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Equações Diferenciais C

Aula 13: Equação do potencial

Ronaldo B. Assunção
B.H. 17 de outubro de 2022

UFMG/ICEx/DMat
Sumário

1. Equação do potencial (equação de Laplace)

1
Sumário

Equação do potencial (equação de Laplace)

2
Exemplo i

Exemplo
Resolver o problema de valor de fronteira

∂2 u(x , y ) ∂2 u(x , y ) 0 < x < a,


EDP + = 0,
∂x 2 ∂y 2 0 < y < b;
¯
∂u(x , y ) ¯¯
CF = 0,
∂x ¯
¯
0 É y É b,
x =0
¯
∂u(x , y ) ¯¯
CF = 0, 0 É y É b;
∂x ¯
¯
x =a
CF u(x , 0) = f (x), 0 É x É a;
CF u(x , b) = 0, 0 É x É a.

3
Exemplo ii

Esse problema de valor de fronteira modela a temperatura de estado


estacionário de uma placa retangular com dimensões a × b, com arestas
dispostas paralelamente aos eixos coordenados e com um vértice na
origem, feita de material homogêneo, perfeitamente isolada em suas faces
superior e inferior, com a lateral ao longo do eixo das abscissas mantida a
uma determinada temperatura, u(x , 0) = f (x); a outra lateral paralela ao
eixo das abscissas mantida à temperatura nula, u(x , b) = 0; e com as duas
laterais paralelas ao eixo das ordenadas totalmente isoladas termicamente,
isto é, com fluxo térmico igual a zero, ux (0, y ) = 0 e ux (a, y ) = 0.

A função incógnita u(x , y ) representa a temperatura no ponto de


coordenadas (x , y ) após um tempo muito longo, no qual a temperatura
da placa não mais varia em relação ao tempo, denominada temperatura
de estado estacionário.

4
Exemplo iii

Usamos o método de separação de variáveis para resolver esse problema,


em que a equação diferencial é denominada equação do potencial ou
equação de Laplace.

A justificativa para o modelo matemático do problema é a seguinte.


Denotamos por u(x , y , t) a temperatura no ponto (x , y ) da placa
retangular no instante t.

A equação da difusão térmica bidimensional que modela o fenômeno é


à !
∂u(x , y , t) ∂2 u(x , y , t) ∂2 u(x , y , t)
− α2 + = 0.
∂t ∂x 2 ∂y 2

5
Exemplo iv

Devido às condições adicionais associadas ao problema, após um


intervalo de tempo suficientemente longo a temperatura não mais varia
com a passagem do tempo. Logo,

∂u(x , y , t) ∂2 u(x , y , t) ∂2 u(x , y , t)


=0 ⇒ + = 0.
∂t ∂x 2 ∂y 2

Como u(x , y , t) não mais depende da variável temporal t, escrevemos


simplesmente u(x , y , t) = u(x , y ) e a equação do potencial é, portanto,

∂2 u(x , y ) ∂2 u(x , y )
+ = 0.
∂x 2 ∂y 2

6
Exemplo v

Observamos também que, como procuramos a temperatura de estado


estacionário, este problema não tem condições iniciais associadas já que
estas são irrelevantes; o problema é, portanto, um problema de valor de
fronteira.

No lugar de tentar determinar a solução geral da EDP, procuramos a


solução não trivial da equação do potencial que seja a mais simples
dentre todas as soluções da equação, sem maiores considerações a
respeito das condições de fronteira.

7
Exemplo vi

Uma possibilidade é a forma especial

u(x , y ) = X (x)Y (y ).

As derivadas parciais, ambas de segunda ordem em relação às variáveis


espaciais x e y são

ux (x , y ) = X ′ (x)Y (y ); uy (x , y ) = X (x)Y ′ (y );
uxx (x , y ) = X ′′ (x)Y (y ); uyy (x , y ) = X (x)Y ′′ (y ).

