Você está na página 1de 44

Capı́tulo 1

Introdução às Equações Diferenciais

1.1 Terminologia e Definições Básicas

Nos cursos de Cálculo: dada uma função y = f (x), a derivada


dy
= f ′ (x)
dx
é também, ela mesma, uma função de x e é calculada por regras apropriadas. Por exemplo,
2
se y = ex , então
dy 2 dy
= 2xex ou = 2xy. (1.1)
dx dx
O problema com o qual nos deparamos neste curso não é: dada uma função y = f (x), en-
contre sua derivada. Nosso problema é: dada uma equação como dy/dx = 2xy, encontre,
de algum modo, uma função y = f (x) que satisfaça a equação. Em outras palavras, nós
queremos resolver Equações Diferenciais.

Definição 1. Uma equação que contém as derivadas (ou diferenciais) de uma ou mais
variáveis dependentes, em relação a uma ou mais variáveis independentes, é chamada de
Equações Diferenciais (ED).

Equações diferenciais são classificadas de acordo com o tipo, a ordem e a lineari-


dade.

8
Classificação pelo Tipo

Se uma equação contém somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis de-
pendentes, com relação a uma única variável independente, ela é chamada de Equação
Diferencial Ordinária (EDO).

Exemplos 1.

dy
a) − 5y = 1
dt
b) (y − x)dx + 4xdy = 0
du dv
c) − =x
dx dx
d2 y dy
d) 2
− 2 + 6y = 0
dx dx

são equações diferenciais ordinárias. Uma equação que envolve as derivadas parciais de
uma ou mais variáveis dependentes de duas ou mais variáveis independentes é chamada
de Equação Diferencial Parcial (EDP).

Exemplos 2.

∂u ∂v
a) =−
∂y ∂x
∂u ∂u
b) x +y =u
∂x ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂u
c) 2
= 2
−2
∂x ∂t ∂t

são equações diferenciais parciais.

9
Classificação pela Ordem

A derivada de maior ordem em uma equação diferencial é, por definição, a ordem da
equação. Por exemplo, 3
d2 y

dy
+5 − 4y = ex
dx2 dx
é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem (ou de ordem dois). Como a
equação diferencial (y − x)dx + 4xdy = 0 pode ser escrita na forma
dy
4x +y =x
dx
trata-se, então, de uma equação diferencial ordinária de primeira ordem. A equação
∂ 4u ∂ 2u
a2 + 2 =0
∂x4 ∂t
é uma equação diferencial parcial de quarta ordem.

Embora as equações diferenciais parciais sejam muito importantes, seu estudo depende
de um bom conhecimento da teoria de equações diferenciais ordinárias.

Uma equação diferencial ordinária geral de n−ésima ordem é freqüentemente repre-


sentada pelo simbolismo
dn y
 
dy
F x, y, , · · · , n = 0. (1.2)
dx dx
O que vem a seguir é um caso especial de (1.1).

Classificação como Linear ou não-Linear

Uma equação diferencial ordinária é chamada de linear quando pode ser escrita na
forma
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ a n−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = g(x).
dx dx dx
Observe que as equações diferenciais lineares são caracterizadas por duas propriedades:

(i) A variável dependente y e todas as suas derivadas são do primeiro grau, ou seja, a
potência de cada termo envolvendo y é 1.

10
(ii) Cada coeficiente depende apenas da variável independente x.

Uma equação que não é linear é chamada de não-linear.

Exemplos 3.

a) xdy + ydx = 0

b) y ′′ − 2y ′ + y = 0
d3 y 2
2d y dy
c) x3 3
− x 2
+ 3x + 5y = ex
dx dx dx

são EDO’s lineares de primeira, segunda e terceira ordens, respectivamente. Por outro
lado,
d3 y
yy ′′ − 2y ′ = x ou + y2 = 0
dx3
são EDO’s não-lineares de segunda e terceira ordens, respectivamente.

Soluções

Como mencionamos antes, nosso objetivo é resolver ou encontrar soluções para EDO’s.

Definição 2. Qualquer função f definida em algum intervalo I, que, quando substituı́da


na equação diferencial, reduz a equação a uma identidade, é chamada de solução para a
equação no intervalo.

Em outras palavras, uma solução para uma EDO

F (x, y, y ′ , · · · , y (n) ) = 0

é uma função f que possui pelo menos n derivadas e satisfaz a equação, ou seja,

F (x, f (x), f ′ (x), · · · , f (n) (x)) = 0

para todo x ∈ I.

11
Exemplo 1. Verifique que y = x4 /16 é uma solução para a equação não-linear
dy
= xy 1/2 , no intervalo (−∞, ∞).
dx
Exemplo 2. Verifique que y = xex é uma solução para a equação linear

y ′′ − 2y ′ + y = 0, no intervalo (−∞, ∞).

Nem toda equação diferencial que escrevemos possui necessariamente uma solução.
Por exemplo:  2
dy
+1=0 e (y ′ )2 + y 2 + 4 = 0
dx
não possuem soluções. Por outro lado, a equação de segunda ordem (y ′′ )2 + 10y 4 = 0
possui somente uma solução real.

Soluções Explı́citas e Implı́citas

Uma solução para a EDO (1.2) que pode ser escrita na forma y = f (x) é chamada de
solução explı́cita. Dizemos que uma relação G(x, y) = 0 é uma solução implı́cita de
uma EDO em um intervalo I, se ela define uma ou mais soluções explı́citas em I.

Exemplo 3. Para −2 < x < 2, a relação x2 + y 2 − 4 = 0 é uma solução implı́cita para a


dy x
EDO =− .
dx y

Número de soluções

É muito importante se acostumar com o fato de que uma dada EDO, geralmente possui
um número infinito de soluções.

Exemplo 4. Para qualquer valor de c, a função y = c/x + 1 é uma solução da EDO de


primeira ordem
dy
x +y =1
dx
no intervalo (0, ∞).

12
Exemplo 5.

a) As funções y = c1 cos(4x) e y = c2 sen(4x), em que c1 e c2 são constantes arbitrárias,


são soluções para a EDO y ′′ + 16y = 0.

b) A soma de duas soluções da parte (a), y = c1 cos(4x) + c2 sen(4x), também é uma


solução para y ′′ + 16y = 0.

Exemplo 6. Verifique que

y = ex , y = e−x , y = c1 ex , y = c2 e−x e y = c1 ex + c2 e−x

são soluções da EDO linear de segunda ordem y ′′ − y = 0.

Exemplo 7. Qualquer função da famı́lia a um parâmetro y = cx4 é uma solução para a


equação diferencial xy ′ − 4y = 0. A função definida por partes

 −x4 , x < 0
y=
 x4 , x ≥ 0

é também uma solução.

Mais terminologia

Quando resolvemos uma EDO de primeira ordem F (x, y, y ′ ) = 0, normalmente obte-


mos uma famı́lia de curvas ou funções G(x, y, c) = 0, contendo um parâmetro arbitrário
tal que cada membro da famı́lia é uma solução da EDO. Na verdade, quando resolvemos
uma equação de n−ésima ordem F (x, y, y ′ , · · · , y (n) ) = 0, em que y (n) significa dn y/dxn ,
esperamos uma famı́lia a n−parâmetros de soluções G(x, y, c1 , · · · , cn ) = 0.

Uma solução para uma EDO que não depende de parâmetros arbitrários é chamada
de solução particular. Uma maneira de obter uma solução particular é escolher valores
especı́ficos para o(s) parâmetro(s) na famı́lia de soluções. Por exemplo, é fácil ver que
y = cex é uma famı́lia a um parâmetro de soluções para a equação de primeira ordem

13
muito simples y ′ = y. Para c = 0, −2 e 5, obtemos as soluções particulares y = 0,
y = −2ex e y = 5ex , respectivamente.

