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Uma Equação Diferencial é uma equação envolvendo uma função, suas derivadas e suas variáveis inde-
pendentes.
Pelo menos uma das derivadas deve estar presente na equação.
Exemplo (5) 1
t (ty′ )′ = 0, sendo y = y (t).
Observações.
(i) É comum utilizar a notação fracional para derivadas em equações diferenciais, ou seja, y′ = dy
dx (notação
2
d y ∂y 2
∂ y
de Leibniz), sendo y = y (x). Analogamente, y′′ = , yv = , yuu = , etc (essas duas últimas
dx2 ∂v ∂u2
são notações de Leibniz para derivadas parciais). Por exemplo, a equação diferencial (1) ficaria dy dt =
2
∂ y ∂y
3y2 sen (t + y), enquanto que a (6) ficaria + + ey = uv.
∂u2 ∂v
(ii) Resolver (ou integrar) uma equação diferencial significa encontrar uma função que a satisfaça. A função
solução pode não ser única. Por exemplo, y = y (x) = k sen (x), sendo k constante real, é solução da equação
diferencial y′′ + y = 0. Observemos que para cada k, uma solução!
(iii) Lembremos que “encontrar” uma solução para uma equação diferencial pode ser de forma implı́cita,
por meio de uma equação envolvendo a função e suas variáveis. Por exemplo, uma solução y = y (x) para
y
y′ = y é dada implicitamente por xy2 − y2 − 2y + 2 ey = 0. Observemos que não dá para isolar a
ye − 2x
função y na nesta equação.
(iv) Uma equação diferencial cuja função depende apenas de uma variável é chamada de Equação Diferencial
Ordinária (EDO). Dos exemplos acima, apenas (6) não é EDO.
(v) Uma equação diferencial cuja função depende de mais do que uma variável é chamada de Equação
Diferencial Parcial (EDP). O exemplo (6) acima é uma EDP.
A ordem de uma equação diferencial é a maior ordem de derivada que aparece na equação.
Nos exemplos acima, (1) possui ordem 1; (3), (4), (5) e (6) são de ordem 2; e (2) possui ordem 3.
Uma EDO de ordem n pode ser escrita genericamente como E x, y, y′ , . . . , y(n) = 0, sendo y = y (x). No
exemplo (1) acima, E (t, y, y′ ) = y′ − 3y2 sen (t + y).
A solução de uma EDO pode não ser única. Elas são classificadas do seguinte modo:
- Solução geral: é um conjunto de soluções padrão para a EDO considerada.
- Solução particular: é uma única solução, obtida da solução geral, satisfazendo algumas condições pré-
fixadas, chamadas de condições iniciais.
- Solução singular: é uma solução da EDO que não provém da solução geral.
Uma EDO de 1a . ordem E (x, y, y′ ) = 0, sendo y = y (x), sujeita à condição y (x0 ) = y0 , com x0 e y0 dados,
é chamada de Problema de Valor Inicial (PVI). A condição y (x0 ) = y0 também é chamada de condição
inicial.
Exemplos.
√ √
(1) 2 xyy′ = 1, sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) = 2 xyy′ − 1.
y′ √ 2 y′ √ 2
= yex + 2 yex , sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) =
2 2
(2) x x − yex − 2 yex .
(3) y′ = ky, sendo y = y (x) e k constante real. Neste caso, E (x, y, y′ ) = y′ − ky.
2 2
(4) y′ = y 3 cos t2 + y , sendo y = y (t). Neste caso, E (t, y, y′ ) = y′ − y 3 cos t2 + y .
(5) y′ + P (x) y = Q (x), sendo P = P (x) e Q = Q (x) funções dadas e y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) =
y′ + P (x) y − Q (x).
′ ′
(6) ey + 2y′ + x2 y = 0, sendo y = y (x). Neste caso, E (x, y, y′ ) = ey + 2y′ + x2 y.
Exercı́cio (1) Verifique que y = y (x) = e2x é solução (particular) da EDO y′ − y = e2x .
Exercı́cio (2) Verifique que y = y (x) = xc +2, sendo c constante real é solução (geral) da EDO y′ = 1
x (2 − y).
Exercı́cio (4) Verifique que y = y (x) = e2x + aex , sendo a constante real é solução (particular) da EDO
y′ + y = 3e2x + 2aex .
