos a exportação de produtos
nacionais e a importação de bens destinados à reexportação, fazendo incidir
taxas elevadas sobre os produtos importados para consumo na Inglaterra;
3. Política de baixa taxa de juro, prosseguida directamente, através da fixação de
um limite máximo para a taxa de juro, e/ou indirectamente, promovendo o
aumento da quantidade de moeda em circulação. Visava-se com esta política
proporcionar aos produtores e aos comerciantes ingleses condições de custo que
lhes dessem vantagem na concorrência nos mercados internacionais.

1. LINHAS DO PENSAMENTO MERCANTILISTA

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São linhas marcantes das ideias mercantilistas o carácter nacionalista, proporcionando
emprego e trabalho para os cidadão nacionais, defendiam a ideia do emprego e eram
apologistas ao trabalho, para eles quanto mais pessoa para trabalhar melhor, para gerar
mais riqueza, o enriquecimento dos cidadãos é a melhor maneira de aumentar a riqueza
e o poder do estado. E por outro lado, teve ainda o carácter populacionista, com o
aumento de gentes a investir ou trabalhar e o turismo em grande predominância.
2. POLÍTICAS MERCANTILISTAS

Tendo em vista o objectivo de conseguir uma balança de comércio excedentária, na


mira de assim alcançar o enriquecimento do estado e dos cidadãos, os escritores
mercantilistas definiram um conjunto de medidas que bem podem considerar-se como
uma política económica mercantilista, assente na acção regulamentadora do estado, mas
também na sua acção como organizador da actividade económica e mesmo na sua acção
diplomática e militar. Os mercantilistas concebiam o comércio externo como actividade
entre nações e não entre indivíduos. A economia adquiria um carácter nacional,
defendendo alguns que a função natural do soberano devia ser a de actuar como
“condutor supremo da máquina económica”. Eis alguns pontos gerais da política
económica mercantilista:
1. defesa da liberdade de exportação de produtos manufacturados e de uma política
de incentivos à exportação;
2. proibição da exportação das matérias-primas e dos capitais necessários à
Indústria nacional;
3. limitação da importação dos produtos estrangeiros, com excepção de certos bens
úteis à indústria nacional;
4. reserva do comércio aos nacionais, para impedir que os comerciantes
estrangeiros fizessem sair ouro e prata do país em causa;
5. política de fomento das manufacturas, nomeadamente mediante a criação de
manufacturas reais;
6. FISIOCRACIA
Fisiocracia é uma palavra que provém do vocábulo grego e significa:
1. Phisis – Natureza;
2. Cratia – Governo ou forma de Governo;
Assim, literalmente significa Governo da natureza, foi a primeira escola de pensamento
econômico científico, isto porque ela criou doutrinas, princípios, hábitos que todo
mundo seguiu, tendo surgido na França no século XVIII, a ideia principal da fisiocracia
era que a ordem económica e a sociedade são regidas por leis, leis naturais que levam a
humanidade a um estado de harmonia.
LEI NATURAL = Lei social + Lei moral.
Lei Natural ou ordem natural: é uma ordem de necessidades, as suas leis não são
substituíveis, aplicam-se de forma invariável e constante, independentemente da
vontade do homem ou mesmo contra a sua vontade. Tais leis não são fruto da vontade

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do Homem, mas sim inerentes à própria natureza das coisas, também entendidas como
leis físicas: como aquelas que regem o funcionamento da natureza, sendo por isso
inalteráveis e invioláveis. Exemplo de leis que compõe essa ordem: igualdade,
liberdade, vida, propriedade, morte e etc.
Lei Social ou ordem social: é uma ordem em que apesar das suas normas exprimirem
um “dever ser” e se imporem ao homem, este pode violá-las, pode revelar-se contra elas
ou pode mesmo alterá-las, sendo certo que a violação destas normas só as atinge na sua
eficácia e não na sua validade. Exemplos desse tipo de leis são as normas jurídicas, de
trato social e etc.
Lei Moral ou ordem moral é um conjunto de imperativos impostos ao homem pela sua
própria consciência ética, de tal modo que o seu incumprimento é, primeiro que tudo,
sancionado pela reprovação emanada da sua própria consciência.
Enquanto princípio regulador do comportamento humano, o juízo moral deve ser
relacionado ao juízo económico. A nossa moral deve ser inteiramente económica de tal
modo esta ideia é importante na filosofia dos fisiocratas em que é possível encontrar nas
leis da ordem natural a base das normas da lei moral, da lei social e até mesmo da leis
económicas, assim, em síntese “o dever natural do homem é viver e ser feliz, todavia
para isso, é fundamental que as pessoas e principalmente os governantes percebam esses
leis, nesses termos, se o cenário social e económico se mostrasse em crise era porque,
principalmente, os governantes não interpretavam corretamente as leis naturais e
estavam agindo em desconformidade com ela.
Deste entendimento surge ainda a concepção liberal na filosofia dos fisiocratas, ou seja,
do mesmo modo que as leis naturais exprimem direitos universais como igualdade,
liberdade ou ainda propriedade que devem ser respeitados por todos porque estão acima,
estas servem de base para as demais leis, social, moral inclusive económicas, assim, os
governantes deveriam ter a capacidade de entender tais leis a fim de perceber que a
responsabilidade fundamental destes, no âmbito econômico, seria, simplesmente,
segundo a filosofia fisiocrática, de intervir quando realmente necessário, deixando de
fora todos os assuntos de natureza económica nas mãos dos particulares. Outrossim, os
fisiocratas acreditavam que a verdadeira fonte de valor e de riqueza, estava na
agricultura, a Indústria, para o entendimento destes, era um empreendimento em si
mesmo estéril.
Os fisiocratas tinham uma visão própria de propriedade, liberdade e riqueza, para eles,
possuir propriedade era possuir liberdade, porque a propriedade é a razão primordial e
alicerce para o conceito de liberdade. Quer dizer que a existência da propriedade se
deve a liberdade e a própria propriedade exclui e expulsa necessariamente a igualdade.
Para os fisiocratas, a terra é o que alimenta o homem, isso implica dizer que a terra
precisa ser trabalha ou cultivada para aumentar as subsistências e os produtos agrícolas,
isso significa desenvolvimento, mas para cultivar precisa-se de terra (propriedade).
Portanto, a propriedade é a base de todas as sociedades e dela nasce o direito de
liberdade.

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Já a liberdade, para os fisiocratas, é o uso normal e verdadeiro de uma propriedade ou
poder, ser livre implica ter direito de adquirir propriedade, gozar e desfrutar dela. A
liberdade se acaba na propriedade, o que pressupõe dizer que a propriedade realiza-se
como consequência da liberdade. Logo, do concreto para o abstrato.
NATUREZA E FUNÇÃO DO ESTADO
Para os fisiocratas o governo deriva da propriedade e não o contrário, ou seja, a
propriedade do governo. A esta ideia de que o governo (i.é, o estado) só apareceu depois
de (e por causa de) ter aparecido a propriedade, acrescentam os fisiocratas a ideia de o
estado existir, necessariamente, para defesa da propriedade. É o que resulta desta
afirmação de Deau: “Garantir a propriedade, defendê-la contra os usurpadores,
assegurar a Berdade, isto é, o livre uso do direito de adquirir pelo seu trabalho ou de
usufruir depois de ter adquirido, é o objecto do poder protector, é o que ele deve operar
pela justiça distributiva e pelo poder político ou militar”.
Assim, para os fisiocratas no plano interno, a tarefa fundamental do estado é, sem
dúvida, o de “assegurar entre os homens a propriedade e a liberdade, em conformidade
com as leis naturais e essenciais da sociedade”. Encarregando-se de “punir, pelo
magistério dos magistrados o pequeno número de pessoas que atentam contra a
propriedade de outrem”.
Já no plano externo, cabe ao estado “colocar toda a sociedade em condições de não
recear nada da parte dos seus vizinhos”. No que toca às relações entre o estado e a
economia, os fisiocratas confiam ao Estado o encargo de pôr de pé as infraestruturas
indispensáveis ao bom funcionamento da economia, como a construção e a manutenção
das grandes vias de circulação, a uniformização do sistema de pesos e medidas, a
organização de um aparelho judiciário que assegure o reconhecimento dos contratos,
etc.
Mas vai além disto. Os fisiocratas defendiam uma economia livre da carga de regulação
e tributos prejudiciais ao progresso. Defendiam a ideia de que a economia poderia
funcionar por si mesma, sem interferência excessiva do estado, daí a sua apologia ao
laissez-faire, laissez-passer, porque, a seu ver, a sociedade e a economia estão sujeitas
as mesmas leis, àquelas “leis naturais e essenciais inerentes à ordem fisica, que nenhum
poder é capaz de alterar”, com isso seria importante lembrar ao soberano que as suas
funções “consistiriam principalmente em não impedir o bem, que se realiza por si
próprio”. “O respeito pela liberdade e pela propriedade exige que os homens e os
capitalistas permaneçam completamente os senhores do uso dos seus capitais
(“avances”) e do seu tempo, desde que daí não resulte prejuízo para a liberdade nem
dano para a propriedade de ninguém.
RIQUEZA PARA OS FISIOCRATAS
Para os mercantilistas, ouro e prata eram reservas de valor, o que significa que não
havia uma verdadeira distinção entre riqueza e moeda.

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Os fisiocratas apresentam, contudo, uma concepção de riqueza totalmente distinta,
desde logo porque a moeda se assume apenas como intermediário geral das trocas. De
facto, os fisiocratas perfilam uma concepção relativista de riqueza: a riqueza depende
em absoluto da quantidade de coisas úteis que cada um pode adquirir em troca do seu
dinheiro. Não é o dinheiro que multiplica as coisas úteis, mas as coisas úteis que
multiplicam o dinheiro. Distinguem-se, assim, dois tipos de riqueza na concepção dos
fisiocratas: a riqueza em dinheiro, separada da origem que a reproduz, e a riqueza em
produção, que se pode consumir sem empobrecer que, precisamente, é o desenvolver a
agricultura, onde a terra é que alimenta o homem que segundo estes a produtividade
natural da terra é um presente de natureza.
NOÇÃO DE TRABALHO PRODUTIVO
Um outro ponto fundamental na caracterização do pensamento dos fisiocratas traduz-se
no entendimento de que essa riqueza que se pode consumir sem se empobrecer, que se
alimenta e perpetua pelo próprio consumo, só a terra a pode produzir, pelo que só a
agricultura é actividade produtiva, como já referido.
E isto porque só na produção agrícola pode obter-se um excedente em termos físicos
(não em termos de valor), um produto líquido dado que só o produto agrícola excede a
soma dos bens intermédios ‘consumidos’ na produção do autoconsumo dos produtores
(os bens que eles guardam para si, para prover a subsistência).
O comércio e a indústria são considerados actividades estéreis. Embora possa produzir
coisas úteis, a indústria limita-se a transformar os bens utilizados na actividade
produtiva (agricola) para obter um produto novo, não acrescentando, porém, mais bens
aos bens existentes antes de iniciada a produção.
CONCEITO FISIOCRÁTICA DO EXCEDENTE
O que é então o excedente para os fisiocratas? O excedente diz-se daquela parte da
riqueza produzida que excede a riqueza ‘consumida’ no decurso do processo produtivo,
ou, dito de outra forma, é a parte da produção social que fica depois de se reconstituirem
as condições de reprodução da actividade produtiva, quer os meios de produção quer os
meios de subsistência daqueles que se empregam em actividades produtivas.
No excedente há, pois, uma ligeira diferença. Mas uma diferença entre duas grandezas
físicas, não uma diferença entre duas grandezas em valor: é entendido pelos fisiocratas
como um excedente fisico, a riqueza material, medida em termos quantitativos, não
como um excedente de riqueza social em abstracto, medida pelo seu valor de troca. Os
fisiocratas não determinam o excedente em termos da qualidade social dos bens (o
valor), mas em termos da sua materialidade concreta, em termos de grandezas físicas.
1. FRANCIOS QUESNAY E AS CLASSES SOCIAIS
Foi o líder do grupo de economistas fisiocratas e principal percursor dessa escola.
Nasceu na França, vindo a se tornar um médico famoso. Sua fama o levou ao cargo de

