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Engenharia Ambiental
Disciplina:
Equações Diferenciais Ordinárias
Professora:
Dra. Camila N. Boeri Di Domenico
NOTAS DE AULA 2
11. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE 2º ORDEM – y’’(x) = f (x,y,y’)
11.1. Introdução:
Embora possamos resolver algumas equações não – lineares de 1a ordem através de
técnicas específicas, equações não lineares de ordem maior geralmente resistem à solução. Isso
não significa que uma equação não – linear não tenha solução, mas sim que não existem regras
ou métodos pelos quais sua solução possa ser exibida em termos de funções elementares ou
outros tipos. Como uma consequência, na tentativa de resolver equações de ordem maior,
devemos deter-nos as equações lineares.
Equações lineares de 2a ordem tem uma importância crucial no estudo de equações
diferenciais por duas razões principais. A primeira é que equações lineares tem uma estrutura
teórica rica, subjacente a diversos métodos sistemáticos de resolução. Outra razão para estudar
equações lineares de 2a ordem é que elas são essenciais para qualquer investigação das áreas
clássicas da física matemática como, por exemplo, mecânica dos fluidos, condução de calor,
movimento ondulatório ou fenômenos eletromagnéticos.
é uma função que satisfaça a equação diferencial em I cujo gráfico passa pelo ponto (𝑥0 , 𝑦0 ) com
inclinação igual a 𝑦0′ .
Teorema: Sejam 𝑎𝑛 (𝑥 ), 𝑎𝑛−1(𝑥 ), … , 𝑎1 (𝑥 ), 𝑎0 (𝑥 ) 𝑒 𝑔(𝑥) funções contínuas em um
intervalo I com 𝑎𝑛 (𝑥 ) ≠ 0, para todo x neste intervalo. Se 𝑥 = 𝑥0 é algum ponto deste intervalo,
então existe uma única solução y(x) para o PVI neste intervalo.
Exemplos:
a) Verificar se a função 𝑦 = 3𝑒 2𝑥 + 𝑒 −2𝑥 − 3𝑥 é uma solução para o problema de valor
inicial y’’- 4y = 12x, y(0) = 4, y’(0) = 1
1
b) Verificar se a função 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛(4𝑥) é uma solução para o problema de valor inicial
4
Exemplo:
Verificar se a função y = 3x2 – 6x +3 satisfaz a equação diferencial e as condições de contorno
do problema de valor de contorno:
x2y’’ – 2xy’ + 2y = 6, y(1) = 0, y(2) = 3
A equação
a y’’ + b y’ + c y = 0, (H)
Exemplo
a.) A equação 2y’’ + 3y’ – 5y = 0 é uma equação diferencial ordinária linear de segunda ordem
homogênea.
b.) A equação x3y’’’ – 2xy’’ + 5y’ + 6y = ex é uma equação diferencial ordinária linear de terceira
ordem não-homogênea.
Definição 01: Dizemos que as funções u(x) e v(x) são linearmente dependente (LD) no intervalo
I, se existirem constantes c1 e c2 (não ambas nulas) tais que
c1 u(x) + c2 v(x) = 0,
xI. Caso contrário, dizemos que as funções u(x) e v(x) são linearmente independente (LI) neste
intervalo I.
Definição 02: Dada duas funções quaisquer, u(x) e v(x), definimos o wronskiano das mesmas pelo
seguinte determinante:
u( x ) v( x )
wu( x ), v( x ) = u(x).v’(x) - v(x).u’(x).
u' ( x ) v' ( x )
Teorema: Se u(x) e v(x) são soluções de (H) em um intervalo I C IR, vale a seguinte
afirmação:
“u(x) e v(x) são linearmente independente em I se e somente se w[u(x), v(x)] 0, xI”.
Exemplo Mostre que u(x) = cos2x e v(x) = sen2x são soluções LI da EDO y’’+ 4y = 0 em I = IR.
Solução
u ( x) v( x)
wu ( x), v( x)
u ' ( x) v' ( x)
u (x) = cos2x
u’(x) = - 2 sen2x substituindo na EDO, verificamos que u é solução
u’’(x) = - 4 cos2x
v(x) = sen2x
v’(x) = 2 cos2x substituindo na EDO, verificamos que v é solução
v’’(x) = - 4 sen2x
Teorema: Sejam u(x) e v(x) soluções LI de (H). Então, a solução geral de (H) é dada por:
Exercícios
1. Determine quais das equações abaixo são lineares e indique se são homogêneas ou não:
a) 𝑦𝑦 ′′ + 𝑥𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑥 2
b) 𝑦 ′ + 2𝑦 + 3 = 0
2
c) 3𝑦 ′ + 𝑥𝑦 = 𝑒 −𝑥
d) 𝑥𝑦 ′′ + (𝑥 + 1)𝑦 ′ + 2𝑦 = 𝑦
e) 𝑦 ′′ + √𝑦′ + 𝑦 = 𝑥 2
f) 2𝑦 ′′ + 3𝑦 ′ + 4𝑦 = 5𝑥
𝑥
g) 𝑦 ′′ + 2 𝑦 ′ − (sen 𝑥)𝑦 = 2
h) 𝑦 ′′′ + (𝑥 2 − 1)𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 𝑦 = 5 sen 𝑥
6. Mostre que 𝑢(𝑥 ) = 𝑒 𝑥 sen 2𝑥 e 𝑣(𝑥 ) = 𝑒 𝑥 cos 2𝑥 são soluções Linearmente Independentes
da EDO 𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 5𝑦 = 0.
