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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA�BA
REITOR: VALDINEY VELOSO GOUVEIA
VICE-REITORA: LIANA FLIGUEIRA CAVALCANTE
EDITOR
Dr Ulisses Carvalho Silva
CONSELHO EDITORIAL DESTA PUBLICAÇÃ� O
Dr Ulisses Carvalho Silva
Carlos José Cartaxo
Magno Alexon Bezerra Seabra
José Francisco de Melo Neto
José David Campos Fernandes
Marcí�lio Fagner Onofre
SECRETÁ� RIO DO CONSELHO EDITORIAL
Paulo Vieira
LABORATÓ� RIO DE JORNALISMO E EDITORAÇÃ� O
COORDENADOR
Pedro Nunes Filho
Capa: Maria Rennally Soares da Silva
Projeto Gráfico: José Luiz da Silva
2
SUMÁ� RIO
5 PREFÁ� CIO
EL DESARROLLO DE LACOMPETENCIA COMUNICATIVA INTERCUL-
9 TURAL EN LAS CLASES DE ESPA� OL COMO LENGUA EXTRANJERA
Maria Helena Pereira Gomes
Ruth Marcela Bown Cuello
ALGUNAS PROPUESTAS DIDACTICAS A CERCA DE LA INTEGRACIÓ� N
24 DE LA CULTURA AL PROCESO DE ENSE� ANZA APRENDIZAJE DE ELE
Kariny Dias de Oliveira
Jair Ibiapino Pereira Tavares
C�RCULOS DE LECTURA Y LITERATURA INFANTIL: ALIADOS PARA EL
35 APRENDIZAJE DE LA LENGUA ESPA� OLA
María José Núñez Merino
Siomara Regina Cavalcanti de Lucena
CHOQUES LINGU�STICOS-CULTURAIS NA APRENDIZAGEM COLABO-
52 RATIVA DE ESPANHOL E PORTUGU� S COMO L�NGUAS ESTRANGEI-
RAS
Rickison Cristiano de Araújo Silva
Fábio Marques de Souza
LINGUAGEM VERBAL E N� O-VERBAL: UM ESTUDO SOBRE COMPE-
68 TENCIA COMUNICATIVA
Gustavo Enrique Castellón Agudelo
Yeman Omar Zapata Barbosa
DIDÁ� TICA E AVALIAÇÃ� O DA COMPREENSÃ� O LEITORA EN LÍ�NGUAS
78 ESTRANGEIRAS
Secundino Vigón Artos
LA ACEPTACI� N DEL VOSEO Y EL USO EN LA LITERATURA DEL R�O
90 DE LA PLATA
Baistrocchi Flavio Dionel
COMPET� NCIAS COMUNICATIVA E TRADUT� RIA NO ENSINO-
105 -APRENDIZAGEM DE L�NGUAS PARA FINS TRADUTOL� GICOS: UMA
BREVE ANÁ� LISE TEÓ� RICO-COMPARATIVA
Pedro Paulo Nunes da Silva
RELAÇÕ� ES INTERNACIONAIS E O ENSINO DE LÍ�NGUA INGLESA NO
124 N� CLEO DE L�NGUAS DA UEPB: INVESTIGANDO A ORALIDADE PE-
LAS LENTES DA LINGU�STICA SIST� MICO-FUNCIONAL
Janaine dos Santos Rolim
Elaine Espíndola Baldissera
ESTRATÉ� GIAS DE APRENDIZADO DE GRAMÁ� TICA E MODOS DE
140 INSTRUÇÃ� O: CONFRONTANDO PERCEPÇÕ� ES DE PROFESSORES E
ALUNOS
Matheus de Almeida Barbosa
Maylton da Silva Fernandes
O INGL� S E O ISL� : QUANDO O ORIENTE E O OCIDENTE SE ENCON-
TRAM – REFLEXÕ� ES ACERCA DOS IMPACTOS SOCIOCULTURAIS E
157 ANTROPOLÓ� GICOS DO OLHAR SOBRE O OUTRO NO PROCESSO DE
ENSINO-APRENDIZAGEM DE L�NGUA INGLESA
Thaïs de Matos Barbosa
168 REFLEX� ES DA IMPORT� NCIA DO USO DAS TDIC NO ENSINO DE ILE
José Augusto de Oliveira Neto
O ENSINO-APRENDIZADO DO MANDARIM: DESAFIOS PARA OS FA-
183 LANTES DE PORTUGU� S
Ana Berenice Peres Martorelli
Larissa Guedes de Souza
UNA INTROVERSI� N SOBRE LA INTERLENGUA DE BRASILE� OS
194 ESTUDIANTES DE ELE
Eneida Maria Gurgel de Araújo
Kariny Dias de Oliveira
NULLE PART DANS LA MAISON DE MON PERE: LENDO ASSIA DJEBAR
205 EM AULA DE LINGUA FRANCESA
Maria Rennally Soares da Silva
Francisca Zuleide Duarte de Souza
PREFÁCIO
5
Pedro Paulo Nunes da Silva, da Universidade Estadual da Paraí�ba,
apresenta uma breve análise comparativa das competências comu-
nicativa e tradutória, destacando suas semelhanças e diferenças. O
capí�tulo discute como essas competências podem ser utilizadas no
ensino de lí�nguas para fins tradutológicos, pontuando a importân-
cia de considerar as competências comunicativa e tradutória como
orientadoras do ensino tradutológico de lí�nguas.
No terceiro capí�tulo, intitulado “Estratégias de aprendi-
zado de gramática e modos de instrução: confrontando per-
cepções de professores e alunos”, os autores Matheus de Almeida
Barbosa e Maylton da Silva Fernandes, da Universidade Federal da
Paraí�ba, buscam investigar como professores e alunos enxergam
diferentes estratégias de aprendizagem gramatical e como essas in-
formações refletem na aquisição da lí�ngua estrangeira alvo.
Ainda no campo linguí�stico, o quarto artigo intitulado La
aceptación del voseo y el uso en la literatura del Río de la plata,
de autoria de Flavio Dionel Baistrocchi, da Universidade Estadual
da Paraí�ba, explora a aceitação do uso do pronome “vos” e sua in-
corporação na linguagem de uma parcela dos falantes de espanhol.
Nesse estudo, verifica-se que o uso de “vos” se tornou o fenômeno
linguí�stico predominante em relação ao pronome pessoal informal
“tú” para os falantes da região do Rio da Prata.
O quinto capí�tulo, intitulado Una introversión sobre la in-
terlengua de brasileños estudiantes de ELE, de autoria de Eneida
Maria Gurgel de Araújo e de Kariny Dias de Oliveira, da Universida-
de Estadual da Paraí�ba, aborda o conceito de interlí�ngua em estu-
dantes brasileiros de espanhol como lí�ngua estrangeira (ELE). Esta
pesquisa tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre alguns
conceitos-chave da interlí�ngua no processo de ensino-aprendiza-
gem de brasileiros estudantes de Espanhol como Lí�ngua Estrangei-
ra (ELE).
6
Em Reflexões da importância do uso das TDIC no ensino
de ILE, sexto capí�tulo de autoria de José Augusto de Oliveira Neto, da
Universidade Estadual da Paraí�ba, se discute a importância do uso
das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) no
ensino de inglês como lí�ngua estrangeira (ILE). O artigo tem como
objetivo proporcionar uma reflexão abrangente sobre a importân-
cia das tecnologias, em particular no âmbito educacional.
No sétimo capí�tulo, “Círculos de lectura y literatura infan-
til: aliados para el aprendizaje de la lengua española”, os au-
tores María José Núñez e Siomara Regina Cavalcanti de Lucena, da
Universidade Federal da Paraí�ba, defendem a importância da leitu-
ra literária no aprendizado de lí�nguas e na formação de professores
de lí�nguas, compartilhando uma experiência prática de formação
de docentes aplicada à ensinagem da lí�ngua espanhola.
No oitavo capí�tulo, “Choques linguísticos-culturais na
aprendizagem colaborativa de espanhol e português como
línguas estrangeiras”, o autor Rickison Cristiano de Araújo Silva e
Fábio Marques de Souza, da Universidade Estadual da Paraí�ba e da
Universidade Federal de Campina Grande, respectivamente, abor-
dam possí�veis choques linguí�sticos-culturais revelados durante as
interações de Teletandem Institucional Integrado, entre aprendizes
e futuras professoras de Espanhol como Lí�ngua Estrangeira (ELE)
e aprendizes argentinas de Português como Lí�ngua Estrangeira
(PLE).
Já no nono capí�tulo, “O inglês e o Islã: quando o Oriente e o
Ocidente se encontram – reflexões acerca dos impactos socio-
culturais e antropológicos do olhar sobre o outro no processo
de ensino-aprendizagem de língua inglesa”, os autores Thaï�s de
Matos Barbosa, da Universidade Estadual da Paraí�ba, discutem a
resistência atitudinal dos islâmicos em face ao inglês e o suposto
7
conflito entre a lí�ngua inglesa e o mundo islâmico, apresentando
uma revisão dos estudos acerca do processo de ensino-aprendiza-
gem da lí�ngua inglesa no mundo islâmico.
O décimo capí�tulo Nulle part dans la maison de mon père:
lendo Assia Djebar em aula de língua francesa, de autoria de
Maria Rennally Soares da Silva e de Francisca Zuleide Duarte de Sou-
sa, da Universidade Estadual da Paraí�ba, tem como objetivo discutir
a temática da imigração argelina na França a partir da obra literária
Nulle part dans la Maison de mon père, de Assia Djebar. O capí�tulo
analisa a personagem-narradora da obra, Fatima, que vive um con-
flito identitário entre as culturas argelina e francesa. A obra repre-
senta a busca identitária de uma mulher em um contexto patriarcal,
que é uma discussão importante para o ensino de lí�ngua francesa,
especialmente no que diz respeito à igualdade de gênero.
O décimo primeiro e último capí�tulo Relações internacio-
nais e o ensino de língua inglesa no núcleo de línguas da UEPB:
investigando a oralidade pelas lentes da linguística sistêmico-
-funcional, de autoria de Janaine dos Santos Rolim e Elaine Espín-
dola Baldissera, da Universidade Federal da Paraí�ba, apresenta um
relato de experiência narrado por duas alunas do curso de Rela-
ções Internacionais da Universidade Estadual da Paraí�ba. O capí�tu-
lo investiga a oralidade no ensino de lí�ngua inglesa pelo prisma da
linguí�stica sistêmico-funcional, destacando a importância de consi-
derar o contexto e a função social da lí�ngua no ensino de lí�nguas es-
trangeiras. O capí�tulo discute ainda como o ensino de lí�nguas pode
contribuir para o desenvolvimento de habilidades em relações in-
ternacionais.
Esperamos que este livro contribua para a reflexão sobre as
diferentes perspectivas e desafios no processo de ensino-aprendi-
8
zagem de lí�nguas estrangeiras, bem como para a busca por novas
abordagens pedagógicas mais eficazes e inclusivas.
Desejo a todos.as uma ótima leitura!
Profa. Dra. Maria Rennally Soares da Silva
9
EL DESARROLLO DE LACOMPETENCIA
COMUNICATIVA INTERCULTURAL EN LAS
CLASES DE ESPAÑOL COMO LENGUA
EXTRANJERA
INTRODUCCIÓN
10
que el aprendiente de lenguas extranjeras la desarrollara de mane-
ra plena y efectiva. No obstante, en los últimos años, la globalización
y los recursos digitales empezaron a ejercer un papel fundamental
en la divulgación del conocimiento y de las relaciones entre las cul-
turas. Así�, los profesores de español como lengua extranjera (ELE)
debemos considerar aspectos que van más allá de la enseñanza de
la gramática y el vocabulario a la hora de planificar nuestras clases,
en el momento de decidir qué temas trabajaremos con los alumnos.
La lengua es fundamentalmente un medio de acceso a las manifes-
taciones culturales, de modo que lengua y cultura son indisociables.
Sin embargo, trabajar el concepto de cultura, aspectos cul-
turales, costumbres de distintos paí�ses o regiones en las clases de
ELE no es suficiente, puesto que puede generar la supervaloración
de la cultura del otro en detrimento de la del alumno o, incluso,
favorecer a la creación de una visión estereotipada. Con la publi-
cación del Marco Común Europeo de Referencia para las Lenguas
(MCER, 2001), valores y actitudes empezaron a formar parte de los
materiales con la finalidad de formar hablantes interculturales, se-
gún Benito (2009). La autora afirma que, para abordar la intercul-
turalidad, debemos partir de dos suposiciones: la primera es que
hoy en dí�a, con los cambios que ha habido en la sociedad, tenemos
muchos más encuentros interculturales en todo tipo de contextos.
Y la segunda es que de ninguna manera la Competencia Lingüí�stica
presupone la competencia cultural.
Nuestro papel como docentes no corresponde solo en llevar
al aula el enfoque monocultural o transcultural, sino concienciar a
los alumnos para que adquieran la Competencia Comunicativa In-
tercultural (en adelante CCI) y entiendan diferentes maneras de vi-
vir, cómo lidiar en distintas situaciones comunicativas con personas
de distintos lugares, mediar conflictos, además de reflexionar sobre
11
sus propias culturas. Si pensamos en el entorno de enseñanza bra-
sileño, debemos considerar el desafí�o que es enseñar y aprender la
lengua española debido a su diversidad y heterogeneidad, además
de que resulta difí�cil elegir referentes culturales de una manera que
no sea etnocentrista o lectocentrista (ANDIÓ� N HERRERO, 2017).
Este artí�culo tiene el objetivo de presentar un recorrido
acerca de los estudios sobre la interculturalidad en las clases de
ELE, exponer las principales consideraciones de los documentos
que rigen la enseñanza básica en Brasil. Asimismo, presentar algu-
nas ideas para que el profesorado trabaje este aspecto en el aula y
desarrolle la conciencia intercultural y la CCI en los aprendientes.
DEFINIENDO CONCEPTOS
13
Conviene mencionar que las cuatro primeras capacidades
pueden ser desarrolladas de acuerdo con las experiencias de cada
individuo, mientras que la última debe ser trabajada en un contexto
formal de enseñanza. Para Byram, el ambiente de aprendizaje es
favorable para adquirir conocimientos en el proceso de interacción
intercultural (ELOY Y SILVA, 2017).
17
El problema de algunos profesores es que, generalmente
trabajan los géneros textuales sin explorar las caracterí�sticas espe-
cí�ficas de cada uno. O sea, no se puede trabajar un texto publicitario
sin reflexionar sobre el objetivo y el público al que está dirigido.
Los Parámetros Curriculares Nacionales de la Enseñanza
Media en Brasil estimulan el uso y análisis de textos de géneros
variados en las clases en todos los contextos, especialmente en las
asignaturas de lenguas extranjeras. Dependiendo de la edad y perfil
de nuestros alumnos, podemos trabajar con propagandas de dife-
rentes paí�ses, comparándolas e infiriendo rasgos culturales de cada
comunidad. El trabajo con viñetas es muy efectivo para alumnos de
la enseñanza media, justamente para discutir valores culturales y
sociales.
19
Otra sugerencia es utilizar la tirita de Mafalda para debatir el
mundo laboral, en primer lugar preguntar a los alumnos si conocen
Mafalda, si saben de qué paí�s es, y sobre qué tema está hablando.
Luego, preguntar si conocen alguien que se fue al extranjero, por
qué creen que eso sucede, si es garantí�a de lograr éxito en la vida
profesional, si harí�an lo mismo o si planean hacerlo cuando termi-
nen sus estudios de grado por ejemplo. Por último, hacerlos refle-
xionar sobre este problema laboral, si la situación se repite aquí� en
Brasil del mismo modo como es en Argentina, si es un problema de
paí�ses en desarrollo latinoamericanos o si es un problema mundial.