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médico da corte real em Varsailles, servindo a Madame de Pompadour, a organizadora
da suntuosa vida palaciana sob o reinado de Luz XV.
Quesnay imortalizou-se como um dos principais economistas, por meio de sua análise
baseada em modelo de fluxo circular de rendas e gastos anuais entre certas classe
sociais, que ficou conhecida como o “Talbleu Economique” – Tabela económica.
As classes sociais surgem desse mesmo Tableau como os verdadeiros sujeitos das
relações económicas, pretendendo Quesnay que esta representação se limita a copiar a
Natureza: “A marcha deste comércio entre as diferentes classes e as suas condições
essenciais não são, de modo algum, hipotéticas. Quem quer que se disponha a refletir
verá que elas são fielmente copiadas da Natureza”, nesses termos, Quesnay considera
três classes sociais diferentes:
A classe produtiva constituída, especialmente, por agricultores, é a única classe capaz
de gerar excedente económico, englobando nessa classe todos os trabalhos e despesas
feitas na agricultura, até a venda dos produtos em primeira mão. Por essa venda,
conhece-se o valor da reprodução anual das riquezas da Nação.
A classe dos proprietários é constituída pelos proprietários de terra, essa classe subsiste
pelas rendas ou produto líquido do cultivo da terra, que lhe é pago anualmente pela
classe produtiva, depois que estes descontam, da produção que fazem, o necessário para
fazer renascer cada ano as riquezas necessárias ao reembolso e seus adiantamentos
anuais e a manutenção de seus materiais de exploração. Em suma, estes, recebem o
dinheiro do agricultor por alugar suas terras e o proprietário por sua vez, não faz nada
com a renda, além de gastá-la para a aquisição de outros produtos para subsistir.
E a classe estéril, de acordo com os fisiocratas, é formada pelos artesãos ou por todos os
cidadãos ocupados em outros serviços e trabalhos que não a agricultura, e cujas
despesas são pagas pelas classes produtiva e a classe proprietária, os quais por sua vez
firmam suas rendas da classe produtiva. Tratava-se dos artesãos (fabricantes) e segundo
Quesnay, tal classe não é capaz de gerar excedente.
TABLEAU ECONOMIQUE, O PROCESSO DE PRODUÇÃO E O
PROCESSO DE CIRCULAÇÃO DAS MERCADORIAS
Uma das consideradas principais contribuições dada pelos fisiocratas em particular de
Quesnay para a economia é o de considerar a economia como um todo, como um
sistema, um circuito, enquanto os Mercantilistas analisam os fenómenos particulares
como questões monetárias, comerciais e outras, os fisiocratas possuíam uma visão da
economia diferente. A tabela Económica mostra de forma gráfica os intercâmbios que
se realizam entre as trocas feitas nas mais distintas classes sociais.
A tabela económica na versão original, mostra que os intercâmbios possuem a forma de
um “ZIG ZAN”. Ademais, a tabela económica se propõe a mostrar que a actividade
económica é um fluxo contínuo, como o sangue no corpo humano, na qual se produzem
constantemente intercâmbios de trocas de produtos por dinheiro entre as diferentes
classes sociais.

Por autoria de MANUEL MORAIS 12


Ou seja, para os fisiocratas, a troca é o ponto de partida da análise económica,
concebendo eles a vida económica como um sistema de relações de troca entre as
classes Sociais. Relações de troca que, renovando-se periodicamente, preenchem o
espaço entre a produção e o consumo. E é esta concepção que aparece representada no
Tableau Economique. Todavia, Schumpeter considera a representação do Tableau feita
por Shigeto Tsuru como a melhor maneira de captar a ideia essencial (do Tableau) com
o menor esforço e, com certeza, mais simples do que o esquema de zig-zag utilizado por
Quesnay. Vamos, pois, seguir o conselho de Schumpeter, reproduzindo os dois
diagramas utilizados por Tsuru.
Tentemos então uma síntese das relações de troca que se desenvolvem entre as classes
sociais que integram o sistema, tais como o Tableau as configura.
Ao fim de cada ciclo produtivo, a classe produtiva detém toda a produção agrícola
realizada (3.000 de alimentos + 2.000 de matérias-primas = 5.000).
A classe produtiva detém também - vamos supô-lo uma quantidade de moeda igual a
2000. A classe estéril, por sua vez, detém toda a produção de produtos manufacturados
(2.000) [Diagrama]. A produção daqueles 5.000 pela classe produtiva implicou um
determinado custo (3.000), que consistiu no ‘consumo produtivo’ (1.000 de matérias-
primas agrícola; 1.000 de bens destinados a assegurar a subsistência dos trabalhadores:
de alimentos e 1.000 de produtos manufacturados). A diferença entre o valor da
produção (5.000) e o respectivo custo (3.000) é o produto liquido (2.000).
A produção de manufacturas pela classe estéril acarretou, necessariamente (uma vez que
a indústria não cria qualquer produto líquido), um custo de produção de valor idêntico
ao dos bens produzidos (1.000 de alimentos para os trabalhadores da indústria + 1.000
de matérias-primas de origem agrícola – 2.000). A classe dos proprietários-já o
sabemos-não participa no processo produtivo, mas tem direito a receber uma renda da
classe produtiva.
Agora perceberemos como se desenrola o processo de circulação do produto social entre
as três classes sociais em presença, de tal modo que a classe dos proprietários receba a
renda a que tem direito e que, ao fim desse processo de circulação, quer a classe
produtiva quer a classe estéril estejam em condições de reiniciar o processo produtivo
em termos idênticos aos do período anterior.
O primeiro acto deste processo circular é o pagamento da renda à classe dos
proprietários por parte dos agricultores: com este objectivo, a classe produtiva vai
transferir para a classe dos proprietários os 2.000 que detinha em dinheiro (a renda é,
pois, de 2.000, igual ao produto líquido). Na posse destes 2.000, a classe dos
proprietários vai gastá-los na compra de alimentos à classe produtiva e de 1.000 de
produtos manufacturados à classe estéril, metade do dinheiro inicialmente na posse da
classe produtiva fica, assim, de novo à sua disposição. E estas 1.000 unidades
monetárias vão ser utilizadas pela classe produtiva na compra à classe estéril de
produtos manufacturados, repondo, deste modo, os 1.000 de produtos manufacturados

Por autoria de MANUEL MORAIS 13


que adiantara no início do ciclo produtivo e que foram ‘consumidos’ no decurso dele e
por causa dele.
A classe estéril vendeu já 1.000 de produtos manufacturados à classe dos proprietários e
1.000 desses mesmos produtos à classe produtiva, dispondo agora de 2.000 em moeda.
Pois bem. Ela vai utilizar estes 2.000 para comprar à classe produtiva 1.000 de
alimentos e 1.000 de matérias-primas. A classe estéril reconstitui assim aquilo que
adiantara no início do ciclo produtivo e que ‘consumira’ no decurso dele e por causa
dele. A classe produtiva regressam, deste modo, as 2.000 unidades monetárias que ele
detinha antes de iniciado o processo de circulação e que funcionaram apenas, se bem
repararmos, como intermedidrio geral nas trocas, i.é, como instrumento destinado a
facilitar as transações entre os sujeitos económicos (o produto social poderia circular
através da troca em espécie, de bens por bens, iniciando-se o processo com a entrega de
2.000 de produtos agrícolas pela classe produtiva à classe dos proprietários).
Dos 5.000 correspondentes à produção agrícola, a classe produtiva vendeu, pois, 1.000
de alimentos à classe dos proprietários e 2.000 à classe estéril (1.000 de
alimentos+1.000 de matérias-primas). Restam-lhe 2.000, que ela conserva para si, de
modo a reconstituir o que adiantara no início do ciclo produtivo em sementes (1.000) e
em alimentos para si própria (1.000). Estes, juntamente com os 1.000 de produtos
manufacturados já adquiridos à classe estéril, constituem o Consumo produtivo (o custo
de produção, os adiantamentos que tornam possível o processo produtivo- o
investimento). Ficam assim satisfeitas as condições da circulação. Os proprietários
apropriaram-se do produto líquido sob a forma de renda e consumiram-na integralmente
(todo o processo de circulação inicia-se com o pagamento da renda e o gasto da renda, o
que releva a importância da circulação do excedente). Tanto a classe produtiva como a
classe estéril têm de novo à sua disposição os bens de que necessitam para renovar o
processo produtivo, nas mesmas condições do período anterior.
POLÍTICAS FISIOCRATAS
Destacam-se como principais políticas do pensamento fisiocrático destacam-se:
1. Tornar os impostos mais justos;
2. Garantir o aumento dos preços do campo;
3. Abolir a classe capitalista (…)
OS AVANCES (ADIANTAMENTOS)
As políticas dos fisiocratas visavam o aumento do produit net através de investimentos
na agricultura que assegurassem o incremento do produto social. Estes investimentos
são capital, ié, um estoque de bens que constitui o conjunto dos adiantamentos
(avances) feitos sobre uma futura produção e que têm de ser reconstituídos no fim do
processo de circulação do produto social.
Quesnay considerou vários tipos avances ou adiantamento: “foncièr, primitive e
anuallles.

Por autoria de MANUEL MORAIS 14


OS AVANCES FONCIÈRES

Os avances foncières são os investimentos feitos pelos proprietários das terras enquanto
“encarregados, de direito natural, da administração e das despesas em reparação do seu
património para conservação e melhoramento dos seus bens e para expansão do seu
cultivo”. São, essencialmente, investimentos em infraestruturas. A importância atribuída
por Quesnay a estes investimentos (ou, se se quiser, à acumulação do capital) é que é
necessário estas despesas, que só os proprietários podem fazer com vista ao acréscimo
das suas riquezas e ao bem geral da sociedade, que faz com que a segurança da
propriedade da terra seja uma condição essencial da ordem natural do governo dos
impérios’. Importante realçar ainda que os ‘avances foncières”, não são considerados no
Tableau, pois estes ignoram o processo de acumulação de capital. Este facto é explicado
minuciosamente pelos autores.
OS AVANCES PRIMITIVES

Os avances primitives constituem o capital adiantado pelos rendeiros capitalistas,


indispensáveis ao funcionamento da exploração agrícola: edifícios, ferramentas, gado,
etc.
Estes avances primitives aparecem contabilizados na descrição simplificada que
fizemos do Tabeau através das 1.000 unidades monetárias de produtos manufaturados
que a classe produtiva adquire à classe estéril, o que permite àquela reconstituir
anualmente os produtos manufaturados por ela adiantados (e que Quesnay inclui nos
adiantamentos agrícolas).