GABARITO:
1. a) Não linear.
b) Linear e homogênea.
c) Linear e não homogênea.
d) Linear e homogênea
e) Não linear.
f) Linear e não homogênea.
g) Linear e não homogênea.
h) Linear e não homogênea.
2. a) 𝑊 = 0
b) 𝑊 = −𝑥 4
c)𝑊 = 𝑒 5𝑥
d)𝑊 = 0
e) 𝑊 = 0
f) 𝑊 = 0
3. 𝑊 = −6
1 1
4. 𝑦 = 2 𝑒 𝑥 − 2 𝑒 −𝑥
5. Não é solução
6. 𝑊 = 2𝑒 2𝑥
11.4. Solução geral da EDO homogênea associada (H)
Antes de atacar a Eq. (H), vamos ganhar um pouco de experiência analisando um exemplo
especialmente simples. Consideremos a equação
y ’’ – y = 0, (*)
que tem a forma de (H) com a = 1, b = 0 e c = -1. Em outras palavras, a Eq. (*) afirma que
procuramos uma função com a propriedade de a derivada segunda da função ser a própria função.
Uma ligeira meditação levará, possivelmente, a pelo menos uma função bastante conhecida no
cálculo que tem esta propriedade, a função exponencial y1(x) = ex. Um pouco mais de análise
levará a uma segunda função y2 (x) = e-x. A experimentação revelará que os múltiplos destas duas
funções são também soluções da equação. Por exemplo, as funções 2ex e 5e-x também satisfazem
à Eq. (*) , conforme se pode verificar pelo cálculo das derivadas segundas. Da mesma forma as
funções c1.y1 (x) = c1. ex e c2. y2 (x) = c2 .e-x satisfazem à equação diferencial (*) para todos os
valores das constantes c1 e c2 . Depois, tem importância muito grande observar que qualquer soma
das soluções da Eq. (*) é também uma solução. Em particular, uma vez que c1.y1 (x) e c2. y2 (x)
são soluções da Eq. (*), então também é solução a função
y = c1.y1 (x) + c2 .y2 (x) = c1. ex + c2 .e-x (**)
para quaisquer valores de c1 e c2 . Pode-se verificar a afirmação pelo cálculo da derivada segunda
y ’’ da Equação (**). Na realidade, se tem y ’ = c1. ex - c2 .e-x e y ’’ = c1. ex + c2 .e-x então y ’’ é
idêntica a y e a Eq. (*) está satisfeita.
Vamos resumir o que até agora fizemos neste item. Uma vez observado que as funções
y1(x) = ex e y2 (x) = e-x são soluções da Eq. (*), vem que a combinação linear geral (**) destas
funções é também uma solução. Em virtude de os coeficientes c1 e c2 da Eq. (**) serem arbitrários,
esta expressão constitui uma família duplamente infinita de soluções da equação diferencial (*).
É agora possível analisar como escolher, nesta família infinita de soluções, um membro
particular que também obedeça a um dado conjunto de condições iniciais. Por exemplo,
suponhamos que queremos a solução da Eq. (*) que também obedeça às condições iniciais
Em outras palavras, procuramos a solução que passe pelo ponto (0,2) e que, neste ponto,
tenha o coeficiente angular –1. Primeiro, fazemos t = 0 e y = 2, na Eq. (**); isto dá a equação
c1 + c2 = 2. (I)
y ’ = c1. ex - c2 .e-x.
c1 - c2 = - 1. ( II )
Pela resolução das (I) e (II), simultaneamente em c1 e em c2, encontramos que c1 = 1/2 e
c2 = 3/2.
* Raízes Reais Distintas Se r1 r2 são raízes reais distintas da equação característica, então a
solução geral é:
y = c1. e r1 x + c2 .er2 x.
* Raízes Reais Iguais Se r1 = r2 são raízes reais iguais da equação característica, então a solução
geral é:
y = c1. e r x + c2 .x.er x = (c1 + c2 .x)er x.
y ’’ + 5y ’ + 6y = 0, y(0) = 2, y’(0) = 3.
Solução
(I)
( II )
A resolução das Eq. (I) e (II) dá c1 = ____ e c2 = ______. Com estes valores na solução
geral, conseguimos a solução
y ’’ + 4y ’ + 4y = 0, y(0) = 2, y’(0) = 1.
