Você está na página 1de 7

Aula de EDP.

Introdução
As Equações diferenciais Ordinárias que envolvem uma ou mais variáveis
dependentes em relação a uma única variável depende já fora estudada por
nós na unidade curricular de EDO.

Trabalhamos nesta altura com alguns métodos de resolução das equações


diferenciais ordinárias, dos quais obtemos soluções exatas e soluções
aproximadas de uma EDO.

Quando utilizamos as EDO´s para resolução de problemas aplicados


acabamos por simplificar em demasia o modelo da realidade física como tal,
facto este devido ao aparecimento nas fórmulas matemáticas de apenas uma
única variável independente sobre as quais dependem todas outras variáveis
independentes que são pertinentes.

Sem margem para dúvidas, utilizar este tipo de de equações diferenciais é


útil ainda que limita as classes de problemas que podemos investigar, já que
a maioria dos casos necessitam de várias variáveis independentes.

Modelar um problema da vida real do ponto de vista matemático em que seja


necessário intervir mais de uma variável independente conduzem-nos aos
modelos de equações diferenciais parciais.

No estudo das equações diferenciais parciais pretende-se expor


conhecimentos básicos que permitam ao estudante entender sem grandes
problemas os exemplos clássicos de:
a) Equações do tipo hiperbólico (problemas que fazem referência a
fenómenos oscilatórios: vibrações de corda, membranas, osciladores
eletromagnéticos)

b) Equações do tipo Parabólico (problemas de condutibilidade térmica e


difusão)
c) Equações do tipo Elíptico (problemas de processos estacionários, ou
seja, que não se alteram com o tempo.

O método de separação de variável também constitui uma ferramenta


importante no processo de aprendizagem das EDP´s, que nos permitirá
conhecer os problemas de Sturm-Liouville e seus autovalores.

Definição. Alguns conceitos fundamentais.

Definição: Uma EDP é uma equação diferencial que pode ser expressa na
forma

 u u  mu 
F  x1 , x2 ,...xn , u, ,..., ,..., k1 k2 k3 =0
 x1 xn  x1 x2 x3 ... xn 
kn

Que nos permite estabelecer uma relação entre as variáveis independentes e


xi , i = 1, 2,..., n , da função que se busca e suas derivadas parciais.

Temos que ki , i = 1, 2,..., n , são inteiros e não negativos tais que:


k1 + k2 + ... + kn = m

A função F é a função prefixada dos seus argumentos

Definição: (Ordem) Chamamos ordem de uma EDP a ordem mais alta das
derivadas que figuram na equação.
Sejam x, y variáveis independentes, u = u( x, y) é a função desejada, então

u u
a) y −x = 0 é uma EDP de 1ª ordem
x y

 2u  2u
b) − = 0 é uma EDP de 2ª ordem
x 2 y 2

Também podemos utilizar as notações

u u  2u
ux  , uy  , uxx 
x y x 2

Definição: Seja uma EDP definida por

 u u  mu 
F  x1 , x2 ,...xn , u, ,..., ,..., k1 k2 k3 =0
 x1 xn  x1 x2  x3 ... kn
xn 

A solução da EDP numa região D das variáveis xi , i = 1, 2,..., n de uma


função qualquer u = u ( x1 , x2 ,...., xn )  C m ( D) , conjunto de funções contínuas na
região D com todas as derivadas de ordem até m inclusive) tal que ao
substituir u e suas derivadas na expressão dada converte-se na identidade
com relaç ão a xi , i = 1, 2,..., n na região D .

u
Exemplo: Encontre a solução u = u( x, y) da equação =0.
x

 2u
Exemplo: Encontre a solução u = u( x, y) da equação = 0.
xy

Solução:

Notas:

a) os exemplos vistos mostram que as EDP’s têm famílias inteiras de


soluções.
b) Existem EDP’s que têm conjuntos de soluções muito pequenos e em
alguns casos obtém-se incluso o conjunto vazio.
2
 u   u 
2

a. A equação   +  = 0 têm por conjunto solução


 x   y 
u( x, y) = cte
2
u  u 
2

b. A equação   +   + 1 = 0 tem todas soluções reais.


 x   y 

c) Apresentaremos mais adiante o problema de como achar as soluções


particulares ou parciais fazendo intervir condições adicionais que
devem fazer parte da equação.

Dada uma EDP de ordem n , uma solução que contenha n funções arbitrárias
chama-se solução geral e qualquer solução obtida a partir destas equações
por condições particulares das funções arbitrárias chama-se solução
particular

Como acontece com as EDO’s com frequência necessitamos determinar


soluções de EDP’s que satisfazem a determinadas condições.

 2u
Exemplo: Dada a EDP = x + y3 . Resolva considerando que
xy

u(1, y) = 2 y 2 − 4 y; u( x, −2) = x + 8 .

Solução:

Pode ser utilizado a terminologia de problemas de valor inicial e de valor de


fronteira para as EDP’s. Sem prejuízo pelo facto de haver uma combinação
de condições iniciais e de fronteira referimos a estes problemas como
problemas de valor de fronteira.
Significado Geométrico das soluções gerais e particular
Seja uma EDP de duas variáveis x, y (para fixar ideias)

 u u  mu 
F  x1 , x2 ,...xn , u, ,..., ,..., k1 k2 k3 =0
 x1 xn  x1 x2  x3 ... kn
xn 

Se a solução de

 u  2u 
F  x, y, u, ,..., ,...  = 0
 x xy 

é por exemplo,

u( x, y) = P( x, y) +  ( y) +  ( x)

utilizaremos funções particulares para  ( y) e  ( x) , e substituiremos as


variáveis u por z . Então a expressão anterior toma a forma z = f ( x, y) .

A figura representa uma superfície num sistema de coordenadas cartesianas


x, y, z .
Para funções arbitrárias  ( y) e  ( x) obteremos uma família de superfícies que
corresponde a uma seleção particular de  ( y) e  ( x) , ou seja, é uma solução
particular. A EDP que tenha esta solução é denominada de Equação
Diferencial da Família de Superfície

a) Observa-se assim, certa analogia com a EDO em que as soluções


gerais com constantes arbitrárias em vez de funções representam
famílias de curvas, onde cada membro da equação corresponde a uma
solução particular.

b) Estas ideias podem generalizar os casos onde existem mais de duas


variáveis independentes. Assim por exemplo, teríamos que se
u = f ( x, y, z) , já não poderíamos visualizar geometricamente:
p = f ( x, y, z ) .

Tratar-se-ia de uma superfície de quatro dimensões ou uma Hiper superfície.

Assim por exemplo x2 + y 2 + z 2 = R2 representam uma esfera centrada em


(0,0,0) e raio R .

A equação x2 + y 2 + z 2 + u 2 = R2 representa uma Hiper esfera de centro (0,0,0,0)


e raio R .
EDP´s que surgem da eliminação de funções arbitrárias.

Como as soluções das EDP´s envolvem funções arbitrárias, parece lógico


que se obtenha uma EDP pelo processo de eliminação de funções. Vejamos
os diversos procedimentos de eliminação.

Notas:

a) Ao derivarmos as funções arbitrárias admitimos que são


diferenciáveis.
b) A EDP obtida em cada caso representa a EDP da família representada
pela solução geral
c) Se uma solução tem um número n de funções arbitrárias é frequente
escrever uma equação diferenciável de ordem maior que n tendo esta
solução.

Você também pode gostar