OS AVANCES ANNUELLES

Finalmente, os avances annuelles correspondem aos adiantamentos correntes feitos no


início de cada ciclo produtivo: alimentos para os trabalhadores agrícolas (salários),
sementes e outros custos anuais regulares.
LIMITAÇÕES DO TABLEU ECONOMIQUE
O Tableu apresentou algumas limitações, assim, as limitações mais relevantes do
Tableau de Quesnay e de toda a construção fisiocrática consistem no seguinte:
a) Não tem em conta os capitais investidos pela classe esteril;
b) O Tableu é um modelo de reprodução simples, ou um modelo estático, uma vez que
não há acumulação de capital, ou seja, o investimento da classe produtiva limita-se a
assegurar a manutenção da capacidade produtiva.
c) Há ausência de uma teoria do valor: na verdade, o excedente entendido como
quantidade de bens materiais desonera os fisiocratas da elaboração de uma teoria do

Por autoria de MANUEL MORAIS 15


valor. O excedente aparece como um conceito coisificado de valor, ié, como diferença
entre a quantidade de bens existentes no final do processo produtivo e a quantidade de
bens existentes do início desse mesmo processo. Há, pois, uma confusão entre
produtividade física e produtividade em valor, dito de outro modo, não há
autonomização do valor em relação aos bens concretos que o suportam.
d) Apesar da agricultura ser visionada em moldes capitalistas, os fisiocratas
demonstraram inegáveis deficiências na compreensão da sociedade capitalista, quer na
não autonomização da classe dos empresários capitalistas em relação aos trabalhadores
assalariados da agricultura, quer na dialética proletariado/ burguesia.
Consequentemente, quando a indústria se começou a desenvolver e gerar um lucro
industrial passível de grandes acumulações de capital, a teoria fisiocrática mostrou todas
as suas debilidades, uma vez que apenas previra a existência de excedente agrícola por
força da produtividade natural da terra.
e) Tal como Marx. Quesnay não reconhece ao capital a capacidade de gerar, por si só,
excedente, ou seja, de criar valor: considerado como mera cristalização de um excedente
(mais-valia) já produzido pela terra (ou pelo trabalho, em Marx), os dois autores
entendem que o capital não acrescenta, por si mesmo, qualquer produto liquido. E
porque isso a terra gera excedente, que a totalidade do excedente vai para a classe dos
proprietários sob a forma de renda. Na verdade, para Quesnay, o trabalho agrícola não e
considerado estéril apenas porque a terra em que ele se aplica é produtiva por natureza,
enquanto que para Marx, a produtividade é uma qualidade exclusiva da força de
trabalho. Temos, pois, que vendo na produção mais a consequência de uma qualidade da
natureza do que uma forma de atividade humana, os fisiocratas não puderam
compreender o significado o trabalho, não fundando sobre ele nenhuma teoria do valor.
f) A possibilidade de comparação entre inputs e outputs (Wassily Leontief) a nível
físico ou material depende da homogeneidade existente entre ambos: porém, os avances
primitives feitos pela classe produtiva são provenientes do sector manufatureiro, ou
seja, são de natureza heterogénea em relação ao produto final, daí que se conclua ser
impossível medir o excedente enquanto conceito coisificado.
A ESCOLA CLÁSSICA
É vulgarmente designada por Escola Clássica (ou Escola inglesa) a corrente de
pensamento económico que surgiu na Inglaterra entre finas do século XVIII e meados
do século XIX.
A Escola Clássica é considerada em regra o primeiro grande movimento científico no
domínio da economia política, pondo-se como ponto de partida a obra de Adam Smith,
“Riqueza das Nações”. Neste sentido, invoca-se o facto de terem sido os autores ligados
à Escola Clássica Inglesa que lançaram as bases da teoria do valor, verdadeiro
“princípio quantitativo unificador da economia política”.
A Escola Clássica assentou basicamente na defesa da existência de um mecanismo
natural que asseguraria sempre o equilíbrio da vida económica e que, automaticamente,

Por autoria de MANUEL MORAIS 16


restabeleceria a ordem económica porventura alterada. E é com base nessa conceção
que os clássicos consideram que a tarefa da ciência económica é a investigação e a
descoberta de leis naturais que regulam todo aquele mecanismo, leis válidas em
qualquer tempo e lugar, leis universais que o homem, através da observação e do
estudo, pode apreender, devendo, aliás, fazê-lo para assegurar-se o progresso da
sociedade.
Daí que se entenda, por um lado, que as leis científicas têm validade universal
precisamente porque derivam da própria natureza humana e, por outro lado, que é uma
ordem natural existente que harmonizará todos os interesses a partir da natural atuação
de cada um no sentido de obter o máximo de satisfação com o mínimo de esforço.
São duas as principais atitudes carácter do pensamento dos clássicos:
1. Por um lado, uma atitude conformista perante as ocorrências da vida económica:
elas decorrem das leis da natureza e o que é natural é justo (a lei moral
identifica-se com a lei natural).
2. Por outro lado, uma atitude de condenação de toda e qualquer intervenção do
estado na vida económica. Em 1° lugar porque a vida económica e a ordem
social são vistas como ordem natural, regulada por leis que exprimem princípios
eternos e universais da natureza humana, leis tão rigorosas e inalteráveis como
as leis da física (concepção mecanicista ou fisicista, de raiz newtoniana); em 2°
lugar porque defendem que o estado, como máquina essencialmente política, é,
pelas suas próprias funções incompetente para a atuação Económica. De acordo
ainda com as palavras de Smith, “não há dois caracteres que pareçam mais
contrários do que os do comerciante e do governo”. Daí que os clássicos
preconizem a total liberdade económica.

Os princípaia representantes da escola Clássica são:


1. Adam Smith;
2. Thomas Malthus;
3. Jean-Baptiste Say;
4. David Ricard;

Adam Smith
Adam Smith foi um filósofo e economista nascido na Escócia mais precisamente na
cidade de Kirkcaldy, aos 5 de junho de 1723, tendo falecido em Edimburgo, aos 17 de
julho de 1790.
Smith e os fisiocratas

Por autoria de MANUEL MORAIS 17


Diferente das teses defendidas pelos fisiocratas as quais a produtividade natural era um
dom da natureza, pelo que só o trabalho desenvolvido na agricultura seria possível tirar
aproveito desse dom, assim, somente o trabalho na agricultura configurado por si
mesmo como trabalho produtivo seria capaz de gerar um produto líquido.
Adam Smith encontrava-se numa realidade totalmente diferente da dos fisiocratas, este
criticou-os, advogando que a partir daquele período a produtividade deixava de estar
ligado às características estruturais da terra, deixava de ser exclusiva da agricultura, pois
este elaborou em contrapartida uma nova categoria, a de trabalho concreto o qual o
mesmo reconhece que a produtividade já não depende das características de um
determinado sector de actividade, mas das características do trabalho abstrato, o
trabalho em geral, o trabalho enquanto tal, aquele processo que carece da aplicação de
energia física e psíquica ao objecto a que destina a respectiva produção.
Teoria do valorAmith
Em síntese: uma primeira instância, Smith considerou que nas sociedades baseadas na
troca, o valor de qualquer mercadoria mede-se pela “quantidade de trabalho que ela
permite comprar ou dominar, ou seja, o trabalho constitui a única, a verdadeira medida
do valor de troca de todos os bens.
Daí a sua conclusão no sentido de rejeitar a moeda como medida do valor dos outros
bens e de defender que somente o trabalho como única medida universal e também a
única medida justa do valor, isto é, o único padrão em relação ao qual se podem referir
os valores de todos os bens, em todos os tempos e lugares.
Posteriormente, surgiria um novo conceito, o de trabalho necessário que é, exatamente,
a quantidade de trabalho necessária para se produzir qualquer bem, sem esquecer, claro,
o tempo de trabalho necessário para se produzir qualquer bem, seria, portanto, estes os
únicos elementos determinantes do valor desse bem.
Neste ínterim, a teoria do valor de Adam Smith se resume em: ‘o valor do qualquer bem
independentemente do que seja do tempo ou do lugar é medida fundamentalmente pela
quantidade de trabalho e, concomitantemente, a quantidade de tempo necessário para se
produzir tal bem’.
Teoria da distribuição a teoria de distribuição encontra-se inserida dentro da esfera da
teoria do valor e esta resultaria da divisão da sociedade em classes sociais diferentes,
nestes termos, as classes sociais são caracterizadas pelo modo de participação de cada
uma delas na actividade produtiva, trata-se de um modelo de sociedade na qual o
produto global criado pelo trabalho produtivo é distribuído em salários, renda e lucros.
O salário assegura naturalmente a manutenção e reprodução dos trabalhadores
produtivos, a renda provem da parte do produto liquido e destina-se aos proprietários
das terras, o excedente ou o lucro destina-se ao capitalista ou empresário:
1. Os trabalhadores produtivos, os que criam riqueza, aqueles que alimentam,
vestem e proporcionam habitação a todo o conjunto de pessoas. Não só o

Por autoria de MANUEL MORAIS 18


necessário para a sua manutenção (os salários), mas ainda um excedente, que vai
ser distribuído em rendas e lucros;
2. Os proprietários de terras, que constituem a única das três classes a quem o
rendimento não custa trabalho nem cuidados e que gostam de colher o que nunca
semearam ou trabalharam.
3. Os capitalistas, que Smith designa geralmente por patrões ou empresários, a
Classe dos que vivem do lucro.
Entre estas três classes vai distribuir-se o rendimento, em salários, rendas e lucros.
Teoria do salário: é com base na análise dos mecanismos de actuação da oferta e da
procura que Adam Smith explica a formação dos salários. Por toda a parte se entende
por salários do trabalho como aquilo que eles são habitualmente, isto é, quando o
trabalhador é uma pessoa e o proprietário do capital, que o emprega, é outra.
Os salários correntes do trabalho, defende Adam Smith, decorrem por toda a parte, de
contratos habitualmente celebrados entre duas partes, cujos interesses não são de modo
algum idênticos. Os operários, por exemplo, pretendem obter o máximo possível
enquanto que os patrões procuram em pagar-lhes o mínimo possível.
Teoria da renda: a renda é, para Adam Smith, o preço pago pela utilização da terra.
Este preço (a renda da terra), a renda absoluta – não varia só com a respectiva
fertilidade, sejam quais forem os produtos nela cultivados, mas também com a sua
localização, seja qual for a respectiva produtividade. Esta renda é exigida pelos
proprietários da terra, mesmo pelas suas produções naturais, observa Smith, logo, que
toda a terra de um país se torna propriedade privada.
A análise da renda em Riqueza das Nações parte, pois, de um determinado estatuto de
propriedade da terra, pressupõe um certo tipo de relações sociais de produção. A
possibilidade de exigência de uma renda pela utilização da terra decorre de uma
situação de escassez natural de terra (a terra existe em quantidade limitada). Logo, é
naturalmente normal cobrar-se um valor em contrapartida pela utilização das mesma.
Teoria do lucro