Às vezes, uma equação diferencial possui uma solução que não pode ser obtida espe-
cificando os parâmetros em uma famı́lia de soluções. Tal solução é chamada de solução
singular.

Se toda solução para F (x, y, y ′ , · · · , y (n) ) = 0 no intervalo I pode ser obtida de


G(x, y, c1 , · · · , cn ) = 0 por uma escolha apropriada dos ci , i = 1, · · · , n, dizemos que
a famı́lia a n−parâmetros é uma solução geral, ou completa, para a EDO.

14
Capı́tulo 2

Equações Diferenciais de Primeira


Ordem

2.1 Teoria Preliminar

Problema de Valor Inicial

Estamos interessados em resolver uma EDO de primeira ordem

dy
= f (x, y) (2.1)
dx

sujeita à condição inicial y(x0 ) = y0 , em que x0 é um número no intervalo I e y0 é um


número real arbitrário. O problema

dy
Resolva: = f (x, y) Sujeito a: y(x0 ) = y0 (2.2)
dx

é chamado de problema de valor inicial (PVI). Em termos geométricos, estamos


procurando uma solução para a equação diferencial, definida em algum intervalo I tal que
o gráfico da solução passe por um ponto (x0 , y0 ) determinado a priori.

Exemplo 8. Vimos anteriormente que y = cex é uma famı́lia a um parâmetro de soluções

15
para y ′ = y no intervalo (−∞, ∞). Se especificarmos, digamos, y(0) = 3, então y = 3ex
é uma solução do (PVI).

Questões fundamentais surgem quando consideramos um problema de valor inicial


como (2.2):

ˆ Existe uma solução para o problema?

ˆ Se existe uma solução, ela é única?

Em outras palavras, a equação diferencial dy/dx = f (x, y) possui uma solução cujo
gráfico passa pelo ponto (x0 , y0 )? E será que essa solução, se existir, é única?

Exemplo 9. As funções y = 0 e y = x4 /16 satisfazem a equação diferencial e a condição


inicial no problema
dy
= xy 1/2 , y(0) = 0.
dx
Teorema 1 (Existência e Unicidade de Solução - Teorema de Picard). Seja
∂f
R = [a, b] × [c, d], com (x0 , y0 ) pertencente ao interior de R. Se f e são contı́nuas em
∂y
R, então existe um intervalo I centrado em x0 e uma única função y(x) definida em I
que satisfaz o problema de valor inicial (2.2).

Exemplo 10. A equação diferencial

dy
= xy 1/2
dx

possui pelo menos duas soluções cujos gráficos passam por (0, 0). As funções

∂f x
f (x, y) = xy 1/2 e = 1/2
∂y 2y

são contı́nuas no semiplano superior definido por y > 0. Daı́, pelo Teorema 1, dado
um ponto (x0 , y0 ) com y0 > 0, existe algum intervalo em torno de x0 no qual a equação
diferencial dada possui uma única solução y(t), tal que y(x0 ) = y0 .

16
Exemplo 11. O Teorema 1 garante que existe um intervalo contendo x = 0 no qual
y = 3ex é a única solução para o problema de valor inicial do Exemplo 8:

y ′ = y, y(0) = 3.
∂f
Isso segue do fato que f (x, y) = y e = 1 são contı́nuas em todo o plano xy.
∂y
Exemplo 12. Para
dy
= x2 + y 2
dx
∂f
observamos que f (x, y) = x2 + y 2 e = 2y são contı́nuas em todo o plano xy. Logo,
∂y
por qualquer ponto (x0 , y0 ) passa uma e somente uma solução para a equação diferencial.

2.2 Métodos de Resolução: Equações de Variáveis


Separáveis

Comecemos com a mais simples de todas as EDO’s.

Se g(x) é uma função contı́nua dada, então a equação de primeira ordem


dy
= g(x) (2.3)
dx
pode ser resolvida por integração. A solução para (2.3) é
Z
y = g(x)dx + c.

Exemplos 4.

dy
a) = 1 + e2x
dx
dy
b) = sen x
dx
Definição 3 (Equação Separável). Uma equação diferencial da forma
dy g(x)
=
dx h(y)
é chamada Separável (ou tem Variáveis Separáveis).

17
Observe que, uma equação separável pode ser escrita como

dy
h(y) = g(x). (2.4)
dx

É imediato que (2.4) se reduz a (2.3) quando h(y) = 1.

Agora, se y = f (x) denota uma solução para (2.4), temos

h(f (x))f ′ (x) = g(x),

logo, Z Z

h(f (x))f (x)dx = g(x)dx + c. (2.5)

Mas, dy = f ′ (x)dx, assim (2.5) é o mesmo que


Z Z
h(y)dy = g(x)dx + c. (2.6)

Método de solução

A equação (2.6) indica o procedimento na resolução para equações diferenciais se-


paráveis. Uma famı́lia a um parâmetro de soluções, em geral parada implicitamente, é
obtida integrando ambos os lados de h(y)dy = g(x)dx.
dy x−5
Exemplo 13. Resolva = .
dx y2
Exemplo 14. Resolva (1 + x)dy − ydx = 0.

Exemplo 15. Resolva o problema de valor inicial

dy x
=− , y(4) = 3.
dx y

Exemplo 16. Resolva xe−y sen xdx − ydy = 0.

Exemplo 17. Resolva xy 4 dx + (y 2 + 2)e−3x dy = 0.


dy 6x5 − 2x + 1
Exemplo 18. Resolva = .
dx cos y + ey

18
Exemplo 19. Resolva o problema de valor inicial
dy
= y 2 − 4, y(0) = −2.
dx
dy
Exemplo 20. Resolva = e3x+2y .
dx
Exemplo 21. Resolva o problema de valor inicial

x2 y ′ = y − xy, y(−1) = −1.

2.3 Métodos de Resolução: Equações Homogêneas

Definição 4 (Função Homogênea). Se uma função f satisfaz

f (tx, ty) = tn f (x, y) (2.7)

para algum n ∈ R, então dizemos que f é uma Função Homogênea de Grau n.

Exemplos 5.

a) f (x, y) = x2 − 3xy + 5y 2
p
3
b) f (x, y) = x2 + y 2

c) f (x, y) = x3 + y 3 + 1
x
d) f (x, y) = +4
2y
Definição 5 (Equação Homogênea). Uma equação diferencial da forma

M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 (2.8)

é chamada de Homogênea se ambos os coeficientes M e N são funções homogêneas de


mesmo grau.

Em outras palavras, M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 é homogênea se

M (tx, ty) = tn M (x, y) e N (tx, ty) = tn N (x, y)

para algum n ∈ R.

19
Método de Solução

Uma equação diferencial homogênea M (x, y)dx+N (x, y)dy = 0 pode ser resolvida por
meio de uma substituição algébrica. Especificamente, a substituição y = ux ou x = vy, em
que u e v são as novas variáveis independentes, transformará a equação em uma equação
diferencial de primeira ordem separável. Para ver isso, seja y = ux; então, sua diferencial
dy = udx + xdu. Substituindo em (2.8), temos

M (x, ux)dx + N (x, ux)[udx + xdu] = 0.

Desta forma,
xn M (1, u)dx + xn N (1, u)[udx + xdu] = 0

ou
[M (1, u) + uN (1, u)]dx + xN (1, u)du = 0,

assim,
dx N (1, u)du
+ = 0.
x M (1, u) + uN (1, u)
A fórmula acima não deve ser memorizada. O melhor é repetir o processo sempre que
for necessário. A prova que a substituição x = vy em (2.8) também leva a uma equação
separável é deixada como exercı́cio.

