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Princípios Básicos da Ciência Econômica

e a Evolução do Pensamento Econômico


Tema 1

O surgimento da Economia e os problemas econômicos


fundamentais
Qual a relação entre a Economia e a escassez?
Ao longo da história da humanidade, os povos sempre enfrentaram problemas para
obter ou produzir elementos essenciais para a preservação da vida, ou seja, seus meios
de subsistência.
Rossetti (2016) considera o século XVIII como o período em que a Economia passou a
ser apreciada como ciência. Entretanto, se voltarmos no tempo, para o ano de 350 a.C.,
por exemplo, veremos que as bases para o conhecimento econômico já estavam se
formando há muitos séculos, ainda que fossem ideias fragmentadas, considerando,
obviamente, o contexto de cada época.
 Em 335 a.C., o filósofo Aristóteles argumentava, com seus discípulos, em favor da
propriedade privada, mas contra o acúmulo de dinheiro como objetivo final,
desenvolvendo diversas ideias sobre a aquisição, o valor e a geração de riqueza
(ROSSETTI, 2006).
 No século XIII, o padre Tomás de Aquino debatia sobre o que seria o preço justo.
Em seus trabalhos escritos, havia várias passagens de natureza econômica, que
tratavam também da propriedade privada e dos sistemas salariais (ROSSETTI,
2006).
 Os pensadores do século XVI até a primeira metade do século XVIII defendiam que
a verdadeira riqueza nacional deveria ser constituída de grandes estoques de metais
preciosos, como ouro e prata, sendo essa prática conhecida como mercantilismo
(ROSSETTI, 2006).

Aristóteles representado em uma cédula.


Por que o século XVIII?
Porque esse período é apresentado por vários autores como a Era da Razão. Esse foi o
século do liberalismo e do iluminismo, no qual o pensamento racional prevalecia em
detrimento do religioso. Contudo, não podemos esquecer, como pondera Rouanet
(1987), que esse movimento, como forma de organização social, adaptou-se às
aspirações das classes capitalistas em ascensão. Para o autor, a ideia de libertação do
homem do reino da natureza foi transformada em uma ideia de libertação da produção.
Tal libertação permitia ao homem usufruir dos recursos da natureza sem culpa e em
benefício próprio. Porém, o uso desses recursos esbarrava em uma questão crucial para
o entendimento e para a própria definição da Economia – a escassez.

O homem tem desejos e necessidades ilimitadas, que podem variar das mais diferentes
formas, das mais elementares (alimentação, vestuário e moradia) às mais sofisticadas
(cultura e lazer), e muitas dessas necessidades se renovam. Todavia, os recursos
produtivos (terra, trabalho e capital) são escassos, ou seja, limitados, e,
consequentemente, os bens e serviços produzidos por esses fatores também são.
A Economia estuda a alocação de recursos escassos (dinheiro, capacidade de trabalho,
energia etc.) entre fins alternativos (segurança, lazer, sucesso etc.) por parte dos
proprietários de recursos que buscam obter o máximo benefício por unidade de
dispêndio (PAIVA, 2008).
Mesmo diante da escassez de recursos na natureza, a Economia procura produzir o
máximo possível de bens e serviços para atender à maior quantidade possível de
necessidades. Com o objetivo de resolver esse dilema, devemos considerar os seguintes
problemas econômicos fundamentais:
O que e quanto produzir? – Quais produtos deverão ser produzidos para satisfazer às
necessidades humanas e em que quantidades deverão ser colocados à disposição dos
consumidores?
Como produzir? – Qual processo técnico ou tecnologia deverá ser empregado na
fabricação desses produtos ou na execução dos serviços?
Para quem produzir? – Como os bens e produtos serão distribuídos para os
consumidores, ou seja, qual o público-alvo para distribuição desses produtos?
Com isso, percebemos que a Economia é uma ciência preocupada com os problemas
da escassez e de escolhas. Afinal de contas, temos recursos (capital, terra, mão de obra)
e bens escassos; então, devemos realizar escolhas de forma a otimizar a produção e sua
distribuição.
Quando surgiu o termo ECONOMIA?
Esse termo (oikos – “casa” e nomos – “norma”) foi adotado por Xenofonte (431 a.C. –
355 a.C.) para explicar as regras básicas de administração da casa, caça, pesca,
agricultura e manejo dos escravos. Com o tempo, passou a envolver também a
administração da pólis (cidade-Estado). Agora... por que ela é considerada uma ciência?
A resposta para essa pergunta você irá encontrar no próximo tema desta unidade. Por
enquanto, vamos considerar outro conceito de Economia: “A Economia estuda o
comportamento de agentes racionais na alocação de recursos escassos entre fins
alternativos” (PAIVA, 2008, p. 15).
Observe que Paiva (2008) utiliza o termo agentes racionais referindo-se ao
comportamento dos homens como agentes maximizadores que vão buscar as melhores
alternativas para alocar seus recursos. Esse é o objeto de estudo da Economia –
o comportamento do homem como agente maximizador. Embora nem todas as
decisões tomadas pelo ser humano sejam racionais, esse é o comportamento que se
espera. Ao tomar decisões racionais, esse homem econômico fará escolhas por meio de
um cálculo ponderado considerando os custos e os benefícios dessas opções.
Princípios Básicos da Ciência Econômica e a Evolução do Pensamento

