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PRÉAMBULO

A carência em quantidade e qualidade de manuais orientadores para a disciplina de


Gestão de Produção, virada a realidade angolana, obrigou a elaboração de
apontamentos de aulas que serão proferidas em conferências na Faculdade de
Economia da Universidade Onze de Novembro pelo regente da disciplina, para
oferecer aos estudantes um quadro de moderação e de consulta para fácil
assimilação das ferramentas necessárias da Gestão da Produção.
Esta publicação constitui ainda um ensaio para os profissionais da produção no
domínio da gestão de empreendimentos e projectos do processo de transformação de
materiais transformáveis com vista obter produtos ou materiais transformados que
podem ser serviços ou bens materiais.
A elaboração da presente contribuição que pensamos oferecer aos estudantes e
profissionais mereceu a atenção do nível de desenvolvimento económico de Angola.
Teve também como base de análise e de decisão as monografias e os trabalhos
práticos apresentados pelos estudantes da Faculdade de Economia da Universidade
Onze de Novembro nos últimos anos. As debilidades apresentadas nas empresas
produtivas, onde trabalharam os estudantes, com realce as da construção civil, área
da minha concentração profissional deram mais “inputs” para a obtenção dos
resultados que se apresentam. É importante reconhecer que a mesma necessita ainda
de muitas contribuições e críticas.
Esta contribuição será de exclusivo uso, nesta etapa, nas Universidades de Angola no
sentido de capacitar e habilitar os nossos estudantes e qualquer citação que não
remeta a referência do autor, será considerada agressão intelectual e violação aos
direitos de autor.
Finalmente, o autor apresenta os sinceros agradecimentos e reconhecimento a todos,
que de longe ou de perto contribuíram para a concretização desta obra,
particularmente aos estudantes de várias gerações e aos profissionais da
especialidade que não pouparam esforços para confirmar ou contestar aspectos
julgados não relevantes.
Permita-me observar que as posições teóricas dos dados fornecidos pelos estudantes
hoje no activo, isto é, no exercício das suas funções, foram determinantes na
elaboração desta contribuição como resposta as preocupações práticas apresentadas
bem como confirma a amostra de um inquérito exploratório por nós efectuado.
Mais uma vez o autor aguarda mais contribuições para o enriquecimento da obra que
desde já agradece.
Kay

1
TEMA I. ENQUADRAMENTO GERAL

1.1 O SURGIMENTO DA PRODUÇÃO

O surgimento da produção tem respaldo em aspectos que tem a ver com a escassez
de determinadas utilidades livremente emergidas da terra, escassez que terá obrigado
o homem a pegar em instrumentos de trabalho para poder saciar tais utilidades,
passando deste modo da produção primária ao processo de transformação da
natureza, surgindo deste modo os meios de produção primitivos e excedentes de
produtos agrícolas.
A evolução dos métodos de produção e as contribuições de principais teóricos da
Economia e da Gestão da Produção em particular, mudou e aumentou a
produtividade.
O quadro a seguir que se apresenta demonstra a evolução histórico da Gestão da
Produção destacando se as principais contribuições:
Quadro 1: Evolução histórico e contribuições da Gestão da Produção 1

Contribuição Conceito Concretização


Platon (400 a. C) Economia da Produção Divisão do trabalho
James Watt (1764) Economia da Produção -Invenção do motor a vapor
-Substituição da força humana
- Divisão do trabalho;
- Especialização:
Adam Smith (1776) Economia da Produção - Aumento de habilidades;
- Economia de tempos,
-Máquinas e ferramentas para
auxiliar o trabalho
Babbage (1832) Economia da Produção - Divisão do trabalho;
- Aumento da produtividade.
- estudos dos tempos,
- análise dos métodos,
F. Taylor (1911) Gestão científica - Métodos científicos de trabalho
- Melhoria e administração do
processo
- Observação métodos actuais
- Estandardização de partes
Henry Ford (1913) Estandardização - Linha de montagem
Elton Mayo Mudança desejável - incentivo do trabalho
Actualmente Investigação operacional
Automatização

Hoje, a investigação de aumento da produtividade tem procurado reduzir


consideravelmente a intervenção do homem no processo de transformação, reduzindo
desta forma não só os custos inerentes a produção mas também a satisfação imediata

1
MARQUÊS, A. P. ; Gestão da produção: diagnostico, planeamento e controlo; TEXTO EDITORA;
Lisboa; pag. 15 ; 1991 (Adaptação)

2
das necessidades dos consumidores em grande escala através da aplicação do
método Just-In-Time (J.I.T.).
Porém em termos de interpretações espirituais o surgimento e a evolução da produção
não foge a interpretação do ciclo material.

1.2. PRODUÇÃO E GESTÃO DA PRODUÇÃO


Só se fala em Gestão da Produção quando existir a produção de facto, a primeira
questão a colocar seria: o que é a produção?
Produção ou Transformação é o processo de combinação de factores produtivos para
obter uma utilidade, que pode ser um bem ou imaterial, neste último caso designado
por serviço. A produção só é valida se estivermos em presença de um objectivo.
Objectivo este que constitui a obtenção da satisfação individual ou colectiva ou do
benefício.
A produção decorre sempre na base de determinadas condições e dentro de um
determinado domínio conhecido como ciclo de produção. O ciclo de produção
pertence ao ciclo material e tem duas entradas, a primeira é a natureza e a segunda
os resíduos recuperáveis. O ciclo de produção termina numa única saída, confundida,
para os produtos e subprodutos.
Figura 1.1. Ciclo de Transformação (produção)

PRODUÇÃO

CONSUMO
NATUREZA

ELIMINAÇÃO

Entretanto para produzirmos temos que ter em conta os seguintes elementos


indispensáveis:
1- O trabalho (Gastos referentes com o pessoal );
2- O material (Gastos referentes ao material consumido ou transformado e
serviços);
3- Tecnologias e instalações (Gastos referentes a compra, manutenção,
operação e substituição do hardware de produção e as instalações,
também estão incluídos nesta rubrica os gastos com a informação).

3
Dentro dos meios de produção a que considerar também designados os factores de
produção, são todos aqueles factores necessários à produção, isto é, os materiais e
serviços que concorrem para a transformação do estado entre as entradas e as
saídas.
Eles constituem um sistema de três níveis, a saber :
1o Nível : Os factores de produção elementares (potenciais e repetitivos);
2o Nível : Os factores de produção adicionais;
3o Nível : Os factores de produção dispositivos.
A - Os factores de produção elementares
Os factores de produção elementares são aqueles que concorrem na combinação
entre as entradas e os meios de produção, isto é, a combinação dos factores
potenciais e repetitivos. O que significam factores potenciais e factores repetitivos?
1) Os factores potenciais são os equipamentos, aparelhos, edifícios e instrumentos
de trabalho bem como as instalações que concorrem para a transformação dos
factores elementares repetitivos, ou seja dos meios circulantes.
Também numa imagem simples tudo que pode constituir a maquinaria que processa
as operações para a transformação. Em suma são os materiais de transformação,
conjunto de bens e equipamentos designados por meios fixos constituindo o capital
principal da organização onde entram materiais transformáveis e onde saem os
materiais transformados.
Os factores elementares potenciais podem ainda ser subdivididos em três partes
distintas que são :
a) Infra-estruturas,
b) Super-estruturas e
c) Equipamentos de apoio.
Para melhor compreender a sistematização, tomemos como exemplo, o serviço de
transportação no sistema rodoviário, que designamos por processo de transportação.
Para entender os referidos partes subdivididas, temos o seguinte:
a) Infra-estruturas representando as estradas e os arruamentos;
b) Super-estruturas representando os veículos ou automóveis;
c) Equipamentos de apoio representando a sinalização, iluminação, reguladores de
trânsito, estações de carga e descarga, oficinas de reparação de automóveis e/ ou
aparelhos e equipamentos de manutenção e reparação de estradas ou arruamentos e
outros.
Este conjunto de elementos representa os factores potenciais da transportação sem o
qual não é possível mudar os materiais de um lugar para outro. O processo de
transformação, nesse caso, consiste em transportação, um serviço que inclui nesse

4
processo ou nessa operação as pessoas como é evidente, material especial, que
representam os factores repetitivos.
Entretanto numa indústria é possível não aparecer as super-estruturas, ter somente
infra-estruturas fundamentais, os equipamentos fabris por um lado e por outro os
equipamentos de apoio. Resumindo-se no seguinte: temos os equipamentos fabris
como infra - estruturas e super-estruturas principais por um lado e por outro os
equipamentos de apoio tais como os veículos, armazéns, laboratórios e demais
instalações não fundamentais para produção principal, objecto social da organização.
2) Os factores repetitivos são entradas a serem transformadas, ou seja os meios
circulantes (matérias primas, matérias secundárias ou subsidiárias), as informações e
os indivíduos.
B - Os factores de Produção adicionais
É tudo aquilo que pode juntar-se a transformação de natureza material ou serviço, por
exemplo : créditos, seguros e outros também conhecidos por factores auxiliares, não
confundindo com os materiais subsidiários, como água, combustíveis e energia.
C- Os factores de Produção dispositivos
É tudo aquilo que ajuda a eficiência e a gestão, nomeadamente: Organização,
programação, controlo da produção, controlo de qualidade, conservação e outras
funções auxiliares que concorrem para a qualidade, eficácia e eficiência.
1.3 FUNÇÕES DA TRANSFORMAÇÃO
Para transformar um material ou um serviço, para a satisfação de uma determinada
utilidade é necessário conhecer as funções da produção, a saber :
A) Funções Principais da transformação :
1. Engenharia do Produto;
2. Engenharia do Processo.
B) Funções auxiliares 1 :
1. Gestão do material;
2. Manutenção e Conservação;
3. Higiene e segurança no trabalho produtivo;
4. Qualidade de produto;
5. Avaliação patrimonial produtiva;
6. Outras funções.
1. A engenharia do produto – É o conhecimento do produto, abrangendo os
conceitos da identificação, da preparação, da vida útil e da aquisição das entradas.

1
Algumas destas funções já desenvolvidas na disciplina de Economia do material, bem como os
respectivos processos de transformação. Aqui as funções auxiliares constituem a base introdutória de
Gestão da Produção como sua antecâmara. A Gestão do material se destaca das outras subfunções
complementares porque assegura a montante e a jusante a Gestão da Produção.

5
2.
3. Ainda tem como objectivos, os de definir aspectos como, o objecto da produção,
as características do produto como também a designação técnica e comercial do
mesmo, a definição dos mecanismos e factores de transformação dos produtos e
ainda a definição das normas de consumo quer se trate do consumo intermédio
como do consumo final.
A engenharia do produto trata também, da metodologia e do processo de uso das
utilidades e da sua recuperação no ciclo material
A engenharia do processo – Tem a ver com o processo da transformação dos
materiais, ou seja, permite saber como transformar o material de entrada para obter
um outro material designado por saída ou produto. Consiste também na combinação
das entradas, dos equipamentos e do trabalho, tendo em conta os aspectos
estratégicos da organização e da segurança do processo produtivo
.
Figura 1.2. Um modelo de sistema de produção, segundo Norman e Greg.

Subsistema
Entrada deTransfor- Saídas
maçao

Externas
• Legais/Políticas Físicos
(Manufactura, Mineração)
• Sociais
• Econômicas Serviços de locação Saídas Directas
• Tecnológicas (Transporte) • Produtos
• Serviços
Serviços de troca
Mercado
(Venda a Varejo/Venda por Atacado) Saídas Indirectas
• Concorrência
• Impostos
• Infor. Sobre o produto Serviços de Armazenamento • Remunerações e salários
• Desejo do cliente (Armazéns)
• Desenvolvimento Tecnológico
Outros Serviços Privados • Impacto Ambiental
( Seguros, Finanças, Imobiliários, de • Impacto sobre o Emprego
Recursos Primários
pessoal etc.) • Impacto sobre a Sciedade
• Materiais e suprimento
• Pessoal
Serviços Governamentais
• Capital e bens de capital (Municipal , Provincial, Comunal etc.)
• Serviços públicos
Informação
de Feedback
Subsistema
de Controlo

Relativamente as funções principais de produção, temos os seguintes conceitos gerais


A Engenharia do processo resolve o conflito da gestão da produção, a saber: o que
constitui uma entrada para um produtor poderá ser uma saída para um outro produtor,
ou seja, resolve o fecho do ciclo de produção. Por exemplo: a farinha de trigo é
matéria prima, mas também pode ser produto. Só através da engenharia do processo

6
é que podemos ultrapassar este conflito de classificação do produto, isto é do
posicionamento do material no ciclo ou no mercado.
A Engenharia do processo tem haver com a transformação de materiais cuja a tarefa
principal consiste na combinação dos factores elementares repetitivos e os factores
elementares potenciais que podemos denominar por instalações. Entretanto essa
combinação só poderá efectivar-se se houver a intervenção do trabalho, o valor
acrescentado contida numa saída.
Relativamente a transformação dos materiais, NIGEL SLACK 1 apresenta um
conhecimento profundo de entradas divididas por um lado os materiais a serem
transformados - materiais, informações e consumidores (clientes) – que
alternadamente, um deles é dominante em uma operação e por outro lado os
materiais de transformação - instalações e trabalho -.
Durante o processo de transformação, os materiais a serem transformados, num
banco será o tratamento da informação – operação informação -, entretanto numa
fábrica será uma transformação dos materiais - operação material - e num hospital
será o tratamento dos pacientes - operação consumidor -.
Ele afirma que há menos diferença entre os materiais de transformação em
operações contrariamente aos materiais transformados. De facto, disse, há dois
tipos de materiais de transformação que formam as pedras fundamentais de todas as
operações:
1. As instalações que consistem em prédios, equipamentos, terrenos e
tecnologia do processo de produção;
2. O trabalho isto é o pessoal ou os trabalhadores, são aqueles que operam,
mantêm, planeiam e administram a produção em todos os níveis.
Sem dúvida a natureza especifica das instalações e do pessoal serão diferentes entre
as operações. Para um motel, suas instalações consistem principalmente em edifícios,
moveis e acomodações. Para uma fabrica movida a energia nuclear, suas instalações
são os equipamentos, centrais de energia, tanques de água, armazéns de entradas e
de saídas, edifícios para manutenção e conservação de equipamentos e viaturas de
apoio a produção bem como administrativos.
Uma operação possui instalações e tecnologia que pode ser relativamente baixa e
outra de alta, ou ainda aparentemente parece muito diferente uma da outra, mas
ambas importantes para a operação envolvida. Um motel seria tão ineficaz com
móveis desgastados e quebrados quanto a fabrica nuclear com equipamentos
electrónicos inoperantes.

1
Veja Bibliografia Autor 22, pagina 35 da tradução em português.

7
A natureza do trabalho torna diferente as operações. Por exemplo, para maioria dos
trabalhadores de uma fabrica de cimento não se necessita de alto nível de experiência
técnica. Pelo contrário, para maioria dos trabalhadores empregados num escritório de
consultoria, provavelmente, se requer para este trabalhadores com experiência na sua
actividade técnica.
Figura 1.3. Qualquer produção envolve os processos de input-transformaçao-output

Recursos
Transformados
Input
Materiais
Informações
Ambiente
Consumidores

Processo Bens
INPUT de OUTPUT e
Transformação serviços

Instalações
Pessoal Ambiente

Recursos de
Transformação
Input

1.3. AS INFRA-ESTRUTURAS PRODUTIVAS


As infra-estruturas produtivas consistem em todos os meios fixos que concorrem na
realização do processo produtivo e são apresentadas de varias formas. Entretanto
importa ressaltar que do ponto de vista operacional, isto é do ponto de vista da
implantação de projecto ou do investimento, as infra-estruturas subdividem se em
duas partes que são:
a) Material ou bem e
b) Serviço.
As infra-estruturas materiais são aquelas que se apresentam materialmente durante as
operações de produção cujas características aparecem de forma concreta e palpável.
Dentro dos materiais que fazem parte das infra-estruturas materiais podemos citar
os seguintes:
1) As infra-estruturas básicas (Sistemas de água, electricidade,
telecomunicações, gás, saneamento, correios, vias de comunicação, pistas,
estradas de ferro 1, portos, aeroportos e outras);
2) As super-estruturas ou equipamentos fundamentais ou fabris;

1
Estradas de ferro, idioma brasileira, significa em português de Portugal caminho em ferro carris

8
3) Os Equipamentos de apoio tais como: sinalização, as instalações (Serviços e
actividades secundárias, administrativas, laboratórios, oficinas), os armazéns e
outros serviços de apoio.
Entretanto cada gestor deverá estar atento de considerar os serviços infraestruturais
importantes a registar que paulatinamente deverão ser inseridos no processo de
privatização ou de terceirização retirando às organizações o peso de acções que não
são objecto social fundamental.
Por outro lado temos os serviços considerar para a produção, uns essenciais e outros
de estimulo, que são:
1) Serviços de apoio a produção (Manutenção e conservação, transportes,
distribuição, aprovisionamento, armazenamento, laboratórios);
Recursos humanos, segurança social e higiene;
2) Serviços sociais (Posto de saúde, refeitórios, instalações desportivas e
alojamentos).
1.4. OBJECTIVOS DA PRODUÇÃO
Nas noções gerais apresentamos a necessidade de definir o objectivo principal da
produção isto é da organização. Dentre eles existem vários objectivos que decorrem
do objectivo principal que se pretende atingir para que haja a produção qualitativa ou
seja a definição das regras da produção.
O objectivo fundamental da produção, tem a ver com a satisfação das
necessidades sempre crescentes da sociedade, necessidades estas que
aparecem sob a forma de utilidades físicas ou serviços.
É nessa perspectiva que surge a obrigatoriedade de priorizar os objectivos de forma a
atender aqueles que aparentemente se apresentam mais prementes e
maioritariamente usual devido a que as disponibilidades sempre são inferiores as
necessidades ou os desejos.
Terá sido em função disso que surgiram vários pensadores e actores dos quais
destacamos dois que dedicaram parte das suas investigações na definição dos
objectivos da produção nomeadamente o investigador MELLCROWICZ que definiu
três importantes aspectos para produzir, a saber:
- Os objectivos económicos;
- Os objectivos sociais;
- Os objectivos técnicos.
O outro investigador chamado de ZAPFEL argumentou que para além dos objectivos
materiais definidos por MELLCROWICZ havia que considerar os objectivos políticos
que aliás devem aparecer em primazia na medida em que é a partir destes que se
definem as estratégias e prioridades da produção.

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Os objectivos acima mencionados podem ser apresentados em cinco grupos principais
a saber :
1- Objectivos económicos – A preocupação em termos económicos de uma
organização produtiva é o lucro, para isso é preciso : definir a qualidade dos bens a
produzir, conhecer qual é a estrutura de custos de produção no sentido de elaborar
uma estratégia da sua diminuição. Ter em conta o rendimento em termos de
resultados.
2- Objectivos sociais – Para atingir os objectivos sociais é necessário ter consciência
que a utilidade só existe quando conhecemos o mercado, aqui o instrumento
Marketing servirá para determinar em termos normativos as utilidades que o mercado
exige. Mas por outro lado, temos de considerar a ecologia e o meio ambiente que a
produção modifica positiva ou negativamente;
3- Objectivos técnicos - O objectivo técnico é garantir a fiabilidade do produto, isso
passa por escolher a tecnologia que viabilize o processo produtivo, ou seja escolha da
capacidade dos equipamentos que fabricarão os produtos aceitáveis, isto é, que
satisfaz o consumidor final à custos competitivos e sustentáveis (iguais ou inferiores a
média do ramo), ;
4- Objectivos políticos - São os objectivos estratégicos e tácticos. Estratégia consiste
em definir os objectivos gerais para atingir os objectivos económicos e/ou sociais ou
ainda definir mecanismos e princípios para alcançar determinados objectivos
previamente determinados. A estratégia obriga ainda determinar programas como
decisões. As estratégias são definidas nos órgãos sociais da organização, tendo em
conta a estratégia global e nacional, em termos de programas que deverão ser
quantificadas pelos órgãos executivos com vistas determinar as tarefas operativas que
culminam pelas tácticas produtivas.
A estratégia por sua vez constitui a política de gestão, remete-nos para um outro
conceito importantíssimo que é o da produção competitiva, ou seja fabricar uma
utilidade com aceitação no mercado, não só porque desejamos produzir. Se assim for
a utilidade começa a ser posto em causa, perder a preferência ou a moda e, em suma
a actualidade. Não é de esquecer de que o mercado é um dos objectivos a satisfazer,
fundamentalmente devido aos factores competitivos que fomentam, factores esses
subjacentes nos custos.
5- Outros objectivos
No grupo de outros objectivos podemos citar fundamentalmente os seguintes:
a) A concorrência como objectivo estratégico para se alcançar a utilidade que a
organização ou empresa pretende atingir em termos físico, moral e material,

10
como contribuição da função produção na competividade da empresa,
elemento da avaliação desta;
b) Definição do ciclo do produto e do processo consiste em definir a tendência
desejada do crescimento normal do produto e também dos factores potenciais
e ter em consideração que os factores elementares potências renovam o ciclo
do processo através da manutenção, reparação geral e/ ou da substituição
provocada pela modernização dos mesmos;
c) Definição do tamanho/ dimensão da organização ou da empresa;
d) Definição do sistema de informações, dos quais alguns serão mantidos em
sigilo, ou seja a estratégia de ocupação do mercado;
e) Definição dos incentivos ou estímulos para o aumento e a expansão da
produção, incentivos consubstanciados nos aspectos da organização, do
ambiente de trabalho e da capacidade técnica e moral dos dirigentes;
f) Definição de requisitos e padrões para a avaliação do desempenho da
organização torna se necessário a definição de regras ou indicadores
comparativos expressam em qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e
custos da utilidade. Cada requisito ou critério de desempenho tem um
significado especifico tendo em conta as operações diversas de cada processo
de transformação.
1.5. PRODUÇÃO E RENDIMENTO
Embora, o objectivo fundamental de uma organização é a obtenção de lucro e
rendimento, é de considerar na função de produção três aspectos com vista alcançar
bom resultado , a saber :
1. A preparação do trabalho
2. A programação
3. A transformação
A figura 3. ilustra que para termos gestão da produção é necessário definir objectivos
de produção. Para definirmos os objectivos de produção temos de ter os métodos de
trabalho por um lado, e por outro lado o planeamento (ou seja a programação em
termos quantitativos e qualitativos). Juntando métodos de trabalho e planeamento
podemos definir as regras da gestão da produção. Mas, como o nosso objectivo
é produzir, temos de ter os factores de produção elementares que constituem as
entradas e equipamentos, uma vez combinados, nos levam ao processo de
transformação que dá origem às saídas, o objectivo principal da gestão da produção.

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Figura 1.3. Ciclo da Gestão da Produção

PRODUÇÃO

MÉTODOS PLANEAMENTO

GESTÃO DA PRODUÇÃO

TRANSFORMAÇÃO
.ENTRADAS SAÍDAS
Processo de Produção

Temos de ter em mente que produzimos dentro de um mercado, logo temos que ter
em consideração o lugar que ocupamos no mercado. O posicionamento num dos três
níveis de competitividade deve ser definido com rigor e bastante seriedade. Existem
três níveis de competitividade a ter em conta, em termos de Gestão da Produção, a
saber:
1- O primeiro nível de competitividade é o da empresa que está num ramo
onde ninguém lhe faz concorrência. A preocupação da gestão é produzir em
larga escala, isto é realizar uma produção monopolista (mais quantidade).
2- O segundo nível de competitividade é o da empresa que só produz o que é
possível vender. A preocupação da gestão é a qualidade por isso procura
ser eficiente.
3- O terceiro nível de competitividade é o da empresa que só produz o que é
vendido, é uma produção logística (por encomenda).

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TEMA II. LOGÍSTICA EMPRESARIAL
2.1 INTRODUÇÃO
Para introduzir a temática logística, consideremos uma situação comezinha mas que
não aparece ilustrativa: quando um consumidor adquire um cacho de bananas, em
geral, não reflecte na complexidade do processo que permitiu que aquela fruta
pudesse estar naquele local e condições (higiene, embalagem, etc.), àquele custo, de
forma a satisfazer a sua necessidade, naquele momento. O mais provável é que
pense no agriculto, eventualmente em técnica de fruticultura ou mesmo nos modos de
transporte utilizado. Todavia, desde o momento da recolheita (do ponto de vista do
ciclo de vida poderíamos, naturalmente começar a descrição mais cedo) em Cabinda
ou qualquer outra lugar do mundo, a banana percorreu um longo caminho até chegar
ao ponto de venda, no hipermercado da grande metrópole ou na tradicional loja da
aldeia de Maluango Nzau, município de Miconge. O certo é que, em todo esse longo
percurso, com muitos interfaces, intervêm muitas pessoas e organizações, são
tomadas muitas decisões, utilizados múltiplos recursos e actividades que,
conjugadamente, asseguram a ligação entre produtores e consumidores, num
processo que, em termos gerais, podemos designar por Logística.
O termo logística foi desenvolvido pelos militares, para designar estratégias de
abastecimento de seus exércitos nos "fronts" de guerra, com o intuito de que nada
lhes faltasse. (GONÇALVES, 2001)
O autor afirma que não poderia faltar aos soldados num "front" de guerra
armamentos, munições, medicamentos, alimentos, vestuários adequados nas
quantidades certas e ao tempo certo, pois não adiantaria absolutamente nada os
soldados receberem tudo aquilo que necessitavam depois de debelados pelos
inimigos.
Conforme o Novo Dicionário Aurélio (1986,p.1045), no tocante a sua definição, tem-se:
Logística, do francês Logistique: “Parte da arte da guerra que trata do Planeamento e da
realização de”: a) Projecto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte,
distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material (para fins operativos e
administrativos); b) Recrutamento, incorporação, instrução e adestramento, designação,
transporte, bem estar, evacuação, hospitalização e desligamento de pessoal; c)
Aquisição ou construção, reparação, manutenção e operação de instalações e
acessórios destinados a ajudar o desempenho de qualquer função militar; d) Contrato ou
prestação de serviços.
O conceito da Logística mais usado actualmente e sustentado pelo Council of Logistics
Management (CARDOSO, 1999) é:

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Logística é o processo de controle, planeamento e implementação do fluxo e o
armazenamento, eficiente e eficaz em função dos custo, de matérias primas, estoques e
as informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o
propósito de atender as necessidades dos clientes.

2.2 HISTÓRICO DA LOGÍSTICA

A Logística foi utilizada nas muitas Guerras e também foi implementada no Exército,
com a finalidade de ser na retaguarda, um setor de estratégia. Sua finalidade consistia
em fazer os planejamentos militares, que compunha o estudo do adversário (pontos
fortes e vulneráveis), a definição das frentes de batalha, movimentação e deslocação
das tropas e equipamentos e programação das equipes de apoio (abastecimento
técnico e suprimentos). (BALLOU, 1993).
Para Ballou (1993), o Exército sempre foi, na história, sinônimo de disciplina e
obediência hierárquica. Talvez tenha sido este o motivo para o grande sucesso da
Logística, que tem como característica principal ser integradora. Era um setor
departamental com autonomia plena de planejamento, diretamente ligado as decisões
do comando geral. Fazia a consolidação das informações e do potencial dos setores.
Baseado neles, utilizava todos os recursos disponíveis, com o objetivo de alcançar as
metas do grupo.
Por sua vez, as empresas, sempre se basearam nos modelos organizacionais da
Igreja e do Exército para se estruturarem, então procuraram adequar a Logística ao
mundo dos negócios. Isto ocorreu pela necessidade de se ter um diferenciador, já que
começávamos a viver o período da competitividade, onde era necessário soluções
integradas, que visasse um ganho global no processo e não em pontos isolados.
De uns tempos para cá, a logística foi tratada erroneamente pelas empresas, como se
fosse moda. Por escutar falar, muitas começaram a criar ramificações de
departamentos e chamar de Departamento de Logística. É muito importante seu
posicionamento no organograma, em contacto direito com o comando da empresa e
fazendo a integração de todas as interfaces do sistema. (BALLOU, 1993).
Em plena fase de globalização, onde o mercado exige que se produza mais, com
menores custos, maior qualidade e melhor atendimento, a utilização da Logística nas
empresas é uma questão de sobrevivência. (BALLOU, 1993).
No entanto, apenas na década de 50 as empresas começaram a perceber a
necessidade de desenvolver uma função capaz de gerenciar o fluxo de informações e
materiais em suas operações, desde a concepção até a venda de seus produtos: a
Logística Empresarial (BALLOU, 1993).

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O conceito de logística nos moldes actuais é recente. Segundo Fleury (2002), no
Brasil, na segunda metade da década de 80, já se falava em distribuição física,
fazendo estudos de localização de depósitos e modelagens. A indústria já começava a
demandar, a perceber que não era mais adequado que a distribuição física fosse
gerenciada pela área comercial, como acontecia. Nas empresas de consumo, em
geral a área comercial é que cuidava da entrega e a distribuição não era mais do que
armazenar e entregar sem nenhum comprometimento. O relacionamento cliente-
fornecedor não era importante. A logística deu um grande salto na década de 90, por
causa de factores importantes como a popularização da tecnologia da informação. Isto
porque, embora na sua definição estivesse estabelecido que a logística era um
processo de gestão de fluxo de materiais e de informações, a informação continuava
no papel e viajando na mesma velocidade física dos bens e produtos. (FLEURY,
2002).

2.3 AS REVOLUÇÕES LOGÍSTICAS


A partir do século V; as constantes invasões bárbaras, conduzem a uma
reestruturação social que resulta no feudalismo europeu. A sociedade feudal é
estruturada na relação de dependência pessoal, que atinge do rei ao camponês. A
igreja transforma-se na grande proprietária feudal. A economia feudal é constituída do
feudo; uma propriedade territorial sob o controle de um senhor feudal, caracterizado
pela autarquia e pela ausência quase total do comércio e de intercâmbios monetários.
Segundo o estudo feito por Andersson (1986), foram quatro as Revoluções Logísticas
através dos séculos, como pode-se verificar a seguir.
Primeira Revolução Logística

No século XI, a igreja começa o processo de comando para destruir a Europa feudal,
por mais dependente dela que havia tornado-se. Organizou as cruzadas; expedições
de cristãos europeus, para combater os muçulmanos e cristianizar a Ásia e a
Palestina. Estas organizações, formadas por cavaleiros e dirigidas por nobres, tinham
motivações não só religiosas, mas também comerciais como a abertura de rotas
terrestres e conquistas territoriais. (ANDERSSON apud OLIVEIRA, 2003)
As cruzadas oficiais, oito no total, ascenderam a Europa para novos impulsos
tecnológicos e culturais. As relações económicas a partir do século XIII, ganham forma
de economia monetária, com sociedades de mercado e relações de trabalho;
transferindo a vida social, política e económica dos feudos para as cidades.
Cidades e comércio são consolidados com o fluxo populacional que deixa os feudos. A
transição capitalista se intensifica no intercâmbio comercial e na produção da indústria

15
caseira. A moeda torna-se um fator primordial nas transacções comerciais, a partir do
século XV, em profundas transformações na economia europeia. Nas palavras de
Oliveira (2003,p.23) ,
a produção deixa de ter carácter de subsistência e passa a atender aos
mercados das cidades. Surgem novas formas de comercializar, como as
cartas de crédito e de pagamento. A navegação e o comércio de alto mar
ganham impulso para atingir a África e as Índias, atrás de ouro e prata, pela
importância dada à moeda e, atrás de novos mercados. Começa a expansão
comercial marítima e a descoberta de novos territórios, dando início a política
de colonização.
O autor explica que o aumento do comércio sobre grandes distâncias, a
especialização da produção e o surgimento de novas regiões mercantis, são factores
que marcaram a primeira revolução logística nas relações económicas mundiais.

Segunda Revolução Logística

Andersson (apud OLIVEIRA, 2003) conta que com o aumento das distâncias e
volumes e com o aumento multilateral das casas mercantis, houve um crescente
volume de créditos e movimentação de moedas. Esta acumulação de capital conduziu
ao interesse por actividades bancárias ou casas de crédito e empréstimos a juros. No
início do século XV, são fundados bancos em Siena, Gênova e Barcelona.
O sistema de créditos acabou se envolvendo em perigosas relações e falsificações,
aumentando a necessidade por bancos seguros e rentáveis. No início do século XVII,
o governo de Amsterdã inova o sistema bancário, dando garantia oficial de notas que
poderiam ser usadas no comércio internacional. O sucesso foi tão grande que
aumentou o interesse por outros bancos. Surge então; o Banco da Inglaterra, com
garantias justas nos negócios com dinheiro e faturas de intercâmbio, incluindo a
adequada emissão de notas. Com isso, a cidade de Londres se tornou o centro do
comércio mundial.
Segundo Andersson (apud OLIVEIRA, 2003), a criação do eficiente sistema bancário
para a execução de transacções internacionais, foi o ponto de partida para a segunda
revolução logística. Surge o modelo de rede comercial internacional com os mais
importantes nós; Londres, Paris e Amesterdão, no centro geográfico da Europa.
Ocorreram melhoras na rede e na tecnologia de transportação, com segurança e
técnicas de construção naval; possibilitando a expansão na infra-estrutura da rede
comercial.

16
Terceira Revolução Logística

Nos relatos de Andersson (apud OLIVEIRA, 2003), a especialização da produção


ocorrida durante a primeira revolução e o avanço da tecnologia marca da segunda
revolução; geram a terceira revolução logística ou; revolução industrial, em meados do
século XVIII, caracterizada pela passagem da manufactura à indústria mecânica. E o
autor relata:
Entre 1760 e 1860, acontece na Inglaterra a primeira fase da revolução
industrial, onde o a cúmulo de capitais e grandes reservas de carvão
favoreceram a invenção e inovação de máquinas e mecanismos como a
lançadeira móvel, a máquina a vapor, a fiandeira e o tear mecânicos. As fábricas
passam a produzir em série. (ANDERSSON, apud OLIVEIRA, 2003,p.38)
Como a Inglaterra tinha um sistema naval superior, com a invenção dos navios e
locomotivas a vapor, acelera a circulação de mercadorias, abrindo mercados na África,
Índia e nas Américas para exportar produtos industrializados e importar matérias-
primas.
O novo sistema industrial transforma as relações sociais e cria duas novas classes
sociais, fundamentais para a operação do sistema. Os empresários (capitalistas) são
os proprietários dos capitais, prédios, máquinas, matérias-primas e bens produzidos
pelo trabalho. Os operários; proletários ou trabalhadores assalariados, que possuem
apenas sua força de trabalho e a vendem aos empresários para produzir mercadorias
em troca de salários (OLIVEIRA, 2003).
Nas afirmações de Oliveira (2003), como consequência do processo de
industrialização, surgiu a consciência da divisão coordenada de trabalho entre
diferentes regiões do sistema de economia global, produção em série e urbanização
em um espectacular desenvolvimento de cidades industriais e próximas de
aglomerações de mercados.

Quarta Revolução Logística

Para Oliveira (2003), a expansão industrial marca o período de surgimento da quarta


revolução logística. De 1860 a 1900 surge a segunda fase da revolução industrial,
caracterizada pela difusão da industrialização na França, Alemanha, Itália, Bélgica,
Holanda, Estados Unidos e Japão, crescendo a concorrência, a indústria de bens de
produção e o sistema de transporte com novas formas de energia (eléctrica e derivada
de petróleo). A terceira fase da revolução industrial é a que vai de 1900 até os dias de
hoje. Caracteriza-se pelo surgimento de grandes complexos industriais e empresas
multinacionais e pela automação da produção. Desenvolvem-se a indústria química e

17
a electrónica. Os avanços da robótica e da engenharia genética também são
incorporados ao processo produtivo, que depende cada vez menos de mão-de-obra e
mais de alta tecnologia.
Analisando o estudo feito por Andersson, pode-se verificar a evolução da cadeia de
suprimentos durante os séculos. A preocupação com a organização e circulação de
mercadorias, além, da busca por novos mercados e tecnologias, levando a evolução
da logística e a globalização do mercado apoiado na expansão dos meios de
comunicação e de transporte.
EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Actualmente, a logística empresarial é um ramo deslumbrante e em desenvolvimento,


uma das mais importantes ferramentas para os administradores actuais, não sendo
assim há mais de 20 anos (CHING,1999,p.20).
A análise das tendências actuais de algumas empresas líderes permite antever, numa
frase futura, a procura de um tratamento logístico integrado, mais ajustado a todo
canal logístico. Esses tratamentos têm sido denominados logísticos empresariais.
Pós-1990 - a logística é entendida como a junção da administração de materiais com a
distribuição física. Isto leva a crer que futuramente a produção e a logística se
aproximarão cada vez mais não só em conceito, mas também em prática. Embora o
foco ainda esteja nas operações manufactureiras e comerciais, é certo que as
empresas que produzem e distribuem serviços se beneficiaram dos actuais conceitos
e princípios logísticos e procuram adaptá-los a suas necessidades.

2.4 O PAPEL DA LOGÍSTICA NA EMPRESA

A logística exerce a função de responder por toda a movimentação de materiais,


dentro do ambiente interno e externo da empresa, iniciando pela chegada da matéria-
prima até a entrega do produto final ao cliente. Suas actividades podem ser divididas
da seguinte forma:
Actividades primárias:
essenciais para o cumprimento da função logística contribuem com o maior montante
do custo total da logística:
- transportes: referem-se aos métodos do movimentar os produtos aos
clientes: vias rodoviárias, ferroviárias, aerostáticas e marítimas. De
grande importância, em virtude do peso deste custo em relação ao total
do custo de logística;
- gestão de estoques: dependendo do sector em que a empresa actua e
da sazonalidade temporal, é necessário um nível mínimo de estoque que
aja como amortecedor entre oferta e demanda;

18
- processamento de pedidos: determina o tempo necessário para a
entrega de bens e serviços aos clientes.
Actividades secundárias:
exercem a função de apoio às actividades primárias na obtenção dos níveis de bens e
serviços requisitados pelos clientes:
 Armazenagem: envolvem as questões relativas ao espaço necessário para
estocar os produtos;
 Manuseio de materiais: refere-se à movimentação dos produtos no local
de armazenagem;
 Embalagem de protecção: sua finalidade é proteger o produto;
 Programação de produtos: programação da necessidade de produção e
seus respectivos itens da lista de materiais;
 Manutenção de informação: ter uma base de dados para o planeamento e
o controle da logística.

2.5 CICLOS E ACTIVIDADES DA LOGISTICA


2.5.1 Ciclo da Logística
Na arquitectura dos sistemas logísticos integrados, os fornecedores e os clientes estão
ligados por nodos (fábricas, armazéns, centro de distribuição, etc.), entre os quais
circulam produtos e informações. Como mostra a figura 2.1, este processo engloba
três Ciclos – Aprovisionamento, Apoio à produção e Distribuição Física - nos quais os
produtos são sujeitos a operações de manuseamento, transporte e outras, de forma a
satisfazerem os clientes (quaisquer e não apenas os consumidores finais).
Figura 2.1. Ciclo da Logística

2. Transmissão 2. Transmissão
do pedido do pedido

3. Processamento 1. pedido do fornecedor 3. Processamento 1. pedido do fabricante

Fornecedor Fabricante Cliente

4. Recolha 6. Recepção 4. Fabricação 6. Recepção

5. Transporte 5. Transporte

Ciclo de Aprovisionamento Ciclo de Apoio a Produção Ciclo de Distribuição Fisica

A complexidade da gestão do sistema logístico resulta de muitos factores,


designadamente da impossibilidade do controlo total dos ciclos da logística por um
único órgão, salvo em situações muito especificas. E mesmo o controlo total de

19
apenas um dos ciclos é muito raro, na medida em que as empresas concorrem
crescentemente à contratação, encontrando-se nas suas competências centrais.
Neste ciclo estão muitas entidades, o que exige conjugação de esforços, de forma que
o desempenho logístico seja eficaz (quando os objectivos são atingidos) e eficiente
(quando os recursos são utilizados adequadamente).
Dada a importância dos ciclos da logística iremos de seguida aprofundar a suas
abordagens: Ciclo de Aprovisionamento, Ciclo de Apoio à Produção e Ciclo de
Distribuição Física.
2.5.1.1 Ciclo de Aprovisionamento
A função aprovisionamento (nos sectores público e militar utiliza-se, muito vezes, o
abastecimento) é responsável pela obtenção de produtos e materiais de fornecedores
externos, destinados à produção (empresas industriais), ao consumo (empresas de
serviços) ou para revenda (empresas comerciais).
Constituindo um interface entre as organizações e o mercado de fornecedores, a
função aprovisionamento inclui todas as actividades necessárias para que sejam
disponibilizados os bens certos, no momento certo e de forma económica.
Estreitamento associada à logística de entrada, a função aprovisionamento
desenvolve actividades como:
 A localização e selecção de fornecedores;
 Negociação do contrato; Todo com o objectivo de obter os
 Transporte de entradas; bens e serviços necessários em
tempo útil ao menor custo
 Emissão e acompanhamento de encomenda e,
 Recepção (qualitativa e quantitativa).

Figura 2.1Distribuição Física / Miconge-Cabiba

Como ilustra a figura 2.2, a estratégia de aprovisionamento tem como ponto de


partida a identificação das necessidades de bens e serviços e determina com a
entrega aos clientes. Essa estratégia pondera as várias alternativas disponíveis, não
apenas a compra mas também o fabrico próprio, a subcontratação ou mesmo o
aluguer.

20
Comprar / Fabricar/ Consumo imediato/ Consultar/ Negociar /
Subcontratar / Alugar Mediato Processar /Controlar

Identificação de Estratégia Estratégia Gestão Satisfação de


necessidades de de de da necessidades de
bens e serviços Aprovisionamento Compra Compra bens e serviços

COMO? PARA QUÊ? QUANDO? QUANTO? A QUEM?

Figura2.2 Compras e Aprovisionamento

Tradicionalmente, as compras (a função principal do aprovisionamento) eram


encaradas pelo responsáveis das organizações como uma mera função de apoio, de
tipo administrativo. Especialmente a partir da década de 70, com o aumento do custo
do petróleo e de outras matérias-primas, os gestores começaram a valorizar melhor a
sua importância , considerando-se actualmente uma função estratégica muitas
organizações, dada a sua influencia nos custos e na competitividade.
2.5.1.1.1 Documentos e fluxos de produtos e informações num Ciclo de Compra
Num ciclo de compra são utilizados diversos documentos que circulam entre os
departamentos internos da organização e com várias entidades externas
(fornecedores, transportadores, etc.). esse processo envolve um vasto fluxo de
informação e de produtos que a figura 2.3 ilustra sucintamente, e que se descreve de
seguida, tomando como referência um pedido de reabastecimento e admitindo um
sistema de gestão de stock baseado no ponto de encomenda
1. Um cliente/utilizador requisita mercadorias ao armazém;
2. O armazéns entrega a mercadoria ao cliente/utilizador, acompanha com a
copia da requisição;
3. O armazém envia o original da requisição referida em (1) para o
departamento de gestão de stocks, que regista a saída de material, podendo
verificar-se duas situações:
3.1 O nível de stock fica acima do ponto de encomenda – o processo
termina;
3.2 O nível de stock atingiu o ponto de encomenda – passa-se ao passo (4);
Para além disso, aquele documento (ou uma cópia do mesmo) é enviada para o
departamento de contabilidade, que faz o lançamento respectivos, para efeito de
apuramento dos custos.

4. O departamento de gestão de stocks emite um pedido de reabastecimento,


dirigido ao departamento de compras, com indicação da quantidade, tipo de
material e outras informações;

21
5. O departamento de compras solicita aos potenciais fornecedores proposta
para venda do material pretendido.
6. Os fornecedores apresentam propostas de venda (ex.,preço, prazo de
entrega, condições de pagamento) para o material pretendido;
7. O departamento de compra selecciona a melhor proposta, com ou sem
processo negocial, e emite uma nota de encomenda dirigida aos
fornecedores escolhidos dessa nota de encomenda são enviada cópias para
o armazém (para preparar a recepção do material), para a contabilidade
(para planear o pagamento) e para a gestão de stock (para o registo da
encomenda pendente);
8. O fornecedor envia a mercadoria, acompanhada com guia de remessa para o
armazém do cliente, onde se faz a recepção da mercadoria e se confere a
conformidade da guia de remessa com a mercadoria recebida e com a cópia
da nota de encomenda referida em (7). No entanto, em vez da guia de
remessa, o vendedor pode fazer acompanhar a mercadoria com as
respectivas facturas.
9. Não havendo qualquer problema a assinalar, a recepção do armazém
destaca o talão da guia de remessa (ou uma cópia desta),e depois de
assinado envia-o para o vendedor. Para o material entrar em armazém é
emitida uma guia de entrada de materiais (com indicação da nota de
encomenda respectiva, da qualidade, etc.) da qual são enviadas cópias para
a contabilidade (para preparar o pagamento), para a gestão de stock (para
registo da entrada) e para as compras (para o controlo da encomenda);
10. O vendedor emite uma factura com o valor a debitar, isto é, o custo das
mercadorias, acrescido dos encargos de compra (seguro, frete, etc.) e
deduzido de eventuais descontos. De seguida, envia a factura para o
departamento de contabilidade do cliente, que confere os valores debitados
com os que foram acordados e certifica-se que as mercadorias já recebida;
11. O departamento de contabilidade liquida a dívida nos termos acordados;
12. O vendedor envia um recibo a dar quitação da dívida.
2.5.1.2 Ciclo de Apoio à Produção
O ciclo de apoio à produção ou gestão de material (típica nas empresas industriais)
está associado aos fluxos de entrada das matéria-prima e outros inputs utilizados na
gestão de operações ou de produção (ver figura ….)
A gestão de material aplica-se principalmente à função produção, iniciando-se com a
recepção de materiais dos fornecedores, passando pelo apoio às operações de
fabrico de produtos acabados. Ainda que se enquadre na logística, o âmbito desta

22
mais amplo, visto que engloba gestão dos fluxos de informação e de materiais –
matéria-prima, componentes, produtos em curso de fabrico e produtos finais – em toda
a cadeia, desde os fornecedores aos consumidores finais.
O ciclo de produção e accionado pelos pedidos dos clientes (no caso da produção
para encomenda) ou pelo sistema de gestão de stock de produtos acabados da
empresa (dependente da previsão da procura do clientes) e de outras políticas de
gestão que influenciam o planeamento da produção (quantidades a produzir,
sequências, prazos, etc.) condicionando o plano de aprovisionamento, como ilustra a
figura seguinte: 4.8 pag120
Tradicionalmente, as empresas planeavam a produção, no curto prazo, pela
encomendas dos clientes e, no longo prazo, pelas previsões da procura. Esta
perspectiva tende a tornar-se obsoleto, substituídas por novas formas de
relacionamento (facilitadas pela tecnologias da informação e comunicação), que
permite que os fornecedores tomem conhecimento das necessidades dos clientes,
reduzindo assim o âmbito das funções da previsão.
Embora a importância da logística interna seja mas importante nas empresas
industriais, a mesma interessa a empresa de qualquer tipo, em particular aos
grossistas e retalhistas que, com necessidades específicas, gerem stocks, operações
de manuseamento e outras, dentro da empresa. Mais do que outros ciclos, a logística
é uma actividade com pouca visibilidade externa, não estando tão sujeita às incertezas
dos comportamentos de fornecedores (aprovisionamento) e de clientes (distribuição
física) podendo, assim, ser mais bem controlado internamente.
A logística interna é importante para as estratégias de produção moderna que
requerem ciclos de produção mais curtos, sendo, por isso, muito sensíveis quanto ao
tempo necessário a mudança de produção. Para além disso, as novas estratégias são
muito exigentes, visto que muitos componentes têm origem muito diversas. São
fabricados em diferentes locais, o que implica a necessidade de movimentos e
manuseamento céleres e muito Variados.

2.5.1.3 Ciclo de Distribuição Física

A distribuição física foi, durante muito tempo, o âmbito privilegiado da logística,


associando-se mesmo, durante muitos anos, os dois conceitos. Justificando-se, por
isso, que clarifiquemos a diferença entre ambos.
Tomando como referência uma empresa industrial, a logística ocupa-se da gestão dos
fluxos de materiais e de informação, desde a origem (matérias-primas) até à entrega
aos clientes (produtos acabados), o que significa dizer que, em linhas gerais, é
constituída por três subsistemas: a logística de entrada ou aprovisionamento, a

23
A distribuição física ocupa-se com gestão dos fluxos de produtos e informação a
jusante do processo produtivo, assegurando que os produtos cheguem em condições
adequadas aos clientes (grossistas, retalhistas e consumidores finais) através de rede
de distribuição, essencialmente com as actividades de gestão de stock, transporte e
armazenamento.
Ballou considera que a distribuição física dá resposta às seguintes questões;
1. Que serviços de transporte deve ser utilizado para movimentar os produtos a
partir da fábrica? E a partir do armazém?
2. Que procedimentos de controlo devem ser empregues para os itens de
inventário?
3. Onde se devem localizar os depósitos, que dimensões devem ter e quantos
armazéns são necessário?
4. Que arranjos devem existir para a comunicação do pedido? Que comunicação
pós-pedido são necessário?
5. Que nível de serviço deve ser providenciado para cada tipo de produto?

2. 5 A IMPORTÂNCIA DA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA NO PROCESSO LOGÍSTICO

Um canal de distribuição corresponde a uma ou mais empresas ou organizações que


participam do fluxo de produtos e/ou serviços desde o produtor até o cliente ou
consumidor final. Normalmente, a organização pensa em entregar directamente a seus
clientes, porém nem sempre é possível, ou seja, muitas vezes utiliza outras
organizações para distribuir todos os seus produtos ou alguns deles ao cliente final.
A logística é dividida em três grandes segmentos, o primeiro atende às necessidades
da logística de suprimento (entrada) de insumos, matéria-prima, equipamentos, peças
etc. Já o segundo segmento é responsável pela transformação do processo produtivo
(produção) em produtos acabados ou serviços. Enquanto, que o terceiro segmento é
responsável pela transferência ou distribuição física dos produtos acabados ou
serviços (saída) aos diversos tipos de clientes e consumidores.
O transporte e o armazenamento são os principais processos que compõem a
distribuição física, movimentando os produtos desde o fim da produção até o mercado
de clientes. Os canais de distribuição são os principais caminhos dos produtos.
Um canal de distribuição corresponde a uma ou mais empresas ou organizações que
participam do fluxo de produtos e/ou serviços desde o produtor até o cliente ou
consumidor final. Normalmente, a organização pensa em entregar directamente a seus
clientes, porém nem sempre é possível, ou seja, muitas vezes utiliza outras
organizações para distribuir todos os seus produtos ou alguns deles ao cliente final.
Existem dois tipos de canais, o primeiro atende ao processo de transferência de

24
propriedade (transacção) e suas principais funções são: negociar, vender e contratar.
Já o segundo canal está relacionado com a distribuição ou entrega de produtos ou
serviços, ou seja, a distribuição física na prática. Esses intermediários podem
desempenhar as duas funções, o que não é muito comum.
Embora se possa afirmar que o suprimento físico de uma organização é a distribuição
física de outra, existem algumas diferenças que podem ser consideradas, como a
importância e as condições físicas das matérias-primas e dos produtos acabados.
A distribuição física é vital para as nossas vidas, até porque muitas vezes os
fabricantes, clientes e clientes potenciais estão geograficamente mal distribuídos,
ocasionando sérios transtornos logísticos. Quando os intermediários atendem apenas
a seu mercado local, acabam restringindo seu potencial de crescimento e lucro.
Porém, ao se estender o seu mercado, as organizações podem ganhar economias de
escalas na produção. Logo, pode-se afirmar que a distribuição física agrega valor de
lugar e tempo, colocando os produtos em mercados onde eles ficam disponíveis para
os clientes no momento em que desejarem.

