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Aulas 05 e 06 – Evolução da Ciência

Econômica
PINHO, Diva Benevides et al. Manual de Economia. São Paulo: Ed. Saraiva. 6ª
ed. ou . 7ª ed.
Cap. 2: Do início do século XXI às raízes do pensamento econômico (PINHO, 2017)
Cap. 3: De Smith a Marx (PINHO, 2017)

Profa. Dra. Carolina Silva Ribeiro


Evolução da Ciência Econômica

Por razões didáticas, pode ser dividida em quatro grandes fases:

➢ a primeira vai de seus primórdios à Escola Fisiocrática;


➢ a segunda, de 1750 ao decênio marcado pela revolução
marginalista ou pelo nascimento da análise econômica moderna;
➢ a terceira, de 1870 ao início da "Grande Depressão" - que
evidenciou as falhas mais importantes da "máquina capitalista" e
suscitou verdadeira "crise de consciência" entre os economistas;
➢ a quarta, de 1929 aos nossos dias.
Evolução da Ciência Econômica
Das origens até 1750 - A fase pré-
científica da economia

Termo "econômico" (de oikos, casa, e nomos, lei) - Antiguidade grega


Xenofontes, na obra Oikonomikos (no sentido
de princípios de gestão dos bens privados)

Idade Média: atividade econômica regional e inter-regional (com feiras


periódicas que se tornaram célebres, como as de Flandres, Champagne,
Beaucaire e outras)
Autores:
Mercantilistas (1450-1750): preceitos de William Petty (1682): Political Arithmetic:
adm. Pública para aumentar a riqueza análise estatística dos problemas
econômicos
Estado intervencionista e protecionista Cantillon (1734): Essai sur la lature du
Ênfase no comércio e nos metais commerce en général: elementos sobre
preciosos - metalismo função de produção e riscos
Evolução da Ciência Econômica
A criação científica da economia: de
1750 a 1870
A Fisiocracia
O Quadro econômico do Dr. Quesnay (1758) e a
Riqueza das nações (1776) marcaram, realmente, a
reação contra o tratamento assistemático e
disperso dos problemas econômicos.

Doutrina da Ordem Natural: o Universo é regido por leis naturais,


absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência
divina para a felicidade dos homens. Estes, por meio da razão,
poderão descobrir essa Ordem.
• Fisiocratas (sec XVIII, 1760-1770)
– Domínio da natureza: leis naturais,
absolutas e universais = providência
divina

– Combate às idéias mercantilistas

– Circulação da moeda para gerar riqueza

– Liberalismo: Lei natural regulando a


ordem econômica

– Ênfase na produção
• Fisiocratas – domínio da natureza (sec XVIII,
1760-1770): Quesnay

Natureza => Trabalho humano => Riqueza

Fonte Ação Objetos


de riqueza transformadora úteis
Evolução da Ciência Econômica
A criação científica da economia: de 1750 a 1870

A Escola Clássica: Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo,


John Mill, Jean Baptiste Say
Contestavam o padrão mercantilista de regulamentação estatal
e de controle, apoiava a suposição de que a concorrência
maximiza o desenvolvimento econômico

O Marxismo: Karl Marx


Opôs-se aos processos analíticos dos clássicos às suas conclusões
Desenvolveu conceitos que se tornaram muito conhecidos (como, por
exemplo, o de mais-valia, capital variável, capital constante, exército de
reserva industrial e outros), analisou a acumulação do capital, a
distribuição da renda, as crises econômicas etc.
Economia clássica
• Adam Smith (1723-1790): Uma
investigação sobre a natureza e a
causa da riqueza das nações -
1776
– Filosofia moral e interdependência dos diversos
setores
– Instintos do homem:
• se esforça em seu próprio benefício e, portanto, da sociedade
• Trocar
• Ganhar dinheiro
• Subir socialmente
Portanto: Poupar e produzir o que a sociedade precisa e
enriquecer a comunidade
Economia clássica
• Adam Smith (1723-1790):
– Liberalismo
– Teoria do valor-trabalho
• Desenvolvimento está na divisão do trabalho:
especialização e alocação em várias linhas de emprego
– Mercado como regulador da divisão do trabalho:
• Valor de uso e valor de troca
Economia clássica
• Adam Smith (1723-1790): Uma
investigação sobre a natureza e a
causa da riqueza das nações -
1776
– Como os indivíduos adquirem riqueza? Pelo
trabalho humano:
• Grau de desenvolvimento da produtividade do trabalho
• No. Proporcional de trabalhadores produtivos
– Como ocorre o aumento da produtividade?
• Pela divisão social do trabalho.
1. Economiza tempo na atividade
2. Economiza tempo ao mudar de atividade
3. Permite o uso de ferramentas
• Adam Smith

