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Cálculo 3 Um Resumo

Equações Diferenciais Ordinárias


Nomenclatura Relativa às Equações Diferenciais
Nesta seção apresentamos uma pequena introdução e a nomenclatura relativa às chamadas equações dife-
renciais. Trata-se de uma introdução de cunho geral, para que possamos dimensionar o universo dessas
equações. Mais adiante vamos nos restringir às equações de 1a . ordem.

Comecemos com a definição de equação diferencial.

Uma Equação Diferencial é uma equação envolvendo uma função, suas derivadas e suas variáveis inde-
pendentes.
Pelo menos uma das derivadas deve estar presente na equação.

Exemplo (1) y′ = 3y2 sen (t + y), sendo y = y (t).


Observação: y = y (t) significa que y é uma função de t, ou seja, y depende de t. Assim, t é variável
independente e y é variável dependente.

Exemplo (2) y′′′ = e−y + t + y′′ , sendo y = y (t).

Exemplo (3) y′′ = ax + bx + c, sendo a, b e c constantes reais e y = y (x).

Exemplo (4) y′′ = a, sendo a constante real e y = y (x).

Exemplo (5) 1
t (ty′ )′ = 0, sendo y = y (t).

Exemplo (6) yuu + yv + ey = uv, sendo y = y (u, v).


Observação: Note que aqui y depende de duas variáveis, que são u e v. A notação yv significa que estamos
derivando a função y em relação à variável v, enquanto que yuu significa que estamos derivando y em relação
à variável u duas vezes. As funções de várias variáveis, suas derivadas (chamadas de derivadas parciais) e
suas integrais (chamadas de integrais múltiplas) são estudadas à parte.

Observações.

(i) É comum utilizar a notação fracional para derivadas em equações diferenciais, ou seja, y′ = dy
dx (notação
2
d y ∂y 2
∂ y
de Leibniz), sendo y = y (x). Analogamente, y′′ = , yv = , yuu = , etc (essas duas últimas
dx2 ∂v ∂u2
são notações de Leibniz para derivadas parciais). Por exemplo, a equação diferencial (1) ficaria dy dt =
2
∂ y ∂y
3y2 sen (t + y), enquanto que a (6) ficaria + + ey = uv.
∂u2 ∂v
(ii) Resolver (ou integrar) uma equação diferencial significa encontrar uma função que a satisfaça. A função
solução pode não ser única. Por exemplo, y = y (x) = k sen (x), sendo k constante real, é solução da equação
diferencial y′′ + y = 0. Observemos que para cada k, uma solução!

(iii) Lembremos que “encontrar” uma solução para uma equação diferencial pode ser de forma implı́cita,
por meio de uma equação envolvendo a função e suas variáveis. Por exemplo, uma solução y = y (x) para
y 
y′ = y é dada implicitamente por xy2 − y2 − 2y + 2 ey = 0. Observemos que não dá para isolar a
ye − 2x
função y na nesta equação.

(iv) Uma equação diferencial cuja função depende apenas de uma variável é chamada de Equação Diferencial
Ordinária (EDO). Dos exemplos acima, apenas (6) não é EDO.

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(v) Uma equação diferencial cuja função depende de mais do que uma variável é chamada de Equação
Diferencial Parcial (EDP). O exemplo (6) acima é uma EDP.

A ordem de uma equação diferencial é a maior ordem de derivada que aparece na equação.

Nos exemplos acima, (1) possui ordem 1; (3), (4), (5) e (6) são de ordem 2; e (2) possui ordem 3.

Uma EDO de ordem n pode ser escrita genericamente como E x, y, y′ , . . . , y(n) = 0, sendo y = y (x). No
exemplo (1) acima, E (t, y, y′ ) = y′ − 3y2 sen (t + y).

A solução de uma EDO pode não ser única. Elas são classificadas do seguinte modo:
- Solução geral: é um conjunto de soluções padrão para a EDO considerada.
- Solução particular: é uma única solução, obtida da solução geral, satisfazendo algumas condições pré-
fixadas, chamadas de condições iniciais.
- Solução singular: é uma solução da EDO que não provém da solução geral.