Econômico
Tema 2

Evolução do pensamento econômico


Como a Economia evoluiu ao longo da história?
O caminho histórico para a evolução do pensamento econômico começa desde a Grécia
Antiga (talvez até bem antes, a partir das noções primitivas de acumulação e de
excedente presentes desde o período neolítico), passando pela Idade Média, avançando
para o mercantilismo e a ascensão do capitalismo na Idade Moderna. São muitos
caminhos pelos quais a economia passou até chegar ao que conhecemos atualmente.
Vamos ao segundo tema?
Grécia Antiga

Embora alguns termos utilizados na Economia tenham surgido na Idade Antiga,


podemos destacar que tanto os gregos quanto os romanos não desenvolveram a
Economia como a conhecemos nos dias de hoje, ou seja, favorecendo o consumo, a
produção e a acumulação.
Vejamos um quadro comparativo entre ambos os povos, mostrando que, além de ser
uma economia completamente diferente, uma divergia da outra quanto ao pensamento
da época.
Gregos Romanos

Clara intenção de expansão dos domínios do


Busca da riqueza associada à vaidade humana.
império.

Favoreceu a ligação entre o pensamento


Pensamento inaceitável na época: desprezo pelo
econômico e a política; obtenção de riqueza
luxo e valorização pelo equilíbrio e pela
vinculada à dominação dos povos conquistados
meditação.
e à apropriação de seus bens.

Idade Média

Na Idade Média (séc. V a XV), o pensamento econômico foi influenciado pela teologia
católica. Nessa fase, buscava-se o equilíbrio dos atos econômicos sempre com o
controle da Igreja, quando se permitia a propriedade privada, mas se pregava a
moderação.
Interessante destacar o conceito do preço justo, postulado por Santo Tomás de Aquino,
tanto para o consumidor disposto a adquirir a mercadoria quanto para o produtor que a
está ofertando. Essa era uma forma de estabelecer o equilíbrio de que acabamos de falar.
Idade Moderna