Exemplos 6. Resolva:

a) (x2 + y 2 )dx + (x2 − xy)dy = 0

b) (x + y)dx + xdy = 0

c) 2x3 ydx + (x4 + y 4 )dy = 0



d) (2 xy − y)dx − xdy = 0

e) xdx + (y − 2x)dy = 0
dy x + 3y
f) =
dx 3x + y

20
Uma equação diferencial homogênea pode sempre ser expressa na forma alternativa

dy y
=F .
dx x
dy
Para ver isso, suponha que escrevamos a equação M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 como =
dx
f (x, y), em que
M (x, y)
f (x, y) = − .
N (x, y)
A função f (x, y) deve ser necessariamente homogênea de grau zero quando M e N são
homogêneas de grau n. Desta forma,

xn M 1, xy M 1, xy
 
f (x, y) = − n  =− .
x N 1, xy N 1, xy
y
A última razão é uma função da forma F . Deixamos como exercı́cio a demonstração
x  
dy x
de que uma equação diferencial homogênea pode também ser escrita como =G .
dx y
Exemplo 22. Resolva o problema de valor inicial

dy
x = y + xey/x , y(1) = 1.
dx

Exemplo 23. Resolva as equações abaixo:

dy y y
a) = ln
dx x x
dy y x
b) = +
dx x y

2.4 Métodos de Resolução: Equações Exatas

Considere a equação diferencial

2x + y 2 + 2xyy ′ = 0. (2.9)

A equação acima não é separável e nem homogênea, de modo que não podemos aplicar
aqui os métodos já estudados para esses tipos de equações. Entretanto, note que a função

21
ψ(x, y) = x2 + xy 2 tem a propriedade
∂ψ ∂ψ
2x + y 2 = , 2xy = . (2.10)
∂x ∂y
Portanto, a equação diferencial pode ser escrita como
∂ψ ∂ψ dy
+ = 0. (2.11)
∂x ∂y dx
Supondo que y é uma função de x e usando a regra da cadeia, podemos escrever a expressão
à esquerda do sinal de igualdade (2.11) como ∂ψ(x, y)/∂x. Então, a equação (2.11) fica
na forma
∂ψ d 2
(x, y) = (x + xy 2 ) = 0. (2.12)
∂x dx
Integrando a equação (2.12), obtemos

ψ(x, y) = x2 + xy 2 = c, (2.13)

onde c é uma constante arbitrária.

Ao resolver a equação (2.9), o passo-chave foi o reconhecimento de que existe uma


função ψ que satisfaz as equações (2.10). De modo geral, seja a equação diferencial
dy
M (x, y) + N (x, y) = 0. (2.14)
dx
Suponha que possamos identificar uma função ψ(x, y) tal que
∂ψ ∂ψ
(x, y) = M (x, y) e (x, y) = N (x, y), (2.15)
∂x ∂y
onde ψ(x, y) = c define y = f (x) implicitamente como uma função diferenciável de x.
Então,
dy ∂ψ ∂ψ dy d
M (x, y) + N (x, y) = + = ψ[x, f (x)]
dx ∂x ∂y dx dx
e a equação diferencial (2.14), torna-se
d
ψ[x, f (x)] = 0. (2.16)
dx
Nesse caso, a equação (2.14) é dita uma equação diferencial exata. Soluções da equação
(2.14), ou da equação equivalente (2.16), são dadas implicitamente por

ψ(x, y) = c. (2.17)

22
Teorema 2 (Critério para uma Equação Diferencial Exata). Sejam M (x, y) e
N (x, y) funções contı́nuas com derivadas parciais contı́nuas em uma região retangular R
definida por a < x < b, c < y < d. Então, uma condição necessária e suficiente para que

M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0

seja uma equação diferencial exata é

∂M ∂N
(x, y) = (x, y), (2.18)
∂y ∂x

para todo (x, y) ∈ R. Ou seja, existe uma função ψ satisfazendo (2.15),

∂ψ ∂ψ
(x, y) = M (x, y) e (x, y) = N (x, y).
∂x ∂y

Método de Solução

Dada a equação diferencial

M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 (2.19)

mostre primeiro que


∂M ∂N
= .
∂y ∂x
Depois, suponha que
∂ψ
= M (x, y)
∂x
daı́, podemos encontrar ψ integrando M (x, y) com relação a x, considerando y constante.
Escrevemos, Z
ψ(x, y) = M (x, y)dx + g(y), (2.20)

em que a função arbitrária g(y) é a constante de integração. Agora, derivando (2.20) com
∂ψ
relação a y e supondo = N (x, y):
∂y
Z
∂ψ ∂
= M (x, y)dx + g ′ (y) = N (x, y).
∂y ∂y

23
Assim, Z
′ ∂
g (y) = N (x, y) − M (x, y)dx. (2.21)
∂y
Finalmente, integre (2.21) com relação a y e substitua o resultado em (2.20). A solução
para a equação é ψ(x, y) = c.

Exemplos 7. Resolva:

a) 2xydx + (x2 − 1)dy = 0

b) (e2y − y cos(xy))dx + (2xe2y − x cos(xy) + 2y)dy = 0

c) (y cos x + 2xey ) + (sen x + x2 ey − 1)y ′ = 0

d) (3xy + y 2 ) + (x2 + xy)y ′ = 0

Exemplo 24. Resolva o problema de valor inicial

(cos x sen x − xy 2 )dx + y(1 − x2 )dy = 0, y(0) = 2.

Exemplo 25. Resolva o problema de valor inicial

(y 2 cos x − 3x2 y − 2x)dx + (2y sen x − x3 + ln y)dy = 0, y(0) = e

2.5 Métodos de Resolução: Equações Lineares de 1ª


Ordem

Definição 6 (Equação Linear de 1ª Ordem). Uma equação diferencial da forma


dy
a1 (x) + a0 (x)y = g(x)
dx
é chamada de Equação Diferencial Linear de 1ª Ordem.

Dividindo pelo coeficiente a1 (x), obtemos uma forma mais útil de uma equação linear:
dy
+ P (x)y = f (x). (2.22)
dx
Procuramos uma solução para (2.22) em um intervalo I no qual as funções P (x) e f (x)
são contı́nuas. A seguir, estaremos supondo que (2.22) possui solução.

24
Fator de Integração

Observemos que, na equação (2.22), a expressão


dy
+ P (x)y (2.23)
dx
é ”quase”a derivada de um produto. Se assim fosse, determinar a solução se reduziria a
um cálculo de integral. Suponhamos que exista µ(x), tal que
dy d
µ(x) + µ(x)P (x)y = (µ(x) · y) . (2.24)
dx dx
Sendo assim, devemos ter

= µP (x), (2.25)
dx
ou seja, por Separação de Variáveis, temos que
R
P (x)dx
µ(x) = e . (2.26)

A função µ(x) definida em (2.26) é um Fator de Integração para a equação linear.


Note que não precisamos usar uma constante de integração nas integrais, pois a equação
diferencial não se altera ao multiplicarmos por uma constante. Ainda, µ(x) ̸= 0 para todo
x ∈ I, e é contı́nua e diferenciável.

Agora, multiplicando o fator integrante na equação (2.22), obtemos


P (x)dx dy
R R R
P (x)dx P (x)dx
e +e P (x)y = e f (x) (2.27)
dx
e verificamos que podemos escrevê-la como
d h R P (x)dx i R
e y = e P (x)dx f (x). (2.28)
dx
Integrando a última equação, temos
R
Z R
P (x)dx P (x)dx
e y= e f (x)dx + c

ou Z
R R R

y=e P (x)dx
e P (x)dx
f (x)dx + ce− P (x)dx
. (2.29)

Em outras palavras, se (2.22) tiver uma solução, ela deverá ser da forma (2.29). Recipro-
camente, é imediato que (2.29) constitui uma famı́lia a um parâmetro de soluções para a
equação (2.22)

25
Resumo do Método

(i) Para resolver uma equação linear de primeira ordem, primeiro coloque-a na forma
(2.22).

(ii) Identifique P (x) e encontre o fator de integração


R
P (x)dx
µ(x) = e .

