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Quando um corpo está submetido a uma força axial, de tração ou de compressão, ele
apresenta deformação longitudinal e transversal ao mesmo tempo, implicando em uma
alteração no comprimento do eixo central e nas dimensões da seção transversal. Essa
alteração pode ser de aumento ou de diminuição, conforme a força seja de compressão ou
tração. Se a força for de tração a seção transversal diminui, aumentando em caso contrário,
conforme ilustrado na Figura 13-1, letras (a) e (b), respectivamente.
t
t , com t t f ti ,
t
t
Coeficiente de Poisson = , diz-se “ni”.
l
É importante ser observado que o coeficiente de Poisson é uma grandeza adimensional cujo
valor é um número absoluto, sem sinal. Como as deformações transversal e longitudinal
ocorrem em sentidos contrários, ou seja, enquanto o eixo se alonga a seção diminui e
enquanto o eixo se encurta a seção aumenta, há a necessidade de compatibilizar a matemática
com a física do problema por meio da colocação de um sinal negativo na expressão. Disso,
decorre que:
t l t
∴ t l → t ou t , com t .
l l E t
Vi a b c .
V f ( a a )(b b)(c c ) ,
Δa
sendo: Δb as respectivas deformações absolutas (expansões ou contrações).
Δc
É importante observar que o volume final de um sólido comprimido deve ser menor ou igual
ao volume inicial. No caso contrário, ou seja, na ocorrência de um alongamento na direção
longitudinal, promovido por uma força de tração, haverá um aumento de volume do sólido.
O volume é modificado em função dos efeitos simultâneos da deformação longitudinal e
transversal. Embora exista, de fato, a modificação no volume, a simples ocorrência desses
efeitos de forma simultânea indica uma “tentativa” de o corpo manter o volume que possuía
inicialmente, antes de ser carregado. No estudo do cubo apresentado na Figura 13-2 tem-se,
portanto, que:
V f Vi .
Como as deformações absolutas que correspondem às parcelas representadas pela letra grega
são admitidas muito pequenas quando comparada às outras grandezas, é possível desprezar
o produto entre elas. Disso decorre que:
abc abc a b c a b c 0 a b c 0 0 0 0 .
bc a ac b ab c 0 .
Dividindo todas as parcelas por abc, que é o volume inicial do sólido, chega-se a:
bc a ac b ab c
0.
abc abc abc
a b c
0.
a b c
a b c
Enquanto as relações e são as deformações transversais, a relação é a
a b c
deformação longitudinal do sólido. Portanto, tem-se:
t
t t l 0 → 2 t l 0 → t 0,5 l → 0, 5 . Como t → 0,5 .
l l
Esse é o valor limite do coeficiente de Poisson. Poisson achou 0,25 como valor geral para os
materiais que têm as mesmas propriedades elásticas em todas as direções. Para os metais o
coeficiente fica na faixa de 0,25 a 0,35 (usual é ν = 0,3 para o aço, ABNT NBR 16775/2020).
A borracha e a parafina têm ν = 0,5, próximo do limite. O concreto tem ν = 0,2 pela ABNT
(NBR 6118/2014).
A0 Af
100% , onde:
A0
= estricção,
A0 = Área inicial da seção transversal,
Af = Área final da seção transversal,
devendo ser lembrado que A0 > Af no ensaio de tração. É importante observar que a estricção
ocorre na fase plástica de deformação e representa o estrangulamento do corpo de prova
próxima da ruptura.
Exercício 13.1.
A figura dada representa duas barras soldadas na seção BB. A carga de tração que atua na
peça é de 4,5 kN. Desprezando o efeito do peso próprio, pede-se determinar para as seções
(1) e (2):
a) A tensão normal;
b) O alongamento em (1) e (2);
c) A deformação longitudinal unitária;
d) O alongamento total da peça;
e) A deformação transversal;
f) A variação no diâmetro de (1) e (2).
Resolução:
a) Tensões normais:
P1 4,5 103
Seção 1: 1 25, 46 106 Pa → 1 24, 26MPa ,
A1 (15 10 )
3 2
4
P2 4,5 103
Seção 2: 2 9,17 106 Pa → 2 9,17MPa .