Figura 3: Tirita de Mafalda
ALGUNAS CONSIDERACIONES
BIBLIOGRAFÍA
22
Diccionario de términos clave de ELE. Madrid: SGEL. 2008. Dis�-
ponible en: https://bit.ly/3cDCX7J. Acceso: 15 de abril de 2023.
23
ORGANIZAÇÃ� O DAS NAÇÕ� ES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃ� O, A CIÊ� N-
CIA E A CULTURA (UNESCO). Día de la celebración del Solsticio.
2012. Disponible en: https://bit.ly/44iRHVf. Acceso: 10 de abril
de 2023.
24
ALGUNAS PROPUESTAS DIDACTICAS A CERCA
DE LA INTEGRACIÓN DE LA CULTURA AL
PROCESO DE ENSEÑANZA APRENDIZAJE DE ELE
1. Introdução
26
Enseñanza-Aprendizaje de ELE de modo general y especí�ficamente
para brasileños aprendices de ELE, así� como, poder proponer una
reflexión sobre cómo, en cuanto profesores de Lengua Española
podemos manejar una clase vuelta para los preceptos que rigen
la Interculturalidad y la Enseñanza-Aprendizaje de ELE. Para dar
embasamiento teórico al presente texto serán presentadas conje-
turas sobre los temas discutidos, basadas en algunos expertos del
área discutida, como: Marcia Paraquett (2011), Francisco Moreno
Fernández (2019), Garcí�a Martí�nez (2007), Edward Tylor (1832–
1917), Hall (2006), entre otros.
2. Conceptuando Cultura
27
han adquirido gracias a la instrucción o a la imitación y que
comparten en mayor o menor grado.
28
3 El proceso de Enseñanza-Aprendizaje de ELE a partir de
la Integración de la Perspectiva Cultural
29
Podemos comprender que el hecho de comunicarse se defi-
ne como un proceso de interacción social, y poder comprender la
cultura, el lenguaje, la literatura, la cultura, entre otros factores per-
tenecientes a una dada lengua, se hace necesario para que una vez
comprendido estos factores exista de hecho una real comprensión
de la lengua. Entre los múltiples papeles importantes que desem-
peñan los docentes está el de servir como mediador entre la cultura
y el discente. Byram (1991) piensa que la competencia intercultu-
ral debe englobar: — Un saber (adquisición de nuevos conceptos).
— Un saber hacer (aprendizaje a través la experiencia). — Un saber
ser (cambio de actitud).
Los factores sociocognitivos y socioculturales van a influir
de modo directo en el proceso de enseñanza-aprendizaje de ELE. Es
interesante enseñar cultura a partir de materiales auténticos: pelí�-
culas, menús, páginas web, entre otros. El profesor, además de me-
diador es un individuo activo socialmente y seguramente tiene sus
propias vivencias y creencias. En sala de clase en lo que di respecto
al proceso de enseñanza-aprendizaje, el profesor tiene que trabajar
de modo que pueda posicionarse y al mismo tiempo trasmitir un
respecto por otras opiniones que puedan surgir en clase, eso inclu-
so, es un modo de hacer con que el alumno comprenda lo que es
comprender la cultura del otro a través de una alteridad. Según Lo-
pes (1997) la cultura es arbitraria, igual que la lengua, resultado de
una convención, y las dos están estrechamente vinculada. Sin em-
bargo, hay que tener mucho cuidado, porque nuestra labor puede
generar equí�vocos, ya que el alumno podrí�a sentirse conectado a la
cultura extranjera, cuando la idea es llevarlo a percibir que el cono-
cimiento de las identidades culturales ‘extranjeras’ deben servirle
para intensificar su proceso de pertenencia cultural al ambiente en
el cual vive. En otras palabras, conocer lo que es ‘extranjero’, para
conocerse. (PARAQUETT: 2010).
30
4. Propuestas didácticas que pueden ser desarrolladas en
sala de clase de ELE
31
La interculturalidad: Choques Culturales
To m a r Poner la
alcohol y can- cara del cum-
tar canciones fe- pleañero en el
lices en los funer- pastel
ales
¡Abrir los
Poner chile regalos en casa!
en las palomitas
32
>Luego, una vez que el profesor ya tenga presentado los
personajes de Mafalda y su sitio de origen, harí�amos la siguiente
pregunta basada en preceptos Interculturales: ¿En qué medida los
personajes del cómic se parecen a personas que conocemos, sea
por los medios de comunicación, por el cine, por la telenovela o en
nuestra convivencia personal?
Proponer una actividad como estas en sala de aula de ELE,
es poder trabajar la alteridad cultural y lingüí�stica del alumno, así�
como poder llevar de modo general una idea global sobre respecto
a la cultura de llegada de nuestra L2 (Segunda Lengua) estudiada,
en nuestro caso Lengua Española. Para que el profesor tenga éxito
en la aplicación de esta actividad es necesario que él presente a sus
alumnos el concepto de interculturalidad.
Conclusión
Referencias Bibliográficas
34
PARAQUETT, Marcia. “Multiculturalismo, interculturalismo e
ensino-aprendizagem de espanhol para brasileiros.” En: Bar-
ros, Cristiano y Elzimar Silva de Goettenauer (Coord.) (2010). Es-
panhol: ensino médio. Brasí�lia: Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica.
35
CÍRCULOS DE LECTURA Y LITERATURA
INFANTIL: ALIADOS PARA EL APRENDIZAJE DE
LA LENGUA ESPAÑOLA
INTRODUCCIÓN
36
y literatura, esta tiene un papel privilegiado en el proceso de en-
señanza y aprendizaje de lenguas, fomentando habilidades en los
lectores que van más allá del mero conocimiento gramatical de la
lengua. A través de los libros, los aprendices pueden conectarse
emocional y significativamente, no solo con la lengua, sino también
con la cultura de los paí�ses hablantes de la lengua meta. En nuestro
caso, teniendo en cuenta que una gran parte de los estudiantes de
español en Brasil son niños y adolescentes, nos planteamos la ne-
cesidad de valorar la entrada de la literatura infantil y juvenil (LIJ)
en la formación de los profesores y en el dí�a a dí�a de sus clases.
Defendemos que dicha introducción deberí�a estar basada en una
metodologí�a enfocada en el diálogo, la reflexión y el intercambio
de ideas, que promueva la participación activa y crí�tica de los estu-
diantes durante la lectura. Esto es justamente lo que pretenden los
cí�rculos de lectura propuestos por Cosson (2019) y puede ser útil
en la enseñanza de lenguas: una interacción natural y colaborativa
mediante la discusión de libros, expresando opiniones en un con-
texto social y emocionalmente significativo.
Por ello, en las próximas lí�neas presentaremos brevemente
algunos fundamentos teóricos que respaldan el uso de la literatu-
ra infantil y juvenil en la enseñanza de lenguas extranjeras, mos-
trando los beneficios y ventajas de su utilización en la sala de aula.
También nos detendremos en la dinámica de los cí�rculos de lectu-
ra, para, por último, presentar brevemente un taller realizado para
mostrar qué son los cí�rculos y su potencialidad como herramientas
de enseñanza de la lengua española, por medio de la lectura de un
cuento infantil del autor uruguayo Horacio Quiroga.
37
LA LITERATURA INFANTIL Y JUVENIL EN LA ENSEÑAN-
ZA DE LENGUAS
38
Así�, las perspectivas fueron evolucionando hacia una comu-
nicación pautada por la interacción y la integración de destrezas
dentro de un contexto cultural significativo, hasta llegar a una com-
prensión del trabajo con el texto literario centrada en la experien-
cia de la lectura de quien lo lee, como defiende la estética de la re-
cepción (JAUSS, 1999).
Para nuestros fines, consideramos que la literatura se inte-
gra en la metodologí�a interactiva del aprendizaje comunicativo de
lenguas (MENDOZA, 2007). En este sentido, la competencia litera-
ria puede/debe desarrollarse también en la enseñanza de lenguas,
como parte integrante de la competencia comunicativa, desde el
punto de vista lingüí�stico y de la dimensión sociocultural. Se trata
de un paradigma que propugna una perspectiva integradora entre
lengua, literatura y cultura para abordar la didáctica de lenguas
(IBARRA Y BALLESTER, 2016), frente a la subordinación del uso
del texto literario en función de los diferentes enfoques metodoló-
gicos adoptados, considerándolo un medio y no un fin en las clases
de lengua.
A pesar de que parece que el texto literario todaví�a no ha
encontrado su lugar en las clases de lengua española en Brasil
(CLÍ�MACO, ORTEGA y MILREU, 2018), sí� que se ha incorporado, en
mayor o menor medida, a los libros didácticos de enseñanza de len-
guas, por ejemplo, en las últimas colecciones de lengua española
aprobadas en el PNLD 2018 (ANDRADE, 2022; LUCENA; MARTO-
RELLI, 2022). Desde el punto de vista de la formación docente, los
trabajos de Costa Júnior y Mariz (2020), Costa Júnior (2021) y Silva
(2022) muestran algunas de sus limitaciones y la necesidad de (re)
pensarla para adquirir conocimientos especí�ficos y superar la con-
sideración del texto literario como un texto complejo, destinado a
39
alumnos de niveles altos, o relegado a un uso secundario, obviando
su valor estético y cultural.
Por lo que se refiere a la LIJ, no se trata de un concepto uní�-
voco y cerrado, ya que su definición y su espacio dentro del sis-
tema literario reciben aportaciones desde múltiples perspectivas.
Autores como Colomer (2010), Andruetto (2012), Cerrillo (2013)
o Bombini (2021) han cimentado sus bases teóricas desde diversas
perspectivas y, en Brasil, Lajolo y Zilberman (1984) o Cademartori
(2010) han resaltado su importancia como exponente de cambios
sociales. Por su parte, Colomer (2010, p.15) identifica las funcio-
nes de la LIJ, que resumimos en tres: promover el acceso inicial al
conjunto de imaginarios compartidos por una sociedad determina-
da, contribuir al desarrollo del dominio lingüí�stico (mediante las
formas narrativas, poéticas y dramáticas del discurso literario) y,
por fin, proporcionar una representación estructurada del mundo
facilita la socialización de las nuevas generaciones. Todo ello dialo-
ga con la perspectiva del aprendizaje de lenguas, ya que “del mismo
modo que aprendemos nuestra primera lengua entrando en con-
tacto con la literatura, también lo debemos hacer con la segunda y
tercera para lograr un aprendizaje completo” (REYES; BATALLER,
2019, p. 17).
De este modo, reivindicamos el valor didáctico de la LIJ des-
de una perspectiva global (lingüí�stica, literaria y cultural), lo que
valida su uso en la clase de lengua española no solo para niños y
adolescentes, sino también para adultos. No en vano, esta literatura
es versátil y ofrece variedad de textos sobre temas universales y
atemporales, además de presentar, muchas veces, un lenguaje sim-
plificado, lo que puede ser motivador para los aprendices (RUPPL,
2006; VILA, 2014). En suma, un libro infantil resulta una fuente
lúdica e imaginativa de nuevas experiencias que propicia la explo-
40
ración y el conocimiento de otras culturas, permitiendo que los
aprendices realicen conexiones, promoviendo un aprendizaje sig-
nificativo.
Así� pues, motivación, aprendizaje contextualizado y desar-
rollo de habilidades lingüí�sticas son algunas de las caracterí�sticas
ventajosas a la hora de considerar la lectura de LIJ en el salón de
clase. Dicha lectura puede realizarse de forma autónoma, pero tam-
bién mediada, sin considerarla una actividad solitaria e individual,
sino social y emocional para incorporar al aprendizaje de la lengua
un componente interactivo que induce a la expresión de opiniones,
lo que supone ejercitar la escucha activa, el diálogo y la participa-
ción colectiva. Es en este sentido en el que los cí�rculos de lectura
propuestos por Rildo Cosson (2019) son una metodologí�a coheren-
te dentro de nuestra visión integrada de la enseñanza de lenguas.
41
[…] una práctica de lectura compartida en la que los lectores discu-
ten y construyen conjuntamente una interpretación del texto leí�do
anteriormente. Dicha discusión puede asumir una forma más es-
tructurada, en que cada lector tiene una función predeterminada:
semiestructurada, cuando los lectores tienen que seguir orientacio-
nes; o simplemente libre, con los lectores participando de acuerdo
con su disposición y necesidad. (COSSON, 2021, p.9, traducción
nuestra).
42
En el caso de la propuesta que presentamos a continuación,
excepcionalmente, la elección de la obra se realizó con anteriori-
dad, llevando en consideración la naturaleza de la actividad: un
taller de solo algunas horas de duración con un público heterogé-
neo formado por profesores de español formados y en formación,
cuyo objetivo era presentar las posibilidades de los cí�rculos de
lectura en el contexto de la enseñanza y aprendizaje de lenguas, al
mismo tiempo que se disfrutaba de una breve lectura compartida.
Nos basamos en el entendimiento de cí�rculo de lectura propuesto
por Lucena (2019) a partir de nuestras experiencias prácticas:
44
Además de realizar una elección cuidadosa del texto litera-
rio, es necesario conocer cuáles son las funciones del mediador, de
los participantes y cómo se efectiva el flujo de la práctica del cí�rculo
de lectura, ya sea en un cí�rculo de lectura tradicional (presencial),
como en uno en lí�nea (como fue nuestro caso).
Rol Descripción
Sintetizador Resume el texto y añade su opinión personal.
Describe y analiza las caracterí�sticas psicológicas y fí�sicas de
Perfilador
uno o varios personajes de la historia.
Busca información contextual que sea relevante para entend-
Investigador
er la historia.
Selecciona y aclara las palabras más difí�ciles, desconocidas o
Diccionarista
relevantes para la lectura del texto.
Elige un pasaje del texto para ejemplificar al grupo, aclarar o
Iluminador
explicar algo que llame su atención.
Describe las escenas principales que aparecen en la histo-
Escenógrafo ria, buscando las partes que tengan el potencial de formar
imágenes mentales.
Intenta hacer una conexión del texto con la vida actual, otros
Conector textos, obras de teatro, pelí�culas, historias de otras personas,
etc.
Cuestionador Prepara preguntas para analizar el texto.
Fuente: Adaptado de Cosson (2019).
Generalmente se empieza la discusión por el sintetizador,
luego habla el perfilador, después el escenógrafo y el iluminador
de pasaje. A continuación, participan el conector, el investigador, el
diccionarista y, por último, el cuestionador. En el cuadro 2 se de-
tallan los pasos que solemos seguir para llevar a cabo el cí�rculo de
lectura.
46
Cuadro 2: Flujo de la práctica de cí�rculo de lectura literaria
Medi- Partici-
Orden ador pantes
Seleccionar los libros que se pueden elegir para la
1. práctica.
2. Votar para elección del libro/ texto que se va a leer.
3. Establecer juntos la meta de lectura.
Explicar y repartir las funciones entre los partici-
4. pantes.
Leer el texto hasta la meta. Preparar su función (oral/
5. escrito).
6. Comparecer a la discusión y desempeñar sus roles.
7. Establecer nueva meta de lectura tras la discusión.
8. Repartir nuevas funciones entre los participantes.
Fuente: Elaboración propia
En el caso de nuestra experiencia, se presentaron todas las
funciones, pero animamos a los participantes a ejercer las funcio-
nes de sintetizador, perfilador, conector e iluminador de pasaje, que
son las más sencillas de comprender y de poner en práctica de in-
mediato.
Después de explicar la dinámica y las funciones del cí�rculo a
los participantes del taller, se presentó un poco de la vida de Hora-
cio Quiroga, su obra y estilo para iniciar nuestra práctica. A conti-
nuación, se vio el concepto de cuento y sus diferencias con relación
a la novela para, enseguida, leer el resumen del cuento y activar los
conocimientos previos de los participantes con la pregunta: «¿Ya
has tomado una decisión difí�cil, por la que sufriste, porque era lo
mejor para alguien importante para ti?».