A substituição dessas derivadas na equação diferencial parcial resulta em

X ′′ (x)Y (y ) + X (x)Y ′′ (y ) = 0
∴ X ′′ (x)Y (y ) = −X (x)Y ′′ (y )
X ′′ (x) Y ′′ (y )
∴ =− .
X (x) Y (y )
8
Exemplo vii

Inicialmente essa equação parece complicada mas o lado esquerdo


X ′′ (x)/X (x) depende apenas da variável espacial x e o lado direito
Y ′′ (y )/Y (y ) depende apenas da variável espacial y . Essa equação
somente pode ser verificada se ambos os termos X ′′ (x)/X (x) e
Y ′′ (y )/Y (y ) forem constantes.

9
Exemplo viii

De fato, se calculamos a derivada parcial ∂/∂x de ambos os lados da


equação deduzimos que

∂ X ′′ (x) ∂ Y ′′ (y )
µ ¶ µ ¶
= − = 0;
∂x X (x) ∂x Y (y )

logo, X ′′ (x)/X (x) é constante. Analogamente, se calculamos a derivada


parcial ∂/∂y de ambos os lados da equação deduzimos que

∂ Y ′′ (y ) ∂ X ′′ (x)
µ ¶ µ ¶
− = = 0;
∂t Y (y ) ∂t X (x)

logo, Y ′′ (y )/Y (y ) é constante.

10
Exemplo ix

Sem perda de generalidade, denotamos a constante por σ, denominada


constante de separação, e escrevemos

EDO X ′′ (x) − σX (x) = 0,


EDO Y ′′ (y ) + σY (y )= 0.

Como consequência da escolha inicial para o formato mais simples da


solução, na forma u(x , y ) = X (x)Y (y ), obtemos a separação das variáveis
da equação diferencial parcial, que se transforma em duas equações
diferenciais ordinárias. Isso justifica o nome do método de resolução
adotado.

11
Exemplo x

Até essa etapa do problema não consideramos as condições de fronteira e


vamos ver suas consequências quanto à separação de variáveis.

Como ux (0, y ) = X ′ (0)Y (y ) = 0 para todo número real 0 É y É b, devemos


ter X ′ (0) = 0, pois em caso contrário, devemos ter Y (y ) = 0 para todo
número real 0 É y É b, o que conduz à solução trivial
u(x , y ) = X (x)Y (y ) ≡ 0, que resolve equação diferencial parcial e as
demais condições homogêneas de fronteira mas possivelmente não resolve
a condição não homogênea de fronteira u(x , 0) = f (x).

Analogamente, como ux (a, y ) = X ′ (a)Y (y ) = 0 para todo número real


0 É y É b, devemos ter X ′ (a) = 0, pois em caso contrário, devemos ter
Y (y ) = 0 para todo número real 0 É y É b, o que conduz à solução trivial
u(x , y ) = X (x)Y (y ) ≡ 0, que resolve equação diferencial parcial e as

12
Exemplo xi

demais condições homogêneas de fronteira mas possivelmente não resolve


a condição não homogênea de fronteira u(x , 0) = f (x).

13
Exemplo xii

Prosseguimos com a análise das consequências das condições de fronteira.

Como u(x , 0) = X (x)Y (0) = f (x) para todo número real 0 É x É a,


devemos ter Y (0) ̸= 0, pois em caso contrário devemos ter
u(x , 0) = 0 = f (x) para todo número real 0 É x É a, que resolve equação
diferencial parcial e as demais condições homogêneas de fronteira mas
possivelmente não resolve a condição não homogênea de fronteira
u(x , 0) = f (x).

Analogamente, como u(x , b) = X (x)Y (b) = 0 para todo número real


0 É x É a, devemos ter Y (b) = 0, pois em caso contrário, devemos ter
X (x) = 0 para todo número real 0 É x É a, o que conduz à solução trivial
u(x , y ) = X (x)Y (y ) ≡ 0, que resolve equação diferencial parcial e as
demais condições homogêneas de fronteira mas possivelmente não resolve
a condição não homogênea de fronteira u(x , 0) = f (x).
14
Exemplo xiii

Portanto, associado à equação diferencial ordinária na variável espacial x


devemos ter duas condições de fronteira; e associado à equação
diferencial ordinária na variável espacial y devemos ter uma condição de
fronteira juntamente com uma desigualdade,

PVF X ′′ (x) − σX (x) = 0; X ′ (0) = 0; X ′ (a) = 0;


PVF Y ′′ (y ) + σY (y ) = 0; Y (0) ̸= 0; Y (b) = 0.