Equações Diferenciais Ordinárias de 1a . Ordem


Uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) de 1a . Ordem é uma equação E (x, y, y′ ) = 0 envolvendo:
- uma função derivável y = y (x) de uma variável real;
- a derivada primeira y′ = y′ (x) da função y;
- a variável independente x da função y;
sendo que a derivada y′ deve estar presente na equação.

Uma EDO de 1a . ordem E (x, y, y′ ) = 0, sendo y = y (x), sujeita à condição y (x0 ) = y0 , com x0 e y0 dados,
é chamada de Problema de Valor Inicial (PVI). A condição y (x0 ) = y0 também é chamada de condição
inicial.

Exemplos.
√ √
(1) 2 xyy′ = 1, sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) = 2 xyy′ − 1.
y′ √ 2 y′ √ 2
= yex + 2 yex , sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) =
2 2
(2) x x − yex − 2 yex .

(3) y′ = ky, sendo y = y (x) e k constante real. Neste caso, E (x, y, y′ ) = y′ − ky.
2  2 
(4) y′ = y 3 cos t2 + y , sendo y = y (t). Neste caso, E (t, y, y′ ) = y′ − y 3 cos t2 + y .

(5) y′ + P (x) y = Q (x), sendo P = P (x) e Q = Q (x) funções dadas e y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) =
y′ + P (x) y − Q (x).
′ ′
(6) ey + 2y′ + x2 y = 0, sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) = ey + 2y′ + x2 y.

Exercı́cio (1) Verifique que y = y (x) = e2x é solução (particular) da EDO y′ − y = e2x .

Exercı́cio (2) Verifique que y = y (x) = xc +2, sendo c constante real é solução (geral) da EDO y′ = 1
x (2 − y).

Exercı́cio (3) Verifique que y = y (x) = (x + 1) − 31 ex é solução (particular) da EDO y′ = y − x sujeita à


condição inicial y (0) = 23 .

Exercı́cio (4) Verifique que y = y (x) = e2x + aex , sendo a constante real é solução (particular) da EDO
y′ + y = 3e2x + 2aex .

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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES


Consideremos a EDO linear
y′ + P (x) y = Q (x)
Esta equação pode ser facilmente resolvida desde que P seja integrável:
Seja ∫
v (x) = e P(x)dx ,
chamado de fator integrante.
Multiplique a equação por v (x) :
v (x) y′ + P (x) v (x) y = v (x) Q (x)
Veja que isso implica que
d
[v(x)y] = v (x) Q (x)
dx
Integre ambos os lados com relação a x :
∫ 
1
y= v (x) Q (x) dx + c
v (x)

Exemplo (1) Resolver a EDO xy′ = x2 + 3y, x > 0.

Exemplo (2) Resolva a EDO xdy = (5y + x + 1) dx



Exemplo (3) Resolva a EDO x2 dy + y − 2xy − 2x2 dx = 0
dy 2
Exemplo (4) Resolva a EDO + y=x
dx x

EQUAÇÃO DE BERNOULLI
A equação diferencial
dy
+ P (x) y = f (x) yn ((1))
dx
em que n é um número real qualquer, é chamada equação de Bernoulli. Para n = 0 e n = 1, essa é uma
equação linear em y. Agora, se y ̸= 0, essa equação pode ser escrita como
dy
y−n + P (x) y1−n = f (x) . ((2))
dx
Se fizermos w = y1−n , n ̸= 0, n ̸= 1, então
dw dy
= (1 − n) y−n .
dx dx
Com essa substituição, (2) transforma-se na equação linear
dw
+ (1 − n) P (x) w = (1 − n) f (x) .
dx
Resolvendo essa última equação e depois fazendo yn−1 = w, obtemos uma solução para (1) .
dy 1
Exemplo (1) Resolva a EDO + y = xy2
dx x
dy 
Exemplo (2) Resolva a EDO = y xy3 − 1
dx
dy
Exemplo (3) Resolva a EDO x − (1 + x) y = xy2
dx

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EQUAÇÕES DIFERENCIAIS SEPARÁVEIS

Uma equação diferencial da forma


dy
= g (x) h (y)
dx
é chamada de separável.
A solução geral desse tipo de EDO é dada por
∫ ∫
1
g (x) dx − dy = c
h (y)
onde c é a constante de integração.