A causa das riquezas das nações: para Adam Smith a causa principal da riqueza das
nações reside no trabalho produtivo.
Divisa do trabalho: a divisão do trabalho é, para Smith, fruto de um dos princípios
originais da natureza humana, a propensão para a troca, comum a todos os homens. E,
sendo assim, é a capacidade de troca que dá origem à divisão do trabalho, a extensão
desta, deve ser sempre limitada pela extensão daquela capacidade ou, por outras
palavras, pela dimensão do mercado. Logo, quando o mercado é muito reduzido
ninguém encontra incentivo para se dedicar inteiramente numa única actividade, uma
vez que não terá possibilidade de trocar toda aquela parte da produção do seu próprio

Por autoria de MANUEL MORAIS 19


trabalho que excede o seu consumo, pelas parcelas da produção do trabalho de outros
homens de que ele necessita.
Nestes termos, a extensão do mercado constitui, portanto, para Smith, um limite à
especialização, e, por isso mesmo, um limite ao progresso económico, de que a
produtividade do trabalho é uma das condições.
Neste contexto é que podemos inserir a importância atribuída por Smith ao papel do
comércio externo e à especialização à escala internacional, antencipando o optimismo
que Ricardo associará, em moldes teóricos mais elaborados, à prática do livre comércio
internacional.
A filosofia de Smith

Thomas Malthus
Thomas Robert Malthus (1766-1834) é outro dos economistas clássicos, foi importante
a influência que o seu pensamento exerceu, pois, uma das suas principais contribuições,
o seu principio da populaçāo informou toda a teoria clássica da repartição do
rendimento e do desenvolvimento económico. A sua teoria da renda exerceu influência
na elaboração teórica de Ricardo. Mais tarde, Keynes haveria de retomar certas ideias
de Malthus acerca do problema da procura efetiva.

Por autoria de MANUEL MORAIS 20


Principio da população
Adam Smith e os fisiocratas defendiam o laisssez-faire e o desenvolvimento da ordem
económica natural onde entendiam que a partir destes se produziriam o aumento do
bem-estar de toda a sociedade. Porém, na verdade, é que nos primeiros momentos
vividos com os efeitos produzidos pela revolução industrial inglesa desmentiu
totalmente tal filosofia. Com efeito da revolução industrial verificou-se uma
concentração massiva, isto é, um aglomerado demográfico nos centros urbanos de
trabalhadores miseráveis, atraídos principalmente pelo salário industrial. Face ao
excesso de mão-de-obra disponíveis, viriam como resultado baixos salários, os
desempregos nas épocas de sobreprodução, degradação da miséria e as revoltas.
Perante tal situação, projetaram-se na Inglaterra novas leis dos pobres ( com vista a dar
assistência aos pobres, desempregados, incapazes de trabalhador etc.) ampliando
assim,o esquema de assistência, projeto que Malthus apoiou no início publicamente.
Neste mesmo contexto, foi publicada na Inglaterra, em 1793, o livro de William
Godwin, na qual fez transparecer que os males derivam fundamentalmente da
propriedade privada e do direito de herança. Assim, perante a dúvida se a supressão da
propriedade privada não provocaria uma proliferação na espécie humana e,
consequentemente, reduzir a sociedade à miséria, este adotou uma atitude otimista
baseada em largas possibilidades de aumentar as subsistências e a superioridade da
razão sobre os sentidos (o que levaria os homens a não aumentar o seu número).
Daí que Malthus revê a sua posição inicial de apoio à política de assistência aos pobres;
e a contestação destas conclusões de Godwin, conduziu-o ao anunciado do princípio da
população.
Já vimos que Adam Smith defendia o liberalismo porque considerava a liberdade
económico como o melhor caminho para aumentar a riqueza das nações, ao mesmo
tempo que se assegurava que cada um dos indivíduos beneficiaria de tal riqueza.
Malthus procura agora demonstrar, que a riqueza das nações pode aumentar, sem que
dela beneficiem todos os indivíduos, bastando, para tanto, que a população aumente em
maior medida do que a quantidade de bens disponíveis.
O princípio da população poderá, pois, resumir-se como uma pressão da população
(com tendência para crescer) sobre as subsistências, cuja limitação constitui, por sua
vez, um travão da expansão demográfica.
Se não houvesse quaisquer obstáculos, a população duplicaria todos os 25 anos,
aumentando segundo uma progressão geométrica, enquanto as subsistências
aumentariam apenas segundo uma progressão aritmética. Daí que os alimentos não
cheguem para todos os que nascem, sucumbindo à miséria os que não podem ser
alimentados.
Teoria da renda

Por autoria de MANUEL MORAIS 21


Preocupado em explicar os preços elevados do trigo que então se praticavam na
Inglaterra, Malthus publicou, em 1815, dois opúsculos nos quais enunciou alguns
princípios que mais tarde haveriam de ficar conhecidos por lei da renda diferencial.
E já se vê como esta teoria permitia a Malthus justificar os preços elevados do trigo,
ponto em que estava interessado: o preço em dinheiro do trigo é mais elevado nos países
ricos (como era o caso da Inglaterra), pois o desenvolvimento desses países obrigaria a
aumentar a produção e a cultivar, portanto, terras sucessivamente menos férteis, com
cujos custos de produção (mais elevados) se purificariam os preços.
A importação de trigo como meio de travar a alta do respectivo preço, Malthus julgou
preferível a diminuição dos impostos que incidiam sobre a agricultura (o que o
classifica como representante dos interesses da aristocracia fundiária, ao contrário de
Ricardo, paladino dos interesses da nova burguesia industrial, e por isso inimigo
acérrimo das Corn Lawse defensor do livrecambismo).
Problema de distribuição da renda

Jean Baptiste Say


Jean Baptiste Say (Lyon, 5 de janeiro de 1767 — Paris, 15 de novembro de 1832) foi
um dos mais destacado representante da escola clássica na França e a sua obra teve
assinalável repercussão, não só no seu país, mas também entre os economistas ingleses,
nasceu em uma família de mercadores de tecidos, fortemente influenciada pelas ideias

Por autoria de MANUEL MORAIS 22


iluministas e culturais do século XVIII, este via a economia como ciência independente
da política, pois acreditava que as riquezas são essencialmente independentes da
organização política.
Teoria do Valor

Jean Baptiste Say apresentou-se como continuador de Smith, este rejeitando a teoria do
valor de Smith e de Ricardo, sustentou que: o valor de uma coisa é o resultado da
avaliação contraditória feita entre aquele (a) que tem necessidade, ou que a procura, e
aquele (a) que o produz, ou o oferece. Assim, os dois elementos que determinam o valor
de um dado bem, é portanto, na visão de Say:

1° - O utilidade, que determina a procura que dela se faz;

2° - Os custos de produção, que limitam a extensão dessa procura, visto que se deixa de
procurar aquilo que requer demais em gastos de produção.

Nestes termos, não são os custos ou gastos que se fazem para produzir que determinam
o preço que o consumidor deve pagar, mas fundamentalmente na sua utilidade. A
qualidade que faz com que uma coisa tenha valor é, evidentemente, a sua utilidade. Os
homens só atribuem preço às coisas que lhes podem ser úteis, logo, quando algo possui
utilidade é porque tem valor, daí que nasce o preço ou valor de troca a que se atribui aos
bens, ficando assim, que a utilidade é o elemento determinante da fixação do valor
(preço), embora este se venha a ficar ao nível do custo de produção.

Say contrapôs-se ainda a Quesnay, defendendo que a produção, em economia política,


significa criação de utilidades e não criação de objectos materiais. Esta concepção
permitiu a Say contraditar a tese fisiocrática da produtividade exclusiva da agricultura,
pois também nas manufaturas e no comércio se criam utilidades. Ou seja, diferente dos
fisiocratas que apresentavam simplesmente uma única classe produtiva a qual a
produtividade é exclusiva da cultura das terras, Say fundamenta que a economia não
decorre unicamente na produção de objectos materiais, por exemplo através dos
trabalhos análogos, mas as outras classes outrossim geram produtividade na medida em
que as mesmas geram utilidade a partir da aplicação dos seus meios de produção.

Por exemplo: a produção de algodão, o algodão provém do cultivo agrícola, isto é, da


classe produtiva, uma vez produzida possui utilidade, todavia este pode se tornar ainda
mais útil quando transformado, ou seja, manufacturado a partir da classe estéril. Logo, a
produção em economia não se atém exclusivamente na produção de objectos materiais,
mas também da criança de utilidade.

Teoria dos três factores de produção

Ao rejeitar a teoria clássica do valor – trabalho de Adam Smith, Say formula a


conhecida teoria dos três factores de produção para explicar que a produção efectua-se

Por autoria de MANUEL MORAIS 23


graças ao concurso de três factores de produção: a natureza, o trabalho e o capital, cada
um deles portador dos seus serviços produtivos, serviços pelos quais recebem um preço,
um rendimento determinado (renda, salário, juro).

Say pretendia mostrar, que numa sociedade liberal, cada um recebe, pela sua
contribuição produtiva, a remuneração adequada não havendo discrepância entre a
distribuição natural dos rendimentos e a justiça social. Enquanto em A. Smith as
relações de produção se estabeleciam entre os detentores de capitais e os trabalhadores
que ele contratava, agora as relações de produção são desencadeadas pelo empresário,
que vai comprar os serviços produtivos aos capitalistas, aos trabalhadores e aos donos
da terra. Neste ínterim, quem detivesse os três factores de produção estaria apto para
começar o processo produtivo e seria, consequentemente, considerado como um
empresário.

Segundo a concepção de Say quer a terra, quer o trabalho, quer o capital, trazem uma
contribuição natural para a produção. E a renda, o salário e o lucro fixar-se-iam
independentemente uns dos outros, formando-se o valor dos bens (o preço igual, ao
custo de produção, por que se venderiam os bens em virtude da concorrência entre os
produtores) pela soma das despensas efectuados com três factores de produção.
A figura do empresário
Na sequência da lógica dos três factores de produção, Say elaborou a noção da figura ou
papel do empresário numa economia capitalista, assim o empresário enquanto o agente
principal na indústria, de forma sucinta, teria como principais funções:
1. Pôr em execução todas as operações tidas como indispensáveis para a criação do
produto concomitantemente, dar o impulso útil que dele se extria valor;
2. Julgar as necessidades e, sobretudo, os meios de as satisfazer bem como
comparar o fim com os meios, pelo que, considera-se o julgamento como a sua
principal qualidade.
3. Efectuar a aplicação da ciência às necessidades dos homens;
4. Produzir por conta própria e assumir os ricos da produção contrariamente ao que
se passa com os agentes secundários que o empresário emprega.
Lei de Say – lei dos mercados
Nesta teoria, Say sustenta que um produto acabado oferece, desde esse instante um
mercado a outros produtos por todo o montante do seu valor. Com efeito quando o
último produtor terminou de produzir o seu produto, o seu maior desejo é vendê-lo para
que o valor desse produto não fique por utilizar nas suas próprias mãos. Mas ele não
tem menos pressa em desfazer-se do dinheiro que esta venda lhe proporcionou, para que
o valor do dinheiro não fique por utilizar nas suas mãos. Assim, só podemos desfazer-
nos do nosso dinheiro comprando um produto qualquer.
Portanto, vê-se, logo, que o simples facto da formação de um produto abre
automaticamente, nesse mesmo momento um mercado a outros produtos.
David Ricard

