Você está na página 1de 12

Resolução : OBMU 2019

x2
Questão 1 Sobre a equação n
= cos x, onde n ∈ N fixado, é correto afirmar
que:

(a) ela tem um número infinito de soluções no intervalo [0, +∞),

(b) ela tem um número finito e impar de soluções em R,

(c) ela tem exatamente uma solução no intervalo (0, π2 ),

(d) se an é uma solução pertencente ao intervalo (0, π2 ), então


lim an não existe.
n→∞

Solução: Veja que a equação acima só faz sentido para valores de x no qual o função
cosseno é não negativa, isto é, nos intervalos da forma: [− π2 + 2kπ, π2 + 2kπ], onde
k é um número enteiro.

2
Considere a função g(x) = xn − cos x, em particular ela é contı́nua no intervalo
π2
[− π2 , π2 ] e g(− π2 ) = 4n , g(0) = −1 tem sinais opostos, logo pelo Teorema do Valor
Intermediário, existe uma raiz no intervelo (− π2 , 0) de maneira analoga deveria ter
2
uma raiz no intervalo (0, π2 ) e são únicas pelo fato, que as funções xn e cos x tem
concavidades diferentes (veja figura acima). Outra informação interessante é que
pelo fato de ambas funções ser par: as soluções sao simétricas com respeito da
origem.
2
(a) Este item é falso: veja a equação xn = cos x, as soluções estam
√ √
contidas no intervalo [− n, n] ja que o valor máximo do
coseno é 1.
Por outro lado, vai existir um k0 tal que ∀k > k0 temos

que: n ≤ − π2 + 2kπ, logo vai existir um número finito
de intervalos e pelo observado acima, um número finito de
soluções.

(b) Este item é falso: como vimos acima a equação realmente tem
um número finito soluções porem pela simetria com respeito
da origem das soluções são um número par.

(c) Este item é verdadeiro: veja a figura e comentários acima.

(d) Este item é falso: pela figura e comentários acima, existe uma
única solução no intervalo (0, π2 ), então a sequencia {an } é
constante lim an existe.
n→∞
Para cada n ∈ N existe uma única solução da equação acima
2 2
no intervalo (0, π2 ), assim temos ann = cos(an ) e lim ann = 0
n→∞
π
e portanto lim cos(an ) = 0 então lim an = 2
n→∞ n→∞

2
P
Questão 5 Calcule o resultado da seguinte série: 4n2 +8n+3
n=1

Solução: Vamos verificar que esta série é de Encaixe ou Telescópica:


2 2 A B
= = +
4n2 + 8n + 3 (2n + 1)(2n + 3) 2n + 1 2n + 3

onde A e B são constantes determinar. Eliminando o denominador obtemos


2 = A(2n + 3) + B(2n + 1) = (2A + 2B)n + (3A + B), esta equação implica que
A + B = 0 e 3A + B = 2, logo A = 1 e B = −1. Assim de fato podemos escrever
2 1 1
= − = bn − bn+1
4n2 + 8n + 3 2n + 1 2n + 3
Logo a série é de encaixe e a somas parciais Sn vem dada por:

Sn = b1 − bn+1

2
= b1 = 13 .
P
Tomando o limite quando n vai para infinito obtemos 4n2 +8n+3
n=1
Questão 6 Seja z ∈ C com |z − 4| = 1. Determine o valor máximo de |z + 3i|

Solução: Todo número


p complexo é da forma: z = x + iy, com x, y números reais,
e sua norma é |z| = x2 + y 2 . Então temos as seguintes equações:

|z − 4|2 = (x − 4)2 + y 2 = 1; |z + 3i|2 = x2 + (y + 3)2

O problema então é achar o valor máximo da função x2 + (y + 3)2 com a condição


(vinculo) (x − 4)2 + y 2 = 1. Então podemos usar o Método dos multiplicadores de
Lagrange, isto é:

F (x, y, λ) = x2 + (y + 3)2 − λ((x − 4)2 + y 2 − 1)

Achar pontos crı́ticos de F . Fx = 2x − 2λ(x − 4) = 0, Fy = 2(y + 3) − 2λy e


Fλ = (x − 4)2 + y 2 − 1 = 0, isto é:

 2x = 2λ(x − 4)
2(y + 3) = 2λy
2 2
(x − 4) + y = 1

Se x 6= 4 e y 6= 0 temos que
x y+3
= =λ
x−4 y

então, y = 34 x − 3 e substituindo na equação do vinculo e simplificando temos:


25x2 − 200x + 384 = 0 cuja raizes são x = 24 5
e x = 16
5
, gerando dois pontos P+ =
24 3 16 3
( 5 , 5 ) e P− = ( 5 , − 5 ). Substituindo em x + (y + 3)2 obtemos respectivamente
2