A seguir, resolvemos em primeiro lugar a equação diferencial ordinária na


variável x juntamente com suas condições de fronteira; em seguida,
resolvemos a equação diferencial ordinária na variável y com sua
condição de fronteira juntamente com a desigualdade.

15
Exemplo xiv

Para a equação diferencial ordinária na variável espacial x há três casos


essencialmente distintos que devem ser considerados separadamente de
acordo com o sinal da constante de separação σ.

16
Exemplo xv
Caso 1: A constante de separação é positiva.
Nesse caso escrevemos σ = +λ2 e o problema de valor de fronteira na
variável espacial x escreve-se como

X ′′ (x) − λ2 X (x) = 0; X ′ (0) = 0; X ′ (a) = 0.

Como é usual, procuramos soluções linearmente independentes na forma


de função exponencial. O polinômio característico é

p(r ) = r 2 − λ2

cujas raízes são reais e distintas, r1 = +λ e r2 = −λ. As correspondentes


soluções são X1 (t) = exp(+λx) e X2 (t) = exp(−λx); a solução geral da
equação diferencial ordinária é

X (x) = AX1 (x) + BX2 (x) = Aexp(+λx) + B exp(−λx).


17
Exemplo xvi

Antes de usar as condições de fronteira avaliamos a derivada da função


X (x),

X ′ (x) = +Aλ exp(+λx) − B λ exp(−λx).

Em seguida, substituímos os valores X ′ (0) = 0 e X ′ (a) = 0, isto é,

X ′ (0) = +Aλ exp(+λ · 0) − B λ exp(−λ · 0) = 0


X ′ (a) = +Aλ exp(+λ · a) − B λ exp(−λ · a) = 0,

ou, mais simplesmente,


λA − λB = 0 A=0
½ ½
⇒ (1)
+λa −λa
λe A − λe B =0 B =0
ou seja, no caso em que a constante de separação é positiva a única
solução do problema de valor de fronteira associado à variável espacial x
18
Exemplo xvii

é X (x) ≡ 0 e isso implica que u(x , t) = X (x)Y (y ) ≡ 0 é a solução trivial,


que não nos interessa já que, embora seja solução da equação diferencial
parcial do potencial e das três condições homogêneas de fronteira,
possivelmente não resolve a condição não homogênea de fronteira
u(x , 0) = f (x).

19
Exemplo xviii
Caso 2: A constante de separação é nula.
Nesse caso σ = 0 e o problema de valor de fronteira na variável espacial
x escreve-se como

X ′′ (x) − 0X (x) = 0; X ′ (0) = 0; X ′ (a) = 0.

Como é usual, procuramos soluções linearmente independentes na forma


de função exponencial. O polinômio característico é

p(r ) = r 2

cujas raízes são reais e repetidas, r1 = 0 e r2 = 0. As correspondentes


soluções são X1 (t) = exp(0 · x) = 1 e X2 (t) = x exp(0 · x) = x; a solução
geral da equação diferencial ordinária é

X (x) = AX1 (x) + BX2 (x) = A + Bx .

20
Exemplo xix

Antes de usar as condições de fronteira avaliamos a derivada da função


X (x),

X ′ (x) = B .

Em seguida, substituímos os valores X ′ (0) = 0 e X ′ (a) = 0, isto é,

X ′ (0) = B = 0
X ′ (a) = B = 0,

ou, mais simplesmente,


0A + 1B = 0 A∈R
½ ½
⇒ (2)
0A + 1B = 0 B =0

21
Exemplo xx

ou seja, no caso em que a constante de separação é nula temos o


autovalor nulo λ0 = 0 e as soluções do problema de valor de fronteira
associado à variável espacial x são denotadas por

X0 (x) = A0

em que A0 ∈ R é uma constante arbitrária.