Por autoria de MANUEL MORAIS 24


Nascido em 1772 em Londres, no Reino Unido, David Ricardo tinha outros 16 irmãos e
trabalhou desde os 14 anos no mercado de ações com o pai, um judeu holandês que
ganhou muito dinheiro na bolsa de valores. Apesar da experiência junto com o pai, este
rompeu com ele aos 21 anos por conta deste ter se casado com uma pessoa fora da
religião da família. Ricardo acabou se convertendo ao protestantismo, mesmo afastado
da família, ele deu continuidade aos investimentos na bolsa de valores e começou a
ganhar notoriedade no mercado.
Teoria do valor
A teoria do valor de Ricardo é, pois, a teoria do valor-trabalho, a respeito da qual não
haverá lugar para as dúvidas de interpretação que apontámos relativamente ao
pensamento de Smith, pois Ricardo sustenta claramente que:
1. O valor das mercadorias se explica pela quantidade de trabalho necessária para
a sua produção, teoria que considera válida não apenas para formas remotas de
organização económica, mas também no contexto do sistema capitalista que
tinha perante si. Assim como defende que o valor não depende da abundância
mas antes da dificuldade ou da facilidade da produção, Ricardo esclarece
igualmente que a utilidade não serve de medida de valor de troca, embora lhe
seja absolutamente essencial.
Teoria da distribuição da renda:
Ricardo defende que a economia politica é ciência que estuda a distribuição do produto
da Industria entre as classes que concorrem para a sua formação.
Ele afirma ainda que a qualidade de riqueza produzida não é possível ligar-se a
nenhuma lei, mais sim pode enunciar a sua distribuição.
Ricardo salienta que cada classe tem uma participação diferente no produto total, o
proprietário vai receber a renda, o trabalhador vai receber o salário e o capitalista vai
receber o lucro de acordo com a fertilidade da terra.
Teoria do salário de Ricardo:
Ricardo sublinha que o trabalho ou a mão-de-obra pode ser considerado como uma
mercadoria, o preço do trabalho pode ser natural ou corrente e do mercado.
Salário corrente ou natural: diz-se daquele que é pago ao trabalho necessário para
sobreviver e produzir sem o número aumentar ou diminuir.
Salário do mercado: é aquele que é pago na base da procura e oferta do mercado no
mercado de trabalho.
Teoria das vantagens comparativas – livre-cambismo.
Teoria da baixa taxa do juro.

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Teoria da renda diferencial
Esta teoria fundamenta que face a discrepância existente na fertilidade das terras, ou
seja, há aqueles terras que são férteis e há aquelas que não são, a renda dos produtores
destas terras será diferente, pois um entre os outros terá mais gastos para reconstituir o
seu ciclo produtivo, pois terá mais gastos na produção devido a pouca fertilidade das
terras, em contrapartida aqueles que possuem terras férteis terão menos gastos nos
custos de produção, pois as suas terras facilitam o trabalho devido a tamanha fertilidade.
Ricardo e o mercantilismo
Importa salientar ainda que, o clássico Ricardo possui uma esteira relação com as
práticas mercantilistas da Inglaterra aquando da sua teoria das vantagens comparativas,
ou seja comércio internacional. Assim, da mesma forma que o mercantilismo Inglês
assentava em relações de trocas comerciais entre diferentes nações zelando, sobretudo,
na massiva exportação em detrimento das importações, a teoria das vantagens
comparativas de Ricardo fundamenta que para se perspectivar produtos mais
qualificados, precisos e eficazes é necessário que cada país se especialize na produção
de determinados produtos para assim estabelecer-se entre eles relações comerciais mais
qualificadas.
Contudo, a relação Ricardo/Mercantilismo assenta-se fundamentalmente no facto de
Ricardo ter sido um comerciante inglês que defendia acima de tudo a maior exportação
de produtos em relação a importação, aspirações que os mercantilismo inglês também
levava a cabo.
CRÍTICAS À ESCOLA CLÁSSICA
A escola clássica e as suas construções foram ideias que receberam contraprestações em
determinados aspectos ou pontos:
1. Crítica Metodológica.
August Comint: sustentou que os conceitos e as leis dos clássicos, não passaram da fase
intermédia, período de evolução do espírito humano. Logo, não poderiam ser
consideradas como científicas, assim, segundo Comint, somente a ideia positiva seria
considerada como científica, pelo que, segundo o mesmo autor, as construções Clássicas
não passavam de concepções obtidas por simples método dedutivo em que houve uma
espécie de inserção na racionalidade dos clássicos de uma figura abstrata de princípios
decorrentes de leis naturais (…) leis cuja aplicação seria mais eficaz à realidade ou
contexto Inglês relactivamente a outras realidades.
Escola Histórica alemã: a essência da crítica da escola história alemã à escola Clássica
residiu no carácter a-histórico do método analítico dos clássicos em que realçam a
validade absoluta e universal das leis naturais.
Assim, o grande mérito destes autores residiu em ter chamado a atenção para a
necessidade de os estudos económicos serem encarados numa perspectiva histórica,
considerando todas as instituições económicas e sociais como categorias históricas. Ou

Por autoria de MANUEL MORAIS 26


seja, para estes, os estudos “económicos” levados a cabo deveriam ser encarados numa
perspectiva histórica.
Porém, já sabe-se que a ausência de uma teoria histórica nos estudos feitos pelos
Clássicos converteria esta numa ciência morta.
2. Cítica do livre cambismo
Aqui, destaca-se um autor ligado a Escola Histórica Friedrich List, na qual crítica aos
clássicos, particularmente a tese ricardina da especialização ditada pelo jogo dos custos
comparados – “comércio internacional”, advogando que o livre-cambismo quando
praticado entre países de desigualdade de desenvolvimento leva a uma situação que
condena o país mais fraco a impossibilidade de não conseguir se desenvolver, deixando-
o numa posição de exportador de matérias-primas e de géneros agrícolas. Assim, quem
detivesse mais matérias-primas e recursos, seria sempre mais beneficiado por conta do
seu alto desenvolvimento.
Portanto, eis o motivo do livre-cambismo ser apontado como a doutrina que convinha a
Inglaterra detentora de uma monopólio tecnológico que a colocava em vantagem
relactivamente a quaisquer correntes potenciais.
3. Crítica Socialista
Os clássicos aceitavam as injustiças apontadas ao capitalismo como fenômenos naturais,
inevitáveis e inalteráveis e tal foi objecto das mais diversas reacções críticas por parte
de autores que condenavam aquelas injustiças e sustentavam a necessidade de pôr
cobro, transformando o sistema capitalista ou substituindo-o por outro sistema mais
justo.
Dentre as correntes que alimentaram está crítica pode referir-se: os socialistas
ricardianos, socialistas tecnocrática, socialistas associacionismo, e o socialismo burguê.
AS LEIS DOS CLÁSSICOS
As construções dos clássicos incidiu na criação de uma série de princípios e leis que
através das quais explicavam como a ordem e a actividade económica se processava.
São assim as principais leis dos clássicos, as seguintes:
Lei do interesse pessoal (princípio hedonístico) - cada indivíduo procura atingir o seu
próprio bem-estar e a sua própria riqueza, assim como procura afastar o mal, a miséria e
o esforço; assim, para os clássicos o interesse pessoal seria o melhor motor para uma
sociedade na medida que cada indivíduo possui liberdade de realizar os seus fins
económicos com o propósito de obter lucro e na medida em que o indivíduo enriquece,
provocaria consequentemente o enriquecimento da sociedade.
Exemplo: Os transportes, quiçá quando se criaram os primeiros meios de transporte
eram somente destinados à facilitar a locomoção do indivíduo que o criou, todavia hoje
vislumbra-se um inteiro proveito dessa criação individual na sociedade em geral, ou
seja, enriqueceu não somente o seu criador, mas também a sociedade na sua íntegra.

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Lei da livre concorrência – é uma lei resultante da lei do interesse pessoal e tem na sua
base a ideia de que é a livre concorrência que harmoniza da melhor maneira os
interesses individuais: daí que os clássicos defendem a não intervenção do estado na
vida económica (por isso se fala de Escola Liberal). Isto é, esta lei destina-se a mostrar o
senso de competitividade existente entre os indivíduos aquando do interesse pessoal que
os mesmos possuem, porém zelando sempre pelos valores de justiça e moralidade.
Exemplo: a disputa entre a Samsung e a Apple na venda de smartphones ‘celulares’.
Lei da população – essa lei foi formulada especialmente por Thomas Malthus com
base em cálculos matemáticos. De acordo com esta lei, verificar-se-ia que, enquanto a
população aumenta em progressão geométrica, o aumento dos meios de subsistência
processa-se em progressão aritmética. Em função de tão desiguais andamentos, mais
tarde ou mais cedo, chegar-se-ia, segundo Malthus, a um ponto de desencontro que
tomaria proporções assustadoras de fome e de miséria. Daí a necessidade de se restringir
o aumento da população com uma série de medidas políticas e propostas.
Exemplo: como exemplo ilustrativo temos algumas políticas ora adotadas pelo Governo
Chinês que consistia basicamente em definir o número exato para a natalidade naquele
país com vista a reduzir taxa demográfica crescente no país.
Lei da Oferta e da procura – explica como funciona o fenômeno da demanda e oferta
no mercado na qual o preço é o elemento de elo entre ambos, explica ainda o modo
como se formam os preços quer dos produtos, quer da natureza, do capital e do trabalho.
Segundo a mesma os preços variam em sentido inverso ao da variação das quantidades
oferecidas e no mesmo sentido da variação das quantidades procuradas.
Exemplo:
Lei do Salário – é uma aplicação da lei anterior da oferta e da procura ao mercado de
trabalho. O preço do trabalho é o salário e este há-de variar em função das quantidades
de trabalho (mão-de-obra) oferecidas pelos trabalhadores e procuradas pelas empresas.
Dentro de certos limites, o salário variaria no mesmo sentido da variação da quantidade
de mão-de-obra procurada e em sentido contrário ao da variação da quantidade
oferecida.
Exemplo: A mão de obra de diversos tipos de trabalho no mercado, tal como técnico de
ar.
Lei da Renda - baseia-se no facto de todos os produtos de uma mesma classe se
venderem a um preço igual ao custo de produção do produto produzido a custo mais
elevado, verificando-se um ganho de tipo diferencial (renda) para aqueles que produzem
a um custo inferior ao custo marginal. Enunciada por Malthus e por Ricardo para os
produtos agrícolas, J. Stuart Mill alargou-a, depois, a todos os ramos da actividade
económica.
Lei do comércio internacional – explica que todas as nações obtêm um ganho a partir
do comércio externo, contrariando as concepções mercantilistas, de acordo com as quais