Durante la práctica de lectura, que fue adaptada al formato,
duración y objetivo pedagógico del taller, la mayorí�a de los partici-
47
pantes consiguió leer el texto en los 20 minutos y no tuvo dificul-
tades en comprender el texto, si bien algunas palabras no les eran
conocidas. Algunos de ellos cuestionaron si el texto de Quiroga es-
taba realmente destinado a un público infantil, ya que trataba te-
mas como la muerte y el distanciamiento familiar. Hubo reflexiones
con respecto a la literatura que puede llevarse a una clase con niños
y fue evidente que los participantes se animaron a hablar y a expo-
ner sus opiniones, incluso porque el tema generó controversia. La
mayorí�a manifestó que le gustó el texto y logró hacer conexiones
con la historia, compartiéndolas con el grupo.
CONSIDERACIONES FINALES
REFERENCIAS
49
CÂ� NDIDO, A. O direito à literatura. In: BAPTISTA, A. B. (org.). An-
tonio Cândido: o direito à literatura e outros ensaios. São Paulo:
Á� tica, 2004. p. 169-191.
50
HORWITZ, E. L. Becoming a Language Teacher: A Practical Gui-
de to Second Language Learning and Teaching. Pearson, 2008
51
NIKOLAJEVA, M. Children’s Literature Comes of Age: Toward a
New Aesthetic. Routledge, 2010.
52
CHOQUES LINGUÍSTICOS-CULTURAIS NA
APRENDIZAGEM COLABORATIVA DE ESPANHOL
E PORTUGUÊS COMO LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
2 REFLEXÕES TEÓRICAS
3 METODOLOGIA
06702818.3.0000.5182).
4 Todos os nomes aqui apresentados são fictí�cios.
59
Excerto 1
María: ¿gata?
Bianca: gata… es tipo como si los chicos quieren decir para las
chicas así … ah… usted/vos es una gata … es una chica guapa
María: ah… acá gata sería como un insulto para la mujer …
Bianca: ¿cómo? ((incompreensível))
María: porque decirle gata a una mujer acá es como decirle::
que () es fácil… es una mala palabra digamos … seria como
prostituta …
Bianca: AH… ((Bianca faz cara de surpresa e fica boquiaber-
ta)) ¿serio? acá en Brasil quando um homem chega em você e
diz você é uma gata… () ele está elogiando…
María: Claro …
Bianca: está dizendo que/ comparando você não com o ani-
mal gato em si mas no sentido de você ser uma mulher muito
bonita … é uma cantada … se alguém lhe chamar de gata é um
elogio não é um insulto …
María: ((risos)) Ok … gata sería prostituta y gato cuando le
dijiste a un varón sería como ladrón. (5ª interação – Bianca e
María–07 de junho de 2019, grifo nosso).
Percebe-se na leitura do excerto 1 que a palavra “gata”, ade-
mais de representar o animal no português e no espanhol, possuem
significados diferentes, causando, inicialmente, um estranhamento
em Marí�a, já que para a sua cultura essa palavra tem uma conotação
negativa, contrariando todo o entendimento construí�do ao longo da
música. Logo em seguida, Bianca ficou surpresa ao descobrir que
o uso de “gata”, em determinadas práticas sociais argentinas, dife-
re do sentido utilizado pela participante brasileira. Isto é, de acor-
do com a professora em formação inicial, os léxicos “gata” e “gato”,
popularmente na lí�ngua portuguesa, podem significar um elogio,
60
chamando a pessoa de bonita(o) e que tem uma boa aparência. Já
no espanhol, mais precisamente no contexto em que Mária está in-
serida, “gata” pode ser relacionada às mulheres que se dedicam à
prostituição, às mulheres que faz relações sexuais por dinheiro, e
“gato” seria ladrão para os homens.
Nesse sentido, acreditamos que o choque linguí�stico-cultu-
ral, causado na utilização de um vocabulário comum às duas lí�nguas
estrangeiras aqui em destaque, português e espanhol, mas que não
representam em cada idioma o mesmo sentido, possibilitou para as
duas interagentes uma aprendizagem intercultural. As duas apren-
dizes puderam refletir e construir novos conhecimentos acerca da
cultura de cada uma.
Bianca, ao produzir seu diário de bordo, logo após a sua in-
teração, refletiu que esse episódio, apresentado no excerto 1, lhe
marcou positivamente, pois, segundo ela, são essas distinções cul-
turais que faz com que nos atentemos para compreender os aspec-
tos culturais caracterí�sticos de cada sociedade. Dito isto, podemos
inferir, também, que Bianca tirou proveito dessa oportunidade ofe-
recida pelas diferenças culturais para explorar e aprender mais a
respeito da cultura de sua colega, realizando uma aprendizagem
intercultural e construindo a sua identidade na lí�ngua estrangei-
ra a qual está aprendendo. O olhar atento da brasileira para essas
diferenças culturais faz referência ao que Oliveira (2014) chama
de atitudes interculturais e consciência crí�tica cultural, buscando
apresentar um perfil interculturalista (SILVA, 2020), construindo,
portanto, novos conhecimentos a respeito das práticas culturais,
hábitos e costumes da Argentina.
O outro exemplo de choque linguí�stico que apresentamos
diz respeito ao par Carol e Paola, brasileira e argentina, respectiva-
mente, ocorrido em dois momentos quando comentavam a respeito
61
das atividades que acontecem em seus paí�ses. O primeiro choque
identificado aconteceu quando a estudante brasileira compartilha
fotos do carnaval do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, comentan-
do de que forma os brasileiros se vestem durante os dias de festas,
os carros alegóricos presentes nos desfiles, bem como os adereços
carnavalescos, como vemos no próximo excerto:
Excerto 2
[...]
Carol: es... son/ e uma fieta com muchos adereços ...
Paola: adereços? ((cara de pensativa))
Carol: sí... muchas... voy a enviar uma foto pues se queda más
fácil para compreender... de carnaval primero...
Paola: ((espera o envio das fotos))
((a vídeo chamada paralisou))
(4ª interação – Carol e Paola–01 de junho de 2019, grifo nosso).
62
deochamada falhou, fazendo com que o termo não fosse explicado.
A brasileira, desse modo, com vistas a resolver esse mal-entendido,
recorre à estratégia de compartilhar novamente outras imagens, le-
vando-a acreditar que Paola já havia compreendido.
Posteriormente, nessa mesma interação, o vocabulário “ade-
reço” volta a ser mencionado novamente por Carol, que recorreu,
mais uma vez, a uma palavra em português. A brasileira envia fotos
sobre o São João que acontece no Nordeste, região a qual reside,
comentando a respeito das comidas tí�picas, as vestimentas e or-
namentações tradicionais desse perí�odo. Em vista disso, ao enviar
uma foto em que há alguns balões, Carol não sabe como se diz em
espanhol e, tampouco, a sua parceira se lembra, fazendo com que
ela recorra, novamente, ao termo “adereço” na tentativa de explicar
o que seria:
Excerto 3
Carol: yo no conozco otro nombre … como decir… pero es un
adereço que se ornamenta en esta época…
Paola: aderezo … ((aparenta estar pensativa quanto o significa-
do da palabra)) claro… un momentito … aderezo acá en Argenti-
na es la mayonesa …
Carol: é o que? Tenho que anotar aqui …
Paola: aderezo es ... visto cuando comés (...)
Carol: maionese?
Paola: la mayonesa ... eh:: el kétchup ...
Carol: sí ... estoy ... ((sorri e faz cara de surpresa)
Paola: claro... nosotros llamamos de aderezos
Carol: sí/yo y () como se dice los objetos que usamos para orna-
mentar entonces ...
Paola: Claro... sí (...)
Carol: (...) aderezos son etas cosas kétchup ... mayonesa... mayo-
nesa sí?
63
Paola: mayonesa sí ...
Carol: qué interesante ... yo no sabía...
(4ª interação – Carol e Paola–01 de junho de 2019, grifo nosso).
64
dizagem mais efetiva, uma vez que seus usuários são desafiados a
esclarecer ou negociar os significados para darem continuidade ao
diálogo”.
Desse modo, esse choque linguí�stico possibilitou a oportuni-
dade de Paola e Carol negociarem significados através do uso de es-
tratégias de comunicação, seja compartilhando fotos, reformulando
os enunciados ou recorrendo à sua lí�ngua materna na tentativa de
encontrar um equivalente, proporcionando então o esclarecimento
dos eventos linguí�sticos (BENEDETTI; RODRIGUES, 2010).
Faz-se necessário pontuar também que, nos casos aqui apre-
sentados, os choques linguí�sticos-culturais estimularam ainda mais
os pares a tentarem se comunicar na lí�ngua estrangeira, isto é, a
fazer com que a comunicação ocorresse, recorrendo às estratégias
comunicativas. No entanto, quando esses choques e os mal-enten-
didos não são solucionados ou percebidos, a aprendizagem na lí�n-
gua estrangeira pode não ser efetivada. Nesse sentido, corrobora-
mos, mais uma vez, as reflexões trazidas por Messias e Carvalho
(2013), e apresentadas por nós em Silva (2020), a respeito da im-
portância do mediador que poderá estimular os alunos a refletir
sobre estratégias de aprendizagem, negociação de mal-entendidos
e problemas que venham a surgir ao longo do processo de ensino e
aprendizagem de LE no Teletandem.
De acordo com a perspectiva sociocultural do desenvolvi-
mento humano de Vigotski e seus seguidores, o mediador desem-
penha um papel crucial ao atuar como uma pessoa que acompanha
as interações entre indiví�duos de diferentes contextos linguí�stico-
-culturais. O mediador deve observar, refletir e analisar essas inte-
rações, a fim de ajudar os interagentes a superar possí�veis choques
linguí�stico-culturais. Além disso, é importante que o mediador ob-
serve a influência da lí�ngua materna quando se utiliza uma lí�ngua
65
estrangeira, seguindo o princí�pio da separação de lí�nguas e, conse-
quentemente, considerando as marcas da interlí�ngua. Em resumo,
o papel do mediador é fundamental para promover a comunicação
e a compreensão intercultural entre os indiví�duos envolvidos.
REFERÊNCIAS
66
BENEDETTI, A. M; RODRIGUES, D. G. Choques linguí�sticos – cultu-
rais e o desenvolvimento da competência intercultural em Teletan-
dem. In: BENEDETTI, A. M.;
PRETI. Dino. (org). O discurso oral culto. 2. ed. São Paulo: Huma-
nitas Publicações, FFLCH/USP, 1999.
67
TELLES, J. A.; VASSALLO, M. L. Teletandem: uma proposta alter-
nativa no ensino/aprendizagem assistidos por computadores. In:
TELLES, J. A. (org.). Teletandem: um contexto virtual, autônomo e
colaborativo para aprendizagem de lí�nguas estrangeiras no século
XXI. Campinas: Pontes Editores, 2009. p. 43-61.
68
LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL: UM
ESTUDO SOBRE COMPETENCIA COMUNICATIVA
1. Introdução
70
Sendo assim, a compreensão de uma lí�ngua é mais complexa
do que podemos imaginar. As competências incorporadas na com-
petência comunicativa não abrangem em sua totalidade a interação
de um indiví�duo em uma determinada cultura ou sociedade, para
isso, faz-se necessário que o interlocutor tenha o conhecimento da
linguagem não-verbal, para conseguir uma comunicação efetiva.
Consequentemente, para um indiví�duo ter êxito em seus
atos de comunicação, não basta que tenha domí�nio da oralidade ou
das outras competências, há de ser capaz de processar muitas ou-
tras informações não linguí�sticas que podem ser: gestos, atitudes
corporais, expressões, tom de voz ou comportamentos e outros ele-
mentos fundamentais muitas vezes desconsiderados do processo
de ensino-aprendizagem de ELE. Desta forma, a importância des-
te trabalho se justifica pela necessidade de abordar elementos ex-
tralinguí�sticos no ensino de ELE, tendo em vista que muitas vezes,
estes, são os que permitem negociar significado em determinados
processos comunicativos. E por isso que nosso principal objetivo
neste trabalho é analisar a importância do processo de ensino-
-aprendizagem da linguagem não-verbal para uma melhoria na co-
municação e compreensão das informações transmitidas através
do comportamento humano, considerando a importância da com-
petência intercultural, no processo de desenvolvimento da compe-
tência comunicativa do alunado brasileiro aprendiz de ELE.
72
cionista, sendo relevante para a aprendizagem da lí�ngua, as comu-
nidades locais, as tradições, e os fatores relativos à história.
A partir da década de 90, a abordagem intercultural começou
a ganhar forma em suas investigações. Para Michael Byram (1991
apud Troncoso, 2018) a competência comunicativa intercultural, é
a forma de se comunicar eficaz e adequadamente numa variedade
de contextos culturais, integrando a competência linguí�stica, socio-
linguí�stica, discursiva e intercultural.
A pesquisadora Celani (1997, p.61) ressalta que os primei-
ros resultados de formação inicial de docentes de lí�ngua espanhola
são decepcionantes, visto que no princí�pio o ensino-aprendizagem
do espanhol estava sempre atrelado à lí�ngua materna (LM), o por-
tuguês do Brasil. Realizando uma consulta rápida nos livros didá-
ticos de ELE pode ser averiguado que poucos ou quase nenhum(a)
autor(a) dedica uma explicação satisfatória sobre o conceito de ele-
mentos extralinguí�sticos.
Na paralinguagem encontram-se o volume da voz, a entona-
ção, o ritmo, as pausas, entre outros. Já dentro da proxêmica en-
tenderemos como nos comportar em uma situação cultural e social
diferente à nossa, a medir distâncias, contatos fí�sicos, etc. Fernando
Poyatos (1994), um dos linguistas que mais investigações têm fei-
to sobre a comunicação não-verbal, coloca que a comunicação tem
uma estrutura denominada “estrutura tripla básica”, que inclui: o
que dizemos; como o dizemos; como o vemos, o que quer dizer que
o contexto tem também um papel fundamental, ou seja, não só di-
zer e sim como e em que situação expressamos a mensagem para o
interlocutor.
3. Fundamentação Teórica
Para Rajagopalan (2003) resulta ser excepcionalmente com-
plicado definir o objeto da linguí�stica já que ela recorre à linguagem
73
para explicar a própria linguagem. Surgida na década de 1950 a LA
era tida como um ramo, um desprendimento ou ainda um subtópi-
co da Linguí�stica Teórica. Para Celani (1992) a linguí�stica aplicada
é uma subárea da linguí�stica.
A Linguí�stica Aplicada (LA) vai além de aspectos puramente
metodológicos, ou categóricos, estudando a linguagem como prá-
tica social. A princí�pio este trabalho se baseará nos pontos de vis-
ta dos seguintes autores: Byram (1994), Celani (1997), Hoffnagel
(2010), Leffa (1999), Rajagopalan (2003), entre outros. Para esta
pesquisa será relevante a utilização dos conceitos de elementos ex-
tralinguí�sticos, de Poyatos (1994).
Diante do exposto é necessário apresentar as vinculações
teóricas entre a Linguí�stica Aplicada e o processo de ensino-apren-
dizagem de uma lí�ngua estrangeira (LE), trazendo à tona discussões
relacionadas à linguagem corporal e comportamental por parte dos
alunos aprendentes de ELE. Para Moita Lopes (2006) a linguí�sti-
ca aplicada (LA) contemporânea passa a ter uma obrigação com a
investigação acadêmica, ou seja, além de aplicar as teorias linguí�s-
ticas passa a utilizar alunos e professores como objeto de estudo
–corpus de uma pesquisa– no processo de aquisição de uma lí�ngua
estrangeira (LE) – através da interação verbal e não-verbal –, preo-
cupando-se/ocupando-se da funcionalidade da linguagem em si.