Exemplo (1) Resolver a EDO y′ + 2xy = 0.

Exemplo (2) Resolver a EDO y′ = (1 + y) ex , sendo y = y (x) > −1.

dy
Exemplo (3) Resolva a EDO = 5x + 4
dx
 dy
Exemplo (4) Resolva a EDO 3 − 2x2 + 4xy = 0.
dx
Exemplo (5) Resolva o problema de valor inicial −yy′ + ex = 0, sendo y = y (x), com y (0) = 0.

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS HOMOGÊNEAS


Uma função f é dita homogênea de grau n se satisfaz

f (tx, ty) = tn f (x, y)

para algum número real n.

Exemplo (1) f (x, y) = x2 − 3xy + 5y2


p
Exemplo (2) f (x, y) = 3 x2 + y2

Exemplo (3) f (x, y) = x3 + y3 + 1


x
Exemplo (4) f (x, y) = +4
2y

Uma equação diferencial da forma

M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0

é chamada de homogênea se ambos os coeficientes M e N são funções homogêneas do mesmo grau.


Quando uma equação diferencial é homogênea , suas variáveis podem ser separadas por meio de uma
das seguintes substituições:

y = vx e dy = vdx + xdv
ou
x = yv e dx = vdy + ydv

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Exemplo (5) Resolva a EDO 2xydy = x2 − y2 dx

 
Exemplo (6) Resolva a EDO x2 + y2 dx + x2 − xy dy = 0


Exemplo (7) Resolva a EDO 2x3 ydx + x4 + y4 dy = 0

dy  y
Exemplo (8) Determine a solução particular da EDO =− 1+ no ponto x = 1 e y = 3
dx x

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS EXATAS

Uma expressão diferencial


M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0

é uma equação diferencial exata se


∂M ∂N
= .
∂y ∂x

∂f
Neste caso, suponha que = M (x, y) , daı́ podemos encontrar f integrando M (x, y) com relação a x,
∂x
considerando y constante. Escrevemos

f (x, y) = M (x, y) dx + g (y)

em que supomos que a função arbitrária g (y) é a constante de integração. Agora, derivando a equação
∂f
anterior com relação a y e supondo que = N (x, y) :
∂y

∂f ∂
= M (x, y) dx + g′ (y) = N (x, y)
∂y ∂y

∂ ∫
Assim, g′ (y) = N (x, y) − M (x, y) dx.
∂y
Finalmente, integre essa equação com relação a y e substitua o resultado na expressão de f (x, y) . A solução
para a equação é f (x, y) = c.


Exemplo (1) Resolva a EDO y + 3x2 dx + (x + 2y) dy = 0.


Exemplo (2) Resolva a EDO 2x3 + 3y dx + (3x + y − 1) dy = 0.

Exemplo (3) Resolva a EDO y (1 + y) dx + x (1 + 2y) dy = 0

Exemplo (4) Resolva a EDO 3y2 x2 dx + 2yx3 dy = 0.

 2  2
Exemplo (5) Resolva o problema de valor inicial 2x yex − 1 dx + ex dy = 0, sendo y = y (x) , com
y (1) = 1.

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FATORES INTEGRANTES
Em alguns casos é possı́vel multiplicarmos uma equação não exata da forma

M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0

por uma função µ (x, y) de forma que a nova equação seja exata. Chamamos a função µ (x, y) de fator
integrante para equação exata.
Quando a equação tem um fator integrante que depende apenas de uma das variáveis a seguir, podemos
determiná-lo da seguinte forma:

∂M ∂N ∫
∂y − ∂x
se v (x) = depende apenas de x =⇒ µ (x) = e v(x)dx ou
N
∂N
∂x − ∂M
∂y

se v (y) = depende apenas de y =⇒ µ (y) = e v(y)dy
M

Exemplo (1) Resolva a EDO (x + y) + x ln xdy = 0



Exemplo (2) Resolva a EDO 6xydx + 4y + 9x2 dy = 0

Equações Diferenciais de 2a Ordem

Teorema: O Problema de Valor Inicial

y′′ (x) + P (x) y′ + Q (x) y = R (x)


y (x0 ) = y0 , y′ (x0 ) = y′0

P (x) , Q (x) e R (x) funções contı́nuas em um intervalo aberto I, x0 ⊂ I, tem uma única solução neste intervalo.