22
Exemplo xxi

Agora podemos resolver a equação diferencial ordinária na variável


espacial y para o autovalor nulo λ0 = 0 obtido previamente. Nesse caso, a
equação torna-se

Y0′′ (y ) = 0

cuja solução é

Y0 (y ) = C0 + D0 y

em que C0 , D0 ∈ R são constantes arbitrárias. A ligeira mudança de


notação tem o propósito de identificar o autovalor associado a esse caso.
Agora notamos que a condição de fronteira Y (b) = C0 + D0 b = 0 implica
que D0 = −C0 /b e, juntamente com a desigualdade
Y (0) = C0 + D0 · 0 = C0 ̸= 0, obtemos a solução
C0
Y0 (y ) = C0 − y.
b
23
Exemplo xxii

Podemos agora multiplicar X0 (x) por Y0 (y ) para obter

u0 (x , y ) = X0 (x)Y0 (y )
C0
µ ¶
= A0 C0 − y
b
a0 a0 y
= −
2 2 b
a0 (b − y )
=
2 b
em que a0 /2 = A0 C0 é uma constante arbitrária, já designada conforma a
notação adotada para as séries de Fourier.

24
Exemplo xxiii
Caso 3: A constante de separação é negativa.
Nesse caso escrevemos σ = −λ2 e o problema de valor de fronteira na
variável espacial x escreve-se como

X ′′ (x) + λ2 X (x) = 0; X ′ (0) = 0; X ′ (a) = 0.

Como é usual, procuramos soluções linearmente independentes na forma


de função exponencial. O polinômio característico é

p(r ) = r 2 + λ2

cujas raízes são complexas conjugadas com a parte real nula, r1 = 0 + λi e


r2 = 0 − λi. As correspondentes soluções são
X1 (t) = exp(0 · x)cos(λx) = cos(λx) e

25
Exemplo xxiv

X2 (t) = exp(0 · x)sen(λx) = sen(λx); a solução geral da equação


diferencial ordinária é

X (x) = AX1 (x) + BX2 (x) = Acos(λx) + B sen(λx).

Antes de usar as condições de fronteira avaliamos a derivada da função


X (x),

X ′ (x) = −Aλ sen(λx) + B λ cos(λx).

Em seguida, substituímos os valores X ′ (0) = 0 e X ′ (a) = 0, isto é,

X ′ (0) = −Aλ sen(λ · 0) + B λ cos(λ · 0) = 0


X ′ (a) = −Aλ sen(λ · a) + B λ cos(λ · a) = 0,

26
Exemplo xxv

ou, mais simplesmente,

λB = 0
(
0A +
⇒ {B = 0 (3)
−λ sen(λa)A + λ cos(λa)B = 0

e selecionamos A ̸= 0 pois, em caso contrário, obteríamos novamente


apenas a solução trivial X (0) ≡ 0 e, consequentemente, apenas a solução
trivial para a equação da onda, u(x , y ) = X (x)Y (y ) ≡ 0. Dessa forma,
devemos ter

sen(λa) = 0 ⇒ λ= (n ∈ Z).
a
As correspondentes soluções são da forma
³ nπ ´
Xn (x) = An cos x (n ∈ Z).
a

27
Exemplo xxvi

Como cos((−nπ/a)x) = cos((nπ/a)x), sem perda de generalidade


podemos considerar apenas os valores de n ∈ N. Dessa forma,
selecionamos os autovalores λn = nπ/a e as correspondentes autofunções
Xn (x) = An cos((nπ/a)x) em que An ∈ R são constantes reais arbitrárias
para n ∈ N, isto é,
nπ ³ nπ ´
autovalores: λn = (n ∈ N); autofunções: Xn (x) = An cos x .
a a

28
Exemplo xxvii

Agora podemos resolver a equação diferencial ordinária na variável


espacial y para os correspondentes autovalores obtidos previamente.
Como os únicos valores que conduziram a soluções não triviais são
σn = −λ2n = −(nπ/a)2 , a equação torna-se

n 2 π2
Yn′′ (y ) − Yn (y ) = 0 (n ∈ N).
a2
Nesse caso, o polinômio característico é

n 2 π2
p(r ) = r 2 −
a2
cujas raízes são reais e distintas, r1 = +λn = +(nπ/a) e
r2 = −λn = −(nπ/a). As correspondentes soluções são