Assimilando a LA como um campo de disciplina interdisci-
plinar o professor de lí�nguas será capaz de identificar e tomar deci-
sões fundamentais ante possí�veis problemas que surjam no proces-
so de ensino-aprendizagem ELE.
4. Metodologia
Conclusões
Referências Bibliográficas
76
CELANI, M. A. Ensino de lí�nguas estrangeiras: olhando para o futu-
ro. In: ______. (Org.) Ensino de segunda língua: redescobrindo as
origens. São Paulo: EDUC, 1997. p.161-147.
77
TRONCOSO, R.C. La competencia comunicativa intercultural
(CCI) en los contextos de enseñanza del inglés como lengua
extranjera. Signo y Pensamiento. Revista da pontifí�cia
Universidad Javeriana de Bogotá. Colombia, vol. XXXVII, n. 72,
2018.
78
DIDÁTICA E AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO
LEITORA EN LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
1. Introdução
79
Segundo o papel que desempenham na comunicação:
2. Compreensão leitora
80
atividade comunicativa da lí�ngua, que se refere à interpretação do
discurso escrito. Além do componente estritamente linguí�stico, es-
tão envolvidos fatores cognitivos, perceptivos, atitudinais e socio-
lógicos. Portanto, é entendida como uma capacidade comunicati-
va que vai além do ní�vel estritamente linguí�stico e abrange todo
o processo de interpretação do texto, desde a mera decodificação
e compreensão linguí�stica até a interpretação e avaliação pessoal.
Na leitura o leitor não extrai apenas informação, opinião, de-
leite, etc. do texto, mas, para sua interpretação, também contribui
com sua própria atitude, experiência, conhecimentos prévios, etc.
Certamente é uma habilidade tão ativa quanto a expressão escrita.
Conforme elucidado por Grellet (1981), «la lectura es un proceso de
adivinación constante y lo que el lector aporta al texto es, a menu-
do, más importante que lo que encuentra en él»
O Quadro Comum Europeu de Referência para as Lí�nguas
(QCERL) inclui a compreensão de leitura entre as atividades co-
municativas da lí�ngua. O documento além de discutir atividades e
estratégias de compreensão de leitura também fornece diretrizes
para o estabelecimento de metas e avaliação dessa habilidade que
vão desde o ní�vel básico A1 ao ní�vel de experto C2. Vejamos que se
indica em cada um desses ní�veis.
No ní�vel A1, o QECR indica que o usuário deverá ser capaz de
compreender nomes conhecidos, palavras e frases muito simples,
por exemplo, em avisos, cartazes ou folhetos.
No ní�vel A2, pela sua vez o usuário terá de ser capaz de ler
textos curtos e simples. Também será capaz de encontrar uma in-
formação previsí�vel e concreta em textos simples de uso corrente,
por exemplo, anúncios, folhetos, ementas, horários. E ainda será ca-
paz de compreender cartas pessoais curtas e simples.
81
No ní�vel intermediário B1 se estabelece como meta para
este ní�vel ser capaz de compreender textos em que predomine uma
linguagem corrente do dia-a-dia ou relacionada com o trabalho.
Também ser capaz de compreender descrições de acontecimentos,
sentimentos e desejos, em cartas pessoais.
Já no ní�vel B2 o usuário terá de ser capaz de ler artigos e re-
portagens sobre assuntos contemporâneos em relação aos quais os
autores adoptam determinadas atitudes ou pontos de vista particu-
lares. Neste ní�vel também terá de ser capaz de compreender textos
literários contemporâneos em prosa.
Nos ní�veis C1 y C2 aumenta o ní�vel de dificuldade, e o QECR
estabelece para o ní�vel C1 ser capaz de compreender textos longos
e complexos, literários e não literários, e distinguir estilos. Ainda
compreender artigos especializados e instruções técnicas longas,
mesmo quando não se relacionam com a minha área de conheci-
mento.
Por sua parte para o ní�vel C2, se pretende que o usuário te-
nha um domí�nio perfeito da lí�ngua sendo capaz de ler com facili-
dade praticamente todas as formas de texto escrito, incluindo tex-
tos mais abstratos, linguí�stica ou estruturalmente complexos, tais
como manuais, artigos especializados e obras literárias.
3. Tipos de leitura
82
p. Por exemplo, quando alguém procura na agenda o número de
telefone de um amigo.
*Leitura extensiva: leitura de textos longos, buscando uma
compreensão global, p. por exemplo, ao ler um romance em L1. Este
tipo é frequentemente usado em LM para desenvolver fluência.
*Leitura intensiva: leitura de textos para extrair informa-
ções especí�ficas, p. Por exemplo, ao ler o livro didático. Este tipo é
frequentemente usado em LM para aumentar a correção.
*Leitura crítica: leitura com o objetivo de avaliar o texto,
analisar a qualidade literária, a atitude do autor, etc. Um exemplo
seria quando o professor lê um exercí�cio escrito pelos alunos.
84
Estes são alguns dos princí�pios propostos por F. Grellet
(1981) e R. Williams (1986) para o desenvolvimento da compreen-
são leitora em sala de aula:
1. Tome o parágrafo ou o texto (não a frase) como unidade
de trabalho.
2. Use textos autênticos, tanto quanto possí�vel.
3. O texto deve ser interessante para o aluno e, se possí�vel,
também para o professor, pois isso aumenta a motivação.
4. Partir da compreensão global e avançar para os detalhes,
o que ajuda a desenvolver a compreensão da organização do texto,
bem como a capacidade de antecipar, inferir, etc.
5. O trabalho em sala de aula deve ser um reflexo da nature-
za da leitura real: proposital e interativa, ou seja, reconstruindo a
mensagem do autor.
6. Na aula de leitura, a atividade fundamental deve ser a lei-
tura de determinados textos, não ouvir o professor, nem falar sobre
o texto.
7. As atividades devem ser flexí�veis e variadas; a variedade
estimula a motivação.
8. A leitura intensiva deve ser combinada com a leitura ex-
tensiva, adaptada ao ní�vel do aluno.
9. O papel do professor não é tanto explicar o texto e dar
informações, mas sim organizar e aconselhar.
10. Explicar para alguns alunos o significado de um texto
não é o mesmo que desenvolver sua compreensão leitora; Para isso,
é necessário ajudá-los a desenvolver estratégias cognitivas que lhes
permitam reconstruir a mensagem original do autor, interpretá-la e
valorizá-la. Por exemplo, antes de ler uma fatura, um leitor compe-
tente identifica o tipo de texto e ativa alguns esquemas de conheci-
mento relacionados com a organização e informação que caracteri-
85
za o texto em questão: CPF da empresa e do cliente, lista de artigos,
preços, total valor, data, carimbo da empresa, etc.
11. Integrar a compreensão de leitura com outras habilida-
des.
Uma vez na sala de aula os exercí�cios tí�picos para desenvol-
ver a compreensão de leitura incluem,, por exemplo, responder a
perguntas sobre o texto, preencher as lacunas, combinar palavras
ou fragmentos de frases, recompor textos, comparar textos, dar um
tí�tulo a um texto, resumir, etc. Todos eles apresentados como tare-
fas comunicativas de processos de comunicação da vida real.
87
espaciais e temporais, – referências pronominais, – ambiguidades
lexicais e – relações entre os elementos da frase.
Conclusão
Referências Bibliográficas
90
LA ACEPTACIÓN DEL VOSEO Y EL USO EN LA
LITERATURA DEL RÍO DE LA PLATA
INTRODUCCIÓN:
91
posible un fenómeno tan discutido como el empleo de vos o voseo,
como es más conocido, recurriremos a los estudios diacrónicos que
se han realizado últimamente sobre el tema para explicar su origen
y las transformaciones por las que ha pasado hasta nuestros dí�as.
Intentaremos ofrecer, asimismo, una descripción de las formas lin-
güí�sticas que el voseo se presenta. Para ello, nos detendremos más
especí�ficamente en el voseo del rioplatense , que es el objeto prin-
cipal de nuestro estudio.
Cada vez más el tratamiento con la forma pronominal vos
se hace presente en el universo social de la zona del Rí�o de La Pla-
ta, con una fuerza tal, que hasta antiguas formas de tratamiento de
respeto y cortesí�a están siendo sustituidas por tratamientos diga-
mos directos y/o espontáneos; esto hace con que algunas personas
no tan acostumbradas a tal uso, la consideren una total falta de cor-
tesí�a y /o educación.
Creemos que, aunque los paí�ses de la zona rioplatense in-
corporaron el voseo en épocas casi similares, y a pesar de que man-
tuvieron ví�nculos geográficos, históricos y culturales, existe hoy
una diferencia en la manera de abordar esta forma pronominal.
Muchos de los paí�ses voseantes tienen hoy una total dispo-
nibilidad de emplear esta forma de una manera propia, es decir, las
fórmulas nominales se integran a los desplazamientos verbales y
pronominales de persona en la interacción pragmalingüí�stica del
coloquio. Como extendernos a todas estas fórmulas en unas pocas
páginas de un trabajo serí�a algo imposible, aludiremos a aquellas
fórmulas que son constantes en el español general, así� como a sus
variantes regionales.
Actualmente, se discute mucho el uso del vos en algunas re-
giones hispanoamericanas. Se dice que es un desví�o del lenguaje,
que es español mal hablado porque en España no se habla y su nor-
92
ma culta no lo reconoce. Con todo, mucha gente no sabe que todo
eso tiene un fondo histórico y que el voseo hispanoamericano es
un arcaí�smo del voseo español, que se perdió entre los siglos XVII y
XVIII en la pení�nsula.
En la literatura , grandes escritores han aportado para la
evolución del uso del vos, ya que lo incorporaron en sus obras como
algo normal, sin importar si estarí�an escribiendo de forma norma-
tiva o no.
94
Vos reverencial que se otorga en razón del rango estamental
[+ rango].
Vos de distancia social que se otorga a individuos de estratos
inferiores.
Vos de interés que se otorga porque se espera un favor o be-
neficio.
Tú que se otorga por lazos familiares.
Tú que se otorga en razón del mayor rango intra/extraestal-
mente.
Tú que indica cercaní�a afectiva (otorgable en situación for-
mal o informal).
97
No es improbable que semejante predominio de vos sobre tú
provenga del empleo que del primero se hací�a al hablar con
inferiores, lo cual serí�a buen argumento de la manera como
los peninsulares trataban a los indios y criollos. A los compro-
bantes que de este uso de vos están citados en Apuntaciones
críticas sobre el lenguaje bogotano, parágrafo 306, agregaré el
siguiente: «Como un caballero valeroso y generoso, aunque
mal criado le oyese yo decir a cada uno con quien hablaba vos,
vos y él, él y que nunca decí�a merced, dí�jele yo: por mi vida,
señor, que pienso muchas veces entre mí� que por eso Dios ni
el Rey nunca os hacen merced, porque jamás llamáis a ningu-
no merced. Sintió tanto esta palabra, que dende en adelante
paró de decir vos y llamaba a todos merced (Guevara, Epístolas
familiares, 1, 25)»
DEFINICIÓN Y CARACTERÍSTICAS.
98
EL VOSEO EN EL RÍO DE LA PLATA.
Luna de Enfrente
Calle Serrano.
Vos ya no sos la misma de cuando el Centenario:
Antes eras más cielo y hoy sos puras fachadas.
[...]
Ahora te prestigian
99
El barullo caliente de una confitería
un aviso punzó como una injuria.
En la espalda movida de tus italianitas
No hay ni una trenza donde ahorcar la ternura...
(“A la calle Serrano”, LE, p. 27).
Y en:
Calle con almacén rosado ( también de Luna de enfrente).
… ¡Qué lindo atestiguarte, calle de siempre, ya que te miraron tan pocas cosas
mis días!
Ya la luz raya el aire.
Mis años recorrieron los caminos de la tierra y del agua
y sólo a vos te siento, calle dura y rosada.
Pienso si tus paredes concibieron la aurora,
almacén que en la punta de la noche eres claro…
Seguiremos analizando el voseo en algunos capítulos del libro Rayuela de Julio
Cortázar.
Capítulo 3 .
Vos creés que está en esta pieza pero no estás…
-Vos no podrías – dijo–.Vos pensás demasiado antes de hacer nada.
- Parto del principio de que la reflexión debe preceder a la acción, bobalina.
- Partís del principio – dijo Maga- .Qué complicado .Vos sos como un testigo, sos
el que va al museo…
Capítulo 31.
-Vos – dijo Gregorovius, mirando otra vez el suelo- escondés el juego.
- Elucidá hermano, me harás un favor.
Capítulo 88.
-Che, pero si movés así la pierna te voy a clavar la aguja en las costillas- dijo Tra-
veler.
En la obra de Cortázar, es evidente el uso del voseo.
Para finalizar nuestro análisis en escritores argentinos analizaremos el voseo en
Ernesto Sábato. en el libro” Sobre héroes y tumbas”.
Capítulo I El Dragón y la princesa.
“ Si no es así de ningún modo”, y lo escrutaba como un pintor observa a su mode-
lo, chupando nerviosamente su eterno cigarrillo.
100
“Esperá”, decía.
“Sos algo más que un buen mozo, decía.
“Sos un muchacho interesante y profundo, aparte de que tenés un tipo muy raro”
Capítulo II Los rostros invisibles.
-Mirá. No te puedo decir ahora cuándo nos veremos de nuevo…(Pág. 132)
- Esperá.
Con una voz menos dura le dijo:…
-Fijáte en la secretaria que tiene, esa rubia…(Página 133)
Te quiero
Tus manos son mi caricia
mis acordes cotidianos
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia
101
Vilariño y el uso del voseo en algunas de sus obras.
Cuando compre un espejo para el baño...
Cuando compre un espejo para el baño
voy a verme la cara
voy a verme
pues qué otra manera hay decíme
qué otra manera de saber quién soy.
…
Un huésped
No sos mío
no estás
en mi vida
a mi lado
no comés en mi mesa
ni reís ni cantás
ni vivís para mí.
…
CONCLUSIONES:
102
El voseo en el Rí�o de la Plata constituye desde los tiempos
de la conquista un signo de la identidad del pueblo americano y
siempre fue en la Argentina señal de prestigio social e incluso aca-
démico.
El voseo en el Paraguay sigue el modelo argentino, aunque
se registran alternancias de tú/vos en diversas poblaciones situa-
das a orillas del rí�o Paraguay.
En Uruguay el empleo de vos es muy complejo, con voseo
pronominal y verbal en la zona de contacto con el litoral argentino,
tuteo pronominal y voseo verbal en Montevideo: tú tenés y tuteo
exclusivo tú tienes. Los uruguayos han avanzado significativamente
hacia el voseo. En general se observa por parte de los uruguayos
una clara preferencia por el voseo, en detrimento del tuteo que dis-
minuye gradualmente.
El uso de l vos que empezó como un arcaí�smo ha dejado de
ser una variante dialectal par a ocupar un lugar en el paradigma
pronominal culto rioplatense.
Vimos a lo largo de la investigación que el tema elegido para
esta tesina es muy complejo debido a la gran extensión del asunto
abordado, considerando que el voseo es un fenómeno lingüí�stico
que pasó por varias etapas. Al principio, llegó a ser discriminado
y considerado como vulgarismo, e incluso como una manera “er-
rada” de comunicarse. No obstante, hoy dí�a, lejos de compartir de
opiniones que solo revelan una profunda ignorancia en este asunto,
entendemos que el empleo del pronombre de tratamiento vos está
lejos de erradicarse de la lengua de los hablantes de la zona del Rí�o
de La Plata y de muchos paí�ses latinoamericanos, como también
creemos que se trata de un fenómeno lingüí�stico que cobra cada
vez más intensidad como en el caso de Argentina y Uruguay, con-
siderados paí�ses voseantes en casi su totalidad y que mantienen
estrechos lazos socioculturales.
