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Capítulo 4

EQUAÇÕES DIFERENCIASI LINEARES DE ORDEM SUPERIOR


4.1.2 Dependência Linear e Independência Linear

4.1.3 Soluções para Equações Lineares

4.1 Exercícios

4.1.2 Dependência Linear e Independência Linear

Definição 4.1 - Dependência Linear


Dizemos que um conjunto de funções f 1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente
dependente em um intervalo I se existem constantes c1, c2, ..., cn não todas nulas,
tais que
c1f1(x) + c2f2(x) + ... + cnfn(x) = 0
para todo x no intervalo.

Definição 4.2 – Independência Linear


Dizemos que um conjunto de funções f 1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente
independente em um intervalo I se ele não é linearmente dependente no intervalo.

Em outras palavras, um conjunto de funções é linearmente independente em um


intervalo se as únicas constantes para as quais

c1f1(x) + c2f2(x) + ... + cnfn(x) = 0

para todo x no intervalo, são c1 = c2 = ... cn = 0.

É fácil de entender essas definições no caso de duas funções f 1(x) e f2(x). Se as


funções são linearmente dependentes em um intervalo, então existem constantes c1 e
c2, que não são ambas nulas, tais quem para todo x no intervalo,

c1f1(x) + c2f2(x) = 0

EXEMPLO 8

As funções f1(x) = sen 2x e f2(x) = sen x cos x são linearmente dependentes no intervalo
de (-∞, ∞), pois

c1 sen 2x + c2 sen x cos x = 0


é satisfeita para todo x real se c1 = 1/2 e c2 = -1. (Identidade trigonométrica sen 2x = 2
sem x cos x)

E X E M P L O 10

As funções f1(x) = 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥, f2(x) = 𝑠𝑒𝑛2 𝑥, f3(x) = 𝑠𝑒𝑐 2 𝑥, f4(x) = 𝑡𝑔2 𝑥 são linearmente
dependentes no intervalo (-𝜋/2, 𝜋/2), pois

c1 cos2x + c2 sen2x + c3 sec2x + c4 tg2x = 0,

quando c1 = c2 = 1, c3 = -1, c4 = 1. Observamos que cos2x + sen2x = 1 e 1 + tg2x = sec2x.

Dizemos que um conjunto de funções f1(x), f2(x), ..., fn(x) é linearmente dependente em
um intervalo se pelo menos uma função pode ser expressa como uma combinação
linear das outras funções.

Wronskiano

O seguinte teorema proporciona condições para a independência linear de n funções


em um intervalo. Supomos que cada função seja diferenciável pelo menos n – 1 vezes.

TEOREMA 4.2 - Critério para Independência Linear de Funções


Suponha que f1(x), f2(x), ..., fn(x) sejam diferenciáveis pelos menos n – 1 vezes. Se o
𝑓1 𝑓2 … 𝑓𝑛
determinante 𝑓′1 𝑓′2 … 𝑓′𝑛
𝑓1 (𝑛−1) 𝑓 (𝑛−1) 2 … 𝑓 (𝑛−1) 𝑛
For diferente de zero em pelo menos um ponto do intervalo I, então as funções
𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥) serão linearmente independentes no intervalo.

O determinante do teorema precedente é denotado por W(𝑓1 (x), 𝑓2 (x), ..., 𝑓𝑛 (x))
e é chamando de Wronskiano das funções.

Corolário

Se f1(x), f2(x), ..., fn(x) possui pelo menos n – 1 derivadas e são linearmente
dependentes em I então

W(f1(x), f2(x), ..., fn(x)) = 0

Para todo x no intervalo.