Riqueza => Trabalho humano

Objetos Ação
úteis humana
“O trabalho anual de cada nação constitui o fundo
que originalmente lhe fornece todos os bens
necessários e os confortos materiais que consome
anualmente. O mencionado fundo consiste, sempre,
na produção imediata do referido trabalho ou
naquilo que com essa produção é comprado de
outras nações”. (SMITH, 1983, p.35)
Economia Clássica
Principais discípulos de Adam Smith
Thomas Malthus (1766-1834)
– A população, quando não controlada, terá crescimento geométrico da população, enquanto a
subsistência (meios de produção) só cresce a uma taxa aritmética
– Críticos: subestimou o ritmo e o impacto do progresso tecnológico
Jean Baptiste Say (1767-1832)
– Deu atenção especial ao empresário e ao lucro
– Subordinou o problema das trocas diretamente à produção. Lei de Say: “A oferta gera sua própria
demanda”
David Ricardo (1772-1823):
– Trabalhou no mesmo sentido de Malthus, preocupado em ampliar a tradição iniciada por Smith
– Construiu um sistema abstrato em que as conclusões decorrem dos axiomas
– Teoria do valor-trabalho; relações entre a expansão econômica e distribuição
– da renda; Tratou dos problemas do comércio internacional;
– Teoria das vantagens comparativas
John Stuart Mill (1806-1873)
– Buscou sistematizar e consolidar a análise clássica, desde Adam Smith
– Preocupações com justiça social; baixo padrão de vida da crescente classe trabalhadora
(empilhada em favelas urbanas, sem as mais elementares condições sanitárias), a longa jornada de
trabalho, os reduzidos salários, a ausência de legislação trabalhista e previdenciária; a distribuição
da renda;
Economia Marxista
Karl Marx (1818-1883):
– Assim como Stuart Mill, Marx preocupava-se com as
consequências sociais da industrialização em sua época
– Preocupou-se com épocas históricas específicas,
contestando os casos hipotéticos dos clássicos, as
construções abstratas que não consideravam o significado
da dinâmica interna do processo histórico, nem as leis
econômicas peculiares aos estágios históricos:
Materialismo histórico
– Preocupações com as questões materiais, ou seja,
questões relativas à riqueza, pobreza e à disputa entre
grupos sociais
– Os conflitos de interesses entre grupos sociais tem sua
raiz nas relações materiais da vida
• O capital: vol 1 (1867) produção capitalista,
vol 2 (1885) circulação do capital, vol 3 (1894)
competição
• Objeto de investigação: lei do movimento
econômico da sociedade burguesa
• Processo de produção capitalista
• O processo de produção: o processo de trabalho
– Uma vez que o trabalho está sujeito ao capital ele não produz somente
valor de uso, mas uma mercadoria (valor de uso e valor) e não somente
valor mas um valor excedente (a mais valia)

– As condições da produção do sistema capitalista, entretanto, obrigam o


trabalhador a vender mais tempos de trabalho do que o necessário para
produzir valores equivalentes às suas necessidades de subsistência. Os
trabalhadores são obrigados a aceitar as condições impostas pelos
empregadores porque não dispõem de fontes alternativas de renda.
Assim, seu dia de trabalho compreende o tempo "necessário- à
produção de valores iguais às exigências de manutenção, e um tempo de
trabalho "excedente". O valor criado pelo tempo de trabalho excedente
é apropriado pelos detentores dos meios de produção - os capitalistas.
• Economia Marxista
Karl Marx (1818-1883):
– Teoria do valor-trabalho: "o valor da força de trabalho
é determinado, como no caso de qualquer outra
mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à
produção, e consequentemente à reprodução,
desse artigo em especial”

– Centralização dos meios de produção e socialização


do trabalho

– As contradições do capitalismo, à medida que a


acumulação avança, dará origem ao socialismo.
Evolução da Ciência Econômica
A criação científica da economia: de 1750 a 1870

A elaboração dos princípios teóricos fundamentais: 1870-1929


No início - 1870 - pelo decênio em que surgiu a análise econômica
moderna, com a mudança na definição dos problemas econômicos: da
determinação das causas do desenvolvimento da riqueza, o
economista passou a se preocupar corri a alocação dos recursos
escassos entre usos alternativos, com o fim de maximizar a utilidade
ou a satisfação dos consumidores.

