Você está na página 1de 3

Fı́sica II

Desafio 3

Daniel Ferreira Betoret


NºUSP: 12556524
Setembro, 2021

1 Parte A

1. Se a familia de funções X = {xn (t) = einα+iωt : n ∈ Z} é tal que a equação do enunciado é


solucionada para cada n, temos, então:

mẍn (t) = −mω 2 einα+iωt = −mω02 [2einα+iωt − ei(n−1)α+iωt − ei(n+1)α+iωt ]


=⇒ ω 2 einα = ω02 einα [2 − e−iα − eiα ]

=⇒ ω 2 = 2ω02 (1 − cos α) (1)

2. Supondo que α, ∈ R, então −1 ⩽ cos α ⩽ 1 =⇒ 0 ⩽ 1 − cos α ⩽ 2. Sendo assim, se também


ω0 ∈ R, ω é limitado pela equação (1). Ademais, pode-se limitar, sem perda de generalidade, α ao
intervalo [−π, π], o que implica que ω, como função de α (pegando somente a raiz positiva, enquanto a
negativa pode ser excluida por motivos obvios, isto é, porque existe pelo menos um valor, 0, maior do que
todas as possibilidadespnegativas, que pode√ ser√assumido por ω), tem um valor máximo. Observamos,
pois, a função f (α) = 2ω02 (1 − cos α) = 2ω0 u, com u = 1 − cos α. Como já visto, u ∈ [0, 2]. Como,
no entanto, a raiz quadrada é monótona crescente, o máximo para a frequência só pode ser atingido
quando u = 2, ou seja, ωM = 2ω0 .

3. Substituindo as funções da familia citada por u na primeira equação do enunciado, temos:

m∂t2 u(x, t) = −mω02 [(u(x, t) − u(x − a, t)) + (u(x, t) − u(x + a, t))]


e, espandindo em torno de x,
a2

=⇒ m∂t2 u(x, t) = −mω02 u(x, t) − u(x, t) − (−a)∂x u(x, t) − ∂x2 u(x, t)
2

a2 2

3
+u(x, t) − u(x, t) − a∂x u(x, t) − ∂x u(x, t)) + O(a )
2
=⇒ ∂t2 u(x, t) = a2 ω02 ∂x2 u(x, t) + O(a3 )
Agora, descartando os termos de ordem superior para a pequeno, e fazendo v = aω0 , tem-se:

∂t2 u(x, t) = v 2 ∂x2 u(x, t) (2)

4. Substituindo u(x, t) = eiωt f (x) na equação (2), temos:

−ω 2 eiωt f (x) = v 2 eiωt ∂x2 f (x)


(ω′ ≡ω/v)
=======⇒ ∂x2 f (x) + ω ′2 f (x) = 0 (3)

1
porque ∀t ∈ C[eiωt ̸= 0].

5. Substituindo f (x) → Aeikx na equação (3), obtemos:


exp(ikx)̸=0
−k 2 Aeikx + ω ′2 Aeikx = 0 =======⇒ ω ′2 = k 2

ω
=⇒ k = ±
v

2 Parte B

1. Substituindo a expressão dada para ψ na equação 3 do enunciado, obtemos o seguinte:

ℏ2 −i E t 2 0 
E

−i E E
− e ℏ ∂x ϕ(x) + 
V (x)e
 *
 ℏ t
ϕ(x) = iℏ −i e−i ℏ t ϕ(x)
2m ℏ

exp(−iEt/ℏ)̸=0 ℏ2 2
==========⇒ − ∂ ϕ(x) = Eϕ(x) (4)
2m x

2. Primeiramente, provamos que ϕ(x) = cos(kx) e ϕ(x) = sin(kx) solucionam (4):

ℏ2 2 ℏ2 2 ℏ2
 
2mE
− ∂x ϕ(x) = − ∂x {cos(kx)} = − − 2 cos(kx) = E cos(kx) = Eϕ(x)
2m 2m 2m ℏ
e, semelhantemente,
ℏ2 2 ℏ2 2 ℏ2
 
2mE
− ∂x ϕ(x) = − ∂x {sin(kx)} = − − sin(kx) = E sin(kx) = Eϕ(x)
2m 2m 2m ℏ2
Agora, dado que as expansões das funções seno e cosseno têm potências distintas de seu argumento
(aliás, nenhuma delas é igual), as funções são linearmente independentes, porque também o são as difer-
entes potências de x.
O teorema de existência e unicidade para equações lineares ordinárias garante que a solução de uma
equação desse tipo que satisfaça condições sobre a função e sua derivada em um ponto seja única. Mas,
dado que as funções seno e cosseno são linearmente independentes, é sempre possı́vel escolher A e B tais
que ϕ(c) = A cos(kc) + B sin(kc) e ϕ′ (c) = −A sin(kc) + B cos(kc). Assim, A cos(kx) + B sin(kx) é sempre
uma solução para (4), e, portanto:

ϕ(x) = A cos(kx) + B sin(kx) (5)

3. Dada a solução em (5) e a primeira condição de contorno, ψ(0, t) = 0, temos:


E
ψ(0, t) = e−i ℏ t ϕ(0) = 0
(5),exp(−iEt/ℏ)̸=0 :+1 B  :0
============⇒ A cos(0)
  
 sin(0) =0

=⇒ A = 0 (6)
Substituindo, agora, a segunda condição de contorno, ψ(L, t) = 0, obtemos, seguindo os mesmos
passos (alguns dos quais omitidos) e usando (6):
n nπ o
∀B
B sin(kL) = 0 ==⇒ k ∈ :n∈Z
L

2
em que o o uso de ∀B simboliza que a equação deve ser válida para todo B, o que só acontece quando o
seno vale 0.

4. Para cada elemento do conjunto dado na solução para k do exercı́cio 3, há uma solução da equação
(4). Sendo assim, chamamos kn = nπ/L, um para cada elemento do conjunto, e ψn suas correspondentes
soluções da equação de Scrödinger completa. Com isso temos, para um n ̸= 0:
Z L Z L
dx |ψn (x, t)|2 = dx ψn (x, t)ψn (x, t)∗ = 1
0 0

x∈R
Z L
E
:1
Eℏ
===⇒ e−i
dx  ℏ t+i t
|B|2 sin2 (kn x) = 1
0
L
|B|2
Z
=⇒ dx (1 − cos(2kn x)) = 1
2 0
x=L
|B|2 sin(2kn x)
=⇒ L− =1
2 2kn x=0
Mas, pelas condições de contorno, o segundo termo da equação anterior é nulo. Além disso, dando
preferência a uma solução real para a equação (4), como fizemos no exercı́cio 2, e lembrando que podemos
sempre mudar o sinal de ϕn com a substituição kn → k−n e que, portanto, podemos escolher qualquer
sinal para B, optando aqui pelo positivo, temos:
r
B2L 2
= 1 =⇒ B =
2 L
Para n = 0, a solução correspondente não serviria, porque ∀x[sin(0x) = 0] e, portanto, a integral seria
nula. Essa é a solução trivial, isto é, sem nenhuma partı́cula, e qualquer valor de B serve.

Você também pode gostar