36 e 16, logo 6 é o valor máximo e 4 o valor mı́nimo desta função sobre o vinculo.
Questão 12 Seja n um inteiro ı́mpar e v1 , v2 , ...., vn vetores linearmente indepen-
dentes sobre R. Qual é a menor dimensão possı́vel do espaçøgerado pelos vetores
v1 + v2 , v2 + v3 , v3 + v4 , ...., vn−1 + v1 ?
(a) n (b) 1 (c) 2 (d) n − 1

Solução: Considere uma combinação linear dos vetores


v1 + v2 , v2 + v3 , v3 + v4 , ...., vn + v1 igual a zero, isto é,
x1 (v1 + v2 ) + x2 (v2 + v3 ) + x3 (v3 + v4 ) + .... + xn (vn + v1 ) = 0
que podemos escrever:
(x1 + xn )v1 + (x1 + x2 )v2 + (x2 + x3 )v3 + .... + (xn−1 + xn )vn = 0
como v1 , v2 , ...., vn vetores linearmente independentes, então a única solução do
sistema acima é:


 x 1 + xn = 0
 x1 + x2 = 0


x2 + x3 = 0
........ = 0




xn−1 + xn = 0

é um sistema linear de ordem n homogêneo e cuja matriz dos coeficentes é para


(n = 5):  
1 0 0 0 1
 1 1 0 0 0 
 
A=  0 1 1 0 0 

 0 0 1 1 0 
0 0 0 1 1
Calculando o determinante usando o Teorema de Laplace ao longo da primeira
linha, obtemos

1 0 0 0 1

1 1 0 0 0

det(A) = 0 1 1 0 0 =
0 0 1 1 0

0 0 0 1 1

1 0 0 0 1 1 0 0

1 1 0 0
+ (−1)n+1 0 1 1 0


0 1 1 0 0 0 1 1

0 0 1 1 0 0 0 1
Em geral como o determinante de uma matriz é igual ao determinante de sua
matriz transposta e n um inteiro ı́mpar então

1 0 0 0

1 1 0 0
det(A) = 2 =2
0 1 1 0

0 0 1 1

Portanto, os vetores são linearmente independente e a dimensão gerada por este


subespaço é n
Questão 14 Seja M3×3 o espaço de todas as matrizes 3 × 3 com coeficentes reais.
Se S é o subespaço de M3×3 gerada pelas matrizes da forma AB − BA em M3×3 ,
encontre a sua dimensão.

(a) 1 (b) 2 (c) 4 (d) 8

Solução: O traço de uma matriz quadrada de ordem n, é um número real dado


por:
tr(A) = a11 + a22 + .... + ann
onde A = (aij ). Isto induz uma aplicação linear do espaço das matrizes Mn×n sobre
R. Então pelo Teorema do Núcleo e da Imagem temos:
dim Im(T ) + dim N u(T ) = dim(Mn×n ), isto é, dim N u(T ) = n2 − 1. Em par-
ticular para n = 3, temos que dim N u(T ) = 32 − 1 = 8 e

N u(T ) = {A ∈ M3×3 ; tr(A) = a11 + a22 + a33 = 0}

Por outro lado, usando a propriedade do traço, temos que: tr(AB) = tr(BA)
então tr(AB − BA) = 0. Assim o conjunto das matrizes da forma AB − BA estam
contidas no N u(T ), em particular o subespaço S ⊆ N u(T ). Vamos determinar
a base de S, denotemos a base canônica de M3×3 por Amn = (amn mn
ij ), onde aij =
δim δjn e δ é o delta de Kronecker. Então podemos escrever:
 
0 1 0
 0 0 0  = A11 · A12 − A12 · A11
0 0 0
 
0 0 1
 0 0 0  = A11 · A13 − A13 · A11
0 0 0
 
0 0 0
 1 0 0  = A21 · A11 − A11 · A21
0 0 0
 
0 0 0
 0 0 1  = A21 · A13 − A13 · A21
0 0 0
 
0 0 0
 0 0 0  = A32 · A21 − A21 · A32
1 0 0
 
0 0 0
 0 0 0  = A31 · A12 − A12 · A31
0 1 0
 
1 0 0
 0 −1 0  = A12 · A21 − A21 · A12
0 0 0
 
1 0 0
 0 0 0  = A13 · A31 − A31 · A13
0 0 −1
Então S = N u(T ) e dim(S) = 8.
Questão 17 A parte inteira de um número real x, denotada por [x], é o maior
inteiro que ne maior que x. A parte fracionária de x, denotada por {x}, é dada
pelo valor de x − {x}. Por exemplo, se x = 1, 71, então [x] = 1 e {x} = 0, 71.
Determine √
lim {(2 + 3)n }
n→∞
√ √
3 2
(a) (b) 1 (c) (d) 0
2 2
√ √ n
Solução: Como 0 < 2 − 3 < 1, então lim (2 − 3) = 0. por outro lado, o
√ n→∞
desenvolvimento dos binômios (2 ± 2)n temos:
n   n
√ n k √ n−k √ √
 