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um pais só podia ganhar o que o outro perdia. Daí que a escola clássica preconizasse a
liberdade total do comércio externo, para que os povos pudessem beneficiar dos ganhos
da divisão internacional do trabalho. Assim, esta lei assegura que cada país deveria se
especializar na produção de determinados produtos com o propósito de perspectivar
relações comerciais mais qualificadas, eficazes e precisas.
Exemplo: os países especializados na produção de determinados produtos e que são
tidos como os principais fornecedores no mercado internacional por conta da sua
qualidade e eficácia, a China com a produção de
Ao conjunto destas leis deve acrescentar-se, como princípio importante dos clássicos, a
defesa da propriedade privada ou ainda:
Lei da propriedade privada – a qual é por eles considerada um instrumento do
máximo bem-estar e segundo a mesma deve-se respeitar as propriedades particulares
dos outros e seus titulares, assim, os titulares das respectivas têm o direito de proteger
os seus bens.
em ter chamado a atenção para a necessidade de os estudos económicos serem
encarados numa perspectiva histórica, considerando todas as instituições económicas e
sociais como categorias históricas.
SURGIMENTO DAS ALFÁNDEGAS
As alfândegas são entendidas como mecanismos de proteção da economia de um país.
O seu surgimento das alfândegas está naturalmente vinculada à Inglaterra, pois a
maioria dos países reciavam e temiam a grande capacidade produtiva bem como a
tamanha quantidade de produtos ingleses no Mercado. Portanto, criavam meios que
servissem de proteção aos seus mercados, isto é, as alfândegas, com vista a salvaguardar
a proteção dos mercados internos e acentuar a valorização dos produtos nacionais sob
pena destes produtos serem copiadas e por conseguinte serem tampouco valiosos no
mercado
A Alemanha, por exemplo, criou a chamada U.N.A – União Nacional das Alfândegas,
com o objectivo principal de assegurar a proteção da economia nacional.
SOCIALISMO UTÓPICO E SOCIALISMO CIENTÍFICO
O socialismo utópico foi uma corrente de pensamento cujos principais estabelecedores
foram:
4. Saint Simon
5. Robert Owen
6. Charles Fourier

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Estes tinham como objetivo a criação de uma sociedade ideal, que seria alcançada de
forma pacífica graças à boa vontade da burguesia.
O nome socialismo utópico surgiu graças à obra "Utopia" de Thomas More, sendo que a
utopia é referente a algo que não existe ou não pode ser alcançado. De acordo com os
socialistas utópicos, o sistema socialista se instalaria de forma lenta e gradual.
Importante referir que o socialismo utópico surgiu como resposta aos abusos causados
pelo liberalismo e capitalismo na altura da Revolução Industrial. Nesta ocasião, muitos
trabalhadores (sendo muitos deles crianças) viviam em grande miséria e eram
explorados, com horários de trabalho absurdos e sem condições de trabalho. Na
Inglaterra, Robert Owen chegou colocar em prática alguns princípios do socialismo
utópico em algumas das suas fábricas, reduzindo a carga horária, aumentando os
salários e providenciando soluções de habitação para os seus trabalhadores.
MANIFESTO COMUNISTA
Rodeados por tantas manifestações de transformação, Marx e Engels realizaram a
produção do chamado “Manifesto Comunismo”. Encomendado pela chamada “Liga dos
Justos” – uma sociedade de operários alemães alocados em Londres, o documento dizia
que os operários deveriam se organizar para que a classe trabalhadora realizasse uma
mudança de grande profundidade. O que se propunha era uma grande comunhão em que
os trabalhadores se pusessem a serviço de um grande objetivo comum.
Lançando a proposta de uma revolução trabalhadora, o manifesto teve a preocupação
em apontar as falhas do Estado Liberal. Visto como simples representante do interesse
da sociedade burguesa, essa forma de governo deveria ser combatida para que assim, as
diferenças sociais fossem verdadeiramente acabadas. Por tal razão, o Manifesto
Comunista afastava-se das propostas socialistas que simplesmente reconfiguravam as
relações sociais, econômicas e políticas vigentes.
Neste diapasão, o manifesto comunismo, em síntese: foi a massificação de organização
de determinadas classes com vista a revindicar os seus direitos gerais e sociais,
principalmente a classe dos proletariados, ou seja, aqueles trabalhadores que
trabalhavam nas indústrias, puseram de parte a conquista do poder para alavancar uma
nova corrente ideológica o “ Socialismo”.
Os defensores desta acreditavam que pode haver uma corrente superior ao capitalismo,
uma corrente que pudesse atender a necessidade de todos e de todas de forma igual,
justa e digna.
Todavia, Marx se distanciou do conceito de socialismo utópico, visto que de acordo
com essa corrente a fórmula para alcançar a igualdade na sociedade não era discutida. O
oposto do socialismo utópico é o socialismo científico, que criticava o utópico porque
este não tinha em conta as raízes do capitalismo. Karl Marx classificava os métodos dos
utópicos de “burgueses”, porque eles se baseavam na transformação súbita na
consciência dos indivíduos das classes dominantes, acreditando que só assim se
alcançaria o objetivo do socialismo.

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SOCIALISMO CIENTÍFICO
O socialismo científico, também conhecido como marxismo, era uma corrente oposta ao
socialismo utópico. Criado por Karl Marx e Friedrich Engels, o socialismo científico
tinha como base a análise crítica e científica do capitalismo.
Os socialistas científicos criticavam o socialismo utópico porque viam nesta corrente
uma passividade e uma utopia, pois esperavam que os indivíduos exploradores
ganhassem uma consciência social para que as reformas fossem postas em prática. O
socialismo científico tinha objetivos semelhantes, mas tinha uma visão menos
"romântica", pois previa melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores
através de uma revolução proletária e da luta armada.
Assim, Marx e Engels, ao contrário dos utópicos, consideram o socialismo como uma
forma histórica da sociedade, que se torna necessária (o que não é o mesmo que fatal,
pois a acção consciente das classes trabalhadores é considerada como um dos elementos
que contribuem para que essa necessidade se verifique) em resultado da agudização
progressiva das contradições no seio do modo de produção capitalista, contradições que
se refletiriam na luta de classes entre os capitalistas (beneficiários da exploração
inerente ao sistema) e os trabalhadores assalariados (objecto dessa mesma exploração).
Partindo da análise da evolução do capitalismo, o socialismo cientifico visa enunciar as
leis que explicam essa evolução, por forma a dar ao proletariado a consciência da sua
missão histórica, missão que Marx define como a participação consciente no processo
histórico que revoluciona a sociedade.
O socialismo cientifico não faz apelos aos homens em geral para que abandonem a
ordem capitalista. O marxismo arranca da demonstração de que a transformação da
sociedade se verifica em consequência da contradição que no seu seio se desenvolve
entre o desenvolvimento das forças produtivas e a forma jurídica da sua utilização (que
define a natureza das relações de produção).
A luta de classes é o espelho dessa contradição e o proletariado aparece como a única
força social capaz de realizar a transformação da sociedade capitalista, não através de
uma luta puramente sindical, mas de uma luta cujo objectivo último é a tomada do
poder politico, com o fim de, a partir dele, destruir a propriedade privada (capitalista)
dos meios de produção, na qual assenta a exploração capitalista, tal como Marx a
entendeu e explicou.
MARGINALISMO
Os precursores da teoria subjectivista do valor e da perspectiva subjectivista da teoria
económica foram:
1. McCullch
2. Nassau Senior
O primeiro, McCaullch, mede o valor dos bens pelo sacrifício dos que produzem e não
exatamente pela quantidade de trabalho.

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Ao passo que o segundo, Nassau Senior, considera a abstinência, a renúncia ao consumo
imediato, como elemento (subjectivo) do valor e defende que a abstinência dos
detentores do capital justifica uma compensação (o lucro) tal como o sacrifício
representado pelo trabalho justifica o salário.
Neste ínterim, o valor de um bem é igual ao trabalho (sacrifício) necessário para
produzir, mais a abstinência dos detentores do capital.
Porém foi somente a partir de 1870 que a ciência económica enveredou pelo caminho
que ficaria conhecido por marginalismo.
Revolução Marginalista
A partir daqui a concepção marginalista ganha novos contornos, esta nova corrente
parte de novos conceitos subjectivos de valor e centra-se na investigação das causas das
variações dos preços de mercado, com base no raciocínio na margem. Entre os
precursores, destacam-se:
1. Augustin Cournot
2. Heinrich Von Thunen
3. Herman Fossem
Entre os anos 1871 – 1874 de forma independente e sem qualquer ligação entre si,
autores como: Carl Menger, william Stanley, lionel Warls enunciaram o princípio da
utilidade marginal decrescente que deu naturalmeten lugar a nova economia
subjectivista-marginalista.
A nova economia “subjectivista-marginalista” representa um corte radical (ruptura)
com a Economia Politica clássica. Destaca-se algumas diferenças significativas:
Na visão dos clássicos, o valor não poderia ser entendida como função de utilidades,
porque alguns bens como a água, por exemplo, têm reduzido valor apesar da sua grande
utilidade, enquanto que outros como o ouro ou diamante, apesar da sua reduzida
utilidade, têm um valor elevado. E Marx salientou que a utilidade não é uma
quantidade, não sendo, por isso, redutível a uma noção quantitativa de valor.
Face a isso, os marginalistas sustentaram que, não podendo entender-se o preço como
resultado de uma soma de utilidades, ele “o valor ou preço” é resultado de um aumento
de utilidade, isto é, da utilidade adicional oferecida ao consumidor pela unidade
marginal de uma oferta dada. Este aumento de utilidade (o grau final de utilidade) é que
determinaria o valor. Esta ideia é expressa com clareza por Yevons: “O valor depende
unicamente do grau final de utilidade. A pergunta que suscita agora é:
1. Como poderemos variar este grau de utilidade? R: Tendo maior ou menor
quantidade de mercadorias para consumir.
2. E como obteremos maior ou menor quantidade de mercadorias? R:
Destibuindo mais ou menos trabalho para se obter a sua oferta.

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Nestes termos, segundo este modo de ver, há dois intermediários entre o trabaIho e o
valor. O trabalho determina a oferta e a oferta determina o grau de utilidade, que
comanda o valor ou a relação de troca. (…)
Assim, o trabalho determina o valor, porém indirectamente, somente quando o grau de
utilidade das mercadorias varia por meio de um aumento ou limitação da oferta. Perante
a impossibilidade de exprimir de forma quantitativa o valor de uso, os marginalistas
optaram por exprimir quantitativamente as necessidades que podem satisfazer-se com
aquele valor de uso, estabelecendo, portanto, escalas individuais e categóricas de
necessidades. Com efeito, as necessidades são algo eminentemente subjectivas, que
variam de individuo para indivíduo.
Ou seja, as necessidades não apresentam todas o mesmo grau de intensidade: umas são
mais prementes do que outras. E a intensidade não é constante, variando conforme a
quantidade de bens que afectamos à sua satisfação, isto é: as necessidades são saciáveis,
o que significa que a utilidade dos bens destinados à sua satisfação decresce como
aumento da quantidade disponível desses bens, do mesmo modo que a utilidade de cada
uma das unidades é inferior à utilidade da unidade precedente ou anterior ou já
consumidas. É esta concepção que forma a lei da utilidade marginal decrescente,
porque o que decresce não é a utilidade total, mas a utilidade marginal ou final, a
utilidade da última unidade simultaneamente disponível do bem capaz de satisfazer uma
certa necessidade.
Com isso, chega-se assim à lei da utilidade marginal que diz que a utilidade de
qualquer das unidades simultaneamente disponíveis de um bem afere-se ou aprecia-se
pela utilidade da última unidade disponível, ou simplesmente, diz-se que é a partir da
capacidade que última unidade disponível de um dado bem tem de saciar determinada
nessidade que se determina a utilidade marginal de um dado bem. E dela deduzem os
marginalistas que o valor (subjectivo) de um bem é igual à utilidade marginal desse
bem, isto é, a utilidade de um bem é equivalente ao grau de satisfação que sentimos ao
consumir um unidade adicional daquele bem.
Este é um raciocínio que se desdobra sem ter em conta a actividade produtiva, sem
qualquer relação com a quantidade de trabalho gasto na produção dos bens e sem
qualquer dependência da oferta relativamente aos custos de produção como
preconizavam os clássicos. Assim, para os marginalistas os factores que determinam o
valor de um bem traduzem-se tão-somente a partir da sua raridade e a intensidade da
necesidade e que ele satisfaz.
1. Raridade: outrossim entendida como escassez, assim, a escassez seria
uma pré-condição para determinar o valor;
2. Intensidade: diz respeito a quantidade das unidades disponíveis de um
bem destinados a satisfação de uma necessidade;
Assim se resolveria o dilema tantas vezes agitado: se os bens valem pela sua utilidade,
como se explica que, às vezes, os bens mais úteis valham menos do que os outros menos
úteis?