(iii) Multiplique a equação obtida em (i) pelo fator de integração:

P (x)dx dy
R R R
P (x)dx P (x)dx
e + P (x)e y=e f (x).
dx

(iv) O lado esquerdo da equação em (iii) é a derivada do produto do fator de integração


e a variável dependente y, ou seja,

d R P (x)dx R
[e y] = e P (x)dx f (x).
dx

(v) Integre ambos os lados da equação encontrada em (iv).

Exemplos 8. Resolva as equações:

dy 4
a) x − y = x6 e x
dx x
dy
b) − 3y = 0
dx
dy
c) (4 + x2 ) + 2xy = 4x
dx
d) y ′ − 4y = 4 − x

e) 2y ′ + y = 3x2
dy
f) + y cos t = 0
dt
dy 2t 1
g) + 2
y=
dt 1 + t 1 + t2
1 dy 2y
h) − = x cos x, x>0
x dx x2

26
Por hipótese, P (x) e f (x) são contı́nuas em um intervalo I e x0 é um ponto desse
intervalo. Então, segue-se do Teorema de Picard que existe uma única solução para o
problema de valor inicial
dy
+ P (x)y = f (x), y(x0 ) = y0 . (2.30)
dx
Exemplos 9. Resolva os PVI’s:

dy
a) + 2xy = x, y(0) = −3
dx
dy
b) x + y = 2x, y(1) = 0
dx
c) xy ′ + 2y = 4x2 , y(1) = 2

d) 2y ′ + xy = 0, y(0) = 1
dy y
e) − = xex , y(1) = e − 1
dx x
dy 4
f) + 4y − e−x = 0, y(0) =
dx 3
Exemplo 26. Encontre uma solução contı́nua satisfazendo

dy  1, 0 ≤ x ≤ 1
+ y = f (x), em que f (x) = , y(0) = 0.
dx  0, x > 1

Exemplo 27. Encontre uma solução contı́nua satisfazendo a equação diferencial e a


condição inicial

dy  1, 0≤x≤3
+ 2y = f (x), f (x) = , y(0) = 0.
dx  0, x>3

2.6 Fatores Integrantes

Algumas vezes é possı́vel converter uma equação diferencial que não é exata em uma
exata multiplicando-se a equação por um fator integrante apropriado. Em um contexto
mais geral, multipliquemos a equação

M (x, y) + N (x, y)y ′ = 0 (2.31)

27
por uma função µ(x, y) e depois tentemos escolher µ de modo que a equação resultante

µ(x, y)M (x, y) + µ(x, y)N (x, y)y ′ = 0 (2.32)

seja exata. Sabemos que, a equação (2.32) será exata se, e somente se,

(µM )y = (µN )x . (2.33)

Como M e N são funções dadas, a equação (2.33) diz que o fator integrante µ tem que
satisfazer a equação diferencial parcial de primeira ordem

M µy − N µx + (My − Nx )µ = 0. (2.34)

Sendo possı́vel determinar uma função µ satisfazendo a equação (2.34), então a equação
(2.32) será exata. E assim, a solução da equação (2.32), pode ser obtida pelo método das
Equações Exatas. A solução encontrada desse modo, também deve satisfazer a equação
(2.31), visto que podemos dividir a equação (2.32) pelo fator integrante µ.

Uma equação diferencial parcial da forma (2.34) pode ter mais de uma solução. Nesse
caso, qualquer uma das soluções pode ser usada como um fator integrante. No entanto,
em muitos casos, determinar este fator integrante é consideravelmente complicado. As
situações mais importantes nas quais fatores integrantes podem ser encontrados, com
certa facilidade, ocorrem quando µ é uma função de só uma das variáveis x ou y, ao invés
de ambas.

Determinemos condições suficientes sobre M e N para que a equação (2.31) tenha um


fator integrante que só depende de x. Supondo que µ é uma função só de x, a derivada
parcial µx , se reduz à derivada ordinária dµ/dx e µy = 0. Fazendo essas substituições na
equação (2.34), encontramos
dµ My − Nx
= µ. (2.35)
dx N
Se (My − Nx )/N é uma função só de x, então existe um fator integrante µ que também
só depende de x. Além disso, µ(x) pode ser encontrado resolvendo a equação (2.35), que
é linear e separável.

28
Analogamente, se (Nx −My )/M é uma função só de y, então existe um fator integrante
µ que também só depende de y. Além disso, µ(y) pode ser encontrado resolvendo a
equação
dµ Nx − My
= µ. (2.36)
dy M
Exemplos 10. Determine um fator integrante para cada uma das equações abaixo e depois
resolva cada equação.

a) (3xy + y 2 ) + (x2 + xy)y ′ = 0, x > 0.

b) (3x2 y + 2xy + y 3 ) + (x2 + y 2 )y ′ = 0.

c) y + (2xy − e−2y )y ′ = 0, y > 0.

2.7 Substituições

2.7.1 Equação de Bernoulli

A equação diferencial
dy
+ P (x)y = f (x)y n , (2.37)
dx
em que n ∈ R, é chamada de Equação de Bernoulli. Para n = 0 ou n = 1, a equação
(2.37) é linear em y. Agora, se y ̸= 0, (2.37) pode ser escrita como
dy
y −n + P (x)y 1−n = f (x). (2.38)
dx
Se fizermos w = y 1−n , n ̸= 0, n ̸= 1, então
dw dy
= (1 − n)y −n .
dx dx
Com essa substituição, (2.38) transforma-se na equação linear
dw
+ (1 − n)P (x)w = (1 − n)f (x). (2.39)
dx
Resolvendo (2.39) e depois fazendo y 1−n = w, obtemos uma solução para (2.37).

29
Exemplos 11. Resolva:

dy 1
a) + y = xy 2
dx x
b) x2 y ′ + 2xy − y 3 = 0
dy
c) = y(xy 3 − 1)
dx

2.7.2 Equação de Ricatti

A equação diferencial não-linear

dy
= P (x) + Q(x)y + R(x)y 2 (2.40)
dx

é chamada de Equação de Ricatti. Se y1 é uma solução particular da equação acima,


então as substituições
dy dy1 du
y = y1 + u e = +
dx dx dx
em (2.40) produzem a seguinte equação diferencial para u:

du
− (Q + 2y1 R)u = Ru2 . (2.41)
dx

Como a equação (2.41) é uma equação de Bernoulli com n = 2, ela pode, por sua vez, ser
reduzida à equação linear
dw
+ (Q + 2y1 R)w = −R (2.42)
dx
através da substituição w = u−1 .

Exemplos 12. Determine uma famı́lia de soluções para as equações abaixo:

dy
a) = 2 − 2xy + y 2 , y1 = 2x
dx
dy
b) = −2 − y + y 2 , y1 = 2
dx
dy
c) = e2x + (1 + 2ex )y + y 2 , y1 = −ex
dx

30
2.7.3 Outras Substituições

Uma equação pode parecer diferente de todas as que vimos e estudamos até o momento,
porém fazendo uma mudança apropriada de variável, talvez possamos resolvê-la com as
ferramentas que temos disponı́veis.

Exemplos 13. Resolva as equações abaixo, através das mudanças apropriadas.

a) y(1 + 2xy)dx + x(1 − 2xy)dy = 0, com u = 2xy;


dy
b) 2xy + 2y 2 = 3x − 6, com u = y 2 ;
dx
x3 y/x
c) xy ′ − y = e , com u = y/x;
y
d) y ′′ = 2x(y ′ )2 , com u = y ′

2.8 Método de Picard

O problema de valor inicial

y ′ = f (x, y), y(x0 ) = y0 , (2.43)

considerado no inı́cio do capı́tulo, pode ser escrito de outra maneira. Vejamos, se f uma
função contı́nua em uma região que contém o ponto (x0 , y0 ). Integrando ambos os lados
da equação diferencial em relação a x, obtemos
Z x
y(x) = c + f (t, y(t))dt.
x0

Observando que, Z x0
y(x0 ) = c + f (t, y(t))dt = c
x0

temos c = y0 . Logo, Z x
y(x) = y0 + f (t, y(t))dt, (2.44)
x0

é solução do problema de valor inicial (2.43).

