Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
f ( x )ϕ k ≅ c1ϕ1ϕ k + c 2ϕ 2ϕ k + + c k ϕ k ϕ k +
b b b b
∫ f (x )ϕ
a
k dx ≅ ∫ c1ϕ1ϕ k dx + ∫ c 2ϕ 2ϕ k dx + + ∫ c k ϕ k ϕ k dx +
a a a
f ( x ), ϕ k = c k ϕ k , ϕ k .
ϕ k = ϕ k ,ϕ k
1/ 2
.
Assim,
f ( x ), ϕ k .
1
ck =
ϕk
2
Todo sistema ortogonal para o qual cada ϕ k ≠ 0 (8a Proposição) pode ser
convertido num sistema ortonormal dividindo cada ϕ k pela sua norma. Sendo assim tem-se
ϕk = 1 e
c k = f ( x ), ϕ k .
24
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
comprimento 2π . As funções: 1, cosx, senx, cos 2 x, sen 2 x, , que ocorrem nas séries de
Fourier, formam um conjunto ortogonal sobre o intervalo − π ≤ x ≤ π . O conjunto
( )( )
ortonormal correspondente é 1 / π 1 / 2 , cosx, senx, cos2 x, sen 2 x, . Essas funções
formam um conjunto particular de funções ortogonais, no primeiro caso, e ortonormais, no
segundo caso, que, quando utilizadas nas fórmulas dos coeficientes c k , geram os
coeficientes de Fourier. Portanto, a série de Fourier e os coeficientes de Fourier são casos
∞ ∞
particulares da série ∑ ciϕ i com os coeficientes ck dados acima. Assim, a série
i =1
∑c ϕ
i =1
i i é
portanto, ci → 0 quando i → ∞ .
onde aik ( x ) são funções da variável real x. A matriz de coeficientes de (1) é dada por
a a12
A( x ) = 11 .
a 21 a 22
B = − AT .
2
Todas as definições que são dadas aqui para um sistema de duas equações diferenciais lineares e
homogêneas de primeira ordem podem ser imediatamente generalizadas para sistemas de n equações
diferenciais lineares e homogêneas de primeira ordem.
25
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
a a 21
AT = 11 ,
a12 a 22
o sistema
ψ 1′ = −a11 ( x )ψ 1 − a 21 ( x )ψ 2 (2.a)
ψ 2′ = −a12 ( x )ψ 1 − a 22 ( x )ψ 2 (2.b)
é, de acordo com a definição, adjunto para (1). Da mesma forma, (1) é adjunto para (2).
A denominação “adjunto” deriva do seguinte fato: Se φ1(1) ( x ) , φ 2(1) ( x ) e φ1(2 ) ( x ) ,
φ 2(2 ) ( x ) são duas soluções linearmente independentes de (1), isto é, se
φ1(1) φ1(2 )
[ ]
∆ φ (1) , φ (2 ) =
φ 2(1) φ 2(2 )
≠ 0,
então ψ 1(1) ( x ) =
φ 2 , ψ 2(1) ( x ) = − φ 2(1) e ψ 1(2 ) ( x ) = − φ1(2 ) , ψ 2(2 ) ( x ) = φ1(1) são duas
1 (2 ) 1 1 1
∆ ∆ ∆ ∆
soluções linearmente independentes de (2). Assim, a matriz das soluções (ou matriz
solução) de (2),
ψ (1) ψ 1(2 )
Ψ ( x ) = 1(1)
(2 ) ,
ψ
2 ψ 2
φ (1) φ (2 )
Φ( x ) = 1(1) 1(2 ) ,
φ 2 φ 2
isto é, Ψ ( x ) = (Φ −1 ( x )) .
T
Uma equação diferencial de segunda ordem pode ser reduzida para um sistema de
duas equações diferenciais de primeira ordem. Em particular, uma equação diferencial
linear e homogênea de segunda ordem pode ser reduzida para um sistema de duas equações
diferenciais lineares e homogêneas de primeira ordem. Considerando
y ′′ + a1 ( x ) y ′ + a 2 ( x ) y = 0 , (3)
y1′ = y 2 (4.a)
y ′2 = −a 2 ( x ) y1 − a1 ( x ) y 2 , (4.b)
26
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
com a matriz de coeficientes
0 1
A( x ) = .