103
A la luz de todo lo expuesto anteriormente, hoy por hoy, no
hay motivo para que se siga considerando el empleo del pronom-
bre personal vos como una variante dialectal, ya que desde hace
décadas es usado por grandes escritores de la literatura america-
na, imponiéndose e incorporándose al lenguaje de todas las capas
sociales. La Academia Argentina de Letras reconoce el voseo como
legí�timo desde 1982 y la Real Academia Española lo incluye actual-
mente en los modelos de conjugación verbal y acepta plenamente
su uso.
BIBLIOGRAFÍA
______. Posición del Uruguay dentro del así llamado español riopla-
tense. Cuadernos de Literatura, 3, Resistencia. Chaco. Universidad
Nacional del Nordeste 1984.
104
FONTANELA DE WEINBERG,1977, Marí�a Beatriz. La constitución
del paradigma pronominal del voseo, Thesaurus, Boletí�n del Institu-
to Caro y Cuervo, XXXIV.
105
COMPETÊNCIAS COMUNICATIVA E
TRADUTÓRIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE
LÍNGUAS PARA FINS TRADUTOLÓGICOS: UMA
BREVE ANÁLISE TEÓRICO-COMPARATIVA
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
107
linguisticamente nos diversos contextos comunicativos sociais de
maneira que o seu discurso seja adequado, isto é, considerar aspec-
tos linguí�sticos, comunicativos e discursivos para atingir apropria-
damente os objetivos comunicativos através da lí�ngua. Em contra-
partida, a competência tradutória foi concebida pelo Grupo PACTE
para dar conta de uma área especí�fica dos estudos tradutológicos
aplicados, a saber, a didática de tradução (HURTADO ALBIR, 2005),
mas que, por analogia, também desejo aplicar especificamente na
didática de lí�nguas para tradutores em formação. A competência
tradutória considera algumas (sub)competências e outros compo-
nentes necessários para a aquisição e o desenvolvimento da capaci-
dade adequada do ato de traduzir em (futuros) tradutores.
Assim, neste estudo, primeiro apresento sobre alguns possí�-
veis conceitos de tradução em conjunto com definições relativas à
tradução como processo e como produto tradutórios, estando am-
bos intimamente ligados à comunicação. Posteriormente, disserto
sobre a competência comunicativa no ensino de lí�nguas. Em segui-
da, trato da competência tradutória e o ensino de tradução. Por fim,
antes de encerrar com as considerações finais, desenvolvo uma bre-
ve análise comparativa entre as competências comunicativa e tra-
dutória com vistas ao ensino tradutológico de lí�nguas, crendo que
as competências comunicativa e tradutória são mais produtivas
numa análise comparativa do que numa análise contrastiva, pois há
mais semelhanças do que diferenças e, ainda que sirvam para pro-
pósitos didático-comunicativos especí�ficos, elas se assemelham. A
partir deste breve trabalho teórico, concluo, ao final, que conside-
rar as competências comunicativa e tradutória como orientadoras
para o ensino tradutológico de lí�nguas contribuem, portanto, para o
ensino-aprendizagem de lí�nguas para fins tradutológicos.
108
TRADUÇÃO: O PROCESSO E O PRODUTO TRADUTÓ-
RIOS COMO COMUNICAÇÃO
109
nicativos. Contudo, conforme exposto por Oustinoff (2011, p. 75-
76, grifos do autor), não se pode mencionar a tradução interlingual
de forma independente da tradução intralingual:
110
como aquilo que é visto por todos, mas que sob ele jaz uma ampli-
tude inimaginável de questões relativas à tradução. Ainda assim, o
próprio produto tradutório, ou seja, o texto traduzido leva consigo
a complexidade do processo tradutório que é intrinsicamente lin-
guageiro, porque envolve toda a linguagem e suas interfaces como,
por exemplo, a lí�ngua, a cultura, a sociedade e a história. Conforme
descrito por Arrojo (1992, p. 68, grifos da autora):
Toda tradução, por mais simples e breve que seja, trai sua
procedência, revela suas opções, as circunstâncias, o tempo e
a história de seu realizador. Toda tradução, por mais simples e
breve que seja, revela ser produto de uma perspectiva, de um
sujeito interpretante e, não, meramente, uma compreensão
“neutra” e desinteressada ou um resgate comprovadamente
“correto” ou “incorreto” dos significados supostamente está-
veis do texto de partida.
112
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA NO ENSINO DE LÍN-
GUAS
113
tores publicaram estudos desde o iní�cio da década de 1970, como
foi o caso de Dell Hymes, e mais recentemente, no final da década
de 2000, com o trabalho de Francisco José Cantero em 2008. A CC,
portanto, tomou proporções e aspectos diferentes em cada um des-
ses estudos, mas sempre mantendo aspectos fundamentais, o que
oportuniza uma certa homogeneidade na discussão teórica entre
os autores como, por exemplo, as subcompetências pertencentes à
CC, tais como, as subcompetências gramatical/linguí�stica, estraté-
gica, sociolinguí�stica e discursiva que, embora não sejam unanimi-
dade em todos os trabalhos, elas possuem possí�veis semelhanças
com outras subcompetências mencionadas pelos autores.
Neste estudo, por sua vez, disserto a partir da proposta ela-
borada por Souto Franco e Almeida Filho (2009) e revisitada por
Almeida Filho (2022, no prelo), os quais propõem que a CC tenha,
ao menos, quatro partes elementares com seus respectivos subcom-
ponentes para a sua devida composição, a saber: i) a base sociocul-
tural (cf. SOUTO FRANCO; ALMEIDA FILHO, 2009); ii) a subcom-
petência linguí�stica com a sub-subcompetência metalinguí�stica; iii)
a subcompetência interacional com a sub-subcompetência discur-
sivo-textual que abrange a sub-sub-subcompetência metacomuni-
cativa discursivo-textual; iv) a subcompetência estratégica com as
sub-subcompetências formulaica e lúdico-estética que englobam as
sub-sub-subcompetências metacomunicativas formulaica e lúdico-
-estética (cf. Figura 1).
114
Figura 1 – Representação da Competência Comunicativa
115
conceito de pressão ou estresse comunicativo como aquilo que pode
facilitar ou tornar árduo a comunicação por meio da lí�ngua e consi-
dera haver três fatores que devem ser considerados nesse conceito:
116
COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA NO ENSINO DE TRADU-
ÇÃO
117
Figura 2 – A competência tradutória segundo o Grupo PACTE
120
zagem de lí�nguas para fins especí�ficos (DUDLEY-EVANS; ST. JOHN,
1998; HUTCHINSON; WATERS, 1987; RAMOS, 2008; SILVA JÚ� NIOR,
2019).
De acordo com Silveira (1999), lí�nguas para fins especí�ficos,
de agora em diante LinFE, é uma abordagem que nasceu e está in-
serida dentro das abordagens comunicativas do ensino-aprendiza-
gem de lí�nguas, pois a autora explica da seguinte maneira: “é neste
contexto [dos anos 1970] de cores sociais, polí�ticas e econômicas
que nasce a abordagem comunicativa, para atender às necessidades
de aquisição de lí�nguas dos imigrantes e, por extensão, de adultos
em geral que tivessem necessidade de aprender [LinFE]”. Em vista
disso, temos esse ensino de tradutológico de lí�nguas como parte de
LinFE que, por sua vez, está em consonância com os aspectos da
abordagem comunicativa, o que possibilita a utilização da CC como
um elemento orientador desse ensino-aprendizagem de lí�nguas de
um contexto tão especí�fico.
As competências comunicativa e tradutória, por sua vez, são
mais produtivas numa análise comparativa do que numa análise
contrastiva, pois há mais semelhanças do que diferenças e as pró-
prias diferenças não são tão distintas, apenas servem propósitos
sociocomunicativos especí�ficos, mas que se assemelham. Isso pode
ficar mais ní�tido a partir da composição das duas competências em
que abrangem subcompetências que demandam conhecimentos
declarativos e operacionais com aspectos linguí�stico, cultural, es-
tratégico, especializado e operacional (cf. Tabela 1).
Tabela 1 – Análise comparativa entre as competências comunicativa e tradutória
COMPET� NCIA COMUNICA- COMPET� NCIA
CONHECIMENTO
TIVA TRADUTÓ� RIA
subcompetência
Linguí�stico subcompetência linguí�stica
bilí�ngue
121
subcompetência
Cultural base sociocultural
extralinguí�stica
subcompetência
Estratégico subcompetência estratégica
estratégica
todas as sub-subcompetências subcompetência
Especializado metalinguí�stica e metacomu- conhecimentos
nicativas sobre tradução
subcompetência
Operacional subcompetência interacional
instrumental
Outros aspectos rele- componentes
estresse comunicativo
vantes psicofisiológicos
Fonte: Autor (2022).
REFERÊNCIAS
122
ARROJO, R. Compreender x interpretar e a questão da tradução. In:
O signo descontruído: implicações para a tradução, a leitura e o
ensino. Campinas: Pontes, 1992.
124
RELAÇÕES INTERNACIONAIS E O ENSINO DE
LÍNGUA INGLESA NO NÚCLEO DE LÍNGUAS
DA UEPB: INVESTIGANDO A ORALIDADE
PELAS LENTES DA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-
FUNCIONAL
1. Introdução
128
meio da linguagem, “um produto do processo social” (HALLIDAY,
1978, p. 01).
Assim, tendo em vista essa funcionalidade da linguagem, a
LSF leva em consideração dois tipos de contextos para a análise de
textos, o contexto de cultura e o contexto de situação. Segundo Butt
(et al. 1998) o contexto de cultura diz respeito às diferenças “en-
tre uma cultura e outra” (p. 12), isto é, ao que é esperado por uma
pessoa em uma comunidade especí�fica em termos de significados
e suposições que eles compartilham. Quanto ao contexto de situa-
ção, Butt (ibid.), declara que este se refere a coisas acontecendo no
mundo fora do texto que fazem do texto o que ele é. Em outras pa-
lavras, diz respeito às caracterí�sticas extralinguí�sticas de um texto,
aos padrões gramaticais que falantes e escritores usam consciente
e inconscientemente para construir textos variados, e que seu pú-
blico usa para classificá-los e interpretá-los (p. 12, tradução nossa).
Concernente a estas caracterí�sticas, Butt (ibid.) explica que
para analisar um texto, então, é preciso considerar as três variáveis
referidas por Halliday (1978), as quais fazem parte do contexto de
situação e que têm a função de situar um texto, quais sejam: campo,
relações e modo. Assim, o campo refere-se ao que “deve ser falado
ou escrito – o assunto”; as relações, a “quem você está falando – a
relação entre o falante e o ouvinte e/o escritor e o leitor”; e o modo,
a “como você está falando – o tipo de texto que está sendo feito”.
Desse modo, consideramos estas três variáveis do contexto de situa-
ção para a análise dos nossos dados.
Além disso, procuramos também aprofundar a análise do
discurso das entrevistadas tendo em vista a estrutura temática do
texto, uma vez que a organização temática das orações proporcio-
na, segundo Ventura e Lima-Lopes (2002) a construção da coesão,
de modo a evidenciar mais detalhadamente organização da mensa-
129
gem e a ênfase que o leitor buscou manifestar em seu discurso. As-
sim, de acordo com Halliday e Matthiessen (2014), tal organização
temática se estabelece a partir de um sistema organizado em torno
de um binômio: o Tema e o Rema. O Tema diz respeito ao primeiro
constituinte da oração, isto é, o elemento que atua como ponto de
partida para a transmissão da mensagem, aquele que o leitor loca-
liza e orienta a oração dentro de um contexto; já o Rema, conforme
explicam Fuzer e Cabral (2014), refere-se, resumidamente, a todo o
restante da oração.
Disto isso, buscamos explicitar, no próximo parágrafo, como
se deu a metodologia para a análise do corpus da presente pesqui-
sa.
2. Metodologia
3. Análise
131
Segmento 1 – Pergunta 6
Como você se sentiu durante a apresentação?
132
como [nós] marcado Circunstância de modo
falamos antes...
anteriormente...
é... como
tava...todo
mundo secon-
hecia, assim...é...
e todos tavam
contribuindo
de
alguma forma,
então eu não marcado tema textual + tema tópico = tema
múltiplo
Eu não-marcado Sujeito simples
Mas [isso] não-marcado tema textual + sujeito elí�ptico = tema
múltiplo
Então eu não-marcado tema textual + tema tópico = temamúlti-
plo
e... e aí�... [isso – a marcado tema textual + sujeito interpessoal =
apresentação] temamúltiplo
Eu não-marcado Sujeito – tema simples
Ao analisarmos a estrutura do seguimento referente a per-
gunta 6, no tocante ao processo mental de sentir, representando o
mundo que experienciaram através da linguagem estruturalmente
organizada em seu relato de experiência, percebemos que ambas as
alunas colaboradoras, ministrantes da oficina, relatam tranquilida-
de e confortabilidade ao apresentar pela primeira vez uma oficina
e, sobretudo, em lí�ngua inglesa.
Já na primeira oração, a participante Aiesec situa o leitor, me-
diante o uso da estruturação da circunstância de tempo “durante a
apresentação”, sendo salientada posteriormente com a utilização
de – tema textual – “mas durante”, que, embora houvesse a empol-
gação, compreendida ao nosso ver como um sinônimo de ansieda-
de advinda, presumivelmente, pelo fato de nunca ter apresentado
133
oralmente na universidade, ela se sentia “tranquila” para assim
ministrar. Mais adiante, ela explica, a partir do tema proposto na
oração“como [nós] falamos antes... anteriormente... é... como tava...
todo mundo se conhecia, assim...é... e todos tavam contribuindo de
alguma forma”, que o motivo pelo qual ela estava calma, seria pelo
fato de já conhecer a turma e se sentir amparada de alguma forma
pelos colegas. Nesse caso, se faz relevante destacar a importância
de um ambiente de aprendizagem colaborativo e cooperativo para
o bem estar dos envolvidos, não apenas dos que apresentam, mas
para os que participam como ouvintes. Como defende Vygotsky
(2007), esse tipo de ambiente e metodologia colaborativa e coo-
perativa proporciona aos alunos meios para que o conhecimento
seja socialmente construí�do não apenas para que haja construção
e reconstrução de significados, mas para que o aprender seja pra-
zeroso. Percebemos, assim, que, o que é defendido por Vygotsky
(ibid.), é trazido no relato da participante Aiesec. O mesmo é com� -
partilhado pela participante Diamante, ademais relatando, através
da utilização de um tema textual + tema tópico = tema múltiplo, que
um dos motivos pelo qual essa tranquilidade foi experienciada se
dá pelo fato de elas terem, como é visto através do rema da oração,
“o apoio da professora lá dentro, mesmo que não intervisse todo
o momento”. Ela salienta explicando que foi esse o motivo que as
fizeram se sentir bem para estarem ali, a tí�tulo de exemplo, na ora-
ção “[isso] fez com que a gente se sentisse encorajada pra poder tá
ali, é... apresentando pro pessoal”. A participante Aiesec, nas linhas
posteriores a este relato, enfatiza o apoio da professora, relatando,
através de uma relação de hipotaxe seguido do rema, que a pro-
fessora estava lá para dar suporte, caso necessário, visivo a seguir:
“se alguma coisa saí�sse do controle ou que eu não soubesse, é... a
professora conseguia nos guiar de alguma forma, é...pra deixar... pra
134
as pessoas entenderem o a gente... a mensagem que a gente tava
querendo passar”.
Segmento 2 – Pergunta 7
Como você se sentiu após a apresentação?