EQUAÇÃO DE BERNOULLI
A equação diferencial
dy
+ P (x) y = f (x) yn ((1))
dx
em que n é um número real qualquer, é chamada equação de Bernoulli. Para n = 0 e n = 1, essa é uma
equação linear em y. Agora, se y ̸= 0, essa equação pode ser escrita como
dy
y−n + P (x) y1−n = f (x) . ((2))
dx
Se fizermos w = y1−n , n ̸= 0, n ̸= 1, então
dw dy
= (1 − n) y−n .
dx dx
Com essa substituição, (2) transforma-se na equação linear
dw
+ (1 − n) P (x) w = (1 − n) f (x) .
dx
Resolvendo essa última equação e depois fazendo yn−1 = w, obtemos uma solução para (1) .
dy 1
Exemplo (1) Resolva a EDO + y = xy2
dx x
dy
Exemplo (2) Resolva a EDO = y xy3 − 1
dx
dy
Exemplo (3) Resolva a EDO x − (1 + x) y = xy2
dx
dy
Exemplo (3) Resolva a EDO = 5x + 4
dx
dy
Exemplo (4) Resolva a EDO 3 − 2x2 + 4xy = 0.
dx
Exemplo (5) Resolva o problema de valor inicial −yy′ + ex = 0, sendo y = y (x), com y (0) = 0.
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0
y = vx e dy = vdx + xdv
ou
x = yv e dx = vdy + ydv
Exemplo (6) Resolva a EDO x2 + y2 dx + x2 − xy dy = 0
Exemplo (7) Resolva a EDO 2x3 ydx + x4 + y4 dy = 0
dy y
Exemplo (8) Determine a solução particular da EDO =− 1+ no ponto x = 1 e y = 3
dx x
∂f
Neste caso, suponha que = M (x, y) , daı́ podemos encontrar f integrando M (x, y) com relação a x,
∂x
considerando y constante. Escrevemos
∫
f (x, y) = M (x, y) dx + g (y)
em que supomos que a função arbitrária g (y) é a constante de integração. Agora, derivando a equação
∂f
anterior com relação a y e supondo que = N (x, y) :
∂y
∫
∂f ∂
= M (x, y) dx + g′ (y) = N (x, y)
∂y ∂y
∂ ∫
Assim, g′ (y) = N (x, y) − M (x, y) dx.
∂y
Finalmente, integre essa equação com relação a y e substitua o resultado na expressão de f (x, y) . A solução
para a equação é f (x, y) = c.
Exemplo (1) Resolva a EDO y + 3x2 dx + (x + 2y) dy = 0.
Exemplo (2) Resolva a EDO 2x3 + 3y dx + (3x + y − 1) dy = 0.
2 2
Exemplo (5) Resolva o problema de valor inicial 2x yex − 1 dx + ex dy = 0, sendo y = y (x) , com
y (1) = 1.
FATORES INTEGRANTES
Em alguns casos é possı́vel multiplicarmos uma equação não exata da forma
M (x, y) dx + N (x, y) dy = 0
por uma função µ (x, y) de forma que a nova equação seja exata. Chamamos a função µ (x, y) de fator
integrante para equação exata.
Quando a equação tem um fator integrante que depende apenas de uma das variáveis a seguir, podemos
determiná-lo da seguinte forma:
∂M ∂N ∫
∂y − ∂x
se v (x) = depende apenas de x =⇒ µ (x) = e v(x)dx ou
N
∂N
∂x − ∂M
∂y
∫
se v (y) = depende apenas de y =⇒ µ (y) = e v(y)dy
M
P (x) , Q (x) e R (x) funções contı́nuas em um intervalo aberto I, x0 ⊂ I, tem uma única solução neste intervalo.
Teorema: Sejam y1 (x) e y2 (x) duas soluções da equação (1) em um intervalo aberto I, onde P (x) e
Q (x) são contı́nuas, tais que, em um ponto x0 ∈ I,
y1 (x0 ) y2 (x0 )
det ′ ̸= 0.
y1 (x0 ) y′2 (x0 )
Então para todo par de condições iniciais (y0 , y′0 ) , existem constantes c1 e c2 tais que o PVI tem como única
solução no intervalo I,
y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)
Teorema: Se y1 (x) e y2 (x) são soluções fundamentais de (1) em um intervalo aberto I, então a famı́lia
de soluções
y (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x)
para constantes c1 e c2 arbitrárias é a solução geral de (1) em I.