− a 2 ( x ) − a1 ( x )
Dado que,
0 − a 2 ( x )
A( x ) = ,
T
1 − a 1 ( x )
z1′ = a 2 z 2 (5.a)
z ′2 = − z1 + a1 z 2 . (5.b)
′
z ′′ − [a1 ( x )z ] + a 2 z = 0 . (6)
a 0 ( x ) y ′′ + a1 ( x ) y ′ + a 2 ( x ) y = 0 , (7)
d2
L[(⋅)] = a 0 ( x ) 2
(⋅) + a1 (x ) d (⋅) + a2 (x )(⋅) (9)
d x dx
e
27
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
d2
M [(⋅)] = 2
[a0 (x )(⋅)] − d [a1 (x )(⋅)] + a2 (x )(⋅) , (10)
d x dx
onde o ponto (⋅) denota o lugar onde deve ser colocada a função sobre a qual se aplica o
operador, são chamados de operadores diferenciais adjuntos.
zL[ y ] − yM [z ] = Q( x, y, y ′, z , z ′) .
d
dx
″ ′
Prova: zL[ y ] − yM [z ] = a0 y ′′z + a1 y ′z + a 2 yz − y (a0 z ) + y (a1 z ) − a 2 yz
′
a 0 y ′z − y (a 0 z ) + y (a1 z ) .
d
= (c.q.d.)
dx
x2
′
x2
y ′′ + λy = 0 , (11)
( )
x 2 y ′′ + xy ′ + λx 2 − µ 2 y = 0 , (equação de Bessel) (12)
x 2 y ′′ + 2 xy ′ + λy = 0 , (equação de Euler-Cauchy) (13)
(1 − x )y ′′ − 2 xy ′ + λy = 0 ,
2
(equação de Legendre) (14)
L[ y ] = [ p(x ) y ′] + q(x ) y = 0 ,
d
(15)
dx
3
O seguinte teorema e seu corolário são verdadeiros para operadores adjuntos de qualquer ordem.
28
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
O fato de todas essas equações poderem ser escritas na forma (15) é bastante
significativo e reside no seguinte teorema:
d d
L[(⋅)] = p ( x ) (⋅) + q( x )(⋅) = 0 ,
dx dx
onde p( x ) é diferenciável.
A expressão L[ y ] é chamada uma expressão diferencial própria-adjunta de
segunda ordem e L[ y ] = 0 é chamada uma equação diferencial própria-
adjunta de segunda ordem4.
d2
L[(⋅)] = p ′( x ) (⋅) + p(x ) 2 (⋅) + q(x )(⋅) = 0
d
dx d x
d2 d2
M [(⋅)] = [ ( )( )] [ ( )( )] ( )( ) ( ) (⋅) + p ′(x ) d (⋅) + q(x )(⋅) ,
d
2
p x ⋅ − p ′ x ⋅ + q x ⋅ = p x 2
d x dx d x dx
isto é, L = M .
Por outro lado, se
d2
L[(⋅)] = a 0 ( x ) 2
(⋅) + a1 (x ) d (⋅) + a2 (x )(⋅) (9)
d x dx
e
d2
M [(⋅)] = 2
[a0 (x )(⋅)] − d [a1 (x )(⋅)] + a2 (x )(⋅) (10)
d x dx
são iguais, então segue depois da realização de todas as derivadas indicadas que
a0′ = a1 = p ′( x ) . (c.q.d.)
4
Operadores próprio-adjuntos podem ser definidos para todos os operadores de ordem par pelo adjunto L=L.
Operadores diferenciais de ordem ímpar, entretanto, são chamados próprio-adjuntos se o adjunto L=-L, por
razões óbvias.
29
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
Problema de Sturm-Liouville
Vários conjuntos ortogonais importantes surgem como soluções de equações
diferenciais de segunda ordem do tipo que se obtém trocando q( x ) em (15) por
q( x ) + λp( x ) :
d
[r (x ) y ′] + [q(x ) + λp(x )]y = 0 , (17)
dx
(a ) k1 y + k 2 y ′ = 0 em x = a ; (b ) l1 y + l 2 y ′ = 0 em x = b , (18)
aqui λ é um parâmetro real e k1 , k 2 , l1 , l 2 são constantes reais dadas, no mínimo uma delas,
em cada condição (18), sendo diferente de zero.
O problema dado na Equação (17) sob as condições de contorno (18) é conhecido
como, um problema de valor de contorno próprio-adjunto, ou um problema de Sturm-
Liouville, em homenagem aos dois matemáticos que investigaram esse problema com
grande sucesso5. Veremos que as equações de Legendre, Bessel, e outras igualmente
importantes podem ser escritas sob a forma (17).
Naturalmente, este problema possui a solução trivial y = 0 para qualquer valor do
parâmetro λ . As soluções y ≠ 0 são chamadas funções características (ou funções
próprias ou, ainda, autofunções) do problema, e os valores de λ para os quais tais soluções
existem, são chamados valores característicos (ou valores próprios ou, ainda, autovalores)
do problema.
y ′′ + λy = 0 , y (0 ) = 0 , y (π ) = 0 .