A forma específica pela qual os materiais são movimentados depende de vários


factores, como a seguir:
* Os canais de distribuição que a empresa utiliza.
* Os tipos de mercados atendidos
* Os tipos de transporte disponíveis para levar o material:
Finalizando, todos os modais de transporte estão intimamente relacionados, através
da intermodalidade ou da multimodalidade.

2.6 LOGÍSTICA DE TRANSPORTES: MODAIS DE TRANSPORTE

O transporte representa o elemento mais importante do custo logístico na maioria das


empresas e tem papel fundamental na prestação do Serviço ao Cliente.

Os modais de transportes utilizados para movimentação de cargas, são cinco: modal


ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e aéreo, cada um com suas

25
vantagens e desvantagens.
Classificação dos modais de transportes
MODAL FERROVIÁRIO
O modal ferroviário é utilizado no deslocamento de
grandes volumes de produtos homogéneos, a
longas de distâncias. Como exemplo destes
produtos estão os minérios (de ferro, de
manganês), carvões minerais, derivados de
petróleo e cereais em grão, que são transportados a
granel
Vantagens
- Maior capacidade de carga em relação aos transportes rodoviários e ao aéreo;
- Sem congestionamentos;
- Menor impacto ambiental, caso das redes eletrificadas.
Desvantagens
- Horários rígidos;
- A natureza da sua estrutura implica fraca flexibilidade;
- Transbordo.
MODAL RODOVIÁRIO
É o modo mais utilizado no Brasil, atingindo
praticamente todos os pontos do território nacional.
Desde a década de 50 com a implantação da
indústria automobilística e a pavimentação das
rodovias, esse modo se expandiu de tal forma que
hoje é o mais procurado

Vantagens
- Agilidade e rapidez na entrega da mercadoria em curtos espaços a percorrer;
- Movimentação menor de mercadoria;
- A carga vai até o importador.
Desvantagens
- Custo muito alto da sua infra-estrutura;
- Maior impacto ambiental;
- Manutenção das rodovias.

26
MODAL HIDROVIÁRIO
O transporte hidroviário é utilizado para o transporte
de granéis líquidos, produtos
químicos, areia, carvão, cereais e bens de alto valor
agregado, é transportado na maioria das vezes em
contêineres.

O Transporte hidroviário pode ser dividido em marítimo e fluvial:


- O marítimo pode ser costeiro (navegação de cabotagem) ou internacional
(navegação de longo curso);
- O fluvial é o mais antigo meio de transporte do mundo;
Vantagens
- Transporta todo tipo de mercadorias;
- Capacidade de transporte de mercadorias volumosas e pesadas;
- Custos de perdas e danos são baixos.
Desvantagens
- Depende de rios e oceanos;
- Problemas de transporte no porto;
- Questões portuárias.

DUTOVIÁRIO
A utilização do transporte dutoviário é muito
limitada. Destina-se principalmente ao transporte de
líquidos e gases em grandes volumes. A
movimentação via dutos é lenta, em contrapartida
opera 24 horas por dia e sete dias por semana.

Os dutos podem ser divididos em:


- Oleodutos - transporte de petróleo, óleo combustível;
- Minerodutos - minério de ferro;
- Gasodutos - gás natural. ex: Gasoduto Brasil-Bolívia.
Vantagens
- Mais confiáveis;
- Danos e perdas de produtos são baixos;
- Diminuem custos de transportes.

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Desvantagens
- Lentidão na movimentação dos produtos;
- Acidentes ambientais;
- Custos fixos são mais elevados
MODAL AEROVIÁRIO

O transporte aeroviário apresenta baixo custo de


instalação e elevado custo operacional. Registra
grande flexibilidade e permite o acesso a pontos
isolados do país, com alta velocidade operacional.

Vantagens
- É o transporte mais rápido;
- Segurança;
- Os aeroportos normalmente estão localizados mais próximos dos centros de
produção.
Desvantagens
- Custo elevado na estrutura dos aeroportos;
- Menor capacidade de carga;
- Muita dependência das condições atmosféricas.
Como vimos, o sistema de transporte é composto de diversos tipos de modais.
Podemos destacar os citados acima. Entre esses modos quais seria o mais vantajoso?
Antes de tomar uma decisão de qual modal iremos utilizar, devemos efetuar uma
análise criteriosa onde são relacionados os custos com frete, seguros, estocagem e
etc. Segundo pozo( 2007 - pag. 178), "a análise de custo-benefício é fator
determinante na escolha do melhor modal para movimentação e distribuição dos
nossos produtos".
Recentemente foi publicado no blog da Erika Belmonte:
erikabelmonte.wordpress.com a tabela: Comparacão
entre os modais. Essa é uma
tabela que compara a O transporte aeroviário apresenta baixo custo de
competitividade existente entre instalação e elevado custo operacional. Registra
os modais, a mesma pode ser grande flexibilidade e permite o acesso a pontos
útil na escolha do modal a ser isolados do país, com alta velocidade operacional.
utilizado. Vale a pena conferir.

28
Bom pessoal... essa foi a terceira parte do artigo sobre logística de transportes.
Semana que vem tem mais. O tema será: serviços integrados - multimodais.
2.7 TRNSPORTE DE CARGAS

Transporte de carga geral – é o tráfego de porta-a-porta, de cargas completas ou


fracionadas, embaladas ou não, que, por sua natureza e característica, utiliza veículos
ou equipamentos convencionais, compreendendo o transporte de produtos
industrializados, produtos químicos (classificados como não perigosos) e
farmacêuticos, líquidos envasilhados, produtos alimentícios, matérias de construção,
laminados de madeira e outros;
Transporte itinerante – é o operado, sob emprazamento da coleta à entrega,
geralmente de volumes pequenos ou de peso reduzido cuja distribuição ou entrega se
processa segundo itinerários e regiões pré-determinados, abrangendo o transporte de
drogas, medicamentos, perfumarias e outros;
Transporte com vendas ambulantes – é o que se realiza quando o condutor do
veículo transportador efetua, simultaneamente a venda e a entrega da carga
transportadora;
Transporte de encomendas – é um serviço específico de transporte de carga, cuja
operação compreende a coleta ou a recepção da carga, tráfego e entrega à domicílio
pelo transportador, dentro de um prazo por este previamente definido, entre locais de
origem e destino pré-fixados;
Transporte de cargas sólidas a granel – é o que se realiza mediante a utilização de
carroçaria apropriadas e providas de mecanismos de carregamento e
descarregamento adequados; compreende o tráfego de cereais, fertilizantes e outros,
abrangendo também o transporte de produtos britados, ou em pó a granel;
Transporte de cargas líquidas a granel – é o que se realiza mediante e utilização de
veículos ou equipamentos com tanques ou cisternas apropriados com dispositivos de
carregamento e descarregamento adequados, compreendendo o transporte de água,
leite, óleos alimentícios, vinho e outros:
Transporte de mudanças – é realizado em veículos apropriados, por transportadores
que oferecem condições especiais de segurança na prestação do serviço e
compreende o transporte de bens fora do comércio, como móveis, utensílios, artigos
do lar, ou de escritórios, tendo geralmente como remetente o destinatário, a mesma
pessoa física ou jurídica.
Transporte de móveis novos – é o realizado em veículos apropriados e compreende
o tráfego de móveis e utilizados não embalados, entre fábricas, depósitos de
distribuição ou outros estabelecimentos com fins comerciais;

29
Transporte de veículos automotores novos ou usados – é o que se realiza em
unidades especialmente construídas para esse tipo de transporte e se destina,
principalmente, ao escoamento de produção da fábrica de veículos automotores;
Transporte de carga unitizada em “containeres” ou cofres de carga – é o que
emprega veículos providos de dispositivos de fixação e de segurança desse
equipamento, segundo normas técnicas específicas e depende de utilização de
dispositivos de carregamento e descarregamento;
Transporte de cargas excepcionais e indivisíveis – é o que requer condições
especiais de trânsito, quanto à horários, velocidade, sinalizações, acompanhamento,
ou medidas específicas de segurança nas estradas, bem como de segurança de
propriedade de terceiros e da própria rodovia, compreendendo o transportes de
materiais, implementos, partes estruturais, máquinas ou parte de máquinas e
equipamentos, cujas dimensões e/ou peso excedam os limites fixados pelos órgãos
competentes de trânsito, requerendo, geralmente, a utilização de veículos especiais;
Transporte de produtos perecíveis sob temperatura controlada – é o realizado
com a utilização de veículos dotados de equipamentos isotérmicos ou frigoríficos,
providos de mecanismos auxiliares destinados a manter a temperatura adequada da
carga, a ventilação e o teor de umidade adequado, dentro de limites máximos e
mínimos, em função do tempo de tráfego e de acordo com as especificações da carga
transportada, compreendendo o transporte de carnes, frutos do mar, de produtos
hortifrutigranjeiros e outros; Transporte
de cargas aquecidas – é o realizado sob temperatura controlada, que emprega
veículos especiais, equipados com dispositivos auxiliares, tais como maçaricos e
similares para a conservação de temperatura de carga ou para facilitar a operação de
carregamento e descarregamento, compreendendo o transporte de asfalto, betumes,
breu e outros;
Transporte de valores – é o que se realiza em unidades blindadas e providas de
mecanismo especiais de segurança, destinados a oferecer segurança à carga e ao
pessoal de vigilância que acompanha a operação, e compreende o transporte de
dinheiro, títulos, ações, jóias, pedras e metais preciosos e outros;
Transporte de gado em pé – é aquele que emprega veículos apropriados para
preservar a integridade física e as condições sanitárias dos animais transportados,
compreendendo o transporte de gado vacum, eqüino, asinino, suíno, ovino e caprino,
Transporte de madeira em prancha ou toras não beneficiadas – é aquele que, pela
dimensão ou pelo peso da carga deve ser realizado em veículos com equipamentos
auxiliares específicos que facilitam a operação de carregamento, tráfego e
descarregamento;

30
Transporte de produtos siderúrgicos e produtos especiais de aço – é o que pelas
suas características e forma da carga, requer a utilização de veículos dotados de
dispositivos, ou reforços ou suplementos especiais, destinados atender às condições
de segurança exigidas, compreendendo o transporte de bobinas de aço e de produtos
especiais de aço, laminados ou não;
Transporte de engradados (líquidos engarrafados) – é o que se realiza em veículos
com carrocerias especiais, para esse fim, compreendendo o transporte de bebidas e
outros líquidos engarrafados para distribuição e varejo;
Transporte de cargas perigosas – é o que estando sujeito a normas específicas,
técnicas e operacionais, expedidas por órgãos competentes, entidades especializadas
e fabricantes dos produtos, requer medidas especiais de precaução e segurança,
relacionadas com as operações de carregamento, arrumação, descarregamento,
manipulação, estivagem, trânsito e tráfego, atendidas também as características dos
veículos e equipamentos utilizados e a natureza das cargas, medidas essas
destinadas à prevenção de acidentes que acarretam danos à vida humana ou a bens
de terceiros ou do próprio transportador;
Transporte de produtos químicos agressivos a granel (líquidos e gasosos)- é o
realizado sob pressão ou não, em veículos tanques ou cisternas, dotados de
dispositivos de segurança necessários ao carregamento, tráfego e descarregamento,
compreendendo o transportes de oxidantes, corrosivos, produtos petroquímicos,
substâncias tóxicas, venenosas e similares;
Transporte de produtos inflamáveis a granel – é o realizado em caminhões tanque,
de derivados de petróleo, óleos combustíveis, gasolinas, querosene, solventes, nafta e
combustíveis para aeronaves, álcool e outros produtos;
Transporte de gás liquefeito (à granel e engarrafado) – é o realizado sob pressão,
a granel, em caminhões-tanque, ou fracionado em botijões sujeitos a norma de
segurança adequadas relativas aos tipos de recipientes e carrocerias utilizadas;
Transporte de produtos perigosos fracionados (líquidos sólidos e gasosos) é o
que se realiza em embalagens ou recipientes adequados, observados as normas de
segurança, de prevenção e compatibilização com outras cargas, podendo ser
utilizados veículos convencionais para carga geral fracionada.
Transporte de produtos explosivos – é o que abrange produtos que, por sua
natureza e características estão sujeitos ao risco de explosão, pela ação do calor, do
atrito ou de choque, pondo em perigo a vida humana e bens materiais, e requer
embalagens adequadas, bem como normas rígidas de segurança, de quantificação, de
manuseio e arrumação, de carregamento e descarregamento. Compreende o

31
transporte de explosivos propriamente ditos, munições, artifícios pirotécnicos e outros
produtos.

:
2.8 CONSUMO ECONÓMICO DO MATERIAL
Interessa a Gestão da Produção o consumo económico dos factores produtivos, por
isso, torna se necessário entender a Economia do material como função fundamental.
A Economia do material também designada por Economia de materiais em varias
concepções ou designações constitui o conjunto de actividades que engloba várias
subfunções do material que o gestor deve dominar sublinhando os aspectos principais
para não comprometer a transformação. Aqui debruçaremos simplesmente com os
subsistemas fundamentais da Economia do material.
A Economia do material tem varias manifestações na vida e muitas se confundem
duma forma isolada, fundamentalista ou ortodoxa com as seguintes subfunções que
constituem subsistemas da Função material:
• Compras,
• Marketing,
• Gestão de estoques,
• Movimentação,
• Distribuição,
• Transportes,
• Planeamento do material,
• Legislação material,
• Economia e gestão de resíduos,
• Armazenamento,
• Logística.
Dessas destacam-se Compras e Produção cuja interpretação do conceito Economia
do material entre os ortodoxos e modernistas constituem uma disputa de domínios e
de um exercício intelectual conceptual que habilmente deveremos não considerar para
não perder tempo, embora importa sublinhar que o posicionamento de cada grupo em
nada altera o conteúdo das tarefas da Economia do material.
À montante da produção, a aquisição de matérias-primas ou de matérias secundárias
e outros subsidiários aparecem como factor de suma importância para a referida
função sem a qual não pode haver transformação nem se pode atingir o objecto
económico que é o acréscimo do valor, o lucro. Assim sujeitam-se as leis próprias.
A função “compras” de material desempenha uma determinada especialização. Se
considerarmos a função “compras” que significa o processo de aquisição do material

32
através da troca, na Economia do material assume um papel muito importante,
constituindo a actividade principal do processo comercial.
Ela determina a eficiência da empresa de comércio e terá maior responsabilidade que
numa empresa industrial, logo um nível superior de hierarquização e de gestão. O que
importa na Gestão de Produção é que essas empresas comerciais são importantes
veículos de materiais transformáveis sendo as grandes distribuidoras em regime de
grossistas.
Nessas organizações de distribuição de materiais, pode aparecer como estrutura
orgânica ao nível de Direcção ou departamento. O nível a atribuir, como estrutura,
depende da dimensão e a função material da organização. Numa empresa industrial
terá menor responsabilidade se considerarmos uma distribuidora com a mesma
dimensão, isto é poderá até baixar ao nível de Sector ou Secção numa industrial
devido a tarefa que desempenha limitada na aquisição de materiais transformáveis.

Fornece Controlo Armazém Consumid

Fig. 004 : Sistema de compras de material

É importante ainda referir-se de que “as compras” não constituem uma actividade
isolada, ela está incorporada em outras tais como a pesquisa a montante e a gestão a
jusante que forma um subsistema material conhecido por aprovisionamento como
ilustra a figura 004, que parte do fornecedor até ao consumidor.
Nessa concepção os ortodoxos entendem de que a Economia do material se
confunde com o aprovisionamento e procuram influir na disfunção destas duas
grandes categorias representando grandes áreas de tomada de decisão dentro do
sistema material e eles procuram subordinar as actividades ligadas directa ou
indirectamente a movimentação, o armazenamento e a logística.
Outra interpretação que suscita grande discussão entre os ortodoxos e modernistas
tem a ver com o posicionamento da gestão de estoque na produção e no ciclo
material. É assente de que a produção se consolida nas organizações produtivas e a
industria, como exemplo pedagógico indiscutível, predominará o fluxo material.
Entretanto para os ortodoxos a gestão dos materiais constitui o elemento fundamental
da transformação confundindo o meio para assegurar a produção como se fosse o
elemento essencial do ciclo da produção. Isto é confundir o meio por fim.

33
Assim sendo o consumo material constitui uma área importante na produção que
necessita uma analise consistente e logo se entende a sua elevação a nível de
autoridade, tornando – se numa área material decisiva mas não representa a
Economia do material por si só. É necessário apresentar os estados de estoque no
fluxo material até ao consumidor como já referenciado na analise de compras.
a) b) c)

Fornecedor Consumidor

Compras Produção Montagem Venda

Fig. 005: Ciclo de estoques


No ciclo material, do fornecedor até ao consumidor final podemos constatar que o
estoque assume três formas dependendo da acção subsequente. Nessa interpretação
podemos citar os três tipos de estoques:
a) Estoque de matérias – primas ou matérias secundarias;
b) Estoque de materiais acabados ou em trânsito e
c) Estoque de mercadorias.
Além do consumo económico do material os diversos estoques fazem partes da
função material mas não por isso identificam a Economia do material como afirmam os
ortodoxos.
Importa referir se de que as posições dos marxistas e modernistas serão mais adiante
analisadas com mais detalhes na organização conceptual da Economia do material.
2.9 O OBJECTO DA ECONOMIA DO MATERIAL
A Economia do material moderno isto é a Economia do material do mercado livre tem por objecto fundamental
de estudo, o material, na sua plenitude como grandeza e manifestação.
O material é aquela grandeza física, isto é que possui propriedades susceptíveis de ser medida por isso escalar,
portanto de lhe ser atribuído um valor por um lado e por outro lado é também vectorial, isto é, assume uma
direcção e um sentido, possui uma vida e movimenta-se.

Como grandeza química, o material, no seu ciclo de vida pode ocorrer


transformações de substâncias que modificam a sua estrutura interna convertendo-se
em outras substâncias através de fenómenos químicos. Essas transformações podem
ser naturais ou provocadas.
A Economia do material moderno, isto é de mercado livre, tem por objecto todos os
bens provenientes da natureza ou não bem como serviços, conhecidos como
utilidades ou bens, classificados de acordo com uma sistematização da informação
própria e manifestam-se da seguinte forma:
1) Matérias-primas : Todos materiais provenientes da natureza que concorrem
como bens fundamentais para obtenção de produtos para o consumo.

34
2) Matérias secundárias: Todos os materiais fundamentais reciclados ou
recuperados provenientes dos resíduos que contribuem para o processo de
transformação, comercialização ou serviços no sentido de obter subprodutos
para o consumo.
3) Materiais subsidiários: Todos aqueles materiais que não participam duma
forma directa nos processos, mas são consumidos ou ajudam os mesmos para
a concretização de certos objectivos definidos, também são conhecidos como
materiais auxiliares.
4) Equipamentos: Todos materiais duradouros que servem para transformação
de matérias-primas ou secundárias em bens de consumo. São considerados
em vários casos como bens de investimentos. Inclui-se nesta categoria as
ferramentas, utensílios e peças sobressalentes.
5) Mercadorias: Todos materiais injectados no mercado com a finalidade de
serem comercializados através da troca para consumo final, também são
conhecidos como bens de consumo.
6) Resíduos: Todo material proveniente e produzido na Economia domestica ou
produtiva que hoje assumem no âmbito da Ecologia e Ambiente um papel
muito importante quanto ao seu tratamento como matérias secundárias e não
só.
7) Produtos: Todos materiais transformados provenientes da natureza ou de
matérias-primas.
8) Subprodutos: Todos materiais transformados provenientes de matérias
secundárias.
9) Bens: Todos materiais físicos com uma utilidade.
10) Serviços: Todas capacidades de auxiliar o processo de transformação dos
materiais com intuito de obter bens ou utilidades.
11) Informação: Conjunto de dados tratados e postos ao serviço do
desenvolvimento da comunicação para consecução dos objectivos materiais.
12) Know-How: Conjunto de conhecimentos científicos e técnicos com capacidade
de produzir resultados e bens cuja transacção pode ser negociada.
13) Informática: Sistema de informações programado que serve para facilitar os
processos de efectivação de bens e serviços na Economia do material.

2.9.1 OS OBJECTIVOS DA ECONOMIA DO MATERIAL


Os objectivos da Economia do material são de índole macro e micro económicos
consoante a estratégia da organização ou da instituição desde que se respeita as

35
metodologias e os mecanismos estabelecidos na consecução de determinados
objectivos materiais.
Sempre que se pretende obter resultado óptimo na Economia do material dever-se-á
observar os elementos indicados na figura 006 que a seguir se apresenta:

OBJECTIVOS

Custos Elevado grau Garantia da Mínimo Ajuda outras


mínimos serviço qualidade capital subfunções
empatado

Optimizar os Optimizar a Manter e Optimizar o Ajudar o


Custos do preparação, melhorar a capital aumento das
Material acabamento qualidade do empregue Vendas, da
ligados aos e material a nas qualidade e
transportes, fornecimento oferecer. provisões. de serviços.
existências e nos
outras mercados.
despesas
afins.

Fig. 009 : Objectivos da Economia do material


A Economia do material procura, nessa perspectiva, criar fundamentalmente as
condições operativas, executivas e estratégicas com a finalidade de reduzir os custos
do fluxo material, aumentar o grau de serviços de preparação e entrega dos materiais,
garantir a qualidade dos materiais, minimizar o capital empatado e ajuda outras
subfunções da Economia do material.
Assim GROCHLA; FIETEN e PUHLMANN aprofundam os conceitos de
Aprovisionamento, Movimentação e Distribuição com um pendor direccionado para os
objectivos que cada subfunção em particular deverá observar para uma obtenção de
resultados satisfatórios e eficazes.
Para os autores acima mencionados, definem, da seguinte forma os conceitos:
• Aprovisionamento estuda todos os elementos de compras, tanto quanto à
montante bem como à jusante, isto é da pesquisa do mercado até à entrada de
materiais no armazém incluindo o acondicionamento dos mesmos.
• Movimentação constitui a mudança de lugar quer seja dentro dos armazéns
ou entre estas conhecidas por Movimentação interna e externa
respectivamente.
• Distribuição abarca as técnicas de fornecimento a distância e transbordo de
materiais a partir da saída dos armazéns dos fornecedores até aos armazéns
dos clientes.

36
Importa referir de que o Sorteamento ou Acabamento constitui aquele conjunto de
serviços ou tarefas preparativas das encomendas, antes da sua entrega, de acordo
com as especificações e as exigências contidas nos contratos ou requisições
fundamentalmente relativas a embalagem, montagem, peças adicionais, arranque e
normalização.
Por outro lado importa sublinhar que para a concretização dos objectivos da Economia
do material utilizaremos vários instrumentos quantitativos da Gestão tais como
Planeamento, Normação, e outros, bem como várias disciplinas básicas, tais como as
Matemáticas, Estatísticas, Econometria, Modelos matemáticos, Finanças,
Contabilidade, Economia Internacional, Investigação Operacional e Métodos de
previsão para citar os mais importantes.
2.10 DOMÍNIOS DA ECONOMIA DO MATERIAL
As escolas da Economia do material moderna não são todas unânimes quanto aos
domínios da disciplina, o que demonstra a flexibilidade e a forma versátil de
abordagem do assunto. Entretanto existe convergência quanto as subfunções
principais da Economia do material.
A Economia do material compreende como domínios as seguintes subfunções
principais:
• Aprovisionamento,
• Armazenamento,
• Movimentação,
• Transportes,
• Distribuição,
• Economia de resíduos,
• Logística.
O conceito da Economia do material é muito utilizado nas economias modernas,
portanto não deve ser uma questão polémica tendo em conta a abordagem que uma
ou outra tendência “fundamentalista” gostaria dar ao conteúdo da Economia do
material, alias suficientemente abordado no capítulo dedicado aos conceitos da
mesma.
Pois, vários autores 1 chamam a atenção de que o conceito Economia do material deve
ser utilizado na sua finalidade globalizante como instrumento por excelência de
tomada de decisão considerando os três partes do mercado que são: o Mercado do
trabalho; o Mercado do capital e o Mercado comercial.

1
ARNOLDS; OELDORF; HORVATH; HARTMANN e outros

37
É sempre salutar não confundir os conceitos, a linguagem técnica, a metodologia
empregue na análise das subfunções da Economia do material nas duas escolas
apresentadas que são a escola do mercado livre ou moderna, objecto do nosso
estudo, e a escola do mercado centralizada ou marxista. Embora a escola do mercado
centralizada não é desenvolvida nesse manual que constitui o instrumento de
moderação para os nossos utilizadores na óptica moderna.
Para melhor entendimento do domínio da Economia do material importa também não
perder de vista a organização da mesma de acordo com a sua estrutura de concepção
e a sua estrutura orgânica.
2.10.1 O CICLO MATERIAL
O ciclo material constitui o mecanismo de renovação de processos ou actividades
ligadas ao determinado material. Neste mecanismo cada processo ou cada actividade
repete a especificidade anterior com adaptações conjunturais.
Esses processos ocorrem de forma sistematizada e repetitiva. Cada processo tem um
início e fim, ou simplesmente cada material tem uma origem e um uso. O percurso
efectuado pelo material da origem até ao seu consumo é chamado por ciclo material,
do qual distinguimos quatro etapas fundamentais que são:
a) Natureza,
b) Actividade,
c) Consumo e
d) Aproveitamento.
No caso de considerarmos a produção como processo material e o ciclo esteja
representado, teremos o seguinte gráfico apresentando o seguinte fluxo material
abaixo:


Transformação


Natureza Família


Recuperação

38
Fig. 013 : Ciclo material

De acordo com o fluxo anterior podemos concluir que dos agentes activos que directa
ou indirectamente fornecem materiais às famílias para o seu consumo final, objectivo
estratégico da produção, fazem partes do fluxo material as seguintes etapas: a natureza,
as unidades de transformação e as unidades de aproveitamento de resíduos. Embora
esses últimos não deixem de ser unidades de transformação, pelo tratamento especial
que sofre, reserva-se uma analise diferenciada.
A natureza oferece as famílias ainda todas matérias-primas ou subsidiarias de
consumo directo. A natureza fornece desta feita as unidades de transformação as
matérias-primas e outros subsidiários para a produção.
As unidades de transformação não só recebem, como entradas, da natureza, mas
também das unidades de aproveitamento de resíduos designados por matérias
secundárias fruto da recuperação de resíduos domésticos (lixos) e de resíduos
produtivos (aparas). Estes, por sua vez, transformados em subprodutos e logo depois
fornecidos à rede comercial sob a forma de mercadorias. As mercadorias constituem
os materiais para o consumo final, isto é, utilidades das famílias.
As unidades de aproveitamento recuperam os aparas e os lixos e os enviem sob a
forma de matérias secundárias às unidades de transformação que os incorporam nos
processos produtivos para a fabricação de subprodutos. Os resíduos que não podem
ser recuperados são eliminados ou são devolvidos na natureza, sendo o armazém
natural dos resíduos irrecuperáveis, fechando desta forma o ciclo ou o fluxo material.
As famílias, objectivo final de cada actividade, consomem os materiais
disponibilizados, designados por mercadorias, reservando as unidades de
aproveitamento a tarefa de recuperar as embalagens e outros resíduos domésticos
recuperáveis.
À interpretação técnica do ciclo material dada nem sempre satisfaz aos ortodoxos,
assim é acrescida a filosófica que explica a origem e o fim do processo material
remetendo a dogmas, os elementos de difícil entendimento, tal como o surgimento da
vida humana bem como o seu fim.
Entretanto existem vários processos materiais dos quais consideramos por razões
obvias quatro, aqueles que pensamos se enquadrar com o ciclo em analise são os que
ocorrem na natureza, produção, comercio e serviços.
Como foi referido anteriormente por razões pedagógicas e metodológicas será
considerado como processo material em toda análise prática o processo produtivo, isto
é aquele que ocorre na produção.

39
2.11 MÉTODOS DE ANÁLISE
A necessidade de controlo do fluxo material e os respectivos vínculos que o ciclo
material provoca em cada processo económico obriga a que se encontrem princípios e
instrumentos quantitativos de racionalização e redução dos custos para que aumenta
a eficiência da direcção.
Existe na Economia do material uma forma especial de racionalização e de redução de
custos que podem ser analisada sob três pontos de vista a saber:
• a estandardização do material;
• a numeração e
• a analise do material.
A estandardização do material será desenvolvida no capitulo de Normação com a
finalidade de determinar com precisão a quantidade económica de materiais a serem
transformados para o consumo intermédio para obter uma unidade de material
transformado - o produto - ou as quantidades económicos de materiais a serem
imobilizadas para o consumo – as provisões -. Também neste capítulo serão tratados
de forma especifica a fixação da grandeza, medida, forma, cor e qualidade de cada
material.
A numeração será feita através da classificação e codificação como elemento de
racionalização e redução de custo ligados à estandardização e analise do material.
Para obter resultados exitosos nas tarefas ou actividades das subfunções da
Economia do material, torna-se importante escolher com eficiência os métodos de
analise do material.
Assim são apresentados os seguintes métodos, que achamos fundamentais, de
analise do material:
• O método ABC - Analise;
• O método XYZ – Analise;
• Responsabilização material;
• Valorização.
2.11.1 O MÉTODO ABC
O ABC - Análise, como é conhecido universalmente, constitui o importante instrumento
de economia, de gestão e da racionalização de qualquer processo e nomeadamente
do consumo material. O método ABC - Analise consiste no agrupamento dos materiais
de acordo com a importância que pode ser determinada em valor ou em quantidade.
Neste método são empregues procedimentos para análise dos aspectos no sentido de
determinar o grau de importância dos materiais de diferentes tipos de unidades de
medidas físicas. Por conseguinte, torna-se importante agrupar gradualmente os itens

40
de produtos, as vendas, os fornecedores e consumidores bem como qualquer outra
modalidade de interesse. Esse método pode servir para analise de qualquer grandeza
escalar ou vectorial.
O método ABC - Analise efectua – se em três passos:
ELIMINAÇÃO
1. Recolha de dados, determinação e valorização das necessidades;
2. Ordenação e agrupamento das necessidades;
3. Tratamento e recomendações.
A recolha de dados concentra – se sobre a valorização destes através da recolha das
quantidades e dos preços, onde os preços garantem a homogeneização dos mesmos.
A utilização dos preços médios joga um papel importante na valorização das
necessidades.
A recolha dos referidos dados efectua – se por amostragem e outras técnicas
estatísticas. Também durante este primeiro passo é empregue as normas de consumo
ou normas de provisão ou ainda normas de inventários na determinação de
quantidades. É assim importante analisar o comportamento histórico através das
observações discretas feitas durante os anos anteriores ou ainda deve-se efectuar a
procura marginal das necessidades. A fórmula à seguir determina o valor das
necessidades de cada material num determinado período:

Necessidades em valor = Quantidades x Preço médio unitário

Uma vez encontrada o valor das necessidades passa - se ao segundo passo que
consiste na ordenação dessas necessidades através do agrupamento em
percentagem acumulada dos materiais por ordem decrescente. A ordenação permite
efectuar a partição da totalidade do valor acumulada facilitando o agrupamento dos
materiais em A, B e C tendo em conta os critérios de intervalos de percentagem
acumulada em cada grupo das necessidades individuais. O agrupamento dos
materiais é feito tendo em conta os limites de cada grupo. Cada partição ou parte é
calculada da seguinte forma:

Parte das Necessidades x 100


Parte em % =
Valor total das necessidades

Entretanto durante a ordenação, os materiais estão agrupados de acordo com grau de


concentração apresentado na curva de Lorenz. O grau de concentração representa os
valores individuais das necessidades. Os limites de cada grupo de acordo com o
critério ou modalidade – itens em quantidades ou em valor – estão apresentados tendo

41
em consideração aspectos teóricos desenvolvidos por determinados especialistas que
o seguinte quadro desenvolve na modalidade em valor:

Grupo Segundo HARTAMANN Segundo OELDORF


A 60 – 85 % 65 –75 %
B 10 – 25 % 15 – 30 %
C 5 – 15 % 5 – 10 %
Tab. 01 : Intervalos em valor

Da analise dos comportamentos acima apresentados pelas duas grandes escolas


podemos representar intervalos resumidos que assumem os limites essenciais a
considerar, sempre que estivermos em presença de um processo ou acontecimento
pratico a analisar ou interpretar.
Entretanto não devemos perder de vista a racionalidade e a sensibilidade de cada
actor durante os cálculos de intervalos. A seguir apresenta-se o referido quadro
resumo.
Grupo Intervalo resumo
A 60 – 85 %
B 10 – 30 %
C 5 – 15 %

Tab. 02 : Intervalos resumidos em valor


Relativamente a modalidade em quantidades não há diferenças relevantes entre os
autores acima mencionados que apresentam os seguintes limites de intervalos:
Grupo A B C
% 10 - 20 20 – 35 50 - 70
Tabela. 03 : Intervalos em quantidades
O agrupamento dos materiais em A, B e C obedecem em regras baseadas em jogo de
sensibilidade e racionalidade. As tentativas de preenchimento de intervalos tem em
conta os limites de grupos de materiais como sabemos dependendo dos níveis de
concentração dos casos em análise.
Quanto ao nível de concentração, a curva ABC apresenta comportamentos diversos.
Ela toma a forma recta, diagonal, quando todas quantidades têm os mesmos valores e
consequentemente mesma participação na distribuição das cargas representando
desta feita a concentração nula, isto é não existindo nenhuma concentração. Se os
valores mais elevados estão distribuídos por poucas quantidades, existe uma forte
concentração. Se ainda os valores apresentarem um comportamento suave
representando uma função distribuída equidistante entre a concentração nula e

42
máxima, existe uma concentração média. A fraca concentração é aquela que se situa
entre a concentração média e nula.
De acordo com DIAS1, os diferentes esquemas utilizadas nas construções das curvas
ABC podem ser resumido sob a forma de um diagrama de bloco à seguir:
“1. Necessidade da curva ABC
Discussão preliminar
Definição dos objectivos
1. Verificação das técnicas para análise e Tratamento de dados
Cálculo manual, mecanizado ou electrónico.
2. Obtenção do agrupamento: Grupo A; Grupo B e Grupo C na base da ordenação
efectuada tendo em conta as tabelas explicativas elaboradas e traçado da curva
de Lorenz ou Gráfico ABC;
3. Análise e conclusões
4. Recomendações e decisões.”.
É importante considerar os seguintes requisitos na implementação do diagrama de
bloco, que a seguir se apresenta:
1. O pessoal deve ser treinado e preparado para a recolha de dados;
2. Elaborar um formulário simples para a recolha de dados e
3. Estabelecer normas e rotinas para a recolha.
Também é de extrema importância a uniformização de dados recolhidos, uma vez nem
sempre os dados recolhidos ter a mesma unidade de medida, para a consistência das
conclusões a tirar e a interpretação a dar a concentração dos mesmos, quando estes
dados ainda são numerosos, mais trabalhos se torna executar.
O agrupamento em A, B e C obedece apenas a critérios de bom senso e
conveniência dos objectivos a serem estabelecidos. Em geral são colocados, no
máximo 20 % das quantidades no grupo A, 30 % no grupo B e 50 % no grupo C.
Relativamente aos valores vão de 60 até 85 % no grupo A, de 10 até 30 % no grupo B
e de 5 até 15 % no grupo C. Essas percentagens podem variar de caso para caso, de
acordo com os diferentes objectivos a alcançar e necessidades de tratamentos a
serem aplicados.
Nas recomendações e no tratamento do material definem-se as grandes linhas de
actuação por grupo de materiais. Assim são as seguintes recomendações a ter em
conta para os materiais do grupo A:
Análise intensiva e observação do mercado;
• Determinação exacta das quantidades e respectivos valores;

1
DIAS, M.A.P. : Administração de materiais 4ª Ed. Compacta, São Paulo ; ATLAS, 1995 pag. 91-93

43
• Exame continuo dos preços e as suas estruturas;
• Escolha consequente dos fornecedores e distribuidores;
• Conclusão de contratos referente aos materiais importantes;
• Minimização dos prazos de Aprovisionamento;
• Utilização de embalagem apropriada;
• Armazenamento reduzido quanto ao lote e prazo;
• Medidas para evitar perdas, roubos, deteriorações nos armazéns;
• Vigilância continua e privilegiada dos materiais;
• Contabilização e valorização imediatas das Entradas e Saídas.
Relativamente ao grupo C, o tratamento é de menor cuidado comparativamente ao
grupo A e temos as seguintes recomendações:
• Encomenda oportuna e sem muita formalidade;
• Contabilidade oportuna;
• Fixação do Lote económico;
• Análise periódica das existências segundo a data fixada.
Quanto ao grupo B, o tratamento é intermédio considerando as recomendações
aconselhadas nos grupos de materiais A e C.
O exercício a seguir demonstra a aplicação da metodologia a seguir, tendo em conta a
teoria acima apresentada. O exercício constitui um exemplo fácil, mas o seu processo
é válido para qualquer outro de maior complexidade.
Estudo de caso
A padaria ELKAY, Lda pretende produzir determinadas quantidades de diversos
produtos com vista satisfazer o consumo de uma franje da população do Município de
Ambriz.
As necessidades em materiais são seguintes:
Material Designação U.M. Quantidade Preço Unit.
211 Açucar Kg 10.000 1,00
212 Leite Kg 10.200 12,00
213 Farinha Kg 90.000 3,00
214 Manteiga Kg 4.500 6,00
215 Energia KWH 7.000 10,00
216 Conservantes Kg 20 1.200,00
217 Água Litro 42.000 0,60
218 Fermento Kg 800 28,00
219 Óleo Litro 1.800 4,00
220 Sal Kg 130 60,00

Agrupam os materiais de acordo com a importância e apresenta o grau de


concentração dos mesmos?

44
RESOLUÇÃO DO CASO
Os passos a considerar na resolução do caso são os seguintes:
Recolha de dados;
2.11.2 Valorização;
2.11.3 Ordenação;
2.11.4 Agrupamento e
2.11.5 Construção da Curva de concentração.
1. Recolha de dados, valorização e ordenação
Código Preço Quantidade Valor da Ordem
unitário Necessidade Necessidade
211 1 10.000 10.000 8
212 12 10.200 122.400 2
213 3 90.000 270.000 1
214 6 4.500 27.000 4
215 10 7.000 70.000 3
216 1200 20 24.000 6
217 0,6 42.000 25.200 5
218 28 800 22.400 7
219 4 1.800 7.200 10
220 60 130 7.800 9
Tab. 04 : Recolha de dados

2. Ordenação de dados e agrupamento dos materiais


Ordem Codig. Valor da Necessid. Necessid. Grupo
Necessid. Acumul. Acumul. %
1 213 270.000 270.000 46 A
2 212 122.400 392.400 67 A
3 215 70.000 462.400 79 B
4 214 27.000 489.400 83 B
5 217 25.200 514.600 88 B
6 216 24.000 538.600 92 C
7 218 22.400 561.000 95 C
8 211 10.000 571.000 97 C
9 220 7.800 578.800 98 C
10 219 7.200 586.000 100 C
Tab. 05 : Agrupamento de materiais

Para definição dos grupos, vulgarmente designado definição das classes, foi adoptado
o critério geral enunciado anteriormente.
Podemos interpretar os resultados da seguinte maneira:
Grupo A: 20 % da quantidade dos materiais representa 67% do valor
Grupo B: 30 % da quantidade dos materiais representa 21% do valor
Grupo C: 50 % da quantidade dos materiais representa 12% do valor
A concentração dos materiais no caso de estudo apresenta – se como concentração
média pelos simples factos de que aparecem materiais em quantidade máxima e em
valor quase mínimo na classe tendo como base os intervalos referidos. Isto é

45
aproximam-se aos valores distribuídos da curva de Lorenz perto da curva de
concentração média teórica.
3.3.3.3. O MÉTODO XYZ
Se o método ABC consiste no agrupamento dos materiais de acordo com a
importância, o método XYZ será o agrupamento dos materiais de acordo com o regime
ou a periodicidade da previsão de consumo ou de aprovisionamento de materiais
divididos como no método anterior em três grupos que são X,Y e Z. O grupo X
constitui o grupo de materiais com o consumo constante ou regular; o grupo Y como
sazonal e o grupo Z como irregular.

Valor

Quantidade

Fig.016:Comportamentos de regimes de consumo.


• X : representa o consumo regular, o grupo apresenta uma elevada
previsão;
• Y : representa o consumo sazonal, o grupo apresenta uma previsão
média;
• Z : representa o consumo casual ou irregular, o grupo apresenta uma
menor previsão.
A utilização do Método XYZ - Analise apresenta uma relativa limitação na
determinação da frequência dos materiais e seu respectivo agrupamento, dos quais
particularmente os materiais do grupo com maior previsão que representa a parte com
elevada quantidade em sortido.
Também gostaríamos alertar que a classificação dos grupos de acordo com a
periodicidade da previsão de consumo, isto é , do regime de consumo pode ser obtido
através das observações estatísticas tendo em conta os intervalos de erros admitidos.
Experiências em vários países nórdicos da Europa, nos Estados Unidos de América e
Japão provam em diversos processos que:
• 50 % dos materiais correspondem ao grupo X ;

46
• 20 % dos materiais correspondem ao grupo Y ;
• 30 % dos materiais correspondem ao grupo Z ;
2.12 TEORIA DE RESPONSABILIZAÇÃO MATERIAL
A teoria que desenvolvemos assenta na conjuntura material baseada no interesse e
posicionamento do mesmo no sentido de analisar a responsabilização do actor no
domínio material. Isso exige um conjunto de conceitos e definições a explicar, entre
elas aquelas que dizem respeito as bases para a compreensão da referida teoria.
Só o responsável que tem a noção das consequências perigosas quando não existe
controlo e responsabilização dos materiais, isto é, dos custos e dos valores inerentes
dos actos negativos cometidos. Um responsável material é aquele que antevê as
consequências acautelando que as indesejáveis não aconteçam, evitando desta forma
prejuízos para si e terceiros. Nessa perspectiva a teoria de responsabilização
evidencia a sua importância calorimétrica na base do regime de consumo bem como a
falência do material.
Importa salientar que as bases da teoria de responsabilização material têm como
teorias de suporte instrumental os métodos de analise por um lado o ABC segundo a
importância dos materiais definida pelo valor e pela quantidade cujas relações, como é
do conhecimento geral, são inversamente proporcional e por outro lado o XYZ
segundo o regime da actividade que pode ser regular, sazonal e irregular.
Entretanto, torna importante dizer que a responsabilização do material pode efectuar-
se de varias maneiras, retendo as três que se pode citar o saber:
1) Responsabilização por importância quantitativa ou qualitativa;
2) Responsabilização por regime ou previsão de consumo;
3) Responsabilização integrada do material.
A responsabilização por importância quantitativa ou qualitativa diz respeito a
repartição da responsabilização de acordo com os princípios do calculo da importância
por quantidade ou valor do material efectuado através do método de analise ABC.
Enquanto que a responsabilização por regime ou previsão de consumo diz respeito
a repartição da responsabilização de acordo com os princípios de distribuição dos
valores observados de consume especificando a qualidade do material efectuado
através do método de analise XYZ.
A compreensão dos conceitos elementares da responsabilização integrada do
material baseia-se na iteração dos dois métodos acima mencionados. Eis o quadro de
ponderação que resulta da combinação dos dois métodos de análise acima referidos:

47
Importância A B C
I. Regime
alta / média / baixa /
X regular regular regular
alta / média / baixa /
Y sazonal sazonal sazonal
alta / média / baixa /
Z irregular irregular irregular
Tab. 06 : Quadro de ponderação

Podemos, no entanto, definir da seguinte forma os conceitos a seguir:


a) Materiais estratégicos: São aqueles que surgem da combinação entre os
materiais de alta importância (Grupo A) e do regime regular (Grupo X);
b) Materiais executivos: São aqueles que surgem por um lado da combinação
entre os materiais de alta importância (Grupo A) e do regime sazonal (Grupo Y)
e, por outro lado da combinação dos materiais com a importância média
(Grupo B) e dos regimes regular e sazonal (Grupos X e Y);
c) Materiais operativos: São aqueles que surgem por um lado da combinação
entre os materiais de todas importâncias (Grupos A; B e C) e do regime
irregular (Grupo Z) e, por outro lado da combinação dos materiais de baixa
importância (Grupo C) e de todos regimes (Grupos X; Y e Z). Importa ressaltar
aqui que a iteração dos Grupos C e Z deverá merecer uma atenção particular
por não ser duplicado as modalidades segundo a importância em quantidade
ou em valor.
Uma vez apresentados os conceitos importantes da responsabilização, pode-se
qualitativamente representar a responsabilidade de cada órgão acima mencionada:

IMPORTANCIA
A B C
REGIME
A B C
X X ax X bx X cx

A B C
Y YY ay Y
Y by Y Y cy Y

A
az B
bz czC
Z Z Z Z Z Z Z

Tab. 07 : Quadro detalhado de ponderação

48
Uma vez visto a importância e o regime dos materiais, o peso relativo de
responsabilização em termo de valor ou em quantidade é
calculado nas seguintes formulas:

a) Materiais estratégicos:

AX= ∑ (a . x)

Onde AX : representa a percentagem dos materiais estratégicos;


a: representa a percentagem dos materiais mais
importantes;
x: representa a percentagem dos materiais com regime
regular.
b) Materiais executivos:

BY = ∑ { (a . y) + (b . x) + (b . y)}
Onde BY: representa a percentagem dos materiais executivos;
a: representa a percentagem do materiais mais
Importantes;
b: representa a percentagem dos materiais de média
importância;
x: representa a percentagem dos materiais com o
regime regular;
y: representa a percentagem dos materiais com o
regime sazonal.
c) Materiais operativos:

CZ = ∑ { (a . z) + (b . z) + (c . x) + (c . y) + (c . z)}

Onde CZ : representa a percentagem dos materiais


Operativos;
a : representa a percentagem dos materiais com a
grande importância;
b : representa a percentagem dos materiais com a
importância média;
c : representa a percentagem dos materiais com a
pequena importância;
x : representa a percentagem dos materiais com o
regime regular;

49
y : representa a percentagem dos materiais com o
regime sazonal;
z : representa a percentagem dos materiais com o
regime irregular.
É importante porém frisar que o somatório de todos materiais deve corresponder a 100
%, isto é:
AX + BY + CZ = 1

Outra observação tem haver com a correspondência com os materiais em termos físicos
para a harmonização das grandezas dos materiais acima delimitados, o que nem sempre
é possível, principalmente quando se trata de encontrar os materiais físicos
correspondentes.
Nestes casos, faz-se então recurso a aproximações em termos de unidades de
materiais através da estrutura dos materiais em presença.
Entretanto a responsabilização ocorre da seguinte maneira:
a)Materiais estratégicos: A responsabilidade em termos de decisões dos materiais
estratégicos é do órgão máximo da Economia do material (Direcção funcional) ou
senão da Direcção geral da Empresa, no caso em que pode e deve ser da
responsabilidade dos órgãos sociais designados pela Assembleia geral da
organização;
b)Materiais executivos: A responsabilidade em termos de decisões dos materiais
executivos é do órgão executivo da Economia do material (Departamento) ou senão
da Direcção funcional da Empresa;
c) Materiais operativos: A responsabilidade em termos de decisões destes materiais é
dos órgãos operativos da Economia do material (Secções, Brigadas ou Operários
individuais).
Como já vimos anteriormente, é sempre necessário responsabilizar as estruturas e
respectivas pessoas em função da importância, com a finalidade de controlar a
execução dos programas e dos processos estabelecidos tendo em conta os objectivos
de cada actividade da organização.
Se a responsabilização material, por um lado visa atingir os objectivos acima
mencionados, por outro lado estimula as pessoas que encontra nesse estatuto da
responsabilização material todo um reconhecimento da confiança nela depositada, e
deverá com zelo e responsabilidade procurar de qualquer forma não a defraudar.
2 .13 VALORIZAÇÃO
Um dos conceitos importantes que é constantemente utilizado na Economia de
material é o da valorização dos materiais, factor importante de homogeneização e

50
uniformização dos dados para qualquer análise garantindo a consistência das
conclusões e recomendações.
Na Engenharia económica, o preço joga um papel muito importante, porque constitui o
elemento essencial da valorização dos materiais. E assim gostaríamos fazer lembrar
os instrumentos e respectivos métodos utilizados com muita frequência na economia e
gestão do material.
Existem dois tipos de valorização:
1. A valorização quantitativa e
2. A valorização qualitativa
2. 13.1 A VALORIZAÇÃO QUANTITATIVA
A valorização quantitativa consiste na valorização dos materiais através de itens
conhecidos desde a compra até a entrada nos armazéns, Lojas ou Fábricas. Assim a
valorização quantitativa dos
materiais subdivide-se em dois grupos.
1. Preço de compra
2. Preço de entrada
O preço de compra é aquele preço que vem especifica nos
documentos contabilísticos (nota de venda, Nota de Remessa e a factura). Ele
coincide as vezes com o preço real ou efectivo.
O preço de entrada é aquele preço de compra acrescido de custos de
aprovisionamento tais (preparação, transporte, marketing).

Preço de entrada = Preço de Compra + Custos de Aprisionamento


A importância de conhecer estes preços consistem a ter o conhecimento do
verdadeiro preço a aplicar no planeamento das necessidades anuais, também tem as
seguintes vantagens:
- Coordenação objectiva e temporária dos custos;
- Conhecer as oscilações relacionadas com os desvios na
Compensação de contas e
- Evita cálculos adicionais na contabilidade.
2.13.2 VALORIZAÇÃO QUALITATIVA
A valorização qualitativa consiste na valorização dos materiais tendo em conta todos
os itens que fazem parte do preço. Dentro dos itens a considerar são a margem de
lucro, os serviços após venda, as oscilações de preço no mercado e as compensações
Para o consumidor. Cada elemento do ciclo material encontrará o tipo de preço
qualitativo que satisfará os seus objectivos e interesses. Assim a valorização
qualitativa dos materiais subdivide-se em três grupos:

51
1. Preço real ou efectivo
2. Preço médio variável
3. Preço de compensação
O preço real ou efectivo é o preço admissível contabilisticamente e é aplicado no
mercado. Ele é utilizado nas relações de fornecimento, também coincide ao preço de
venda a porta da fábrica e quando o fornecedor suporta os serviços após venda são
Acrescidos os custos referentes a esses serviços tais como transportação e
acomodação dos materiais.
Preço real = preço de compra + serviço após venda
Esse preço real é identificado no comércio , acrescido com a margem de lucro
legislada.