Por autoria de MANUEL MORAIS 33


A água é muito útil no sentido de ter grande utilidade inicial; mas, como em regra
dispomos de muitas unidades deste bem, a sua utilidade marginal é quase nula.
Enquanto isso, o ouro tem uma utilidade inicial muito menor, mas, como dispomos de
uma quantidade muito ínfima de ouro, a sua utilidade marginal é muito elevada. Ao
afirmarem que a actividade económica tem em vista a produção de utilidades com vista
à satistação das necessidades dos indivíduos, os marginalistas estão a defender que é o
consumo – e não a acumulação – o principal factor impulsionador da economia,
privilegiando a soberania do consumidor relativamente à soberania do capitalista-
acumulador-investidor.
Lei das necessidades – Gossen
1) A primeira lei diz que a intensidade da necessidade diminui à medida que elas vão
sendo satisfeitas. Exemplo: a Maribel está com sede e há disponível três garrafas de
água, à medida que ela vai bebendo a necessidade dela vai reduzindo.

2) Das unidades que integram determinadas quantidade de um bem devem repartir-se


pela satisfação das diversas necessidades de forma a igualar os prazeres obtidos pela
utilização desta mesma unidade de bens. Dito doutro modo, esta lei implica que as
unidades que integram um dado bem devem ser devidamente repartidas sob as
várias as necessidades a fim de igual os prazeres da satisfação das respectivas
necessidades. Exemplo: o Jaime tem um bidão de 5 litros de água, com o intuito de
igualar os prazeres na satisfação das suas necessidades, ele deve fazer a repartição
das unidade que integram esse bem sob as suas várias necessidades, no caso, 1 litro
para cozinhar, 1 litro para lavar, 1 litro para beber (...)

3) O valor que qualquer unidade de certa quantidade de um determinado bem


económico não pode ser superior ao corresponder a satisfação das necessidades
menos intensa de entre as necessidades satisfeitas com a quantidade de bens, isto é,

Teoria da elasticidade da procura

Teoria da elasticidade da oferta


PRODUÇÃO
O ser humano deve adoptar uma conduta ecónomica, esta que compreende a aptidão que
o homem tem de escolher um bem e satisfazer as suas necessidades.
Esta conduta “económica” possui algumas características, é
1. INTELIGENTE: a conduta económica deve ser racional
2. ECONÓMICA (PRÉ-ORDENADA AFINS): é importante determinar quais os
fins mais viáveis ao consumo de determinados bens. Ex.: Mais vale gastas 50
mil kzs em um empreendimento à uma festa.
3. LOGICAMENTE ADEQUADA AO SEU CONSENTIMENTO: esta
característica da conduta ecónomica esta estritamente ligada ao carácer da
inteligência, na medida que a conduta ecónomica viabiliza medidas ou meios
para os efeitos da utilização dos bens se façam sentir imediatamente, pese
embora haja uma tendêncial dificuldade no consumo deste. Ex.: O autocarro

Por autoria de MANUEL MORAIS 34


leva (transporta) toda turma, aqui vislumbra-se uma adequação das necessidades
à utilização dos bens.
4. ECONIA DE MEIOS: basicamente implica reestabelecer o bem económico,
perspectivando uma futura utilização. Ex.: Os resíduos recicláveis são exemplo
de bens que podem ser reaproveitados pensando numa futura utilização.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS
Os bens podem classificar-se em determinadas categorias:
Quanto a realidade física: os bens podem ser corpóreos ou materiais e incorpóreos ou
imateriais.
Os bens corpóreos ou materiais são todos aqueles que possuem uma realidade física,
isto é, apalpáveis. Ao passo que os bens incorpóreos são totalmente o oposto, isto é,
aqueles que não possuem uma realidade física.
Ex.: Madeira – bem corpóreo;
Ex.: Água – bem incorpóreo;
Quanto ao uso: os bens podem ser bens directos e bens indirectos.
Os bens directos são aqueles que consumimo-los directamente, ou seja, sem a
necessidade do outros bens para o seu consumo. Já os bens indirectos são aqueles que
não consumimos directamente, carecendo, pois, de um outro para a sua satisfação, no
caso, de um bem directo.
Ex.: Bens directos – o álcool em gel, etc.
Ex.: Bens indirectos – a manteiga precisa ser utilizada com o pão, pois só ela não
satisfaz plenamente uma dada necessidade.
Quanto a substituição: os bens podem ser bens funjíveis e bens sucedâneo.
Bens substituíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros na satisfação das
necessidades, esta mesma substituição pode ser completa (perfeita) ou incompleta
(imperfeita).
Os bens funjíveis são aqueles cuja substituição é perfeita (completa).
Ex.: na ausência de 1000kzs pegado para comprar um determinado produto, dois 500kzs
é susceptível de substitui-lo perfeitamente.
Os bens sescedâneo são aqueles cuja substituição é imperfeita (incompleta).
Ex.: na ausência do óleo podemos substitui-lo pelo azeite.
A margarina e manteiga são em geral consideradas bens suscedâneos, uma vez que
exercem basicamente a mesma função.
Quanto a matéria ou disponibilização na natureza: estes podem ser matéria-prima e
matéria subsidiária.

Por autoria de MANUEL MORAIS 35


Fala-se de matéria-prima àquelas matérias que encontramos no seu estado natural, bruto
na natureza.
Ex.: A ávore, a areia.
Já a matéria subsidiária é a transformação que a matéria-prima sofre em função da
intervenção humana. A matéria subsidiária pode ser, igualmente, designada por matéria
derivada, pois esta deriva da transformação que sofre.
Ex.: O vidro é uma bem subsidiário, pois este é resultado da transformação de matérias
primas para a sua produção, nomeadamente: a areia, o petróleo, o ouro e uma alta
temperatura.
Dentro do âmbito dos bens directos e indirectos encontramos uma outra classificação de
bens:
Bens consumíveis: são aqueles que consumimos imediatamente de forma directa ou
indirecta. Ex.: beber o leite directamente.
Bens duradouros: são aqueles que podem ser consumidos ou utilizados várias vezes.

Consequência ou relevância jurídica:


Os bens duradouros podem ser separados, isto é, a propriedade do consumidor; é o caso,
por exemplo, de um contrato de arrendamento isto é se o bem for um imóvel; ou um
contrato de aluguer, caso seja um bem móvel. Ex.: aqui a qualquer momento é possível
separar a propriedade do consumidor.
Os bens consumíveis, diferente dos duradouros, o seu uso não pode ser separado, ou
seja, a propriedade do consumidor, aqui a utilização do bem implica a sua restrição,
assim sendo, estes não podem ser cedidos pelo proprietário, é o caso por exemplo dos
contratos de compra e venda. Ex.: quando efectuamos a compra de um carro, nós na
qualidade de proprietários não pdemos ceder a propriedade do consumo.
Consequência ou relevância económica
Os bens consumíveis em regra são objectos de uma procura regular no mercado; ao
passo que os bens duradouros podem ver a sua demanda/procura antecipada ou
procrastinada consoante os níveis de rendimento dos consumidores, ou seja, em épocas
de recepção ecónomica (crise) com a queda do rendimento dos particulares, diminui a
procura dos bens duradouros prolongando-se assim o tempo de utilização
OUTRA CLASSIFICAÇÃO DE BENS
A parte a classificação acima destacada, há ainda outros bens, tais como:
Bens complementares: são aqueles que só satisfazem uma necessidade quando
associados a bens principais.
Ex.: a esferográfica e o caderno, etc.

Por autoria de MANUEL MORAIS 36


Bens de capital: são aqueles usados para a produção de outros bens de maior valor. Ex.:
Bens independentes: são aqueles bens cujo o aumento do seu preço não tem influência
na procura de um outro bem. Ex.:
ELEMENTOS DE PRODUÇÃO
 TRABALHO:
É todo esforço do homem físico ou intelectual que se desenvolve de forma consciente e
ordenada com vista a obter um resultado e este resultado pode ser em bens ou
remuneração. Importa destacar que a noção generalizada de trabalho implica,
necessariamente, orientação (ordem) e objectivo (remuneração em contrapartida).
Do ponto de vista económico, o trabalho pode revestir várias formas, tais como:
1. Trabalho de execução: é aquele que consiste em levar a cabo vários tipos de
tarefas geralmente realizadas sob orientação ou direção de outrem na qual em
contrapartida paga-se pela execução desse serviço. É o caso por exemplo dos
contratos d trabalho e prestação de serviços.
2. Trabalho de administração e direção: é aquele que consiste na coordenação e
orientação das actividades por parte de um trabalhador a outros trabalhadores.
Acontece, por exemplo, em trabalhos administrativos; gerente e estagiário.
3. Trabalho de invenção: é aquele que consiste em qualquer descoberta útil,
descoberta esta que pode ser de um bem ou de um processo mais adequado a sua
produção, pertencem, geralmente, a esta classe de trabalhadores os cientistas e
por vezes os próprios operários que ao executarem s suas tarefas descobrem
melhores métodos para as aperfeiçoar.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA DIVISÃO DO TRABALHO
 Vantagens:
1. Aumento da produtividade, ou seja, a repetição da mesma operação conduz ao
adestramento do trabalhador, aumentado, com isso, a sua rapidez e por fim a
produtividade do trabalho;
2. Diminuição da duração da jornada de trabalho;
3. Diminuição do esforço físico, o trabalho mais duro e mais pesado dos homens
foi substituido pela energia das máquinas;
4. Gestão do tempo com relactiva especialização, ou seja, a especialidade do
trabalhador melhora o seu conhecimento relactivamente ao seu instrumento de
trabalho, reduzindo desta forma, o número de produtos defeituosos.
 Desvantagens:
1. Limita o progresso do homem, provoncando dificuldades de adaptação a outras
actividades e, igualmente, na mudança de emprego.
2. Monotonia, a repetição durante todo o dia a mesma tarefa em anos consecutivos
o que provoca, consequentemente, a diminuição das potencialidades intelectuais
e cansaço.