Até a primeira metade do século XVIII, a Economia era caracterizada como pré-
científica (PINHO et al., 2017). O mercantilismo do século XVI fez parte dessa fase
controlada então pelo Estado absolutista, na qual destacam-se autores como Nicholas
Barbon, que considerava o lucro resultado do ato de troca (HUNT, 2018). Já no século
XVII, os autores da época começavam a formular uma nova filosofia voltada para o
individualismo. Esse pensamento levou a uma série de protestos com relação à
subordinação das atividades econômicas aos desejos do Estado. Crescia uma crença,
entre os estudiosos da época, de que a produção e o comércio não deveriam mais sofrer
restrições por parte dos governantes. Se tivéssemos de eleger o porta-voz da ética
individualista, que viria a se transformar na base para o liberalismo, podemos falar no
nome de Dudley North.
Até mais ou menos 1749, os assuntos de Economia eram apresentados de forma
assistemática, ou seja, não havia instrumentos de abordagem dos problemas econômicos
que considerassem o rigor científico. Porém, em 1750, surgiu um movimento na França,
conhecido como fisiocracia, impondo-se como uma doutrina em favor das leis naturais,
absolutas, imutáveis e universais (PINHO et al., 2017).
Os fisiocratas consideravam antinatural o controle da Economia pelo Estado absolutista
e introduziram ideias em oposição às práticas mercantilistas que se tornariam a essência
da própria ciência econômica (existência de uma ordem natural responsável pela
organização da Economia).
Quesnay foi o representante da fisiocracia, sendo a sua obra, Quadro, a precursora da
economia quantitativa.

Adam Smith
Avançando na história, em 1764, o professor Adam Smith, economista e filósofo
escocês, viria a se encontrar com Quesnay, Turgot e outros fisiocratas, ao visitar a
França. Mesmo defendendo o individualismo, ele se tornou um grande opositor dos
fisiocratas, sendo um dos mais importantes economistas da história do pensamento
econômico.
Anos depois desse encontro, o modelo teórico de desenvolvimento econômico
desenvolvido por Adam Smith, na sua obra A riqueza das nações, permitiu à economia
adquirir o status de ciência e tornou Adam Smith o principal representante do
pensamento clássico.
Quer saber mais sobre Adam Smith? Acesse a sua e-biografia.
Thomas Malthus, David Ricardo, Stuart Mill e Jean-Baptiste Say são considerados
discípulos de Adam Smith e procuraram ampliar e esclarecer diversos pontos de sua
obra.
Economia como ciência e os avanços do século XIX
Agora como ciência sistematizada, a Economia baseava-se nos princípios do
liberalismo e no individualismo, segundo os quais os homens deveriam maximizar a
satisfação pessoal com o mínimo de despesa.
Isso ocorreria de forma harmônica, por meio de uma “mão invisível”, significando o livre
funcionamento do mercado a partir da oferta e da demanda (forças de mercado) de
bens e serviços, sem a intervenção do Estado. Desse modo, as quantidades produzidas e
vendidas seriam determinadas pelos preços.

Ao analisarmos a teoria clássica, o trabalho era considerado por Adam Smith um


elemento essencial do valor (valor – trabalho) que permitiria definir o preço adequado,
embora o fator relevante de sua análise seja o preço de mercado (SOUZA, 2009).
Para complementar seus estudos, conheça outros economistas clássicos que fizeram
história, assim como Adam Smith.
Thomas Robert Malthus (1766-1834)
David Ricardo (1772-1823)
John Stuart Mill (1806-1873)
Jean-Baptiste Say (1768-1832)
Com tantos economistas que foram surgindo, é fácil chegarmos à conclusão de que
muita gente passou a se interessar pelas ciências econômicas, não é mesmo? O
crescente interesse pelas ciências econômicas se acentuou no século XIX, destacando
um progresso extraordinário, trazendo, assim, novas propostas, como as ideias
marginalistas e o pensamento neoclássico (ROSSETTI, 2016).
As ideias marginalistas surgiram na metade do século XIX, combatendo a teoria
clássica do valor-trabalho proposta por Adam Smith. Alfred Marshal foi um
importante economista desse século, que procurou conciliar o pensamento clássico
com o marginalista. Ele deu início ao chamado pensamento neoclássico, trazendo
uma nova perspectiva de equilíbrio de mercado.
O equilíbrio do mercado é o resultado da oferta e da demanda de cada bem, mas deve-se
considerar o valor-utilidade do bem, pois este irá influenciar a demanda.
O princípio da mão invisível foi mantido, mas agora considerava-se a produtividade
marginal, pelo emprego de uma unidade adicional na produção, analisando o valor gerado
com essa produção e o seu custo (análise na margem). De igual forma do princípio da mão
invisível, o objetivo também foi mantido, isto é, a obtenção do melhor resultado.