A2 (25 10 )
3 2
b) Alongamentos:
c) Deformações unitárias:
l1 73 m
1 → 1 122 ,
l1 0, 6m
l2 39,3 m
2 → 2 43 .
l2 0, 9m
e) Deformações transversais:
f) Diâmetros finais
d1
t → d1 t1 d1 36, 6 106 15mm 5, 49 10 4 mm ,
1
d1
d 2
t → d 2 t2 d 2 12,9 10 6 25mm 3, 22 10 4 mm ,
2
d2
Exercício 13.2,
Uma barra circular com d = 55 mm é comprimida por uma carga inicial de 20.000 kgf.
a) Achar o acréscimo Δd no diâmetro da barra, supondo E = 8.750 kgf/mm² e = 0,30.
b) Calcular o acréscimo de volume da barra sendo o seu comprimento 380 mm.
Dados:
Resolução:
d2 552
A 2375,83mm 2 (Área da seção transversal),
4 4
20000
x 8, 42kgf / mm2 (Tensão normal de compressão),
2375,83
x 8, 42
x 9, 62 104 (Deformação específica),
E 8750
(d d )2 (55 0, 0159) 2
Afinal → A final 2377, 20 mm 2 (Área final),
4 4
Deve ser observado que o volume final da barra é obtido multiplicando-se a seção transversal
final pelo comprimento após a deformação, de forma que:
O volume inicial, por sua vez, é obtido pelo produto da área inicial pelo comprimento inicial:
1) Materiais Dúcteis: Materiais que possa ser submetido a grandes deformações antes de
sofrer sua ruptura.
1 2
E tg .
1 2
Além do limite de proporcionalidade, quando o diagrama se torna curvo, a lei de Hooke não
valerá mais, pois atingiu o limite da região elástica. A partir desse ponto passa-se para a
região plástica de deformação. Com o aumento da carga, as deformações crescem mais
rapidamente do que as tensões, quando uma deformação considerável começa aparecer sem
que haja aumento apreciável da força de tração. Esse fenômeno é conhecido como
escoamento e a tensão que caracteriza o escoamento é dita tensão de escoamento.
Alumínio
No caso do alumínio e muitos outros materiais dúcteis o escoamento não é caracterizado por
um trecho horizontal no diagrama. Ao invés disso, as tensões continuam aumentando,
embora não mais de maneira linear, até que a última tensão ou tensão máxima é alcançada.
Começa a haver então a estricção que pode levar à ruptura.
Para esses materiais se define a tensão de escoamento por um valor convencional, que é
obtida tomando-se, no eixo das abscissas, a deformação específica de 0,2% ( = 0,002) e
por esse ponto, traçando-se uma reta paralela ao trecho linear inicial do diagrama, a tensão
correspondente é a tensão de escoamento. A ruptura, para os materiais dúcteis, se dá através
de um corte inclinado, o que pressupõe que o rompimento foi causado por tensões de
cisalhamento, pois o plano de ruptura forma um ângulo de 45° com a direção da força.
Cabe observar que os aços de construção civil são especificados em função da tensão de
escoamento (fy)
Ductilidade:
LF L0
d 100 (%) , onde: LF = comprimento final; Lo = comprimento inicial.
L0
Estricção:
A0 AF
100 (%) , onde: AF = área final; Ao = área inicial.
A0
A estricção de uma barra de aço para construção civil após ensaio de tração pode ser vista
na Figura 14-5.
Figura 14-5. Estricção de uma barra de aço para CA após ensaio de tração.
Dois gráficos de ensaios de tração realizados com aços com patamar de escoamento definido
e sem patamar de escoamento definido são apresentados a seguir:
2) Material Frágil
Um material frágil não apresenta deformação plástica. O diagrama passa do regime elástico
para o rompimento. Para esses materiais, as deformações apresentadas são pequenas ≤ 2.5%.
Ex.: Concreto, vidro, madeira (na tração), cerâmica, gesso, porcelana, ferro fundido.
Tensão (MPa)
Comportamento
não-linear em
compressão.