Uma EDO de segunda ordem linear da forma

y′′ + P (x) y′ + Q (x) y = 0 (1)

é dita homogênea. Para as equações lineares homogêneas é válido o princı́pio da superposição.

Princı́pio da Superposição: Se y1 (x) e y2 (x) são soluções da equação homogênea, então

y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)

para c1 e c2 constantes, também o é.

Teorema: Sejam y1 (x) e y2 (x) duas soluções da equação (1) em um intervalo aberto I, onde P (x) e
Q (x) são contı́nuas, tais que, em um ponto x0 ∈ I,
 
y1 (x0 ) y2 (x0 )
det ′ ̸= 0.
y1 (x0 ) y′2 (x0 )

Então para todo par de condições iniciais (y0 , y′0 ) , existem constantes c1 e c2 tais que o PVI tem como única
solução no intervalo I,
y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)

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Definição: (a) O determinante


 
y1 (x0 ) y2 (x0 )
W [y1 , y2 ] (x0 ) = det ′
y1 (x0 ) y′2 (x0 )

é chamado de wronskiano das funções y1 (x) e y2 (x) em x0 ;


(b) Se duas soluções y1 (x) e y2 (x) de (1), em um intervalo aberto I onde P (x) e Q (x) são contı́nuas, são
tais que seu wronskiano é diferente de zero em um ponto x0 ∈ I dizemos que elas são soluções fundamentais
no intervalo I da equação (1).

Teorema: Se y1 (x) e y2 (x) são soluções fundamentais de (1) em um intervalo aberto I, então a famı́lia
de soluções
y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)
para constantes c1 e c2 arbitrárias é a solução geral de (1) em I.

Teorema: Se y1 (x) e y2 (x) são tais que


 
y (x ) y2 (x0 )
W [y1 , y2 ] (x0 ) = det 1′ 0 ̸= 0, para algum x0 ∈ I
y1 (x0 ) y′2 (x0 )

então y1 (x) e y2 (x) são linearmente independentes em I.

Redução de Ordem

Um dos fatos mais interessantes e importantes no estudo de equações diferenciais lineares de segunda
ordem é que podemos construir uma segunda solução a partir de uma solução conhecida. O processo para
encontrar uma segunda solução consistem em reduzir a ordem a EDO, transformando-a em uma equação
diferencial de primeira ordem. Suponhamos que y1 (x) seja uma solução não trivial para equação

y′′ + P (x) y′ + Q(x)y = 0

e que P (x) e Q (x) são contı́nuas em algum intervalo I. Vamos procurar uma segunda solução da equação
acima na forma y = u (x) y1 (x) . Assim,

y′ = u′ y1 + y′1 u e y′′ = u′′ y1 + 2y′1 u′ + y′′1 u

Substituindo na equação original:


 
u′′ y1 + 2y′1 u′ + y′′1 u + P (x) u′ y1 + y′1 u + Q (x) y1 u = 0
 
y1 u′′ + 2y′1 + P (x) y1 u′ + y′′1 + P (x) y′1 + Q (x) y1 u = 0

Como y1 é solução então y′′1 + P (x) y′1 + Q(x)y1 = 0. Logo,



y1 u′′ + 2y′1 + P (x) y1 u′ = 0

Fazendo a mudança de variáveis w = u′ temos:



y1 w′ + 2y′1 + P (x) y1 w = 0

Esta é uma EDO de 1a ordem separável:

w′ 2y′
= − 1 − P (x) .
w y1

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Integrando ambos os lados:



ln |w| = −2 ln |y1 | − P (x) dx + c

ln |w| + 2 ln |y1 | = − P (x) dx + c

2
ln wy1 = − P (x) dx + c

wy21 = ±ec e− P(x)dx

e− P(x)dx
w=k
y21

Como w = u′ , então u = wdx. Daı́, ∫

e− P(x)dx
u=k + c2
y21
Tomando k = 1 e c2 = 0 e substituindo em y = u (x) y1 (x) encontramos a segunda solução
∫ ∫
e− P(x)dx
y2 = u (x) y1 (x) = y1 .
y21
∫ e−