O pensamento marxista, concebido por Karl Marx no século XIX, é fundamentado


também na teoria do valor-trabalho, porém desenvolvendo conceitos como mais-valia,
capital variável, capital constante, entre outros. O pensamento era voltado igualmente
para a questão da exploração dos trabalhadores assalariados pelos empresários
capitalistas, correspondendo a uma visão oposta à dos clássicos, ao defender a regulação
total dos meios de produção pelo Estado (PINHO et al., 2017).
Conheça e assista ao trailer do filme O jovem Karl Marx, que fala sobre a história de
amizade entre os filósofos Karl Marx (economista) e Friedrich Engels (teórico político),
explicando quem foi Marx e o que ele produziu com Engels, a partir da interpretação
das relações sociais no capitalismo, desenvolvendo a ideia do materialismo histórico e
dialético.
O que é capitalismo?
Capitalismo é um sistema econômico fundamentado na produção de mercadorias, no
qual as pessoas se relacionam por meio do dinheiro, impondo uma relação de
igualdade entre os agentes econômicos (famílias, empresas, governos), mas que
não corresponde à realidade, pois o capitalismo é um sistema de divisões desiguais.
Vamos conhecer algumas de suas características.
Propriedade privadaClasse trabalhadoraIndividualismoFlexibilidade
A existência da propriedade privada com poucas pessoas controlando os meios de
produção (capital, terra, equipamentos). Motivação: individualismo.
Economia como ciência: a crise e os avanços do século XX

Como vimos, a Economia avançou muito no século XIX. Porém, foi no século XX que
houve a aceleração do desenvolvimento de seus instrumentos de análise em decorrência
das duas grandes guerras, da crise econômica de 1930 e da pressão por parte das nações
subdesenvolvidas.
A mão invisível mostrou-se incapaz de superar os efeitos devastadores desses
eventos e os estadistas passaram a cobrar dos economistas soluções para os problemas.
Foi quando os economistas, por sua vez, voltaram-se para as questões do desenvolvimento
econômico e da promoção do bem-estar, observando a questão da distribuição de bens e
serviços na sociedade.
Qual foi a saída para superar a crise?
A saída para retirar a economia da crise em 1930 foi proposta por John Maynard
Keynes, que sugeriu ao Estado que aumentasse os seus gastos para investir em
infraestrutura básica, gerando empregos, além de induzir o aumento do crédito de
estimular as exportações. A partir desses acontecimentos, alguns economistas, já se
autodenominando neoclássicos liberais, passaram a reconhecer que a mão invisível de
Adam Smith não era suficiente para conduzir a economia, ou seja, era necessário que o
Estado interviesse de forma complementar.
Essa intervenção se daria por meio das políticas fiscal e monetária, tendo surgido ideias
bem opostas naquela época, defendidas por grandes nomes, como Hayek e Keynes
(SOUZA, 2009).
De um lado, uma corrente, formada pelos neoclássicos conservadores (ou monetaristas
que apostam apenas no controle da moeda), sustenta que, ao utilizar instrumentos da
política fiscal, por exemplo, o aumento dos gastos públicos, pode-se gerar um aumento
na inflação tornando-se prejudicial ao sistema econômico. Para os monetaristas, o
governo deve manter-se distante da economia. Esse foi também o pensamento de
Friedrich August Von Hayek, fundador da Escola Austríaca.
De outro lado, Keynes, muito mais conhecido do que Hayek, por ter formulado a
sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, apostava no aumento da
demanda por meio dos gastos públicos, enquanto Hayek defendia o estímulo à
poupança.
Embora já tivesse sido um defensor das ideias socialistas logo após a Primeira Guerra,
Hayek passou a defender o liberalismo, tornando-se um grande oponente de Keynes.
Imagine se Hayek e Keynes, grandes oponentes da época, se encontrassem para uma
batalha musical? Assista a dois episódios de uma batalha de RAP e aprenda um pouco
mais sobre o que esses dois pensadores defendiam.
 Assista ao Episódio 1.
 Assista ao Episódio 2.
Todas essas transformações mundiais também tiveram impacto na América Latina.
Durante a década de 1950, surgiu uma corrente impulsionada pela Comissão Econômica
para a América Latina – CEPAL. Entre os economistas que participaram dessa
comissão, destacamos o brasileiro Celso Furtado.
Os trabalhos realizados por esse grupo criticavam o pensamento monetarista e
defendiam uma política econômica que gerasse mudanças estruturais para os países
subdesenvolvidos (SOUZA, 2009). A solução estruturalista para esses economistas seria
a reforma agrária com a modificação de latifúndios e minifúndios.
Quer saber mais sobre Celso Furtado? Acesse a sua biografia.
Agora, com base na evolução do pensamento econômico, verificamos que sim! A
Economia é uma ciência que estuda o emprego de recursos escassos entre diferentes
usos possíveis, com o fim de obter os melhores resultados (SOUZA, 2009). Também
podemos dizer que é uma ciência social, que contempla conhecimentos consolidados e
sistematizados, mas que possui uma particularidade em relação às outras ciências, pois a
sociedade demanda que os economistas se posicionem com frequência acerca de
situações cotidianas que só poderão ser analisadas por hipóteses.
Celso Furtado.
Princípios Básicos da Ciência Econômica
e a Evolução do Pensamento Econômico
Tema 3Organização econômica: os sistemas de mercado
Como se dá o funcionamento dos sistemas de economia de
mercado com base nos princípios econômicos?