Preço real = preço de compra a margem de lucro


O preço variável é aquele preço avaliado todas as vezes que o consumidor adquire
procedimento do cálculo deste preço ou fornece material, partindo do preço da
existência ou do preço de entrada inicial. O procedimento do cálculo deste preço
consiste a efectuar cálculo do novo preço médio. Ele contempla aspectos ligados à
diferenças de preços de venda de diferentes fornecedores ou preços variáveis de
transporte. Para ilustrar o cálculo de preço variável apresentamos a tabela 04.
Alterações dos Quant. Alterada Preço Unitário Valor Total Preço médio
materiais (U.M.) Física Entrada variável

Existência 100 - 1100.00 11.00


Entrada 200 12 2400.00 -
Existência 300 - 3500.00 11.67
Saída 200 - 2334.00 -
Existência 100 - 1166.00 11.67
Entrada 200 15 3000.00 -
Existência 300 - 4166.00 13.89

Tab. 08: Cálculo do Preço variável


O preço de compensação é aquele preço formado através dos preços observados ou
de compras do exercício anterior para encontrar o preço médio ponderado. Pode-se
também encontrar esse preço de compensação ou médio através dos valores de
entrada em relação as quantidades recebidas.

Valores de entradas
Preço de compensação = ---------------------------------
Quantidades fornecidas

Também como foi dito pode ser o preço de compensação obtido através do cálculo de
valores de entradas ou recebidas. Assim apresentamos na tabela a seguir os referidos
cálculos.

52
Fornecedor Quant. Preço Valor Custo de Valor
U.M. Unit. Compra Aprovisio. Entrada

A 60 330 19.800 1.200 21.000


B 70 310 21.700 1.350 23.000
C 100 320 32.000 1.100 33.100

Total 230 --- 73.500 3.650 77.150

Tab. 09: Cálculo do Preço de compensação

Valores de entradas 77.150


O Preço de compensação = ----------------------------- = --------- -= 335,43
Quant. Fornecidas. 230
2.14 NORMAÇÃO E NORMALIZAÇÃO
2.14.1 IMPORTÂNCIA DA NORMAÇÃO E NORMALIZAÇÃO MATERIAL
O desempenho eficiente de um determinado processo é a relação de um conjunto de
medidas sobre o processo reflectindo - se na relação objectiva entre os resultados e
os gastos do referido processo que pode ser a produção, a distribuição ou ainda a
comercialização.
As condições de qualquer processo material exigem um maior rigor e fundamentação
nas tarefas da sua gestão. Isto significa que as decisões económicas para o
cumprimento das tarefas devem estar em plena correspondência com estas condições
e devem responder as exigências da política económica, do ambiente aleatório e
outros critérios de organização para assegurar o crescimento do consumo, a utilização
mais completa das reservas internas, o crescimento da produtividade do trabalho e a
introdução mais rápida dos novos conhecimentos.
2.14.2. CONCEITOS DA NORMAÇÃO E DA NORMALIZAÇÃO DO MATERIAL
O conceito lato da normação ou da normalização pode ser dado como determinação
de normas, isto é, o processo que inclui a elaboração, a implantação, o registo, o
controlo e a análise das normas, em outras palavras, o processo que estabelece os
modelos que servem de exemplos para demais utilizadores, consumidores ou
imobilizadores de materiais.
Estando no domínio de conceitos, torna – se importante distinguirmos as normas de
normação e as normas de normalização.
Existe diferença entre os conceitos de normação e de normalização, para evitar
qualquer indistinção na interpretação dos termos utilizados:
Normar : Elaborar normas para o processo de consumo material, fundamentalmente
para o processo produtivo ou de imobilização de recursos materiais que podem ser
normas de consumo intermédio ou normas de imobilização de materiais - normas de
provisão - e podem aparecer de vários regimes.
Ex.: norma de consumo, regra, modelo, padrão

53
Normalizar: elaborar norma para o uso final racional do material nomeadamente para
o consumo final ou de imobilização de recursos domésticos que podem ser normas de
consumo final ou normas de imobilização de materiais domésticos ou de consumo final
- normas de provisão -. Normalizar de ponto de vista tecnológica tem sentido de
instruções de utilização da tecnologia. Por isso a normalização tem manifestações
diversas na vida material.
Ex: Instruções de uso da tecnologia, posologia etc..
A normação de consumo dos materiais constitui o instrumento mais conhecido na
Economia do material que inclui a elaboração das normas de consumo na produção,
isto é, o ajuste das normas existentes, a entrega aos serviços de projectos e outros
serviços que necessitam normas de consumo. Por esta razão, a elaboração das
normas de consumo é somente parte do trabalho de um processo externo, resultando
da grande importância da organização e da implantação das normas como realização
de um controlo sistemático do seu cumprimento. Isto fundamenta a quantidade de
qualquer grandeza física que se apresenta.
2.14.3 A BASE NORMATIVA DE CONSUMO MATERIAL
Para determinar as necessidades de recursos materiais das organizações para
qualquer processo são necessárias as normas fundamentais de gastos, também as
mesmas normas servem de base para a distribuição óptima dos recursos disponíveis
para todos os serviços das organizações.
A Norma é :
- padrão representativo do desempenho usual de um
dado material;
- avaliação padrão obtida através dos resultados do
consumo de um determinado material;
- a quantidade em uma unidade de material que satisfaz
uma determinada exigência especifica:
As normas de consumo individuais e os indicadores de consumo são instrumentos
para a determinação das quantidades de matérias-primas, materiais, peças de
reposição e sobressalentes, combustíveis e outros materiais em função das
necessidades que devem ser reflectidas nas encomendas, tendo como ponto de
referência os níveis de actividade aprovados, confirmados em requisições dos serviços
da organização devidamente autenticadas e responsabilizáveis, garantindo desta
forma o carácter ininterrupto do processo produtivo ou dos serviços.
A distribuição dos recursos deve ter em conta, também, os níveis das normas e dos
indicadores das organizações concorrenciais. Nesta análise das normas e dos
indicadores, as médias serviriam de ponto de referência. Se as nossas normas ou

54
indicadores programados estiverem abaixo das médias consideradas, podemos
aceitar as encomendas e proceder a referida distribuição, caso contrário então
cancelamos a aceitação das encomendas ou das referidas distribuições, até que haja
justificação dos desvios de acordo com as referencias do ramo. Se as nossas
referencias, isto é, as referencias de programação da organização não forem definidas
proceda-se a sua normação.
Um outro aspecto a ter em conta diz respeito a relação existente entre a normação de
consumo e o planeamento de recursos, esse aspecto apresenta particularidades que
podemos classificar da seguinte maneira; normas ou indicadores de consumo,
segundo o grau de agregação ou a etapa de elaboração do plano melhor o programa
correspondente.
As normas de consumo devem ser elaboradas pelas organizações produtivas em
forma agregada por produto ou por serviço, para garantir a eficiência da gestão dos
bens a serem transformados.
No processo de elaboração de normas de consumo de materiais é importante
considerar os seguintes factores:
a) – A norma de consumo ramal, ou seja o resultado de uma ponderação das
normas de consumo das organizações do ramo;
b) - A norma de consumo programada que se deverá considerar como base
para o planeamento dos materiais e deverá ser ajustada consequentemente e
aplicada na organização.
Para determinar a norma deve-se estandardizar o material com vista à sua utilização
racional no processo considerado. A norma fixa as dimensões, medidas, forma, cor,
qualidade e outros aspectos necessários para determinar o material necessário ou
encomendado.
A análise da normação deve ser sempre vista sob dois pontos de vista:
a) – Formação;
b) - Classificação.
Do ponto de vista da formação, as normas apresentam-se como:
- Normais internacionais;
- Normas Nacionais;
- Normas associativas;
- Normas de obras, mercadorias ou materiais.
As normas internacionais provêm de várias organizações internacionais e nacionais,
que detêm o monopólio sobre alguns materiais. A mais importante é ISO 1

1
ISO, não só trata das normas de consumo, mas também do comércio através da metrologia e outros indicadores
importantes.

55
(Internacional Organisation for Standardisation) com sede em Genebra. Ela tem por
tarefas:
- Facilitar a cooperação internacional
- Aumentar e melhorar a investigação e a divulgação das normas aceites
e catalogadas;
- Obrigar os países à expansão das normas definidas como estandartes.
As normas nacionais são aquelas aceites pelas organizações e instituições estatais,
muitas das vezes são apresentadas pelos associados de organizações reconhecidas
pelo Estado ou pelos peritos. Normalmente existe um órgão nacional que controla a
elaboração, fixação e execução das normas sectoriais e locais. Por exemplo a nível de
controlo de normas de consumo industriais temos em Angola o IORQ ( Instituto de
Normalização das actividades industriais e referidos produtos), para as normas de
consumo de materiais de construção e de empreitadas, o LEA (Laboratório de
Engenharia de Angola) etc... Também convém especificar de que existem vários
órgãos de controlo de normas de consumo sectoriais em Angola, que deverão ter uma
coordenação para a correspondência internacional.
Têm também, os referidos órgãos sectoriais e locais de padronização e certificação de
qualidade, outras tarefas tais como:
- Melhorar a elaboração das normas em todos os níveis:
- Controlo e coordenação de normas;
- Uniformização da metodologia e formulários;
- Fomento da utilização das normas em organizações e associações;
- Cooperação em todos os serviços autárquicos, as associações locais,
nacionais e internacionais.
As normas nacionais são utilizadas nos contratos de fornecimento, legislação especial
sobre os materiais e respectivos regulamentos.
As normas associativas provêm evidentemente das associações de técnicos de vários
sectores e ramos da Economia Nacional citando alguns ramos como a engenharia,
finanças e electrotécnica.
As normas de materiais relacionam-se com o processo de resultados obtidos
considerando as experiências e as exigências da organização.
Relativamente à classificação, as normas podem ser divididas de acordo com:
- Conteúdo;
- Alcance;
- Grau.
A. O conteúdo determina as normas da seguinte forma:
a) - Norma de medidas consiste em fixar as medições e limites

56
de Tolerância e respectivos intervalos.
b) – Norma de bens fixa as exigências quanto a especificidade
de cada material.
c) – Norma de construção fixa as partes individuais do material
do ponto de vista da sua fabricação ou montagem.
d) – Norma de fornecimento fixa os acordos de fornecimento,
Fundamentalmente nos seus aspectos técnicos.
e) - Norma de planeamento fixa os princípios básicos da
politica e das estratégias quanto ao projecto, cálculo e
elaboração do produto.
f)– Norma de controlo fixa os procedimentos de investigação,
controlo e medidas para os objectivos técnicos ou científicos com vista a
sustentar e garantir a qualidade do material.
g) – Norma de segurança serve para regulamentar e determinar as regras de
segurança dos materiais e a protecção da vida e a saúde bem como os distintos
valores materiais necessários para manter o processo em análise.
h) – Norma de classificação fixa o material numa classe, grupo ou espécie, isto
significa a sua participação em dimensão, qualidade e outros factores que influenciam
a categorização do material.
i) – Norma da matéria fixa as qualidades da matéria física, química e
tecnologicamente.
j) - Parte da norma constitui parte individualizada do conjunto por norma.
k) – Tipo de norma fixa a categoria de um determinado material por género,
forma e dimensão, bem como outra características.
l) - Norma de procedimento fixa os procedimentos de trabalho na
produção.
m) – Norma de comunicação fixa o meio, intervenientes, o canal e o sentido
da comunicação.
n) – Terminologia da norma fixa a compreensão de acordo com o
objectivo, as definições e designação especializada.
B. Quanto ao alcance das normas, elas podem ser :
1) Normas gerais e
2) Normas especializadas.
C. Relativamente ao grau podemos considerar as seguintes normas:
a) – Norma em amplitude é aquela norma que toma em
consideração o número de normas que considera um
determinado objecto ou material.

57
b) - Norma em profundidade é aquela que toma em conta
a fixação do número de conteúdo que contém cada
cada norma de um determinado material.
c) - Norma em extensão é aquela que toma em consideração as
possibilidades de número de normas possível estabelecer por um
determinado material.
2. 14.4 NORMAÇÃO DO CONSUMO DE MATERIAL
A combinação do conteúdo, alcance e grau das normas de consumo leva aos
conceitos que abaixo mencionaremos para uso corrente na técnica da normação do
consumo de material.
a)– NORMA DE ESPECIFICAÇÂO (Ne)
A norma de especificação estabelece as exigências técnicas com que se deve laborar,
entregar ou manusear o material considerado ou ainda prestar os serviços. Isso
determina as características e a qualidade no consumo ou na exploração, as regras de
recepção ou de entrega dos produtos, metodologia de demonstração e de
experimentação, os requisitos para o mercado, tipo de vasilhame ou embalagem, as
condições de transportação, de manipulação e de armazenagem do material.
b)– NORMA DE CONSUMO (Nc)
A norma de consumo determina a quantidade em uma unidade de medida do material
que se deve consumir a nível da organização produtiva num processo tecnológico
determinado para a fabricação de um produto ou a prestação de serviço que se
fundamenta técnica e economicamente, partindo de um nível previsto da técnica num
período previsto e de nível de organização da produção aceitável.
A norma de consumo inclui também as perdas tecnológicas (as quebras defeituosas,
os desperdícios e as perdas de ensaio e outras perdas dependentes do processo
tecnológico).
A norma de consumo tem limites, determinados por um nível superior e um nível
inferior de consumo, isto significa um intervalo de tolerância para o consumo e tem
carácter progressivo e geral.
c) – NORMA LÌQUIDA OU NETA DE CONSUMO (Nn)
Ela estabelece a quantidade em unidade de medida do material que se consome por
unidade do material incorporado directamente ao produto sem considerar as quebras e
desperdícios.
d) – QUEBRAS OU PERDAS (P)
As quebras ou perdas são as quantidades em unidade de medida de material que
inevitavelmente desaparecem, perdem ou caiem. Também estão incluídos nesta
categoria os materiais eliminadas ou inutilizadas por qualquer causa durante o

58
processo de produção, de comercialização ou de movimentação. As quebras ou
perdas podem ser ou não recuperadas.
Dividimos as quebras ou perdas em três categorias:
d1) – As perdas ou quebras tecnológicas são aquelas causadas durante o
processo de produção e são divididas em três grupos;
d1.1) - Perdas de material que são as quebras defeituosas (produtos
deficientes, mal acabados).
d1.2) - Perdas tecnológicas que são desperdícios recuperáveis ou não do
processo produtivo.
d1.3) -Perdas de ensaio e outros são aqueles materiais que se dedicam aos
ensaios físico ou químico para o controlo de qualidade ( as amostras, diferenciação de
lotes).
d2) – As perdas não tecnológicas são aquelas que se realizam for a das
empresas industriais e do processo tecnológico, são divididas em três grupos).
d2.1) – Perdas de movimentação (perdas de distribuição, por roubo durante a
transportação, produtos que caiem e se estragam durante a transportação)
d2.2) – Perdas de alteração não planeadas ( evaporação, inspecção e outros
processos químicos).
d2.3) – Outras perdas e desvios (roubos, desvios etc.,)
d3) - Desperdícios (D)
Os desperdícios constituem as quantidades de material que caiem ou são inutilizadas
por qualquer causa no processo produtivo, que não podem ser incluídos na categoria
de perdas ou quebras e podem ser recuperáveis ou não. Os desperdícios não vêm
associados, em geral, a outros materiais quando se analisa uma determinada
grandeza física. Caso isso acontecer torna-se necessário separa-los. Aqui
consideramos os desperdícios de origem produtiva como aparas, e desperdícios ou os
restos do processo doméstico como lixos, isto é, causados pelas famílias.
A quantidade de desperdícios depende das características e especificações do
material, bem como das condições do processo de produção.
Ex: recortes de papel. De tecido, de metal ou de madeira.
e)– NORMA BRUTA DE CONSUMO (Nb)
A norma bruta de consumo estabelece a quantidade máxima de material em unidade
de medida que se consome por unidade de produto acabado ou de serviço prestado
incluindo as quebras ou perdas e desperdícios de produção ou prestação de serviço.
f)– ÍNDICE DE CONSUMO (Ic)
O índice de consumo estabelece a quantidade de material a consumir em
relação a uma unidade de produto ou a prestação de um serviço, obtém-se como

59
resultado da análise da informação estatística dos consumos reais em
correspondência com os níveis de produção realizados.
O índice de consumo é calculado pela seguinte fórmula:

Vmc
Ic = ---------
Onde:
Vpa
Ic : índice de consumo
Vmc: volume consumido ou material consumido
Vpa: volume da produção ou material a ser transformado
g) – INDICADOR DE CONSUMO DA EMPRESA (Ie)
Este indicador estabelece a quantidade em volume de material máximo a consumir
considerando um nível elementar de agregação para um produto acabado ou um
serviço prestado, aplicável a uma empresa, sendo ainda elaborado por ela mesma
sobre a base das normas particulares de consumo tendo em conta a estrutura de
produção planeada da empresa.
h) – INDICADOR DE CONSUMO RAMAL (Ir)
Este indicador estabelece a quantidade em unidade de medida máxima de um material
na forma agregada a nível ramal, e calcula-se a partir dos indicadores de consumo da
empresa tendo em conta a estrutura da produção das empresas do ramo em
correspondência com a denominação acordada por unidade de produto acabado ou
serviço prestado.
i) – PERDAS FORA DO PROCESSO TECNOLÓGICO (Pfp)
É o material que se perde fora do processo tecnológico como, por exemplo, durante o
processo de armazenamento, de comercialização e ou de movimentação dos
materiais que podem ser recuperáveis ou não.
j) – NORMA DE PLANEAMENTO (Np)
É a norma utilizada para calcular as necessidades dos materiais. Ela inclui a norma
bruta de consumo e as perdas for a do processo de produção. Ela é determinada
através da seguinte fórmula:

Np = Nb + Pfp
Onde :
Np = norma de planeamento
Nb = norma bruta
Pfp = perdas ou quebras fora do processo de produção
A determinação da norma de consumo bruta é tarefa fundamentalmente técnica, no
entanto, a determinação das perdas fora do processo, está relacionada com outras
áreas económicas da empresa.

60
A metodologia geral para a elaboração das normas de consumo toma em
consideração o conceito de perdas for a do processo de produção a nível de indicador
de consumo e não a nível de norma de consumo, utilizando os conceitos de indicador
bruto da empresa e indicador planeado da empresa.
2.14.5 ESTRUTURA DA NORMA DE CONSUMO
A partir das definições e conceitos dados podemos formular a estrutura das normas
de consumo como seguinte:

Nb = Nn + P+D
Onde:
Nb = norma bruta de consumo material
Nn = norma líquida ou neta de consumo material
P = quebras ou perdas
D = desperdícios
Os elementos de custo constituem a forma de estruturar as normas de consumo onde
os custos estão agrupados em norma líquida de consumo material, perdas e
desperdícios.
2.14.6 PRINCÍPIOS DA NORMAÇÃO DE CONSUMO
Os princípios sobre os quais se baseiam a normação de consumo de material são
aqueles que provam a garantia e a eficiência do empregue dos recursos materiais,
permitindo o aumento da produtividade e a rentabilidade da organização. Os princípios
fundamentais da normação do consumo de material são os seguintes:
a) – A dinâmica e progressividade das normas
b) - O carácter planeado das normas;
c) - O carácter complexo das normas de consumo
d) - A continuidade do processo de normação de consumo.
a) – A DINÂMICA E PROGRESSIVIDADE DAS NORMAS
A progressividade das normas de consumo de material é aquela que toma em
consideração o aperfeiçoamento de actividade organizativa e a introdução das
descobertas da ciência e da técnica no processo de produção no período para a qual
se analisa, garantindo a diminuição dos gastos de recursos materiais para a
elaboração de uma unidade de produto acabado com o objectivo a diminuição máxima
possível do seu custo e a elevação da sua qualidade.
A progressividade das normas se alcança na base de análise das condições
produtivas, técnicas e económicas nas quais se conseguem normas económicas de
acordo com a técnica utilizada e a experiência dos trabalhadores e outras empresas.
Um factor importante do carácter progressivo das normas constitui a diminuição das
perdas ou quebras e desperdícios.

61
b) – O CARÁCTER PLANEADO DAS NORMAS
As normas de consumo são instrumentos essenciais para o cálculo das necessidades,
da mobilização de fundos para estas necessidades.
O controlo da utilização dos recursos materiais realiza-se nos limites de um período
planeado determinado. Por esta razão as normas que se utilizam nos diferentes
períodos devem reflectir as condições técnicas - económicas reais ou programadas do
processo produtivo em referência.
c) – O CARÁCTER COMPLEXO DA NORMAÇÂO DE CONSUMO
O carácter complexo da normação de consumo consiste em que ao estabelecer as
normas de consumo se tem em conta não só a sua estrutura, mas também todas as
operações pelas quais passa o material até a fabricação do produto. Só esta forma
pode destacar todas as quebras ou perdas e/ ou desperdícios de materiais no
processo.
A inclusão do economista ou gestor do material dentro da equipa técnica no
estabelecimento dos limites dessas normas serve de testemunho quanto a
possibilidade de conciliação entre o interesse da realização do projecto nas condições
óptimas de economia do material, da gestão e da rentabilidade do mesmo.
d) - CONTINUIDADE DO PROCESSO DA NORMAÇÃO DE CONSUMO
A elaboração das normas é somente uma parte do processo de normação de
consumo. Do qual também constituem partes importantes a introdução das normas
elaboradas, o controle sistemático do cumprimento das mesmas e a actualização das
normas na base da introdução das descobertas da ciência assegurando desta forma o
carácter progressivo das mesmas.
2.15 CONDIÇÕES DE ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DAS NORMAS DE
CONSUMO
Para a elaboração e implantação das normas de consumo material técnica e
economicamente fundamentadas formulam-se as seguintes premissas:
1. Existência das condições organizativas;
2. Registo e controlo do consumo do material
3. Diagrama do fluxo material;
4. Organização de armazéns
5. Existência de meios de medição;
6. Qualificação dos trabalhos.
a) EXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES ORGANIZATIVAS
Para cada produção deve elabora-se a documentação de desenho e da tecnologia
completa, sem a qual resulta a impossibilidade de estabelecer normas progressivas de
consumo material em todo processo tecnológico. A disciplina de Gestão da Produção

62
ajudará os interessados para o aprofundamento das condições organizativas do
processo de produção.
A compreensão do processo tecnológico da empresa produtiva é imprescindível e o
conhecimento das transformações que se operam durante o processo para o material
é fundamental para a garantia da justificação das modificações necessárias a levar a
cabo em cada nível da estrutura da organização.
O economista ou o gestor do material além de sua formação deverá ter a sensibilidade
de interpretar o processo tecnológico que estuda.
b) - REGISTO E CONTROLO DO CONSUMO DO MATERIAL
No processo da elaboração das normas de consumo constitui um factor importante o
registo dos consumos reais de materiais, das perdas ou quebras e dos desperdícios
assim como o controlo do consumo dos mesmos.
c)– DIAGRAMA DE FLUXO DO MATERIAL
O diagrama de fluxo do material espelha o processo de produção e caracteriza o
movimento de cada material, facilitando a análise e as tendências do consumo.
Facilita também a elaboração das perdas e dos desperdícios observados em cada
fase do processo.
d)– ORGANIZAÇÃO DE ARMAZÉNS
A organização interna de armazém constitui uma premissa para a realização
adequada das tarefas de controlo de materiais, as quais à sua vez reflictam as
estatísticas de consumo dos mesmos.
A disposição isto é a arrumação dos materiais no armazém demonstra a capacidade
da administração e da gestão do material, só a boa disposição e uma codificação
eficiente dos materiais no armazém economiza tempo para o controlo e ajuda a
movimentação dos mesmos de acordo com os critérios escolhidos entre FIFO, LIFO e
outros.
e) – EXISTÊNCIA DE MEIOS DE MEDIÇÃO
As premissas técnicas necessárias para a normação correcta do consumo de material
não consistem somente na selecção dos métodos de cálculo adequados, senão
também na existência dos instrumentos requeridos para a realização destes cálculos,
dentre destes instrumentos contamos com os aparelhos de medição.
f) - QUALIFICAÇÃO DOS TRABALHADORES
O pessoal que se dedica as tarefas de normação deve conhecer os fundamentos
metodológicos da normação do consumo de material, os procedimentos a utilizar no
cálculo das normas e outros factores afins solicitando consequentemente a
colaboração dos especialistas e técnicas na manipulação e utilização dos materiais
aqueles que possuem a informação sobre as propriedades dos materiais, a qualidade

63
dos produtos ou serviços prestados, as características dos equipamentos e a
informação completa do processo tecnológico.
Também deverão os quadros que se dedicam a Economia do material dominar as
noções de peso, volume e outros instrumentos quantitativos de determinação de
normas 1.
2.16 METODOLOGIA DE CÁLCULO DAS NORMAS DE CONSUMO
A selecção do método para o cálculo do consumo do material tem uma influência
decisiva não só nos resultados que a organização pretende alcançar na realização
desta tarefa mas também no perfil que a organização apresenta.
As normas de consumo do material devem ser elaboradas segundo uma determinada
ordem, primeira deve ser calculada a norma líquida, depois as quebras ou perdas e os
desperdícios dentro e fora do processo de produção e finalmente calcula-se a norma
bruta.
A elaboração das normas de consumo de acordo com a metodologia estabelecida
realiza-se nas organizações tendo em conta os seguintes factores:
a) – A tecnologia de produção existente ou prevista
b) - O estado técnico dos equipamentos
c) - As condições técnico - organizativas de produção;
d) - As exigências técnicas da produção;
e) - As especificações dos materiais a serem transformados e
f) - A qualificação do pessoal.
2.17 MÉTODOS PRINCIPAIS DE CÁLCULO
Os métodos principais de cálculo das normas de consumo podem classificar-se em
dois grandes grupos tendo em conta o tipo de fundamentação na sua elaboração. São
eles:
a) – As normas técnico-económicas
b) - As normas estatísticas
a)– CÁCULO DAS NORMAS TÉCNICO-ECONÓMICAS
Para o cálculo das normas que se fundamentam em dados técnico-económicos,
existem dois métodos:
1) – Método de cálculo analítico
2) - Método de cálculo experimental
1) – MÉTODO DE CÁLCULO ANALÍTICO

1 O peso específico ou densidade ajuda os economistas e gestores de material na


determinação das normas bruta e líquida, tendo em conta que os matérias aparecem em
volume.

64
Este é o método mais completo para a normação do consumo. Ele baseia-se na
fundamentação teórica do consumo de materiais por unidade do produto acabado,
tendo em conta os desenhos, amostras e outros dados.
Este método exige uma análise detalhada do desenho do produto, das perdas, dos
desperdícios e de todos os demais factores que intervêm no processo de produção.
Neste método inicia-se pelo calculo da norma líquida de consumo, na qual se adiciona
as perdas ou quebras e desperdícios para obter a norma bruta de consumo, sendo
sua expressão geral: Nb = Nn + P + D
Onde:
Nb = norma bruta de consumo
Nn = norma líquida ou neta de consumo
P = Perdas
D = desperdícios
O calculo das normas bruta e liquida aparecem como realidades objectivas, isto é, as
referidas normas representam grandezas reais escalares que se podem medir através
de medidas físicas.
A grandeza mais usual na economia do material é o peso. Pesa-se em primeiro lugar o
produto que representa a norma liquida e depois evidente os materiais a serem
transformados representando a norma bruta. Os materiais que não foram incorporados
no produto representam os desperdícios e perdas.
Mas nem sempre esta interpretação coincide linearmente com a nossa analise de
acontecimentos. No caso de termos um volume e depois um peso. Será necessário
transformar o volume em peso, tendo em conta os princípios elementares a seguir:

Peso = Volume X Densidade


O volume é a grandeza mais conhecida calculada através das formulas regulares –
volumes de revolução – ou formulas irregulares – volumes irregulares ou de três
dimensões irregulares -.
Todas as formas podem resultar utilizando os integrais como instrumentos
matemáticos.
Peso especifico ou a densidade é uma grandeza também calculável por ser escalar,
mas por razões obvias apresentamos os pesos específicos dos corpos sólidos,
líquidos e gases mais usuais nos quadros a seguir:
A aplicação do método de cálculo analítico exige muito trabalho e é muito custoso.
Pode-se dar exemplos sobre o referido método, são o consumo de pinturas por
unidade de superfície coberta, o consumo de combustível por unidade de tempo e
segundo a potência do motor, e tantos outros que na prática provocam custos
onerosos e de longo período de observações em diversos ramos e sectores.

65
Entretanto é método tecnicamente confiável devido mesmo a complexidade do calculo
dos componentes ou dos elementos da formula.
2)– MÉTODO EXPERIMENTAL
O método experimental é aquele que comprova de forma experimental demais
métodos antes de serem implantadas as normas de consumo a todos os níveis.
O método experimental divide-se em :
2.1 - O método experimental de laboratório
2.2 - O método experimental de produção
2.1 )– O MÉTODO EXPERIMENTAL DE LABORATÓRIO
Este método baseia-se na elaboração de normas de consumo sobre a base dos
resultados obtidos em provas e ensaios realizados nos laboratórios. Para a aplicação
deste método, deve se criar no laboratório condições análogas que realmente existem
no processo de produção na realização de cada uma das operações.
As normas de consumo elaboradas a partir deste método devem ser comprovadas de
forma experimental na produção e com dados estatísticos analíticos para serem
implantadas na produção.
2.17.1. O MÉTODO EXPERIMENTAL DE PRODUÇÃO
Este método é utilizado para comprovar, nas condições reais do processo de
produção, as normas de consumo elaboradas a partir do método experimental de
laboratório e o método de cálculo analítico, antes da sua implantação.
Se apresentar desvio entre os métodos teóricos (analítico ou laboratório) e o método
experimental de produção, deve-se repetir o processo para encontrar os erros
cometidos.
Este método fundamenta-se na observação do comportamento do consumo do
material numa prova concorrencial - concurso com estímulo -.
É importante que as condições organizativas que se criam para a realização do
concurso sejam satisfatórias e que os concorrentes se reconheçam nas condições
apresentadas que aparecem como reais e nas quais serão aplicadas as normas
elaboradas.
Durante o desenvolvimento do processo registam-se os consumos reais, as perdas e
os desperdícios comparando-os uma vez no fim do processo com os resultados
teóricos esperados. O estabelecimento definitivo da norma realiza-se sobre a base de
análise e consideração dos resultados teóricos e dos resultados obtidos na prova.
b) – CÁLCULO DAS NORMAS ESTATÍSTICAS
O método de cálculo de normas de consumo baseado na informação estatística de
consumos reais consiste no cálculo dos índices de material à partir da informação

66
disponível dos consumos reais em períodos anteriores e chama-se o MÉTODO
ESTATÍSTICO de lculo de normas de consumo.
Os índices de consumo expressam a relação entre a quantidade de material
consumido e a quantidade de produção da actividade considerada, obtendo desta
forma a quantidade de material consumido por unidade de produto ou actividade
realizada.
O método estatístico de cálculo do consumo por unidade de produto ou actividade
realizada, apresenta a característica de assumir para o período considerado a mesma
efectividade no consumo e recolha. Para evitar essa tendência regista-se todas as
deficiências tecnológicas e organizativas do período base.
Neste método não se realiza uma análise detalhada das perdas e desperdícios bem
como as causas que os motivaram.
Para a aplicação deste método é importante ter em conta a variação da quantidade de
material no processo para que a relação ou o quociente calculado seja real.
2.18 OUTROS MÉTODOS SIMPLIFICADOS
As produções com o sortido dos produtos muito amplos requerem a utilização dos
métodos de normação de consumo simplificado para que se assegure o carácter
progressivo das normas elaboradas.
Estes métodos baseiam-se na selecção de um produto representativo e a elaboração
dos coeficientes de conversão e da utilização do material.
Dentre vários métodos simplificados consideramos três a seguir:
1. Método do produto representativo e os coeficientes de conversão ;
2. Métodos dos coeficientes de utilização de material;
3. Método de analogia tecnológica.
1. MÉTODO DO PRODUTO REPRESENTATIVO E DOS COEFICIENTES DE
CONVERSÃO
Este método é empregue quando a produção contém sortido muito amplo e não é
possível calcular a norma de consumo de cada material contido em cada produto.
Para aplicar este método procede-se da seguinte forma: primeiro selecciona-se dentre
os produtos um produto representativo isto é , um produto tipo para o qual se
calcula a norma de consumo mediante o método de cálculo analítico.
Posteriormente determina-se os factores de conversão calculados utilizando a relação
existente entre o peso do produto cuja norma de consumo se calcula e o peso do
produto representativo isto é seleccionado.
Para a selecção do produto representativo é necessário ter em conta que o mesmo
deve representar materiais homogéneos, e que as quantidades e tipos de materiais

67
necessários para a fabricação do produto representativo deve estar em relação
constante com as quantidades e tipos de materiais necessários para a fabricação de
grupos de produtos do qual este produto é seleccionado, sendo essa relação chamada
de coeficiente de conversão.
A fórmula do coeficiente de conversão vem a seguir:

Pj
Cj = -------
Onde: Pr
Cj representa o coeficiente de conversão
Pj representa o peso do produto j
Pr representa o peso do produto representativo
A correcta selecção do produto representativo dentre os produtos homogéneos e dos
coeficientes de conversão constituem uma condição indispensável para garantir uma
correcta resposta e o carácter progressivo das normas de consumo calculadas.
A norma de consumo para cada produto do grupo de produtos homogéneos é obtida
multiplicando a norma de consumo do produto representativo para cada material do
mesmo para o coeficiente de conversão.
A formula da norma de cada material de um produto escolhido é a seguinte:

Nri * Cj
Nij = -
Onde: Σ Cj

Nij: representa a norma de consumo do material i do produto Seleccionado j


Nri: representa a norma de consumo de material i para o produto
representativo
Cj: representa o coeficiente de conversão do produto j
j : representa o produto seleccionado dentre os produtos homogéneos a
produzir ou em produção para o qual se calcula a norma de consumo.
2. MÉTODOS DOS COEFICIENTES DE UTILIZAÇÃO EM MATERIAL
Este método é empregue nos casos onde a produção tem um sortido muito amplo e
heterogéneo, de forma que não é possível classificar os produtos em grupos e
seleccionar produtos representativos como no caso anterior.
Nestas condições, selecciona-se alguns produtos que se considera com suficiente
representatividade (amostra) relativamente a quantidade e classe dos materiais
heterogéneos, estabelecendo-se as normas de consumo pelo método de cálculo
analítico. Para estes produtos, calcula-se o coeficiente de utilização de material e o
coeficiente de perdas ou quebras e desperdícios.

68
O coeficiente de utilização de material é determinado pela relação entre o consumo
líquido e o consumo bruto, calcula-se da seguinte forma:
Cni
I. C
Onde: ui =
Cui representa o coeficiente de utilização do material i
Cbi representa o consumo bruto do material i no grupo seleccionado
Cni representa o consumo líquido do material i no grupo seleccionado
A formula da norma de cada material de um produto escolhido é a seguinte:

Nri * Cuij
Nij=
Onde: Σ Cuij
Nij: representa a norma de consumo do material i do produto seleccionado j
Nri: representa a norma de consumo de material i para o produto seleccionado
ou representativo
Cuij : representa o coeficiente de utilização do material i do produto j
j : representa o produto seleccionado dentre os produtos heterogéneos a
produzir ou em produção para o qual se calcula a norma de consumo.
3. MÉTODO DE ANALOGIA TECNOLÓGICA
Este método é empregue quando a tecnologia não se faz acompanhar da
documentação tecnológica ou desenho dos equipamentos ou ainda a norma de
consumo do material. Também é utilizado este caso quando não há definição da
capacidade do mesmo. Nestas condições são calculadas as normas de consumo dos
materiais tomando como base as normas elaboradas para outros produtos
representativos de equipamentos análogos independentemente que sejam produzidos
ou não no período programado.
Importa salientar que a selecção dos produtos a partir dos quais se calcula os
coeficientes de proporção e de aproveitamento é de extrema importância porque as
normas de consumo obtidas são empregues fundamentalmente na elaboração dos
planos de consumo do material.
2.18 NORMAÇÃO DA PROVISÃO
Os meios circulantes, classificados como investimentos, as mercadorias e as reservas
materiais constituem a preocupação da formulação conceiptual na base normativa de
provisão.
Assim temos os seguintes conceitos gerais a considerar:
1. A Norma de provisão máxima determina um nível de
recursos materiais imobilizados para garantir a execução das actividades

69
programadas. Esta norma aplica-se geralmente ao principio do ano como
resultados de inventários ou do inicio de uma actividade cíclica.
2. A Norma de provisão mínima é o nível de recursos materiais que é
estabelecido para imobilização permanente no sentido de garantir situações
negativas ou imprevistas de um determinado processo durante os fornecimentos
programados de materiais não executados.
3. A Norma de provisão do consumidor é aquela que se aplica aos
materiais consumidos numa empresa ou num serviço.
4. A Norma de provisão do produtor é aquela que se aplica aos
materiais consumidos no processo de produção numa empresa ou num serviço.
5. A Norma de provisão do distribuidor é aquela que se aplica as
mercadorias enjeitadas no circuito de comercialização ou de distribuição nas
lojas de redes similares.
6. A Norma de tempo da provisão consiste no tempo expressa em dias
que representa o consumo da produção realizado ou a realizar segundo a
quantidade de materiais imobilizados.
7. O Regime de consumo é o comportamento de consumo de um
determinado material num período considerado. O regime de consumo pode ser:
- regular ou constante quando o consumo ocorre sem sobressaltos durante o
período considerado,
- sazonal quando o consumo se regista em determinados períodos do tempo
considerado com interrupções. Também neste grupo que incluímos o regime
cíclico, isto é, o consumo que se regista numa época do ano, determinado por
factores técnicos , da natureza ou de outro índole.
- irregular quando o consumo não é estável e ocorre espontaneamente durante o
período considerado.
8. A Recepção constitui a quantidade parcial ou total de materiais que recebe o
consumidor ou o distribuidor de um fornecimento ou encomenda.
9. A Recepção media é quantidade média entre a quantidade total
recebida pelo consumidor ou o distribuidor num período de tempo considerado
tendo em conta o numero de recepções efectuadas.
10. Os Meios circulantes consiste num conjunto de objectos de trabalho
necessários para o processo de produção, excepto, aqueles classificados como
investimentos ∗. Os meios circulantes caracterizam-se pela transferência absoluta


Os meios circulantes considerados como investimentos são os inventários que transitam para o ano
subsequente ou materiais a serem transformados no inicio da actividade de produção.

70
do seu valor aos serviços prestados ou aos produtos durante o processo
produtivo.
11. As Mercadorias são os materiais enjeitados no circuito comercial para
atender as famílias para o seu consumo domestico. Neste grupo de materiais –
as mercadorias- que podemos enquadrar as matérias-primas, peças de
reposição, sobressalentes, combustíveis, embalagens, ferramentas, meios de
trabalho de pouco valor ou de rápido desgaste.
2.18.2 CALCÚLO DAS NORMAS DE PROVISÃO
Os conceitos gerais que foram introduzidos duma forma geral nos leva a compreender
a magnitude das quantidades, como grandezas físicas, químicas e micro-
bacteriologicas cujas transformações e fluxos consistirão como elementos
fundamentais a ter em conta nas mudanças de estado.
Assim constituem conceitos fundamentais para o cálculo da norma de provisão os
seguintes:
1) O tempo de preparação (t)
O tempo de preparação (t) constitui o numero de dias necessários para realizar as
tarefas preliminares para qualquer processo material - a produção ou a
comercialização -. Essas tarefas podem ser descarga, classificação, certificação do
material, operações de acabamento, serviços de entrega, serviços de
desalfandegamento e despachos e mais outras.
De principio o tempo de preparação não deve ultrapassar três dias. Quando isso
acontecer deve ser considerado como tempo de transito ou outro tempo qualquer.

t ≤ 3dias
A margem de segurança (s)
A margem de segurança (s) constitui o numero de dias necessários para garantir o
consumo, evitando desvios nas quantidades fornecidas devido ao incumprimento de
prazos de fornecimento causados por qualquer situação não controlável ou situação
de força maior.
O cálculo da margem de segurança efectua-se mediante a seguinte formula:

s = k . máx. desvio
s = 0,5 . máx. desvio
2) O consumo médio diário (Cm)
O consumo médio diário (Cm) representa a quantidade de unidades de materiais
consumida por média, calculado a partir do consumo total programado , considerando
um determinado período, por exemplo o ano económico.
O cálculo do consumo médio diário efectua-se mediante a seguinte formula:
C Consumo anual
Cm =  = 
360 360 dias
71
3) O ciclo de fornecimento (Cf)
O ciclo de fornecimento (Cf) consiste no intervalo de recepção em dias que se utiliza
no cálculo das normas de provisão dos agentes económicos do material.
O ciclo de fornecimento médio (Cfm) consiste no intervalo de recepção médio em dias
que se utiliza no cálculo das normas de provisão dos agentes económicos do material.
O ciclo de fornecimento médio (Cfm) calcula-se mediante a seguinte formula:

Qfm Quantid. fornecida média


Cfm =  = 
Cm Consumo médio diário
4) O ciclo de entrega (Ce)
O ciclo de entrega (Ce) é o intervalo de entrega em dias que se utiliza no cálculo das
normas de provisão na área comercial.
O ciclo de entrega médio (Cem) é o intervalo de entrega médio em dias que se utiliza
no cálculo das normas de provisão na área comercial.
O ciclo de fornecimento médio (Cem) calcula-se mediante a seguinte formula:

Qfm Quantid. fornecida média


Cem =  = ---------
Vm Venda média diária
5) A taxa de reaprovisionamento (r )
A taxa de reaprovisionamento (r) representa a quantidade de unidades de materiais
por unidade de tempo considerando, que o fornecedor envia ao armazém do
consumidor.
Esta taxa pode considerar-se infinita ou indeterminada, se as quantidades
correspondentes ao consumo programado do período que abarca o ciclo de
reaprovisionamento ou ciclo de fornecimento se resumir a uma só recepção.
A taxa considera-se determinada se houver várias recepções das quantidades
correspondentes ao consumo programado do período que abarca o ciclo de
fornecimento ou de reaprovisionamento.
Isto pode ser representado da seguinte forma:

a) r = indeterminada ⇒ Cf = 1 recepção
b) r = determinada ⇒ Cf = n. recepções

6) O tempo de reaprovisionamento (tr)


O tempo de reaprovisionamento é o tempo compreendido entre a primeira e a última
entrega ou recepção, ou ainda representa a quantidade de recepção. Quando a taxa

72
r = indeterminada ⇒ Cf = 1 recepção
de reaprovisionamento ou de fornecimento é determinada, o seu tempo de
reaprovisionamento será igual a zero.

7) O prazo do pedido ou encomenda (p)


O prazo de pedido ou da encomenda (p) representa o intervalo de tempo
compreendido entre a realização do pedido de reaprovisionamento e a recepção dos
materiais no armazém do recebedor.
Isto quer dizer que o prazo do pedido ou de encomenda compreende o tempo de
fornecimento (tf) acrescido do tempo de preparação (t)
O prazo de pedido ou da encomenda (p) calcula-se mediante a seguinte formula:

P = tf + t
8) O prazo de fornecimento (pf)
O prazo de fornecimento (pf) 1 é o tempo suficiente de satisfação de um pedido ou de
uma encomenda.
O cálculo do prazo de fornecimento (pf) efectua-se mediante a seguinte formula:

pf = tf + tt
Onde:
pf : prazo de fornecimento
tf: tempo de execução da encomenda ou da fabricação
tt : tempo de transito ou de transportação
9) O esgotamento ou a ruptura
O esgotamento ou a ruptura da provisão é a situação que se apresenta quando o
armazém recebe uma solicitação de materiais mas não pode a satisfazer por não ter
existência.
Pode ocorrer os seguintes casos:
a) Aumento do consumo médio,
b) Incumprimento dos prazos de fornecimento ou reaprovisionamento.
10) A provisão de segurança (Ps)
A provisão de segurança (Ps), expressa em unidades físicas, garante o consumo no
caso de desvios nas quantidades fornecidas ou incumprimento de prazos de
fornecimento tendo em conta os casos previstos ou imprevistos.
A provisão de segurança (Ps) calcula-se mediante a seguinte formula:

Ps = Cm . s
Onde:

1
O prazo de fornecimento (pf) pode ser equiparado ao tempo de entrega (te), veja o capitulo da
Distribuição e os seus custos.

73
Ps : Provisão de segurança
Cm : Consumo médio diário
s : margem de segurança
11) A provisão real (Pr)
A provisão real (Pr) representa as quantidades de materiais – existências - que se
encontram no armazém nos pertencem.
12) A provisão disponível (Pd)
A provisão disponível (Pd) é constituída pelas existências que se encontram no
armazém que podemos utilizadas para atender situações de qualquer processo com
vista satisfazer requisições ou encomendas que possam surgir por qualquer razão
independentemente da propriedade.
A provisão disponível (Pd) calcula - se mediante a seguinte formula:

Pd = Pr + Po
Onde:
Pd : Provisão disponível
Pr : Provisão real
Po : Provisão de outros, isto é existências alheias.
13) A provisão potencial (Pp)
A provisão potencial (Pp) representa a provisão disponível mais os materiais em
trânsito, isto é, a provisão em trânsito (Pt) compostos de materiais encomendados
cuja contratação se considera concluída ou ainda provisão paga.
A provisão potencial (Pp) calcula-se mediante a seguinte formula:

Pp = Pd + Pt
Onde:
Pp : Provisão potencial
Pd : Provisão disponível
Pt : Provisão em trânsito
2.18.3 ELEMENTOS DA NORMAÇÃO DE PROVISÃO
Os elementos fundamentais que influem na normação de provisão são seguintes:
• Necessidade de materiais;
• Continuidade de actividade;
• Ciclo de reaprovisionamento;
• Localização geográfica da organização;
• Comercialização das mercadorias;
• Sortido dos materiais;
• O tempo de preparação;

74
• Prazo de entrega.
Cada um desses elementos participa duma forma intensa e define o comportamento
de todo o processo caso não haja uma sensibilidade da parte do utilizador de cada um
desses elementos. Dever-se–á ter em atenção o seguinte em cada elemento:
1. Necessidade de materiais;
O volume das necessidades depende do consumo diário para o produtor, enquanto
que ao comerciante será a venda diária como base da norma de provisão.
Estas normas de provisão têm a haver no processo de determinação técnica, a analise
histórica da determinação do volume das necessidades bem como a regulação dos
desvios destas.
2. Continuidade de actividade;
A continuidade da actividade da normação de provisão depende do regime e previsão
de cada processo da função económica do material que pode ser regular, sazonal ou
irregular.
3. Ciclo de reaprovisionamento;
O ciclo de reaprovisionamento de materiais influi na normação de provisão na medida
em que este regula as quantidades fornecidas de materiais e determina a intensidade
de entrega bem como define a rotatividade de mercadorias e ou as vendas.
4. Localização geográfica da organização;
A localização de fornecedores e de consumidores condiciona a movimentação e o
reaprovisionamento de materiais. Também influi na normação de provisão das
capacidades de meios de transportes, a distância, os volumes a recepcionar.
5. Comercialização das mercadorias;
A vinculação entre consumidores e fornecedores pode ser feita através da rede
comercial ou de outras redes complementares.
6. Sortido dos materiais;
O sortido de cada material em analise determina o método de normação de provisão a
utilizar, dentre os que conhecemos.
7. O tempo de preparação;
O tempo de preparação constitui um elemento de grande significado na determinação
da norma de consumo ou o Lote económico e não só, bem como de outros
indicadores. O tempo de preparação não deve ultrapassar 3 dias. Caso isso aconteça
não deve ser como tal consideramos sim outro tipo de tempo onde pode ser
enquadrado, talvez, tempo em trânsito, tempo de acabamento, tempo de
transportação ou outra qualquer.
8. Prazo de entrega.

75
A indicação do prazo de entrega nos contratos permite comparar as datas combinadas
e as datas de execução das obrigações com vista determinar o grau de incumprimento
no sentido de cobrar indemnizações fundamentalmente no inicio e no final dos
exercícios.
A situação do prazo de entrega é realmente considerada sensível devido ao seu peso
na determinação das normas de provisão e exige maior rigor e profundidade na
analise.
.
2.18.2 LOTE ECONOMICO
O lote económico constitui a variável importante da minimização dos Custos totais de
Aprovisionamento, alias patente na discussão da referido calculo de custos. É ainda
importante porquanto os clássicos da Economia de material sempre o utilizaram no
desenvolvimentos das fórmulas estáticas do custo total. Desenvolveram os elementos
da formação do preço, a elasticidade das quantidades e os custos marginais de
compras de materiais o que nos leva a determinação da quantidade económica
pelos custos mínimos representada por Qo.
O conceito da “Quantidade económica Qo” foi desenvolvida pelo CAMP em 1922 e
era conhecido na altura como “ Lote económico de compras” partindo de princípios
matemáticos da Lei de KELVIN, Engenharia eléctrica, e mais tarde desenvolvida nas
formas hoje conhecidas pelos ANDLER e WILSON.
Os dois últimos abordam a questão sob pontos de vista diferentes para atingir o
mesmo objectivo que a determinação do Lote económico, isto é, a quantidade óptima
a imobilizar das necessidades do Aprovisionamento, ou seja a Norma de provisão.
2.18.3 LOTE ECONOMICO DE ANDLER
A fórmula de ANDLER constitui uma versão da fórmula do Custo total de
Aprovisionamento, onde a Taxa de Armazenamento e o preço unitário apresentam
uma peculiaridade tendo em conta a respectiva estrutura e formação.
ANDLER apresenta a seguir a fórmula de Lote económico da seguinte forma :

200. C. E
Qo = √ 
Onde : P. I.
Qo : Quantidade óptima de Aprovisionamento ou Lote económico;
C : Consumo do período em analise;
P : Preço unitário de compra;
E : Custo médio de pedido ou encomenda;

I : Taxa de Armazenamento em percentagem.