5
Jacques Charles François Sturm (1803-1855), matemático suíço, Joseph Liouville (1809-1882), matemático
francês, conhecido por seu importante trabalho de pesquisa na análise complexa.
30
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
1 1 c1 0
= .
eυπ
e −υπ c 2 0
O determinante da matriz é e −υπ − eυπ ≠ 0 . Então o sistema tem apenas a solução trivial
c1 = c 2 = 0 e y = 0 . Esta não é uma função característica. Para λ = 0 a situação é
semelhante. Para λ = υ 2 > 0 a solução geral é y ( x ) = Acosυx + Bsenυx . Das condições de
contorno obtém-se y (0 ) = A = 0 e então, y (π ) = Bsenυπ = 0 para υ = 0, ± 1, ± 2, . Para
υ = 0 tem-se y ≡ 0 . Para λ = υ 2 = 1, 4, 9, 16 , tomando B = 1 , obtém-se y ( x ) = senυx ,
υ = 1, 2, . Estas são as funções características do problema. Os valores característicos são
λ = υ 2 = 1, 4, 9, 16 onde υ = 1, 2, .
Pode-se demonstrar que para as condições bem gerais impostas sobre as funções
p, q e r em (17), o problema de Sturm-Liouville possui um número infinito de valores
característicos; a teoria, um tanto complicada, foge do escopo da disciplina.
Além disso, as funções características são ortogonais, como é demonstrado a
seguir.
Demonstração: ym satisfaz à:
d
[r (x ) y m′ ] + [q(x ) + λm p(x )]y m = 0 , e yn à:
dx
d
[r (x ) y n′ ] + [q(x ) + λn p(x )]y n = 0 . Multiplicando a primeira equação por y n e a segunda
dx
por − y m e somando, obtém-se
d
[r (x ) y m′ ]y n − d [r (x ) y n′ ]y m + q(x ) y m y n − q(x ) y m y n + (λm − λn ) p(x ) y m y n = 0 ,
dx
dx
−
d
[r ( x ) y′n ym − r ( x ) ym′ yn ]
dx
ou
(λm − λn ) p(x ) y m y n =
d
[r (x ) y n′ y m − r (x ) y ′m y n ]. Integrando sobre x de a até b,
dx
tem-se
31
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
b
(λm − λn )∫ py m y n dx = [r ( y n′ y m − y m′ y n )]ba . (20)
a
r (b )[ y n′ (b ) y m (b ) − y m′ (b ) y n (b )] − r (a )[ y n′ (a ) y m (a ) − y m′ (a ) y n (a )] . (21)
∫ p(x )y (x )y (x )dx = 0 ;
a
m n m≠ n, (22)
k1 y n (a ) + k 2 y n′ (a ) = 0 , k1 y m (a ) + k 2 y m′ (a ) = 0 .
k 2 [ y ′n (a ) y m (a ) − y ′m (a ) y n (a )] = 0 .
Como k 2 ≠ 0 a expressão entre colchetes deve ser nula. Esta expressão é idêntica à
segunda parcela de (21). Assim (21) é igual a zero e de (20) obtém-se (22). Se k 2 = 0
então, por hipótese, k1 ≠ 0 , e o desenvolvimento da demonstração é semelhante.
r (b )[ y n′ (b ) y m (b ) − y m′ (b ) y n (b ) − y n′ (a ) y m (a ) + y m′ (a ) y n (a )] ,
e de (19) segue-se que a expressão entre colchetes é nula. Desta forma, (20) implica (22),
como anteriormente. Assim fica completa a demonstração do 1o Teorema.
32
CMC-301-3 – Funções da Física Matemática – Aula 04
2o Teorema: Se o problema de Sturm-Liouville (17) e (18) satisfaz à condição enunciada no
1o Teorema e p( x ) > 0 em todo o intervalo a ≤ x ≤ b (ou p( x ) < 0 em todo o
intervalo a ≤ x ≤ b ), então todos os valores característicos do problema são
reais.
Essa equação complexa é equivalente ao seguinte par de equações para as partes real e
imaginária:
d
[ru ′] + (q + αp )u − βpv = 0 ,
dx
d
[rv ′] + (q + αp )v + βpu = 0 .
dx
( )
− β u2 + v2 p = u
d
dx
[rv′] − v d [ru ′]
dx
=
d
[rv ′u − ru ′v].
dx
Das condições de contorno decorre que a expressão à direita é zero: podemos demonstrá-lo
de maneira análoga ao 1o Teorema. Como y é uma função característica, u 2 + v 2 ≡/ 0 .
Como y e p são contínuas e p > 0 (ou p < 0 ) para todo x entre a e b, a integral no primeiro
membro não é nula. Assim, β = 0 , o que significa que λ = α é real. Desta forma, a
demonstração fica completa.
33