No fim - 1929 - pela "Grande Depressão", que


gerou verdadeira "crise de consciência- dos
economistas, quando estes perceberam que
a ciência clássica não lhes permitia analisar
integralmente a expansão da atividade
econômica e elaborar políticas econômicas
adequadas.
Evolução da Ciência Econômica
A criação científica da economia: de 1750 a 1870

A elaboração dos princípios teóricos fundamentais: 1870-1929

A Escola de Viena (ou Escola Austríaca) e a teoria da


utilidade marginal: Böhm-Bawerk, Friedrich Hayek
A Escola de Lausanne (ou Escola Matemática) e o equilíbrio geral:
Neoclássicos
Léon Walras, Vilfredo Pareto
A Escola de Cambridge e a teoria do equilíbrio parcial: Alfred Marshall
A Escola Neoclássica Sueca: Knut Wicksell

Oposições ao Neoclassicismo
A Escola Institucionalista: liderado por Veblen
A Economia do Bem-Estar: Pigou
• Economia neoclássica
- Neoclassicismo ou Marginalismo buscou integrara teoria da utilidade do valor
com a teoria do custo de produção dos clássicos, bem como explicar os preços
dos bens e dos fatores, e a alocação dos recursos com o auxilio da análise
marginal.
- A introdução da análise marginal - que valeu a esse Movimento a
denominação também amplamente divulgada de "Marginalismo" - mudou de
modo significativo a orientação dos estudos econômicos: representou um
instrumento, rapidamente difundido, para explicar a alocação de determinados
recursos escassos entre os usos correntes, com o objetivo de se chegar a
resultados ótimos. O “homem econômico", racional e calculador, estaria
empenhado em equilibrar seus dispêndios marginais com seus ganhos
marginais.
• Economia neoclássica

“Há um simples princípio no coração de


todo problema econômico: uma função
matemática para maximizar sob restrições”
(MIROWSKI, P, apud, CECHIN, A, 2010, p.
36)
• Economia neoclássica – Escola de Viena
(Escola Psicológica Austríaca) e a Utilidade
Marginal:1870
• Karl Menger:
– Princípio da utilidade decrescente
– Análise das necessidades do homem, satisfação e valoração subjetiva dos bens
– Teoria do valor incorporando importância subjetiva dada pelo homem
• Böhm-Bawerk
– Natureza do capital e seu papel no processo produtivo
– Acreditava que o homem tende a supervalorizar as necessidades presentes e
subestimar os desejos futuros com isso precisa de maior recompensa para a
poupança presente.
• Friedrich Hayek
– Causa dos ciclos econômicos: variação na taxa de juros
– A economia deveria funcionar livremente sem intervenções estatais: liberalismo
econômico; livre mercado
– No longo prazo, a economia se desenvolveria e se ajustaria; preço variável de
ajuste econômico
– Nenhum agente econômico tem todas as informações
• Economia neoclássica: Escola
austríaca
• Lionel Robbins (1898-1984)
– Teoria da escolha:
• Alocação de recursos escassos entre fins alternativos

“Escassez de meios para satisfazer fins de importância


variada é quase uma condição onipresente do
comportamento humano. Aqui, então, está a unidade de
assunto da ciência econômica, as formas assumidas pelo
comportamento humano na disposição de meios escassos”
(ROBBINS, 1935, p.15)
• Economia neoclássica – Escola
de Lausanne (Escola
Matemática) e a Teoria do
Equilíbrio Geral
• Leon Walras (1834-1910):
– Matematizando a economia
– Problema: definir preços e como são alocados
– Equilíbrio geral walrasiano: considerando todo o
sistema econômico interligado (micro e macro)
• Economia neoclássica –
Escola de Cambridge e a
Teoria do Equilíbrio Parcial
• Alfred Marshall (1842-1924):
– Economia como o estudo da humanidade nos
negócios comuns da vida, ou seja, ciência do
comportamento P S
– Motivação: ganho econômico = moeda
– Equilíbrio marshaliano Pe
• Dedução
• Oferta=Demanda => Preço de equilíbrio D

Qe
Q
• Economia neoclássica sueca
• Knut Wicksell (1851-1926):

– Contribuições quanto à análise do valor e da


distribuição
– Papel da moeda e do crédito
– Importância: tentativa de integrar a análise monetária à
análise real
• Economia neoclássica
• Jevons

– Teoria marginalista

– Auto interesse: Utilidade como medida de satisfação

– Mx utilidade sujeito à restrição orçamentária


Uma síntese...
• Integração da teoria da utilidade
do valor com teoria dos custos de
produção
• O que determina os preços?
– Clássicos: oferta
– Neoclássicos: oferta e demanda ...
Marshall
Oposições ao neoclassicismo
• Escola institucionalista
– História, Sociologia e Ciências sociais
– Tempo (Escola Histórica) e o espaço
– Thorstein Veblen (1857-1929): discordava
do comportamento racional do homem
quanto as suas escolhas
– Comportamento humano como reflexo
de: tecnologia dinâmica e influências
institucionais predominantes
– John Kenneth Galbraith
Oposições ao neoclassicismo