76
A taxa de Armazenamento aqui representa a Taxa do Custo de Armazenamento,
componente do Custo Total de Aprovisionamento.
2.18.3 LOTE ECONOMICO DE WILSON
A fórmula de WILSON constitui uma versão da fórmula do Custo total de
Aprovisionamento, onde o Custo de Armazenamento por peça e por período em
analise (Ca) joga um papel determinante.
ANDLER apresenta a seguir a fórmula de Lote económico da seguinte forma :

2. C. E.
Qo = √ 
Onde : Ca

Qo : Quantidade óptima de Aprovisionamento ou Lote económico;


C : Consumo do período em analise;
E : Custo médio de pedido ou encomenda;
Ca : Custo de Armazenamento por peça e por período em analise.
Assim podemos concluir de que o Custo de Armazenamento pode ser indicado de
duas maneira em percentual (P.I) pelo facto do indicador da taxa de
Aprovisionamento I e em valor unitário Ca .
2.18.4 ORÇAMENTO
O orçamento das necessidades ou do Lote económico a imobilizar na organização
constitui a expressão monetário ou o Fundo a constituir que representará o orçamento
(O). Este fundo consiste nos Fundos próprios (Fp) e os Fundos alheios (Fa), estes
últimos a mobilizar através da consignação estatal ou empréstimos em instituições
financeiras
De forma estática, o fundo de recursos monetário a imobilizar das necessidades e Lote
económico dos materiais na organização tendo em conta as origens de recursos
monetários é determinado pela seguinte fórmula:

Nt = Fp + Fa
Isto é por um lado as necessidades materiais apresentam o orçamento e por outro
lado somente o fundo alheio uma vez o fundo próprio cobre uma parte das
necessidades.
O= Fp + Fa
Mas
O = Nt - Fp
O = Fa

Também
Nt = Σ Ni
Nt = Σ Qi * Pi
Onde:
Nt : Necessidades totais de materiais em valor;

77
Ni : Necessidade do material i em valor;
Qi : Quantidade do material i para a execução do determinado processo de p;
O : Orçamento ou Fundo a constituir;
Fp : Fundos próprios;
Fa : Fundos alheios.
Entretanto o orçamento representando a magnitude de (Fa) como capital alheio, torna-
se imperioso determinar o Fundo em causa que será igual à :

Fa = O − Fp
Onde:

O = Σ Fi ∗ Pi
Onde:
O : Orçamento ou Fundo a constituir;
Fi : Fundo do material i para a execução do processo de p ;
Pi : Preço unitário do material i.
n : numero de material i de 1 até n para a execução do processo de p:
2.18.4 RESERVAS
As reservas constituem bens e utilidades imobilizadas para atender situações
imprevisíveis e índole incontrolável para garantir a continuidade do ciclo material
global e da vida da sociedade. A reserva constitui um conceito global, isto é, das
instituições, o equivalente da Provisão mínima em organizações.
As reservas classificam-se segundo a natureza e segundo o destino.
2.18.4.1 NATUREZA DAS RESERVAS
Segundo a natureza, as reservas subdividem-se ainda em dois grupos que são:
• as reservas absolutas e
• as reservas relativas.
2.18.4.2 RESERVAS ABSOLUTAS
As reservas absolutas são os materiais imobilizados, para atender situações
imprevisíveis e índole incontrolável, constituídas em unidades físicas por exemplo
materiais em toneladas, metros lineares, metros quadrados, metros cúbicos, etc...
As reservas absolutas representam a expressão de riqueza material e apresenta uma
expressão de organização de serviços e de sensibilidade.
2.18.4.3 RESERVAS RELATIVAS
As reservas relativas são os materiais imobilizados, para atender situações
imprevisíveis e índole incontrolável, constituídas em unidades de tempo de cobertura,
ciclo de fornecimentos, por exemplo materiais em dias, meses, anos de cobertura ou .
As reservas relativas representam a expressão de riqueza material em termo temporal
e apresenta a conversão da expressão de organização de serviços e de sensibilidade.

78
2.18.5 DESTINO DAS RESERVAS
Segundo o destino, as reservas subdividem-se ainda em vários grupos que são:
• as reservas comerciais
• as reservas para produção;
• as reservas de materiais acabados;
• as reservas do Estado.
2.18.5.1 RESERVAS COMERCIAIS
Todos materiais com destino a rede comercial para o consumo final constituem
reservas comerciais, isto deve contemplar todas categorias de mercadorias em
estoque para fins estratégicos.
De uma forma quantitativa as reservas comerciais são contabilizadas partindo das
Provisões de segurança declaradas das organizações fundamentalmente absolutas,
porque o Estado e não só pode mobilizar as mesmas em qualquer altura após
negociação..
2.18.5..2 RESERVAS PARA PRODUÇÃO
Todos materiais com destino ao sector de transformação para o consumo intermédio
constituem reservas para produção, isto deve contemplar todas categorias de
materiais a serem transformados em estoque ou imobilizados para esses fins
estratégicos.
De uma forma quantitativa as reservas para produção são contabilizadas partindo das
Provisões de segurança declaradas das organizações produtivas ou transformadoras
fundamentalmente absolutas em organizações autorizadas pelo estado, porque o
Estado e não só pode mobilizar as mesmas em qualquer altura após negociação.
De acordo com os incentivos fiscais em vigor no ordenamento jurídico angolano estas
reservas são isentas de qualquer imposto ou outros direitos fiscais.
2.18.5.3 RESERVAS MATERIAIS ACABADOS
Todos materiais com destino ao sector de transformação para o consumo intermédio,
nomeadamente compostos de existências de quantidades de peças semi – fabricadas
ou “Kits” ou materiais capaz de serem considerados como produtos constituem
reservas para produção, isto deve contemplar todas as categorias de materiais a em
transformação em estoque ou imobilizados para esses fins estratégicos.
2.18.5.4 RESERVAS DO ESTADO
Todos materiais reservado pelo Estado com destino a Sociedade como consumo final
para assegurar as necessidades da Economia Nacional e a Sociedade em
circunstâncias imprevistas, como calamidades naturais – inundações, epidemias,
incêndios, intervenção militar e outras - constituem reservas do Estado, isto deve
contemplar todas categorias de mercadorias em estoque para fins estratégicos.

79
De uma forma quantitativa as reservas do Estado são contabilizadas no Orçamento
Geral do Estado e aprovado em Sessão Plenária do Organismo Legislativa Máximo do
Estado.
O Organismo Legislativa Máximo do Estado indica a instituição ou organismo do
Governo que deve gerir as reservas do estado. Em muitos países as reservas do
estado estão sob a responsabilidade do Ministério da Economia e Finanças, mas
executadas somente com autorização do Organismo Legislativa Máximo do Estado ou
do Governo dependendo da legislação na matéria.
2.18.6 CONTRATO
O contrato é o substrato jurídico que o instrumento orgânico especializado utiliza
através da negociação para atingir os seus objectivos estratégicos de compras de
materiais. Ele é um documento jurídico e económico com carácter coercivo que vincula
o fornecedor e o consumidor, entre o distribuidor e o comerciante e entre o
comerciante e o cliente. Ele estabelece os princípios e os acordos na base do
cumprimento das exigências das partes. Também constitui a base da organização e
da divisão do trabalho.
Existem distintos tipos de contratos para o Aprovisionamento com maior realce os
seguintes:
• O contrato de fornecimento;
• O contrato de compra e/ou de venda;
• O contrato de consumo.
Os requisitos a observar na elaboração de contratos de Aprovisionamento são os
seguintes:
1. A designação exacta do material;
2. O objecto do contrato;
3. A quantidade definida em unidade de medida física;
4. A qualidade definindo as características técnicas do material (marca,
condições técnicas estandartes, desenhos, e documentação técnica)
5. A definição das especificações e exigências de entrega;
6. O prazo do contrato;
7. Os prazos de fornecimento e o ciclo de fornecimento médio;
8. Os preços unitários dos materiais e o valor global do contrato;
9. A ordem e condições de pagamento;
10. As compensações, prémios e multas a cobrar caso haja necessidade para o
mesmo tendo em conta as obrigações;
11. As exigências relacionados com a embalagem;
12. Outras condições que as partes consideram pertinentes inserir no contrato.

80
As sanções a estabelecer no caso de violação das obrigações são as seguintes:
Para o fornecedor:
• Não fornecimento do volume ou quantidade acordada;
• Atraso no fornecimento;
• Fornecimento com qualidade fora das características acordadas;
• Outras irregularidades especificadas no contrato ou carta de reclamação.
Para o consumidor:
• Pagamento atrasado das contas ao fornecedor
• Não apresentação a tempo das especificações dos materiais;
• Não recolha a tempo dos materiais nos armazéns do fornecedor;
• Responsabilização de frete ao fornecedor indevidamente;
• Recusa infundada de aceitação de pedido de pagamento.
Qualquer violação deve ser notificada através de uma carta de reclamação. Evitar
sempre que seja feita verbalmente mesmo para os casos considerados como de
parceiros seguros e confiantes. Não esqueça que os homens passam mas as escritas
permanecem.
No processo de negociação, a habilidade técnica tem merecido mais atenção do que a
interpessoal, embora elas tenham peso igual no sucesso da negociação. De nada
adiantará seguir correctamente as etapas que compõem o processo de negociação, se
o negociador não tiver identificado o seu próprio estilo e o do outro, e não souber criar
um clima de boa vontade e confiança mútua
.

TEMA IV. QUALIDADE

3.1. CONCEITOS DE QUALIDADE

Existem diversas definições para o termo qualidade, o que torna impossível ter-se uma
postura em definitivo para a ideia do que seja realmente qualidade. O certo é que a
mesma chegou para ficar, seja no trabalho, em casa, na produção de bens ou na
prestação de serviços. Enfim, em qualquer actividade humana, a qualidade tornou-se
consenso. Aqui, a ênfase será dada não só para a qualidade do produto, mas de
forma idêntica para a qualidade da prestação de serviço. Segue comentários do que
seja realmente qualidade do produto, posteriormente, a ênfase será dada para a
qualidade da prestação de serviço. Antes,

81
porém, de serem feitas as considerações anteriores, será feito um breve retrospecto
das principais etapas do movimento da qualidade, tudo isso dentro da visão de David
Garden[1]. De acordo com esse autor, a qualidade num primeiro momento, era vista
fundamentalmente sob a óptica da inspecção, na qual, através de instrumentos de
medição, tentava-se alcançar a uniformidade do produto; posteriormente, buscava-se
através de instrumentos e técnicas estatísticas conseguir um controle estatístico da
qualidade; a terceira etapa do movimento da qualidade está mais preocupada com a
sua própria garantia. Para isso, coordena de forma tal toda o processo produtivo
desde o projeto do produto até a sua chegada ao mercado consumidor; finalmente, a
ênfase volta-se para o gerenciamento estratégico da qualidade, no qual a
preocupação maior é poder concorrer num determinado mercado, buscando-se não só
satisfazer as necessidades do consumidor, mas também a do próprio mercado. A
metodologia que vai dar sustentação a essa nova mentalidade baseia-se no
planeamento estratégico, no qual sob a liderança da direcção, todos na empresa
passam a ter a oportunidade de serem também agentes da qualidade.
Partindo do que dizem Philip Kotler & Gary Armstrong,[2] o nível de qualidade que se
deseja alcançar num determinado produto necessita estar em consonância com o
mercado-alvo que se quer atingir. Para os referidos autores, qualidade do produto
significa que o mesmo seja capaz de mostrar um alto desempenho, através de alguns
critérios, tais como: durabilidade, confiabilidade, precisão, facilidade de operação e
reparos, dentre outros. Afirmam que a qualidade precisa ser medida do ponto de vista
do consumidor, enfatizando que melhoria da qualidade está além de uma simples
redução de defeitos: significa, pois, satisfazer os desejos e necessidades dos clientes
melhor que os concorrentes. Expõem ainda que é de fundamental importância que o
nível de qualidade seja percebido pelos consumidores, seja através de sua aparência
ou de outros elementos do mix de marketing. Falconi[3] sintetiza o conceito de
qualidade nos seguintes termos: “um produto ou serviço de qualidade é aquele que
atende perfeitamente, de forma confiáveis, de forma acessível, de forma segura e no
tempo certo às necessidades do cliente”. Isso significa para o mesmo: um projecto
perfeito; sem defeitos; baixo custo; segurança do cliente, entrega no prazo certo, no
local certo e na quantidade certa. Levando-se em consideração o conceito de produto
total, visto anteriormente, é imprescindível que a qualidade seja apreendida tanto de
um ponto de vista interno como externo. Dessa forma, faz-se a seguir uma rápida
explanação sobre a qualidade interna e externa. Qualidade Interna - na obtenção da
qualidade interna faz-se necessário cumprir algumas etapas, quais sejam: determinar,
com a maior precisão possível, quais são as necessidades, desejos e expectativas dos
consumidores; converter essas características em especificações do desenho;

82
adequar os processos de produção para cumprir com precisão essas especificações e
finalmente estabelecer normas ou parâmetros de qualidade que permitam controlar a
produção no sentido de que a mesma se ajuste a essas especificações e evitem que
se comercializem produtos que não cumpram com essas normas.
Qualidade Externa - pode ser definida como a forma pela qual se realiza a prestação
do serviço. Significa identificar as características que possui o produto quando da
entrega ao cliente.
Essas características podem ser melhor visualizadas quando leva-se em consideração
as dez dimensões da qualidade externa. São elas: aspectos físicos (aparência de
instalações, pessoal, equipes, disposição dos materiais); confiabilidade (habilidade
para realizar o serviço prometido de forma confiáveis e de acordo com as normas
técnicas do sector); capacidade de resposta (disposição para ajudar o cliente e
oferecer um serviço rápido e a tempo); profissionalismo (posição demonstrada dos
conhecimentos e habilidades que permitem realizar o serviço com eficácia); cortesia
(respeito, consideração e sentido de simpatia e amizade que se demonstra aos
clientes); credibilidade (confiança, fé, honestidade que a empresa projecta no seu
pessoal e nos serviços que presta); seguridade (ausência de danos, riscos,
incertezas); acessibilidade (disponibilidade e facilidade de contrato com a empresa e
seus directores); comunicações (capacidade para manter os clientes informados em
uma linguagem que podem entender e tenham disposição para lhes escutar);
compreensão do usuário (esforços que se realizam para conhecer, com a maior
amplitude possível, as necessidades, desejos e expectativas dos usuários). Enfim,
para que uma empresa ofereça um produto ou serviço de alta qualidade é de
fundamental importância que faça parte de sua filosofia de Marketing a adopção
do conceito de qualidade interna e externa. Só, dessa forma, terá êxito a longo
prazo. Pelo exposto, percebe-se que o conceito de qualidade, sob essa perspectiva,
mostra quão importante é entender que a empresa precisa ter esse enfoque mais
amplo, ou seja, visão interna (preocupada com a qualidade do produto) e visão
externa (mais preocupada com a prestação do serviço ao cliente), caso queira inserir-
se nas novas tendências do mercado e, com isso, alcançar sobrevivência com o
passar do tempo. Uma vez que o sector de serviços tem crescido bastante nos últimos
tempos, representando, pois, uma nova tendência para o Marketing, faz-se necessário
tecer algumas considerações sobre as teorias do marketing nas quais se enquadra
essa nova abordagem. De acordo com o livro, “Las tres dimensionnes del
marketing de servicios”, essa nova postura insere-se em três dimensões através das
quais o marketing pode ser expresso, quais sejam: marketing tradicional, marketing
interactivo e marketing interno. Dentro da óptica dessa colecção, pretende-se aclarar

83
melhor qual o significado de cada uma delas, consequentemente como a empresa
pode empregá-las para uma gestão efectiva do mix de marketing.

3.2 GETAO DA QUALIDADE

A gestão da qualidade total consiste numa estratégia de administração orientada a criar


consciência de qualidade em todos os processos da empresa. O TQM (Total Quality
Management) tem sido amplamente utilizado em indústria, educação, governo e serviços.
Chama-se total porque o seu objectivo é a implicação não só da empresa inteira mais
também a organização estendida: fornecedores, distribuidores e demais parceiros de
negócios. Oé composta de estágios tais como: planeamento, Organização controle,
liderança. Tanto qualidade quanto manutenção são qualificadas de total porque cada
empregado que participa é directamente responsável pela realização dos objectivos da
empresa. Toyota (Japão) foi primeira a empregar o TQM. No TQM os funcionários
possuem uma maior gama de qualificações. Então a comunicação organizacional (em
todos os níveis) torna-se uma peça chave da estrutura da empresa.
Actualmente a gestão da qualidade está sendo uma das maiores preocupações das
empresas, sejam elas voltadas para a qualidade de produtos ou de serviços. A
consciencialização para a qualidade e o reconhecimento de sua importância, tornou a
certificação de sistemas de gestão da qualidade indispensável para as micro e pequenas
empresas de todo o mundo.
A certificação da qualidade além de aumentar a satisfação e a confiança dos clientes,
reduzir custos internos, aumentar a produtividade, melhorar a imagem e os processos
continuamente, possibilita ainda fácil acesso a novos mercados. Esta certificação permite
avaliar as conformidades determinadas pela organização através de processos internos,
garantindo ao cliente um produto ou serviço concebido conforme padrões, procedimentos
e normas.
Entre modelos existentes de sistema da qualidade, destacam-se as normas da série ISO
9000. Estas se aplicam a qualquer negócio, independentemente do seu tipo ou dimensão.
As normas desta série possuem requisitos fundamentais para a obtenção da qualidade dos
processos empresariais. A verificação dos mesmos através de auditorias externas garante
a continuidade e a melhoria do sistema de gestão da qualidade.
Os requisitos exigidos pela norma ISO 9000 auxiliam numa maior capacitação dos
colaboradores, melhoria dos processos internos, monitoramento do ambiente de trabalho,
verificação da satisfação dos clientes, colaboradores, fornecedores e entre outros pontos,
que proporcionam maior organização e produtividade que podem ser identificados
facilmente pelos clientes.
As pessoas e as empresas que buscam qualidade devem criar uma mentalidade positiva
de mudança. Qualquer melhoria, pequena ou grande é bem-vinda. Toda inovação deve ser
conhecida, testada e se possível aplicada.
Uma organização que se propõe a implementar uma política de gestão voltada para a

84
"qualidade" tem consciência de que a sua trajectória deve ser reavaliada. As mesmas
precisam pôr em prática actividades que visam estabelecer e manter um ambiente no qual
as pessoas, trabalhando em equipe, consigam um desempenho eficaz na busca das metas
e missões da organização.

3.3 INSPECÇÃO E CONTROLO DE QUALIDADE


É necessário o gestor preocupar-se com a inspecção e controlo de qualidade,
conhecido internacionalmente nos últimos dias como TQM (Total quality
management), ou seja, todas funções auxiliares, elas influenciam o aumento ou a
diminuição da rentabilidade porque tratam-se de custos.
Philip CROSBY dizia que muitas organizações não sabem quanto gastam em
qualidade, seja para consertarem o que fazem errado ou para fazerem certo. Afirmou
que as organizações que calculam os seus custos dizem que estes representam 30 %
do valor das Vendas e outro autor Joseph JURAN estimou em os custos de controlo
de produção representam, em média, do valor das Vendas e FEIGENBAUM sugere a
ideia de uma - fábrica escondida – em todas organizações que usam um decimo de
sua capacidade produtiva sem tirar disso qualquer benefício.
Edward DEMING, pai do controlo de qualidade no Japão, considera que a qualidade é
uma actividade estratégica e enfatiza o uso de métodos estatísticos de controlo,
participação, educação e melhoria objectiva.
Existem dois tipos de controlo de qualidade que são: controlo de qualidade técnica e o
controlo físico-químico ou contro técnico.
O Controlo de Qualidade Técnica é efectuado nos laboratórios para identificação
das especificidades químicas e físicas ou outros requisitos preestabelecidos.
Para Hugel e Baranger quando se fala em qualidade, é necessário saber se são
satisfeitas ou não as exigências dos clientes. Não os aspectos ligados as
especificidades dos produtos que os clientes desejam, mas também outros aspectos
ligados a qualidade, como o preço e a composição química e física.
O Controlo Físico - Químico ou Controlo Técnico deve ser feito em todas as fases
do processo produtivo. Para a sua efectivação, deve-se considerar os seguintes
aspectos:
 O controlo físico e químico das entradas;
 A qualidade e controlo do pessoal, ISHIKAWA defende que “ deve haver uma
formação consequente do pessoal do controlo de qualidade, e este pessoal
deve ter auto – controlo “;
 Deve existir um controlo directo dos equipamentos seguindo as normas
técnicas;

85
 Verificar se o produto satisfaz as exigências dos clientes.
Para a implantação do controlo de qualidade técnica é necessário tomar em
consideração:
 A vontade e empenho da direcção da empresa;
 A formação apropriada do pessoal, de forma continua e recicláveis;
 A participação de todos através da implantação do Círculo de Qualidade de
Produção (são as reuniões operativas de controlo);
 Existência de um sistema de gestão de qualidade técnica, ligado à gestão
sistemática da relação causa – efeito;
 A implantação de acções correctivas e a obtenção de informação;
 Utilização de instrumentos do controlo (qualitativos e ilustrativos).
Resumindo, podemos então dizer que o controlo da produção só pode dar aquilo que
nós esperamos dele, se efectivamente existir todos os instrumentos de controlo de
qualidade como também o controlo administrativo.
A importância do controlo da produção resume-se portanto no facto de servir de base
para a elaboração do relatório de produção.
A ISO tem uma definição relativamente a qualidade , do produto como do serviço. A
ISO define qualidade como sendo a aptidão de uma entidade (resultado produto ou
serviço) para satisfazer uma utilidade expressa ou potenciais interesses ou desejos
dos seus utilizadores.
Para se conseguir esse objectivo é necessário que haja para a organização uma
estratégia de qualidade, sistema de qualidade, metodologia de qualidade e
instrumentos de qualidade.
Estratégia é a expressão clara do objectivo que se pretende.
Sistema de qualidade, representa aqui a estrutura que permite suportar os
procedimentos de qualidade (fundamentalmente a definição do produto, a sua
adaptação na implantação).
Metodologia: os métodos a utilizar em termos de qualidade, na sua estruturação e no
controlo de qualidade, são os métodos estatísticos de previsão (estruturação) e os
métodos estatísticos de analise de qualidade (controlo).
Como instrumento é necessário que haja uma normação e normalização do produto.
Normação constitui os limites quanto ao consumo na produção, serve de método
estatístico de normação para o consumo produtivo. Para os consumidores finais, são
as normas de uso e consumo final conhecido como normalização. Esse conjunto de
normas servem de instrumento de estruturação e de controlo.
As normas nacionais não devem fugir das normas internacionais de estruturação e
controlo de qualidade.

86
A normalização também não deve fugir a normalização internacional, quanto aos
produtos é necessário haver especificidades nacionais e locais.
O controlo de qualidade faz-se de duas formas:
• Controlo técnico;
• Controlo administrativo.
Controlo técnico: tem a ver com o controlo físico, químico, bacteriológico e/ou
microbiológico -para evitar mal a saúde dos consumidores- e testes de falência 1 feitos
pelos engenheiros químicos, eletromecânicos, etc., faz-se nos laboratórios, utilizando
os métodos de amostragem. É obrigatório a rotulagem 2 dos produtos para assumir
todos elementos quantitativos laboratoriais de constituição do produto, a normalização
e sobretudo a garantia e o prazo de validade, isto é a data de produção e a data de
expiração do produto ou do fim da utilidade.
Controlo administrativo: é um controlo de acompanhamento da produção, que tem a
ver com o controlo de qualidade tendo em conta os aspectos subjectivos de
satisfação. Aqui os dados estatísticos são fundamentais, faz-se a confrontação entre o
previsional (estrutural) e o real (em termos de produção e do produto). O objectivo é
apurar os desvios e tentar corrigi-los, também se acompanha as reclamações
(marketing).
Existem organismos internos sobre qualidade e órgãos a nível dos países. Esses
órgãos têm por missão a inspecção, são eles que detectam os desvios porque a
unidade produtiva encobre os desvios. Esse órgão tem competência de punir quando
existem desvios de ética, sanidade, etc..
Relativamente a normalização temos o ISO 9001, que define as principais normas de
concessão, produção, instalação e serviços pôs venda.
A qualidade é um instrumento de desempenho e quantitativamente é obtido na
proporção entre a defeituosidade e o esperado, isto significa o grau de satisfação do
desejo (Gsd).
Unidades defeituosas
Gsd =
Unidades esperados (108)

A qualidade do processo num hospital traduz-se pelos seguintes comportamentos:

1
Os testes de falência consistem determinar as deformações dos materiais com vista definir a vida útil dos
mesmos. Os testes efectuam-se na base de temperaturas e tempos do ambiente simulados a realidade. O
gráfico dos referidos testes apresenta uma função exponencial que define o ponto critico de falência, isto
é o ponto que determina o grau de segurança do material.
2
Rotulagem ou etiquetagem é a acção de fixar em cada produto rótulo, etiqueta ou adesivo que atribui a
qualidade e aponta ao mesmo as especificações, o modo de uso, a composição física, química e outras
características que possam identificar o produto

87
• Tratamento mais apropriado;
• Tratamento conduzido de forma correcta;
• Pacientes consultados e mantidos informados;
• Trabalhadores corteses, amigáveis e solícitos.
Embora numa fabrica de automóveis apresenta outros padrões de comportamentos de
qualidade tais como:
• Componentes fabricados conforme as especificações das encomendas;
• Montagem adequada atendendo as especificações das encomendas;
• Produto confiável;
• Produto atraente e sem defeitos.

3.4 ESTRATÉGIA DE QUALIDADE


A melhoria da qualidade, interna e externa, permite à empresa trabalhar em melhores
condições com os seus beneficiários, o que se traduz numa relação de confiança e em
lucros no plano financeiro (aumento dos benefícios) ou humano (esclarecimento dos
papéis, das necessidades e da oferta, motivação do pessoal).
Trata-se contudo de um esforço que implica o conjunto da empresa e conduzindo a
maior parte do tempo a modificações de hábitos de trabalho, ou mesmo mudanças
organizacionais. Assim, chama-se “estratégia de qualidade” à abordagem
organizacional que permite um progresso permanente na resolução das não-
qualidades. Trata-se de uma estratégia participativa, ou seja, na qual deve
necessariamente participar o conjunto da empresa e, por isso, necessariamente
apoiada pelo mais elevado nível hierárquico.

88
3.5 GARANTIA DE QUALIDADE
Chama-se “garantia de qualidade” à garantia da manutenção de um certo nível de
qualidade, em função dos objectivos visados. Declina-se assim sob a forma de
referencial documental que formaliza os métodos aplicados para esse efeito. A norma
8402-94 dá a definição seguinte:
Conjunto das actividades preestabelecidas e sistemáticas aplicadas no quadro
do sistema de qualidade, e demonstrados como necessidade, para dar a confiança
apropriada em como uma entidade satisfará as exigências para a qualidade.
A garantia de qualidade tem assim como objectivo tranquilizar o cliente sobre a
qualidade da prestação da empresa. Declina-se sob a forma de documento escrito,
chamado “manual da garantia de qualidade”, recapitulando o conjunto da política de
qualidade da empresa.
A certificação ou acreditação é assim um reconhecimento escrito, de um terceiro
independente, da conformidade de um serviço, um produto ou de um sistema a um
nível de qualidade. A certificação faz-se geralmente em relação a uma norma, de
preferência internacional. Entre as principais certificações citamos nomeadamente:
 A família ISO 9000 (ISO 9000, ISO 9001, IS0 9004, ISO 10011);
 EFQM (European Foundation for Quality Management).
Há alguns anos que a qualidade se dirige igualmente para os problemas
regulamentares de segurança, de higiene ou de protecção do ambiente, é a razão pela
qual numerosas certificações específicas foram criadas.

3.6 MELHORIA DA QUALIDADE


A melhoria da qualidade (MQ) é uma ideia revolucionária no campo da
saúde. A ideia é elevar o nível do atendimento, mesmo que este já seja
bom, por meio de uma busca contínua de melhoria. A MQ faz com que os
gerentes, prestadores de serviços e outros membros do pessoal não só
atendam às normas, mas também as superem, elevando-as a nível ainda
mais alto.
Existem muitas formas de melhorar a qualidade, tais como o cumprimento
ou revisão das normas, o fortalecimento da supervisão, ou ainda pedindo
aos gerentes ou especialistas técnicos que reformem algum processo. Mas o
conceito de MQ, que está baseado no movimento de qualidade na indústria,
implica geralmente em uma abordagem de resolução de problemas baseada
em equipes.

89
Na MQ, grupos de funcionários, organizados em nível nacional, municipal ou
local, trabalham juntos para identificar e resolver os problemas que
comprometem a qualidade do atendimento. Baseiam suas decisões em
dados e não em suposições, usam ferramentas analíticas e de diagnóstico e
seguem um processo sistemático. Um supervisor ou gerente individual pode
adoptar o mesmo enfoque, mas a MQ busca aproveitar os talentos e energia
do pessoal de atendimento de saúde em todos os níveis para melhorar a
qualidade dos serviços, em muitos casos com pouca ou nenhuma ajuda
externa e com muito poucos recursos.
Cada vez mais as organizações de saúde estão adaptando os princípios da
resolução de problemas baseada em equipes. Apesar das iniciativas de MQ
nos países em desenvolvimento serem demasiado recentes para demonstrar
um impacto de longo prazo, já existe evidência de que a abordagem
baseada em equipes ajudou instalações individuais e até programas inteiros
a usar seus recursos de forma mais eficaz e a melhorar a administração e a
prestação de serviços.
Ao mesmo tempo, a experiência com equipes de MQ mostrou que elas são
difíceis de implementar, que trabalham lentamente e que podem evadir os
problemas mais difíceis. Outras técnicas de administração podem melhorar
a qualidade dos serviços de forma mais eficiente e a um custo menor. Na
Indonésia, por exemplo, o pessoal do Projecto de Garantia de Qualidade
(PGQ) sentiu que cerca de metade das deficiências observadas na qualidade
podiam ser corrigidas pelo reforço das normas, enquanto outras 25%
exigiam solução baseada em equipes. As iniciativas de qualidade nos países
em desenvolvimento vêm se baseando crescentemente mais nas
abordagens convencionais de administração do que em equipes de MQ.
A maioria dos gerentes, prestadores de serviços, clientes e avaliadores
externos relatam que as iniciativas de MQ aumentaram a qualidade do
serviços e a produtividade, apesar de os resultados virem lentamente.
Apesar dos impactos de curto prazo e benefícios em termos de custo não
terem sido bem documentados, começa a acumular a evidência de
resultados positivos:
• Em uma avaliação do processo COPE em 11 clínicas africanas, constatou-
se que as equipes resolveram 64 dos 109 problemas.
• Cada uma das 15 equipes de MQ da iniciativa de MCQ da MEXFAM fez, em

90
média, 14 sugestões de melhorias, sendo que, em média, 11 delas eram
seguidas.
• Um estudo de 30 equipes de Resolução de Problemas em Equipes
Distritais em cinco países (Malaui, Malásia, Tunísia, Zâmbia e Zimbábue)
constatou muitas melhorias na prestação de serviços e muito interesse
entre as equipes de continuar mesmo sem apoio externo.
A eficácia das equipes individuais de MQ dentro de cada projeto pode variar
substancialmente. Algumas equipes nunca chegaram ao processo de
solução de problemas. Outras trataram muito bem dos problemas iniciais.
As equipes mais eficazes foram aquelas que partiram para identificar novos
problemas.
Que efeitos têm as equipes de MQ sobre a qualidade dos serviços de
planeamento familiar e de saúde, quando avaliadas pelos indicadores de
insumos, processos, resultados e impacto geral? Que efeitos tiveram sobre
a forma como os programas funcionam?
Insumos. Muitas equipes de MQ resolveram problemas realojando os
recursos existentes ou usando-os de forma mais eficaz. Por exemplo, em
uma clínica da Costa Rica a equipe de MQ resolveu a falta de atendimento
ginecológico ao treinar clínicos gerais e pessoal de enfermagem para lidar
com as visitas de pré-natal e de planeamento familiar. Assim, o
ginecologista de plantão ficava livre para tratar dos casos mais complicados.
Uma equipe africana de COPE conseguiu um espaço privado para dar
orientação sobre esterilização quando descobriu que podia tomar
emprestada uma sala que ficava vazia em certas ocasiões.
Algumas equipes usaram os dados que tinham colectado para tentar
persuadir os tomadores de decisões a fornecer mais pessoal, suprimentos,
treinamento ou outros insumos. Por exemplo, em Níger e Uganda, as
equipes de MQ fortaleceram a refrigeração constante das vacinas não só
realojando o equipamento existente e melhorando os procedimentos
administrativos, mas também convencendo os tomadores de decisões a
aumentar a reserva de bujões do gás que alimenta os refrigeradores.
Alguns projectos buscaram insumos adicionais na própria comunidade. As
equipes de ACQUIS (veja o quadro na pág. 28) frequentemente solicitam
ajuda à comunidade (204). Por exemplo, equipes em Camarões e Costa do
Marfim utilizaram voluntários comunitários e recursos das igrejas locais

91
para tratar do problema de sub-utilização dos serviços de planeamento
familiar. Eles ajudaram a lançar programas baseados na comunidade e nas
escolas, disseminando informações sobre o planeamento familiar e
distribuindo anticoncepcionais.
Processos. As equipes de MQ têm muitos casos de sucesso para contar na
melhoria dos processos dos serviços de planeamento familiar, tais como
redução do tempo de espera, melhoria da orientação e agilizarão do
processo de busca dos históricos médicos.
Na Cidade do México, uma equipe de MQ integrada por trabalhadores
comunitários e supervisores da MEXFAM concebeu um novo enfoque para
entrar em contacto com possíveis usuários de planeamento familiar de pois
de analisar os registros do programa relativos ao ano de 1992, a equipe
constatou que, de 13.200 visitas a lares obteve-se somente 181 novos
clientes de planeamento familiar, principalmente porque essas visitas
tinham procurado mulheres com pouco interesse em um novo método
anticoncepcional, ou seja, mulheres grávidas, amamentando, ou que já
usavam um outro método anticoncepcional.
Para melhorar a eficácia, a equipe de MQ começou a promover o
planeamento familiar nos postos de distribuição de leite subsidiado, onde
muitos clientes são justamente as mães de crianças pequenas. Quando
mais de 2.000 consumidoras de leite adotaram um método no primeiro ano,
a equipe de MQ decidiu eliminar as visitas domiciliares por completo e
concentrar os esforços promocionais em lugares que atraem grandes
quantidades de pessoas em idade reprodutiva.
Resultados e Impactos. As actividade de MQ ajudaram a aumentar o uso
dos serviços. Em Burkina Faso, o Centro de Saúde Banfora distribuiu cinco
vezes mais anticoncepcionais por mês depois que uma iniciativa de MQ
melhorou o contacto direito com a comunidade e fortaleceu o desempenho
do programa (204). No Hospital Masaka de Uganda, o número de pacientes
aumentou em 47% no segundo semestre de 1994, depois que membros do
pessoal, participantes de uma equipe de MQ, realizaram uma ampla série de
melhorias no fluxo dos pacientes, na motivação dos trabalhadores, na
supervisão e na disponibilidade de suprimentos.
Alguns projectos de MQ também documentaram melhorias na saúde dos
clientes No projecto Tahoua de Níger, por exemplo, algumas das instalações

92
reportaram aumentos no índice de recuperação de crianças desnutridas,
redução da mortalidade infantil causada pela diarreia, bem como mais casos
de tuberculose tratados com sucesso, depois que as equipes de MQ dos
hospitais e clínicas melhoraram a prestação de serviços
Mudança da cultura organizacional. A MQ faz mais do que resolver
problemas específicos; às vezes, ela também ocasiona mudanças de grande
alcance na cultura organizacional, ou seja, nos valores, crenças e hábitos
que influenciam o comportamento cotidiano dos membros do pessoal, Entre
essas mudanças figuram:
Maior percepção das necessidades do cliente. Os prestadores de
serviços ficaram mais receptivos à perspectiva do cliente, expressa nas
entrevistas, pesquisas ou sugestões escritas.
• Melhor relacionamento do pessoal. Os funcionários ficaram mais
dispostos a procurar seus colegas, a discutir suas preocupações entre si e a
trabalhar juntos, mesmo quando departamentos ou níveis hierárquicos
diferentes estavam implicados.
• Maior nível de confiança e empenho. Os prestadores de serviços
tornaram-se mais satisfeitos no seu trabalho, quando viram que podiam
resolver problemas irritantes e dar contribuições úteis às operações clínicas.
4.6 CUSTOS DA QUALIDADE
Custo da qualidade pode ser definido, em poucas palavras, como o custo incorrido
por causa da existência, ou da possibilidade de existência, de uma baixa qualidade.
De acordo com FEIGENBAUN, actualmente os custos da qualidade poderiam ser
equiparados em importância a outras categorias de custos, como os custos da mão
de obra, custos de vendas ou custos da engenharia. Desse ponto de vista, o
custo da qualidade é o custo de se fazer as coisas de modo errado.
Em algumas empresas, esses custos são parte importante da cultura. O objectivo do
custeio da qualidade é fabricar um produto com alta qualidade ao menor custo
possível. O custo da qualidade tenta alcançar esse objectivo apurando os custos das
falhas de conformidade às especificações.
Os principais geradores de custos são peças defeituosas, produtos defeituosos,
grandes quantidades de testes, re-trabalho e custos de manutenção e assistência
técnica. Reduzir tais custos é meta importante do custeio da qualidade.
Custo de prevenção Para COGAN (1994), os custos de prevenção são incorridos
para evitar defeitos. Do ponto de vista financeiro, são mais um investimento do que
uma despesa, embora muitos os tratem como despesas de evidênciação. São, por

93
assim, dizer, investimentos para evitar futuros custos.
Os custos da prevenção incluem:
1. Custos necessários para montar um sistema de engenharia de qualidade.
2. Custos de promover simpósios e reuniões sobre a qualidade.
3. Custos de educação e treinamento com relação à qualidade e ao trabalho.
4. Custos para evitar novas ocorrências de falhas.
5. Custos de supervisão e manutenção preventiva.
A maioria dos custos de prevenção é administráveis.
Os custos de avaliação, também chamados de custos de verificação, originam-se de
um processo de inspecção em que os resultados são avaliados para determinar se as
actividades estão sendo levadas a efeito adequadamente. Os custos de avaliação
normais incluem:
1. Custos necessários para testes do departamento de controle de qualidade da
empresa.
2. Custos de testes executados externamente por terceiros.
3. Custos necessários para garantir qualidade no processo de fabricação.
4. Custos de manutenção e de calibragem de equipamentos de teste.
5. Custos de avaliação para decisões imediatas.
6. Custos de provas e de finalização de documentos e sua embalagem.
7. Custos de manuseio e de relatórios sobre a qualidade.
Custos de avaliação constituem-se em significativo indicativo do nível de
comprometimento da empresas com relação à qualidade. A avaliação da qualidade é
importante passo para a processo de implementação do custeio da qualidade.
Custos de falhas internas são incorridos em virtude de falhas detectadas na empresa,
antes dos produtos serem liberados para os consumidores. Em outras palavras, são
custos incorridos para eliminar falhas encontradas nas inspecções. Incluem custos a
partir do momento em que os materiais e as peças são expedidos pelos fornecedores
até o momento em que os produtos acabados são recebidos pelos usuários finais.
Alguns exemplos de custos de falhas internas são:
 Custo de falhas no processo de fabricação, como sucata, material estragado e
re-trabalho.
 Perda por falta de qualidade.
 Custos de descobrir paralisações e avarias e repará-las.
 Custos de engenharia para ajustar a qualidade.
 Custos de tempo de computação para re-execução de tarefas.
 Custo de estoques de segurança de produtos acabados para enfrentar baixa
saída de produtos do processo, por peças defeituosas ou lotes rejeitados.
 Custos de reexames de inspecção e de testes após a detecção de defeitos.

94
Figura 3.1 Custo da qualidade

TEMA IV. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇAO


4.1. IMPORTANCIA E CONCEITO
A manutenção constitui um conceito que tem a ver com a reparação dos
equipamentos quer seja dentro como fora do processo produtivo por um lado e por
outro inclui também todos os serviços de apoio a produção (conservação).
A manutenção é o conceito usado para abordar a forma pela qual as organizações
tentam evitar as falhas e avarias cuidando das suas instalações físicas. É uma parte
importante da maioria das actividades de produção, fundamentalmente aquelas cujas
instalações físicas têm um papel especial na produção de produtos e serviços.

95
A manutenção e conservação consiste em manter os equipamentos e ferramentas em
condições de resolver sempre os problemas produtivos que surgem no processo
produtivo.
Os custos da manutenção e conservação derivam das despesas que representam
todos gastos inerentes a manter operacional a actividade de transformação dos
factores elementares repetitivos combinando com o trabalho e as instalações. O
conjunto das despesas acima mencionadas deve ser consideradas como despesas
correntes e não de investimentos ou de capital.
Tratam-se portanto de conceitos muito próximos, daí que os dois processos estão
quase sempre juntos.
4.2. TIPOS BASICOS PARA A MANUTENÇÃO
Os clássicos da Gestão da produção considera três conceitos básicos para
manutenção e conservação das instalações produtivas:
 A manutenção curativa que consiste na reparação das instalações ,
fundamentalmente depois de avarias acontecer. O trabalho de
manutenção é realizado somente após a falha ou avaria ter ocorrido. As
avarias ou falhas não são nessas condições nem catastróficas nem
frequentes para fazer verificações regulares.
 A manutenção preventiva é aquela que visa eliminar ou reduzir as
probabilidades de avarias ou falhas por manutenção das instalações em
intervalos pré-planeados. As consequências de falhas em serviço,
entretanto, são consideravelmente mais sérias. O princípio é aplicado a
instalações com consequências menos catastróficas das falhas. A
reparação geral, a limpeza e lubrificação regulares das máquinas,
ferramentas, mesmo a pintura periódica de edifícios, podem ser
consideradas como manutenção preventiva.
 A manutenção preditiva visa realizar manutenção somente quando as
instalações precisarem dela. Neste caso, a manutenção preditiva pode
incluir a monitorização contínua das falhas ou algumas outras
características da linha de produção. Também esse tipo de manutenção
é chamada de programada.
Para detectar ou identificar as avarias ou as falhas surgidas durante o funcionamento
das instalações foi introduzidos na Gestão da produção os métodos japoneses de
aperfeiçoamento chamados de Poka-yoke 1 (de yokeru -prevenir- e poka – erros de

1
SLACK, N. : Administração da produção,; Edição Atlas; São Paulo, 1999 pag. 490.

96
(Manutenção corretiva)
desatenção-). O referido conceito está baseado no princípio de que o erro humano é
inevitável até certo grau. O que importante é prevenir que se torne defeito.
Os Poka-yokes típicos são dispositivos nas instalações tais como:
• Sensores / interruptores;
• Gabaritos instalados em maquinas;
• Contadores digitais em maquinas;
• Listas de verificação e
• Feixes de luz que activam alarme.
4.3. ORGANIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO
É necessário pensar na manutenção e conservação das instalações
fundamentalmente a preventiva, que muitas vezes tem menores custos quando
estivermos em presença de uma avaria. Para isso é importante considerar o seguinte
para a manutenção e a conservação das instalações das unidades produtivas:
1. Manutenção e reparação dos equipamentos fabris (conhecer melhor
a documentação da unidade fabril, a implantação e engenharia do
processo) e dos equipamentos de apoio a produção (equipamentos,
transporte, telecomunicações, etc.);
2. Lubrificação: não se conserva os equipamentos sem lubrificantes, eles
prolongam a vida útil e maior rendimento;
3. Reparação, tem a ver com a ferramentaria, peças sobressalentes e
os equipamentos de reparação de avarias. Toda unidade produtiva deve
ter ferramentas de apoio a produção nos armazéns. As ferramentas e as
peças sobressalentes devem estar bem catalogadas e bem identificadas no
armazém no sentido de facilitar a localização. Os equipamentos de
reparação e assistência aos operacionais são:
• Pontes;
• Aparelhos elevatórios;
• Outros materiais (Torno, Fresadora, Rectificador mecânica, etc...);
• Viaturas tecnológicas e de assistência.
4. A manutenção preventiva mais significativa é a reparação geral. O economista
terá de preocupar-se com as reparações gerais na unidade produtiva como medida
de manutenção dos equipamentos, porque senão diminui a capacidade e a vida
útil do equipamento aumentando como é evidente os custos. No caso de
reparação geral, os custos são considerados como custos de investimento e
devem ser incluídos no Plano de Investimento.

97
5. Criação de uma pequena estrutura na função produção, que deve velar pela
manutenção e reparação que estará estruturada organicamente como a seguir:
• Serviço de desempenagem e reparação;
• Serviço de prevenção de avarias;
• Serviço de reparação geral;
• Serviço de manutenção preventiva (PERT);
• Gestão de estoque de peças sobressalentes e ferramentas
6. Elaboração de documentos necessários que são:
• Guia de remessa para indicação do destino dos acessórios e lubrificantes;
• Guia de trabalho para registo do tempo de trabalho;
• Ficha diária para registo das acções de uma operação de manutenção.
4.4. METODOLOGIA A USAR PARA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO
Para uma boa manutenção e conservação existe a seguinte metodologia:
1)– Criação de uma pequena estrutura na função produção, que deve
velar pela manutenção e conservação :
2)– Capacidade de possuir os equipamentos de manutenção e assistência aos
operacionais que são:
3)– Disposição e disponibilização das peças sobressalentes, como também de
outros consumíveis para a produção;
4)- Determinação dum Layout ( plano) eficiente;
5) – Programação da manutenção
4.4.1. TAREFAS DA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO
As tarefas fundamentais da manutenção e reparação são as seguintes:
1) Criação de ficheiros para cada equipamento como meio de apoio a produção
do bem;
2) Agrupamento dos equipamentos em três níveis de complexidade [Grande (k),
médio (m) e pequena (p)]
2) Estudar a vida útil de ferramentas e equipamentos bem como os
componentes importantes de cada equipamento e a sua substituição periódica;
3) Estudo da vida útil do equipamento;
4) Realização de reparação geral, que em grandes fábricas devem acontecer
pelo menos dois em dois anos, considerando - a como investimento;
5) Realização da manutenção preventiva e o dos meios de transportes e
equipamentos;
6) Asseguramento da boa afinação das maquinas e seus acessórios;
7) Aquisição, controlo e conservação das ferramentas.

98
4.5 AVALIAÇÃO PATRIMONIAL tarefa
A avaliação patrimonial se enquadra no âmbito da substituição de equipamentos de
valor renovável a prazos curto e médio actualmente em uso, dentre eles contamos os
equipamentos rolantes de carga ou equipamentos de apoio a produção.
“A substituição de equipamentos, em geral, constitui uma forma de a empresa ganhar
vantagem competitiva em face de seus concorrentes, pois a substituição só terá
sentido se for acompanhada de uma redução de custos, - sem evidentemente
considerar casos esporádicos – cujo estudo da substituição de equipamentos deve
basear se na análise comparativa de custos, num horizonte
predeterminado, entre o equipamento actualmente em uso, denominado defensor ou
defendente, e um novo equipamento, chamado de desafiante.” 1
Antes qualquer cálculo do valor do meio fixo em consideração é necessário proceder
ao calculo da depreciação do património cujas formulas se apresentam a seguir por
modalidade 1:
A) Depreciação linear
P - Vr (103)
Dt =
N

Onde Dt = Depreciação ;
t = o período de referência ;
P = o valor ou custo inicial do bem;
Vr = o valor residual e
N = a vida útil do bem.
B)Depreciação pelo método da soma dos dígitos
A depreciação pelo método da soma dos dígitos permite uma depreciação maior no
início da vida do bem. Para calcular o valor da depreciação por este método ALT e
MARTINS 1 aconselham primeiro dividir o número de períodos restantes a depreciar (
igual a N – t + 1) pela soma dos dígitos [ N ( N + 1)/2 ] . Depois, só precisamos
multiplicar o resultado pela diferença entre o valor inicial ( o preço P) e o valor residual.
Lembramos de que o t é o período de referência. A formula da depreciação
encontrada é:

1
Veja 23 da Bibliografia pagina 231.
1MARTINS, P. G. / ALT, P.R.C.: Administração de materiais e recursos patrimoniais ; São
Paulo; Edição Saraiva, 2002 paginas 221-225

99
Nd
(104)
Dt = x ( P – Vr)
S

Nd = N – t + 1 e
Onde

N ( N + 1)
S =
2

A depreciação tem a ver com a valorização dos equipamentos para também a


manutenção e reparação, cujos os indicadores mais usados são:
a) Valor actualizado dos meios fixos ou Activos Mf

M f = N * va * e (105)
Onde:
Mf = Valor de substituição;
N = Vida útil previsível;
Va = Valor de aquisição actual ( novo equipamento )
e = Taxa de amortização aplicável.
b) Valor patrimonial M

n (106)
M = ∑M f
1=1
Onde:
M = Valor patrimonial dos meios fixos;
Mf = Valor actualizado dos meios fixos ou Activos
Para os elementos da requisição o armazém de acondicionamento deverá definir os
itens importantes para devidamente apoiar a produção. Deve se diferenciar o
armazém de entradas e do de saídas. Dentro do armazém das entradas dever-se-á
particularizar a manutenção e reparação que conterá os sobressalentes, outros
acessórios e lubrificantes, etc. Deve haver os dois armazéns para evitar problemas no
calculo dos custos, considerando cada um dos armazéns como centro de custos.
4.6 CALCULO DAS NECESSIDADES DE MANUTENÇÃO
As necessidades de materiais calculam – se através do volume de trabalhos de
manutenção e reparação, expresso pelo somatório das unidades de complexidade
para cada tipo de reparação, multiplicando pelas normas de consumo calculadas para
os equipamentos tipos que representam a unidade de complexidade de reparação.

100
A formula para o calculo das necessidades para a manutenção e reparação é dada
pela seguinte expressão:
a b c
= Ki[ nki ∑ Ukj + n ∑u + n ∑u ]
Me
N i
j =1
mi
j =1
mj pi
i =1
pi (107)

onde:
Me
N i : necessidade do material i para a manutenção e reparaçã
nk, nmi e npi : normas de consumo do material i para a unidade de
complexidade nk = importante;
nm = média;
np = pequena.
Ukj, Umj e Upj : Unidades de complexidades de reparação do equipamento j
a, b e c : quantidade de equipamentos a reparar
respectivamente nas modalidades k, m e P
Ki: coeficiente de correcção ou ajuste sempre superior à 1 (um) isto é Ki > 1
As noções, a metodologia e outras instruções para as necessidades para manutenção
e reparação podem ser consultadas na disciplina de Economia do material.
4.7. ACONDICIONAMENTO OU ARMAZENAMENTO
O acondicionamento dos produtos constitui uma técnica de distribuição dos produtos
tendo em conta a garantia de entrega dos mesmos aos consumidores e distribuidores
em condições de qualidade óptimas. Muitos autores consideram acondicionamento
como conservação ou armazenamento. EATA polemica académica ou teórica não
deverá perder o conceito de acondicionamento atrás definido.
Para os elementos da requisição, o armazém de acondicionamento deverá definir os
itens importantes para devidamente apoiar a produção. Deve se diferenciar o
armazém de entradas e do de saídas. Dentro do armazém das entradas dever-se-á
particularizar o da manutenção e reparação que conterá os sobressalentes, outros
acessórios e lubrificantes, e outros materiais que concorrem com a conservação dos
produtos bem como dos equipamentos. Deve haver a identificação especifica do local
dentro do armazém de entradas para o efeito para evitar problemas no calculo dos
custos, considerando o mesmo como centro de custos.
A base de conservação é a manutenção ou o prolongamento da vida útil dos produtos
e equipamentos bem como os acessórios em nosso poder. Para que a garantia fixada
nos rótulos não sejam contrariada com a normalização ou o regime de consumo.