A forma como a sociedade se organiza para resolver a questão da escassez e responder


aos problemas econômicos fundamentais determina os dois tipos principais de
sistemas econômicos ou sistemas de economia:
 Economia planificada.

 Economia de mercado.

No sistema de economia planificada, ou centralizada, a propriedade dos meios de


produção é pública, ou seja, pertence ao Estado e os problemas fundamentais são
resolvidos por Órgãos Estatais.
Já na economia de mercado, ou descentralizada, os meios de produção são privados e
os problemas fundamentais são resolvidos pelo mercado.
O sistema Economia de mercado, ou descentralizada, também é conhecido como
sistema capitalista, ou capitalismo. Suas características foram vistas no segundo tema e
será o sistema que trabalharemos a partir de agora.
Vimos, ao longo dos temas, que a Economia está na vida das pessoas. Da mesma forma,
os princípios econômicos norteiam a vida das pessoas, estando presentes nas escolhas e
nas atividades de famílias, empresas e governo (agentes econômicos) e sendo
responsáveis pelo funcionamento de todo o sistema econômico.
A existência dos princípios facilita a compreensão dos eventos e das relações
estabelecidas entre as pessoas, organizações e governos, ou seja, facilitam a análise do
comportamento humano.
Os princípios econômicos elencados a seguir foram extraídos do capítulo 1 do livro
Princípios de microeconomia, de Gregory Mankiw (2017), disponível na Minha
Biblioteca, e procuram explicar como as pessoas tomam decisões na sociedade, como
elas interagem entre si e como a Economia funciona.
Como as pessoas tomam decisões
PRINCÍPIO 1 - As pessoas enfrentam trade-offs
Enfrentamos trade-offs (escolhas) diariamente, o que significa que, ao escolhermos
realizar algo neste exato momento, por exemplo, estudar Economia e Mercado, estamos
deixando de realizar outra coisa, como participar de uma festa com os amigos. Em
Economia, essas escolhas trazem consequências para a alternativa não escolhida.
Precisamos reconhecer os trade-offs, pois, para tomarmos boas decisões, devemos
compreender todas as opções disponíveis.
PRINCÍPIO 2 - O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para
obtê-la
Já sabemos que as pessoas sempre enfrentam trade-offs, só que essas escolhas
realizadas também representam sacrifícios. É o que chamamos de custo de
oportunidade; aquilo que representa o custo do que você abriu mão para obtê-lo.
Por exemplo, para estudar Economia e Mercado, você abriu mão de ir ao cinema com os
amigos. O valor da satisfação que seria gerada ao ir ao cinema com os amigos é o custo
de oportunidade de ter escolhido estudar Economia e Mercado!
PRINCÍPIO 3 - As pessoas racionais pensam na margem
Os economistas presumem que o homem é um agente racional maximizador. Uma
pessoa racional faz o melhor para alcançar seus objetivos de acordo com as
oportunidades disponíveis e, em geral, as decisões são tomadas a partir de um pequeno
ajuste incremental em um plano de ação já existente. Isso significa dizer que são ajustes
ao redor das extremidades daquilo que já está se fazendo; onde são comparados
os benefícios marginais aos custos marginais.
Por exemplo, qual o ganho em se estudar uma hora a mais de Economia e Mercado?
PRINCÍPIO 4 - As pessoas reagem a incentivos
Um incentivo é algo que induz uma pessoa a agir e, como as pessoas racionais tomam
decisões comparando custo e benefício, acabam sendo incentivadas a tomar a melhor
decisão. Elas sempre respondem a incentivos, sejam eles explícitos ou implícitos.
Como as pessoas interagem