• Economia do bem estar


– Arthur C. Pigou (1877-1959):
influências externas na produção
justificam a intervenção do Estado,
para a provisão de bens e serviços
– Significado social das empresas de
custo crescente e decrescente, uso
de tributos e subsídios para regular
sua produção
Evolução da Ciência Econômica

A fase atual da Ciência Econômica: de


1929 aos nossos dias

A Revolução Keynesiana: surgiu com John Maynard Keynes, cujas obras


romperam com a tradição neoclássica e apresentaram um programa de ação
governamental para a promoção do pleno emprego.

O Socialismo aplicado nos países do Leste e sua implosão: Lenin, ao


justificar a instauração do marxismo em países pouco ou não-capitalistas,
apresentou algumas contribuições importantes à evolução do pensamento
socialista (como a teoria sobre o imperialismo, a revolução proletária etc.).
Coube-lhe, também, planejara edificação do comunismo e lançar as bases da
economia socialista
O fortalecimento dos países entre os oceanos Índico e Pacífico: o
caso da China
• Economia keynesiana
• John Maynard Keynes (1883-1946) Teoria
Geral do Emprego, do Juro e da Moeda

• Crise de 1930 => novo pensamento econômico


– Preocupações com a estagnação e com a taxa decrescente de crescimento
econômico
– Programa de ação governamental para promoção do pleno emprego

• Visão macroeconômica: consumo, poupança,


renda, produção e emprego

• Teoria do crescimento econômico


• Economia keynesiana
• John Maynard Keynes (1883-1946)
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da
Moeda

• Críticas a lei de Say;


• Reinterpretação da taxa de juro;
• Análise da poupança e do consumo;
• Determinação do investimento;
• Papel ativo à política fiscal;
• Oposição a confiança nos controles
monetários
• Economia keynesiana
• John Maynard Keynes (1883-
1946) Teoria Geral do Emprego,
do Juro e da Moeda

• Críticas a teoria keynesiana:


– Especificidade da teoria;
– Missão da análise microeconômica;
– Aceitação do quadro das estruturas capitalistas;
– Não se dedicou aos países emergentes;
– Não analisou a que tipo de análise produtiva é chamada
a servir a engrenagem de técnicas, capitais e trabalho
– Lei de consumo única para todas as classes
A ciência econômica pós Keynes
• Tendências:
– A revolução matematizante
– Oposição econometristas x institucionalistas (Myrdal,
Perrouxe Galbraith)
– Os grandes modelos macroeconômicos
– A divulgação didática da teoria econômica
matematizada
• Paul Samuelson (1915-2009): Micro neoclássica + macro
keynesiana = nova economia clássica;Teoria do
crescimento econômico com pleno emprego
• “Escola de Chicago”
• George Stigler (1911-1991)
Chicago Boys
• Milton Friedman (1912-2006)
– Monetaristas: “moeda ativa”, Teoria Quantitativa da Moeda
– Liberalismo econômico Influências
– Rejeição à regulamentação dos negócios Década de 1970: ditadura de
– Laissez-faire quase absoluto Pinochet no Chile
– Maior importância da estatística de dados Década de 1980: Margaret
Thatcher na Inglaterra
– Políticas neoliberais, privatizações...
Ronald Regan nos EUA
Críticas a “Escola de Chicago”: Políticas do Banco Mundial
- James Tobin (1918-2002) Consenso de Washington
- “Moeda passiva
- Maior influência dos componentes da demanda na atividade econômica
- Joseph Stiglitz (1943 -)
Recursos naturais
Sistema econômico Dejetos

Despesas
Mercado de bens
e serviços
Bens e serviços
vendidos Bens e serviços
Receita comprados

Famílias
Empresas

Insumos para Renda


produção Terra, trabalho
e capital
Mercado de fatores
de produção
Salários, aluguéis
Fluxo de insumos e produtos
e lucros Fluxo de moeda
Uma divisão didática do estudo da Ciência
Econômica

• Microeconomia: teoria dos preços


– Estuda a formação dos preços nos diversos mercados, a partir da ação
conjunta da demanda e da oferta.

• Macroeconomia: comportamento da economia


– Estuda as condições de equilíbrio estável entre a renda e o dispêndio
nacional. As políticas econômicas de intervenção procuram sempre
estabelecer tal equilíbrio.

• Desenvolvimento Econômico
– Estuda o processo de acumulação dos recursos escassos e da geração de
tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços para a
sociedade.

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