101
TEMA V. OPERAÇÕES
5.1. INTRODUÇÃO
Constitui um conjunto de noções básicas a ser desenvolvidas de tal forma a dominar
a metodologia da programação da produção. Para o efeito apresentamos as mais
usuais nas operações.
5.2. NOÇÕES GERAIS DE OPERAÇÃO
5.2.1. NOÇÃO DE OPERAÇÃO
A operação constitui a actividade, a tarefa ou a acção da transformação, isto é, a
finalidade do processo de transformação. Para definir a operação é necessário reunir
três elementos importantes que são as entradas onde sobressaem a instalação e o
operador, a realização da actividade e as saídas em outras palavras o resultado do
processo.
A noção da operação engloba a designação e o tipo da operação.
A designação da operação decorre da acção ou da tarefa a executar tendo em conta
determinadas instalações apresentadas ou se não for designada a própria acção.
Diante de uma ambulância podemos responder a seguinte pergunta. O quê faz esta
ambulância? A resposta é imediata; a ambulância serve para transportar doentes para
locais de tratamento médico.
Isso explica que a designação da operação é a transportação de doente sempre que
se apresenta a instalação ambulância. Um outro caso é de estar diante de uma
Alfaiataria. Neste caso encontramos rapidamente o processo de transformação que é
uma produção, tendo em conta a actividade aí executada que é da confecção de
vestuários para uso humano e não só, para se proteger contra as intempéries. Então a
operação designar-se-á por confecção ou costura.
O tipo da operação é outro elemento a considerar na noção de operação. As
operações aparecem como produto serviço ou produto material. A correspondência a
efectuar nos casos acima mencionados apresentam-se como seguinte: a
transportação de um doente através de uma ambulância constitui um serviço enquanto
que a confecção de um vestuário é material embora os dois tipos não deixam de ser
de tipo produto, isto é bem de serviço ou bem material.
A instalação é uma obra de arte construída ou empilhada de materiais, temporária ou
permanente, em que o usuário ou espectador pode participar, nela entrar ou
manipulando-a. É também um lugar preparado para uma determinada actividade.
Instalação Designação da operação Tipo de operação
1. Ambulância Transportação Serviço
2. Centro de saúde Tratamento Serviço

102
3. Bloqueira Fabricação de blocos Material
4. Pizzaria Restauração Material
5. Alfaiataria Confecção Material
Quadro n.º 10 : Designação e tipo de operações.
Operação é o conjunto de tarefas de uma organização produtiva, tendo em
consideração o seu objecto social para levar à cabo um objectivo de transformação
com vista obter um resultado favorável ou um rendimento que satisfaça o cliente ou o
consumidor, o accionista e o Estado.
A Gestão de operações consiste no estudo da tomada de decisões na função de
operações, também designados sistemas de operações utilizados na produção de
bens e serviços.
5.2.2 NOÇÃO DE CARGA
A carga é a quantidade de trabalho de uma operação ou ocupação de um conjunto de
encomendas ou uma encomenda.
Através da carga do trabalho mede-se a quantidade de uma unidade de trabalho de
acordo com o tipo de produto ou operação, assim temos o trabalho por operário que
pode ser medido H/H (Hora - Homem), o trabalho da máquina que pode ser medido
por M/H (hora - máquina), e outras medidas como Km/h, Kg/estrado, m/h, etc.
A noção de carga ajuda a compreender a essência das capacidades dos factores de
produção elementares em intensidade e em potência. A carga permite a programação
financeira de um projecto.
As cargas são classificadas em dois grupos que são as cargas elementares e as
cargas de planeamento.
1. As Cargas elementares (simples) que englobam a carga em execução, a
carga determinada, a carga não preparada, a carga em reserva, a carga em espera, a
carga bloqueada e a carga planificada;
Para efeito de cálculo, os dados como as cargas em execução e a carga terminada
são dados disponíveis ou podem ser medidas com facilidade. Outras cargas simples
são calculadas através das seguintes formulas:
• Carga não preparada = Carga planificada – Carga preparada (014)
• Carga bloqueada = Carga preparada – Carga disponible (015)
• Carga em reserva = Carga disponível – Carga programada (016)
• Carga em espera = Carga programada - Carga em execução (017)
• Carga planificada = Carga não terminada + Carga bloqueada + Carga em
• Reserva + Carga em espera + Carga em execução. (018)

103
Importa salientar de que a Carga preparada consiste na Carga teórica e vem
especificada na documentação técnica e no cálculo da Carga planificada não se
considera a Carga terminada.
Todas essas formulas são utilizadas como instrumentos de calculo de planeamento da
produção.
2. A carga de planeamento ou de programação engloba a carga do período
seguinte isto é o conjunto e tipos de cargas básicas de planeamento designadas: a
carga planificada, a carga preparada, a carga disponível e a carga programada.
A fórmula para programar uma carga, ou seja, para calcular a carga planificada é a
seguinte:
 A : Formula base para período posterior imediata
Temos dois tipos de cargas, ou seja, as cargas elementares que vêem associadas a
um tipo de operações sequenciais num gráfico por exemplo, as cargas de
planeamento (Cp ) que nos ajudam a definir os objectivos quantitativos, bem como a
transformação das datas dos acontecimentos.
A seguinte formula nos da uma ideia como determinar a carga de planeamento:

C =C
p pa
−( C e
+ C )
s
(019)
Onde:

C p
= caga de planeamento

C pa
= carga do período em análise (média)

C e
= carga de entrada

C s
= carga de saída

É de salientar de que a Carga de saída é aquela que se considera no fim do processo


produtivo, enquanto que a carga de entrada é aquela calculada através da ponderação
média do processo anterior cujo dado é garantido.
A carga de planeamento C p
vai definir o elemento fundamental de transformação dos

acontecimentos, isto é, cada operação terá uma carga, um acontecimento inicial e um


acontecimento final.
 B : Outras formulas de planeamento para período posterior imediata
1. Carga planificada = Carga preparada + Carga não preparada (020)
2. Carga preparada = Carga disponível + Carga bloqueada (021)
3. Carga disponível = Carga programada + Carga em reserva (022)
4. Carga programada = Carga em espera + Carga em execução (023)

104
5.2.3. NOÇÃO DE PRECEDÊNCIA
A precedência constitui o conjunto de relações entre as operações. Estas relações
estabelecem a sucessão, ou seja, uma operação sucede à outra operação de acordo
com uma lógica estabelecida.
Como forma de representar um acontecimento inicial e um acontecimento final,
apresentamos a seguinte rede:

B D
3 F
A 5 6
1 2
E
C
4

Figura nº 20 : Noção de precedência


O acontecimento, (1), é acontecimento inicial e não tem antecessor, e o (6) como
acontecimento final não tem sucessor. O acontecimento (2) tem como antecessor o
acontecimento (1) e como sucessores os acontecimentos (3) e (4) que são
divergentes. Em relação ao acontecimento (5) tem como antecessores os
acontecimentos (3) e (4) que são convergentes e como sucessor o acontecimento
(6).
A operação A é operação inicial e não tem antecessora, e a F como operação final
não tem sucessora. As operações B e C, divergentes, têm como antecessora a
operação A e como sucessoras as operações D e E que são convergentes, em
relação a operação F que não tem sucessora devido de ser a operação final.
Importa aqui salientar que as precedências mencionadas são designadas
precedências imediatas a não e nunca perder de vista devido a apresentação de
precedências ser subentendidas também as precedências não imediatas, isto é não
tendo uma ligação imediata com o acontecimento que as separa. Isto significa que das
precedências imediatas podem aparecer as actividades precedentes imediatas
obrigatórias, aquelas que requerem finalizar a actividade em analise antes que
possam começar e outras não obrigatórias embora tendo um acontecimento comum.
A operação na programação de actividades de produção significa o transporte na
implantação. Isto significa que na actividade ou acção do projecto, utilizamos as letras
para identificar cada operação (A; B; C; D; E e F). Debaixo de cada operação temos a
carga correspondente que pode ser uma carga simples expressando tempo, distancia
ou uma outra unidade de medida, veja Figura n.º 20 ou complexa quando a carga
correspondente aparece com varias variáveis.

105
É importante também reter que existem actividades ou operações simultâneas ou
sobrepostas que necessitam uma atenção especial pelo facto das mesmas não
sempre ter ligações quanto as antecessoras ou sucessoras.
Uma operação sobreposta pode ser transformada em simultânea quando for
compatíveis as operações ligadas pelo mesmo acontecimento.
5.2.4 NOÇÃO DE ACONTECIMENTO
Entretanto a noção de operação está ligada a noção do acontecimento que abaixo
apresentamos.
Data mais Próxima
Operação Antecessora Operação Sucessora

Número do acontecimento Data mais Afastada


Figura nº 22: Os elementos do acontecimento
As operações ou actividades acontecem antes ou depois do evento isto é do
acontecimento.
O acontecimento tem uma data mais próxima e outra mais afastada, cuja a diferença
entre as duas datas nos dá a Folga.
A data mais próxima é portanto aquela que é obtida em função da sequência das
operações até ao acontecimento final, ao passo que a data mais afastada, é obtida na
sequência contrária.
5.2.5 NOÇÃO DE OPERAÇÃO FICTÍCIA
A operação fictícia é a acção ou a actividade que liga dois acontecimentos, mas que
não possui cargas. Ela surge devido a necessidade de ligar dois acontecimentos e que
por questões de precedência ou não de operações somos obrigados a fazer recurso a
ela.
Do ponto de vista teórico ela é representada pela letra X e, tem como carga igual a
zero (Ø).
5.2.6 NOÇÃO DE FOLGA
A folga constitui a diferença entre a data mais afastada e a data mais próxima. Esta
diferença quando não for igual à zero significa que não existe folga neste
acontecimento, isto é entre as operações imediatas.

Folga = Data mais afastada – Data mais próxima (024)

As folgas surgem quando estamos em presença de operações convergentes e


divergentes, isto é a diferença entre a data mais afastada da data mais próxima for
superior à zero.

106
Quando o acontecimento inicial e o acontecimento final não têm folga, isto é a folga a diferença
igual a zero não encontramos perante uma folga.
5.3 PROGRAMAÇÃO, POLÍTICA E ESTRATÉGIA
5.3.1 PROGRAMAÇÃO
A programação é precisamente o núcleo fundamental em termos de planeamento e
pode ser definido como sendo:
a) Processo que visa estabelecer uma agenda de compromissos para as diversas
acções das necessidades envolvidas no processo produtivo. Visa por outro lado
estabelecer um fluxo de informações a nível de todos os sectores de uma organização
no sentido de comandar, coordenar, integrar e controlar o processo produtivo.
b) Constitui um conjunto de decisões que estão a cargo do responsável pelo
planeamento no que tange as diferentes operações a realizar com vista a alcançar os
resultados perspectivados.
c) Um processo de distribuição das cargas numa sequência de operações ou acções.
Da programação surge um plano de acção que por sua vez contem subtarefas
também chamadas de operações do processo produtivo, que por sua vez estão
ligadas aos diferentes níveis de decisão nomeadamente:
II. Política
II. Estratégia
III. Táctica
5.3.2 POLITICA.
A política tem a ver com a determinação e fixação dos objectivos que a organização
pretende alcançar, tais como a produção, as garantias da sua realização, as
adjudicações, as empreitadas, a decisão de importar, etc.
Quer isto dizer que a definição dos objectivos está ligada as decisões e ou políticas
podem conduzir-nos a concretização das metas e programas que uma vez definidas
com precisão as operações.
5.3.3 ESTRATEGIA .
A estratégia consiste na elaboração de cenários possíveis e que permitem alcançar
os objectivos da organização aproveitando as oportunidades, envolvendo para o efeito
os recursos disponíveis. Daí que a estratégia não deixa também de ser um objectivo.
É justamente devido ao pragmatismo do alcance do seu sentido e significação que o
conceito de estratégia não se esgota só numa definição mas sim deve ser encarada
em função dos objectivos de cada organização ou seja interpretada da seguinte forma;
Segundo MICHEL GODET que liderou um grupo dos prospectivos, a estratégia é um
conjunto de regras de conduta de um actor, e que lhe permite atingir os seus
objectivos e/ou seu projecto.

107
Para BAILY JEAN-PAUL, a estratégia é a arte de fazer contribuir a força para atingir
os fins de política.
Finalmente BEAUFRE considera a estratégia como sendo a arte da dialéctica das
vontades que empregam a força para resolver os seus conflitos.
5.3.4 - TACTICA
A táctica trata portanto das vias e meios para atingir os objectivos e a estratégia em
função das circunstâncias.
A Táctica também pode ser vista como sendo aquelas decisões contigenciais e anti
aleatórias que permite alcançar os objectivos da política utilizando com eficiência os
meios disponíveis.
5.3.5 PRINCIPAIS TAREFAS
Eis no entanto as principais tarefas do planeamento e do controlo.
PLANEAMENTO CONTROLO
1) Programação da produção com vista 1) Comparação entre a política da
detectar todos os problemas inerentes a qualidade e os termos de decisão
produção. relativamente a execução, os possíveis
2) Enquadramento dos métodos e desvios que podem surgir e ver a
instrumentos da produção. possibilidade da sua correcção.
3) Garantir a política da qualidade. 2) Ver as assimetrias decorrente dos
4) Lançamento da produção ou seja a serviços operacionais, apreensão dos
explicação das ordens de produção e sua desvios e os mecanismos para a sua
liberação. correcção.
5) Adjudicação das encomendas onde são 3) Métodos de controlo para atingir os
definidas as quantidades a fabricar. resultados esperados onde a sondagem do
6) Localização da produção isto é a cumprimento da política de qualidade é o
emissão da ordem da produção para as método mais utilizado bem como
filiais, com prazos estabelecidos. relativamente a clientela.
7) Prazos de fabricação que dependem 4) Método das decisões tomadas no
fundamentalmente da programação. decurso operacional.
8) Conservação e manutenção preventiva. 5) Método do exame as estatísticas onde
9) Escolha do sistema e tipo da produção. usamos indicadores para a tomada de
10) Escolha dos métodos da produção. decisões.
11)Melhoria da produção. 6) Analise quantitativa e qualitativa das
reclamações e exigências dos
consumidores e ver se de facto tais
reclamações contribuem efectivamente ou

108
não para o crescimento em termos de
rendimento e ou resultados

5.4 O PROCESSO PRODUTIVO


Quando se fala do Processo produtivo devemos entender o conceito da seguinte
maneira:
a) Num sentido mais amplo, o processo produtivo inclui:
- O mercado;
- O material;
- A produção
- A informação.
b)Do ponto de vista restrito, inclui apenas dois elementos ou seja a produção e a
informação.
Quanto a sua composição, ele inclui factores estruturais de um lado e factores
correntes do outro, onde temos como elemento de partida e chegada o Mercado,
como se pode depreender no esquema seguinte:
MERCADO Factores correntes
MERCADO
Mat. Primas Produto
Aprovisionamento Produção Comercialização
Mat. Secundarias Sub - produto
Outros materiais Serviço
Factores estruturais
Figura n.º 17 : Processo produtivo

Este esquema mostra-nos de facto em como os factores correntes são os


elementares, bastando para tal que sejam postos a disposição da organização para
que haja lugar ao processo produtivo. Por outro lado podemos também inferir como de
facto a engenharia do produto é o aspecto fundamental do processo produtivo.

109
TEMA VI. HIGIENE E SEGURANÇA NA PRODUÇÃO
6.1. IMPORTÂNCIA E CONCEITOS
O problema da higiene e segurança no trabalho, constitui na actualidade uma questão
que preocupa todas as organizações , não só devido a questões que têm a ver com a
observância das normas elementares para a prevenção da saúde pública e também
do ambiente, devido ao facto de tais organizações terem dado conta de que
preservando a higiene e segurança no trabalho, há probabilidade de surgir
rendimentos maiores é cada vez mais realidade.
Um outro aspecto que terá contribuído para que as empresas se preocupassem cada
vez mais com as situações de higiene e segurança no trabalho, tem a ver com a
evolução e institucionalização das auditorias interna e social nas organizações, com
o objectivo de melhor controlar se o cumprimento de tais normas é efectivo ou não.
São vários os problemas ligados a higiene e segurança no trabalho, porém, para a
gestão da produção, merecem destaques;
- Higiene no trabalho
- Condições de segurança
- Legislação laboral
- Inspecção do trabalho
6.2 HIGIENE NO TRABALHO
O problema da higiene no trabalho é uma questão que deve constituir preocupação
permanente em primeira instância a cada organização ou empresa, na medida em que
é a ela quem pesa em primeira instância as responsabilidades para a ausência de
doenças e outras situações endémicas no local de serviço e no país na generalidade.
As normas elementares sobre a prevenção da higiene nos locais de serviço vêm
regulamentados na legislação sobre administração pública, cabendo a cada instituição
em função das suas especificidades, aplicá-las e fazer cumprir.

6.3 SEGURANÇA NO TRABALHO


A segurança dos trabalhadores constitui um factor de estabilidade para qualquer
organização, daí que antes de se pensar na segurança da empresa, deve-se
assegurar a partida que o pessoal possa trabalhar dentro de um bom ambiente laboral.
Quando falamos de segurança, não estamos só a ver questões ligadas a integridade
física das pessoas (singulares e colectivas) mas também e fundamentalmente um
manancial de garantias e benefícios que o pessoal pode e deve merecer em termos de
tranquilidade e confiança, asseguramento para a boa reforma, prevenção contra
acidentes de trabalho e doenças profissionais, etc.

110
6.4 LEGISLAÇÃO LABORAL
É bastante vasto o campo da legislação laboral em Angola, o que ilustra bem o quanto
o estado está engajado na criação de condições jurídico laborais, e outras.
Tais normas vêm inseridas na colectânea sobre a legislação da função pública, que
não mais se não adquirir a edição actualizada de alguns dos principais decretos
regulamentares, que visam assegurar um bom ambiente laboral dentro e entre
organizações.
Entretanto, para consulta rápida dos problemas referentes à higiene e segurança no
trabalho produtivo existem vários documentos jurídicos tais como o Decreto nº 31/ 94
de 5 de Agosto que estabelece no ponto 2 do artigo 18ª, a obrigatoriedade da criação
e organização de serviços de Segurança e Higiene no Trabalho nas empresas
produtivas, através dos quais estas assumem a responsabilidade pela prevenção dos
acidentes de trabalho e doenças profissionais.
Ainda o Regulamento Geral dos Serviços de Segurança e Higiene no trabalho nas
empresas produtivas, estabelece no seu quinto capitulo as disposições gerais,
atribuições e organização, estatuto dos técnicos de segurança do trabalho e
disposições finais.
Os documentos jurídicos estão elaborados em conformidade com a Convenção de
1985, nº 161 da Organização Internacional do trabalho (OIT).

6.5 INSPECÇÃO LABORAL

As padrões existentes no ambiente jurídico laboral a nível internacional e nacional


constituem a base da inspecção das organizações produtivas e não só, bem como do
trabalho.
Nesta perspectiva, as organizações e gestores devem munir-se da legislação para
melhor assegurar as unidades.

111
TEMA VII. ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
7.1. CONCEITOS DA ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
Antes de falar da organização da produção, devemos em primeiro lugar, definir os
conceitos de organização.
1

1.1 1.2 1.3

1.1.1 1.1.2 1.1.3 1.2.1 1.3.1 1.3.2


Figura 4.: Disposição de um sistema em termos numéricos.

Em suma gerir é fazer acontecer, isto pressupõe decidir, por sua vez necessita
analisar, planear, e controlar objectivos fixados que pode ser neste caso a produção
prefixada e deve ser executada de forma sintética.
Um sistema com uma boa organização incorpora aspectos como: objectividade,
flexibilidade, capacidade de previsão, complexidade e originalidade.
7.2 ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO DA PRODUÇÃO
Acabamos de definir a produção e a sua ligação com a organização que doravante
entenderemos por “empresa produtiva”. Mas sabemos também que a produção é uma
função de empresa e logo podemos dizer que a Gestão de produção é sub - função da
função produção. Nesta perspectiva a sub-função Gestão de produção só é realizável
numa empresa que desde já chamaremos também como dizemos antes por
“organização” por questão de globalização do conceito.
Qual será então as tarefas na criação de uma estrutura conceptual da Gestão de
Produção numa organização?
Voltando as definições acima apresentadas podemos rapidamente dizer que não
existe organização sem definir os seguintes elementos: o domínio, o conteúdo, a
duração e a estrutura da empresa produtiva.

ORGANIZAÇÃO DA
GESTÃO DA PRODUÇÃO

DOMINIO CONTEÚDO DURAÇÃO ESTRUTURA

112
Figura 5 : As tarefas da organização empresarial produtiva
A definição do domínio, trata-se aqui de definir o seguinte:
b) territorial : nacional, provincial, municipal ou local;
c) sectorial: primário, secundário e terciário;
d) propriedade: pública ou privada ou ainda associação de empresas;
e) dimensão: pequena, média e grande;
f) ramal: agricultura, construção civil, militar, transportes, industrial.
A definição do conteúdo, trata-se aqui de definir o seguinte:
a) teórico: definir os objectivos em termos de hipóteses;
b) constituição ou formação da empresa: disposição dos conceitos
tendo em conta a estrutura dos elementos que compõe a
organização por exemplo a definição do objecto social da empresa,
dos instrumentos jurídicos da empresa – regulamentos -, dos
programas de produção, ...;
c) realização dos objectivos: execução das infra-estruturas e
estruturas físicas;
d) substituição: definir as etapas de substituição de tecnologias, não
esquecendo que as etapas a seguir são :
- manual  mecânica automatizada electrónica ou
telecomandada
A definição da duração, trata - se da definição de prazos para alcançar os objectivos
predefinidos que pode ser dilatados ou prorrogados. Se estes prazos não estiverem
definidos, entra a organização numa improvisação, não desta forma existir qualquer
maturidade em termos de planeamento. É à este nível que se define as actividades e
se define o ciclo de vida da organização tendo em conta do seu objecto social.
A definição da estrutura, trata-se da definição da estrutura conceptual e da estrutura
PRODUÇÃO
orgânica da organização e respectiva correspondência para a responsabilizão das
actividades.

Mercado Métodos e Planeamento e Elementos da


Prep. Trab. Controlo Produção

GESTÃO DA
PRODUÇÃO

TRANSFORMAÇÃO
113
Figura 6: Definição da estrutura conceptual da empresa produtiva
A estrutura conceptual contem elementos essenciais que facilmente podemos
identificar na figura acima apresentada nomeadamente : a necessidade da existência
de um mercado, dos métodos e preparação da produção, do planeamento e controlo
da execução da produção e dos elementos da produção onde destacamos os recursos
humanos, economia do material, finanças etc.
Além da estrutura conceptual existe uma estrutura orgânica que necessita sistematizar
a estrutura através de instrumentos jurídicos e administrativos para tornar a
organização viável e corresponder com o objecto social pelo qual foi necessário a sua
formação ou constituição.
Eis a estrutura orgânica de uma empresa produtiva:

ORGÃOS SOCIAIS

DIRECÇÃO

PRODUÇÃO

UNIDADE A UNIDADE B UNIDADE C

Figura 7: Definição da estrutura orgânica da empresa produtiva

Esta estrutura dispõe de três níveis de tomada de decisão estão estruturados da


seguinte forma:
a) Ao nível dos órgãos sociais são definidos os aspectos funcionais da organização
de ponto de vista estratégico e de controlo da direcção que estes órgãos têm por
competência de nomear, fiscalizar e administrar a direcção executiva também
designada de direcção geral. Para o efeito e de acordo com o nosso ordenamento
jurídico nomeadamente do código comercial, uma empresa produtiva deve possuir
os seguintes órgãos sociais: a Assembleia Geral, o Conselho de Administração e
o Conselho fiscal;
b) Ao nível da direcção executiva ou direcção geral são definidos os aspectos
funcionais da organização de ponto de vista táctico e de controlo da direcção
produtiva ou operacional e que este órgão tem por competência de nomear,
fiscalizar e administrar a direcção produtiva ou operacional. Para o efeito e de
acordo com o nosso ordenamento jurídico nomeadamente do código comercial,

114
uma empresa produtiva deve possuir as seguintes áreas produtivas importantes:
Fabrica, Unidades Especializadas de Produção, Brigadas, Armazéns ( entradas e
saídas ).
c) Ao nível da direcção operacional ou direcção da produção são definidos os
aspectos funcionais da organização de ponto de vista operacional e de controlo
das unidades produtivas e das operações ou das actividades e que este órgão
tem por competência de nomear, fiscalizar e administrar órgãos de base
operacionais ou operários singulares. Para o efeito e de acordo com o nosso
ordenamento jurídico nomeadamente do código comercial, uma empresa
produtiva deve possuir as seguintes operações ou actividades importantes: Obras,
Fabricação, Produção de serviços, Movimentação, Aprovisionamento, Expedição,
Controlo de qualidade e Armazenamento.
7. 3 FORMAS DE EMPRESAS PRODUTIVAS
A forma de organização de uma empresa produtiva tem a ver com a dimensão e o
objecto social da mesma. Existem duas formas de organização de uma empresa
produtiva: a forma centralizada e a forma descentralizada.
A forma centralizada é aquela cujas tarefas ou as operações estão centralizadas
num órgão ou numa pessoa no caso desta último pode ser representado pela empresa
produtiva de pequena dimensão. Esta forma tem vantagens bem como desvantagens
a ser sistematizados tendo em conta a realidade de Angola. No entanto eis as
obrigações a ter em conta numa estrutura centralizada:
a) Criação de uma estrutura cuja a hierarquização esteja bem definida, em termos
de responsabilidade e fundamentalmente em termos de tomada de decisão.
b) Sistematização funcional das obrigações e tarefas, isto é a necessidade de
determinar com clareza as obrigações e tarefas de cada nível hierárquico, bem
como das pessoas que compõem cada sistema.
c) Construção de ligações entre os subsistemas da produção e outros
subsistemas ou funções da empresa, importa referir aqui para ressaltar o
enquadramento da Economia do material pelo facto esta incluir vários
subsistemas de produção.
d) Determinação de níveis de decisões que passa pelo reforço da ideia da
constituição de um sistema de direcção, onde as obrigações e os direitos não
se confundem nem criam conflitos de decisões.
e) Formação de relações individuais entre os órgãos e as pessoas ou grupos de
pessoas (brigadas, comissões,...) evitando desta forma comportamentos de
resistência ou de desobediência que podem comprometer os objectivos
predefinidos.

115
f) Criação das condições de desenvolvimento de trabalho. É necessário que haja
condições humanamente aceitáveis, dando credibilidade aos integrantes do
projecto bem como a satisfação moral e material ao operário e ao dirigente.
A forma descentralizada é aquela cujas tarefas ou as operações estão distribuídas
aos diferentes órgãos ou grupos de pessoas. Esta forma tem vantagens bem como
desvantagens a ser sistematizados tendo em conta a realidade de Angola como
referimos na forma centralizada. No entanto eis as obrigações a ter em conta numa
estrutura descentralizada:
a) Realização das tarefas a longo prazo.
b) Realização das tarefas a curto prazo.
Resumindo, alem das tarefas da forma centralizada, a descentralizada possui a tarefa
fundamental que consiste no planeamento das actividades.
7. 4 CONDIÇÕES DA ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO
As condições eficientes e eficazes da organização assentam em vários princípios e
indicadores como a base de acompanhamento e controlo da execução e das decisões
com vista atingir objectivos quantificados da produção. A regularidade desta exige a
que sejam definidas as tarefas e a projecção da produção.
7.4.1 As tarefas da organização
As tarefas para garantir uma organização eficiente consubstancia-se no seguinte:
a) Criação de uma estrutura racional, que apresenta uma estrutura consequente
tendo um sistema de direcção convincente que tenha ainda em atenção os
objectivos preconizados, isto é que todas as decisões a tomar estejam de
acordo com as prioridades e o objecto social da produção.
b) Existência de um sistema de informação eficiente. A efectivação desta tarefa
tem a ver com o respeito de dois princípios da organização a saber a
verticalidade e a horizontalidade. A verticalidade de decisões e o seu
cumprimento segue um princípio decrescente vertical, isto é de alto para baixo
significando que o inferior obedece e executa enquanto que o superior
hierárquico directo decide e manda. A horizontalidade significa princípio de
cooperação, isto é necessidade do próximo e da sua contribuição sem as quais
torna o desempenho do interessado difícil quanto a obtenção do resultado de
uma determinada tarefa.
c) Criação de uma estrutura conceptual e orgânica compatível.
d) Determinação das exigências do mercado.
e) Definição e determinação do tamanho e tipo da tecnologia a implantar que
tenha em conta a dimensão e o objecto social da organização bem como a
respectiva substituição.

116
f) Determinação das obrigações sociais e ecológicas.

7.4.2. O Planeamento da organização


O planeamento da organização responde a preocupação do gestor que consiste na
projecção da produção, isto é a manutenção do objecto social da organização e os
seus objectivos. A existência de um sistema de planeamento deve basear - se no
seguinte:
a) Investigação aprofundada do produto e do processo bem como a circulação
da informação, incluindo os conhecimentos adquiridos. Nem sempre a
investigação tem aplicação pratica. O inicio da abordagem de um problema
de ponto de vista investigava não sempre significa obtenção de soluções para
o respectivo problema.
b) Capacidade de recolha das informações e dados nos postos de trabalho.
c) Existência da logística eficiente, isto é garantia da movimentação dos
materiais e da informação.
d) Condições de elaboração, da execução e do controlo dos planos e dos
programas.
7. 5 SISTEMAS DE PRODUÇÃO
7. 5.1. Noções de sistema
É oportuno lembrar algumas noções de sistema para compreendermos o sistema de
produção.
O sistema de produção como qualquer sistema constitui um conjunto de elementos
cujas relações se entrelaçam. Para que haja produção eficiente torna se necessário a
existência do sistema produtivo.
Cada sistema contem três categorias fundamentais:
a) O elemento;
b) A relação;
c) A fronteira do sistema.

117
Cada sistema contem subsistemas. A produção contem as seguintes subsistemas: o
mercado, as operações, a economia do material, a informação, os métodos e os
instrumentos.
7. 5.2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Existem três tipos de sistemas de produção que são:
- sistema de produção unitário ou por encomenda,
- sistema de produção em série ou lote e
- sistema de produção em processo ou em massa ou ainda a granel.
O sistema de produção unitário – Há uma definição do produto ou do projecto pelo
cliente. Por exemplo : o dono da obra define o projecto ( a sua casa ou o seu carro).
Este tipo de projecto custa caro e normalmente isto acontece uma só vez. Exemplo de
produção por encomenda : construção de uma casa.
Sistema de produção em série ou em lote – Para definir o lote temos de definir o
regime de consumo intermédio, ou seja o regime de produção. Exemplo : lote de
casas (condomínio).
Sistema de produção em processo – É a produção a granel, contínua sem paragem
exige investimento de meios fixos elevados que exigem subsistemas cuja implantação
é rigorosa, o ciclo de fabricação é curto. Processo – Em blocos, exemplo : Bairro de
um único tipo de casa.
7.6. AVALIAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES PRODUTIVAS
7.6.1 PREPARAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO
A gestão da produção é, acima de tudo, um assunto prático que trata de problemas
reais. É importante destacar que o objectivo fundamental da avaliação de uma
organização produtiva é determinar o desempenho da mesma e dos problemas reais a
resolver, partindo das premissas concepção, acompanhamento e controlo da
execução do seu objecto social no prazo definido da sua vida económica.
Para avaliar uma organização produtiva é necessário primeiro conhecer as faltas que
aparecem na organização, elas são :
• Falta de coordenação das actividades (não há definição de objectivos).
Nestes casos o director executivo por exemplo nunca está em condições de
poder aferir-se sobre tudo quanto se passa entre os sectores e por conseguinte
não poderá resolver no devido tempo todos os problemas que eventualmente
possam surgir dentro da organização;

• Problema das funções administrativas sem base uniforme (tomada de


decisões sem critérios previamente definidos, ausência de regulamentos). Isto
acontece quando não se tem capacidade para estabelecer limites de carga

118
tanto para o trabalhador – gestor e operário - bem como para o produto.
Quando um trabalhador por exemplo manifesta cansaço, o responsável deve
ter a capacidade não só de ver se o mesmo estará realmente cansado e quais
as motivações que estarão na base de tal situação.
• Decisões extemporâneas e sem qualidade. Todo o processo decisório exige
caracter oportuno e com objectividade porque quando isso não acontece, pode
provocar situações complicadas em termos de tomada de decisão.
• Lentidão ou imprudência na necessidade da mudança
estamos a falar da política de avestruz, isto é esperar que as situações
aconteçam para depois agir muito tardiamente.
No entanto e, para evitar tais faltas de estratégias e para que haja regularidade do
processo produtivo, há que levar acabo um processo de investigação, recolha de
informação, logística produtiva e a implementação dos objetivos.
7.6.2. TERMINAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Os critérios utilizados para avaliar uma organização após identificadas as suas faltas,
são:
1. Critérios Económicos;
2. Critérios Técnicos;
3. Critérios Legais;
4. Critérios de Integração;
5. Critérios de adaptação.
CRITÉRIOS ECONÓMICOS
Conhecer em termos quantitativos os objectivos económicos. Quais são os
investimentos a efectuar? Qual a rentabilidade que se pretende atingir, ou ainda,
podemos ver como é feito o agrupamento de trabalhos semelhantes, ou seja, como é
resolvido o problema da obtenção de economias de escala (agrupar tarefas
semelhantes)? A Economia do material é eficientemente executada ou é feita duma
forma improvisada? Os recursos humanos são adequados em qualidade e quantidade
de acordo com os objectivos e o tamanho da organização?
CRITÉRIOS TÉCNICOS
Dizem respeito a gestão da supervisão, onde o chefe de turno ou da brigada joga um
papel chave no sentido da organização das operações. Esta faz-se através da
programação e optimização das cargas de trabalho, ou seja a determinação do limite
para a responsabilidade de cada gestor ou executor até ao nível do operário. Essa
carga de trabalho pode ser definida através de unidades de medidas potenciais, por
exemplo : um equipamento pode ter uma certa capacidade de produção e a partir
desta define-se a capacidade de carga por cada operário.

119
CRITÉRIOS LEGAIS
Há necessidade de respeitarmos as regras estabelecidas para evitar os conflitos
judiciais, devido estes acarretar custos. Importa aqui referir de que os instrumentos
jurídicos constituem os elementos de base para cada organização e que a sua
elaboração deve merecer apoio e na medida do possível o consentimento da maioria
dos intervenientes na produção da organização. Na perspectiva de cada um se
identificar com os objectivos da organização, os operários devem sentir-se associados
a defesa dos seus interesses. A empresa tem de ter regulamentos, se for possível por
cada operação ou área produtiva, de acordo com a legislação laboral e as regras da
OIT e ter em conta os aspectos específicos do ramo de actividade.

CRITÉRIOS DE INTEGRAÇÃO
Dizem respeito ao clima emocional, ao problema de motivação. A motivação tem que
ser regulamentada. Contudo devemos comparar custos e benefícios referente as
formas de motivação. Na regulamentação dos níveis da motivação, o legislador deverá
tomar em consideração os comportamentos sociais e não esquecer o enquadramento
étnico - linguistico de cada operário ou grupos de trabalhadores organizados ou não.
CRITÉRIOS DE ADAPTAÇÃO
A adaptação vem da relevância do controlo da incerteza ambiental e da informação.
Aqui a adaptabilidade e a flexibilidade do gestor deverá ser evidenciada na tomada de
qualquer decisão, principalmente quando não se tem informações suficientes. Por isso
um bom gestor deve adaptar-se sempre as condições de cada actividade e deve ser
flexível, dinâmico e criar critérios de adaptação. A adaptação não deve ser vista
somente na perspectiva do gestor mas também do operário na vertente do emprego,
da gestão e dos equipamentos. A saturação será o elemento chave e comparativo de
enquadramento e de adaptação.
7.6.3. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE UMA ORGANIZAÇÃO
Para qualquer analise e avaliação de desempenho de uma organização existe cinco
elementos a considerar, sem a qual a avaliação não será qualitativa. Embora será
importante a caracterização e tipificação de cada operação, antes de falar das
operações do processo de transformação, torna – se necessário citar os cinco
elementos de avaliação de desempenho de uma organização que são:
• A qualidade;
• A rapidez;
• A confiabilidade;
• A flexibilidade e
• Os custos.

120
Entretanto no processo de transformação, a combinação entre os materiais a serem
transformados e os materiais de transformação se efectua através de dois tipos de
operações classificados da seguinte forma:
1. a operação de transformação material e
2. a operação de transformação de serviço.
Embora existir características especificas para cada elemento de analise para a
avaliação de cada produto ou serviço, importa detalhar genericamente elementos
comuns de analise para cada elemento de avaliação de desempenho de uma
organização.
No quadro a seguir apresentamos os princípios a reter na analise do desempenho das
entradas ou das saídas de uma organização:

Tipo de
Operação
Serviço Material

Elementos
• Operação mais apropriada; • Componentes fabricados
• Operação conduzida de conformes as especificidades;
1. Qualidade amaneira apropriada; • Construção e montagem
• Beneficiários consultados e adequada atendendo as
informados; especificidades;
• Trabalhadores corteses, • Produto confiável;
amigáveis e solícitos. • Produto atraente e sem defeitos.
• Tempo mínimo entre a • Tempo de entrega mínimo entre
2. Rapidez solicitação e a realização; o pedido especifico;
• Tempo mínimo para saírem os • Tempo de espera mínimo para a
resultados dos testes. manutenção, conservação e
assistência técnica para com o
produto.
• A proporção da operação • Entrega de produtos aos
rejeitada é mínima; distribuidores no tempo previsto;
3. Confiabilidade • A operação é feita na data • Entrega de elementos de
programada; garantia, serviços após venda e
• Os resultados dos testes da assistência técnica.
operação são entregues nas
datas prometidas.
• Serviço: Introdução de novos • Produto: Introdução de novos
tipos de operações; tipos de operações;
• Compostos: Ampla variedade de • Compostos: Ampla variedade de
4. Flexibilidade de operações; opções disponíveis;
• Volume: Habilidade de se • Volume: Habilidade de se
ajustar ao numero de ajustar ao numero de
clientes atendidos; produtos fabricados;
• Entrega: Habilidade de Entrega: Habilidade de
reprogramar a reprogramar as
operação. prioridades da produção.
• Tecnologias e instalações:30 %; • Tecnologias e instalações:15 %;
5 Custos • Materiais e serviços: 22 %; • Materiais e serviços: 62 %;
• Trabalho: 48 %. • Trabalho: 23 %
Quadro n.º 0 2: Caracterização das operações na avaliação de desempenho de uma organização.

121
Relativamente aos custos importa sublinhar de que:
• as tecnologias e instalações dever-se-ão considerar as operações de compra,
manutenção, processamento e substituição de hardware da produção;
• os materiais e serviços dever-se-ão considerar os materiais consumidos ou
transformados na produção;
• o trabalho dever-se-á considerar o pessoal empregado.

7.6.4. INDICADORES DE AVALIAÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO

Uma organização tem que ter uma dimensão adequada tendo em conta a estratégia
ou o plano de trabalho estabelecido. Os critérios de avaliação deverão basear - se na
regularidade e continuidade do sistema de produção no sentido de acompanhar e
controlar os indicadores quantitativos e qualitativos de eficiência da organização com o
objectivo de corrigir os acontecimentos do processo produtivo.
A estratégia da produção é estabelecida tendo em conta os seus produtos, serviços e
processos. Desta feita são desenhados os procedimentos a contemplar e o trabalho
será planeado e controlado de forma contínua. Todavia, esse não é o fim das
responsabilidades directas da gestão da produção. A responsabilidade permanente de
todo gerente de produção é melhorar o desempenho das suas operações. Deve
adoptar melhorias, de forma a acompanhar pelo menos os concorrentes e atento às
expectativas crescentes dos consumidores, não o fazer é condenar a função produção
e a manter-se sempre distante das expectativas da organização. Pois torna se
necessário definir um conjunto de indicadores e de princípios de desempenho e de
acompanhamento.
Esses indicadores servem para avaliar quantitativamente a organização produtiva,
para que isso aconteça uma organização produtiva deve respeitar quatro indicadores
fundamentais de avaliação de eficiência e desempenho:
1- A ritmicidade do processo produtivo;
2- Proporcionalidade das despesas e dos resultados;
3- Paralelismo entre processos;
4-Factor de continuidade.
A - Ritmicidade

R=
t (001)
q

Onde na formula podemos interpretar:

122
R = Ritmicidade
t = tempo de duração do processo
q = quantidade a produzir pela organização
A formula, acima mencionada, define o grau de ritmicidade, R, que tem como objectivo
determinar a sincronização dos factores elementares potenciais, isto é a rede de
operações e fluxo dos factores elementares potenciais, estamos em outras palavras a
referir-nos da implantação dos equipamentos. Podemos, para cada factor elementar
potencial, definir a ritmicidade no sentido de definir a ligação de diferentes unidades
corrigindo as folgas que possam acontecer.

B- Proporcionalidade
A proporcionalidade é a relação entre os factores de produção, isto é a relação entre
as despesas de produção (A n) e o fundo de salário ou a força de trabalho (L n). A
proporcionalidade é uma grandeza constante e é obtida pela seguinte formula:

A=
1 te
= A2
= A
3
= .... = A
n
C
L
1 L
2 L
3 L
n (002)

Onde :
A n – Representa as despesas de produção do período n e
L n – Representa o fundo de salário quer dizer a força de trabalho do período n
Essa relação pode ser dada em valor ou em quantidade, em quantidade temos A n,
representando as quantidades em termos de capacidade de produção (rendimento) e
L n, representando número de trabalhadores ou custos com pessoal que pode também
ser representado pela produtividade.
A necessidade dessa proporcionalidade é ver o desvio entre duas grandezas a
comparar uma já dada em termos teóricos e outra em termos práticos para ver os
desvios servindo desta forma de alerta relativamente ao processo produtivo.
C- Paralelismo entre processos
O paralelismo entre processos pode ser analisado de duas formas : Comparar o
processo em análise com um processo existente internamente ou com um outro
processo exterior partindo sempre nas comparações de processos reais.
Relativamente a processos internos, no caso de havendo dados internos utilizamos o
seguinte indicador :

123
n
ak
P i
= ∑( ) (003)
Onde : i =1 D
P i – Grau de paralelismo do ciclo interno;
a K – Despesa de fabricação do artigo k e
D – Duração do processo de fabricação do artigo k
E no caso de haver dados externos, temos como indicador :
n
di
P i
= ∑(T )
i =1
(004)

Onde :
P e – Grau de paralelismo do ciclo externo;
d i – Duração da parte do processo do artigo i e
T – Período de tempo do processo.
Os problemas de aplicação prática destas fórmulas são os seguintes:
1- A estrutura do trabalho, quer dizer, ao determinarmos o período do processo, quer
seja para os dados internos como externos, temos que saber qual é a estrutura dos
custos com o pessoal de cada artigo para efeito de imputação contabilística entre os
custos directos e indirectos, pois a estrutura do trabalho ajuda a imputação dos custos
no sortido;
2- Qual é a dimensão do sortido, isto é, saber com exactidão qual é o número de
artigos a fabricar, tem que haver clareza na definição do sortido para fixar a grandeza
da dimensão do artigo;
3- O nível da procura. A estruturação deve estar em correspondência com o nível de
necessidades. O conhecimento das necessidades efectivas do mercado é muito
importante e pode ser conhecido através do Marketing;
4- A existência do grau de confiabilidade e a continuidade na elaboração dos dados
estatísticos, certificando a fiabilidade, em outras palavras, a capacidade do processo
produtivo.
Tendo a certeza da solução dos quatro problemas acima descritos podemos comparar
os indicadores sem risco.
D- Factor de Continuidade
Para que haja uma produção contínua é necessário definirmos os factores de
continuidade. Podemos definir três factores ( já enunciados no paralelismo) :
1- A satisfação e a existência de clientes, ou seja, a existência de mercado;
2- A observação da sincronização que já foi definida na ritmicidade. Deve haver a
observação da sequência tecnológica dos factores elementares potencias;

124
3- O aproveitamento máximo desses factores, aí temos um certo problema. Se
estivermos em presença de uma produção cíclica, põe-se a questão do
aproveitamento dos factores elementares potenciais, pois só podemos utilizá-los num
período, pois será que vamos dilatar este período sem contudo atingir a capacidade
máxima ou vamos usar um único período mas, utilizando a capacidade máxima. Para
o economista a comparação em termos de custos deve constituir – se em avaliar o
aproveitamento intensivo ou um aproveitamento racional, temos de ver o mercado e a
sua reacção.
Para a continuidade produtiva temos três fórmulas para medir o grau de
aproveitamento racional dos factores :
1- Grau de satisfação contínua das necessidades :

Σqi (005)
k (α )
= 1−
Q

Onde :
K (α ) – Grau de satisfação contínua das necessidades
1 – Satisfação total
q i – Desvio da satisfação em unidades (expressa em valor ou em quantidade)
Q – Necessidades de satisfação em unidades de produto
Como chegar a este resultado ? Esse é o verdadeiro problema! No mercado através
de inquéritos, podemos retirar uma amostra que nos dá a satisfação em unidades de
produto, definir por exemplo, qual é a quantidade de consumo de pão tendo Angola a
população de treze milhões de habitantes, podemos calcular a norma de consumo de
uma amostra para extrapolarmos a população. Daí torna - se necessário retirar a parte
da rentabilidade para conhecer a parte efectiva e produzida da nossa empresa
panificadora. O desvio (q) é a incerteza da satisfação das necessidades ou desvios
observados entre as necessidades e as entregas. Podemos obter uma média amostral
e devemos reflectir sobre o consumo real (S) que determina a satisfacção tendo em
conta as opções de consumo do produto.
Para definir a quantidade de pães a fornecer torna-se necessário partirmos desse
amostra da cidade de Luanda com os seguintes indicadores:
U.M.: Ton.
Designação beneficiário Q S qi
Samba 20 18 2
Sambizanga 25 23 2
Cazenga 35 35 0
Ingombotas 15 14 1

125
Viana 40 38 2
Cacuaco 37 36 1
Somatório 172 164 8

Quadro n.º 0 3: As necessidades de Satisfação (Q)


em relação a Satisfação (S) e os desvios de satisfação (qi).
2- Grau de aproveitamento dos factores potenciais:

Tp (006)
k (β ) = 1 − L
Onde :
K ( β) -- Grau de aproveitamento dos factores potenciais ou dos
equipamentos;
1- Grau de aproveitamento máximo dos factores potenciais ou dos
equipamentos;
Tp – Tempo de interrupções;
L – A capacidade dos factores potenciais em unidade de tempo
(Hora/Homem ou Hora/Máquina)
As interrupções podem resultar de paralisações tecnológicas (avarias, pausas
obrigatórias etc...), de folgas ( a margem de manobra) ou por paragens provocadas (
greves, calamidades e improvisação).
3- Grau de evolução da continuidade :

T 
kδ = 1−   (007)
D
( )

com T = D − Tp resulta

 D − Tp 
kδ = 1−   (008)
 D 
( )

onde :

kδ ( )
= grau de evolução da continuidade

T = tempo da margem
D = duração do processo
Tp = tempo de paralisação
1 = satisfação total

126
Assim a avaliação de uma organização (empresa) quer seja ela privada, mista ou
pública, por questões de desempenho, deve identificar as falhas da organização no
exercício das suas funções produtivas, definir os critérios de analise e por fim calcular
os indicadores quantitativos bem como avaliar os qualitativos de desempenho da
mesma, acrescentando como não deixar de ser os resultados e rendimentos
da produção para ter uma analise global comparativamente ao plano de acção
aprovado na base da estratégia do país.
Assim são todos esses elementos que nos habilitam a elaboração consequente do
relatório de produção da organização a submeter aos órgãos sociais e instituições
para tomada de decisões pertinentes de acompanhamento ou da avaliação da nossa
actividade.

TEMA XIII. ENGENHARIA DO PRODUTO


8 .1. IMPORTÂNCIA E CONCEITO

Para falarmos do produto, devemos começar por falar das entradas ou “in-puts”. Elas
se afiguram como sujeitos do processo de transformação elementar que desta resulta
em “out-puts” ou saídas, a finalidade do processo produtivo.
Entretanto, como sabemos, o processo de transformação dos factores elementares
repetitivos resulta em variedades de saídas (produtos, subprodutos, e serviços), então
é aconselhável que neste capitulo se faça referência específica do produto,
indistintamente como resultado da transformação de variedades de manifestações de
saídas, em outras palavras os materiais transformados.
Quer isto dizer que para falarmos do produto devemos antes de tudo ter em conta o
objecto social de qualquer organização justamente porque o processo de
transformação dá lugar a diversos tipos de saídas, como é o caso concreto da
Unidade de Produção de Cimento a ter em evidencia, considerando o objectivo
principal que é a fabricação de cimento. Mas que por razões varias, também pode
comercializar o clinker como sendo um material acabado.
Abordando a predominância dos materiais transformados -saídas- em relação ao
processo de transformação podemos concluir de que em presença de um processo de
transformação de materiais, temos, saídas dominantes de varias operações, os
produtos e / ou subprodutos, enquanto que em presença de um processo de
transformação de informações e consumidores - clientes – de varias operações terem
como saídas os serviços.