E X E M P L O 12

As funções f1(x) = sen2x e f2(x) = 1 – cos2x são linearmente dependentes em (-∞, ∞).
(Porquê?) Pelo corolário precedente, W(sen2x, 1 – cos22x) = 0
sen2x 1 – cos2x
W(sen2x, 1 – cos22x) = | |
2 𝑠𝑒𝑛 𝑥 cos 𝑥 2 𝑠𝑒𝑛 2𝑥
= 2 sen2x sen 2x – 2 sen x cos x + 2 sen x cos x cos 2x

= sen 2x[2 sen2x – 1 + cos 2x]


= sen 2x[ 2 sen2x – 1 + cos2x – sen2x]

= sen 2x[ sen2x + cos2x – 1] = 0

4.1.3 Soluções para Equações Lineares


Equações Homogêneas

Uma equação diferencial de n-ésima ordem da forma

𝑑𝑛 𝑦 𝑑𝑛 – 1 𝑦 𝑑𝑦
an(x) 𝑛 + an – 1(x) + + … + a1(x) + a0(x)y = 0 (3)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑛−1 𝑑𝑥
é chamada de homogênea, enquanto

𝑑𝑛 𝑦 𝑑𝑛 – 1 𝑦 𝑑𝑦
an(x) 𝑛 + an – 1(x) + + … + a1(x) + a0(x)y = g(x), (4)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑛−1 𝑑𝑥
com g(x) não identicamente zero, é chamada de não-homogênea.

E X E M P L O 17

(a) A equação 2y’’ + 3y’ – 5y = 0


é uma equação diferencial ordinária linear de segunda ordem homogênea
(b) A equação x3y’’’ – 2xy’’ + 5y’ + 6y = ex
é uma equação diferencial ordinária de terceira ordem não-homogênea.

TEOREMA 4.3 Princípio da Superposição – Equações Homogêneas


Sejam y1, y2, ..., yk soluções para a equação diferencial linear de n-ésima ordem
homogênea (3) em um intervalo I. Então, a combinação linear
y = c1y1(x) + c2y2(x) + ... + ckyk,
em que os ci, i = 1, 2, ..., k, são constantes arbitrárias, é também uma solução no
intervalo.

COROLÁRIOS
(A) Um múltiplo y = c1y1(x) de uma solução y1(x) para uma equação diferencial
linear homogênea é também solução.
(B) Uma equação diferencial linear homogênea sempre possui a solução trivial y
=0

Soluções Linearmente Independentes

TEOREMA 4.4 Critério para Independência Linear de Soluções


Sejam y1, y2, ..., yn n soluções para a equação diferencial linear de n-ésima ordem (3)
em um intervalo I. Então, o conjunto de soluções é linearmente independente em I
se e somente se
W(y1, y2, ..., yn) ≠ 0
Para todo x no intervalo.
DEFINIÇÃO 4.3 Conjunto Fundamental de Soluções
Qualquer conjunto y1, y2, ..., yn de n soluções linearmente independentes para a
equação diferencial linear homogênea de n-ésima ordem (3) em um intervalo I é
chamado de conjunto fundamental de soluções no intervalo.

TEOREMA 4.5
Sejam y1, y2, ..., yn de n soluções linearmente independentes para a equação
diferencial linear homogênea de n-ésima ordem em um intervalo I. Então, toda
solução Y(x) para (3) é uma combinação linear das n soluções independentes y 1, y2,
..., yn, ou seja, podemos encontrar constantes C1, C2, ..., Cn, tais que
Y = C1y1(x) + C2y2(x) + ... + Cnyn(x).

TEOREMA 4.6 Existência de um Conjunto Fundamental


Existe um conjunto fundamental de soluções para a equação diferencial linear
homogênea de n-ésima ordem (3) em um intervalo I.

DEFINIÇÃO 4.4 Solução Geral – Equações Homogêneas


Sejam y1, y2, ..., yn n soluções linearmente independentes para a equação diferencial
homogênea de n-ésima ordem (3) em um intervalo I. A solução geral para a equação
no intervalo é definida por
y = c1y1(x) + c2y2 + ... + cnyn,
em que os ci, i = 1, 2, ..., n são constantes arbitrárias.

E X E M P L O 21

A equação de segunda ordem y’’ – 9y = 0 possui duas soluções

y1 = e3x e y2 = e-3x.
3𝑥
Como W(e3x, e-3x) = | 𝑒 3𝑥 𝑒 −3𝑥 | = −6 ≠ 0
3𝑒 −3𝑒 −3𝑥
Para todo valor de x, y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções em
(−∞, ∞). A solução geral para a equação diferencial no intervalo é

y = c1e3x + c2e-3x.