31
Reciprocamente, se começarmos com (2.44), podemos obter (2.43). Em outras pa-
lavras, a equação integral (2.44) e o problema de valor inicial (2.43) são equivalentes.
Tentaremos agora resolver (2.44) por um método conhecido por Método de Aproximações
Sucessivas ou Método de Picard.

Método de Aproximações Sucessivas

Seja y0 (x) uma função contı́nua arbitrária. Como f (x, y0 (x)) é uma função conhecida,
dependendo apenas de x, ela pode ser integrada. Com y0 (t) substituindo y(t), o lado
direito de (2.44) define uma outra função, que escrevemos como
Z x
y1 (x) = y0 + f (t, y0 (t))dt.
x0

Espera-se que esta nova função esteja mais próxima da solução. Quando repetimos o
procedimento, uma outra função é definida por
Z x
y2 (x) = y0 + f (t, y1 (t))dt.
x0

Dessa maneira, obtemos uma sequência de funções (yn ), cujo n−ésimo termo é definido
pela relação Z x
yn (x) = y0 + f (t, yn−1 (t))dt, n ∈ N. (2.45)
x0

É possı́vel provar que, sob hipóteses adequadas para o problema (2.43), temos que existe
o limite lim yn e, além disso,
n→∞
Z x
y(x) := lim yn (x) = lim y0 + f (t, yn−1 (t))dt (2.46)
n→∞ n→∞ x0

é a solução de (2.43).

Na aplicação de (2.45), é uma prática comum escolher y0 (x) = y0 como função inicial.

Exemplos 14. Considere os problemas de valor inicial

a) y ′ = y − 1, y(0) = 2

32
b) y ′ = −y, y(0) = 1

c) y ′ = 2xy, y(0) = 1

d) y ′ = 2x(1 + y), y(0) = 0

use o método de Picard para encontrar a sequência de aproximações (yn ), determine o


limite das aproximações e, por fim, verifique que tal limite é, de fato, solução do problema.

33
Capı́tulo 3

Aplicações das Equações Diferenciais


de Primeira Ordem

3.1 Trajetórias Ortogonais

No final do Capı́tulo 1 expressamos a expectativa, ou melhor, a possibilidade que uma


equação diferencial ordinária de n−ésima ordem levasse a uma famı́lia a n−parâmetros
de soluções. Por outro lado, suponha que invertamos o problema: Começando com uma
famı́lia a n−parâmetros de curvas, será que podemos encontrar uma equação diferencial
de n−ésima ordem associada a essa famı́lia? Na maioria das vezes a resposta é sim.
dy
A seguir, estamos interessados em encontrar a equação diferencial = f (x, y) de
dx
uma famı́lia a n−parâmetros de curvas.

Exemplo 28. Encontre a equação diferencial da famı́lia y = c1 x3 .

34
Curvas Ortogonais

Em Geometria Analı́tica, duas retas r1 e r2 não paralelas aos eixos coordenados são per-
pendiculares se, e somente se, seus respectivos coeficientes angulares satisfazem a relação
m1 m2 = −1. Por essa razão, os gráficos de y = (−1/2)x + 1 e y = 2x + 4 são perpen-
diculares. Duas curvas C1 e C2 são ortogonais em um ponto se, e somente se, suas retas
tangentes T1 e T2 forem perpendiculares no ponto de intersecção. Exceto no caso em que
T1 e T2 são paralelas aos eixos coordenados, isso significa que os coeficientes angulares das
tangentes são negativos inversos um do outro.

Exemplo 29. Mostre que as curvas C1 e C2 definidas por, y = x3 e x2 + 3y 2 = 4 são


ortogonais no(s) ponto(s) de interseção.

É fácil mostrar que qualquer curva C1 da famı́lia y = c1 x3 , c1 ̸= 0 é ortogonal a cada


curva C2 da famı́lia x2 + 3y 2 = c2 , c2 > 0.

Esta discussão leva à seguinte definição:

Definição 7 (Trajetórias Ortogonais). Quando todas as curvas de uma famı́lia G(x, y, c1 ) =


0 interceptam ortogonalmente todas as curvas de outra famı́lia H(x, y, c2 ) = 0, então di-
zemos que as famı́lias são Trajetórias Ortogonais uma da outra.

Em outras palavras, uma trajetória ortogonal é uma curva que intercepta toda a curva
de uma famı́lia em ângulos reto.

Exemplos 15.

a) O gráfico de y = (−1/2)x + 1 é uma trajetória ortogonal de y = 2x + c1 . As famı́lias


y = (−1/2)x + c2 e y = 2x + c1 são trajetórias ortogonais.

b) O gráfico de y = 4x3 é uma trajetória ortogonal de x2 + 3y 2 = c2 . As famı́lias


y = c1 x3 e x2 + 3y 2 = c2 são trajetórias ortogonais.

c) A famı́lia y = c1 x e a famı́lia x2 + y 2 = c2 de cı́rculos concêntricos, são trajetórias


ortogonais.

35
Método Geral

Para encontrar as trajetórias ortogonais de uma dada famı́lia de curvas, primeiro


encontramos a equação diferencial
dy
= f (x, y)
dx
que descreve a famı́lia. A equação diferencial da famı́lia ortogonal é então
dy 1
=− .
dx f (x, y)
c1
Exemplo 30. Encontre as trajetórias ortogonais da famı́lia de hipérboles y = .
x
c1 x
Exemplo 31. Encontre as trajetórias ortogonais de y = .
1+x

3.2 Aplicações de Equações Lineares

Crescimento e Decrescimento

O problema de valor inicial


dx
= kx, x(t0 ) = x0 , (3.1)
dt
em que k é uma constante de proporcionalidade (taxa de Crescimento ou Declı́nio), ocorre
em muitas teorias fı́sicas envolvendo o Crescimento e Decrescimento.

A constante de proporcionalidade k em (3.1) é positiva ou negativa e pode ser deter-


minada pela solução para o problema usando um valor subsequente de x em um instante
t1 > t0 .

Exemplo 32. Em uma cultura, há inicialmente N0 bactérias. Uma hora depois, t = 1,
o número de bactérias passa a ser (3/2)N0 . Se a taxa de crescimento é proporcional
ao número de bactérias presentes, determine o tempo necessário para que o número de
bactérias triplique.

36
Exemplo 33. Sabe-se que a população de uma certa comunidade cresce a uma taxa pro-
porcional ao número de pessoas presentes em qualquer instante. Se a população duplicou
em 5 anos, quando ela triplicará? Quando quadruplicará?

Exemplo 34. Suponha que a população da comunidade do Problema 1 seja 10.000 após
3 anos. Qual era a população inicial? Qual será a população em 10 anos?

Exemplo 35. A população de bactérias em uma cultura cresce a uma taxa proporcional
ao número de bactérias presentes em qualquer tempo. Após 3 horas, observa-se que há 400
bactérias presentes. Após 10 horas, existem 2000 bactérias presentes. qual era o número
inicial de bactérias?

Meia-vida

Em fı́sica, meia-vida é uma medida de estabilidade de uma substância radioativa.


A meia-vida é simplesmente o tempo gasto para metade dos átomos de uma quantidade
inicial A0 se desentegrar ou se transmutar em átomos de outro elemento. Quanto maior
a meia-vida de uma substância, mais estável ela é. Por exemplo, a meia-vida do ultra-
radioativo rádio, Ra-226, é cerca de 1700 anos. Em 1700, metade de uma dada quantidade
de Ra-226 é transmutada em radônio, Rn-222. O isótopo de urânio mais comum, U-238,
tem um meia-vida de aproximadamente 4.500.000.000 de anos. Nesse tempo, metade de
uma quantidade de U-238 é transmutada em chumbo, Pb-206.