P(x)dx
Vejamos que y1 e y2 = y1 y21
são soluções fundamentais da equação (1):
 ∫ ∫ 
e− P(x)dx

y1 y1
W [y1 , y2 ] (x) = det   = e−
y21
∫ ∫ ∫ P(x)dx
̸= 0 ∀x ∈ R.
y′1 y′1 e− e−
P(x)dx P(x)dx
y21
+ y1

∫ ∫
Assim, se y1 é uma solução da equação y′′ + P (x) y′ + Q(x)y = 0 e y2 = y1 e− P(x)dx
y21
então

y = c1 y1 + c2 y2

é solução geral da EDO.

Exemplo (1): Dado que y1 = ex é uma solução de y′′ − y = 0 no intervalo (−∞, +∞) , reduza a ordem
para encontrar uma segunda solução y2 .

Exemplo (2): A função y1 = x2 é uma solução de x2 y′′ − 3xy′ + 4y = 0. Ache a solução geral da equação
diferencial no intervalo (0, ∞) .

EQUAÇÕES HOMOGÊNEAS

Equações Homogêneas com Coeficientes Constantes

No caso em que P e Q de (1) são constantes, consideremos a equação, dita equação caracterı́stica,

r2 + br + c = 0

Digamos que r1 e r2 sejam as raı́zes da equação caracterı́stica:

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(I) Se r1 ̸= r2 , r1 e r2 reais, a solução geral será:

y = Aer1 x + Ber2 x (A, B ∈ R)

(II) Se r1 = r2 , a solução geral será

y = Aer1 x + Bxer1 x (A, B ∈ R)

(III) Se as raı́zes forem complexas r = α ± βi, a solução geral será

y = eαx [A cos (βx) + B sen (βx)] (A, B ∈ R)

Exemplo (1) Encontre a solução geral da EDO y′′ + y′ − 2y = 0

Exemplo (2) Encontre a solução geral da EDO y′′ + 2y′ + y = 0.

Exemplo (3) Econtre a solução geral da EDO y′′ + y = 0

Equações de Euler

As equações de Euler são equações que podem ser escritas na forma

x2 y′′ + bxy′ + cy = 0

em que b e c são constantes reais. Para x > 0, a subtituição t = ln x transforma a equação de Euler numa
equção com coeficientes constantes.
dy dy dt 1 dy
= =
dx dt dx x dt
     
′′ d2 y d dy d 1 dy 1 dy 1 d dy
y = = = =− 2 +
dx2 dx dx dx x dt x dt x dx dt
  2
1 dy 1 d dy dt 1 dy 1 d y
=− 2 + =− 2 + 2 2
x dt x dt dt dx x dt x dt
Substituindo-se na equação de Euler obtemos a equação linear com coeficientes constantes

d2 y dy
2
+ (b − 1) + cy = 0
dt dt
Se y1 (t) e y2 (t) são solução fundamentais desta equação então,

y (x) = c1 y1 (ln x) + c2 y2 (ln x)

(ou seja, substitua t = ln x) é a solução geral da equação de Euler para x > 0

Exemplo (1) Encontre a solução geral da EDO x2 y′′ + 2xy′ − 2y = 0.

Exemplo (2) Encontre a solução geral da EDO x2 y′′ + 5xy′ + 4y = 0.

Exemplo (3) Encontre a solução geral da EDO x2 y′′ + 3xy′ + 5y = 0.

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EQUAÇÕES NÃO HOMOGÊNEAS

Uma equação diferencial linear de 2a ordem é não homogênea se ela pode ser escrita como

y′′ + P (x) y′ + Q (x) y = R (x) (2)

com R (x) uma função não-nula.

Para resolver uma equação linear não homogênea (2), precisamos, primeiramente, ser capazes de resolver
a equação homogênea associada y′′ + P (x) y′ + Q (x) y = 0.

Toda solução yp (x) , livre de parâmetros, que satisfaz (2) é chamada de solução particular da equação.

Teorema: Seja yp (x) uma solução particular da equação (2). Sejam y1 (x) e y2 (x) soluções fundamentais
da equação homogênea correspondente (ou seja, y′′ +P (x) y′ +Q (x) y = 0). Então a solução geral da equação
não-homogênea (2) é
y (x) = yh (x) + yp (x) ,
onde yh (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x) é a solução da equação homogênea correspondente.