Equações Não-Homogêneas

Qualquer função yp, independente de parâmetros, que satisfaça (4) é chamada de


solução particular para a equação (algumas vezes é chamada integral particular).

E X E M P L O 24

Uma solução particular para

y’’ + 9y = 27
é yp = 3 pois y’’p = 0 e 0 + 9yp = 9(3) = 27.

TEOREMA 4.7
Sejam y1, y2, ..., yn soluções para a equação diferencial linear homogênea de n-ésima
ordem (3) em um intervalo I e seja yp qualquer solução para a equação não-
homogênea (4) no mesmo intervalo. Então,
y = c1y1(x) + c2y2 + ... + ckyk(x) + yp(x)

é também uma solução para a equação não-homogênea no intervalo para quaisquer

constantes c1, c2, ..., ck.

TEOREMA 4.8
Sejam y1, y2, ..., yn soluções para a equação diferencial linear homogênea de n-ésima
ordem (3) em um intervalo I e seja {y1, y2, ..., yn} um conjunto fundamental de
soluções para a equação homogênea associada (3) no intervalo. Então, para
qualquer solução Y(x) de (4) em I, podemos encontrar constantes C1, C2, ..., Cn tais
que
Y = C1y1(x) + C2y2(x) + … + Cnyn(x) + yp(x).

DEFINIÇÃO 4.5 Solução Geral – Equação Não-Homogênea


Seja yp uma dada solução para a equação diferencial linear não-homogênea de n-
ésima ordem (4) em um intervalo I e seja
yc = c1y1(x) + c2y2 + ... + cnyn(x)
a solução geral para a equação homogênea associada (3) no intervalo. A solução
geral para a equação não-homogênea no intervalo é definida por
y = c1y1(x) + c2y2(x) + … + cnyn(x) + yp(x) = yc(x) + yp(x).

Função Complementar

Na Definição 4.5, a combinação linear

yc(x) = c1y1(x) + c2y2(x) + … + cnyn(x),

que é a solução geral para (3), é chamada de função complementar para a equação
(4). Em outras palavras, a solução geral para uma equação diferencial linear não-
homogênea é

y = função complementar + qualquer solução particular.

E X E M P L O 25
11 1
Por substituição, verificamos facilmente que a função yp = − 12 − 2 𝑥 é uma solução
particular para a equação não-homogênea
𝑑3𝑦 𝑑2𝑦 𝑑𝑦
3
− 6 2
+ 11 − 6𝑦 = 3𝑥
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Para escrever a solução geral para (8), devemos também ser capazes de resolver a
equação homogênea associada

𝑑3𝑦 𝑑2𝑦 𝑑𝑦
− 6 + 11 − 6𝑦 = 0.
𝑑𝑥 3 𝑑𝑥 2 𝑑𝑥
Mas a solução geral para essa última equação no intervalo (−∞, ∞) é

yp = c1ex + c2e2x + c3e3x.

Portanto, a solução geral para (8) no intervalo é


11 1
y = yc + yp = c1ex + c2e2x + c3e3x − − .
12 x

Outro Princípio de Superposição

TEOREMA 4.9 Princípio de Superposição – Equações Não-Homogêneas


Sejam yp1, yp2, ..., ypk k soluções particulares para a equação diferencial linear de n-
ésima ordem (4) em um intervalo I, corresponde a k funções distintas g1, g2, ..., gk.
Isto é, suponha que ypi seja uma solução particular para a equação diferencial
correspondente
an(x)y(n) + an – 1(x)y(n – 1) + ... + a1(x)y’ + a0(x)y = gi(x),
em que I = 1, 2, …, k. Então,
yp = yp1(x) + yp2(x) + ... + ypk(x)
é uma solução particular para
an(x)y(n) + an – 1(x)y(n – 1) + ... + a1(x)y’ + a0(x)y = g1(x) + g2(x) + … + gk(x).

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