Exemplo 36. Um reator converte urânio 238 em isótopo de plutônio 239. Após 15 anos,
foi detectado que 0,043% da quantidade inicial A0 de plutônio se desintegrou. Encon-
tre a meia-vida desse isótopo, se a taxa de desintegração é proporcional à quantidade
remanescente.

Exemplo 37. O isótopo radioativo de chumbo, Pb-209, decresce a uma taxa proporcional
à quantidade presente em qualquer tempo. Sua meia-vida é 3,3 horas. Se 1 grama de
chumbo está presente inicialmente, quanto tempo levará para 90% de chumbo desaparecer.

37
Exemplo 38. Inicialmente, havia 100 miligramas de uma substância radioativa presente.
Após 6 horas, a massa diminuiu 3%. Se a taxa de decrescimento é proporcional à quan-
tidade de substância presente em qualquer tempo, encontre a quantidade remanescence
após 24 horas. Determine a meia-vida desta substância radioativa.

Lei do Esfriamento/Aquecimento de Newton

A Lei de Resfriamento de Newton diz que a taxa de variação de temperatura T (t) de


um corpo em resfriamento é proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e a
temperatura constante Tm do meio ambiente, isto é,

dT
= k(T − Tm ), (3.2)
dt

em que k é uma constante de proporcionalidade.

Exemplo 39. Quando um bolo é retirado do forno, sua temperatura é de 300◦ F . Três
minutos depois, sua temperatura passa para 200◦ F . Quanto tempo levará para sua tem-
peratuda chegar a 70◦ F , se a temperatura do meio ambiente em que ele foi colocado for
exatamente 70◦ F ?

Exemplo 40. Um termômetro é retirado de dentro de uma sala e colocado de lado de


fora, em que a temperatura é de 5◦ C. Após 1 minuto, o termômetro marcava 20◦ C; após
5 minutos, 10◦ . Qual a temperatura da sala?

Exemplo 41. A fórmula (3.2) também é válida quando o corpo absorve calor do meio
ambiente. Se uma pequena barra de metal, cuja temperatura inicial é de 20◦ C, é colocada
em um vasilhame de água em ebulição, quanto tempo levará para a temperatura da barra
atingir 90◦ C se é fato conhecido que sua temperatura aumenta 2◦ C em 1 segundo? Quanto
tempo levará para a temperatura da barra chegar a 98◦ C?

38
Problemas de Misturas

Na mistura de dois fluidos, muitas vezes temos de lidar com equações diferenciais
lineares de primeira ordem.

Exemplo 42. Inicialmente, 50 gramas de sal são dissolvidos em um tanque contendo 300
litros de água. Uma solução salina é bombeada para dentro do tanque a uma taxa de 3
litros por minuto, e a solução bem misturada é então drenada na mesma taxa. Veja a
figura abaixo: Se a concentração da solução que entra é 2 gramas por litro, determine a
quantidade de sal no tanque em qualquer instante. Quantos gramas de sal estão presentes
após 50 minutos? E depois de um longo tempo?

Exemplo 43. Um tanque contém 200 litros de fluido no qual são dissolvidos 30 g de
sal. Uma solução salina contendo 1 g de sal por litro é então bombeada para dentro do
tanque a uma taxa de 4 litros por minuto; a mistura é drenada à mesma taxa. Encontre
a quantidade de gramas de sal A(t) no tanque em qualquer instante.

Exemplo 44. Um tanque está parcialmente cheio com 100 litros de fluido nos quais 10
g de sal são dissolvidos. Uma solução salina contendo 0,5 g de sal por litro é bombeada
para dentro do tanque a uma taxa de 6 litros por minuto. A mistura é então drenada a
uma taxa de 4 litros por minuto. Descubra quantos gramas de sal haverá no tanque após
30 minutos.

3.3 Aplicações de Equações Não-Lineares

Dinâmica Populacional: Crescimento Logı́stico - Uma Análise


Qualitativa

Descrevemos anteriormente que a taxa de crescimento ou declı́nio de uma população


é proporcional ao valor atual da população, ou seja,
dy
= ky, (3.3)
dt

39
onde k é a taxa de crescimento ou declı́nio. No entanto, numa situação mais realista,
a taxa de crescimento ou declı́nio depende, de fato, da população, deve-se substituir a
constante k em (3.3) por uma função h(y) e obtemos, então, a equação modificada
dy
= h(y)y. (3.4)
dt

Agora, queremos escolher h(y) tal que h(y) ≈ k > 0 quando y é pequeno, h(y) diminui
quando y aumenta e h(y) < 0 quando y é suficientemente grande. A função mais simples
que tem essa propriedade é h(y) = k − ay, em que a também é uma constante positiva.

Usando essa função na equação (3.4), obtemos


dy
= (k − ay)y. (3.5)
dt
A equação (3.5) é conhecida como a equação de Verhulst ou Equação Logı́stica. É
muitas vezes conveniente escrever a equação logı́stica na forma equivalente
dy  y
=k 1− y (3.6)
dt R
onde R = k/a. A constante k é chamada de taxa de Crescimento Intrı́nseca, ou seja,
a taxa de crescimento na ausência de qualquer fator limitador.

Análise Qualitativa

Iniciemos procurando soluções de (3.6) do tipo mais simples possı́vel, ou seja, funções
dy
constantes. Para tal solução, = 0 para todo t, de modo que qualquer solução constante
dt
de (3.6) tem de satisfazer a equação algébrica
 y
k 1− y = 0.
R
Logo, as soluções constantes são ϕ1 (t) = 0 e ϕ2 (t) = R. São chamadas Soluções de
Equilı́brio de (3.6), já que não há variação ou mudança no valor de y quando t aumenta.

Para visualizar outras soluções de (3.6) e esboçar seus gráficos rapidamente, podemos
começar desenhando o gráfico de f (y) em função de y. No caso da equação (3.6), f (y) =
 y
k 1− y, logo o gráfico é a parábola:
R

40
dy
Note que, > 0 para 0 < y < R, portanto, y é uma função crescente de t quando y
dt
dy
está nesse intervalo. Analogamente, se y > R, então < 0, logo y é decrescente.
dt
Nesse contexto, o eixo dos y é chamado de Reta de Fase e está reproduzida em sua
orientação vertical ususal.

Os pontos em y = 0 e y = R são os pontos crı́ticos, ou soluções de equilı́brio.

Para esboçar os gráficos das soluções de (3.6) no plano, começamos com as soluções
de equilı́brio y = 0 e y = R, depois desenhamos outras curvas que são crescentes quando
0 < y < R, decrescentes quando y > R e cujas tangentes se aproximam da horizontal
quando y se aproximam da horizontal quando y se aproxima de 0 ou de R. Logo, os
gráficos das soluções da equação (3.6) devem ter a forma geral ilustrada abaixo:

Observação 1. Nenhuma solução se intersecta devido o Teorema de Picard.

Sendo um pouco mais detalhista, utilizando a regra da cadeia, temos que as soluções
são convexas quando 0 < y < R/2 ou y > R, e côncavas quando R/2 < y < R. Desta
maneira, temos que toda vez que o gráfico de y em função de t cruza a reta y = R/2
existe aı́ um ponto de inflexão.

Finalmente, note que R é a cota superior que é aproximada, mas nunca excedida,
por populações crescente começando abaixo deste valor. Assim, torna-se natural nos
referirmos a R como o nı́vel de saturação ou a capacidade de sustentação ambiental para
a espécie em questão.