127
ENTRADAS SAÍDAS
Processo de
Transformaç
- Matérias Primas - Bens - Produtos e
- Materiais Secundários ã Subprodutos
- Matérias Subsidiárias - Serviços
- Pessoal / Trabalho
- Tecnologia / Hardware
- Informação
- Instalações

MATERIAIS MATERIAIS TRANSFORMADOS

Figura n.º A Engenharia do processo e o problema da identificação do material (entrada e saída)

Este tipo de conflitos não se verifica só numa unidade transformadora, como também
pode ocorrer no processo de comercialização, na medida em que as saídas - serviços
- aqui podem significar um comercio a grosso (consumo intermédio) como também o
comercio a retalho (para o consumo final).
O objecto da engenharia do produto - definido na Introdução - é o conhecimento e
análise das saídas : Produtos, Subprodutos e Serviços. É na engenharia do produto
que o economista faz a identificação, a classificação e a codificação das saídas.
Os produtos podem ser classificados :
A) Quanto a importância
Quanto a importância podemos classificar em valor ou em quantidade os produtos,
nisto podemos usar os métodos ABC, XYZ e a responsabilização.
B) Quanto a natureza
Quanto a natureza podemos classificar em : metálicos e não metálicos.
Colocando-nos na posição de observadores (não sendo fornecedores nem
compradores) identificamos os produtos através do aspecto físico-químico, isto é a
fórmula ou símbolos físico-químicos e o nome comercial ou vulgar da mercadoria.
Para classificar, codificar e identificar o produto temos de criar um sistema de recolha
de informações que depende do tipo e finalidade que têm as informações.
Para recolher informações podemos recorrer a quatro fontes :
• Primeira fonte : São as informações relacionadas com o produto que a
organização elabora, dizem respeito a tecnologia a usar, a normalização
(como usar esse produto) e também a garantia e a validade.
• Secunda fonte : É a fonte de pesquisa do produto, o marketing
• Terceira fonte : É uma fonte utilizada para investigar novos produtos, diz
respeito às exposições e as feiras.

128
• Quarta fonte : Diz respeito às reclamações.
8.2 CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO
A saída constitui o resultado do processo produtivo isto é do processo de
transformação. O material transformado, a saida, é a combinação dos materiais a
serem transformados, os materiais de transformação e o trabalho.
Tendo em conta as entradas e a natureza das operações de transformação temos dois
grandes grupos de materiais transformados ou utilidades ou ainda bens a saber os
materiais produtos e subprodutos por um lado e por outro os serviços baseados na
informação ou no cliente - consumidor -.
O entendimento a ter em conta do material transformado, isto é do produto, vem
espelhado no quadro a seguir onde cada bem material ou bem de serviço, resultado
do processo de transformação encontra enquadramento. Este enquadramento ajuda
não só a caracterização qualitativa do produto mas também a avaliação do
desempenho da organização partindo das conseqüências que o produto apresenta ao
mercado, tendo como elementos essenciais os outros objectivos precisamente os
indicadores qualitativos de desempenho.
Tipo de
Operação Material Serviço
Característica
Tangibilidade Tangível Intangível
Estocabilidade Estocavel Não estocavel
Transportabilidade Transportável Intransportável
Simultaneidade Produzido antes Produzido simultaneamente com consumo
Contacto Baixo nível de contacto Alto nível de contacto
Qualidade Evidente Facilitador
Quadro nº 04: Caracterização qualitativa do material transformado 1

É evidente que o cimento, fruto do processo de transformação ou da combinação de


matérias primas, equipamentos e trabalho, é tangível e transportável; enquanto que o
tratamento de um doente é intangível e intransportável embora possamos sentir e ver
o processo de tratamento.
A avaliação do desempenho da organização dependerá da caracterização qualitativa e
os indicadores quantitativos de avaliação da organização.
8.3 OBJECTIVOS DA ENGENHARIA DO PRODUTO
Dos grandes objectivos que merecem destaque na engenharia do produto são:
a) – O objectivo primordial da Engenharia do produto é de projectar produtos e
serviços com a finalidade a satisfação dos consumidores atendendo as suas
necessidades e expectativas actuais e futuras.
A elaboração do projecto do produto contem outros aspectos a

1
Adaptado do texto autor 22 da Bibliografia pagina 36

129
considerar:
• – Os elementos essenciais de projecto do produto ou serviço (ideia, conceito, o
composto, o volume e o processo);
– A elaboração de projectos de novos produtos, isto é a pretensão de satisfazer
uma determinada utilidade e / ou frange social que não existe no mercado devendo
- se pensar num novo produto o que envolve novos processos tecnológicos.
• - as etapas envolvidas no projecto de qualquer produto ou serviço:
1. Ideia do produto ou serviço
2. criação de conceito de produto ou serviço;
3. triagem do conceito;
4. projecto preliminar do produto ou serviço;
5. avaliação e melhoria do projecto preliminar;
6. prototipagem;
7. produção experimental e
8. projecto final.
b) - A identificação dos mecanismos de substituição dos produtos, ou seja as
mudanças técnicas exigíveis na fase do declino da vida económica e útil dos
produtos o que requer que sejam feitos estudos de viabilidade de novos
produtos similares.
8.4 CLASSIFICAÇÃO E CODIFICAÇÃO
São vários os conflitos que resultam da utilidade dos produtos e não só, uma das
formas de se poder contornar tais conflitos ou outras situações similares, é partir-se
para o processo de classificação e codificação, na identificação do local exacta ou
etapa no ciclo produtivo cujo o grau de interesse resume-se em quatro aspectos
essenciais:
a) Identificação
b) Racionalidade
c) Facilidade na movimentação
d) Estandardização
• – Identificação. A identificação de qualquer produto obriga a que se
refira a classificação do mesmo, por sua vez remete-nos para o
processo da sua designação o que deve ser feito tanto do ponto de vista
técnico como também do ponto de vista comercial ou seja;
a.1) Do ponto de vista técnico quando se dá o nome a um produto, faz-se referência
aos aspectos químicos e físicos bem como micro - biológicos.
a.2) Do ponto de vista comercial quando a designação do produto aparece com o
nome vulgarmente conhecido do produto no mercado.

130
Quer isto dizer que para um gestor a preocupação vai no sentido de conhecer a
designação quer técnica como a comercial de um produto, isto para não criar
constrangimentos ao processo tanto de aprovisionamento bem como produtivo
fundamentalmente por altura de encomendar entradas.
• – Racionalidade a racionalidade facilita o processo de contabilização da
empresa principalmente no caso da movimentação interna - fabricação
- como também externa – comercialização -, sobretudo no caso de
estarem disponíveis os códigos quer de entradas como de saídas.
• – Facilidade na movimentação a facilidade de movimentos diz respeito
não só aos materiais, e aos produtos, como também às pessoas, isto no
intuito de não perigar o processo produtivo. Os mecanismos e os
movimentos a dominar são contidos com mais detalhes na disciplina de
Economia de movimentos agregados.
• – Estandardização é um processo que nos conduz a miniaturização dos
produtos com vista a simplificação da sua análise e utilização. Este
processo conduz-nos por outro lado a sincronização como também
poderá servir para o processo de implantação que por sua vez, facilita o
processo de circulação dos produtos.
Um outro elemento decorrente da importância da estandardização, diz respeito a
tipificação dos produtos tendo em conta a classificação económica de cada país.
Finalmente e, no que diz respeito a classificação e a codificação é importante frisar
que torna-se necessário que se tenha domínio da informação, o seu tipo, as fontes e
ou as origens de tal informação para que seja possível avaliar com precisão o tipo e o
conteúdo de cada produto, o que facilita imenso um eventual processo de reclamação.
A Classificação Nacional de Bens e Serviços de Angola, abreviadamente designada
por CNBS, elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, com a
colaboração de várias entidades nacionais e internacionais, vem provar a necessidade
de cada país possuir de um instrumento fundamental para a coordenação do sistema
nacional de estatístico e não só.
Neste documento de extrema importância encontrarão os principais símbolos, siglas e
abreviaturas das unidades de medidas oficiais a considerar na linguagem técnica e
oficial. É também de considerar de que a CNBS tem um significado técnico que se
pretende se for interiorizar a ligação existente entre a Classificação das Actividades
Económicas (CAE) de Angola, onde encontramos as explicações técnicas e teóricas
exemplificadas que demonstramos acima.
8.5 NORMAÇÃO E NORMALIZAÇÃO DO PRODUTO

131
Por normação entende-se a quantidade de material economicamente necessário para
produzir uma unidade de utilidade, uma unidade de bem ou serviço, o que implica
dizer que para se produzir torna-se necessário que haja um quantificador das
necessidades.
Fala-se fundamentalmente da normação quando estamos em presença de um
consumo intermédio.
Nb=Nl+D+P (009)
Onde :
Nb é a norma bruta;
N l é a norma liquida;
D é os desperdícios;
P é Perdas.
Entretanto, entende se por Normalização, a regulação do consumo final do produto ou
serviço, muito embora seja válido para efeitos de regulação do consumo intermédio.
Neste âmbito a transformação técnica que define as normas da efectivação do
consumo intermédio e final que vêm acompanhadas na documentação técnica
definem as normas a considerar para o consumo económico dos factores elementares
repetitivos tendo em conta as normas dos factores elementares potenciais ou cargas.
O conceito de normalização também incorpora aspectos como a metodologia e
posologia de uso, a rotulagem, validade do produto, garantia e outros aspectos de
identificação e segurança do produto ou serviço.
8.6 VIDA ECONÓMICA DE UM PRODUTO
Antes de abordar a vida económica do produto ou serviço, torna se importante
determinar os conceitos de vida económica e vida útil do produto ou serviço isto é
considerando os materiais transformados como recursos patrimoniais contabilizados.
MARTINS e ALT definem da seguinte forma as duas categorias:
“A vida económica de um - material - é o período de tempo, geralmente em anos, em
que o custo anual equivalente de possuir e de operar o bem é minimo 1”. Os materiais,
como equipamentos e instalações, se desgastam com o uso, necessitando cada vez
mais manutenção. Assim, é de esperar que os custos operacionais aumentem com o
passar do tempo. “A partir de um determinado instante não é mais interessante manter
o - material -, é quando ele atinge –o fim - da sua vida económica. 2”

1
DeGarmo, E. P. E outros. : Engineering Economy. 10. Edição Upper Sadle River; Prentice Hall, 1997.
2
Veja autor 23 da Bibliografia pagina 225.

132
Enquanto que “a vida útil de um produto ou –serviço - é o período de tempo em que o
produto ou –serviço- consegue exercer as funções que dele se espera. A vida útil
depende de como o bem é utilizado e mantido. 3”
Um outro conceito a não esquecer que tem a ver com a vida útil comparativamente
com a validade do produto, consiste na garantia, na medida em que quando este
ultrapassa o limite da sua utilidade, já não encontra satisfação logo o mercado rejeta o
material simplesmente, não pode ser consumido porque não está mais na moda.
A vida do produto está ligada a validade ou seja ao tempo que a sua utilidade perdura
para com o consumidor.
A vida económica porém nunca coincide com a sua validade, isto porque a primeira
grandeza depende de dois factores, nomeadamente; a taxa de crescimento e a taxa
de expansão.
Para a definição da vida económica torna se necessário compreender que o produto
passa pelos testes de falência que consistem medir através do tempo e temperatura a
capacidade de resistência do produto, definindo desta forma a durabilidade do mesmo
isto é o seu crescimento.
Os testes de falência têm um comportamento que podemos qualificar de exponencial
até atingir o limite que coincide com a maturação como vem ilustrado na figura abaixo
apresentada.
Temperatura

Tempo
Figura 9; Comportamento dos testes de falência do produto
Os testes de falência encontram-se ligados ao conceito do “ciclo material” uma vez
que o produto é uma manifestação material, assim podemos compreender e sempre
associar os dois factores acima mencionados ao produto ou material que são a taxa
de crescimento e a taxa de expansão.
A engenharia do produto através da análise da taxa de expansão e da taxa de
crescimento permite acompanhar o ciclo de vida do produto.

3
Torres, Oswaldo F.F. : Substituição de equipamento e Gestão de operações. São Paulo; Edição Edgar
Blucher , 1997.

133
A taxa de expansão é uma norma subjectiva e possui uma carga quantitativa e
emotiva. É tudo que os consumidores sentem pelo produto. Ela é alta quanto maior for
a aceitação do produto no mercado.
A taxa de crescimento é vista em termos qualitativos, isto é físico-químico e em termos
quantitativos.
Então a vida do produto tem a seguinte função normal :
Relançamento

M relançamento
C D

Tempo
Figura 10; Ciclo de vida do produto e o esforço de inovação
As taxas de crescimento e expansão calculam-se através de amostragens e
inquéritos. Quando elas são iguais então é porque estamos na maturidade é o sinal de
alerta de que temos de inovar o produto pois o próximo passo é o declínio e o gestor
deve evitá-lo. Aí torna se necessário reiniciar as etapas já enunciadas tendo em conta
os objectivos que se referem ao projecto do novo produto e serviço.
Como se pode aferir a partir do gráfico anterior, o produto tem um comportamento de
uma função normal ou seja, no momento de lançamento (L) a taxa de crescimento é
maior que a de expansão, situação que vai-se verificando - embora não com a mesma
proporcionalidade - até a fase de crescimento (C). Já na fase de maturidade (M) as
duas taxas equiparam-se, começando o produto a dar sinais de decaída até atingir a
fase de declínio (D) onde a taxa de expansão é superior a de crescimento, seguindo
assim esforços continuados do seu relançamento considerando a injecção de novos
investimentos tendo em conta a evolução da tecnologia, o que nos conduz a uma nova
engenharia do produto.
A taxa de expansão sendo uma carga quantitativa e emotiva, trata-se de uma norma
objectiva correlacionada com a satisfação da utilidade, ao passo que a taxa de
crescimento tem exactamente uma carga qualitativa, ou seja relação entre dois limites,
tendo em linha de conta a margem do tempo.

Tm
tx =
(010)
To
Onde:

134
- tx significa taxa de expansão ou taxa de crescimento
- Tm significa o tempo em analise da vida do produto;
- To significa o tempo inicial da vida do produto.
A taxa de expansão ou taxa de crescimento são utilizadas na formula 010,
indistintamente.
Discussão:

t x
pode representar a taxa de expansão (te) como a taxa de crescimento (tc).

Esses indicadores podem aparecer no decurso da vida do produto as seguintes


possibilidades que são :
1. te = tc = 0 : lançamento do produto e relançamento;
2. te < tc : desenvolvimento ou crescimento;
3. te = tc ≠ 0 : maturidade;
4. te > tc : declínio.

D M relançamento
L
Tempo
Importa Figura 11 ; Prolongamento do ciclo de vida do produto referir de que a
fase de maturidade pode e deve ser prolongada, sendo o gestor o responsável
principal e o motor desse prolongamento através do domínio dos indicadores de
avaliação das organizações ou da analise de comportamentos dos factores produtivos,
do trabalho e do cumprimento dos compromissos assumidos bem como as
possibilidades existentes.
A analise pode ser feita considerando os aspectos estáticas

Tm
t x
= (011)
To

e dinâmicas.
Tm
t x
=m (012)
To

O comportamento da formula global da t x


deve ser direccionado no sentido de

eficiência através de varias situações e modalidades de gestão tais como:


a) revisão e manutenção gerais programadas;
b) superação continua do pessoal;
c) avaliação de desempenho dos recursos fundamentalmente humanos e potenciais;
d) aplicação de incentivos e compensações.

135
8.7 O PLANEAMENTO DE NOVOS PRODUTOS
O planeamento do produto tem por objectivo fornecer as informações necessárias
para a tomada da decisão sobre :
• produzir,
• mandar produzir e
• comprar.
Fala-se ainda de planeamento quando estamos em presença de vários produtos o que
torna obrigatório proceder o estudo de viabilidade de um novo produto.
Tal estudo remete-nos para um conjunto de situações que se pode resumir em cinco
perguntas, nomeadamente;
a) Que produto deve ser fabricado?
b) Onde deve ser fabricado?
c) Quando deve ser fabricado?
d) Quem deve fabricar?
e) Qual o prazo necessário para fabricar?
Ao procurar dar respostas as cinco perguntas, estaremos exactamente a exercitar o
planeamento de novos produtos, o que passa para a elaboração de um projecto do
novo produto.
A questão relativa ao produto a ser fabricado tem a ver com a engenharia ou
simplesmente a identificação do produto a produzir, incorporando na análise, todos os
racíos de rentabilidade como também as disciplinas exactas.
A secunda questão está relacionada com o factor localização da nova unidade a
implantar, devendo para o efeito estar localizada junto do mercado dos consumidores
ou então próximo da fonte das entradas, não descurando as vias de comunicação e as
telecomunicações bem como outras infra-estruturas para que não esteja isolada dos
clientes.
A terceira questão está ligada ao regime do consumo do produto, as capacidades
produtivas e o tipo de produção a realizar.
A quarta questão é reservada aos portadores de licença e as capacidades para
fabricar. Aqui a noção de licença tem a ver com a tecnologia, ou seja se ela for
adequada e sujeita ao controlo de qualidade então deverá merecer a escolha para
fabricar.
Relativamente ao prazo, tem muito a ver com os indicadores de avaliação,
fundamentalmente no que se refere a duração do processo de fabricação, daí a noção
de folga e a forma a que esta não perturba o cumprimento do prazo.

136
Uma vez respondidas as cincos pertinentes questões e, devidamente equacionadas
com os elementos da organização e da planificação, então estamos em condições de
produzirmos um novo produto.

TEMA IX. ENGENHARIA DO PROCESSO


9.1 IMPORTÂNCIA E CONCEITO
Ao iniciar este tema, existem questões que devem ser respondidas para melhor
entender o papel da Engenharia do Processo, na Gestão da Produção. O economista
deve responder as seguintes questões sobre o produto:
1. O que produzir?
2. Onde deve ser produzido?
3. Quando deve ser fabricado?
4. Quem deve fabricar?
5. Qual é o prazo de fabricação?
perguntas servem de ponte entre a Engenharia do Produto e a Engenharia do
Processo. Algumas só são respondidas com o domínio da Engenharia do Processo.
Que produzir?
O produto pode ser novo ou o antigo. Quando for antigo, é fácil porque se detém a
documentação técnica e do sortido (as variedades). A documentação dá-nos o ciclo, a
designação, normação e normalização do produto.
Um novo produto pode ser equiparado ao produto antigo, se tivermos perante uma
fabricação directa, isto é, já existem os equipamentos, só o produto é que é novo.
Neste caso coincide com o produto antigo, é necessário somente recolher as
informações.
Se for um produto novo, temos que ver a viabilidade do produto, porque os
equipamentos serão novos e há necessidade de se fazer marketing. Outro elemento
importante, é saber que produto fabricar, analisar as fabricas similares e escolher os
elementos positivos que vão servir de base para a decisão.
Onde deve ser produzido?
Aqui há o problema da inserção no mercado, que depende da taxa de expansão, isto
é, da carga sentimental. Aqui deve-se investir na publicidade, através do Marketing.
Para se saber onde vai ser produzido, depende do marketing (publicidade), depende
também de aspectos subjectivos (qual será o mercado?, onde se encontra maior
numero de consumidores?, etc.) e o outro aspecto tem a ver com as infra-estruturas
de implantação dos investimentos, da fabrica e de distribuição. Relativamente a
implantação, considerar às infra-estruturas de base (água, energia, estradas, etc.), as

137
infra-estruturas de distribuição (meios de transporte). Elas deverão estar perto dos
consumidores potenciais. Deve haver infra-estruturas de imobilização (armazéns)
onde houver maior consumo, podem até ser centros de distribuição ou filiais.
Quando deve ser fabricado?
Depende do regime de consumo. O consumo deve ser visto na sua dicotomia,
consumo intermédio e consumo final. Aqui o regime de consumo se refere ao
consumo intermédio, diz respeito à saturação dos equipamentos. Deve ser fabricado
no período exigido na documentação técnica, para evitar saturação. A saturação leva
à avarias técnicas ou mesmo a destruição dos equipamentos. Nestes casos é
obrigatório a responsabilização dos culpados.
Deve-se fazer uma programação consequente que faz com que o consumo intermédio
satisfaça o consumo final.
Quem deve fabricar?
Quem tiver capacidade para o fazer. Tem capacidade o que tiver a tecnologia.
Tecnologia são os equipamentos e a documentação referente a eles, o “know-how”,
conhecimento do produto e do processo produtivo, conhecimento da Engenharia do
Processo.
Outro elemento da tecnologia diz respeito à transferência do conhecimento e patente.
5. Qual é o prazo de fabricação?
Tem a ver com a folga. O prazo é o caminho critico de programação produtiva. O
programa apresenta o prazo através de caminho critico e é esse prazo que representa
o tempo de fabricação. Os outros caminhos são adicionais.
Em termos contratuais o prazo é definido como programação da produção, os outros
caminhos possíveis dão-nos a folga. O tempo máximo é o caminho critico da
programação, enquanto que o prazo mínimo, é o caminho com folga (que serve de
margem de manobra). O caminho critico é definido por redes e fluxos. O prazo mínimo
nunca é o prazo de discussão do contrato, mas sim o caminho critico. O prazo máximo
de fabricação é o prazo contratual do fabricante, incorpora a folga. O prazo obriga a
elaboração do Cronograma das tarefas.
A par da engenharia do produto, este é seguramente um dos capítulos mais
importantes que retractam o processo produtivo, e cujo o conteúdo e o alcance das 5
perguntas formuladas podem servir como ponte de ligação entre as “duas”
engenharias, isto porque algumas das referidas questões só encontram respostas
adequadas na análise mais profunda agora.
O domínio da Engenharia do processo diz respeito a resposta da seguinte pergunta:
“Como fabricar o produto?”. O processo produtivo responde a pergunta formulada,
entretanto convém dar a ideia da Engenharia do processo. A Engenharia do processo

138
consiste na combinação dos factores produtivos, o trabalho e a informação da
organização, mas também exige que seja conhecido o objectivo da produção que é o
produto, razão pela qual o conhecimento profunda do projecto produto, a Engenharia
do produto, é imprescindível.
Em outras palavras o processo produtivo consiste na transformação e combinação
dos materiais a serem transformados e os materiais de transformação. O
processamento dos materiais a serem transformados é feita por incorporação total no
produto e se apresenta de três tipos a saber :
• Os materiais;
• A informação;
• O cliente ou o consumidor.
O processamento dos materiais de transformação é feita por parte e se apresenta de
dois tipos a saber :
• As instalações;
• O trabalho.
9.2 OBJECTIVOS DA ENGENHARIA DO PROCESSO
Os objectivos da Engenharia do Processo têm haver com a determinação de certos
parâmetros que justificam a transformação das entradas com vista obtenção das
saídas predefinidas.
Esta situação também tem a ver com o facto de existir a relação directa entre a
engenharia do produto e a engenharia do processo, na medida em que só podemos
falar em engenharia do processo quando definirmos conceiptualmente a engenharia
do produto o que requer:
a) A definição do produto;
b) A definição dos materiais e;
c) O trabalho.
Sendo assim, falamos numa combinação de três elementos importantes do processo
produtivo, para que possamos obter as saídas, ou seja a definição dos meios para a
obtenção das saídas:
1) Factores produtivos que incluem os capitais fixos e os capitais circulantes
que correspondem as entradas e os meios fixos representados e transferidos
total ou parcialmente aos produtos dependendo do tipo de material a transformar
ou de transformar mediante os custos directos ou indirectos de transformação,
isto é materiais a serem transformados - meios circulantes - ou materiais de
transformação -amortizações.
2) A informação pode ser incorporada nos factores produtivos mas na condição
de fonte alheia, com o objectivo de se conseguir rentabilizar o produto.

139
3) O trabalho que é incorporado nos custos como fundo de salários e ou força
de trabalho.
Nesta condição, podemos então dizer que só se poderá produzir se realmente houver
combinação entre os materiais e a tecnologia, fundamentalmente os equipamentos
que transformam as entradas para obtermos as saídas, e por conseguinte podemos
definir a engenharia do processo tendo em conta a importância os seguintes
componentes:
a) Preparação do trabalho que pode ser a curto prazo (execução das
operações), a médio e longo prazo que corresponde ao planeamento e
implantação da nova tecnologia, fazendo recurso nestes dois casos, aos
instrumentos quantitativos.
b) Definição da tecnologia.
c) Combinação entre a tecnologia, materiais e trabalho.
Na combinação dos factores de produção, trabalho e as instalações torna-se evidente
a definição da natureza das operações e a natureza de elementos do processo
produtivo. Abaixo apresenta-se o quadro da natureza das operações, entradas e
saídas.
TIPO DE
OPERAÇÃO ENTRADAS SAIDAS
Materiais por transformar
• material
Material Materiais de transformação
• Instalações Produtos
• Trabalho

Materiais por transformar


• Informação
• Cliente
Serviço Materiais de transformação
• Instalações Serviços
• Trabalho

Quadro Nº 05: Natureza das operações, entradas e saídas


Em suma existem vários objectivos, dependem da finalidade de cada um dos
produtores, mas existem 3 objectivos fundamentais:
• Designação da operação tendo em conta a instalação;
• Combinação da tecnologia, dos materiais e do trabalho;
• Preparação do trabalho a curto e a longo prazo. A curto prazo é a execução
operativa, imediata. A longo prazo é pensar em termos de planeamento e da
implantação da nova tecnologia e movimentação de factores de produção. A

140
nova tecnologia é implantada após a saturação, quando se estiver na
maturidade.
9.3 IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO
Por implantação entende-se a forma como os equipamentos são postos em sucessão
numa unidade fabril, isto é, o arranjo de equipamentos num determinado espaço.
Por sua vez, quando falamos de implantação devemos ter em conta elementos como:
- Movimentação interna dos materiais no processo produtivo
- O esquema da sucessão dos equipamentos
- O diagrama de implantação
- O lançamento das ordens de fabrico
9.3.1 PRINCÍPIOS PARA A IMPLANTAÇÃO
Para a implantação de um processo produtivo é imprescindível considerar os
seguintes princípios:
a) Definição do fluxo produtivo desde a entrada dos materiais até a saída dos
produtos, que define a linha e o trajecto em que devem seguir os materiais sujeitos
ao processo de transformação, desde as entradas até às saídas.
b) Adaptação do processo produtivo ou de fabricação à realidade, que tem a ver
com a escolha da tecnologia e sua disposição (localização) quer armazéns como a
própria fábrica.
c) Integração global é a combinação das operações e sua interdependência.
d) Respeito ao Layout (economia do espaço) que não é mais se não a capacidade
de distribuir os materiais e equipamentos em espaços economicamente úteis.
e) Flexibilidade em termos produtivos, isto é, a evolução das necessidades deverá
ser feita com custos mínimos, prevendo as alternativas e possibilidades da
expansão do processo.
9.3.2. – SIMBOLOGIA DA IMPLANTAÇÃO
Como referimos anteriormente a Implantação não é mais se não uma sucessão da
tecnologia, isto é, dos equipamentos. Dado o facto de tratar-se de um processo que
envolve um grau de complexidade, são usados sinais convencionais universais e
outros que são específicos a determinadas operações, nomeadamente:
*

141
Símbolos globais ou universais

Preparação

Operação, acção ou tarefa

Transportação ou transporte (indica o sentido da operação)

Espera ou aguarda

Obrigatoriedade de controlo

Decisão

Imobilização

Informação

Documento

Vários documentos

Terminação ou Fim da operação

* Símbolos universais de trabalho


Trabalho em geral
Trabalho manual

Trabalho mecânico

* Símbolos de suporte

Dados

Armazenamento de acesso seqüencial

Fita perfurada

Armazenamento de acesso directo


Figura 12; Símbolos da implantação
9.3.3 TIPOS DE IMPLANTAÇÃO
Existem dois tipos de implantação, nomeadamente a implantação produto e
implantação processo.
A IMPLANTAÇÃO PRODUTO é a disposição em série ou em sucessão dos
equipamentos em linha recta ou seja, pela forma como intervêm no processo de

142
produção, com objectivo de maximizar a eficácia dos trabalhos, na medida que neste
tipo de implantação não existem folgas.
A IMPLANTAÇÃO PROCESSO disposição dos equipamentos em função do grau de
especialização por onde os materiais têm de passar, com a possibilidade de haver
folgas.
No quadro a seguir apresentamos as vantagens e desvantagens de cada tipo de
implantação.

IMPLANTAÇÃO PRODUTO IMPLANTAÇÃO PROCESSO

1- redução dos custos de movimento 1- melhora o grau de satisfação ou de rendimento do


2- maximização da eficácia do trabalho equipamento
3- redução do tempo de produção 2- possibilidade de reduzir as folgas
VANTAGENS

3- redução dos investimentos de junção


4- a formação profissional tem melhor resultados
devido ao aproveitamento das folgas

1- redução do grau de utilização dos 1- aumento dos custos de movimentação


equipamentos 2- sistema de controlo muito complexo
2- aumento de investimentos e dos
DESVANTAGENS

equipamentos de junção entre várias


implantações
3- reduzido limite em termos de formação
profissional.

Quadro n.º 6 : Comparação dos dois tipos de implantação.


9.3.4 EXEMPLOS DE IMPLANTAÇÃO
A . IMPLANTAÇÃO PRODUTO (Produção de Fuba)

1 2 3 4 5 6
Celeiro (entrada);
1. Operação de separação de corpos estranhos;

143
2. Operação de trituração (pilão) e/ou moagem;
3. Operação de peneirar;
4. Operação controlo;
5. Dispensa (saída).
Figura 13; Implantação produto

B. IMPLANTAÇÃO PROCESSO: (Fabricação de cimento)


Temos várias implantações (de produto) na fabricação do cimento.
Areia Tolde
Argila Diluição
Calcário Britagem Pasta

Pedreira Extracção Trituração Moagem Homogen Bacia Clinkeriz Silos

Cimento
Moagem Silos Ensacamento Expedição

Gesso
Pedreira Extracção Britagem
Silos

Figura 14; Implantação processo


Para fabricação do cimento temos duas entradas, uma para a fabricação do clinker
através da queimada da pasta proveniente da mistura de argila, calcário e areia e a
outra a extracção do gesso até imobilização aguardando a fabricação do cimento,
tendo as mesmas etapas embora com inputs diferentes.
- Pedreiras: das entradas (argila, calcário e areia) e gesso;
- Extracção: escavação, carregamento e transportação até à fabrica;
- Trituração : Para os elementos sólidos como calcário no britador e argila no
diluidor -com água para a diluição - e para o tolde no caso de areia;
- Moagem: São os moinhos de pasta que trituram os elementos acima mencionados
tais como argila, calcário e areia para a obtenção da pasta, também existem
moinhos de cimento que trituram o clinker e o gesso ;

144
- Homogeneização: Realização de mistura da pasta doseada dos elementos acima
mencionados nos silos e depois enviada na bacia;
- Bacia: Tanque de retenção da pasta a céu aberto antes de ser enviada aos fornos,
onde efetuam – se operações naturais como evaporação;
- Clinkerização: queimada da pasta doseada à uma temperatura superior a 1.450 º
Celsius nos fornos para obtenção do clinker, pedra artificial;
- Silos: São locais de retenção de materiais a granel ou de homogeneização ou
ainda de espera.
Depois de ambos os produtos obtidos, clinker e gesso, dão entrada na etapa final,
para produção do cimento:
- Moagem: é utilizado o moinho de cimento onde estão misturados o clinker e o
gesso em quantidades previamente fixadas;
- Silos: o cimento obtido é armazenado nos silos, e logo depois ensacado para ser
vendido.
Nas operações de clinkerização, da homogeneização e nos silos acontece o controlo
de qualidade. No armazém de gesso também temos o controlo de qualidade dos
elementos químicos e físicos.
Faz-se o controlo administrativo (quantidades) nos espaços de imobilização, isto é nos
armazéns.
9.4 ECONOMIA DO MOVIMENTO
9.4.1. IMPORTÂNCIA E OBJECTIVOS
Como vimos anteriormente, tanto na implantação do produto como do processo,
confrontamo-nos com o factor imobilização, quer no início como no final do processo,
acontecendo por vezes no decurso das paragens (espera) para as saídas de materiais
- acabados.
É precisamente este tempo de espera que no fundo tem as suas implicações nos
custos, custos estes que devem ser reduzidos ao mínimo, para que haja eficiência no
processo produtivo.
Sendo assim, podemos então dizer que um dos objectivos fundamentais da economia
do movimento consiste na redução ao máximo possível o tempo do fluxo dos materiais
de um lado, dos equipamentos e das pessoas bem como outros factores
intervenientes do processo produtivo por outro lado.
Um outro objectivo primário da movimentação, consiste na redução dos movimentos
nos postos de trabalho e consequente racionalização dos recursos humanos, evitando
assim a saturação, o cansaço.

145
A movimentação dos materiais no processo produtivo, consiste exactamente na
deslocação destes, de um local para o outro tendo em conta um itinerário definido que
é a implantação.
OS OBJECTIVOS GERAIS DA ECONOMIA DE MOVIMENTO SÃO:
a) Eliminação de movimentos ociosos tanto dos equipamentos como também dos
recursos humanos.
b) Redução do tempo de operação, isto é a limitação da carga tempo este que pode
ser Horas / Homem ou Horas / Máquina , e o limite superior ou inferior, a partir dos
quais terá de haver necessariamente uma paralisação.
c) Substituição judiciosa dos movimentos, substituição esta que pode ser de manual
para forma mecânica, esta para forma automática.
d)Substituição dos equipamentos que pode ser por via da reparação e manutenção
geral que em todos aspectos deve ser considerada como um investimento onde se
deve efectuar a substituição dos órgãos sensíveis ou senão pela substituição do
equipamento completo.
e) O processo de substituição dos equipamentos e em geral
dos factores produtivos potenciais é efectuado na sua fase experimental através da
miniaturização.

9.4.2 PRINCÍPIOS A CONSIDERAR NA ECONOMIA DO MOVIMENTO


Os princípios a considerar para a implantação da Economia dos movimentos são:
a) A deslocação deve ser feita em distâncias diminutas isto para não atingir o limite de
saturação, tanto para o homem como para o equipamento;
b) Para grande distância deve-se optimizar a transportação com o peso da carga
óptimo;
c) Deve haver a integração harmoniosa de todo o sistema de movimentação, ou seja
no caso de se tratar da implantação do processo então deve ser combinada com a
implantação do produto (falamos aqui da sincronização e ritmicidade do movimento).
d) Redução das necessidades de equipamentos que são feitos na fase preparatória do
trabalho.
e) Marcação e sinalização das áreas de movimentação dentro da superfície útil para
evitar acidentes.
f) Inventariação sistemática dos equipamentos.
g) Programação da substituição dos equipamentos para facilitar a programação do
processo seja para a manutenção preventiva, bem como eventuais reparações.

146
Estes sete princípios que são sagrados na economia do movimento, levam-nos aos
desígnios da chamada evolução tecnológica.
Fala-se em evolução tecnológica quando estamos em presença da utilização prática e
sequencial dos conceitos e feitos adquiridos mediante um processo de investigação.
A tecnologia resulta de um know-how (conhecimento) e uma larga investigação
cientifica, processos estes que devem ser registados – licenciamento - para não haver
o uso sem anuência ou concessão dos direitos de utilização, o que pode levar a
multas e consequentemente incorrer em custos que a partida podiam ser evitados.
9.5 TECNOLOGIA
Quando se fala em tecnologia, significa que estamos em presença de uma utilização
prática dos conceitos adquiridos através de uma investigação. Não há tecnologia sem
investigação. A investigação é o motor da inovação e da evolução tecnológica. A
tecnologia serve para resolver problemas reais.
A tecnologia é o conjunto de conhecimentos adquiridos através da investigação com
vista a sua utilização prática na resolução das necessidades. A tecnologia de processo
pode ser a maquina, equipamento e dispositivos que ajudam a produção a transformar
materiais, informações e clientes de forma a atingir os objectivos estratégicos da
produção e, fazendo isso, adiciona valor.
Ela incorpora componentes multifacéticos cuja a definição envolve um grau de
complexidade, na medida em que inclui factores como:
- Conhecimento ou Know-How;
- Equipamentos;
- Transferência
- Informação.
Tais factores tanto podem ser empregues de forma combinada como também por
meio de uma sucessão e ou substituição tecnológica, tendo em conta o cumprimento
de um determinado objectivo, o que nos leva ao processo de implantação dos
equipamentos.
A tecnologia de processo vem sob muitas diferentes formas. Todas as operações
fazem escolhas em relação a suas tecnologias - produto, processo produtivo e
informação - , todavia, sempre há formas alternativas de configurar qualquer
tecnologia. A exploração dessas alternativas envolve pensar em três dimensões:
1. O grau de automatização da tecnologia, isto é, quanto substitui trabalho
humano por tecnologia, economizando custos de mão de obra directa e
reduzindo a variabilidade da operação;
2. A escala da tecnologia, isto é, tamanho da capacidade da tecnologia, cujas
vantagens se apresentam nos factores de avaliação de desempenho;

147
3. O grau de integração da tecnologia, isto é, quantas partes diferentes da
tecnologia são conectadas umas com outras, vem beneficiar os efeitos de
sincronização e rapidez.
Quem cria a tecnologia tem um Know-How (conhecimento), que constitui um valor que
deve ser registado através do licenciamento. O documento remetido que prova o
registo chama-se licença. Quando o indivíduo transfere o conhecimento e autorização
de utilização deste conhecimento, ele entrega uma patente, aqui o fabricante tem
autorização de utilização da tecnologia.
A utilização não autorizada de um know-how leva a multas decorrentes de processos
criminais aumentando desta maneira os custos, logo reduzindo os resultados. O
registo da tecnologia é feito numa organização internacional chamada de Organização
Internacional de Estandardização (ISO) ou nos seus representantes, as organizações
nacionais de registo de patentes ou tecnologias. Em Angola o registo das patentes
industriais efectua – se no Ministério da Industria.
Mesmo que as tecnologias de produtos/ serviços e de processos possam ser
sensivelmente separadas em uma operação produtiva, elas sempre vão receber igual
atenção. Algumas vezes, desenvolver tecnologia de produto será visto como mais
importante do que desenvolver tecnologia de processo, algumas vezes o contrário. Um
factor que influencia isso é o estágio do produto ou serviço em seu ciclo de vida, isto é,
a maturidade do produto.
A contribuição para o desenvolvimento dos recursos humanos e sócio-económicos é
vital no sentido de apoiar o desenvolvimento autónome e sustentável.
A cooperação técnica envolve comunicação interpessoal, por exemplo, entre os
peritos do doador e suas contrapartes em Angola. Isto torna a cooperação técnica um
exemplo principal do apoio e do complemento “pessoa a pessoa”. Essa cooperação é
essencial na componente de transferência de tecnologia incluir sempre a transferência
de conhecimento, tal como o desenvolvimento de organizações e sistemas e também
políticas fiscais.
Em Angola dividimos os ramos segundo o grau de risco de investir da seguinte forma
1) Ramos em que se podem investir sem riscos, estão na fase de lançamento:
- Indústrias electroquímicas;
- Petroquímicas;
- Atómicas .
2) Ramos onde se pode investir sem muitos riscos:
- Alumínio
- Petróleos
- Electricidade

148
- Automóveis
3) Ramos que estão em franco desenvolvimento;
- Vidro
- Aço .
- Material de construção
- Algodão
4) Ramos de ou com risco:
- Indústria cinematográfica
- Indústria extractiva de ferro
- Têxtil.
5) Ramos de alto risco:
- Industria informática
Do 1° até ao 3°, podemos investir nestes domínios, com rentabilidade, são
domínios monopolistas e quase monopolistas.

9.6 TIPOS DE PRODUÇÃO


Existem três sistemas de produção do ponto de vista de engenharia do produto :
- Unitário;
- Em série ou lote;
- Em processo.
Tipos de produção: São definidos como conceito na utilização da tecnologia.
Do ponto de vista da Engenharia do processo existem 2 dois tipos de produção:
- Produção continua;
- Produção descontinua.
Implantação produto: estamos numa situação de produção continua, a produção é
feita linearmente.
Implantação processo: estamos numa situação de produção descontinua, há uma ou
varias esperas no processo produtivo. Esta correspondência entre o tipo de
implantação e o tipo de produção não se efectiva linearmente, dever-se-á analisar
caso a caso para ter certeza que efectivamente a nossa correspondência se ajusta a
regra geral e que a nossa interpretação se justifica plenamente.
Estes dois tipos de produção, cruzam-se com sistemas de produção definidas na
Engenharia do produto. Uma produção pode ser continua e unitária, continua em série
ou continua em processo, ou descontinua unitária, em série ou em processo.

SISTEMAS
TIPOS

Unitário 149
Continua

Série / Lote
Figura 15: Cruzamento de sistemas e tipos de produção
Nesse tipo de produção que vem pela implantação da tecnologia, podemos
exactamente medir a eficiência da produção.
Eficiência: como instrumento, dá-nos como resultado a eficácia.
Para o calculo simples da produção em termos de eficiência, temos o tempo: HM, HM,
(homem - maquina ; hora - maquina) .
O cálculo do rácio de eficiência da produção (REP) é feito através da seguinte formula
Tempo de trabalho efectivo (013)
REP =
Tempo total de operação
Tempo de trabalho efectivo - tem a ver com a unidade de medida de uma operação .
Ex: Funcionário que trabalha 8h/dia tem uma boa eficiência.
A eficiência tem muita influência sobre os resultados. Neste caso diz respeito à
eficiência das máquinas (tecnologia).

Tipo de produção Contínua Descontínua Observações


Características
Complexo porque tem
muitas paragens dentro do
1) Fluxo do produto Linear Complexo
intervalo e, eficiência; e fora do
intervalo não é eficiente.

2) Eficácia do produto
80 à 100% REP 50 à 30% REP

3) Flexibilidade Rígido Flexível A flexibilidade deve-se as


folgas

4) Sistema de gestão Simples Complexo

Na implantação do produto
5) Custos fixos Regulares Crescentes
os custos são regulares, na
implantação processo os
custos são crescentes.

Quadro n.º 7 : Características e limites para a eficiência e eficácia da produção.

150
Por projecto
CUSTOS
Valor
Descontinua

Continua

Tempo
Figura nº 16: Comportamentos dos custos por tipo de produção

9.7 PREPARAÇÃO DO TRABALHO


9.7.1 IMPORTÂNCIA DA PREPARAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho produtivo, isto é, a realização do processo produtivo como qualquer
trabalho baseado em projecto necessita de uma preparação prévia no sentido de
conseguir resultados e ter capacidade de acompanhamento do mesmo com vista no
decorrer da execução ter a possibilidade de correcção.
Sendo um projecto, três aspectos pertinentes concorrem para a necessidade da
preparação do trabalho de produção, nomeadamente:
• As doutrinas do trabalho produtivo;
• A definição dos objectivos na fase de preparação;
• A determinação das tarefas e
• A documentação de suporte necessária a elaborar.
9.7.2 HISTÓRIA DAS DOUTRINAS DO TRABALHO PRODUTIVO
Há varias abordagens que podem ser dadas a manifestação do trabalho ao longo dos
anos. Vários estudiosos 1 debruçaram-se sobre o assunto e apresentam a seguinte
cronologia da organização do trabalho no tempo:
a) Até os anos 1900, a divisão do trabalho desempenhou a forma evidente da
actividade produtiva organizacional mais empregue desde a Grécia antes de
Cristo passando pelo primeiro conceito formalizado da divisão do trabalho do
economista ADAM SMITH em seu “Wealth of nations” em 1746. A divisão do
trabalho proporciona aprendizado mais rápido, a automatização torna-se mais
fácil e o trabalho não produtivo reduzido. Todavia provoca serias desvantagens
tais como a monotonia, dano físico, baixa flexibilidade e baixa robustez.
Até os anos 1950 havia dois correntes na abordagem do trabalho. Inicialmente
foi estabelecida o pensamento da gestão cientifica que desempenhou um
papel importante na medida em que o slogan era “o trabalho justo de um dia”.

1
HOXIE, WILD e NIGEL SLACK nas suas investigações sobre o trabalho.

151
Assim o precursor Frederick Winslow TAYLOR 1 com a publicação do livro
“Gestão cientifica” em 1911 identifica o que entendeu como doutrina básica da
gestão cientifica. Mas também os outros grandes pensadores como
GILBRETH, GANTT e BEDAU ajudaram definir os contornos desse
pensamento assente em três pontos:
• Estudo do trabalho;
• Estudo dos métodos;
• Medição do trabalho.
O outro corrente de doutrina sobre o trabalho assentava na Ergonomia, que
preocupa-se com a Engenharia dos factores humanos. “Ela pode ser dividida
em duas áreas, o estudo de como o corpo humano se encaixa no local de
trabalho e o estudo como os seres humanos reagem ao ambiente imediato,
especialmente a suas características” 2.
b) Até os anos 1970 o novo corrente de doutrina sobre o trabalho era a
abordagem comportamental, essa doutrina consistia em ideias e conceitos
relativos à teoria da motivação. Todas outras doutrinas anteriores alienavam as
pessoas no trabalho. A abordagem comportamental proporciona trabalho que
tem uma qualidade de vida no trabalho maior e constitui um instrumento para
atingir melhor desempenho para a operação.
c) A partir dos anos 1980 surgiu nos Estados Unidos uma nova doutrina
designada por empowerment, controversa, por ser nova e ainda os conceitos a
definir, concentra –se em aumentar a autonomia que os indivíduos têm de
conformar a natureza de seus trabalhos. A referida doutrina envolve outros
elementos tais como a autoridade de mudanças de decisões, o
comprometimento do pessoal, como também transfere para ele parte do
controlo sobre seu trabalho.
9.7.3 OBJECTIVOS DE PREPARAÇÃO DA PRODUÇÃO
Existem quatros objectivos a não perder de vista na fase de preparação do trabalho
produtivo, a saber:
1. Racionalização dos instrumentos de gestão e dos factores de produção.
Por instrumentos de gestão entendemos toda documentação para preparação
do trabalho.
Por factores de produção entendemos a racionalização do consumo dos
materiais designados por entradas, utilização eficiente do trabalho e da organização.

1
TAYLOR, F.W. Scientific management. New York: Harpe & Row, 1947.
2
SLACK, N. :Administração da produção, Editora Atlas S.A., São Paulo, 1999 pag. 225

152
2. Economia de movimentos tanto dos operários e dos equipamentos constitui um
elemento de grande importância na gestão da produção. A racionalização dos
movimentos nos postos de trabalho assume aqui a primazia da economia de
movimentos por representar as células para a produção.
Um movimento bem sucedido obriga a que não se movimenta um material sem saber
a distância, o tipo de material e o tipo de movimento a efectuar. Este problema diz
respeito aos recursos humanos mas também aos materiais associados aos operários.
3) Correcta implantação exige que todos os movimentos e operações sejam
conhecidas e feitas de forma sincronizada. Entretanto a correcta implantação, pode
reduzir os movimentos e racionalizar a gestão na utilização dos meios. Uma má
implantação leva à desperdícios, à grandes perdas dos materiais e à resultados
negativos;
4.Torna se imprescindível a elaboração de um estudo dos custos de produção que
no fundo constitui a parte mais importante para se definir o valor de cada carga e do
produto que leva finalmente decidir sobre a implementação ou não da produção. O
estudo de custos de produção, devem ser sustentadas isto é continuas e constantes.
Em suma a preparação leva mais tempo que a execução e exige que seja
observados os cinco objectivos de desempenho que nos leva as decisões do
projecto do trabalho1.
O bom projecto do trabalho deve apresentar os seguintes elementos:
• Qualidade;
• Rapidez;
• Confiabilidade;
• Flexibilidade;
• Custo;
• Saúde e segurança
• Qualidade de vida no trabalho.
9.7.4 TAREFAS DA PREPARAÇÃO DO TRABALHO
A preparação do trabalho é a fase mais importante para produzir com eficácia e
eficiência. Existem tarefas para que a produção seja eficiente, assim temos tarefas a
curto prazo designadas operativas e tarefas a longo prazo designadas estratégicas.
9.7.4.1. AS TAREFAS A CURTO PRAZO OU OPERATIVAS
Na fase de preparação existem as seguintes tarefas operativas a ter em conta:

1
A boa preparação do trabalho é a regra de ouro para os asiáticos, por isso não desista pela insistência e
repetição de mesmas perguntas por diversas equipas sobre o mesmo assunto. A repetição é a chave de
confirmação, também é a mãe da convicção e da satisfação.

153
1) As encomendas da tecnologia e das entradas : quando se fala das encomendas
estamos a ver a dimensão em termos quantitativos dos equipamentos e das
entradas como factores elementares sem esquecendo a documentação técnica;
todos estes elementos dependem da capacidade, objecto social e da dimensão da
organização;
2) Se os factores não satisfazem o rendimento - em termos quantitativos- e os
resultados - em termos financeiros -, temos a decisão de mandar produzir .
Aqui põe-se o problema fundamental da subcontratação, quando não temos
capacidade de produzir, a alternativa de produzir evitando desta forma a tentativa
de mudança do objecto social (comercio em vez da produção).
Nesta decisão é necessário não perder de vista a designação do produto, da
embalagem e da marca – prestigio e organização -.
Ex.: Se a Empresa X não tiver capacidade de produzir um determinado produto A, por
falta de alguma entrada pode recorrer a Empresa Y que produz o mesmo produto A e
negociar a patente, isto é se poderá a Empresa Y produzir o produto A com
especificidades da Empresa X, utilizando até a embalagem e marca da Empresa X.
3) Estudo do trabalho, aqui entra-se na parte analítica, determina-se os métodos de
produção - escolha de tipo e sistema de produção -, determina-se os movimentos
e os tipos de trabalho, ou seja, a determinação das cargas;
4) Estudo de simplificação do trabalho e a redução dos custos, i.é, economizar as
cargas e aumentar o raio de eficiência;
Tarefa de formação do pessoal operativo, isto pode-se fazer mandando os operários
para uma produção similar ou formar cursos operativos no local de trabalho,
mandando vir técnicos experientes de outras paragens dentro ou fora do país;
5) Definição das operações e cargas;
6) Execução da ordem de operação;
7) O acompanhamento e o controlo de qualidade.
9.7.4.2. AS TAREFAS A LONGO PRAZO OU ESTRATEGICAS
A elaboração de estratégia de produção que objectiva a política global da produção
consiste na determinação dos objectivos gerais da organização e os objectivos
específicos tendo em conta o objecto social da mesma. Os objectivos gerais devem
coincidir com a política do país no domínio da produção geral e específica, todos
países têm estratégia e política de produção.
A política de produção vem reflectida nas políticas dos ramos do sector produtivo em
Angola. O sector produtivo no sentido lato, isto é, são aqueles ramos produtivos
enquadrados nos três sectores (primário, secundário e terciário) estão devidamente

154
contemplados nas “ Estratégias de produção ou desenvolvimento “ industriais e outros
ramos produtivos da Economia de cada País.
Em Angola existe Políticas de desenvolvimento de cada ramo produtivo, isto é,
existem estratégias de produção dos ramos identificados por Ministérios produtivos.
Cada análise nesse domínio deve enquadrar-se no ramo respectivo a nível
macroeconómico, isto é, do respectivo sector produtivo. Para melhor compreensão do
Sector produtivo em Angola, esse inclui entre outros os seguintes Ministérios:
• Obras Públicas;
• Ambiente e Urbanismo;
• Transportes;
• Correios e Telecomunicações;
• Agricultura e Desenvolvimento Rural;
• Agua e Energia;
• Industria;
• Geologia e Minas;
• Pescas;
• Petróleos.
Para a elaboração da estratégia da produção deve ter em conta os seguintes
aspectos:
1. Estudo de implantação e de movimentação, define-se o tipo de
implantação;
2. A produtividade, define-se tendo em conta o REP médio do ramo e o REP
da empresa;
3. Definição de melhoria dos processos, aqui vê-se as operações em termos
qualitativos e quantitativos;
4. Análise e definição da política de redução de custos;
5. Programação (definição das operações);
6 . Determinação das medidas de produtividade;
7. Melhoria dos processos produtivos quer do ponto de vista económico como
financeiro;
9.7.5. DOCUMENTOS DE PREPARAÇÃO DO TRABALHO E DO PROCESSO
PRODUTIVO.
A documentação que deve circular na preparação do trabalho e durante o processo
produtivo aparece de dois tipos :
- Documentos de gestão vertical e
- Documentos de gestão horizontal.