Diamante: O pós apresentação foi gratificante... || saber que eu
dei conta || e... e... que todo mundo gostou, || e que a gente conseguiu...
|| [isso] foi... foi muito gratificante poder participar ali... daquilo e... me
sentir bem... || e [eu] senti que foi um sentimento de dever cumprido, as-
sim... Aiesec: || É. Eu fiquei muito feliz de ver o resultado, de ver... é...
que todo mundo se empolgou, que todo mundo se divertiu... que tudo
deu certo, né... || todo o trabalho que a gente tava... fez durante alguns
dias, é... deu certo || e [a apresentação] saiu como a gente queria, de cer-
ta forma, e... a sensação de que eu posso mais, sabe? || É... [este] foi um
início, assim... de apresentações || que eu espero que não acabe por aí, e
nem vai... || E saber que... eu tenho capacidade de... ir mais além, sabe?
Sair totalmente, assim, dessa zona de conforto, de ficar quietinha, mais
na minha, e realmente pegar minha voz e usar pra, né... conversar com
as pessoas, assim... nesse momento... e foi massa. || Diamante: Exata-
mente. Sair da zona de conforto principalmente numa outra língua não
é fácil, mas... || Aiesec: É. Diamante: mas [isso] foi muito bom, || foi
muito... gratificante saber que... que a gente conseguiu. || Aiesec: E... e
saber também que o que nós estamos aprendendo em sala, né... assim
do conteúdo tá fazendo efeito de alguma forma, porque... o inglês não é
só pra colocar no papel, né... é justamente essa... fala, né... o speaking.
|| Então. [isso] foi muito bom. || Diamante: Exatamente.
135
Tabela 1 – Segmento 2 (Pergunta 7)
Tema Marcado/Não- Classificação
marcado
O pós apresentação não marcado Sujeito simples
todo mundo não-marcado Sujeito simples
a gente não-marcado Sujeito simples
Isso não-marcado Sujeito simples –
elí�ptico
Eu não-marcado Sujeito elí�ptico
Eu não-marcado Sujeito simples
todo o trabalho que a gente marcado Tema interpessoal
a apresentação não-marcado Sujeito simples
elí�ptico
Este não-marcado Sujeito simples
elí�ptico
que eu marcado Oração paratática –
tema
textual
a sensação não-marcado Sujeito simples
elí�ptico
Sair da zona de conforto marcado Tema interpessoal
principalmente numa outra
lí�ngua
mas [isso] marcado Oração paratática –
tematextual + sujeito
elí�ptico
= tema múltiplo
E saber que... eu tenho capaci- marcado Tema múltiplo
dade de... ir mais além, sabe?
Sair totalmente,assim, dessa
zona deconforto, de ficar
quietinha, mais na minha, e
realmente pegar minha voz e
usar pra, né... conversar com
as
pessoas, assim... nesse mo-
mento... e [isso]
136
isso não-marcado Sujeito simples
Exatamente não-marcado Adjunto modal –
temamúltiplo
No seguimento 2, a aluna colaboradora, ministrantes da
oficina, Diamante, inicia seu relato fazendo uso do adjetivo “gratifi-
cante”. Ela demonstra reflexão acerca do que foi realizadopor ela ao
fazer uso do tema “saber que eu” seguido do rema “dei conta”. Essa
oração faz jus aexpectativa que foi desencadeada ao longo da prepa-
ração da apresentação e que, agora, foi cumprida com êxito por ela.
Percebemos seu estado de ânimo mediante o uso do “todo mundo”,
isto é, àqueles alunos que presenciaram sua primeira apresentação
oral acadêmica, e em lí�nguainglesa. Sua realização continua nas li-
nhas a seguir: “foi... foi muito gratificante poder participar ali... da-
quilo e... me sentir bem... || e [eu] senti que foi um sentimento de
dever cumprido, assim...”.
O mesmo sentimento é relatado pela participante Aiesec,
quando a partir de um tema interpessoal – “todo o trabalho que a
gente” – revela ao leitor, através da construção textual, que houve
sim preparação e responsabilidade abraçada para que aquela apre-
sentação acontecesse. Além disso, a participante externaliza tex-
tualmente, através da utilização de temasmúltiplos, sua consciência
sobre o poder que tem de ir mais além e de utilizar sua voz para
socializar, construir significados e, consequentemente, viver, quan-
do ela diz a seguir: “E saberque... eu tenho capacidade de... ir mais
além, sabe? Sair totalmente, assim, dessa zona de conforto, de fi-
car quietinha, mais na minha, e realmente pegar minha voz e usar
pra, né... conversar com as pessoas, assim... nesse momento...”. Tudo
isso, é também corroborado pela participante Diamante, quando ela
afirma que “foi muito bom, || foi muito... gratificante saber que... que
a gente conseguiu”. E, por último, Aiesec, explica que a apresentação
137
em si foi “muito boa” por estarem conseguindo colocar em prática
o que aprenderam em sala de aula, como mostra o rema a seguir:
“estamos aprendendo em sala, né... assim.... do conteúdo tá fazendo
efeito de alguma forma, porque... o inglês não é só pra colocar no
papel, né... é justamente essa... fala, né... o speaking.”.
Considerações Finais
Referências
139
FUZER, C.; CABRAL, S. R. S. Introdução à gramática sistêmico-funcio-
nal em língua portuguesa. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2014.
140
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZADO DE
GRAMÁTICA E MODOS DE INSTRUÇÃO:
CONFRONTANDO PERCEPÇÕES DE
PROFESSORES E ALUNOS
Introdução
141
vários fatores estão envolvidos nesta equação, que leva em conta
aspectos do contexto em que estão acontecendo esse aprendizado1.
A aptidão para a aprendizagem de lí�nguas estrangeiras é
concebida como uma combinação de habilidades perceptuais e
cognitivas que são consideradas vantajosas durante o processo de
aquisição de uma L2 (ASL) (CARROLL, 1981; DOUGHTY, BUNTING,
CAMPBELL, BOWLES, & HAARMANN, 2007). Pawlak (2012a) lis-
ta, entre os fatores que compreendem estas diferenças individuais:
idade, aptidão, motivação, estratégias utilizadas no aprendizado,
inteligência, criatividade, estilo cognitivo e de aprendizado, ansie-
dade, crenças, e disposição para se comunicar. A combinação destes
fatores podem ter relação com o grau de competência final alcan-
çado, sendo preditores do sucesso da aquisição de L2 e pode ser
informativo no processo de aquisição de L2, especialmente ao dar
recomendações para a prática de sala de aula.
Em se tratando de aquisição de segunda lí�ngua, é importante
lembrar que não se trata de pensar num perí�odo crí�tico, mas, como
um perí�odo sensí�vel à aprendizagem de L2, que gradualmente di-
minui em um perí�odo de tempo e permite maior chance de sucesso
no processo de aquisição.
O perí�odo crí�tico para aquisição de lí�nguas diria respeito ao
perí�odo em que as pessoas apresentam uma maior sensibilidade
para adquirir uma lí�ngua (LENNEBERG, 1967, p. 62-63). Apesar
de não existir um consenso quanto a idade, segundo essa hipótese,
crianças e jovens têm mais chances de adquirir uma lí�ngua exito-
samente do que adultos. Segundo Newport e Johnson (1999), ao
passo que o sistema cognitivo amadurece, também diminui a habi-
lidade de aquisição de outro idioma.
1 Neste capí�tulo, utilizaremos os termos aquisição e aprendizado como sinôn-
imos, que remetem à formação de representações de uma L2 na mente do
falante de L2 (COOK, 2016).
142
Estudos como os de Figueiredo e Silva (2008), no entanto,
sugerem que o perí�odo crí�tico não seja um fator cognitivo deter-
minante para o sucesso na aquisição de uma lí�ngua adicional (LE).
Na verdade, ele estaria relacionado a fatores afetivos e psicológicos,
bem como ele afeta a aquisição em ní�veis diferentes. De acordo com
Hernandez e Li (2007), a idade de aquisição de uma LE tem maior
influência sobre o processamento sintático, morfológico e fonológi-
co do que sobre o processamento semântico e lexical.
Dentre as variáveis de natureza cognitiva propensas a serem
manipuladas através de fatores externos, existem aquelas conhe-
cidas como estilos cognitivos, e que se referem, grosso modo, aos
estilos e estratégias de aprendizagem. A maneira como os aprendi-
zes lidam com as situações de aprendizado podem revelar predis-
posições sobre o processamento da informação, resolução de pro-
blemas e indicam quais abordagens podem ser benéficas ou causar
uma sobrecarga para a aprendizagem.
O ensino de gramática é um tema comumente abordado no
ensino de L2. No entanto, o interesse sobre como aprendizes con-
seguem apreender aspectos formais da gramática em função das
estratégias de aprendizado utilizadas é algo que apenas recente-
mente vem recebendo a atenção devida (PAWLAK, 2006). Oxford et
al. (2007) refletem sobre a possibilidade da gramática ficar relega-
da a uma categoria de menor importância no ensino de L2 devido
ao perfil secundário que este aspecto possui dentro da abordagem
comunicativa. O que alguns professores parecem desconhecer, ou
ignorar, dentro desta abordagem é que uma das competências que
compõem a competência comunicativa (HYMES, 1972) é exata-
mente a competência gramatical (SAVIGNON, 1987), que lida não
apenas com aspectos estruturais, mas também todo o repertório
linguí�stico que inclui aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos
e semânticos.
143
Griffiths (2008) reporta que uma das caracterí�sticas dos
indiví�duos que conseguem apresentar progresso rápido na aquisi-
ção de uma L2 está na identificação e uso de recursos estratégi-
cos voltados para o conhecimento gramatical. Na mesma direção,
Mystkowska-Wiertelak (2008) encontrou que são estratégias me-
tacognitivas aquelas mais utilizadas por aprendizes no aprendiza-
do de gramática de maneira bem sucedida, e que seu uso dependia
de fatores principalmente associados à idade do aprendiz, tendo
também influência de gênero, duração de estudo da L2 e histórico
educacional.
Uma proposta de criar uma nomenclatura para as estraté-
gias de aprendizagem de gramática foi feita por Oxford e colegas
(2007) e que se relacionam com estratégias que são efetivamen-
te utilizadas pelos professores. Para os autores, estas seriam com-
preendidas como “ações ou pensamentos que os aprendizes usam
conscientemente para fazer o aprendizado e/ou uso da lí�ngua mais
fácil, mais efetiva, mais eficiente e mais agradável” (OXFORD et al.,
2007, p. 117, tradução nossa2). A divisão dessas estratégias seria
encarada da seguinte forma:
145
(2) Abordagem explí�cita, modo indutivo: participação em
discussões para descoberta de regra, criação e testagem
de hipóteses sobre o uso da lí�ngua, escuta cuidadosa das
correções feitas pelo professor.
(3) Abordagem explí�cita, modo dedutivo: previsão da lição
para identificar estrutura central no conteúdo, criação
de sentenças utilizando regras, revisões gramaticais.
Pawlak (2008) ressalta que tal classificação é falha ao não
incluir a perspectiva do aluno, e em não reconhecer que ela não
necessariamente reflete a realidade do aprendizado, uma vez que o
aluno pode participar de uma aula com abordagem implí�cita e foco
no sentido, mas aplicar durante seu estudo estratégias explí�citas
dedutivas.
Sobre estes aspectos e classificação, Pawlak (2012b) inves-
tigou o uso de estratégias de aprendizado de gramática com alunos
de ní�vel avançado de inglês (ní�veis B2, C1 e C2 no Marco Comum
Europeu) em função do modo de instrução adotado pelo professor.
O autor conduziu um questionário com afirmações feitas com base
na classificação de Oxford et al. (2007). Os resultados foram na di-
reção do uso de estratégias implí�citas com foco na forma, apesar
dos mesmos respondentes afirmarem que preferem o uso de es-
tratégias mais tradicionais, explí�citas dedutivas, quando estão es-
tudando a lí�ngua alvo.
Com base neste estudo (PAWLAK, 2012b), decidimos condu-
zir uma investigação com professores e alunos de lí�ngua estrangei-
ra (LE). Desta forma, nos propomos a investigar como o uso de es-
tratégias de aprendizado de gramática de aprendizes e professores
de LE se relacionam entre si.
146
Metodologia
147
tento utilizá-la o quanto antes em um contexto significa-
tivo.
(b) Alto í�ndice 2 (AE-MI-A2): Eu faço checagem das regras
que crio pela minha interpretação com outras pessoas
que sabem mais a lí�ngua estrangeira que eu.
(c) Baixo í�ndice 1 (AE-MI-B1): Eu mantenho um caderno/
anotações de qualquer estrutura que eu esteja procuran-
do descobrir a regra.
(d) Baixo í�ndice 1 (AE-MI-B2): Eu participo em debates para
criar/explicar possí�veis regras gramaticais.
(C) Aprendizagem explí�cita, modo dedutivo:
(a) Alto í�ndice 1 (AE-MD-A1): Eu presto atenção às regras
que o professor ou o livro apresentam.
(b) Alto í�ndice 1 (AE-MD-A2): Eu tento usar as regras cuida-
dosamente e corretamente em sentenças especí�ficas.
(c) Baixo í�ndice 1 (AE-MD-B1): Eu faço gráficos gramaticais.
(d) Baixo í�ndice 1 (AE-MD-B2): Eu trabalho com um colega
para usar as regras gramaticais.
Os respondentes precisavam indicar numa escala Likert de
5 pontos sua opinião em relação a cada item, num continuum va-
riando desde discordar totalmente, julgamento 1, ou se concordar
plenamente, julgamento 5, com sua percepção sobre aquele item.
Todos os participantes foram informados sobre o escopo do
estudo e consentiram em participar voluntariamente. Os dados foram
submetidos a análises qualitativa e quantitativa.
Resultados e discussão
Professores Alunos
Eixo 1 2 3 4 5 Média 1 2 3 4 5 Média
AI-FF-A1 0 7 7 8 3 3,28 2 6 6 7 19 3,92
AI-FF-A2 5 7 6 3 4 2,76 4 6 6 8 16 3,58
AI-FF-B1 7 6 5 3 4 2,64 11 10 9 5 5 2,66
AI-FF-B2 2 5 7 7 4 3,24 3 9 4 10 14 3,50
AE-MI-A1 2 6 9 5 3 3,04 2 7 9 4 18 3,66
AE-MI-A2 11 6 5 3 0 2 9 9 11 4 7 2,76
AE-MI-B1 4 6 6 5 4 2,96 4 6 10 7 13 3,39
AE-MI-B2 7 6 7 4 1 2,44 15 7 10 2 6 2,50
AE-MD-A1 0 5 11 6 3 3,28 1 2 9 4 24 4,16
149
AE-MD-A2 0 5 15 3 2 3,08 3 8 10 6 13 3,37
AE-MD-B1 12 6 2 4 1 2,04 24 7 4 3 2 1,84
AE-MD-B2 2 6 7 5 5 3,2 14 9 8 4 5 2,50
Fonte: Os autores (2023).
No que diz respeito aos grupos, professores e alunos, foi iden-
tificada uma diferença significativa entre os participantes do grupo de
estudantes, sugerindo ainda concepções diferentes entre os próprios
alunos no que diz respeito aos métodos de aquisição investigados. já
no que se refere aos professores, não houve diferença significativa
nas respostas do grupo, conforme Tabela 2.
Tabela 2: Média de respostas geral por grupo.
150
Tabela 3: Média de respostas por condição e média de respostas por condição e
por grupo.
151
tificar diferenças significativas nos itens AI-FF-A1, AE-MD-A1 e AE-
-MD-A2.
Os itens abaixo referem-se à perspectiva das estratégias de
aprendizado gramatical na aquisição da lí�ngua. Ou seja, como pro-
fessores e alunos enxergam o ensino de gramática na aula de LE.
Apenas 3 dos 12 itens apresentaram diferença estatisticamente re-
levante, o que indica certa concordância entre professores e alunos
no que concerne ao ensino e aprendizagem de gramática.
