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O homem tem desejos e necessidades ilimitadas, que podem variar das mais diferentes
formas, das mais elementares (alimentação, vestuário e moradia) às mais sofisticadas
(cultura e lazer), e muitas dessas necessidades se renovam. Todavia, os recursos
produtivos (terra, trabalho e capital) são escassos, ou seja, limitados, e,
consequentemente, os bens e serviços produzidos por esses fatores também são.
A Economia estuda a alocação de recursos escassos (dinheiro, capacidade de trabalho,
energia etc.) entre fins alternativos (segurança, lazer, sucesso etc.) por parte dos
proprietários de recursos que buscam obter o máximo benefício por unidade de
dispêndio (PAIVA, 2008).
Mesmo diante da escassez de recursos na natureza, a Economia procura produzir o
máximo possível de bens e serviços para atender à maior quantidade possível de
necessidades. Com o objetivo de resolver esse dilema, devemos considerar os seguintes
problemas econômicos fundamentais:
O que e quanto produzir? – Quais produtos deverão ser produzidos para satisfazer às
necessidades humanas e em que quantidades deverão ser colocados à disposição dos
consumidores?
Como produzir? – Qual processo técnico ou tecnologia deverá ser empregado na
fabricação desses produtos ou na execução dos serviços?
Para quem produzir? – Como os bens e produtos serão distribuídos para os
consumidores, ou seja, qual o público-alvo para distribuição desses produtos?
Com isso, percebemos que a Economia é uma ciência preocupada com os problemas
da escassez e de escolhas. Afinal de contas, temos recursos (capital, terra, mão de obra)
e bens escassos; então, devemos realizar escolhas de forma a otimizar a produção e sua
distribuição.
Quando surgiu o termo ECONOMIA?
Esse termo (oikos – “casa” e nomos – “norma”) foi adotado por Xenofonte (431 a.C. –
355 a.C.) para explicar as regras básicas de administração da casa, caça, pesca,
agricultura e manejo dos escravos. Com o tempo, passou a envolver também a
administração da pólis (cidade-Estado). Agora... por que ela é considerada uma ciência?
A resposta para essa pergunta você irá encontrar no próximo tema desta unidade. Por
enquanto, vamos considerar outro conceito de Economia: “A Economia estuda o
comportamento de agentes racionais na alocação de recursos escassos entre fins
alternativos” (PAIVA, 2008, p. 15).
Observe que Paiva (2008) utiliza o termo agentes racionais referindo-se ao
comportamento dos homens como agentes maximizadores que vão buscar as melhores
alternativas para alocar seus recursos. Esse é o objeto de estudo da Economia –
o comportamento do homem como agente maximizador. Embora nem todas as
decisões tomadas pelo ser humano sejam racionais, esse é o comportamento que se
espera. Ao tomar decisões racionais, esse homem econômico fará escolhas por meio de
um cálculo ponderado considerando os custos e os benefícios dessas opções.
Princípios Básicos da Ciência Econômica e a Evolução do Pensamento
Econômico
Tema 2
Idade Média
Na Idade Média (séc. V a XV), o pensamento econômico foi influenciado pela teologia
católica. Nessa fase, buscava-se o equilíbrio dos atos econômicos sempre com o
controle da Igreja, quando se permitia a propriedade privada, mas se pregava a
moderação.
Interessante destacar o conceito do preço justo, postulado por Santo Tomás de Aquino,
tanto para o consumidor disposto a adquirir a mercadoria quanto para o produtor que a
está ofertando. Essa era uma forma de estabelecer o equilíbrio de que acabamos de falar.