155
9.7.5.1. DOCUMENTAÇÃO DE GESTÃO VERTICAL têm a ver com a tomada de
decisões estratégicas e partem da chefia até aos operários, conforme os níveis de
hierarquia respectiva e, são sete, nomeadamente:
1. Programação : gráfico de analise das operações e distribuição de tarefas aos
operários contendo fundamentalmente o gráfico de GANTT e o diagrama de
rede e/ou fluxos.
2. Folha de analise de postos de trabalho, apêndices, cada posto de trabalho
tem que ter uma folha de definição de funções, que permitem calcular a
eficiência, tempo de duração, salário, etc. Este será a base de regulamentação
do trabalho para cada operário;
3. Registo de alterações do processo produtivo. O processo produtivo deve
ter um livro, que conte a sua história onde são registadas todas as acções
positivas como as menos exitosas para possíveis correcções, e tomada de
decisão quanto a prováveis mudanças;
4. Lista de materiais: fundamentalmente entradas, onde é possível ver a sua
evolução, as quantidades, as designações, composição química e física de
cada um dos materiais, designação técnica e comercial que devem ser vistos
na sua plenitude como sendo factores de produção, o seu ordenamento em
função dos métodos, importância e outros elementos necessários para
qualquer analise.
5. Folha de tempo: é o documento onde o operário terá que registar o seu tempo
efectivo, - por hora / máquina e hora / homem - onde é registado o tempo de
execução da operação ou simplesmente uma forma do controlo administrativo;
6.Organigrama de produção : inserido no organigrama da empresa. O
organigrama da produção define o lugar de cada operário e as decisões que
deve tomar ou cumprir. Também constitui a definição das tarefas e postos de
trabalho do ponto de vista horizontal e vertical e, concretiza a estratégia bem
como a táctica (operação);
7.Diagrama da produção: é o documento que apresenta a implantação, define as
subfunções essenciais do processo produtivo onde o operário fica a saber qual
o seu lugar na produção, a definição das operações, o papel e o lugar de cada
um dos equipamentos a usar e mais tarefas.
A sequência do elemento produtivo e a evolução se apresenta no seguinte:
Operário Chefe brigada Chefe de produção Director produtivo.
Os documentos acima mencionados devem ser arquivados na secção, departamento
ou direcção de produção de acordo com cada actividade.
9.7.5.2. DOCUMENTAÇÃO DE GESTÃO HORINZONTAL

156
Os documentos de gestão horizontal são aqueles que incorporam as decisões tácticas
(operativas) por um lado e também a execução por outro. Eles constituem documentos
da gestão que podem circular entre várias secções, departamentos, para troca de
informação e são:
1.Folha de analise das operações. Permite identificar as informações que não
condizem com as operações que devem ser executadas e permite ainda identificar
informações redundantes ou seja aquelas informações que permitem corrigir falhas e
imprecisões das operações;
2. Ficha do material, para o armazém. Cada material deve ter uma ficha para o
controlo directo dos materiais;
3. Ficha de acompanhamento do processo produtivo;
4. Documentação técnica que acompanha o equipamento;
5. Ficha de instrução fornecida, de fabrico ou de montagem. É parte da
documentação técnica e da normalização.
Esses documentos servem para preparação do trabalho, a curto ou a longo
prazo.
Entretanto importa sublinhar de que toda documentação acima mencionada deve cada
uma delas ser apresentada sob a forma de modelos ou formulários de tal forma a
simplificar o seu manuseio e a circulação da informação em diversos departamentos.

157
TEMA X. PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO
10.1 IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO
O planeamento é uma das fases mais importantes do processo produtivo isto é da
Engenharia de processo, como também o é para com os fornecedores e clientes, dai
que o gestor deve primar sempre pela sua observância em simultâneo com o controlo
para que possa determinar os rendimentos e resultados perspectivados.
Entretanto não bastará que o gestor faça o planeamento das necessidades e de outras
que concorrem para a produção, é necessário que haja um acompanhamento e
controlo permanente daquilo que foi perspectivado. Tal controlo pode ser feito em
termos quantitativos (mediante estatísticas) como também do ponto de vista qualitativo
(em termos administrativos), para que se possa ter uma percepção exacta dos
resultados a obter.
A importância do Planeamento e Controlo, de acordo com CÔRREA, tem como
princípios ser capaz de:
a) decidir, isto é estar em sintonia entre os objectivos a alcançar, tendo o domínio
total da execução do processo produtivo programado;
b) reagir eficazmente mediante:
• Planeamento das necessidades futuras da capacidade produtiva,
• Planeamento dos meios circulantes, dos produtos e dos materiais
acabados, através do lote econômico;
• Programação de actividades da produção;

158
• Informação correcta da situação corrente dos recursos( pessoas,
equipamentos, instalações e materiais subsidiários) e das ordens
(requisições, compras e produção);
• Cumprimento de promessas e prazos.
c)competir,
• Superar a concorrência;
• Ter desempenho aceitável através:
1. Custo aceitável pelo cliente;
2. Velocidade e confiabilidade de entrega;
3. Flexibilidade de saídas;
4. Qualidade dos produtos;
5. Serviços prestados ao cliente.
O Planeamento tem diferentes inércias que dependem de ambientes por horizonte. Os
horizontes de planeamento a considerar se dividem em Curto, Médio e Longo prazo.
As inércias ligadas às ambientes dinâmicas têm um horizonte a curto prazo, enquanto
que os ambientes estáveis assentam em horizonte a longo prazo devido a ponderação
das observações passadas e as situações dinâmicas se referem ao presente.
O comportamento dos agregados e actores da produção actuam em conformidade
com o ambiente e o horizonte como espelha o quadro seguinte:
Ambiente Dinâmicas Estáveis
Item
Tempo Curto Longo
Pedido Instável Estável
Processo Pouco confiável Confiável
Fornecedor Pouco confiável Confiável
Quadro n.º 08 : Comportamentos de alguns itens no ambiente
10.2 OBJECTIVOS DO PLANEAMENTO
10.2.1. IMPORTANCIA DOS OBJECTIVOS DO PLANEAMENTO
O gestor não deve esquecer que o cumprimento dos objectivos do planeamento está
ligado à política, à estratégia e à táctica.
A política consiste na determinação dos objectivos que a organização pretende
alcançar, ou seja, as ideias decididas pelo Governo de um país em que a organização
se insere. Em relação à estratégia define-se as prioridades através da elaboração dos
programas, e por último a táctica que define as operações através de tarefas
concretas ou acções que vão atingir os objectivos partindo de programas
estabelecidos e decididos.

159
São variadíssimos os objectivos que uma organização - a empresa - pode perseguir
por em pratica entre os vários há aqueles que podem prejudicar a sua existência, isto
em função da finalidade ou objecto social.
Os objectivos da produção podem ser resumidos da seguinte maneira:
1. O objectivo fundamental do planeamento é a programação da produção que
tem a ver a implantação do processo;
2. Por ordem de prioridades segue-se portanto o lançamento das ordens de
fabrico ou da produção ou seja uma função qualitativa que consiste na elaboração de
certos documentos que conduzem os operários a execução do processo;
3. A execução e o controlo da produção que por sua vez deve merecer o
acompanhamento necessário segundo os níveis de supervisão para poder inferir sobre
os possíveis desvios.
Esquematicamente, podemos assim apresentar os objectivos do planeamento da
produção.

PRODUÇÃO

PROJECTO PLANEAMENTO EXECUÇÃO

PLANO DE ACCÇÃO PROGRAMAÇÃO CONTROLO


-
-Política -Instrumentos e métodos - ABC
- Estratégia - Lançamento da produção - Desvios
- Táctica
Figura n. 18 : Esquema hierarquizado dos objectivos do planeamento da produção.
A figura 12 descreve que para produzir é necessário planear, quer dizer efectuar o
planeamento, mas não se pode fazê-lo sem haver a ideia da produção. É do
planeamento que aparece a execução. Para planear, contudo, é necessário definir um
plano ( que inclui a definição da política, da estratégia e da táctica), implica ainda
associar os instrumentos quantitativos e as ordens de lançamento, implica também,
fazer o controlo desde às entradas até às saídas.
Resumindo e analisando o esquema, podemos assim inferir que:
a) Só haverá produção se houver um projecto:
b) Só haverá controlo se houver execução.

160
c) Só haverá plano de acção se também houver projecto.
d) Não se toma decisão sem definir os objectivos.
Para que haja projecto isto significa a existência dos objectivos para a produção que
implica definir estratégias, procedimentos e instrumentos. Vamos ver cada um desses
elementos do planeamento da produção:
10.2.1 –ESTRATÉGIAS DA PRODUÇÃO
Como vimos anteriormente a estratégia acaba também por ser um objectivo e este
varia em função do tipo de organização.
Assim os objectivos podem ser gerais ou macro-económicos, como também
específicos isto em função dos meios disponíveis e a oportunidade que cada
organização oferece.
É justamente em função dos meios disponíveis e das oportunidades que o mercado
oferece que temos de traçar vários cenários que por sua vez permitirão reduzir o grau
de incerteza e daí podermos definir as estratégias, que se podem adequar a tais
cenários.
Na determinação do ambiente operacional, importa definir o seguinte:
- Estratégia global da organização;
- Estratégia do produto e
- Estratégia do mercado.
a) Quando a estratégia é global, devemos escolher ou definir primeiro o que
pretendemos por exemplo no caso do crescimento interno ver quais as estatísticas
que existem e a nível externo quais as performances que existem a nível do ramo.
Nestes casos a estratégia não poderá versar-se só na componente de crescimento
como também deve abarcar as questões ligadas a integração dentro do ramo e por
outro lado a especialização e a diversificação dos objectivos em função das
oportunidades.
b) No que se refere a produtos e mercados dever-se-á usar todos os meios
disponíveis idealizando igualmente vários cenários que por via do Marketing e com
recurso as variáveis como preço, a qualidade, a distribuição, o prazo de entrega,
as condições e facilidades do credito, podem ajudar a alcançar os objectivos
preconizados.
Na construção dos vários cenários, devemos considerar as variáveis que são
determinantes e dentro destas as que podem ser condicionantes isto para além
naturalmente das incertezas conforme a figura abaixo.
10.2.3 PROCEDIMENTOS A OBSERVAR
Três dos métodos mais usados podem ajudar a construir vários cenários que podem
estar enquadrados numa estratégia da produção, nomeadamente;

161
a) O método de analise estrutural usado pelo FMI
b) O método de construção de cenários usado pela França e EUA
c) O método SWOT é universalmente o mais usado na actualidade.
O Método SWOT é auxiliado por dois instrumentos nomeadamente;
• O MICMAC que procura hierarquizar as variáveis a usar ou seja as variáveis
de influencia e as interdependentes;
• O MACTOR que procura definir as variáveis essenciais.
No entanto não bastará que sejam definidas as estratégias na medida em que para a
sua implementação contará muito as atitudes dos gestores bem como o
comportamento dos trabalhadores que para o sucesso de tal estratégia devem ser
evitadas algumas falhas nomeadamente;
a) Uma atitude passiva que se consubstancia na política de Avestruz é
caracterizada pelo social.
b) Uma atitude reactiva em que se só se parte para acção depois das situações
acontecerem tomando decisões por vezes tardias é caracterizada pelo
operativo.
c) Atitude Pré - activa em que o gestor mesmo prevendo as situações tarda a
reagir é caracterizada pelo executivo.
d) Atitude Activo em que o gestor imagina situações e reage é caracterizada pelo
empreendedor.
Quanto ao ambiente operacional o SWOT exige determinar os seguintes elementos:
• Os pontos fortes;
• As fraquezas;
• As oportunidades e
• As ameaças.
Os instrumentos do planeamento ajudará encontrar estratégias da inserção no
mercado.
11.2.4 – INSTRUMENTOS DO PLANEAMENTO
O alcance dos objectivos preconizados nas estratégias que acabamos de descrever,
exige a que se recorra aos instrumentos do planeamento que se resumem em oito (8)
grupos que são:
• Os Instrumentos gerais de Direcção da Produção, que se subdividem em
qualitativos (têm a ver com a eficiência da produção) e em quantitativos ou
matemáticas (tem a ver com o uso das funções matemáticas e de
programação linear). Estes Instrumentos permitem-nos portanto a tomada

162
decisão quanto a produção ou não de um determinado produto permitindo a
escolha da alternativa mais viável das demais.
• Os Instrumentos dos Serviços Administrativos, que têm a ver com o controlo
da produção, a medição do tempo e do serviço da produção, repartição das
tarefas, a circulação da informação, a determinação das cargas bem como a
contabilização dos recursos.
• Os Instrumentos da Função Estudo, que são elaborados pelo Gabinete de
estudos cujas as tarefas consubstanciam-se na codificação e classificação
das entradas e saídas, a nomenclatura dos produtos, a normação do seu
uso, a movimentação interna produtiva e imobilização dos recursos.
• Os Instrumentos da Função Métodos se referem a metodologia a utilizar na
função estudo, como são os casos dos métodos de analise (ABC e XYZ), os
métodos de elaboração de cenários de estratégias, os métodos de
acompanhamento do processo administrativo, os métodos de controlo e os
programas informáticos.
• Os Instrumentos da Função Programação, que têm a ver com a avaliação
das operações, definição e distribuição das cargas, utilização dos métodos
de produção, etc. Os principais instrumentos de programação são:
- PERT 2
- Gráfico de GANTT
- Caminho Critico
- A Programação linear
- A Informática
• Instrumentos de Execução Laboral, que concorrem para a eficiência,
produtividade e motivação dos recursos humanos para a produção e sua
participação em outras actividades da empresa ou organização.
• Instrumentos de Serviço de Controlo, que pode ser feito de forma
quantitativa, cuidando dos aspectos físicos e químicos como também
as que tem a ver com a componente dos rendimentos e dos resultados
e por conseguinte a auditoria, fiscalização e inspecção da actividade
produtiva.
• Instrumentos dos Serviços de Fabricação e Expedição, incluem a
componente de Direcção (Director Fabril ou Chefe de Brigada) como
também os documentos de gestão vertical tais como; o lançamento e

2
PERT- traduzido para português significa técnica de elaboração e análise de projectos

163
acompanhamento das ordens de fabrico, participando nas actividades da
classificação e da codificação, e por ultimo a expedição.
10.2.5 O PLANO DE PRODUÇÃO
O Plano é parte que define os objectivos e metas a atingir de acordo com os princípios
do planeamento e do controlo. Para além dos princípios, é também necessário ter em
conta outros aspectos como os sistemas, os elementos e a metodologia da elaboração
do Plano bem como os Relatórios da produção.
Para a elaboração dos relatórios de produção que vão permitir a tomada de decisões
oportunas, utiliza-se os histogramas, os gráficos e o Caminho Critico como
instrumentos. Os Relatórios de Produção são elaborados na base de documentos
contabilisticos e outros da produção postos a disposição dos analistas da
Administração e do Conselho Fiscal.
É de ressaltar a importância que releva as ordens de produção que resumidamente
pode ser definidas como a seguir.
As ordens de produção têm dois aspectos:
 O desencadeamento racional da execução da produção, ou seja, o
documento com as ordens de produção deve ser transmitido nas reuniões operativas;
 A garantia dada por todos sobre a efectivação da produção no fim de
cada dia, em que o responsável deve fazer um relatório e o cálculo do rácio de
produção representa a efectivação dos resultados para o gestor.
10.3. PRINCÍPIOS DE PLANEAMENTO DA PRODUÇÃO
Os princípios a considerar na elaboração do Plano de produção têm três grupos:
GRUPO A: Para a avaliação do desempenho da organização
É importante sublinhar quais são os elementos de desempenho a considerar na
avaliação do desempenho:
1. Programação: a determinação das operações do ponto de vista qualitativo e
quantitativo definindo a política de produção. A política deve transformar-se em
programas tendo como base os objectivos, com vista a tomada de decisão, os
programas desdobram – se em tarefas ou operações;
2. Flexibilidade: tem como característica fundamental a compreensão e a
solidariedade, isto é, o planeamento não deve ser excessivamente quantitativo
mas também não muito qualitativo, o que leva exceder na analise produzindo
produtos ociosos e assim não obter os rendimentos esperados. Também
justifica a capacidade de erguer uma ampla variedade do composto ou ter a
habilidade de ajustar ao composto o sortido ou ainda ter a habilidade de
reprogramar rendimento ou resultados;

164
3. Integração: todas peças do plano, isto é, os programas e todas as acções
agrupadas ou singulares devem constituir um só corpo harmonioso, de forma
que as partes justifiquem o todo coerente;
4. Confiabilidade: o planeamento de qualquer produção deve apresentar um
plano credível, isto é, os erros dos acontecimentos devem ser menor em
comparação as operações executadas e espelhar uma certa sincronização
entre o previsto e o executado.
GRUPO B: Para detecção dos desvios entre a previsão e a execução
5. Controlo: ajuda o gestor para atingir os objectivos da produção em termos de
rendimento e resultados, para tal:
 O controlo deve comparar os objectivos dos resultados por um lado e dos
rendimentos por outro;
 A definição de padrões ou normas de produção, - normas de consumo -, das
cargas, das operações, dos fluxos, e outros;
 O acompanhamento sistemático da execução para permitir uma comparação
eficiente registando todas as ocorrências e a elaboração de normas de acordo
com a produção.
GRUPO C: Procedimentos a seguir no processo de elaboração do plano
Metodologia :o sistema de planeamento se resume numa metodologia e um sistema
de planeamento a implantar de acordo com determinados procedimentos a seguir.
Tal metodologia tem as seguintes fases:
1. Definição dos objectivos de produção, visando responder as seguintes
questões:
 O que pretendemos produzir?
 Qual é o propósito da produção?
 Qual é a função que a produção vai desempenhar?
 Qual é a forma que a produção representará?
 Quem são os beneficiários da produção?
 Como fazer chegar o produto ao consumidor?
2. Definição dos padrões ou normas estandardizadas, isto é, definir as cargas das
operações temos, de forma a comparar os objectivos e a realidade, definindo
alternativas e entre elas determinar a alternativa óptima;
3. Avaliação da execução em termos económicos (recolha de dados estatísticos).
O processo de execução passa por definir o que produzir para obter rendimentos
esperados, os resultados e a eficiência da produção;
4. A definição das acções e a respectiva ordem, ou seja, a sucessão das acções
a executar no programa.

165
A sistematização da metodologia tem a ver com a hierarquização que está ligada por
um lado, à política, à estratégia e à táctica, e por outro lado, aos órgãos sociais, aos
órgãos de direcção e aos órgãos operativos.
Podemos apresentar um resumo entre a política, a estratégia e a táctica, com os
órgãos da empresa e o respectivo planeamento:
 A política de um Governo interiorizada do país é aplicada em certa medida
ponderando os objectivos específicos dos órgãos sociais da sociedade em geral, é
porque são eles que tomam a decisão de planear e como os objectivos serão atingir;
 A estratégia da própria empresa é definida pelos órgãos de direcção, isto é a
direcção geral também que zela pela aplicação dos objectivos específicos dos órgãos
sociais, definidos sob a forma de programas;
 A táctica que está a nível operacional, onde se desenvolve as acções
definidas nos planos.
O Planeamento e Controlo da Produção é a definição dos objectivos e a
programação flexível das acções, para a medição da eficácia e da eficiência da
produção.
O rácio económico produtivo (E) transfere-se pela execução, assim temos:
Executado Real (012)
E = =
Planeado Objectivo
O planeamento pode ser definido no sentido técnico económico, o conjunto de
quatro aspectos principais:
1. A elaboração do plano de acção consiste na utilização de instrumentos
quantitativos e instrumentos qualitativos, definindo-se os objectivos, as prioridades e
as acções;
2. A programação através da utilização de instrumentos quantitativos (PERT,
GANTT, Caminho Crítico) por forma a determinar as operações e os acontecimentos;
3. A emissão de ordens de produção;
4. A liberação da produção.
Todos estes aspectos concorrem para um elemento chave que é o controlo da
produção.
A figura n.º 14 descreve o aspecto técnico económico do conceito do planeamento da
produção, segundo o qual, para termos a produção temos que ter um projecto e não
se pode executar uma tarefa produtiva sem planeamento. Para haver planeamento é
necessário elaborar um plano, a elaboração do plano de acção da produção necessita
de instrumentos qualitativos (objectivos, prioridade e operação, o conjunto de modelos
ou fichas e outros documentos que se devem preencher). Depois da elaboração do
plano, vem a programação da produção, é a parte que utiliza os instrumentos

166
quantitativos como o PERT e o CPM, e dentro desta define as cargas ( unidade de
medida do trabalho de uma operação), as operações e os acontecimentos. Depois da
programação da produção ocorre o lançamento ou seja a emissão de ordens de
produção (é a garantia que todos são e serão capazes de produzir). Finalmente,
ocorre a liberação da produção, que é o acto da disponibilização dos factores de
produção após serem dadas as garantias da produção (programação da produção).

PRODUÇÃO

PROJECTO PLANEAMENTO EXECUÇÃO

PLANO DE PROGRAMAÇÃO EMISSÃO LIBERAÇÃO


ACÇÃO ORDENS PRODUÇÃO

QUANTITATIVO

QUALITATIVO CONTROLO

Figura n.º 20: O aspecto técnico económico do planeamento da produção


Os aspectos acima descritos concorrem para um elemento chave que nós chamamos
acompanhamento da produção (controlo da produção), que deve ter em conta os
aspectos globais e ramais bem como os aspectos ligados à própria execução do
projecto de produção da empresa.
10.4 SISTEMAS DE PLANEAMENTO DA PRODUÇÃO
O sistema de planeamento da produção está ligado não somente aos aspectos
técnicos mas também ao sistema de planeamento institucional, isto é realizado pelo
Estado.
A produção do ponto de vista organizacional tem que se inserir na estratégia do
Governo, já que é à ele que cabe o dever de executar as tarefas definidas nos

167
diversos da actividade sócio - económica sem portanto esquecer os objectivos
traçados específicos em linhas gerais para a empresa.
A produção a nível da empresa, para além da sua inserção na política global do
Governo, existem três sistemas do planeamento da produção, nomeadamente:
 Sistema de Direcção do Planeamento: define-se os objectivos a alcançar em
termos de programas e operações isto a nível da direcção ou dos órgãos sociais, a
nível da execução define-se de forma quantitativa os objectivos a atingir, e por último a
nível operativo temos as acções dos programas quantificados;
 Sistema Técnico ou Tecnológico: define o produto e os respectivos sistemas
de produção (engenharia do produto) que devem ser combinados com os tipos de
produção (engenharia do processo ou de implantação);
 Sistema Técnico Económico - Social: determina os problemas existentes
para a produção, de tal forma que a organização tenha consciência que deve
preocupar-se durante o processo produtivo. Entre eles podemos citar:
 Os recursos humanos a imobilizarem;
 O mercado, as necessidades dos consumidores;
 A magnitude do círculo comercial, isto é, os canais de distribuição;
 A higiene e segurança no trabalho;
 A saúde pública, o que implica a abordagem de questões sobre a ecologia e
a economia de resíduos.
Todos estes sistemas relacionam-se com certos domínios da vida prática, ou seja, os
elementos internos e externos a considerar no sistema de planeamento. A elaboração
do plano que visa o cumprimento dos objectivos fixados no planeamento, deve ter em
conta o seguinte insistentemente:
 A política do Governo;
 As condições tecnológicas;
 Os aspectos sócio - económicos.
Como elementos externos a serem considerados no sistema de planeamento temos o
mercado, a legislação existente sobre a produção, as infra-estruturas básicas (água,
energia e vias de comunicação), os factores produtivos e o comércio (no domínio sócio
- económico e sua influência na produção).
Em relação aos elementos internos destacamos a estrutura do produto, segmentação
do mercado, a estrutura de pedidos internos para a produção feitos por requisições
das áreas de produção, o regime de consumo ou o regime tecnológico e a divisão do
trabalho com um papel dinâmico incitando a cooperação e a colaboração de todos os
intervenientes).
10.5. PROGRAMAÇÃO

168
10.5.1. NOÇÕES GERAIS DE PROGRAMAÇÃO
10.5.1.1. DEFINIÇÃO E CONCEITO DE PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO
A programação é precisamente o núcleo fundamental de planeamento da produção e
pode ser definido como sendo:
a) Processo que visa estabelecer uma agenda de compromissos para as diversas
acções das necessidades envolvidas no processo produtivo. Visa por outro lado
estabelecer um fluxo de informações a nível de todos os sectores de uma organização
no sentido de comandar, coordenar, integrar e controlar o processo produtivo.
b) Constitui um conjunto de decisões que estão a cargo do responsável pelo
planeamento no que tange as diferentes operações a realizar com vista a alcançar os
resultados perspectivados.
c) Um processo de distribuição das cargas numa determinada sequência de
operações ou acções.
Da programação surge um plano de acção que contem tarefas chamadas de
operações do planeamento estão ligadas aos diferentes níveis de decisão
nomeadamente:
- Política
- Estratégia
- Táctica
10.5.1.2. FUNDAMENTAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO
Definida que foi a programação em termos de conceito, isto no início da abordagem
deste capitulo e do tema, cabe agora fundamentar os objectivos principais, sem ainda
entrar em detalhes. Os fundamentos da programação são;
• Coordenação e integração de todos os órgãos envolvidos directa ou
indirectamente no processo produtivo;
• Garantia dos prazos de entrega do produto, prazo este que é definido mediante
o caminho crítico;
• Disponibilização dos recursos necessários para a produção;
• Distribuição das cargas de trabalho;
• Elaboração dos balanços e relatórios do processo produtivo, com vista a evitar
as perdas e os desperdícios tendo como base a capacidade de produção bem
como a sua saturação;
• Aproveitamento e optimização da capacidade instalada;
• Utilização racional dos recursos humanos, materiais e financeiros;
• Estabelecimento dos padrões de controlo com vista a avaliação do
desempenho;

169
• Emissão das ordens de produção e sua sequência operativa;
• Liberação da produção.
A programação tem três aspectos a considerar, embora acima alguns foram duma
forma simples formulados como objectivos, merecem então explicação, são eles:
1. A programação das operações;
2. A fundamentação da programação (objectivos) e
3. O acompanhamento e o controlo da produção.
Para melhor compreensão do conteúdo das tarefas e aspectos a considerar na
determinação dos objectivos, importa agora detalhar cada um deles a seguir.
10.5.1.3. OBJECTIVOS DA PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO
A quantificação da produção faz-se através da Programação das Operações, que
tem como tarefas fundamentais:
 A determinação do prazo de produção;
 A sequência das operações;
 A emissão de ordens de produção;
 A liberação da produção.
Além destas tarefas, temos de definir geralmente os Objectivos da Programação que
consiste no seguinte:
 A coordenação e integração de todos os órgãos envolvidos directa ou
indirectamente na produção;
 A garantia das datas de entradas e saídas das operações;
 A garantia dos prazos de entrega do produto aos consumidores;
 A garantia da disponibilidade das entradas e saídas;
 A distribuição das cargas como garantia de eficácia e de eficiência;
 O balanceamento do processo produtivo, por forma a evitar a ociosidade de
capacidades e a saturação da produção;
 A definição e aproveitamento ao máximo da capacidade instalada;
 A racionalização para a obtenção dos recursos humanos, materiais e
financeiros;
 O estabelecimento de padrões do controlo, isto é, para avaliar o desempenho
dos recursos humanos, materiais e financeiros.
O controlo da produção constitui a tarefa importante de correcção de desvios
durante o processo produtivo e será por isso mais adiante, na oportunidade,
desenvolvido.
Porém a programação da produção tem três elementos práticos importantes a ter em
conta durante a sua elaboração:
 A definição da estratégia que deve garantir:

170
 A inserção dos objectivos específicos da organização dentro dos objectivos
globais;
 A definição dos programas de produção da organização;
 A definição com precisão das acções dentro dos programas que serão
atribuídas à um operário;
 A formulação quantitativa das operações, definindo as cargas, a direcção
e sentido da implantação;
 O preenchimento de fichas outros documentos importantes do
planeamento.
10.5.1.4 TIPOS E MODELOS DE PROGRAMAÇÃO:
Existem vários tipos e modelos de programação, mas os mais importantes vêm abaixo
especificados:
 Programação Sequencial que utiliza diagramas ou cronogramas;
 O Método do Caminho Crítico;
 A Programação da Linha de Equilíbrio;
 A Programação Linear.
Nestes tipos de programação utilizamos os instrumentos ou técnicas de programação
e outros métodos de Investigação Operacional. Importa referir que os modelos acima
mencionados podem aparecer sob a forma simples ou complexos. Por um lado temos
modelos simples quando a programação aparecer com parâmetros de acções
singulares ou elementares ou ainda lineares, por outro lado os modelos complexos
quando se apresentam acções combinadas e funcionais complexas que exigem
parâmetros não lineares.
As técnicas de programação simples são o Gráfico de GANTT, o Gráfico de
Montagem, o Gráfico de Carga e a Programação Linear. Em relação as técnicas de
programação complexas destaca-se o PERT (Program and Evolution Reserve
Technic), a Programação Dinâmica, o Método de Correlação e o Método de
Regressão.
10.5.1.5. METODOLOGIA DE PROGRAMAÇÃO
Constituem etapas da metodologia da programação o seguinte:
1. A definição do projecto a realizar;
2. A definição das diferentes operações, a sua priorização sequencial;
3. A definição da carga de cada operação, podendo ser simples (quando aparece
apenas um elemento, por exemplo o custo) ou complexa (quando aparece mais que
um elemento, por exemplo o custo e o prazo);
4. Definição das relações entre as operações.
10.5.1.5.1. NOÇÃO DE CAMINHO CRITÍCO

171
As folgas surgem quando estamos em presença de operações convergentes e
divergentes, sendo que há ausência de folga surge quando a data mais próxima é
igual a data mais afastada, o que nos conduz ao conceito do acontecimento crítico
ou operação critica e nos leva a noção do caminho crítico.
O acontecimento inicial e o acontecimento final não têm folga, isto é a folga é igual a
zero devido as datas mais próximas e as datas mais afastadas serem iguais.
Quando a complexidade de um projecto aumenta , torna-se necessário identificar as
relações entre as actividades ou operações. Torna-se ainda importante mostrar a
sequência lógica na qual as operações devem acontecer. As duas relações
fundamentais, que foram descritos antes , foram:
1. Operações em serie: em que uma operação deve estar completa antes
que uma outra operação possa começar, também são designadas por
operações cujas precedências são imediatas e obrigatórias;
2. Operações paralelas: em que uma operação pode prosseguir enquanto
uma outra ainda está acontecendo, também são designadas por operações
cujas precedências são simultâneas ou sobrepostos.
O método de caminho critico (CPM-Critical path method) é um instrumento
quantitativo e um modelo matemático que determina os prazos de processo produtivo,
das operações contratuais por um lado e por outro esclarece as relações entre as
actividades ou operações.. Ele ajuda interpretar as possibilidades que se oferecem de
ajustem perante os desvios constatados e as posições das tarefas num conjunto de
tarefas definidas de um determinado programa de acções.
Ele é um instrumento poderoso e portentoso uma vez aliado ao gráfico de GANTT
para a gestão de qualquer actividade que necessita acompanhamento e controlo. O
caminho critico revela capacidade de manobras para o reajustamento de qualquer
actividade.
Para a determinação do caminho crítico tem que se recorrer ao PERT, que é uma
rede e fluxos representando operações e acontecimentos.
Para calcular o caminho crítico devemos seguir os seguintes passos:
1. Definir com precisão o projecto;
2. Designar as operações e a responsabilidade de cada uma, indicando-se a
precedência;
3. Análise do projecto por grupo de operações designado programa, dando-
nos o conceito de níveis de operações que separam os programas;
4. Definição e determinação das cargas;
5. Controlo e detecção dos desvios.

172
Os dois métodos de análise de rede que estamos analisando são o método do
caminho crítico (CPM - critical path method) ou análise do caminho crítico (CPA -
critical path analysis) e a técnica PERT (técnica da revisão e avaliação de programa)
isto é em inglês (PERT- program eveluation and review technique).
Vamos recorrer ao nosso estudo de caso a fabricação de blocos exemplo prático para
demonstrar o caminho crítico. Vamos nesse estudo de caso apresentar as operações
desse projecto ou processo de transformação que podemos qualificar como uma
produção material seguida de uma operação fictícia de transportação.
Designação das operações Cargas Precedência
Program. Execuç.

1 A: Preparação do estaleiro 3 2 ----

2 B: Fornecimento de entradas 6 5 A

3 C: Fabricação experimental 4 3 B

4 D: Fabricação de blocos 7 7 A

5 E: Controlo 5 4 D

6 X: Transportação 0 0 C;E

Quadro n.º 14 : As operações, cargas programadas e precedência.

Qualquer actividade fictícia deve ser representada pela letra X, não tem carga definida,
mas por rigor metodológico damos uma carga nula.
Após o exercício da precedência das operações e as suas cargas vamos elaborar uma
rede para determinar o Caminho critico.

C
A B 3 9
X
0 3 4 15 15
1 2 6 11 5 6
0 3 15 15
15
3 D 0
E
7 10
4 5
10

Figura n.º 24 : Diagrama de rede das operações e o caminho crítico.


A data mais próxima e mais afastada de fabricação são 15 dias, que representa a
data do caminho crítico.
Tanto no acontecimento inicial como no acontecimento final a data mais próxima é
igual à data mais afastada. O caminho crítico é aquele que não tem folga.
O caminho critico é representado pelo conjunto de operações que delimita os fluxos do
diagrama de rede, no nosso exemplo dado pelas operações ADEX, isto é o caminho
critico.

173
10.5.1.6. IMPORTÂNCIA DO GRÁFICO DE GANTT E DO PERT
Pretendemos mostrar de forma prática a importância do gráfico de GANTT e o gráfico
de PERT. Podemos considerar o exemplo pratico cujo projecto é a produção de
blocos, e como primeiro passo vamos definir as operações:
U.M. : Dias
Designação das operações Programa. 1 Execuç. 2
1 A: Preparação estaleiro e brigada 3 2
2 B: Fornecimento das entradas 6 5
3 C: Fabricação experimental 4 3
4 D: Fabricação 7 7
5 E: Controlo 5 4
Quadro n.º 11: Principais operações, cargas programadas e executadas

Definidas as diferentes operações, procede - se a sua priorização, assim a


operação “B” é sucessora de “A”, a operação “C” depende da operação “B”, ou seja, a
produção de blocos depende do fornecimento das entradas e o controlo “D” não só
depende da produção de blocos, mas prioritariamente da preparação do estaleiro. A
operação “E” só é feita depois da operação “C” e depende da operação “D”.
É importante salientar que introduziu-se uma operação fictícia de transportação cuja
carga é igual à zero e o seu símbolo é X.
O quadro 12 monstra a introdução da operação fictícia como definida anteriormente e
o critério de precedência.
U.M. : Dias
Designação das operações Prog. 1 Exec. 2 Precedência
1 A: Preparação estaleiro e brigada 3 2 -
2 B: Fornecimento das entradas 6 5 A
3 C: Fabricação experimental 4 3 B
4 D: Fabricação 7 7 A
5 E: Controlo 5 4 D
6 X: Transportação 0 0 C;D.

Quadro n.º 12 : Principais operações, cargas programadas e executadas


10.5.1.6. 1. O GRÁFICO DE GANTT

1
Isto é a programação
2
Isto é a execução

174
O gráfico de GANTT consiste em representação de operações ou acções em barras
tendo em conta a definição de cargas e da precedência e tem grande importância na
determinação dos prazos de projectos de produção e representação de operações
físicas e financeiras unitárias .
O processo de planeamento e controlo de projecto é gradualmente ajudado pelo uso
de técnicas que auxiliam os gerentes de projectos a lidar com sua complexidade e sua
natureza temporal. A mais simples dessas técnicas é o gráfico de GANTT ou gráfico
de barras. Essas técnicas foram criadas , a maioria das quais vai sob o nome de
análise de redes. São elas agora usadas quase universalmente, para ajudar a planear
e controlar todos projectos significativos, bem como em empreendimentos menores.

U.M. : Dias
Cargas Total
Operações
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 P E
A P 3
E 2
B P 6
E 5
C P 4
E 3
D P 7
E 7
E P 5
E 4
X P 0
E 0
Cargas P 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 25
físicas E 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0 0 21
Quadro n.º 13: Gráfico de GANTT ou Programação das operações.
Legenda : P = Programação
E = Execução
A; B; C; D; E e X = Abreviações das operações
O gráfico de GANTT apresentado se refere ao nosso estudo de caso sobre a
fabricação de blocos uma vez definidas as precedências, as respectivas cargas em
operações identificadas imediatas e obrigatórias.
11.5.1.6.2. O GRÁFICO DE PERT

175
O PERT é uma representação de acontecimentos e operações numa rede e fluxos
orientados como vêm ilustrados na figura nº 22 abaixo.
O PERT tem grande importância na determinação dos prazos de projectos de
produção e representação de operações físicas tendo em conta as respectivas cargas.
O PERT também determina o caminho crítico da produção e os acontecimentos e
operações com ou sem folgas. É um instrumento poderoso de Gestão da produção
que cada gestor deve dominar.

3 C
B
A 3
6 4
1 2 5 X 6
D 5
3 E
0
4
7 5

Figura nº 25: Diagrama de rede também conhecido por diagrama de rede e fluxos, as operações e as cargas
Vamos somar as cargas dos dois caminhos possíveis que a rede nos apresenta
explicitando duma forma simples e sem técnica:
3dias + 6 dias + 4 dias = 13 dias
3dias + 7 dias + 5 dias = 15 dias
Sem entrarmos na complexidade do PERT, podemos ver que a rede tem duas horas
de folga, isto é o processo produtivo de blocos representa 15 dias – 13 dias = 2 dias
de folga. Percorrer um desses caminhos apresenta uma margem de manobra de duas
horas.
Comparando a programação com a execução, vemos que o número de folgas
aumentou mesmo tendo sido cumprido o programa.
13 dias
E= = 0.87
15 dias
Temos um cumprimento quando o executado / programado = 1, se o executado /
programado > 1 temos um subcumprimento e se o executado / programado < 1 dá-nos
um sobre cumprimento, que é evidente do nosso estudo de caso.
10.5.2 PROGRAMAÇÃO FÍSICA E FINANCEIRA
10.5.2.1 IMPORTÂNCIA
É importante para o economista ou gestor fazer o cálculo e desdobramento das cargas
para determinar a distribuição financeira para o projecto de produção, partindo de uma
distribuição física de cargas homogéneas.

176
Antes de procedermos a elaboração do Gráfico de GANTT, é importante abordar
alguns aspectos que ajudam na sua elaboração.
Em primeiro lugar é importante saber qual a ligação existente entre a programação de
um projecto de produção na vertente contratual, isto é quais são os elementos
essenciais a reter para a discussão do contrato, a programação financeira e a
execução do projecto do ponto de vista físico e financeiro. Tal ligação tem as
seguintes condições:
 Deve-se discutir o contrato antes da sua celebração;
 Determina-se as fontes de financiamento disponíveis para o projecto;
 Define-se o prazo do contrato através do caminho critico;
A programação financeira será determinada pelas cargas programadas repartidas,
enquanto que a execução financeira vai depender das cargas realizadas desdobradas.
Depois de determinado o caminho crítico do nosso caso de estudo referente a
fabricação de blocos de cimento veja os quadros nº 12 e 13. Nesse sentido devemos
abordar os aspectos relacionados com a Programação Física e Financeira. A rede
desenvolvida serve de base para a fixação dos prazos mínimos de produção.
Para a discussão do contrato, temos que ter em conta a margem de manobra de dois
dias que constitui o elemento de lucro e de tolerância que seja para o produtor ou
fabricante e o cliente respectivamente.
Por lucro entendemos não só o tempo disponível para que o produtor se dedique a
trabalhos suplementares mas cobráveis ou exigir prémios para o sobre cumprimento
dos prazos mas também a outras tarefas que lhe proporciona rendimentos extra
contratual.
No contrato deve existir um artigo referente ao preço do contrato (valor total do
contrato) e as condições de penalização ou de compensação bem como os
respectivos valores relativos ou absolutos calculados na base do valor total do
contrato.
Suponhamos que o valor do contrato e do projecto que estamos a analisar seja de
100.000 AKZ para a produção de 100 000 blocos, e que o prazo de entrega seja de 15
dias.
Este contrato terá como condições de pagamento, uma determinada percentagem do
contrato para o adiantamento e o pagamento em prestações.
10.5.2.2. PROGRAMAÇÃO FISÍCA
A analise do Quadro n.º 13 e 13 referente a Programação física deve ser entendida da
seguinte forma:
1. O referido Quadro tem duas partes distintas uma ligada à outra.

177
2. Cada parte acima mencionada subdivide-se em duas partes que podem
resumir se em programada isto é a programação (P) e a executada isto é a
execução (E).
3. Definição dos acontecimentos para determinar as folgas possíveis. Nesta
etapa dever-se-à considerar a distribuição das cargas em termos físico, isto
é, o calculo das cargas elementares tendo em conta as tarefas elementares
de cada operação. Aqui dever-se-á ter em atenção o facto de que as
cargas físicas não sempre tem a mesma unidade de medida. O gestor
deverá traduzir as cargas numa unidade de medida física uniforme ou
homogénea que permite a comparação de grandezas isto é a mesma
unidade de medida para todas operações.
4. Apresenta-se o quadro 13 acima mencionado que ilustra todos aspectos
apresentados.

III. PROGRAMAÇÃO FISÍCA


U.M.: Dias
Cargas Total
Operações
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 P E
A P 3
E 2
B P 6
E 5
C P 4
E 3
D P 7
E 7
E P 5
E 4
X P 0
E 0
P 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 25
Cargas físicas
E 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0 0 21

Legenda : P = Carga Programação


E = Carga Execução
A; B; C; D; E e X = Abreviações das operações

178
Quadro n.º 13 : Programação e cronograma física das operações.
10.5.2.3 PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA
A analise do Quadro n.º 14 referente a Programação financeira deve ser entendida da
seguinte forma:
O referido Quadro tem duas partes distintas uma ligada à outra.
A primeira parte representada pelo Gráfico de GANTT, representada pelo
cronograma de operações, isto é a Programação física que consiste na parte
total da distribuição e desdobramento das respectivas cargas do planeamento
como da execução do plano.
A segunda parte é representada pela Programação financeira, representando
em termos de cargas o cronograma correspondente a matéria financeira, isto é
as operações sucessivas distribuídas e desdobradas das respectivas cargas do
planeamento como da execução do plano.
3. Cada parte acima mencionada subdivide-se em duas partes que podem
resumir se em programada isto é a programação (P) e a executada isto é a
execução (E).
4. Relativamente a execução financeira, foi apresentada a perspectiva
contratual que justifica o adiantamento ou não. O adiantamento é uma
categoria que justifica a credibilidade do dono do projecto como alias é exigido
a organização de apresentação de garantia ou caução bancária, na altura da
adjudicação do projecto.
5. Definição dos acontecimentos para determinar as folgas possíveis. Nesta
etapa dever-se-à considerar a distribuição das cargas em termos físico e
financeiro, isto é, o calculo das cargas elementares tendo em conta as tarefas
elementares de cada operação.
6. Em termos de distribuição de preços unitários (Formula 025) e de valores
unitários (Formula 026) no que diz respeito a Programação Financeira, torna-se
necessário proceder ao arredondamento que deve ocorrer na última prestação
ou seja o último pagamento deverá compensar o valor global do contrato.
7. Apresenta-se o quadro 14 acima mencionado que ilustra todos aspectos
apresentados.
PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA
U.M.: 1000
Cargas P 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 25
Físicas E 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 0 0 21

179
10
Programação 4,0 4,0 4,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 8,0 4,0 4,0
0
Financeira
Exec. Finan. 4,7 4,7 9,5 9,5 9,5 9,5 9,5 9,5 9,5 9,5 4,7 4,7 10
4,8
S/ adiantam. 6 6 2 2 2 2 2 2 2 2 6 6 0
Exec. Finan. 4,0 4,0 8,1 8,1 8,1 8,1 8,1 8,1 8,1 8,1 4,0 4,0 10
15 4,0
C/ adiantam. 5 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5 5 0

Legenda : P = Programação
E = Execução
A; B; C; D; E e X = Abreviações das operações
Quadro n.º 14 : Programação financeira
A repartição da carga dá a possibilidade de distribuir o valor do contrato, isto é
encontrar o preço de cada carga desdobrada através do cálculo do preço unitário
de cada carga dobrada programada ( Puc).
Valor do Contrato 100.000 AKZ (025)
Puc = =
Cargas totais programas 25 cargas

Com a Programação Financeira determinada, podemos passar à Execução


Financeira.
A execução Financeira diz respeito à determinação e realização das condições de
pagamento, mas deve-se ter em atenção que só pagamos o que é realizado ou
entregue.
Seguindo o nosso exemplo, temos quatro cargas de folga que em termos de
benefícios representam dois dias para produzir mais blocos.
Partindo das cargas executadas, podemos calcular o valor unitário de cada carga
desdobrada executada (Vuc):
Valor do Contrato 100.000AKZ (026)
Vuc = =
Cargas totais Executadas 21 cargas
Sabendo que uma das condições de pagamento do contracto é o adiantamento em
15%, ou seja, para que o empreiteiro tenha capacidade financeira para produzir a
encomenda por um lado e ter garantia da capacidade do cliente por outro lado. Assim,
a execução financeira com adiantamento de 15% será igual à:
100.000 AKZ * 15% = 15.000 AKZ Adiantamento
100.000AKZ * 85% = 85.000 AKZ Pagamentos em prestações
É importante realçar que a programação financeira é feita no momento da elaboração
do plano, enquanto que a execução financeira é feita mediante a prestação de conta

180
do trabalho executado, isto é concretizada pela facturação dos trabalhos executados e
pagos.
Quer no momento da programação financeira, quer no momento da execução
financeira devemos ter em conta as prestações realizadas e os reajustes a efectuar
oportunamente dos valores parcelares e/ou do valor global logo após a concretização
da operação do pagamento ou de trabalhos adicionais ao projecto.
A experiência aconselha que os reajustes devem ser efectuados na mesma altura que
os lançamentos contabilistícos, quer sejam reajustes por defeito ou por excesso que
devem ser cobrados logo na prestação seguinte.
Em resumo, para efectuaremos a programação física e financeira devemos observar
os seguintes importantes passos constituindo fundamentos essenciais da
programação:
1. Definição do projecto a realizar;
2. Definição das operações e sua priorização em termos de precedência e uma
rigorosa definição das tarefas de cada operação;
3. Definição das cargas de cada operação e a escolha da carga uniforme;
4. Construção do Gráfico de GANTT e devida correspondência das cargas de
programação e execução;
5. A dinâmica do planeamento exige proceder durante a execução do projecto, a
actualização da programação pontualmente no fim de cada operação com
vista a uma nova reprogramação;
6. Elaborar no fim de cada operação o relatório produtivo, relatório este que
deverá ser submetido aos níveis superiores de programação, para tomada de
decisões e / ou de correção, isto é, relatório da produção detalhando os
desvios e propondo soluções imediatas.
10.6. PLANEAMENTO DE NECESSIDADES MATERIAIS (MRP)
Quando se fala de programação torna se necessário ter uma visão estratégica da
programação física, conceito este que conduz-nos a programação das necessidades
materiais que em última instancia determinará os recursos financeiros necessários a
mobilizar.
A programação das necessidades materiais a incorporar no processo produtivo faz-se
através do método MRP (Material Requirements Planing) que é um sistema de
planeamento constituído por impulsos num determinado período. Este impulso tem a
ver com a procura independente das entradas, tendo em conta os objectivos da
organização por um lado e o alcance da aplicação do método MRP por outro lado.
O referido método surgiu devido a necessidade objectiva da priorização das
encomendas tendo em conta a limitação dos recursos financeiros e dos espaços de

181
imobilização, e porque também surge sempre a necessidade do ajustamento desses
mesmos materiais no decorrer do processo produtivo e, tem como objectivo
fundamental em fazer chegar os materiais certos no local exacto e no momento
exacto, o que significa utilizar o método Just – In - Time, já que para um dado
processo produtivo ele pode reduzir até 40 % os investimentos em meios circulantes
imobilizáveis.
Uma outra finalidade deste método, tem a ver com o desempenho, ou seja a execução
do processo produtivo em situações de excepção.
Para executar os cálculos de quantidade e tempo descritos, o MRP requere certos
dados e informações necessárias tais como:
• Carteira de pedidos;
• Previsão de vendas;
• Listas de materiais;
• Registos de estoques;
• Ordens de compras confirmadas pelas requisições de materiais;
• Planos de materiais;
• Ordens de trabalhos.
Finalmente, o MRP também ajuda-nos na elaboração dos relatórios,
fundamentalmente do processo produtivo e é dividido em duas partes MRP-I e MRP-II
cujas metodologias resumidas de aplicação se seguem:
10.6.1 METODOLOGIA DE APLICAÇÃO DO MRP-I
No caso do cálculo da procura dos materiais e, havendo pretensões de querer fabricar
um produto (T) qualquer, em quantidade de até 100 toneladas, ele precisa de
materiais U e V , sendo duas (2) unidades para U e três (3) para V . Supondo que

por sua vez U precisará de duas (2) unidades de W (1)


, e X ( 2)
e , o V vai

necessitar de W ( 2)
e Y ( 2)
, uma vez definida as normas de consumo podemos então

representar a procura de forma ramificada como se pode ver já a seguir;

U ( 2) V ( 3)

W (1) X ( 2) W ( 2) Y ( 2)

182
Figura n.º 24 : Ramificação do processo produtivo
Recorrendo a cálculos matemáticos, temos;
Para fabricar U = 2T = 2*100 = 200 U
Para fabricar V = 3T = 3*100 = 300 V
Para fabricar W 1 * U = 1*200 = 800 W
2 * V = 2*300
Para fabricar X = 2 * U = 2*200 = 400 X
Para fabricar Y = 2 * V = 2*300 = 600Y
Os materiais representados por U,V,X,W e Y, de acordo com a ramificação do
consumo representam as unidades definidas através dos cálculos acima mencionados
e que para ter por exemplo uma unidade de V necessitamos de 6W+6Y.
Com os dados acima apresentados é possível elaborar o gráfico de GANTT, bem
como um esquema de reaprovisionamento já visto em Economia do material.