Tabela 4: Comparações entre os í�ndices de resposta dos grupos para cada con-
dição.
Ab. Implícita, Ab. Explícita, Ab. Explícita,
Foco na forma Modo Indutivo Modo Dedutivo
p-val- p-val- p-val-
Item X2 or Item X2 or Item X2 or
AE-
AI-FF-A1 10,980 < 0,05 AE-MI-A1 7,859 > 0,05 MD-A1 16,644 < 0,05
AE-
AI-FF-A2 6,548 > 0,05 AE-MI-A2 7,110 > 0,05 MD-A2 10,877 < 0,05
AE-
AI-FF-B1 0,192 > 0,05 AE-MI-B1 2,785 > 0,05 MD-B1 1,857 > 0,05
AE-
AI-FF-B2 5,054 > 0,05 AE-MI-B2 4,533 > 0,05 MD-B2 6,672 > 0,05
Fonte: Os autores (2023).
Sobre o item AI-FF-A1 do questionário (“Eu percebo (ou
lembro de) estruturas que se repetem frequentemente nos textos/
áudios que estou estudando.”), os alunos de LE afirmam perceber
as estruturas que são frequentemente repetidas no input da LE en-
quanto estudam. Ao observar a Tabela 1, é possí�vel identificar que
este item obteve a maior média de concordância entre os alunos, o
que parece ser indicativo que a maioria tem tal percepção durante
seu estudo. Já entre os professores, esta afirmação também foi uma
das que teve maior í�ndice de concordância sobre seus alunos, po-
rém com uma diferença no espalhamento das respostas. A maior
parte dos professores emitiu julgamentos em torno da mediana (í�n-
152
dices 2, 3 e 4), o que sugere que, apesar de ser uma das estratégias
que percebem em seus alunos, não há consenso na percepção do
uso dela por parte dos seus alunos.
Pode-se inferir que a exposição contí�nua a uma determina-
da estrutura leva os alunos à reflexão e à sensibilização acerca da
mesma, ainda que não seja feita nenhuma introdução explí�cita ao
seu aspecto gramatical. Professores enxergam essa sensibilidade
gramatical diferente nos alunos. Entender que os alunos usam es-
tratégias de aprendizagem diferentes, mesmo tornando o trabalho
do professor mais desafiador, também auxilia no entendimento
de quais estratégias os alunos consideram mais eficientes para o
aprendizado. Aplicar diferentes estratégias enriquece a ASL, desen-
volve habilidades e sensibiliza os alunos sobre a L2.
Sobre o item AE-MD-A1 (“Eu presto atenção às regras que
o professor ou o livro apresentam.”), mais uma vez, os grupos de-
monstram percepções diferentes. Professores julgaram os í�ndices
majoritariamente em torno da mediana (í�ndice 2, 3 e 4). Os alunos,
por outro lado, apresentaram julgamentos principalmente em tor-
no dos í�ndices na mediana e superiores (í�ndices 3, 4 e 5). Infere-se
que os alunos buscam identificar as regras gramaticais apresenta-
das de maneira explí�cita, enquanto os professores não demonstram
clareza em quão conscientes estão os alunos acerca das regras. É�
possí�vel que professores não percebam isso de forma mais segura
em razão do uso que os alunos fazem dessas regras em sala de aula.
Finalmente, em relação ao item AE-MD-A2 (“Eu tento usar as
regras cuidadosamente e corretamente em sentenças especí�ficas.”),
novamente temos diferenças na percepção dos grupos. Alunos emi-
tiram julgamentos na metade superior das possibilidades (í�ndices
3, 4 e 5), enquanto professores se mantiveram majoritariamente na
mediana no seu julgamento (í�ndice 3). Estes resultados parecem
153
indicar que os alunos buscam aplicar de maneira explí�cita as regras
formais que estão estudando no contexto que estão aprendendo.
Por outro lado, o resultado dos professores não é esclarecedor so-
bre sua percepção do uso da aplicação de regras formais.
Levando em consideração os resultados que o item anterior
(AE-MD-A1) foi um dos que obteve maior média de concordância
pelos professores, ou seja, há maior percepção de que os alunos
procuram apreender as regras gramaticais explicitamente mostra-
das, o fato de os julgamentos se concentrarem na mediana para a
maioria dos professores pode ser indicativo que apesar da expo-
sição explí�cita às regras, há uma dificuldade no uso destas pelos
alunos, refletindo a afirmação sobre o uso e aplicação “cuidadosa e
correta” de tais regras.
Tomando os resultados obtidos de maneira geral, é possí�vel
analisar que há uma percepção dos alunos em relação à necessi-
dade do aprendizado de gramática de maneira contextualizada e
partindo do input, isto é, através de estratégias implí�citas com foco
na forma. É� possí�vel perceber que, semelhante a Pawlak (2012b),
houve maior percepção de uso de estratégias implí�citas, seguido
por estratégias explí�citas indutivas, e em menor ní�vel, estratégias
explí�citas dedutivas. Tais resultados são otimistas no tocante à en-
tender que tais estratégias possuem respaldo na literatura que tra-
ta do ensino de gramática, e que são, de fato, o que os alunos mais
procuram utilizar quando lidam com regras formais da lí�ngua.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
155
(González-Pienda J., J. Pérez, Eds.)Atas do V Congreso Internacio-
nal de Psicologia y Educación. Anais...Oviedo: 2008.
156
pectives on Individual Differences in Language Learning and
Teaching, 2012a.
157
O INGLÊS E O ISLÃ: QUANDO O ORIENTE E
O OCIDENTE SE ENCONTRAM – REFLEXÕES
ACERCA DOS IMPACTOS SOCIOCULTURAIS
E ANTROPOLÓGICOS DO OLHAR SOBRE
O OUTRO NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA
159
E assim como o inglês conjurou várias imagens de sua in-
fluência, papéis e funções, assim como o Islã, principalmente após
o 11 de setembro (MOHD-ASRAF, 2005). O Islã é a segunda maior
religião do mundo depois do Cristianismo. Aproximadamente, exis-
tem 1,6 bilhão de muçulmanos em todo o mundo, ou seja, 23% da
população mundial. A palavra Islã significa “submissão à vontade
de Deus’, que deriva da palavra ‘silm’, que significa ‘paz e submis-
são’, sendo uma religião de não-violência. (Yousaf et al., 2020)
Segundo Touzani e Hirschman (2019), representações são
construí�das por discursos simultâneos na sociedade. Esses discur-
sos nascem nos ambientes polí�tico, econômico, social e cultural. É�
através desses posicionamentos diversificados que eles refletem a
cultura e contribuem para a difusão de novas ou diferentes formas
de se observar um determinado contexto ou fenômeno.
No entanto, após o 11 de setembro, os paí�ses islâmicos, tais
como Malásia, Arábia Saudita, Turquia, Indonésia, entre outros,
passaram a sofrer interferências em seus processos educacionais
quanto ao ensino do inglês, gerando um confronto entre religião e
ensino. Afinal, é possí�vel separar os dois?
O presente estudo é uma revisão sobre o processo de ensi-
no-aprendizagem da lí�ngua inglesa em paí�ses islâmicos e como eles
enfrentam os desafios entre os confrontos socioculturais e antropo-
lógicos existentes nesse processo.
160
‘silm’, que significa ‘paz e submissão’, sendo uma religião de não-
-violência. (Yousaf et al., 2020)
Entretanto, o Islã, no cinema, tem sido apresentado para o
Ocidente, por vezes, através de imagens controversas que levam a
discussões sérias acerca desse assunto, visto que estas têm, recen-
temente, causado impactos sociais devido à ideologia criada acerca
desses povos.
Segundo Touzani e Hirschman (2019), representações são
construí�das por discursos simultâneos na sociedade. Esses discur-
sos nascem nos ambientes polí�tico, econômico, social e cultural.
Formas como cinema, literatura, pintura, escultura e outros tipos
de arte também podem assumir esse mesmo papel (Rawlinson,
2009). É� através desses posicionamentos diversificados que eles
refletem a cultura e contribuem para a difusão de novas ou diferen-
tes formas de se observar um determinado contexto ou fenômeno.
Então, de uma forma mais ampla, o Islã sugere a conquista
da paz por submetendo-se totalmente à vontade de Allah. No en-
tanto, as relações entre o Islã e o Ocidente têm sido questões teoló-
gicas e polí�ticas crí�ticas no mundo polí�tica de séculos (YOUSAF et
al., 2020)
161
Islã como religião. [...] Esse tipo de cobertura tendenciosa
em relação ao Islã fere os sentimentos dos muçulmanos em
todo o lugar. O mundo árabe é de opinião que a mí�dia dos EUA
se concentra totalmente em apresentar os paí�ses islâmicos
como terras de reprodução de agressividade e brutalidade.
164
Com isso, os materiais utilizados em aulas são oriundos dos
textos do Corão, histórias tradicionais islâmicas, lições do Corão e
do Hadith, a vida islâmica ao redor do mundo e biografias de perso-
nalidades islâmicas da Indonésia e mundiais.
O mesmo ocorre no estudo de Hasyim e Suhono (2017) em
uma universidade indonésia, ao avaliar aulas de conversação em
lí�ngua inglesa. Percebeu-se que, segundo os autores (2017, p. 25),
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
ELYAS, Tariq. The attitude and the impact of the American English
as a global language within the Saudi education system. Novitas-
-ROYAL (Research on Youth and Language), v. 2, n. 1, 2008.
167
KARMANI. S. Islam, English, and 9/11, Journal of Language, Identity
& Education, 4:2, 2005, pp. 157-172
168
REFLEXÕES DA IMPORTÂNCIA DO USO DAS
TDIC NO ENSINO DE ILE
Resumo:
Introdução
169
sino de lí�nguas as tecnologias auxiliaram com uma maior força no
que diz respeito às abrangentes possibilidades de um aprendiz en-
trar em contato direto com falantes nativos da lí�ngua alvo – LA. As
lí�nguas, que antes estavam sujeitas ao contexto de não imersão, no
qual nós os professores terí�amos que montar unicamente situações
fictí�cias para que o aprendiz pudesse pôr em pratica o que estava
a aprender, através das novas tecnologias e principalmente com o
uso da internet e a evolução deste, passamos a ter a possibilidade
de chegarmos cada vez mais ao contexto de imersão , não por es-
tarmos no pais de origem da lí�ngua, mas por podermos interagir
a qualquer momento com pessoas do mundo todo, possibilitando
por exemplo, que o aprendiz de lí�ngua inglesa possa sentir em uma
interação real, movida por meios virtuais a variação fonética exis-
tente entre os tão mencionados Inglês Britânico e Inglês America-
no.
A relevância deste artigo encontra-se no fato de que cada
vez mais estamos evoluindo tecnologicamente enquanto sociedade
e respectivamente enquanto sociedade da educação e artigos como
esse podem fazer com que profissionais de diversas áreas de co-
nhecimento e de forma menos abrangente, os profissionais da área
de Lí�ngua Inglesa, possam refletir e pensar estratégias de como in-
serir as TDIC dentro de seus contextos de sala de aula.
Nossa ideia a partir desse artigo é buscar realizar algumas
reflexões do uso das TDIC dentro do processo de ensino/apren-
dizado de Inglês Lí�ngua Estrangeira (ILE). Para tanto, ademais
de apresentarmos algumas discussões teórico-metodológicas da
inserção dessas tecnologias dentro do âmbito educacional, apre-
sentamos um tópico que intenciona expor uma reflexão de como
profissionais da área de Lí�ngua Inglesa podem pensar o ensino da
lí�ngua usando as TDIC como suporte para abordarem os conteúdos
170
a serem apresentados em sala de aula. O tipo de pesquisa presen-
te nesse artigo é a pesquisa bibliográfica, pois, esta foi elaborada a
partir de materiais já publicados, em livros, artigos, entre outros.
De acordo com esse pressuposto, nos valemos das palavras de Gil
(2007, p. 44) nas quais o autor elucida a ideia de que os arquétipos
considerados mais caracterí�sticos desse tipo de pesquisa são: in-
vestigações sobre ideologias ou ainda pesquisas que se propõem à
análise das diversas posições sobre um problema.
172
A era da tecnologia é marcada por sua vez, por tecnologias
que vêm e vão de forma abruptamente rápidas, pensando nesse
pressuposto, se faz necessário que estejamos sempre nos atuali-
zando enquanto profissionais da educação, para que desse modo
possamos acompanhar a forma de pensar e agir daqueles que nos
propomos a transmitir algo. Em tempos mais remotos, pensar o en-
sino de Lí�nguas e a interação com um nativo da lí�ngua era algo pra-
ticamente impossí�vel a depender do lugar que se está aprendendo,
hoje em dia as TDIC, possibilitam a interação em tempo real com
vários nativos de outras lí�nguas.
173
A própria sigla que nos ajuda a dissertar sobre o tema o qual
colocamos em pauta TDIC sofreu uma evolução tecnológica. An-
tigamente usávamos a sigla :TIC (Tecnologia da Informação e Co-
municação) e logo, dentro do conceito de Era Digital, sentimos a
necessidade de acrescermos nessa sigla uma outra letra, formando
inclusive a sigla que faz parte do presente artigo: TDIC (Tecnolo-
gia Digital da Comunicação e Informação). Pensando a partir desse
contexto podemos pensar que é bem verdade que tudo é tecnolo-
gia, mas nem toda tecnologia é digital.
174
Pontos positivos e negativos do uso das TDIC dentro do
contexto de ensino/aprendizado de ILE.
175
Facilita a motivação dos alunos, pela novi- Necessita-se de uma forte
dade e pelas possibilidades inesgotáveis de dose de atenção do profes-
pesquisa. sor, pois diante de tantas
possibilidades de busca, a
própria navegação se tor-
na mais sedutora do que o
necessário trabalho de in-
terpretação
176
Na desigual intimidade que os alunos e pro- Os docentes acham que têm
fessores demonstram pelas TICs, pode se ha- pouco tempo para capaci-
ver um efeito benéfico, pois a cada professor tação e atualização, para a
entusiasmado em aprender e fazer diferente utilização das tecnologias
podem associar-se alunos mais colabora- educacionais dentro de sala
tivos e solidários. de aula.
180
dentro desse processo como suporte para que dado conhecimento
possa vir a chegar de forma dinâmica ao aprendiz.
Conclusão
Referências
181
BRYAN, Newton A.P. Educação, trabalho e tecnologia. Campinas,
1992. Tese (Doutorado em Educação), Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, datilo.
182
PAPERT, Seymour. A máquina das Crianças: Repensando a es-
cola na era da informática. Artes Médicas, Porto Alegre, p.4-11,
1994.
183
O ENSINO-APRENDIZADO DO MANDARIM:
DESAFIOS PARA OS FALANTES DE PORTUGUÊS
184
Estudar o Mandarim pode trazer inúmeros benefí�cios pes-
soais e profissionais. Rapidamente podemos citar alguns deles: 1)
a China é a segunda maior economia do mundo e tem um mercado
consumidor em crescimento, portanto, aprender a lí�ngua chinesa
pode abrir oportunidades de negócios e carreiras para quem busca
se destacar em um mercado global cada vez mais competitivo; 2)
estudar a lí�ngua de um povo é passo importante para compreen-
der melhor a sua cultura. Assim, aprender o mandarim, ajudará a
compreender um pouco de uma das culturas mais antigas, ricas e
diversas do mundo, que inclui história, arte, literatura, filosofia e
tradições chinesas; 3) o mandarim é a lí�ngua mais falada no mundo,
com mais de um bilhão de falantes nativos e milhões de estudantes
como lí�ngua estrangeira no mundo inteiro, ou seja, aprender esse
idioma aumenta a capacidade comunicativa do indiví�duo, ao adicio-
nar mais de um bilhão de possí�veis novos interlocutores; 4) apren-
der a lí�ngua chinesa pode ser um desafio, mas também pode ajudar
a desenvolver habilidades cognitivas, como a memória, a atenção e
a criatividade; estudos recentes mostram que diferentes áreas do
cérebro são ativadas quando comparamos com as lí�nguas ociden-
tais, por exemplo e; 5) aprender um novo idioma, especificamente o
mandarim, pode ser uma experiência enriquecedora e gratificante,
aumentando a compreensão e a apreciação da diversidade cultural
e aprimorando a capacidade de comunicação em geral.