Em muitas situações, basta obter a informação qualitativa ilustrada em (*) sobre uma
solução y = ϕ(t) de (3.6). Essa informação foi inteiramente obtida a partit do gráfico de
f (y) como função de y, sem resolver a equação diferencial (3.6). Entretanto, se quisermos
ter uma descrição mais detalhada do crescimento logı́stico, por exemplo, se quisermos
saber o número de elementos na população em um instante particular, então precisamos
resolver a equação (3.6) sujeita à condição inicial y(0) = y0 . Se y ̸= 0 e y ̸= R, podemos

41
escrever (3.6) na forma
dy
= kdt.
(1 − y/R) y
Usando uma expressão em frações parciais na expressão à esquerda do sinal de igualdade,
obtemos  
1 1/R
+ dy = kdt.
y 1 − y/R

Integrando, temos
y
ln |y| + ln 1 − = kt + c. (3.7)
R
Sabemos que, se 0 < y0 < R, então y permanece nesse intervalo para todo o tempo.
Portanto, nesse caso, podemos remover as barras de módulo em (3.7) e, calculando a
exponencial de todos os termos em (3.7), obtemos

y
= cekt . (3.8)
1 − y/R

Para que a condição y(0) = y0 seja satisfeita, precisamos escolher

y0
c=  .
1 − yR0

Desta forma,
y0 R
y= . (3.9)
y0 + (R − y0 )e−kt
Analogamente, se y0 > R. Note que, (3.9) contém as soluções de equilı́brio y = ϕ1 (t) = 0
e y = ϕ2 (t) = R que correspondem às condições iniciais y0 = 0 e y0 = R, respectivamente.

Exemplo 45. O modelo logı́stico tem sido aplicado ao crescimento natural da população
de linguado gigante em determinadas áreas do Oceano Pacı́fico. Seja y, medido em qui-
logramas, a massa total, ou biomassa, da população de linguado gigante no instante t.
Estima-se que os parâmetros na equação logı́stica tenham os valores k = 0, 71 por ano
e R = 80, 5 × 106 kg. Se a biomassa inicial é y0 = 0, 25R, encontre a biomassa 2 anos
depois. Encontre também, o instante τ para o qual y(τ ) = 0, 75R.

42
UFCG/CCT/UAMat
Equações Diferenciais/Equações Diferenciais Lineares - 2023.1
Prof. Romildo Lima
1ª Lista de Exercı́cios - Equações Diferenciais de Primeira Ordem

1. Classifique as equações diferenciais dizendo se ela são lineares ou não-lineares. Dê


também a ordem de cada equação.

(a) (1 − x)y ′′ − 4xy ′ + 5y = cos x d2 y


(d) + 9y = sen y
 4 dx2
d3 y dy
(b) x 3 − 2 +y =0 (e) (sen x)y ′′′ − (cos x)y ′ = 2
dx dx
(c) x3 y (4) − x2 y ′′ + 4xy ′ − 3y = 0 (f) (1 − y 2 )dx + xdy = 0

2. Verifique se a função dada é uma solução para a equação diferencial. (c1 e c2 são
constantes).

(a) 2y ′ + y = 0, y = e−x/2 (e) y ′′ − (y ′ )2 = 0, y = ln |x + c1 | + c2


dy 6 6
(b) + 20y = 24, y = − e−20x (f) x2 y ′′ − xy ′ + 2y = 0, y =
dx 5 5
′ 2 x cos(ln x), x > 0
(c) y = 25 + y , y = 5 tg(5x)

(d) 2xydx + (x2 + 2y)dy = 0, x2 y + y 2 = c1

3. Verifique se a função definida por partes é uma solução para a equação diferencial
dada.

 −x2 , x < 0

(a) xy − 2y = 0; y =
 x2 , x ≥ 0

 0, x < 0
′ 2
(b) (y ) = 9xy; y =
 x3 , x ≥ 0

1
4. Encontre valores de m para que y = xm seja uma solução para cada equação dife-
rencial.

(a) x2 y ′′ − y = 0 (b) x2 y ′′ + 6xy ′ + 4y = 0

5. Mostre que y1 = x2 e y2 = x3 são ambas soluções para

x2 y ′′ − 4xy ′ + 6y = 0.

As funções, c1 y1 e c2 y2 , com c1 e c2 constantes arbitrárias, são também soluções? A


soma, y1 + y2 é uma solução?

6. Determine uma região do plano xy para a qual a equação diferencial teria uma única
solução passando por um ponto (x0 , y0 ) na região.

dy dy
(a) = y 2/3 (d) −y =x
dx dx
dy √
(b) = xy (e) (1 − y 3 )y ′ = x2
dx
dy
(c) x =y (f) (y − x)y ′ = y + x
dx

7. Supondo que y1 e y2 são soluções da equação diferencial y ′ + g(x)y = 1, mostre que:

(a) y3 = ey1 +y2 é uma solução da equação diferencial y ′ + g(x)y ln y = 2y.

(b) y4 = e3y1 é uma solução da equação diferencial y ′ + g(x)y ln y = 3y.

8. Mostre que, se y = y(x) é uma solução da equação diferencial y ′ = y 2 + exy em


algum intervalo, então y é uma função crescente neste intervalo.

9. Em cada item, calcule f ′ (x0 ) e f ′′ (x0 ), sabendo que y = f (x) é a solução do PVI.

 y ′ = x + y + sen(3x + y)

(a) 3 , x0 = 1
 y(1) = −3

 y ′ = ex2 y 2
(b) , x0 = 0
 y(0) = 2

2
10. Resolva a equação diferencial dada por separação de variável.

dy dy
(a) = sen(5x) (f) = e3x+2y
dx dx
dy dy
(b) = (x + 1)2 (g) ex y = e−y + e−2x−y
dx dx
 2
dy dx y+1
(c) ex = 2x (h) y ln x =
dx dy x
2
(d) xy ′ = 4y

dy 2y + 3
(i) =
dx 1 + 2y 2 dx 4x + 5
(e) = (j) ey sen(2x)dx + cos x(e2y − y)dy = 0
dy y sen x

11. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada.

(a) (e−y + 1) sen xdx = (1 + cos x)dy, y(0) = 0


dy
(b) + xy = y, y(1) = 3
dx
dy y2 − 1
(c) = 2 , y(2) = 2
dx x −1
(d) x2 y ′ = y − xy, y(−1) = −1

12. Resolva a equação diferencial homogênea dada usando uma substituição apropriada.

(a) xdx + (y − 2x)dy = 0 dy x + 3y


(e) =
dx 3x + y
dy y−x
(b) = dy p
dx y+x (f) x − y = x2 + y 2
dx
dy y x
(c) = + (g) (x2 e−y/x + y 2 )dx = xydy
dx x y
dy y y
(d) (x + y)dx + xdy = 0 (h) = ln
dx x x

13. Resolva a equação diferencial homogênea sujeita à condição inicial indicada.


dy
(a) xy 2 = y 3 − x3 , y(1) = 2
dx
(b) (x2 + 2y 2 )dx = xydy, y(−1) = 1
dy
(c) 2x2 = 3xy + y 2 , y(1) = −2
dx
p
(d) xydx − x2 dy = y x2 + y 2 dy, y(0) = 1

3
14. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre que
a substituição x = vy transforma a equação em uma com variáveis separáveis.

15. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre que
a substituição x = r cos α, y = r sen α leva a uma equação separável.

16. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre que
a equação pode ser escrita na forma alternativa dy/dx = G(x, y).

17. Verifique se a equação dada é exata. Se for, resolva.

(a) (2x − 1)dx + (3y − 7)dy = 0

(b) (sen y − y sen x)dx + (cos x + x cos y − y)dy = 0

(c) (2y 2 x − 3)dx + (2yx2 + 4)dy = 0


 y
(d) 1 + ln x + dx = (1 − ln x)dy
x
(e) (y 3 − y 2 sen x − x)dx + (3xy 2 + 2y cos x)dy = 0
2x x2
(f) dx − 2 dy = 0
y y
dy
(g) x = 2xex − y + 6x2
dx
(h) (5y − 2x)y ′ − 2y = 0

(i) (tg x − sen x sen y)dx + cos x cos ydy = 0


2 2
(j) (2y sen x cos x − y + 2y 2 exy )dx = (x − sen2 x − 4xyexy )dy

18. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada.