10.6.2. PLANEAMENTO DE RECURSOS DE PRODUÇÃO (MRP-II)


Este método tem como objectivo fundamental encontrar o planeamento integrado da
produção, marketing, finanças e engenharia (gestão de movimentos e equipamentos)
com vista obter uma simulação da produção.
Este método socorre-se de funções principais como compras, instalações, os
equipamentos e todos os edifícios afins para o armazenamento. Considera igualmente
a função pessoal (Recursos Humanos) como uma necessidade.
Muito embora tenha alguns problemas ainda por decifrar, fundamentalmente no que se
refere a sua instalação em softwares e aplicação prática, ainda é na actualidade o
mais usado como método de entradas teórico, na medida em que procura responder
questões como;
1 – O que vamos produzir?
2 – O que é necessário para fazê-lo?
3 - O que temos de obter?
10.7. ACOMPANHAMENTO E CONTROLO DA PRODUÇÃO
10.7.1 IMPORTANCIA E CONCEITO
O controlo da produção é um processo que tem como finalidade, o acompanhamento
e monitorização do processo produtivo, para que sejam satisfeitas as pretensões tanto
dos accionistas, dos clientes e dos consumidores.
O controlo conduz-nos portanto a apreensão dos desvios verificados entre o planeado
e o executado, e sugerir os mecanismos que concorrem para a sua correção.

183
Como tarefas importantes inerentes a esta variável, temos o controlo administrativo da
produção que cuida dos aspectos estatísticos, financeiros e técnicos (desempenho do
equipamento), e o controlo da qualidade que se ocupa dos aspectos físicos,
biológicos, bacteriológicos, ambientais e químicos do produto no decurso do processo
produtivo.
Em relação ao planeamento deve analisar, quantificar e ordenar todas as operações a
realizar que estão ligadas ao controlo.
10.7.2 OS OBJECTIVOS DO ACP
Os objectivos que o controlo persegue durante o processo produtivo são:
1. Avaliar e monitorar a actividade produtiva da organização;
2. Comparar o programado com o realizado;
3. Determinar as falhas, os erros e os desvios;
4. Elaborar o relatório produtivo a submeter aos órgãos superiores da área de
produção e outras instituições;
5. Serve de informação para todos os órgãos envolvidos na actividade de
produção.
10.7.3 AS FASES DO ACP
Para que exista um controlo eficiente, torna-se necessário seguir as quatro fases do
controlo:
1. Estabelecimento de normas que servirão de base de comparação, podem ser
normas quantitativas (absolutas), normas qualitativas (relativas), normas temporais
(evolutivas) e normas financeiras;
2. Avaliar o desempenho, ou seja, verificar se houve ou não a execução da
programação elaborada dos operários e dos equipamentos ;
3. Comparação entre a programação e o desempenho, isto é, verificar se o
que foi realmente executado corresponde às normas estabelecidas, e assim
determinar os erros e os desvios;
4. Correcção do desempenho.
10.7.4 OS MÉTODOS DE VERIFICAÇÃO DO ACP
Para controlar utilizamos métodos de verificação, entre os quais destacamos:
 O controlo visual, onde o controlo é feito por observação;
 O controlo por amostragem, ou seja, procede-se ao controlo de qualidade
(aspectos químicos e físicos) e ao controlo do mercado ( sondagem do mercado
visando determinar os resultados da produção e fundamentalmente da preferencia);
 O controlo por excepção, tem como objectivo delimitar determinada área da
empresa para o controlo, ou seja, o controlo da administração ou o controlo dos
custos;

184
 O auto - controlo, em que cada indivíduo deve controlar a actividade que
exerce e controlar-se à si próprio ou à colectividade.
10.7.5 – A CAPACIDADE PRODUTIVA
A capacidade produtiva é definida como a produção máxima de uma dada entidade
produtiva - fábrica ou serviço - devendo sempre quantificar as unidades de produção
por período de tempo de uma determinada operação.
Tendo em conta a capacidade produtiva pode-se decidir produzir um nível inferior à tal
capacidade, ou decidir produzir pela capacidade disponível. Para tal deve-se respeitar
os seguintes critérios:
1. Aperfeiçoamento dos instrumentos de medição da capacidade produtiva, que
se define pela unidade de medida (o peso, o tempo, o volume). Deve-se sempre definir
uma unidade de medida uniforma, ter atenção nos diferentes parâmetros de gestão, e
distinguir sempre a capacidade normal da capacidade teórica;
2. Prever a procura para melhor definir a realidade;
3. Determinar as necessidades materiais em função da capacidade no tempo, ou
seja, deve-se elaborar uma função regressiva para prever a satisfação do mercado no
que se refere à definição das necessidades materiais.
4. Avaliar e definir soluções para a satisfação das necessidades;
5. Avaliar as diferentes soluções, tendo em conta os aspectos económicos e
outros factores que têm a ver com a estrutura que se propõe do investimento;
6. Decidir sobre a definição da capacidade produtiva se é necessário ter em
conta um conjunto integrado de factores que envolve a própria produção ( os recursos
humanos, o Marketing, as Finanças, outros);
Temos duas categorias de instrumentos de controlo para o efeito:
1.Instrumentos quantitativos: englobam os indicadores que servirão de base de
controlo do plano de produção em termos de capacidade produtiva:
 A imobilização das entradas e das saídas;
 O domínio dos prazos;
2. Instrumentos ilustrativos: dizem respeito aos instrumentos matemáticos,
estatísticos e os modelos económicos baseados na Programação Linear. Como base
de controlo são usados os gráficos cartesianos, os gráficos de barras, o gráfico de
GANTT, o PERT, os histogramas, as diversas fichas ou diversos modelos, e outros
instrumentos ilustrativos.
10.7.6 – INDICADORES DE CONTROLO DA PRODUÇÃO
Os instrumentos quantitativos e qualitativos mais usuais que são no fundo os
indicadores de base para o controlo do plano de produção em termos de capacidade
produtiva e ilustrativos que se referem aos instrumentos matemáticos, estatísticos,

185
como também os gráficos são distribuídos em três grupos de indicadores de controlo
da produção, nomeadamente;
A) INDICADORES DE CONTROLO DA PRODUÇÃO
a.1 – Indicador de eficiência da produção
horas trabalhadas
(I E) = * 100 (027)
horas programadas
a.2 – Coeficiente da utilização da mão de obra
n.º horas aplicadas ao lote
C UMO
= * 100 (028)
n.º horas totais da m. obra
a.3 – Coeficiente da utilização do equipamento
n.º horas utilizadas ou aplicadas ao lote
C UE
= * 100 (029)
n.º horas totais do equipamento
a.4 – Coeficiente do tempo
tempo gasto
(C TU ) = * 100 (030)
tempo previsto

B) – INDICADORES DE CONTROLO DA CAPACIDADE


PRODUTIVA
b.1 – Índice de capacidade produtiva
n.º de unidades produzidas
( I cp ) = * 100 (031)
n.º de unidades programadas
b.2 – Índice de qualidade
n.º total de unidades defeituosas
( I q) = * 100 (032)
n.º de unidades produzidas
b.3 – Indicador de utilização das matérias primas
qtd de m. p. calculadas atraves de MRP
( I mp ) = * 100 (033)
estoque calculado atraves do lote economico
b.4 – Indicador do cumprimento das ordens
ordens não cumpridas
( I CO ) = * 100 (034)
ordens dadas
C) – INDICADORES DE CONTROLO DO ESTOQUE
Índice de rotação do estoque
entradas + saidas
(I r) = * 100 (035)
estoque médio

186
Ao acompanhamento e controlo da produção deve-se acrescentar os seguintes
aspectos de controlo:
a) o Controlo de Qualidade Técnica;
b) o Controlo Físico – Químico e Microbiológico ou Controlo Técnico;
c) o Controlo do desempenho do pessoal ;
d) o Controlo do desempenho dos equipamentos;
Resumindo, podemos então dizer que o controlo da produção só pode dar aquilo que
nós esperamos dele, se efectivamente existir todos os instrumentos de controlo de
qualidade como também o controlo administrativo.
A importância do controlo da produção resume-se portanto no facto de servir de base
para a elaboração do relatório de produção.
TEMA XI. DETERMINAÇÃO DE RESULTADOS E RENDIMENTOS
11.1 INTRODUÇÃO
Uma vez abordados os aspectos ligados as engenharias do produto e do processo,
aspectos devidamente complementados por uma boa programação e um eficiente
controlo da produção, caberá ao gestor da organização e todos intervenientes, no
geral, olharem para as questões que têm a ver com os rendimentos e ou os
resultados.
Em Gestão existem várias interpretações para os termos resultados e rendimentos.
Quando falamos de Rendimento em Gestão da Produção estamos a falar das
quantidades físicas isto é das utilidades que resultam do processo produtivo. Quando
falamos de resultados estamos a resumir num indicador denominado rendibilidade a
noção de rendimento como resultados partindo dos custos da transformação,
expressão da viabilidade técnica e económica do projecto bem como do nível de
consumo do processo produtivo.
Este capitulo tratará de todos tipos de decisões inerentes aos activos reais ou
corpóreos - instalações e licenças - ou aos activos financeiros ou incorpóreos -
obrigações, acções, dividas bancárias, contratos de aluguer etc. -, por isso importa
que o gestor perante dois problemas de base que consistem em decidir sobre
investimento ou sobre o financiamento, determinar qual é o conselho a submeter aos
decisores ou o tratamento a dar aos activos tendo em conta o conjunto de funções
administrativas da organização, as responsabilidades do gestor e a capacidade do
gestor identificar os factores financeiros a compor.
O êxito de qualquer gestor mede-se pela capacidade e o valor da reacção de
favorecer e de influenciar toda decisão que aumenta o valor acrescentado na
organização. Em outras palavras, uma boa decisão de investimento consiste em

187
comprar activo real a um custo inferior ao seu valor e na produção aumentar o valor
acrescentado do produto. “O segredo do êxito em gestão financeira, - logo da
produção - reside no facto de aumentar o valor 1”. O problema consiste em determinar
como deve aí chegar.
11.2 OBJECTIVOS
Entretanto e, porque não bastará que tais resultados surjam, mas sim acima de tudo
existir entre os gestores a capacidade de saberem os interpretar isto em função dos
objectivos inicialmente planeados e não só. Pois, há que fazer um acompanhamento
permanente de todas as situações decorrentes de análise, cálculos e outras que visam
a determinação da capacidade produtiva e sua viabilidade económica, incluindo o
manuseamento e tratamento de certas variáveis com vista a satisfação e
harmonização de interesses tanto do mercado mas também dos accionistas.
Assim sendo, uma das formas de entendermos as ocorrências do processo produtivo,
pode ser feito mediante a leitura, análise e permanente acompanhamento do fluxo
apresentado na figura abaixo.

Captação dos
recursos financeiros

Pagamentos, Aquisição
Vendas
gastos e dos
Produtos
combinações factores

Armazenam. Custos Armazenam.


Produtos dos factores

Saídas Transformação Entradas

Figura nº 27 : Fluxo produtivo


Trata-se efectivamente de um ciclo que começa com a captação dos recursos
financeiros (próprios ou alheios) com vista a aquisição dos factores que poderão ser
transformados em saídas, para no fim poder fazer uma inferência se tais recursos
constituírem ou não uma mais valia (valor acrescentado), fazendo a comparação entre
as receitas e os custos, indicadores estes que no fundo constituem o objectivo de
estudo deste capitulo, isto é, o estudo da rentabilidade e rendibilidade do projecto.
Iremos por via disso encontrar por um lado os instrumentos de regulação e reajuste

1
BREALEY R. A.; MYERS S. C. e LAROCHE P. : Princípios de gestão financeira de sociedades; 2ª
Edição, McGraw-Hill, Editores Montreal, 1992.

188
dos resultados tendo em conta a procura e o consumo como também a capacidade
produtiva e, por outro lado, o calculo económico para a satisfação dos accionistas.
Alguns produtores encontram a chave da captação de receitas e ganhar uma franje da
clientela através da redução dos custos de produção em nível baixo dos custos
médios dos ramos de produtos fabricados ou dos concorrentes. Eles conseguem esse
objectivo mediante umas eficientes compras de materiais, baixo custos de salários e
umas instalações actualizadas. Com os custos baixos as organizações conseguem
ganhar parte do mercado. Essa estratégia é usada na política de invasão de mercado
pela parte dos japoneses, europeus e americanos, ao ponto de usar políticas
comerciais proibida mundialmente como o dumping, subvenção de produtos ou
abertura de linhas de créditos a proporcionar vantagens unilaterais até ganhar
totalmente o mercado.
“O grande conflito da Gestão da produção reside na responsabilidade de que os
correctos produtos, as correctas quantidades, correcto prazo e correctos custos devem
ser exigida. Os gestores e colaboradores devem considerar o tempo de trabalho da
fabricação, o tempo médio universal de produção, o lote económico a mobilizar dos
factores de produção e outros problemas inerentes da produção. Neste sentido o
gestor não deverá perder de vista o distribuidor, o leader no mercado, a capacidade de
produção, a qualidade de produtos, as reclamações de clientes, prognósticos e
serviços após vendas, productos específicos exigidos e as possibilidades de
produção”. 1
12.3 AS FUNÇÕES DA PRODUÇÃO
As funções produtivas podem ser agrupadas em funções quantitativas e qualitativas.
12.3.1. FUNÇÕES QUANTITATIVAS
A- O RENDIMENTO
a.1 – No caso de um produto ou função simples
O produto é normalmente definido pelo elemento a i,

R = f (α ) = ai (036)

a.2 – No caso de vários produtos ou função múltipla


O rendimento é a função física dos produtos que têm “a” como unidade de medida. A
matriz A é definida pelo somatório de todos os produtos que a organização produz
podendo ser determinado pela matriz dos a n produtos, em definitivo a matriz A. Ter
em atenção que os produtos têm de ter a mesma unidade física de medida, caso

1
KOTLER, P. ; Marketing – Management : Analyse, Planung und Kontrolle / [ Dt. Ubers. Von Heide Rebert]. – Stuttgart:
Poesschel, 1989 pag . 622 - Tradução em portuguesa do Autor.

189
contrário pode recorrer-se ao factor de uniformização de produtos possibilitando a
comparação.
Neste caso a unidade de medida física de comparação pode ser o peso ou o volume
da produção que resulta em rendimentos - produtos ou serviços -.
n
R = f (α ) = A = ∑ ai i= 1,2,3...n (037)
i =1

a.3 – Rendimento em valor


Este mesmo rendimento também pode ser transformado em valor, outra forma de
uniformização de produtos e serviços prestados, bastando que seja encontrado um
elemento de valorização, como por exemplo o preço pi ;
Para um produto
(038)
R = f ( β ) = pi * ai ,

Para vários produtos


n
R = f ( β ) = ∑ pi * ai
i =1
(039)

a.4 – O rendimento em termos de plano


O rendimento também pode ser apresentado em termos de agregação do planeado,
isto é, o plano onde;
Para um produto;
(040)
Pi = ( Zi * ai ) * Xi ,

onde:
Zi - as normas de consumo
Xi - são as quantidades projectadas,
- Para vários produto;
(041)
Pi = ( Ai) * Xi ,

cuja a especificação matricial, ficaria;

 Z 1 a1 Z 2 ai Z n an   X 1   P1 
     
 Z 1 a1 Z 2 ai Z n an  *  X i  =  Pi  (042)
     
 Z 1 Z 2 Z n   X n   P n 
a1 ai an 

190
Neste caso o P transforma-se num vector de rendimentos bastando que para tal seja
multiplicado pelos respectivos p.
B- OS CUSTOS
Os custos de produção devem ser entendidos como elementos da contabilidade
analítica da empresa, sendo expressão dos custos do processo produtivo ou ainda o
valor dos produtos na medida em que os mesmos variam de organização para
organização. Os custos podem ser:
- Variáveis; como, matéria prima, materiais secundários, materiais auxiliares,
combustíveis e lubrificantes, energia, agua, etc., Também podem ser
identificados como meios circulantes, factores elementares repetitivos ou ainda os
materiais a serem transformados tais como materiais, informação e clientes.
- Fixos; como pessoal (salários), formação, assistência medica, medicamentos,
sobressalentes, acessórios, seguro, publicidade e
patrocínios, amortização, despesas administrativas, etc. Também
podem ser identificados como meios fixos, factores elementares
potenciais ou ainda os materiais de transformação tais como instalações e
trabalho.
Neste esquema, temos os activos onde consideramos os meios fixos e que quando
entram no processo produtivo, são amortizados parcialmente, sendo que a taxa de
amortização deve ser especificada de acordo com a legislação em vigor por um lado e
, tendo em conta o trabalho e outros materiais gastos para a manutenção e
conservação dos mesmos por outro lado.
1
Para se realizar o estudo de rendibilidade, COURTOIS aconselha que é necessário
pôr em evidência os ganhos previstos e os custos.
Os ganhos compreendem:
• Determinação do lote económico e redução dos custos em cursos;
• Melhoria do serviço ao cliente;
• Aumento da produtividade e
• Redução dos custos de aquisição de encomenda e planeamento das
necessidades materiais.
Os custos subdividem – se em:
• Custos de investimentos e
• Custos de exploração.

1
COURTOIS, A.. ; PILLET, M. e MARTIN, C. : Gestion de production , Les Editions d ´Organisation, Paris, 1989.

191
Uma vez definido o rendimento em termos quantitativos podemos defini-lo em termos
de custos. Quando falamos de rendimentos em função de custos temos que conhecer
quais são as entradas de cada produção.

R=f(C) ⇔ C=f(R)
(043)
Temos de ter muito cuidado com as entradas nomeadamente na sua contabilização,
os equipamentos – amortização - e a força de trabalho - salários -. Em termos de
custos temos que ter uma correspondência com a contabilidade Analítica. Temos os
que variam em função do rendimento, fundamentalmente as matérias primas e
subsidiárias, outros custos não variam em função do rendimento, mas podem até
variar no tempo.
Nesta análise é preciso saber as causas profundas :
 As entradas e os equipamentos são factores elementares, sobre eles devemos
fazer uma análise da transferência de valor no custo do produto. Para as entradas
esta transferência é total, isto constitui o custo variável, enquanto que para os
equipamentos a transferência não é total é gradual, em termos de amortizações,
custo fixo como pode ser o trabalho - força do trabalho -.
 Quanto a força de trabalho a transferência é indirecta o salário, pode ser, em
algumas situações podem ser directa por exemplo, no caso dos operários que
trabalham directamente no processo de transformação e indirecta no caso dos
trabalhadores administrativos ou dos serviços centrais da organização cujo parte é
imputada a unidade de produção, um outro exemplo de imputação indirecta é da
transportação comum a organização quer seja do pessoal ou cargas enquanto que
numa empresa de transportes será directa.
Em geral, atinge – se a rendibilidade no prazo de um ano a dezoito meses
C - O CONSUMO
O consumo será determinado exactamente pelo calculo das necessidades dos
materiais. Nós sabemos que para produzirmos o a 1 por exemplo, necessitamos por
exemplo de X 1 ... X i ... X n, representando os programas, temos:

Z1 Z2 Z3 X1

a 1= Z1 Z2 Z3 * X2
(044)
Z1 Z2 Z3 X3

192
X1
Em presença do produto a 1 em termos do que pretende produzir Xi
Xn
é necessário conhecer as entradas para qualquer produção. Por exemplo para
produzir cimento necessita - se de calcário, argila e areia, então multiplicar pelas
necessidades de calcário, argila e areia.
Quando for só uma entrada caso do gesso:

a 1= Z 1*X 1
(045)
Então o consumo tem que ser o mesmo. Então podemos resumir em termos de
necessidade:

A = Z *X (046)

Onde:
X- Vector de necessidade em termos de programação;
Z- Vector de normas de consumo das entradas;
A- Consumo.
Estamos a definir quantitativamente o rendimento, custo e consumo em termos
estáticos.
11.3.2. FUNÇÕES QUALITATIVAS
Os factores acima analisados de forma quantitativa, todos têm limites, o que nos
conduz a analisar os mesmos qualitativamente. Em termos de funções qualitativas
temos dois grandes grupos :
A – Limitacionalidade
Atingimos o limite do factor da produção quando estamos no topo da função normal
da produção isto significa estar na maturidade, já não podemos fazer mais nada, se
forçarmos aparece o cansaço ou saturação, então é preciso conhecer o limite dos
equipamentos, a capacidade produtiva (C w ), qual é o limite da força de trabalho isto é
a força física ou intelectual, e saber o limite de saturação de custos das entradas. A
saturação define-se normalmente pela carga, quando atingimos a carga de maturidade
atingimos o limite, caso contrário ocorre a destruição dos objectivos. O problema de
saturação vem nas fórmulas de regularidade de produção e a carga na programação
da produção.
O elemento a tomar em consideração além da saturação é a intensidade. A
intensidade para os economistas e gestores é a carga de saturação na produção.

193
Estamos a falar do limite ou seja da função qualitativa que se chama
Limitacionalidade.
B – Substitucionalidade
Há Substitucionalidade quando há um desvio ou saturação. Isto acontece muitas
vezes pela intensidade, e ao querermos mais ultrapassar os limites. A substituição
vem de vários factores, um dele é a saturação, mas também há que acompanhar o
mercado, a moda, então nestes dois casos devemos substituir algum factor produtivo.
Para termos substituição é preciso faze-la experimentalmente através da
miniaturização ou seja procurar reduzir o volume dos produtos, comprimindo os
custos. Quando estou a referir o peso posso substituir por exemplo em vez de termos
um ferro posso substituir o mesmo por plástico. Só o protótipo é que vai me dar a
possibilidade de apresentar ao mercado aquilo que ele consome dando a mesma
satisfação. Então quando se atinge este limite, recorre-se a substituição como forma
de aumentar ou no mínimo manter o limite da capacidade (aumento dos factores
elementares e potenciais).
A substituição tem regras e, seguindo uma sequência em termos de evolução
tecnológica ela pode ser;
- Manual
- Mecânica
- Automática
- Electrónica
Essas duas funções qualitativas nos ajudam a completar o entendimento das funções
quantitativas nos ilucida o comportamento da globalização de transferência de
tecnologia em condições as vezes desiguais mas aceites por ignorância e ilusão.
11.4. DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA
Quando pretendemos produzir, parte-se do princípio de que o projecto tem viabilidade,
muito embora poder não corresponder à 100% das expectativas inicialmente
programadas, podendo esse mesmo projecto ser concretizado num período
relativamente mais alargado.
É precisamente aqui que o gestor é chamado a intervir, fazendo com que os
resultados apareçam, satisfazendo os vários interesses que se concretizam no
mercado por um lado e por outro os dos accionistas.
Vem tudo isto com o propósito de dizermos que não há produção física sem haver
capacidade produtiva, e por conseguinte esta deriva de muitos factores, tais como;
- Intensidade produtiva;
- Potência produtiva;
- Plano de produção;

194
- Carga e
- Regime da produção.
Importa antes de mais nada compreender o significado de cada um dos conceitos
acima expostos.
a) Intensidade
A intensidade pode ser comparada aos impulsos, principalmente quando falamos dos
limites necessários para satisfação ou alcance da produção.
Ela pode ser definida como sendo a quantidade de resultados de uma organização
num determinado período, isto significa que está directamente ligada ao tempo e aos
rendimentos.
Exemplo: A intensidade de produção hora da fábrica de cimento é de 2
toneladas de cimento
b) Potência
A potência tem a ver com a intensidade dos resultados, tendo em conta o regime do
consumo e, é também caracterizado por um elemento muito importante que é o regime
de produção (regular, irregular sazonal).
A potência da fábrica de cimento é de 48 toneladas de cimento por dia de três turnos
durante 360 dias.Exemplo:
c) Plano de cargas
O plano de cargas é um dos conceitos que foi amplamente descrito e analisado nos
capítulos anteriores, e que aqui refere-se portanto ao limite que pode ser suportado
por uma unidade produtiva, equipamento, e muito mais outros factores. O plano de
cargas pode ser simulado em programação de produção.
d) Regime de produção
O regime de produção é um indicador que se refere aos diferentes turnos de produção
e frequência da produção, consequentemente existem três regimes de produção que
são regular, irregular e sazonal.
Existem no entanto outros elementos que devem ser tomados em consideração para
que haja resultados esperados, nomeadamente:
a) Precisão e apreciação de trabalho
A precisão e apreciação de trabalho tem a ver com a definição das cargas em função
das quantidades programadas tendo em conta as necessidades do mercado. Quer
também dizer que a carga deve ser bem definida para se poder honrar os
compromissos assumidos, fundamentalmente na programação e execução financeira.
b) Medição dos factores produtivos

195
Os factores produtivos concorrem para a medição da capacidade produtiva e também
das necessidades ou dos meios disponíveis, recorrendo a instrumentos como balança,
aparelhos diversos de medição para determinar a capacidade de produção.
Exemplo: medição do volume ou peso dos sacos de cimento para detectar os desvios.
c) Flexibilidade
A flexibilidade diz respeito a capacidade de cumprimento e adaptação das políticas
macro-económicos de um país às políticas macro-económicas das organizações, sem
esquecer-se dos limites exigidos pelo mercado.
A flexibilidade tem também a ver com a capacidade de adaptação dos gestores e dos
operários num determinado processo produtivo.
d) Perfil da unidade produtiva
O perfil da unidade produtiva tem a ver fundamentalmente com a estrutura da
organização para poder estabelecer prioridades, no caso dessa mesma organização
registar incompatibilidades ou falhas nos órgãos principais. Também diz respeito ao
registo dos dados estatísticos que nos levam a determinar ou detectar os desvios
estatísticos.
Outros conceitos de capacidade produtiva
A capacidade produtiva normal ou real é o resultado concreto num determinado
período assegurado pela produção. Quer isso dizer que a capacidade produtiva
normal está ligada à intensidade ou seja a um nível normal exigido pelo mercado que
esteja acima do ponto critico. O volume de produção real da linha apresenta a sua
capacidade norma ou real.
A capacidade produtiva máxima ou teórica ou ainda de projecto é a capacidade
expressa pela maturidade da produção, estamos em presença da saturação. Esta nem
sempre pode ser atingida na prática. Cada linha é capaz de funcionar em uma
velocidade especifica. O produto da velocidade máxima de cobertura pelo tempo de
operação da planta fornece a capacidade teórica da linha. Produtos diferentes terão
diferentes necessidades de cobertura, de forma que será preciso parar a linha para
fazer mudança. Também será necessário fazer manutenção da linha, o que diminuirá
ainda o tempo adicional e mais outras perdas. Todas essas perdas de tempo não são
falhas do gestor.
Quando não estivermos em nenhuma das capacidades produtivas acima descrita
estamos em presença da ociosidade. Se não estamos na capacidade produtiva normal
então estamos a usar os factores abaixo do seu rendimento económico.
Então dos três conceitos elementares temos dois conceitos limitativos, capacidade
produtiva real e capacidade produtiva teórica, esta última vem muitas vezes inserida
na documentação dos factores potenciais elementares.

196
“As proporções do volume de produção realmente conseguido por uma operação para
a capacidade de projecto e para a capacidade efectiva são respectivamente chamadas
utilização e eficiência da planta” 1.

Volume de produção real


(047)
Utilização = --------------------------------
Capacidade de projecto

Volume de produção real


Eficiência = --------------------------------- (048)
Capacidade efectiva

A capacidade produtiva determina-se com as seguintes formulas:


Em termos quantitativo :

C x = ∑ d i * ti
i =1
(049)
Onde :

C x
--Capacidade física

n – Número de meios utilizados no processo


d – Coeficiente de intensidade em unidades de produção
t – Tempo considerado
Em termos de valor :

V−A
CW = (050)
k c

Onde : CW - capacidade produtiva em valor

V – Vendas em valor
A c -- Matriz de consumo de materiais

A=Z * X (051)

K c -- Coeficiente de capacidade de produção

V − A (052)
k c
=
C w

197
Aqui um elemento salta a vista (V – A c) dá-nos os custos fixos + rentabilidade o que
representa (CF + L).
11.5. CÁLCULO ECONÓMICO
11.5.1. IMPORTÂNCIA DO CÁLCULO ECONÓMICO
O cálculo económico decorre da necessidade de poder inferir se os resultados
alcançados por uma organização / empresa, (no fim de cada exercício) vão de
encontro com as necessidades do mercado e, fundamentalmente com os objectivos
por ela preconizados.
Esta situação obriga a que o gestor tenha capacidade de reajustar e correlacionar os
custos com a rentabilidade e proceder um equilíbrio mínimo entre as vendas, os
custos e o lucro, equilíbrio que só pode ser alcançado se houver uma boa informação
e fundamentalmente um acompanhamento e um controlo rigorosos e consequentes.
11.5.2. FONTES DE INFORMAÇÃO
Para a elaboração de qualquer informação que decorre de uma actividade produtiva
nomeadamente a elaboração de indicadores económicos de analise, relatório
produtivo ou outro documento importante torna se necessário a recolha de dados
fidedignos. Entre eles podemos citar as grandes fontes que são:
1) Balanço;
2) Balancetes;
3) Plano de produção;
4) Cash - flow;
5) Indicadores de produtividade e crescimento;
6) Balanço social.

11.5.3 – METODOLOGIA A USAR PARA O CÁLCULO ECONÓMICO


Para atingirmos os objectivos definidos no plano de produção é necessário
disciplinarmos a nossa forma de trabalhar ou seja seguir uma determinada
metodologia. A metodologia do calculo económico contem quatro passos a respeitar
que a seguir apresentamos:
Primeiro passo : Análise temporal dos custos, vendas e lucro. É importante ressaltar
de que os custos são os mais importantes elementos de analise, dos quais aparecem
os mais significativos que dizem respeito ao pessoal contidos nos Custos Fixos (CF) e
nas entradas os meios circulantes contidos nos Custos Variáveis (CV). Temos então
de observar com atenção os dados estatísticos da produção e os dados da
contabilidade analítica, para o acompanhamento consequente durante o tempo do
registo dos custos, da realização das vendas e do apuramento dos lucros.

198
Segundo passo : Correlação entre os custos e as vendas . A rentabilidade do
processo produtivo provém da diferença das vendas e dos custos.
Terceiro passo : Análise da capacidade produtiva, aqui importa referir que se trata
da capacidade produtiva efectiva estamos a analisar a capacidade produtiva normal
tendo como base a programação da produção.
Quarto passo : Análise dos efeitos da gestão operativa, isto é ter nas mãos todos
os indicadores quantitativos com vista transformá-los em indicadores qualitativos. Os
resultados obtidos devem partir dos elementos disponíveis para os cálculos
quantitativos que deverão servir de base para a interpretação que justifique os
referidos resultados embora comparados com os objectivos preconizados.
- Indicar as operações onde se deve ter muita atenção fundamentalmente aquelas que
não têm folga.
- Relatar aquilo que é possível fazer, observando com toda a segurança a táctica das
operações da produção consideradas.
A viabilidade de cada projecto de produção decorre da sua rentabilidade e a atenção a
ter na execução da programação elaborada.
Como podemos inferir sem perder a vista a metodologia em analise, o lado mais difícil
tem haver com os efeitos da gestão produtiva considerando a programação. É ponto
assente de que só é possível controlar e comentar os efeitos reais se tivermos normas
para comparar, pois se nos cingirmos só na realidade só podemos ter uma tarefa a de
descrever o que aconteceu, não tem base de análise. A metodologia de determinação
de rendimento e a programação são as bases de análise económica e da elaboração
do relatório da produção.
Uma vez os diferentes passos da metodologia de cálculo económico foram
apresentados de uma forma resumida, podemos agora analisar os instrumentos
quantitativos de cada um desses passos.
11.5.3.1. ANÁLISE TEMPORAL DAS VENDAS, DOS CUSTOS E LUCROS
Podemos elaborar projecções para a determinação de padrões e de normas que
servirão de base de comparação e analise tendo em conta os resultados obtidos da
execução do processo de transformação em referência. Para o efeito é bom que se
entenda que ela faz-se através do método de regressão.
A fórmula genérica de analise temporal é :
(053)
X n= X 0* Knt

K – Taxa de crescimento do item


X n – Item do ano x
X 0 – Item do ano de base

199
K n t – Coeficiente de crescimento do item na data t
com t = c, m, v e l , isto é a taxa de crescimento custos (c), mão de
obra (m), vendas (v) e lucro (l) e o t é
calculado pela formula a seguir :
(054)
t = ( K t − 1) * 100
Graficamente pode ser representado por;
Vendas X x= X 0* Kxt
Custos
Lucros

Tempo
Figura n.º 29: Gráfico das categorias da produção

ANALISE DE CADA UMA DAS CATEGORIAS


Determinação progressiva e exponencial das Vendas

V n = V 0 * Kn v (055)
Onde:
K – Taxa de crescimento das vendas do ano n
Vn – Vendas do ano n
V0 – Vendas do ano de base
Kn v – Coeficiente de crescimento das vendas na data n
O que é difícil nesta configuração da analise tem haver com o calculo do coeficiente de
crescimento, estamos a falar das vendas como podíamos.

Determinação progressiva e exponencial dos Custos

Cn = C0 *Knc (056)
Onde:
K – Taxa de crescimento das vendas do ano n
Cn – Custos do ano n
C0 – Custos do ano de base
Knc – Coeficiente de crescimento dos Custos na data n
Determinação progressiva e exponencial do Lucro
(057)
Ln = L0 *Knl

200
Onde:
K – Taxa de crescimento das vendas do ano n
Ln – Lucro do ano n
L0 – Lucro do ano de base
Knl – Coeficiente de crescimento do Lucro na data n
Determinação do coeficiente e taxa de crescimento
A taxa de crescimento t está contida no coeficiente de crescimento, K t , quer para as
vendas, lucros ou custos. As respectivas taxas de crescimento t são representadas em
letras minúsculas v, l ou c.

A taxa de crescimento é igual a : t = ( K t – 1) (058)

ou
t = ( K t – 1) * 100 (059)

A taxa média anual do ritmo de crescimento t está contida no coeficiente médio anual
do ritmo de crescimento Kt na data t . O Kn pode ser calculado através da seguinte
formula:

K n = n −1 X n
(060)
X o

Se em termos temporais conseguimos definir as vendas, os custos e lucros vamos a


próxima fase que é da correlação.
A análise de tendência diz respeito à direcção do movimento de longo prazo na série
temporal, tal análise é feita utilizando-se dados anuais. Uma série temporal é formada
de valores observados em um conjunto de períodos de tempo sequencialmente
ordenados.
É importante definir os níveis isto é Xo corresponde ao ano base, isto é o nível inicial e
Xn corresponde ao ano em analise.
O crescimento do coeficiente e da taxa pode expressar-se em numero de vezes ou em
percentagem, como se segue:

37,2 (061)
K t = 15−1 = 1,013
31,1

Isto significa que o coeficiente Kt é igual à 1,013 e que t é igual à 0,013.


Kt → aumentou em . .1,013.. vezes
t → aumentou em .. 0,013.. vezes

201
Kt * 100 → aumentou em .. 101,3.. porcento
t * 100 → aumentou em .. 1,3.. porcento
11.5.3.2. CORRELAÇÃO ENTRE AS VENDAS E OS CUSTOS
Duma forma geral, os objectivos da correlação entre vendas e custos resumem-se em
três;
1 – Ajuda a restituir as dividas contraídas;
2 – Ajuda aumentar o capital (pela via de manipulação ou ajustamento dos preços) e
3 – Serve de base para a distribuição dos dividendos.
Nesta ordem de pensamento é sempre considerar o preço como um elemento
especulativo também, não é somente elemento técnico puro.
Partindo das fórmulas de correlação vamos definir os custos duma determinada
quantidade de produção.
Nesta base temos a seguinte formula global dos custos
(062)
CT = CF + CV
Onde:
CT = custos totais de produção;
CF = custos fixos de produção e
CV = custos variáveis de produção.
Esta fórmula é elementar e mais simples para entender o que dissemos. Vamos
correlacionar a estes custos uma certa quantidade, neste sentido temos que definir a
quantidade economicamente viável que nos permite ajustar os termos considerados
do mercado e ter uma franja para viabilizar a produção, ou ajustamos a quantidade ou
senão os preços.
Se os custos de produção c = c + c , se desigualarmos o c
t f v t
por C e produção por

P então teríamos :

C
c u
= (063)
P
isto é c u
será o custo unitário de produção. Uma vez que o c u
deve aparecer em

unidades físicas de produção então ficaria;

C (064)
c u
=
Q
onde C = F + V para um produto e

n n n
(065)
∑C
1= i
ti
= ∑C
i =1
fi
+ ∑C
i =1
vi

sendo para vários produtos

202
Vendas
Vendas

Custos

Q Quantidades

Figura nº 28 : Quantidade económica de Vendas


Então os custos totais de exploração serão iguais à CT = CF + CV que podemos
transformar quantitativamente. Para o efeito, temos que conhecer o custo unitário
variável, que iremos identificar em v’, mas é importante não o confundir com a taxa de
crescimento das vendas v. A fórmula a seguir torna fácil o cálculo do custo unitário
variável v’:

CF + (v’ * Q) = c u
*Q
(066)

v' = ( cu Q – CF) / Q (067)

(068)
Q = CF / ( cu – v’)

onde:

c u
- Custo unitário total de produção (preço de custo)

Q- Quantidade produzida
f’- Custo fixo unitário ( f’ = c u
– v')

Mas também podemos calcular os custos através da seguinte fórmula :

CT = CF + [(K *v')* V] (069)

Onde :
K v' – É o coeficiente de crescimento das vendas em termos de custos
variáveis que é igual a constante K vezes o custo unitário variável.
É muito complicado para nós trabalharmos em termos de mercado para definirmos o
Consumo, mas para calcular a quantidade económica temos de usar os preços. Então
o problema põe-se da seguinte forma: Qual é a quantidade económica que vai dar
uma determinada venda relativamente aos custos da rendibilidade.

A figura nº 28 descreve que em qualquer projecto nos primeiros anos as vendas

203
c* Q = Σ (CF) n + Σ (v' * Q) n (070)

são sempre inferiores aos custos, até que elas atingem o ponto de equilíbrio ou ponto
critico, o ponto que equilibram as vendas e os custos onde temos exactamente a
quantidade económica Q o.
Então podemos dum lado definir as vendas em termos de custos como em termos de
quantidades. Vamos dizer que as vendas têm um determinado custo total e este custo
total é :

p* Q o = CF + v'* Q o (071)

Logo
CF
Qo = (072)
p − v ´,

Onde:
p – Preço de venda unitário
v' - Custo variável unitário
Q o – Quantidade económica.
Com esta fórmula podemos definir quando é que começa a rentabilidade do projecto e
a quantidade economicamente aceitável. Podemos ainda encontrar a função das
vendas, é só multiplicar os dois membros pelo preço.

p* Q 0 = [CF/ ( p – v')]* p
(073)

Da formula anterior uma vez multiplicada por p, a formula fica da seguinte forma:

CF
Vo = *P (074)
p − v,

bem como o calculo dos custos variáveis unitários, ou seja;

CF
Vo = * p
p − v,
(075)
Cf * P p
Vo = :
p − v, p
CF
Vo =
v,
1−
p

204
v, CF
com Kv = então teremos Vo = , que graficamente ficaria;
p 1 − Kv

V Vendas
Vg
Vo CT

Qo Qg T
Figura n.º 29 : Quantidade económica de Vendas

CF
Vo = (076)
1 − Kv

Vg – Vendas economicamente aceitáveis com um lucro L


Kv ´-- Peso dos custos variáveis unitários no preço de vendas unitários (v'/ p)
Agora põe-se o problema como encontrar as vendas com o lucro. O aumento do lucro
dependerá da função dos custos fixos. Aumentando o lucro de forma artificial leva nós
a ter uma quantidade artificial ou senão aumentamos o lucro por via da diminuição dos
custos fixos ( e por isso analisa-se em primeiro lugar a estrutura dos custos fixos para
encontrar os itens a eliminar ou como reduzir os respectivos custos) ou senão então
vamos aumentar as vendas sem alterar a estrutura dos custos fixos.
Esse aumento de lucro dá:
CF + L
Vg = (077)
1 − Kv

Onde a Quantidade economica será calculada a partir da seguinte formula

CF + L
Qg = (078)
p − v,
Onde:
Vg : Vendas com lucro ou das quantidades com aumento de lucro;
Qg : Quantidade com aumento de lucro;
Temos nestas fórmulas a terceira alternativa que é encontrar os preços da nossa
preferência e analisar a rentabilidade.
Em suma, para termos o aumento do lucro, L, podemos com a ajuda do gráfico
calcular outros indicadores económicos, nomeadamente:
a) Rentabilidade exigida L
Através das vendas

CF + L
Vg = (079)
1 − Kv 205
Através da Quantidade económica

CF + L
Qg =
p − v′ (080)

b) Margem operacional L

lucro operacional
L = (081)
vendas

c) Margem líquida L
(082)
lucro líquido
L =
vendas

d) Retorno sobre o património Rp

lucro líquido (083)


Rp =
patrimonio liquido

e) Retorno sobre os activos Ra

lucro liquido
Ra =
activos (084)

f) Retorno sobre capital do exercício Rce

lucro liquido
R = (085)
ce capital social

g) Retorno sobre o capital Rc

lucros acumulados (liquidos )


Rc = (085)
capiatl social

Para chegarmos as duas fórmulas do ponto crítico, tivemos quase sempre que
recorrer à variável preço, isto porque trata-se de um elemento especulativo, podendo
ser encontrado a partir de qualquer função dos objectivos da empresa.

206
É assim que para além do preço técnico, que é exactamente o preço de custo, temos
o preço sujeito a especulações (preço de venda) isto para não prejudicar os interesses
dos accionistas, dos consumidores e do Estado, nem tão pouco extrapolar o preço do
ramo, que representa o custo médio de todos os produtos similares.
Porém, acontece por vezes, que;
a) O preço de custo ( P )é
c
maior que o preço de venda ( P ) do
v

ramo, o que significa dizer que nestes casos a empresa estará a trabalhar duma forma
deficiente, sendo urgente fazer um diagnóstico do problema, que nestes casos podem
ocorrer nas quantidades que não são as recomendadas tecnicamente (caso da
saturação por exemplo), ou então haverá a estrutura de custos bastante distorcida
nomeadamente dos custos fixos com um aumento em espiral, como também poderá
existir custos avaliados a mais ou a menos ao longo da programação.
b) Se o preço de custo ( P) c
é menor que o preço de venda ( P)v
do

ramo então é porque a empresa estará trabalhar eficientemente e ainda assim haverá
possibilidade de encontrar o ideal que se aproxima ao do ramo ou igualá-lo.
11 - OBJECTIVOS VISADOS NA CORRELAÇÃO VENDAS E CUSTOS
Um dos objectivos fundamentais da correlação entre vendas e custos tem
precisamente a ver com a finalidade de um projecto duma determinada organização
relacionada com a satisfação das pretensões dos accionistas.
Logo e, tendo em conta as exigências do mercado, que em função das quais nem
sempre é possível a “coabitação” entre tais pretensões e os resultados alcançados. O
gestor é levado a exercitar “artifícios” que visam atingir um equilíbrio mínimo entre
aquelas duas situações, artifício este que no essencial visa o aumento do lucro.
Tal aumento pode ocorrer por via contabilística (lucro fictício), pela via de redução dos
custos estruturais (custos fixos) ou então pela manipulação do elemento preço que
alias o elemento mais usado pelos monetaristas.
Uma vez que hoje em dia pugna-se muito mais pela gestão “imediatista”
fundamentalmente em economias com enormes flutuações, o elemento preço acaba
por tornar-se no mais abraçado por ser mais pragmático (teoria monetarista), ao passo
que a redução dos custos de estrutura também implica a partida outros custos
(indemnizações no caso do pessoal, reavaliação dos equipamentos e sua remoção,
revisão de contratos e serviços de terceiros, etc.).
11.5.3.3. – A CAPACIDADE PRODUTIVA
CAPACIDADE EFECTIVA OU DISPONÍVEL E CAPACIDADE TEÓRICA
Uma vez abordados anteriormente alguns aspectos inerentes a capacidade produtiva
de uma organização fundamentalmente no que tange a sua determinação, torna se

207
importante aqui procura analisar a sua relação com a optimização em função dos
objectivos, ou simplesmente a gestão de tais capacidades.
Partimos então da capacidade efectiva da organização ou da empresa produtiva para
que haja produção, ou seja aquela condição em que as vendas devem ser superiores
ao total de custos de exploração de tal forma a que a empresa suporta durante um
exercício económico os seus encargos (Ce ≥ CT ) , isto é capacidade efectiva ( Ce )
que significa a produção realizada em valor ou em unidades físicas deve ser superior
aos custos totais de exploração ( CT ). A capacidade efectiva ou real ( Ce ) nos fornece

a capacidade real de produção Cw ou c x


. Em outras palavras a produção em valor

ou física a porta da fábrica representa sem margem de Lucro e deve ser igual aos
custos totais de exploração.
Porém, só podemos falar da capacidade efectiva se em termos teóricos forem
exercitados os limites de capacidades (capacidade teórica), limites estes que
remetem-nos para a elasticidade mínima das vendas ( Vo ) que corresponde a uma
determinada quantidade de produtos ( Qo ) até uma determinada quantidade de

saturação ( Q ),
j
isto é, a quantidade máxima ou teórica de produtos do referido

processo de produção.

Do gráfico abaixo, podemos inferir que Q e


e Q j
podem ser expressos quer em

termos de quantidade física ( c ) como também em termos de valor ( Cw ).


x

(Cw); (086)
Cx
(QeQj )
Cw

V venda
Vg

Vo CT

Qo Qg Q
Figura nº 30: Quantidade económica de Vendas
Se assim é, então por definição a nossa capacidade disponível em termos de
produção está exactamente igual a Cw , surgindo assim a outra relação, entre Cw e
vendas (Cw ≥ V ) o que do ponto de vista analítico, leva-nos a deduzir que

(087)
Qo * p ≥ V

208
Finalmente o Cw deve ser maior ou igual a Qo de tal forma de que não haja prejuízo.
A capacidade produtiva em valor apresenta as seguintes manifestações:

Qo * p → Cw (088)

onde Cw é igual a 0;

(089)
Qg * p → Ce

onde Cw é superior a 0, isto é, Cw = Ce


(090)
CF
Cw =
1 − Kv

CF + L (091)
Ce =
1 − Kv´

CF + L
Ce = (092)
p − v ´,

A capacidade produtiva física apresenta as seguintes manifestações:

Cw = QO
(093)

Ce ==Qg (094)
Cw Qo
11.5.3.4. EFEITOS DA GESTÃO OPERATIVA
A gestão operativa faz referência a quatro indicadores de analise que são;
a) A quota de cobertura;
b) O problema da produção e produtividade;
c) O endividamento;
d) O investimento social.
A ) QUOTA DE COBERTURA (B)

A quota de cobertura (B) é um indicador de rentabilidade ou seja serve exactamente


para inferir se o nosso projecto é ou não rentável

B =vendas–custos variáveis; (095)

B = V − cv (096)

209
Como pelo ponto crítico temos que Ct = Ve , fazendo B = Ct − Cv , a quota de
cobertura incorpora os custos fixos, ou seja B = CF . Porém e porque um projecto só
é rentável se os retornos dos capitais aplicados é maior (o que evidencia a existência
de um lucro), então o B deverá sempre ser maior que o CF ( B > CF ) , condição
da viabilidade do projecto e logo, o projecto é rentável e viável se

B = CF + L (097)

B) PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE
Produção
Uma vez que já foi amplamente analisado o conceito de produção em capítulos
anteriores, aqui resta apenas acrescentar a questão referente a rotação de estoque ou
do activo, bem como os retornos possíveis decorrentes da utilização de tais activos.
Duas fórmulas ajudam-nos a efectuar uma gestão responsável de tais activos, são
eles;
b.1 – Rotação do activo Ra
vendas
Ra =
activo total (098)

b.2 – Rotação do estoque Re


(099)
vendas
Re =
estoque

Produtividade
A produtividade é um conceito directamente ligado a produção e vendas. Numa
organização ela encerra determinados problemas de caracter interno como também a
nível externo, que se resume no seguinte;
Dois rácios são usados neste caso;
Produtividade vendas ( v s
)

vendas
v s
= (100)
horas realizadas

Produtividade produção ( v s
)

produção
v s
= (101)
horas realizadas
Problemas da produção e produtividade

210
a) Problemas internos
1) Organização interna, fundamentalmente no que tange ao fluxo da informação,
a hierarquização das decisões, a estrutura, dimensão, etc.
2) Formação, isto é, formação através de reciclagens ou on job que influência
directamente a gestão moderna.
3) Sociais, que têm a ver com os estímulos e garantias dos trabalhadores, etc.
b) Problemas externos
1) Macro-económico, inflação, desajustes e desníveis regionais na distribuição
da rendimento nacional,
2) Infra-estruturais, como água, energia, vias de comunicações,
telecomunicações, etc.
3) Burocracia estatal, que se concretiza na obtenção de licenças, autorização de
produção e o acesso aos concursos públicos nem sempre feitos com maior
transparência, etc.
4) Incentivos fiscais, que não ajudam a expandir as actividades produtivas, mas
sim o comercio, mesmo sabendo que este não cria valor.
5) Materiais que podem se resumir na escassez de materia – primas nos
arredores das unidades produtivas e outros.
C) ENDIVIDAMENTO (E)
O endividamento é uma função do activo e, surge quando não temos capacidade para
o auto-financiamento, isto é, não termos fundos próprios no sentido de assegurar a
produção recorrendo para tal aos recursos de terceiros, com vista a equilibrar o nosso
passivo.
passivo − património líquido
E= (102)
activo
D) EFEITO SOCIAL
O efeito social constitui um investimento no campo social, resulta sempre numa mais
valia para a organização, na medida em que estimula os trabalhadores a produzir
mais, reduz o absentismo, a animosidade (espírito de deixa andar ou de criação de
grupo de oposição a ordem estabelecida) no serviço e muitos mais benefícios.
Tal investimento pode ocorrer pela via do aumento da estrutura de custos fixos, como
também pela via da terceirização de determinados encargos como posto médico,
refeitórios, jardinagem, limpeza, transportes, aumento de salários, cabazes; etc.
A participação colectiva ou individual nas decisões da empresa e sobretudo a
responsabilização material e não só atiça os operários considerando – se como
elemento activo para o progresso da organização e o aumento de rendimentos bem

211
como dos resultados considerados como fontes de investimentos sociais como por
exemplo o aumento dos salários.

212

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