PRINCÍPIO 5 - O comércio pode ser bom para todos


O comércio permite que as pessoas se especializem na atividade em que são melhores e
essa especialização permite uma variedade maior de bens e serviços à disposição da
sociedade.
PRINCÍPIO 6 - Os mercados são geralmente uma boa maneira de
organizar a atividade econômica
Conforme vimos anteriormente, no tema 2 desta unidade, Adam Smith, em seu livro A
riqueza das nações, refere-se a uma mão invisível que conduz famílias e empresas
promovendo o equilíbrio do mercado. Na verdade, essa condução só é possível por
conta dos preços de mercado! Por meio dos preços, o mercado se organiza entre
consumidores e produtores.
PRINCÍPIO 7 - Às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos
mercados
O governo precisa garantir o cumprimento das regras e manter as instituições para que a
mão invisível possa operar, garantindo, por exemplo, a segurança e a propriedade
privada dos meios de produção.
Como a economia funciona
PRINCÍPIO 8 - O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir
bens e serviços
São as diferenças de produtividade entre os países que irão definir os padrões de vida
existentes em cada nação, o que Mankiw (2013) traduz como a quantidade de bens e
serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra.
PRINCÍPIO 9 - Os preços sobem quando o governo emite moedas demais
Quando um governo emite grandes quantidades de moeda, o valor desta cai. Uma
situação de inflação, verificada por uma alta generalizada no nível de preços de uma
economia, quando se mantém de forma elevada e persistente, pode ter como causa o
aumento da quantidade de moeda emitida.
PRINCÍPIO 10 - A sociedade enfrenta um trade-off de curto prazo entre
inflação e desemprego
Ao optar por manter as taxas de inflação em níveis elevados, há um interesse maior
por parte dos produtores em ofertar mais produtos e, com isso, aumentar as
contratações, reduzindo o desemprego. Logo, no curto prazo inflação e desemprego
seguem direções opostas.
Os princípios que acabamos de apresentar contribuem também para explicar o
funcionamento dos sistemas econômicos em economias em que há garantia da
propriedade privada, em que o mercado dita as regras; isto é, os agentes estão
subordinados às leis da procura e oferta, como podemos avaliar a seguir.
Sistema econômico