Idade Moderna
Até a primeira metade do século XVIII, a Economia era caracterizada como pré-
científica (PINHO et al., 2017). O mercantilismo do século XVI fez parte dessa fase
controlada então pelo Estado absolutista, na qual destacam-se autores como Nicholas
Barbon, que considerava o lucro resultado do ato de troca (HUNT, 2018). Já no século
XVII, os autores da época começavam a formular uma nova filosofia voltada para o
individualismo. Esse pensamento levou a uma série de protestos com relação à
subordinação das atividades econômicas aos desejos do Estado. Crescia uma crença,
entre os estudiosos da época, de que a produção e o comércio não deveriam mais sofrer
restrições por parte dos governantes. Se tivéssemos de eleger o porta-voz da ética
individualista, que viria a se transformar na base para o liberalismo, podemos falar no
nome de Dudley North.
Até mais ou menos 1749, os assuntos de Economia eram apresentados de forma
assistemática, ou seja, não havia instrumentos de abordagem dos problemas econômicos
que considerassem o rigor científico. Porém, em 1750, surgiu um movimento na França,
conhecido como fisiocracia, impondo-se como uma doutrina em favor das leis naturais,
absolutas, imutáveis e universais (PINHO et al., 2017).
Os fisiocratas consideravam antinatural o controle da Economia pelo Estado absolutista
e introduziram ideias em oposição às práticas mercantilistas que se tornariam a essência
da própria ciência econômica (existência de uma ordem natural responsável pela
organização da Economia).
Quesnay foi o representante da fisiocracia, sendo a sua obra, Quadro, a precursora da
economia quantitativa.
Adam Smith
Avançando na história, em 1764, o professor Adam Smith, economista e filósofo
escocês, viria a se encontrar com Quesnay, Turgot e outros fisiocratas, ao visitar a
França. Mesmo defendendo o individualismo, ele se tornou um grande opositor dos
fisiocratas, sendo um dos mais importantes economistas da história do pensamento
econômico.
Anos depois desse encontro, o modelo teórico de desenvolvimento econômico
desenvolvido por Adam Smith, na sua obra A riqueza das nações, permitiu à economia
adquirir o status de ciência e tornou Adam Smith o principal representante do
pensamento clássico.
Quer saber mais sobre Adam Smith? Acesse a sua e-biografia.
Thomas Malthus, David Ricardo, Stuart Mill e Jean-Baptiste Say são considerados
discípulos de Adam Smith e procuraram ampliar e esclarecer diversos pontos de sua
obra.
Economia como ciência e os avanços do século XIX
Agora como ciência sistematizada, a Economia baseava-se nos princípios do
liberalismo e no individualismo, segundo os quais os homens deveriam maximizar a
satisfação pessoal com o mínimo de despesa.
Isso ocorreria de forma harmônica, por meio de uma “mão invisível”, significando o livre
funcionamento do mercado a partir da oferta e da demanda (forças de mercado) de
bens e serviços, sem a intervenção do Estado. Desse modo, as quantidades produzidas e
vendidas seriam determinadas pelos preços.
Como vimos, a Economia avançou muito no século XIX. Porém, foi no século XX que
houve a aceleração do desenvolvimento de seus instrumentos de análise em decorrência
das duas grandes guerras, da crise econômica de 1930 e da pressão por parte das nações
subdesenvolvidas.
A mão invisível mostrou-se incapaz de superar os efeitos devastadores desses
eventos e os estadistas passaram a cobrar dos economistas soluções para os problemas.
Foi quando os economistas, por sua vez, voltaram-se para as questões do desenvolvimento
econômico e da promoção do bem-estar, observando a questão da distribuição de bens e
serviços na sociedade.
Qual foi a saída para superar a crise?
A saída para retirar a economia da crise em 1930 foi proposta por John Maynard
Keynes, que sugeriu ao Estado que aumentasse os seus gastos para investir em
infraestrutura básica, gerando empregos, além de induzir o aumento do crédito de
estimular as exportações. A partir desses acontecimentos, alguns economistas, já se
autodenominando neoclássicos liberais, passaram a reconhecer que a mão invisível de
Adam Smith não era suficiente para conduzir a economia, ou seja, era necessário que o
Estado interviesse de forma complementar.