29
Exemplo xxviii

(Yn )1 (y ) = exp(+(nπ/a)y ) e (Yn )2 (t) = exp(−(nπ/a)y ); A solução geral


da equação diferencial ordinária é
³ nπ ´ ³ nπ ´
Yn (y ) = C n exp + y + D n exp − y (n ∈ N)
a a

em que C n , D n ∈ R são constantes reais arbitrárias para n ∈ N.


No caso da equação do potencial, para simplificar a notação é comum a
utilização das funções hiperbólicas para expressar a solução acima. O
procedimento é similar àquele utilizado para as funções seno e cosseno no
caso de raízes complexas conjugadas do polinômio característico. Se
selecionamos C n = 1/2 e D n = 1/2 obtemos a solução

1³ ³ nπ ´ ³ nπ ´´
(Y1 )n (y ) = exp + y + exp − y
2 ³ a a
nπ ´
= cosh + y ;
a

30
Exemplo xxix

analogamente, se selecionamos C n = 1/2 e D n = −1/2 obtemos uma


solução
1³ ³ nπ ´ ³ nπ ´´
(Y2 )n (y ) = exp + y − exp − y
2 ³ a a
nπ ´
= senh + y .
a

31
Exemplo xxx

Com essas duas novas soluções linearmente independentes escrevemos a


solução geral na forma
³ nπ ´ ³ nπ ´
Yn (y ) = Cn cosh + y + Dn senh + y
a a
em que Cn , Dn ∈ R são constantes arbitrárias para n ∈ N.
Com a condição de fronteira Y (b) = 0 e a condição Y (0) ̸= 0, isto é,
³ nπ ´ ³ nπ ´
Y (0) = Cn cosh 0 + Dn senh 0 ̸=0
a
³ nπ ´
a
³ nπ ´
Y (b) = Cn cosh b + Dn senh b = 0,
a a
ou, mais simplesmente,
1Cn + 0Dn ̸= 0 Cn ̸= 0
( (
³ nπ ´ ³ nπ ´ ³ nπ ´ ³ nπ ´

Cn cosh b + Dn senh b =0 Cn cosh b + Dn senh b
a a a a
(4)
32
Exemplo xxxi

Com isso,
n πb
µ ¶
cosh
a
Dn = −Cn ³ nπ ´
senh b
a
e podemos escrever
n πb
µ ¶
³ nπ ´ cosh ³ nπ ´
a
Yn (y ) = Cn cosh + y − Cn ¶ senh y .
n πb
µ
a a
senh
a
Se denotamos
Cn
En =
n πb
µ ¶
senh
a

33
Exemplo xxxii

então a solução pode ser reescrita como


³ nπ ´ ³ nπ ´ ³ nπ ´ ³ nπ ´
Yn (y ) = En senh b cosh + y − En cosh b senh + y
a
³ nπ ´
a a a
= En senh (y − b)
a
em que En ∈ R é uma constante arbitrária para cada n ∈ N.

34
Exemplo xxxiii

Podemos agora multiplicar Xn (x) por Yn (y ) para obter

un (x , t) = Xn (x)Yn (y )
³ ³ nπ ´´ ³ ³ nπ ´´
= An cos x En senh (y − b)
a
³ nπ ´ ³ nπ
a ´
= an cos x senh (y − b)
a a
em que an = An En são constantes arbitrárias para n ∈ N.
A solução formal do problema de valor de fronteira é a combinação linear
das infinitas soluções obtidas,
+∞
X +∞
X
u(x , y ) = un (x , y ) = u0 (x , y ) + un (x , y )
n=0 n=1
a0 (b − y ) +∞
X ³ nπ ´ ³ nπ ´
= + an cos x senh (y − b) .
2 b n=1 a a