Todos esses fatores podem ser explorados quando nos re-
ferimos ao aprendizado do mandarim para o público em geral. No
entanto, sabemos que a distância linguí�stica entre o português e o
mandarim pode dificultar o aprendizado deste último para os alu-
nos brasileiros. Quando delimitamos nosso olhar para os falantes
de lí�ngua portuguesa observamos alguns aspectos que devem ser
destacados. Trazemos neste capí�tulo alguns aspectos linguí�sticos
185
facilitadores e complicadores no processo de ensino-aprendizagem
do mandarim para falantes nativos do português.
✓Metodologia
186
Uma das perguntas solicitava ao aluno que indicasse as prin-
cipais razões que dificultam o aprendizado do mandarim. O estu-
dante poderia assinalar uma ou mais respostas das elencadas a se-
guir: escrita dos caracteres (escrever); pronunciação das palavras
(falar); reconhecer os tons nas palavras (ouvir); memorização dos
caracteres; compreender os aspectos gramaticais; poucos mate-
riais extraclasse disponí�veis.
No gráfico a seguir vemos os elementos mais assinalados
quanto a dificuldade no aprendizado da lí�ngua alvo. O resultado ex-
traí�do foi:
Gráfico 1–principais razões que dificultam o aprendizado do Mandarim
187
A partir dos dados obtidos fizemos um breve estudo dos
elementos complicadores do aprendizado do mandarim para nos-
sos alunos e apresentamos também alguns elementos facilitadores
deste processo. Para tal, nos baseamos nos estudos de Mai (2012),
Zhang (2020), Alleton (2012) Mano e Lima-Hernandes (2021).
188
Somamos a esse fato, alguns aspectos gramaticais extrema-
mente simplificados do mandarim, em comparação às lí�nguas lati-
nas, por exemplo:
189
nunciá-los corretamente foram considerados os aspectos conside-
rados mais difí�ceis para os alunos do curso de Mandarim oferecido
pela UFPB no questionário aplicado.
Na lí�ngua chinesa são usados quatro tons marcados e um
tom neutro. O primeiro tom ( ¯ ) é pronunciado de forma alta e cons-
tante; o segundo ( ´ ) é ascendente; o terceiro tom ( ˇ ) inicia neutro,
descende e ao final ascende; já o quarto ( ` ) é descendente.
O exemplo clássico para os estudantes iniciantes no Manda-
rim é o da sí�laba formada ´pela consoante “m” e a vogal “a”. Apenas
a mudança do tom em que a sí�laba é pronunciada muda o caractere
escrito e o significado da palavra, vejamos:
Tabela 1–tons do Mandarim
Tom Caractere Pronúncia Significado
Primeiro tom ( ¯ ) 妈 mā mãe
Segundo tom ( ´ ) 麻 má linho
Terceiro tom ( ˇ ) 马 mǎ cavalo
Quarto tom ( ` ) 骂 mà insultar
partí�cula indicativa de
Tom neutro 吗 ma
pergunta sim/não
Para falantes de lí�ngua portuguesa, essa alteração é sutil,
pois não possuí�mos tal caracterí�stica em nosso sistema linguí�stico.
Ao praticar as palavras soltas e comparando os tons seguidamente,
a diferença é mais evidente de perceber, entretanto, fica mais difí�cil
reconhecer os tons na fala comum e em diálogos do dia-a-dia.
Além disso, pronunciar tais tons em cada sílaba de maneira
natural em uma frase completa é outro desafio apresentado pelos
estudantes.
2.1 Caracteres
O mandarim não utiliza o alfabeto romano para a escrita. O
sistema da lí�ngua chinesa é essencialmente pictográfico e ideográ-
190
fico. As suas unidades de escrita são denominadas “caracteres”, ou
汉字 (hànzì�) e sua variedade é enorme. De acordo com o “Table of
Frequently used Contemporary Chinese Characters (1988)” temos
cerca de 7.000 unidades de escrita de uso corrente, das quais cerca
de 3.500 são considerados de uso mais frequente.
Aliado a esse fato “em chinês, o signo gráfico representa a to-
talidade do signo linguístico, isto é, ao mesmo tempo sua face fônica
e sua face semântica” (ALLETON, 2010, p. 18). Daí� resulta uma das
dificuldades pois, a escrita chinesa implica no envolvimento de três
elementos: a imagem visual, o som e o significado.
Não podemos deixar de mencionar que muitas vezes há se-
melhança visual entre os caracteres o que requer uma atenção a
mais do aprendiz. Um traço a mais muda completamente o signifi-
cado e a pronúncia do caractere. Podemos citar como exemplo os
caracteres 牛 e 午. Tais caracteres diferenciam-se apenas pela ex-
tensão do traço vertical, mas isso modifica tanto a pronúncia, quan-
to o significado, vejamos:
Tabela 2 – comparação de caracteres
牛 牛
niú wǔ
vaca meio-dia
Para compreender melhor a dificuldade neste processo de lei-
tura dos alunos temos os estudos de Dehaene (2009) e de Maranhe
(2011) sobre as duas rotas de leitura – fonológica e lexical. Essas rotas
descrevem os dois caminhos que o cérebro pode seguir para ler e
compreender um texto.
A rota fonológica é um caminho de leitura mais lento e cons-
ciente, que envolve a conversão de letras em sons e, em seguida, a
junção desses sons para formar palavras. Essa rota é geralmente usa-
191
da quando encontramos palavras que não reconhecemos imediata-
mente ou quando estamos lendo em voz alta.
Por outro lado, a rota lexical é um caminho de leitura mais
rápido e automático, que envolve a identificação instantânea de pa-
lavras inteiras com base em sua aparência visual. Essa rota é usada
quando encontramos palavras familiares e já armazenadas em nos-
so vocabulário mental.
O pinyin por ser uma forma visual mais familiar para nati-
vos de lí�nguas que se utilizam de um sistema de escrita alfabético
é extremamente acolhedor. No entanto, ao empregarmos o pinyin
utilizamos apenas uma rota de leitura, a fonológica.
Muitas vezes, o ensino-aprendizado do mandarim ocorre de
maneira fragmentada, privilegiando uma das rotas de leitura, em
geral a fonológica. Concordamos com Maranhe (2011) ao sugerir
o desenvolvimento de um planejamento pedagógico que procure
abordar as duas rotas de processamento da informação (auditiva
e visual).
Outro aspecto que merece atenção é o fato de a escrita chi-
nesa apresentar uma carga cultural consigo. Os caracteres chineses
também representam uma forma de ver o mundo.
192
Considerações finais
Referências
193
MAI, Ran, MORAIS, C. e PEREIRA, U. Gramática de língua chinesa
para falantes de português. Aveiro. UA Editora. 2022.
194
UNA INTROVERSIÓN SOBRE LA INTERLENGUA
DE BRASILEÑOS ESTUDIANTES DE ELE
Introducción
195
Así�, para lograr los propósitos de la investigación, seleccio-
namos un corpus constituido por 70 redacciones elaboradas por
alumnos de la Universidad Federal de Paraí�ba (UFPB), que asisten
al curso de idiomas ofrecido por el Departamento de Letras Ex-
tranjeras Modernas (DEL� M). Buscamos, como objetivo principal,
analizar, de forma contrastiva, las lenguas española y portuguesa,
con respecto al aprendizaje de algunas estructuras verbales por
alumnos brasileños. Para tanto, fue necesario establecer un itinera-
rio sistemático que comprendió las siguientes acciones: a) realiza-
ción de un estudio teórico acerca de los aspectos históricos de las
lenguas en cuestión, como también sobre la Lingüí�stica Aplicada b)
recolección del corpus y selección de los textos relevantes para la
investigación; c) análisis, en el corpus seleccionado de las transgre-
siones verbales realizadas por los alumnos brasileños.
Estado de la cuestión
Lingüística aplicada
Análisis contrastivo
Análisis de errores
Interlengua
Consideraciones finales
REFERENCIAS
204
DURÃ� O, Adja Balbino de Amorim Barbieri. Análisis de Errores en
la interlengua de brasileños aprendices de español y de es-
pañoles aprendices de portugués. Londrina: Eduel, 2004.
205
NULLE PART DANS LA MAISON DE MON PERE:
LENDO ASSIA DJEBAR EM AULA DE LINGUA
FRANCESA
209
Desse modo, a permanência da cultura africana na identi-
dade cultural do indiví�duo no contexto da diáspora não implica a
transposição completa de práticas culturais, mas, sim, que a Á� frica
está presente na maneira de organizar e de expressar a vida so-
cial (MINTZ; PRINCE, 2003). Segundo esses estudiosos, enxergar
a formação de uma nova cultura de povos africanos em um lugar
diferente do seu continente de origem não significa defender a sua
europeização ou achar, inocentemente, que eles abandonaram toda
a bagagem cultural, mas, sim, que eles precisaram reconstruir valo-
res sociais e culturais no novo território habitado.
Nesse contexto, a região do Magrebe, situada ao Norte do
deserto do Saara, tornou-se o terreno de caça de diversos paí�ses,
principalmente da França, que, de modo cruel e violento, coloni-
zou os povos dessa região, impondo a lí�ngua francesa como idioma
oficial do local. Logo, a lí�ngua do colonizador tornou-se o sí�mbolo
da despersonalização cultural do povo magrebino (SOARES, 1990).
Na Argélia, entre 1954 e 1962, diversas organizações na-
cionalistas se integraram à FLN (Frente de Libertação Nacional) e,
através deste movimento revolucionário que liderou a Guerra pela
Independência Argelina, o paí�s se viu livre do jugo do poderio euro-
peu (BOAHEN, 2010). Contudo, apesar da independência alcança-
da, os impactos causados pelo colonialismo europeu ocasionaram
violentas rupturas identitárias na cultura argelina. A principal de-
las foi o impulso diaspórico, que conduziu o povo argelino ao exí�lio
e à migração para as antigas metrópoles em busca de superar a ex-
clusão social, de alcançar estabilidade econômica por meio de uma
melhor formação profissional ou de superar as amarras ideológicas
e/ou religiosas da cultura de origem (PEREIRA; SOUZA, 2016).
210
3 Nulle part dans la Maison de mon père, de Assia Djebar:
uma busca identitária alicerçada em dois mundos
211
franceses. Esta menina, como a própria autora, sentia-se uma es-
trangeira em sua Terra Natal, devido ao fato de estar usando roupas
aos moldes franceses, presente do seu pai e cultivar hábitos euro-
peus sob a orientação do seu pai, professor de uma escola francesa.
As crianças, ao seu redor, estranhavam aqueles hábitos de vida e
caçoavam, num misto de inveja e agressividade:
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A colônia é um mundo sem herdeiros, sem herança. As crian-
ças dos dois lados não viverão na casa dos seus pais! E se eles tive-
rem antepassados, eles terão deixado apenas o rancor compartilha-
do, na melhor das hipóteses o esquecimento, na maioria das vezes
o desejo de partir, de fugir, de negar, de buscar um horizonte qual-
quer para, em seus lençóis crepusculares, fugir...4 (DJEBAR, 2007,
p. 37-38).
4 La colonie est un monde sans héritiers, sans héritage. Les enfants des deux
bords ne vivront pas dans la maison de leurs pères ! Et s’ils ont tous des
ancêtres, ceux-ci ne leur auront laissé que la rancune en partage, au mieux
l’oubli, le plus souvent le désir de partir, de fuir, de renier, de chercher n’im-
porte quel horizon pour, dans ses draps de crépuscule, s’enfouir…(DJEBAR,
2007, p. 37-38).
214
parte, por exemplo, me erguer na ponta dos pés, para abraçar
respeitosamente o meu pai, em uma alegre desordem impro-
visada e exuberante, sobre as duas bochechas, uma vez, duas
vezes, oh sim, por assim dizer, um beijo em sua fronte! (...) só
me resta a imobilidade do corpo, os ombros, apenas um aperto
de mão (...) e a minha voz sussurrando: ‘Como estou conten-
te!’ (DJEBAR, 2007, p. 130. Grifo nosso.)5
5 Or, chez les «nôtres», on n’embrasse pas les deux joues paternelles (...) ; Non,
les garçonnets, au village, avec une gravité précoce, baisent respectueuse-
ment le dos de la main du père–cette main ostensiblement tendue. Mon
père, lui, aurait un haut-le-cœur si quelqu’un osait lui adresser ce geste qu’il
trouve de soumission. (...) Moi, une fille d’apparence européenne mais sans
l’être, je dois, dans la rue, réfréner tous mes gestes, même si la rue se trouve
par hasard désertée. Ainsi, il serait indécent de ma part, par exemple, de me
hisser sur la pointe des pieds pour embrasser affectueusement mon père,
dans un joyeux désordre improvisé et exubérant, sur les deux joues, une fois,
deux fois, oh oui, pour ainsi dire, un baiser d’oiseau ! (…) ne m’est donc ré-
servée que l’immobilité du corps, des épaules, juste une pression de la main
(…) et ma voix chuchotant : ‘Comme je suis contente !’ (DJEBAR, 2007, p.
130).
6 cf. Français par le crime j’accuse, editora L’Harmattan, 2011.
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de pensamento, de consciência e de religião (Artigo XVIII), a liber-
dade de opinião e de expressão (Artigo XIX), o direito ao trabalho
(Artigo XXIII), o direito à instrução (Artigo XXVI). Ainda hoje, a
depender do paí�s do qual se fala, essa realidade vigora. E, à época
colonial, ela era muito mais difí�cil de ser enfrentada pois, além de
tudo, apenas os franceses possuí�am direitos.
Os indí�genas viviam nos porões da Argélia colonial (FANON,
1961), ou seja, eles foram retirados dos centros urbanos e alocados
em periferias, sendo pressionados a renunciarem às normas mu-
çulmanas para aderirem à cidadania francesa, dentre outras violên-
cias sociais e psicológicas. Por isso diz-se que a mulher da colônia
foi duplamente colonizada. Além das tradicionais interdições, ainda
enfrentou a repressão francesa.
Nesse sentido, cabe destacar que o romance em estudo al-
cança a mulher que viveu nesse conturbado cenário, criando um
mecanismo de fala (SPIVAK, 2010) para que a subalternizada se ar-
ticule e seja ouvida. Assim, a imobilidade do corpo da personagem
se desfaz, a partir da mobilidade da caneta em punho da narradora.
Tendo conhecido modos culturais diferentes dos argelinos,
a personagem-narradora consegue perceber que a cultura francesa
permite à mulher certa liberdade de expressão e de direitos; o que
não ocorre na cultura argelina, regida pelos ideais islâmicos, que
factualmente oprimem a mulher. Portanto, entendendo-se como
sujeito de cultura hí�brida (BHABHA, 2005), ela escreve para reali-
zar uma autocompreensão e aprender a lidar com a ambivalência,
em meio à dualidade de liberdades e interdições. Como compreen-
de Arfuch (2010), a escrita que transita entre o espaço biográfico e
o ficcional se empreende, na medida em que o sujeito busca estabe-
lecer uma ponte entre a cultura de origem e a de acolhida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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PEREIRA, K. R. W.; SOUZA, F. Z. D. Diáspora, exí�lio e memória nas
literaturas africanas em Lí�ngua Portuguesa. Assis: Revista Misce-
lânea, 2016.
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