O sistema econômico, de uma maneira geral, é formado pela interação


entre consumidores e produtores. Os produtores colocam, no mercado, à disposição
dos consumidores a quantidade de produtos/recursos excedentes, ou seja, que não são
necessários à sua própria subsistência e, em contrapartida, os consumidores para quem a
produção da economia vai ser dirigida irão adquirir esses produtos/recursos para a
satisfação de suas necessidades.
Esse sistema explica a interação entre os principais agentes na economia de mercado:
as empresas produtoras e as famílias de consumidores (Princípio 6). As unidades
familiares ativas participam do aparelho produtivo por meio das empresas vendendo a
sua força de trabalho e negociando outros ativos (por exemplo, a poupança), que são
destinados à produção corrente de bens e serviços e também à ampliação da capacidade
instalada de produção. Ao vender sua força de trabalho ou ao negociar seus ativos, essas
unidades familiares obtêm diferentes tipos de rendas, como salários, aluguéis, juros,
lucros e dividendos. Produtores e consumidores enfrentam constantemente trade-offs,
analisam os custos de oportunidade e tomam decisões com base em ações já existentes,
reagindo a incentivos, seja com relação aos bens produzidos ou com relação às
remunerações obtidas (princípios 1 a 4).
No sistema econômico, são reunidas todas as empresas que realizam as atividades
primárias (extrativismo, agricultura e pecuária), secundárias (indústria) e terciárias
(comércio e serviços) da economia, produzindo bens e serviços comercializados na
sociedade. A expansão dessa comercialização é importante, pois favorece a
especialização e a diversificação dos produtos, atendendo às necessidades ilimitadas do
ser humano (princípio 5), sendo que a capacidade de produção desses bens e serviços
deverá impactar no padrão de vida da sociedade (princípio 8). As empresas reúnem,
organizam e remuneram as famílias. Logo, a produção realizada pelas empresas irá
permitir que as famílias possam consumir os bens e os produtos produzidos.
O governo surge como um terceiro elemento para garantir o funcionamento do sistema
econômico (princípio 7). Ele é uma espécie de agente coletivo que contrata diretamente
o trabalho das unidades familiares e que adquire uma parcela de bens e serviços
produzidos pelas empresas. O governo também participa do sistema econômico com
políticas públicas que devem (ou deveriam) atender às unidades familiares com
necessidades emergentes. Como é uma via de mão dupla, as empresas e as famílias
precisam pagar ao governo tributos (impostos, taxas, contribuições) que devem
(deveriam) ser revertidos para essas políticas públicas e para a administração e o
funcionamento dos serviços públicos. Por intermédio do governo, são definidas ações
para o controle da inflação e do desemprego no país (princípios 9 e 10).

Encerramento
Qual a relação entre a Economia e a escassez?
A economia é a ciência da escassez, pois precisa lidar constantemente com a alocação
eficiente dos recursos escassos na produção de bens e serviços, visando atender às
necessidades humanas ilimitadas.
Como a Economia evoluiu ao longo da história?
A economia evoluiu conforme as próprias transformações das relações de trabalho e de
produção da sociedade. As sociedades foram expandindo seus meios de produção a
partir também das invenções, do surgimento de novas técnicas e tecnologias, e o
pensamento econômico acompanhou essas mudanças evoluindo de acordo com o ritmo
da sociedade.
Como se dá o funcionamento dos sistemas de economia de
mercado com base nos princípios econômicos?
Os sistemas econômicos funcionam tendo os princípios econômicos como parâmetros e
facilitadores que possibilitam a compreensão de como as economias operam e como as
pessoas tomam decisões e se relacionam entre si, considerando suas participações como
agentes econômicos (famílias, empresas e governo).
Resumo da Unidade

Nesta unidade, estudamos a presença da Economia na vida humana e do que trata a


ciência econômica.
Iniciamos a unidade discorrendo sobre a relação entre a Economia e a escassez de bens
e de recursos produtivos, indicando os problemas econômicos fundamentais que fazem
da Economia a ciência das escolhas, com o objetivo de encontrar os melhores resultados
para atender às necessidades humanas ilimitadas.
No segundo tema, acompanhamos a evolução do pensamento econômico, desde as
primeiras ideias na Idade Antiga até as concepções contemporâneas dos séculos XIX e
XX, quando a Economia apresenta-se já como ciência.
Por fim, no último tema, conhecemos os princípios que regem a Economia e
compreendemos o funcionamento do sistema econômico, considerando os seus três
agentes: família, empresa e governo
Referências

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Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa
unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e
complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina.

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