(a) (x + y)2 dx + (2xy + x2 − 1)dy = 0, y(1) = 1

(b) (ex + y)dx + (2 + x + yey )dy = 0, y(0) = 1

(c) (4y + 2x − 5)dx + (6y + 4x − 1)dy = 0, y(−1) = 2

(d) (y 2 cos x − 3x2 y − 2x)dx + (2y sen x − x3 + ln y)dy = 0, y(0) = e

4
19. Encontre o valor de k para que a equação diferencial dada seja exata.

(a) (y 3 + kxy 4 − 2x)dx + (3xy 2 + 20x2 y 3 )dy = 0

(b) (6xy 3 + cos y)dx + (kx2 y 2 − x sen y)dy = 0

20. Mostre que qualquer equação diferencial separável de primeira ordem na forma
h(y)dy − g(x)dx = 0 é também exata.

21. Encontre a solução geral para a equação diferencial dada.

dy (g) (1 + x2 )dy + (xy + x3 + x)dx = 0


(a) = 5y
dx
dy dy
(b) + 2y = 0 (h) cos x + y sen x = 1
dx dx

(c)
dy
+ y = e3x (i) (1 + x)y ′ − xy = x + x2
dx
dy (j) xy ′ + 2y = ex + ln x
(d) = y + ex
dx
(e) x2 y ′ + xy = 1 (k) ydx = (yey − 2x)dy

(f) xdy = (x sen x − y)dx (l) dx = (3ey − 2x)dy

22. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada.

(a) y ′ = 2y + x(e3x − e2x ), y(0) = 2


dQ
(b) = 5x4 Q, Q(0) = −7
dx
dy
(c) (x + 1) + y = ln x, y(1) = 10
dx
dy y
(d) = , y(5) = 2
dx y−x
23. Encontre uma solução contı́nua satisfazendo cada equação diferencial e a condição
inicial dada.

dy  1, 0 ≤ x ≤ 3
(a) + 2y = f (x), onde f (x) = e y(0) = 0
dx  0, x > 3

dy  1, 0 ≤ x ≤ 1
(b) + y = f (x), onde f (x) = e y(0) = 1
dx  −1, x > 1

5

 x, 0 ≤ x < 1
2 dy
(c) (1 + x ) + 2xy = f (x), onde f (x) = e y(0) = 0
dx  −x, x ≥ 1

24. Encontre um fator integrante e resolva a equação dada.

(a) 1 + (x/y − sen y)y ′ = 0

(b) ex + (ex cot y + 2y csc y)y ′ = 0

(c) [4(x3 /y 2 ) + (3/y)] + [3(x/y 2 ) + 4y]y ′ = 0

(d) y ′ = e2x + y − 1

(e) (x + 2) sen y + (x cos y)y ′ = 0

25. Mostre que, se (Nx − My )/M = Q, em que Q é uma função só de y, então a equação
diferencial
M + N y′ = 0

tem um fator integrante da forma


R
Q(y)dy
µ(y) = e .

26. Mostre que, se (Nx − My )/(xM − yN ) = R, em que R só depende do produto xy,
então a equação diferencial
M + N y′ = 0

tem um fator integrante da forma µ(xy). Encontre uma fórmula geral para esse
fator integrante.

27. Resolva a equação de Bernoulli dada.

dy 1 dy
(a) x +y = 2 (c) = y(xy 3 − 1)
dx y dx
dy dy
(b) − y = ex y 2 (d) x − (1 + x)y = xy 2
dx dx

28. Resolva a equação diferencial dada sujeita à condição inicial indicada.


dy 1
(a) x2 − 2xy = 3y 4 , y(1) =
dx 2
6
dy
(b) y 1/2 + y 3/2 = 1, y(0) = 4
dx
29. Resolva a equação de Ricatti dada, sendo y1 é uma solução conhecida para a equação.

dy dy 1
(a) = −2 − y + y 2 , y1 = 2 (c) = 2x2 + y − 2y 2 , y1 = x
dx dx x
dy 4 1 2 dy
(b) = − 2 − y + y 2 , y1 = (d) = e2x + (1 + 2ex )y + y 2 , y1 = −ex
dx x x x dx

30. Use o método de Picard para encontrar a sequência de aproximações (yn ), determine
o limite de (yn ) e, em seguida, verifique se a função limite é de fato solução do
problema.

(a) y ′ = 2xy, y(0) = 1

(b) y ′ + 2xy = x, y(0) = 0

(c) y ′ + y 2 = 0, y(0) = 0

(d) y ′ = 2ex − y, y(0) = 1

31. (a) Use o método de Picard para encontrar a sequência de aproximações (yn ) do
problema
y′ = 1 + y2, y(0) = 0

(b) Resolva o problema de valor inicial acima, por um dos métodos vistos anteri-
ormente.

(c) Compare os resultados dos itens (a) e (b).

32. Variação dos parâmetros. Considere o seguinte método de resolução da equação


linear de primeira ordem geral:

y ′ + p(x)y = g(x). (1)

(a) Se g(x) = 0 para todo x, mostre que a solução é


R
y = Ae− p(x)dx
, (2)

em que A é uma constante.

7
(b) Se g(x) não é identicamente nula, suponha que a solução de (1) é da forma
R
y = A(x)e− p(x)dx
, (3)

em que A agora é uma função de x. Substituindo y na equação diferencial


dada, mostre que A(x) tem que satisfazer a condição
R
A′ (x) = g(x)e p(x)dx
. (4)

(c) Encontre A(x) da eq. (4). Depois substitua A(x) na eq. (3) e determine y.
Verifique se a solução obtida dessa maneira é igual à solução obtida através
de fator integrante. Essa técnica é conhecida como o método de variação de
parâmetros.

33. Use o método da questão anterior para resolver as equações abaixo:

(a) y ′ − 2y = t2 e2t (c) ty ′ + 2y = sen t, t > 0

(b) y ′ + (1/t)y = 3 cos(2t), t > 0 (d) 2y ′ + y = 3t2

34. Encontre as trajetórias ortogonais da famı́lia de curvas dada.

(a) y = c1 x (d) y = ec1 x


1
(b) 3x + 4y = c1 (e) y =
ln(c1 x)
(c) c1 x2 + y 2 = 1 (f) y 2 = c1 x3

35. A população de bactérias em uma cultura cresce a uma taxa proporcional ao número
de bactérias presentes em qualquer tempo. Após 3 horas, observa-se que há 400
bactérias presentes. Após 10 horas, existem 2000 bactérias presentes. qual era o
número inicial de bactérias?

36. Quando juros são compostos continuamente, o valor em dinheiro cresce a uma taxa
proporcional à quantia S presente no instante t, ou seja, dS/dt = rS, onde r é a
taxa de juros anual.

8
(a) Determine a quantia acumulada ao fim de cinco anos quando R$5.000 for de-
positado em uma poupança com rendimento de 5% de juros anuais compostos
continuamente.

(b) Em quantos anos a quantia inicial depositada dobrará?

37. Um termômetro é retirado de dentro de uma sala e colocado de lado de fora, em


que a temperatura é de 5◦ C. Após 1 minuto, o termômetro marcava 20◦ C; após 5
minutos, 10◦ . Qual a temperatura da sala?

38. Um tanque está parcialmente cheio com 100 litros de fluido nos quais 10 g de sal
são dissolvidos. Uma solução salina contendo 0,5 g de sal por litro é bombeada para
dentro do tanque a uma taxa de 6 litros por minuto. A mistura é então drenada a
uma taxa de 4 litros por minuto. Descubra quantos gramas de sal haverá no tanque
após 30 minutos.

Você também pode gostar