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GENERALIZAÇÃO DA LEI DE HOOKE OU CARREGAMENTO

MULTIAXIAL

Até agora foram calculadas tensões em barras sujeitas a carregamento apenas em uma
direção, na direção longitudinal. Isso significa que as outras duas dimensões eram pouco
representativas diante de uma terceira. Por essa razão, foi considerado que: σx ≠ 0 = P/A, mas
σy = 0 e σz = 0, ou seja, as direções transversais ao eixo estavam livres para se deformarem.
Agora, as três dimensões do sólido serão consideradas proporcionais entre si e as forças
podem ser ditas axiais nas três direções.

Considerando elementos extraídos de peças estruturais sujeitos a ação de carregamentos que


atuam nas direções dos três eixos cartesianos, produzindo tensões normais σx, σy e σz, todas
diferentes de zero, tem-se um Estado de Carregamento Multiaxial, conforme indicado na
Figura 15-1. É importante não confundir com um estado geral de carregamento, onde
aparecem tensões de cisalhamento.

Figura 15-1. Cudo solicitado tri-axialmente (vista isométrica).

Às vezes é mais prático observar o problema por duas figuras planas, como se vê em projetos.

Vista frontal. Planta.


Figura 15-2. Vistas bidimensionais.

Se se considera um cubo de arestas unitárias, tem-se que:

l
 →   l  l → l f  l  l → l f  l   l → l f  l (1   ) .
l

Como l  1 → l f  1   .

Indeformado. Deformado.

Figura 15-3. Cudo unitário.


A orientação das deformações é feita através dos eixos coordenados, lembrando que:

Tração (+) Expansão (+)


Tensão ; Deformação
Compressão (-) Contração (-)

Utilizando o método da superposição pode-se escrever as equações que representam a


deformação em cada direção, no elemento prismático unitário. Esse método consiste em
somar os efeitos provocados por cada solicitação na direção observada, sendo preciso
entender que:

» Cada causa é diretamente proporcional ao efeito que produz;


» A deformação causada por qualquer dos carregamentos é pequena e não afeta as
condições de aplicação dos outros carregamentos.

Tome-se a direção x para exame. A deformação na direção x vai ser a soma das deformações
provocadas pelos carregamentos nas direções x, y, z. A primeira de caráter longitudinal e as
outras duas transversais. Daí:

x
Por Px ou σx será:  xx  → Longitudinal.
E
 y
Py ou σy será:  xy  
E Transversais.
 z
Pz ou σz será:  xz  
E

Portanto, pode ser escrito que:

 x  y  z
x    ,
E E E
 y  x  z
y    , (I)
E E E
 z  x  y
z    .
E E E

15.1. DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA

Sendo o corpo de arestas unitárias, após a deformação sua configuração é dada por:

Figura 15-4. Cudo deformado.

Disso decorre que o volume final do sólido será:

V f  (1   x )(1   y )(1   z ) ,
V f  (1   y   x   x y )(1   z ) ,
V f  1   y   x   x  y   z   y  z   x z   x  y  z .

Como as deformações são pequenas, o produto entre elas pode ser desprezado. De forma
que a expressão anterior se reduz a:

Vf  1  x   y   z .

Como o volume anterior do sólido era o de um cubo de arestas unitárias, o volume inicial do
sólido é Vi = 1. Então, subtraindo do volume final o inicial, a variação volumétrica é dada
por:

V  V f  Vi .

Como o sólido inicialmente tinha volume unitário, e representa a variação de volume por
unidade de volume, ou seja:

e  V / Vi  V /1 → e  V .

Essa relação é chamada de dilatação volumétrica específica ou dilatação específica cúbica


do material. Com isso:

e  (1   x   y   z )  1 → e   x   y   z (II)

Substituindo as parcelas de (I), que são:

 x  y  z  y  x  z  z  x  y
x    , y    , z    ,
E E E E E E E E E

em (II), pode-se escrever que:

 x  y  z      
e    y x z z x y ⸫
E E E
  E E
E E
  E
E
x y z

x y z 2 x 2 y 2 z


e      ,
E E E E E E

1 2 1  2
e ( x   y   z )  ( x   y   z ) → e  ( x   y   z ) .
E E E

Exercício 15.1.
Há um exercício que foi resolvido por meio da deformação longitudinal e as deformações
transversais para calcular o volume final, em que ΔV≌347,85 mm³. Agora, pode-se fazer:
 
1  2  0,30 20000 

e  2 
 3,85 104 ⸫
8750    35 
 
 4 

V  Vi  e  2375,83  (3,85 104 ) → V  347, 43mm3 .