n−k n
X X
n n
(2 + 3) = 2 ( 3) ; (2 − 2) = (−1) 2k ( 3)n−k
k=0
k k=0
k

Assim somando:
n−kpar  
√ n √ n X n √
(2 + 3) + (2 − 3) = 2 2k ( 3)n−k
0≤k≤n
k

Isto é, ( 3)n−k é um número natural, assim:
√ √
(2 + 3)n + (2 − 3)n = Nn ∈ N

Então temos: √ √
(2 + 3)n = Nn − (2 − 3)n
√ √ √ √
Portanto, {(2 + 3)n } = {Nn − (2 − 3)n } = {1 − (2 − 3)n } = 1 − (2 − 3)n
para n suficentemente grande. Logo,
√ √
lim {(2 + 3)n } = lim 1 − (2 − 3)n = 1
n→∞ n→∞
Questão 21 Determine o valor de
Z π
2 x sin(2x)
dx
0 1 + cos2 (2x)

π π2 π π2
(a) (b) (c) (d)
2 4 8 16

Solução: Fazendo a mudança u = 2x, temos du = 2dx ou dx = 12 du. Portanto,


π
Z Z π
2 x sin(2x) 1 u sin(u)
I= 2
dx = du
0 1 + cos (2x) 4 0 1 + cos2 (u)

Vamos usar a variavel x por u, então

1 π x sin(x)
Z
I= dx
4 0 1 + cos2 (x)
sin(x)
Usando integração por partes: u = x e dv = 1+cos2 (x)
dx, temos

1n π Z π o
I= − x arctan(cos x) + arctan(cos x)dx

4 0 0

Provaremos que: Z π
arctan(cos x)dx = 0
0
Para isto, usaremos o seguinte resultado:
Z b Z b
f (x)dx = f (a + b − x)dx
a a

Assim,
Z π Z π Z π
arctan(cos x)dx = arctan(cos(π − x))dx = arctan(− cos x)dx
0 0 0

usando que a função arctan(x) é impar provamos que a integral acima é zero,
portanto:
1n o π2
I = − π arctan(−1) − 0 =
4 16
Questão 23 Calcule
n
πk
cot2 ( 2n+1
P
)
k=1
lim
n→∞ n2

1 1 2 π2
(a) (b) (c) (d)
2 3 3 6

Solução: Usando a fórmula de De Moivre temos:

(eiα )2n+1 = cos((2n + 1)α) + i sin((2n + 1)α)

Por outra lado, eiα = cos(α) + i sin(α)


n  
iα 2n+1 2n+1
X 2n + 1
(e ) = (cos(α) + i sin(α)) = cos2n+1−k (α)(i sin(α))k
k=0
k

então igualando a parte imaginária, temos


n  
X 2n + 1
sin((2n + 1)α) = (−1)k cos2n−2k (α) sin2k+1 (α)
k=0
2k + 1

multiplicando:

2n+1 cos2n−2k (α) sin2k+1 (α) 2n+1 cos2n−2k (α)


sin (α) 2n+1 = sin (α) 2n−2k
= sin2n+1 (α) cot2n−2k (α)
sin (α) sin (α)
n  
2n+1
X 2n + 1
sin((2n + 1)α) = sin (α) (−1)k cot2n−2k (α)
k=0
2k + 1

α ∈ R fazendo α = 2n+1
e k = 1, 2, ...., n , temos:
n  
X 2n + 1 k

2
 (k + 1)π n−k
0= (−1) cot
k=0
2k + 1 2n + 1

Isto mostra que


 kπ 
cot2
, k = 1, 2, ...., n
2n + 1
são raizes do n−raizes do polinômio:
n  
X 2n + 1
p(x) = (−1)k xn−k
k=0
2k + 1
Por outro lado, se o polinômio de grau n, an xn + .... + a0 possui n-raizes então a
soma das raizes é − an−1
an
, usando este resultado temos:
n  kπ  2n+1

X
2 2
cot = 1
2n+1
 = n2 − n
k=1
2n + 1 3
3

Assim n
πk
cot2 ( 2n+1
P
)
k=1 2
lim =
n→∞ n2 3

Você também pode gostar