35
Exemplo xxxiv

Finalmente, podemos agora considerar a condição de fronteira


u(x , 0) = f (x). Se usamos o valor y = 0 obtemos, para n ∈ N,

f (x) = u(x , 0)
a0 +∞
X ³ nπ ´ ³ nπ ´
= + an cos x senh (0 − b)
2 n=1 a a
a0 +∞
X ³ nπ ´ ³ nπ ´
= − an cos x senh b .
2 n=1 a a

As escolhas dos coeficientes é feita de modo que


2 +a
Z
a0 = f (x) dx
a 0
1 2 +a
Z ³ nπ ´
an = − f (x)cos x dx (n ∈ N)
n πb a 0
µ ¶
a
senh
a

36
Exemplo xxxv

em que deixamos implícito que fizemos a extensão da função f : [0, a] → R


à reta real como função par e 2a-periódica.

37
Exemplo i

Teorema
Seja f : [0, +a] → R uma função contínua. Consideremos o problema de
valor de fronteira que envolve a equação do potencial com condições de
fronteira do tipo de Dirichlet e de Neumann

∂2 u(x , y ) ∂2 u(x , y ) 0 < x < a,


EDP + = 0,
∂x 2 ∂y 2 0 < y < b;
¯
∂u(x , y ) ¯¯
CF = 0,
∂x ¯
¯
0 É y É b,
x =0
¯
∂u(x , y ) ¯¯
CF = 0, 0 É y É b;
∂x ¯
¯
x =a
CF u(x , 0) = f (x), 0 É x É a;
CF u(x , b) = 0, 0 É x É a.

38
Exemplo ii
Teorema (continuação)
Então a solução do problema é dada por

a0 (b − y ) +∞
X ³ nπ ´ ³ nπ ´
u(x , y ) = + an cos x senh (y − b) .
2 b n=1 a a

em que os coeficientes an ∈ R para n ∈ N são dados explicitamente por


2 +a
Z
a0 = f (x) dx
a 0
1 2 +a
Z ³ nπ ´
an = − f (x)cos x dx (n ∈ N).
n πb a 0
µ ¶
a
senh
a

39
Exemplo i

Exemplo
Resolver o problema de valor de fronteira

∂2 u(x , y ) ∂2 u(x , y ) 0 < x < a,


EDP + = 0,
∂x 2 ∂y 2 0 < y < b;
¯
∂u(x , y ) ¯¯
CF = 0,
∂x ¯
¯
0 É y É b,
x =0
¯
∂u(x , y ) ¯¯
CF = 0, 0 É y É b;
∂x ¯
¯
x =a

µ ¶
CF u(x , 0) = cos x , 0 É x É a;
a
CF u(x , b) = 0, 0 É x É a.

40
Exemplo ii

Solução. A solução formal do problema é

a0 (b − y ) +∞
X ³ nπ ´ ³ nπ ´
u(x , y ) = + an cos x senh (y − b) .
2 b n=1 a a

em que os coeficientes an ∈ R para n ∈ N são dados explicitamente por


2 +a
Z
a0 = f (x) dx
a 0
1 2 +a
Z ³ nπ ´
an = − f (x)cos x dx (n ∈ N)
n πb a 0
µ ¶
a
senh
a

µ ¶
e f (x) = u(x , 0) = cos x .
a
Os coeficientes são

a0 = 0; u0 (x , y ) = 0;
41
Exemplo iii

a1 = 0; u1 (x , y ) = 0;
1 1 2π 2π
µ ¶ µ ¶
a2 = − ¶; u2 (x , y ) = − ¶ senh (y − b) cos x ;
2πb 2πb
µ µ
a a
senh senh
a a
an = 0; (n Ê 3) un (x , y ) = 0 (n Ê 3).

42
Exemplo iv

Logo, a solução do problema é

u(x , y ) = u2 (x , y )
1 2π 2π
µ ¶ µ ¶
=− ¶ senh (y − b) cos x
2πb
µ
a a
senh
a

A figura a seguir apresenta o gráfico da temperatura de estado


estacionário incluindo as curvas de nível (isotermas) para o problema com
condições mistas de fronteira com a = π = b e f (x) = u(x , 0) = cos(2πx/a).

43
Exemplo v

44

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