Exercício 15.2.
Considere a barra solicitada uniaxialmente por uma força P compressiva:

Figura 15-5. Exercício 15.2.

 y   z  0 → Não há tensões nas direções y e z, pois não há restrições à expansão do


sólido nessas direções. Portanto, y e z são diferentes de zero, pois o sólido pode se expandir
lateralmente, sem restrições. Com isso, o problema fica descrito da seguinte forma:

x
x  0 → x  ,
E
 x
y  0 → y   ,
E
 x
z  0 → z   .
E

Exercício 15.3.
Três primas de mesmo material (E = 300.000 kgf/cm²; ν = 0,2) com iguais alturas e seções
transversais estão sujeitas a cargas axiais conforme se indica nas figuras ABC. Determine o
valor da carga P que produz um encurtamento de 0,5 mm na aresta vertical do prisma.
Figura 15-6. Exercício 15.3.

Situação A:

y  ? → y  0 ,
z  ? → z  0 ,
l 0,5
x   (imposição do problema) →  x  0 .
l 1000
x 0,5
x  →  x  xE    300000 →  x  150kgf / cm² .
E 1000

Logo,  PA   x A → PA  150  (6 10) → PA  9000kgf .

Podem ser calculadas, ainda:

 x
0, 2  (150)
 y  z    →  y   z  0, 0001 ; ou ainda:
E 300000
t  0, 5 
  →  t   x →  t  0, 2     →  t  0, 0001 . Portanto, as variações são:
x  1000 
l y   y l y  0, 0001  6 → l y  0, 0006cm .
lz   z lz  0,0001 10 → lz  0, 001cm .

Situação B:

0,5
x   (imposição do problema) → x  0,
1000
y  0 (peça confinada na direção y) → y  0,
z  0 (peça livre na direção z) → z  0.

Com isso, monta-se o sistema de duas equações a duas incógnitas:

 x  y  z 0,5  x  0, 2
x    →   y
→  x  0, 2 y  150 (1),
E E E 1000 300000
 y  x  z   0, 2 x
y    → 0 y →  y  0, 2 x (2),
E E E 300000

Portanto, levando (2) em (1), tem-se:


 x  0, 2  0, 2 x  150 →  x  0, 4 x  150 ,
0,96 x  150 →  x  156, 25kgf / cm 2 .
PB
Logo: 156, 25   → PB  156, 25  (6 10) → PB  9375kgf .
A

E, ainda, pode-se fazer:

 y  0, 2 x →  y  0, 2  ( 156, 25) →  y  31, 25kgf / cm 2 ,


 0, 2
lz   z lz →  z   ( x   z )   (156, 25  31, 25) ,
E 300000
 z  1, 25  104 ∴ lz  1, 25 104  6 → lz  7,5 104 cm .

Situação C:

0,5
x   (imposição do problema) → x  0,
1000
y  0 (peça confinada na direção y) →  y  0 ,
z  0 (peça confinada na direção z) →  z  0 .

Com isso o sistema de três equações a três incógnitas fica:

0,5  x  0, 2 y  0, 2 z
  →  x  0, 2 y  0, 2 z  150 , (1),
1000 300000
  0, 2 x  0, 2 z
0 y →  y  0, 2 x  0, 2 z  0 , (2),
300000
 z  0, 2 x  0, 2 y
0 →  z  0, 2 x  0, 2 y  0 (3).
300000

De (2) extrai-se:  y  0, 2 x  0, 2 z .
De (3) tem-se que:  z  0, 2 x  0, 2 y , que sendo levada a (2) encontra-se:
 y  0, 2 x  0, 2  (0, 2 x  0, 2 z ) →  y  0, 2 x  0, 04 x  0, 04 z → 0,96 y  0, 24 x
→  y  0, 25 x (4).

Substituindo (4) em (1) conduz a:

 x  0, 2  (0, 25 x )  0, 2  [0, 2 x  0, 2  (0, 25)   x ]  150 ,


 x  0, 05 x  0, 04 x  0, 01 x  150 → 0,9 x  150 →  x  166, 67kgf / cm² ∴
 PC   x A  166, 67  (6 10) → PC  10000kgf .

E, ainda, pode-se conhecer as demais componentes de tensões com:

 y  0, 25 x  0, 25  ( 166, 67)


 y  0, 25 x  0, 25  ( 166, 67) →  y  41, 67kgf / cm 2 ,
 z  0, 2  ( x   y )  0, 2  (166, 67  41, 67) →  z  41, 67 kgf / cm 2 .

Poder-se-ia, adicionalmente, calcular a variação de volume apresentada pelo corpo para as 3


situações.

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