Essa intervenção se daria por meio das políticas fiscal e monetária, tendo surgido ideias
bem opostas naquela época, defendidas por grandes nomes, como Hayek e Keynes
(SOUZA, 2009).
De um lado, uma corrente, formada pelos neoclássicos conservadores (ou monetaristas
que apostam apenas no controle da moeda), sustenta que, ao utilizar instrumentos da
política fiscal, por exemplo, o aumento dos gastos públicos, pode-se gerar um aumento
na inflação tornando-se prejudicial ao sistema econômico. Para os monetaristas, o
governo deve manter-se distante da economia. Esse foi também o pensamento de
Friedrich August Von Hayek, fundador da Escola Austríaca.
De outro lado, Keynes, muito mais conhecido do que Hayek, por ter formulado a
sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, apostava no aumento da
demanda por meio dos gastos públicos, enquanto Hayek defendia o estímulo à
poupança.
Embora já tivesse sido um defensor das ideias socialistas logo após a Primeira Guerra,
Hayek passou a defender o liberalismo, tornando-se um grande oponente de Keynes.
Imagine se Hayek e Keynes, grandes oponentes da época, se encontrassem para uma
batalha musical? Assista a dois episódios de uma batalha de RAP e aprenda um pouco
mais sobre o que esses dois pensadores defendiam.
Assista ao Episódio 1.
Assista ao Episódio 2.
Todas essas transformações mundiais também tiveram impacto na América Latina.
Durante a década de 1950, surgiu uma corrente impulsionada pela Comissão Econômica
para a América Latina – CEPAL. Entre os economistas que participaram dessa
comissão, destacamos o brasileiro Celso Furtado.
Os trabalhos realizados por esse grupo criticavam o pensamento monetarista e
defendiam uma política econômica que gerasse mudanças estruturais para os países
subdesenvolvidos (SOUZA, 2009). A solução estruturalista para esses economistas seria
a reforma agrária com a modificação de latifúndios e minifúndios.
Quer saber mais sobre Celso Furtado? Acesse a sua biografia.
Agora, com base na evolução do pensamento econômico, verificamos que sim! A
Economia é uma ciência que estuda o emprego de recursos escassos entre diferentes
usos possíveis, com o fim de obter os melhores resultados (SOUZA, 2009). Também
podemos dizer que é uma ciência social, que contempla conhecimentos consolidados e
sistematizados, mas que possui uma particularidade em relação às outras ciências, pois a
sociedade demanda que os economistas se posicionem com frequência acerca de
situações cotidianas que só poderão ser analisadas por hipóteses.
Celso Furtado.
Princípios Básicos da Ciência Econômica
e a Evolução do Pensamento Econômico
Tema 3Organização econômica: os sistemas de mercado
Como se dá o funcionamento dos sistemas de economia de
mercado com base nos princípios econômicos?
Economia de mercado.
Encerramento
Qual a relação entre a Economia e a escassez?
A economia é a ciência da escassez, pois precisa lidar constantemente com a alocação
eficiente dos recursos escassos na produção de bens e serviços, visando atender às
necessidades humanas ilimitadas.
Como a Economia evoluiu ao longo da história?
A economia evoluiu conforme as próprias transformações das relações de trabalho e de
produção da sociedade. As sociedades foram expandindo seus meios de produção a
partir também das invenções, do surgimento de novas técnicas e tecnologias, e o
pensamento econômico acompanhou essas mudanças evoluindo de acordo com o ritmo
da sociedade.
Como se dá o funcionamento dos sistemas de economia de
mercado com base nos princípios econômicos?
Os sistemas econômicos funcionam tendo os princípios econômicos como parâmetros e
facilitadores que possibilitam a compreensão de como as economias operam e como as
pessoas tomam decisões e se relacionam entre si, considerando suas participações como
agentes econômicos (famílias, empresas e governo).
Resumo da Unidade