EQUAÇÕES NÃO HOMEGÊNEAS COM COEFICIENTE CONSTANTES


(Coeficientes a Determinar)

Vamos tratar equações da forma


ay′′ + by′ + cy = R (x) (3)
em que a, b, c são números reais e a ̸= 0.

Este método funciona quando a função R (x) tem uma das seguintes formas:

(1) R (x) = a0 + ... + an xn , em que a0 , ..., an ∈ R.


Neste caso deve-se procurar uma solução particular na forma

yp (x) = xk (A0 + ... + An xn )

em que k é o menor inteiro não negativo que garanta que nenhuma parcela de yp (x) seja solução da equação
homogênea correspondente e A0 , ..., An , são coeficientes a determinar substituindo-se yp (x) em (3).
(2) R (x) = (a0 + ... + an xn ) eαx , em que a0 , ..., an ∈ R.
Neste caso, deve-se procurar uma solução particular na forma

yp (x) = xk (A0 + ... + An xn ) eαx

em que k é o menor inteiro não negativo que garanta que nenhuma parcela de yp (x) seja solução da equação
homogênea correspondente e A0 , ..., An , α são coeficientes a determinar substituindo-se yp (x) em (3).
(3) R (x) = (a0 + ... + an xn ) eαx cos (βx) ou R (x) = (a0 + ... + an xn ) eαx sen (βx) em que a0 , ..., an , α, β ∈
R.
Neste caso, deve-se procurar uma solução particular na forma

yp (x) = xk eαx [(A0 + ... + An xn ) cos (βx) + (B0 + ... + Bn xn ) sen (βx)]

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em que k é o menor inteiro não negativo que garanta que nenhuma parcela de yp (x) seja solução da equação
homogênea correspondente e A0 , ..., An , B0 , ..., Bn são coeficientes a determinar substituindo-se yp (x) em
(3).
A solução da EDO é y = yh + yp .
Exemplo (1) Encontre a solução geral da equação y′′ + y′ = 2 + x2 .
Exemplo (2) Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ + y = (2 + x) e−x .
Exemplo (3) Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ + 2y = et cos t.

MÉTODO DE VARIAÇÃO DE PARÂMETROS

Este método funciona para qualquer equação linear de 2a ordem


y′′ + P (x) y′ + Q (x) y = R (x)
para qual se conheça duas soluções fundamentais y1 (x) e y2 (x) da equação homogênea correspondente em
um intervalo I, onde o wronskiano W [y1 , y2 ] (x) ̸= 0, para todo x ∈ I.
Lembramos que, neste caso, a solução geral da equação homogênea correspondente é
yh (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)
Vamos procurar uma solução particular da equação homogênea na forma
yp (x) = u1 (x) y1 (x) + u2 (x) y2 (x) .
Temos que u′1 e u′2 devem satisfazer o sistema de equações lineares
{
y1 (x) u′1 (x) + y2 (x) u′2 (x) = 0
′ ′ ′ ′ .
y1 (x) u1 (x) + y2 (x) u2 (x) = R (x)
Pela regra de Cramer, a solução desses sistema pode ser expressa em termos de determinantes:
W1 y2 R(x) W2 y1 R (x)
u′1 = =− e u′2 = =
W W W W
y1 y2 0 y2 y1 0
onde W = , W1 = e W2 = . As funções u1 e u2 são obtidas integrando
y′1 y′2 R (x) y′2 y′1 R (x)
os resultados acima. A solução da EDO dada é y = yp + yh .
{ ′′
y + y = sec x
Exemplo (1) Resolva o seguinte PVI
y (0) = 0, y′ (0) = −2
Exemplo (2) Econtre a solução geral da EDO 4y′′ + 36y = csc (3x).

Referências bibliográficas:
Chiang, A. & Wainwright, K. Matemática para Economistas. Rio de Janeiro: Editora Cam-
pus/Elsevier, 2006.
Zill, Dennis G. Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
Santos, Reginaldo J. Introdução às Equações Diferenciais. http://www.mat.ufmg.br/˜regi/livros.html,
2011.
Agustini, Edson. Notas de aula.

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