Redução de Ordem
Um dos fatos mais interessantes e importantes no estudo de equações diferenciais lineares de segunda
ordem é que podemos construir uma segunda solução a partir de uma solução conhecida. O processo para
encontrar uma segunda solução consistem em reduzir a ordem a EDO, transformando-a em uma equação
diferencial de primeira ordem. Suponhamos que y1 (x) seja uma solução não trivial para equação
e que P (x) e Q (x) são contı́nuas em algum intervalo I. Vamos procurar uma segunda solução da equação
acima na forma y = u (x) y1 (x) . Assim,
w′ 2y′
= − 1 − P (x) .
w y1
∫ ∫
Assim, se y1 é uma solução da equação y′′ + P (x) y′ + Q(x)y = 0 e y2 = y1 e− P(x)dx
y21
então
y = c1 y1 + c2 y2
Exemplo (1): Dado que y1 = ex é uma solução de y′′ − y = 0 no intervalo (−∞, +∞) , reduza a ordem
para encontrar uma segunda solução y2 .
Exemplo (2): A função y1 = x2 é uma solução de x2 y′′ − 3xy′ + 4y = 0. Ache a solução geral da equação
diferencial no intervalo (0, ∞) .
EQUAÇÕES HOMOGÊNEAS
No caso em que P e Q de (1) são constantes, consideremos a equação, dita equação caracterı́stica,
r2 + br + c = 0
Equações de Euler
x2 y′′ + bxy′ + cy = 0
em que b e c são constantes reais. Para x > 0, a subtituição t = ln x transforma a equação de Euler numa
equção com coeficientes constantes.
dy dy dt 1 dy
= =
dx dt dx x dt
′′ d2 y d dy d 1 dy 1 dy 1 d dy
y = = = =− 2 +
dx2 dx dx dx x dt x dt x dx dt
2
1 dy 1 d dy dt 1 dy 1 d y
=− 2 + =− 2 + 2 2
x dt x dt dt dx x dt x dt
Substituindo-se na equação de Euler obtemos a equação linear com coeficientes constantes
d2 y dy
2
+ (b − 1) + cy = 0
dt dt
Se y1 (t) e y2 (t) são solução fundamentais desta equação então,
Uma equação diferencial linear de 2a ordem é não homogênea se ela pode ser escrita como
Para resolver uma equação linear não homogênea (2), precisamos, primeiramente, ser capazes de resolver
a equação homogênea associada y′′ + P (x) y′ + Q (x) y = 0.
Toda solução yp (x) , livre de parâmetros, que satisfaz (2) é chamada de solução particular da equação.
Teorema: Seja yp (x) uma solução particular da equação (2). Sejam y1 (x) e y2 (x) soluções fundamentais
da equação homogênea correspondente (ou seja, y′′ +P (x) y′ +Q (x) y = 0). Então a solução geral da equação
não-homogênea (2) é
y (x) = yh (x) + yp (x) ,
onde yh (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x) é a solução da equação homogênea correspondente.
Este método funciona quando a função R (x) tem uma das seguintes formas:
em que k é o menor inteiro não negativo que garanta que nenhuma parcela de yp (x) seja solução da equação
homogênea correspondente e A0 , ..., An , são coeficientes a determinar substituindo-se yp (x) em (3).
(2) R (x) = (a0 + ... + an xn ) eαx , em que a0 , ..., an ∈ R.
Neste caso, deve-se procurar uma solução particular na forma
em que k é o menor inteiro não negativo que garanta que nenhuma parcela de yp (x) seja solução da equação
homogênea correspondente e A0 , ..., An , α são coeficientes a determinar substituindo-se yp (x) em (3).
(3) R (x) = (a0 + ... + an xn ) eαx cos (βx) ou R (x) = (a0 + ... + an xn ) eαx sen (βx) em que a0 , ..., an , α, β ∈
R.
Neste caso, deve-se procurar uma solução particular na forma
yp (x) = xk eαx [(A0 + ... + An xn ) cos (βx) + (B0 + ... + Bn xn ) sen (βx)]
em que k é o menor inteiro não negativo que garanta que nenhuma parcela de yp (x) seja solução da equação
homogênea correspondente e A0 , ..., An , B0 , ..., Bn são coeficientes a determinar substituindo-se yp (x) em
(3).
A solução da EDO é y = yh + yp .
Exemplo (1) Encontre a solução geral da equação y′′ + y′ = 2 + x2 .
Exemplo (2) Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ + y = (2 + x) e−x .
Exemplo (3) Encontre a solução geral da equação y′′ + 2y′ + 2y = et cos t.
Referências bibliográficas:
Chiang, A. & Wainwright, K. Matemática para Economistas. Rio de Janeiro: Editora Cam-
pus/Elsevier, 2006.
Zill, Dennis G. Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem. São Paulo: Cengage
Learning, 2016.
Santos, Reginaldo J. Introdução às Equações Diferenciais. http://www.mat.ufmg.br/˜regi/livros.html,
2011.
Agustini, Edson. Notas de aula.