Solução
OBS: Observe, no exemplo anterior, que, embora a equação característica tenha duas raízes
complexas, a solução da equação diferencial é real.
A) Resolver cada uma das seguintes equações diferenciais.
13. y’’ = 0
B) Determinar a solução particular de cada uma das seguintes equações diferenciais sujeitas
às condições dadas.
16. y’’ – 8y’ + 15y = 0; y(0) = 4 e y’(0) = 2 17. y’’ – 6y’ + 9y = 0; y(0) = 2 e y’(0) = 4
18. y’’ + 25y = 0; y(0) = 2 e y’(0) = 0 19. y’’ – 12y’ + 36y = 0; y(0) = 1 e y’(0) = 0
Respostas
1. y = C1 e7x + C2 e-2x 2. y = C1 e4x + C2 e-2x
3. y = C1 ex + C2 e-x 4. y = C1 + C2 e3x
5. y = C1 e3x/2 + C2 e5x 6. y = C1 e2x + C2 ex/3
Nesta seção, vamos descrever dois métodos para encontrar a solução geral de uma
equação diferencial linear não-homogênea. Em ambos, o primeiro passo é encontrar a solução
geral, denotada por yh, da equação homogênea correspondente. Após isso, tentamos encontrar
uma solução particular, yp, da equação não-homogênea. Combinando esses dois resultados,
podemos concluir que a solução geral da equação não-homogênea é y = yh + yp, como enunciado
no próximo Teorema.
Teorema Solução geral de uma equação linear não homogênea (NH)
Seja ay” + by’ + cy = F(x) uma equação diferencial linear não homogênea de 2ª ordem. Se
yp , é uma solução particular dessa equação e se y h é a solução geral da equação homogênea
correspondente, então:
y = yh + yp.
é a solução geral da equação não-homogênea.
11.5.1. O MÉTODO DOS COEFICIENTES A DETERMINAR
podemos encontrar urna solução particular pelo método dos coeficientes a determinar. A idéia
do método é tentar uma solução yp do mesmo tipo que F(x). Eis alguns exemplos:
1. Se F(x) = 5x + 4, escolha yp = Ax + B;
Solução:
Para encontrar yh , resolvemos a equação característica
Logo, yh = C1e- x + C2 e 3x. A seguir, vamos tomar yp do mesmo tipo que sen2x, isto é,
Substituindo na equação, obtemos:
Portanto, yp é uma solução, desde que os coeficientes dos termos correspondentes sejam
iguais. Obtemos, então, o sistema
Podemos, também, usar o método dos coeficientes a determinar para uma equação não-
homogênea de ordem mais alta. O próximo exemplo ilustra esse procedimento.
Exemplo O método dos coeficientes a determinar para uma equação de terceira ordem.
Exercícios
Respostas
x 3 x 3 16 6
02) y(x) = C1.e 2 . cos x C 2 .e 2 .sen x .sen 3x . cos3x.
2 2 73 73
a) 2y’’ + 2y’ + y = x2
b) y’’ + 2y’ = 4 sen (2x)
c) y’’ + 3y’ + 2y = e2x
d) y’’ - 3y’ - 4y = 3e2x
e) y’’ - 3y’ - 4y = 8
f) y’’ - 3y’ - 4y = 2 sen(x)
g) y’’ - 5y’ = 5x+5
h) y’’ +4y’ = cos (x)
Respostas
a) y = C1 e(-x/2) sen(x/2)+ C2 e(-x/2) cos (x/2)+ x2 – 6x +14
e) y = C1 e-x + C2 e4x - 2
g) y = C1+ C2 e5x –x
O método dos coeficientes a determinar funciona bem se F(x) é uma soma de termos
polinomiais ou de funções cujas derivadas sucessivas formam um padrão cíclico. Para funções
como (1/x) ou tgx que não possuem tais características usamos um método mais geral conhecido
como método de variação dos parâmetros. Nesse método, supomos que yp tem a mesma forma
que yh, exceto que as constantes em yh são substituídas por variáveis.
' '
u1 y1 u 2 y 2 F ( x)
' '
.
4. Integre para encontrar u1 e u2. A solução geral é y = yh + yp.
Solução
A equação característica m2 - 2m + 1 = (m - 1)2 = 0 tem apenas uma solução, m = 1. Então,
a solução da equação homogênea é
' x
u1e u 2 ( xe e ) (e / 2 x)
' x x x
1 x 1 1 1
u1 dx u2 dx ln x ln x
2 2 e 2 x 2
a) y’’ + y’ - 2 = e3x
b) y’’ + y = 1/sen(x)
c) y’’ – 3y’ + 2y = ex .sen(x); y(0) = -1 e y’(0) = 1
d) y’’ + y = tg(x); y(0) = 1 e y’(0) = 1
Respostas
a) y = C1 ex + C2 e-2x + (1/10) e3x