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Remuneração
Uma das mais comuns características do trabalho é o facto deste ser uma actividade
penosa, implicando, necessariamente, uma remuneração. No entento, o que vem a ser a
remuneração.
De forma genérica, podemos entender por remuneração como as vantagens
habitualmente atribuídas ao trabalhador em contrapartida de serviços prestados ou
trabalhos executados. Existem diferentes tipos de remuneração:
1) Remuneração truck system: é uma pagamento unilateral (feito pelo patrão) que
consiste em o trabalhador receber parte do que conseguiu produzir, porém em
função da quantidade dos produtos produzidos.
2) Pagamento por tarefa-peça: este pagamento é feito em função da proporção do
trabalho ou pela quantidade das unidades de determinado bem que o trabalhador
conseguiu produzir. Ex.: um pintor ao pintar uma casa, terá em conta a dimensão
da casa que se pretende pintar e só depois definirá o preço do serviço; ou um
alfaiate que é pago pela quantidade de peças que conseguir cozer;
3) Pagamento a tempo: este pagamento equivale ao tempo, isto é, afere-se a
remuneração sempre em função da proporção temporal. Por exemplo os
acionistas de uma S.A. auferem por ano.
 CAPITAL:
Compreende qualquer activo capaz de gerar um fluxo de rendimento ao longo do tempo
por meio da sua aplicação na produção.
O conceito de capital possui diferentes acepções, isto é, diferentes interpretações:
a) Para os CLÁSSICOS a noção ou sentido de capital corresponde com a formação
de um stoque ou fundo de bens que não abrange todos os bens num dado
momento.
b) Para os MARXISTAS o capital pressupõe o fundo de bens, dinheiro,
maquinaria, geralmente detida pela classe dos proprietários que dispõe a classe
do proletariado que por sua vez dizpõe a sua mão de obra.
c) Pode signifir, igualmente, a entrada dos sócios para a formação de uma
sociedade comercial ao que chamamos de capital social.
Nestes termos, grosso modo, o capital é um bem pré-existente que tem por finalidade
criar outros bens de maior valor. Este pode ser:
 Circulante: quando a sua utilidade se destina a um único circulo produtivo;
 Fixo: quando pode ser utilizado em vários círculos produtivos;
Aforro é a parte do rendimento líquido que não se destina ao consumo corrente. O
aforro pode ser forçado ou voluntário.
É forçado quando há inflação, há aumento dos impostos, etc.

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É voluntário quando o individuo por livre e espontânea vontade decide poupar para
finalidades terceiras, como investir, etc.
 NATUREZA:
A natureza constitui outro elemento dentro do âmbito do processo produtivo.
Alfred Marshall acrescentou mais um elemento produtivo aos três já existentes, a
organização, perfazendo assim, quatro elementos.
“A ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NAS ECONOMIAS CAPITALISTAS”
Nas economias capitalistas a produção é realizada na base dos elementos produtivos
supradestacados. O empresário é o individuo responsável por reunir os respectivos
elementos e proceder a sua organização. Há nestas sociedades dois tipos de
trabalhadores:
Por um lado, há aquele que exerce individualmente todas as actividades e funções
destinadas a produção, ou seja, aqui o trabalhador reune os elementos necessários
“produtivos”, leva a cabo a sua organização, não paga salários, etc, em suma, não
depende de ninguém e a finalidade da sua produção destina-se ao consumo ou
subsistência.
Ao passo que há, por outro lado, aquele tralhador (empresário) que depende de outrem
para conseguir levar a cabo todas as tarefas e funções, assim, geralmente a este, o
terreno não lhe pertence, o capital não é tão-somente deste trabalhador, paga salários,
assegura os elementos produtivos conjuntamente entre outras caracteríticas, este tipo de
empresa designa-se empresa capitalista.
A empresa pode ser entendida como uma unidade institucional cujo principal objectivo
é levar a cabo a atividade econômica, actividade esta exercida, naturalmente, pelo
empresário através da articulação e organização dos elementos produtivos com vista a
produção e circulação de bens ou serviços.
 Formas de Empresas:
Empresa em nome individual: estas possuem um único empresário que lhe cabe
exercer as funções técnicas e administrativas e recai, igualmente, a responsabilidade de
arcar com os riscos da sua actividade.
Ex.: o técnico de frio, este exerce as funções técnicas e as funcões administrativas,
recebendo, por exemplo, as chamadas e reclamações dos clientes e ainda responde por
todos os riscos da sua actividade. Daí que na prática este tipo de empresário,
maioritariamente, após a execução do trabalho têm sempre dito “qualquer que for o
problema não exite em ligar”.
Sociedades em nome colectivo: este tipo de empresa possui vários sócios cuja
responsabilidade destes é ilimitada, ou seja, todos respondem pelo passivo da empresa
sem qualquer limite, podendo até mesmo abrangir a sua prórpia propriedade “pessoal” e
respondem ainda solidariamente, isto é, perante a impossibilidade de um dos sócios

Por autoria de MANUEL MORAIS 39


responder pela sua parte da dívida, os outros poderão fazê-lo. Por este facto surge a
figura do sócio e gerente.
Sociedade por acções “Quota”: neste tipo de sociedade os sócios respondem
limitadamente, isto é, à integração do seu capital na sociedade, assim, cada sócio
responde simplesmente pela sua parte ou quota, mas também pode, normalmente,
responder pela parte dos outros sócios na impossibilidade destes responderem pela sua
parte, dando lugar ao direito de retorno.
Sociedade por acções “Anónimas”: neste tipo de sociedade o capital social esta divido
por acções , limitando a responsabilidade da cada sócio ao valor das acções que
subscreveu. Este facto possibilita a captação de pequenas poupanças, permitindo
grandes investimentos por meio da reunião de grandes somas de capital.
As S.A. são as preferidas nas economias capitalistas pelo facto de possuir a melhor
forma de angariar ou fazer a captação do capital inicial necessário para formar a
respectiva sociedade. Normalmente estas possuem um PCA, ou seja, o presidente do
conselho administrativo.
Sociedades em comandita: neste tipo de sociedade existem dois tipos de sócios:
comanditários e comaanditados.
São sócios comanditários aqueles que possuem uma responsabilidade limitada na
sociedade;
Ao passo que os sócios comanditados possuem responsabilidades solidárias e ilimitadas
cabendo a eles a gestão da sociedade e, inclusive, sobre os sócios comanditário.
ACÇÃO: é o título do sócio ou que recebe o empresário. É um instrumento financeiro
representativo em geral dos direitos de voto numa sociedade anónima. Os lucros dessas
acções resultam da divisão do montante dos lucros pelo número de acções.
OBRIGAÇÃO: é o título do credor que pelo risco decorrente da privação do seu capital
que tem um rendimento fixo. (Em palavras simples, compreende uma dívida, ou seja, a
exigência de alguém reconstituir um passivo).
COOPERATIVAS
Para além das empresas do sector público e privado (embora se enquadrem no sector
privado) desempenham um papel importante na economia. Existem ainda as empresas
cooperativas que têm geralmente fins não lucrativos. O aparecimento destas está
associada ao socialismo utópico (com Robert Owen e Charles Fourier) sendo que o
surgimento da primera cooperativa data o ano de 1796 na Escócia, mais especificamente
na aldeia escocesa de Fenwick.
A COOPERATIVA, ao abrigo no artigo 3º da lei nº 23/ 15 de 31 de Agosto, vulgo lei
das cooperativas, são pessoas colectivas de livre constituição de capital e de composição
variável que avisam através da cooperação e interajuda dos eus membros e na
observância dos princípios cooperáticos à satisfação sem fins lucrativos das

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necessidades económicas sociais ou culturais podendo ainda realizar operações com
terceiros.
Cooperativa do Iº grau: constiutidas por pessoas singulares e/ou colectivas cujo objecto
assenta na prestração directa de serviços aos seus membros.
Cooperativa do IIº grau: outrossim designadas por cooperativas de grau superior, são
formadas por união, federações cujo objecto assenta na coordenação e organização
produtiva em maior escala dos serviços das suas cooperativas. Este tipo de cooperativas,
até certa medida, possui fum lucrativo.
As cooperativas podem actuar em diversos sectores: agrário, artesanato, comércio,
consumo, construção, crédito, cultura, etc, a luz do artigo 17º.
As cooperativas que tratermos com mais destaque são: as cooperativas de produção,
consumo, e agricola.
1. Cooperativas agrícola: constituida por pessoas singulares ou colectivas que
exercem actividade agricola, agropecuária, florestais ou com elas directamente
relacionadas. Estas cooperativas surgem na tentativa de solução de problemas
ligado à agricultura a à organização da propriedade fundiária.
As cooperativas agricolas podem ser:
a) Cooperativas agrícola de produção ou proporção integral;
b) Cooperativas agrícola especializadas (de transformação ou de serviços)
c) Cooperativas agrícola mistas ou polivalentes;
Cooperativas agrícolas de produção ou proporção integral: são aquelas cuja actividade
principal é a exploração integral de certa superfície de terra. Por exemplo: cooperativas
de proprietário, de rendeiros ou trabalhadores rurais.
Cooperativas agricolas especializadas de transfformação: estas desenvolvem a sua
actividade em áreas como vinicula, leiteira, floresta e etc.
Cooperativas agricolas especializadas de serviços: actuam em áreas de compra e venda,
máquina seguros, assistência técnica, sistema de “rega”.
Cooperativas agricolas mistas ou polivalentes: estas actuam simultaneamente em várias
áreas específicas do ramo.
2. Cooperativas de produção: são formadas por vários associados comvista a
produção de mercadorias cujos lucros são distribuidos a cada sócio.
3. Cooperativas de consumo: (aberta ou fechada): estas cooperativas são
destinadas a satisfação das necesidades, isto é, autoconsumo dos seus membros,
sendo abertas quando qualquer um pode associar-se e fechada quando a
cooperação é apenas antre cooperativas, sindicatos ou empresas.
Tal como a actividade corrente realizada deve estar norteiada por princípios que as
constitui, as cooperativas outrossim são tuteladas por certos princípios gerais, tais quais:

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1. PRINCÍPIO DA ADESÃO VOLUNTÁRIA E LIVRE PERMANÊNCIA DOS
SEUS MEMBROS, DA QUOTA ABERTA OU DA ADESÃO LIVRE: traduz-
se no carácter variável do número de membros e do capital social e no
reconhecimento do direito por acto livre e voluntário de qualqer pessoas pode
fazer-se sócio ou demitir-se de uma cooperativa.
2. PEINCÍPIO DA NÃO DISCRIMINAÇÃO SOCIAL, POLÍTICA, RACIAL OU
RELIGIOSA: assim como consagram os actuais ordenamentos jurídicos
constitucionais, as cooperativas também possuem este princípio que assegura a
que ninguém fique isento de fazer-se integrante ou ser membro de uma
cooperativa por motivos de natureza como os já suprecitados: social, política,
racial, religiosa.
3. PRINCÍPIO DA GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO DEMOCRÁTICA
CONTROLADA EXCLUSIVAMENTE PELOS SEUS MEMBROS: este
princípio traduz-se na eleição por via democrática dos órgãos sociais das
cooperativas respeitando a plena igualdade de todos os cooperantes o que a
pureza dos princípios cooperativos consubstancia-se na unicidade de voto de
cada membro independentemente da sua participação no capital social.

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