Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
NUMÉRICO
RESUMO
Neste trabalho, foi feita uma investigação sobre a equação da onda no contexto analítico e no contexto
numérico. É apresentado um método de resolução analítica, método da separação de variáveis, e um
método de solução numérica, diferenças finitas. Exemplos numéricos são apresentados para exemplificar
a eficiência do método.
Palavra chave: Equação da onda, Método de separação de variáveis, Método das diferenças finitas,
Estabilidade numérica.
1. INTRODUÇÃO
2. EQUAÇÃO DA ONDA
Uma equação diferencial parcial (EDP) é uma equação que envolve duas ou mais
variáveis independentes x, y, z, t ,... e derivadas parciais de uma função
u = u ( x, y, z , t ,...) . De forma mais geral, uma EDP em n variáveis independentes
x1 ,..., x n é uma equação do tipo
∂u ∂u ∂ 2 u ∂ 2u ∂ku
F ( x1 ,..., x n , u , ,..., , 2 ,..., ,..., k ) = 0 (1)
∂x1 ∂x n ∂x1 ∂x1∂x n ∂x n
Uma EDP linear é homogênea se o termo que não contem a variável dependente é
identicamente nulo.
1
Licenciando em Matemática da Universidade Católica de Brasília – UCB
messp@pop.com.br
Orientador: Prof. Dr. Jose Eduardo Castilho
A seguir, veja um exemplo de equação diferencial parcial
(a) (b)
= T [u x ( x + ∆x, t ) − u x ( x, t )] ,
T [u x ( x + ∆x, t ) − u x ( x, t )] = ρ ∆x u tt
u x ( x + ∆ x, t ) − u x ( x, t ) ρ
ou = u tt
∆x T
ρ
Tomando o limite quando ∆x → 0 , a última equação se escreve u xx = u tt , onde
T
pode-se escrever uma equação da onda de forma geral como
∂ 2u 2 ∂ u
2
= c (2)
∂t 2 ∂x 2
T
com c 2 = .
ρ
A equação acima representa uma equação da onda, que é uma EDP linear, homogênea e
de segunda ordem. A variável t > 0 representa o tempo, x ∈ ℜ é a variável espacial e
c > 0 é uma constante (velocidade de propagação da onda).
∂ 2u 2 ∂ u
2
=c , 0 < x < L, t > 0 (3)
∂t 2 ∂x 2
∂u
u ( x,0) = f ( x) , | t =0 = g (x), 0 < x < L (5)
∂t
Apesar de existirem vários métodos para achar soluções particulares, irá interessar-nos
somente um, o método chamado método de separação de variáveis, que segundo
EDWARDS e PENNEY (1995), as aplicações mais importantes de séries de Fourier
aparecem na solução de equações diferenciais parciais por meio do método de separação
de variáveis.
u ( x, t ) = X ( x)Y (t ) , (6)
às vezes é possível reduzir uma equação de derivadas parciais linear em duas variáveis a
duas equações diferenciais ordinárias. Para isso, veja que
∂u ∂u
= X 'Y , = XY ' (7)
∂x ∂t
∂ 2u ∂ 2u
e = X '
'
Y , = XY '', (8)
∂x 2 ∂t 2
X Y '' = c 2 X ''Y
Fazendo então
X '' Y "
= 2 = λ2
X cY
tem-se X " − λ2 X = 0
Y " − λ 2 c 2Y = 0
X = c1 e λ x + c 2 e − λ x e Y = c3 e λ c t + c 4 e − λ c t ,
e X ( 0) = 0 e X ( L ) = 0 .
u ( x, t ) = X ( x)Y (t ) = 0
Portanto,
X '' Y "
= = − λ2
X c 2Y
Y "+λ2 c 2Y = 0
c1 = 0 e c 2 senλL = 0
nπ
Esta última equação fornece os autovalores λ = , com n = 1,2,3,.... As autofunções
L
correspondente são
nπ
X = c 2 sen x , com n = 1,2,3,....
L
Assim, as soluções da equação (3) que satisfazem as condições de contorno (4) são
nπc nπc nπ
u n = An cos t + Bn sen t sen x (9)
L L L
e
∞
nπc nπc nπ
u ( x, t ) = An cos t + Bn sen t sen x (10)
n =1 L L L
2 L nπ
An = f ( x) sen xdx. (11)
L 0 L
∂u ∞
nπc nπc nπc nπc nπ
= − An sen t + Bn cos t sen x
∂t n =1 L L L L L
∂u ∞
nπc nπ
| t =0 = g ( x) = Bn sen x.
∂t n =1 L L
nπc 2 L nπ
Bn = g ( x)sen xdx ,
L L 0 L
onde obtém-se
2 L nπ
Bn = g ( x) sen xdx , (12)
nπc 0 L
A solução do problema consiste da série (10) com An e Bn definidos por (11) e (12),
respectivamente.
∂ 2u ∂ 2u
c2 = , 0 < x < 1 , 0 < t < 0,5
∂ x2 ∂ t2
u (0, t ) = 0 , u (1, t ) = 0 , 0 < t < 0,5
∂u
u ( x,0 ) = sen πx , =0, 0 < x <1
∂t t =0
u ( x, t ) = cos π ct sen πx .
Como em alguns casos é muito difícil de se encontrar uma solução analítica para certos
tipos de problemas, utiliza-se métodos numéricos para obter uma solução aproximada.
Segundo ZILL e CULLEN (2001), para certos fins, é perfeitamente justificável aceitar
uma aproximação numérica da equação da onda, pois, para regiões complicadas, o
método de separação de variáveis pode não ser conveniente, ou sequer aplicável. Na
verdade, um processo numérico pode ser a única maneira de abordar um problema de
contorno.
Uma classe de métodos numéricos para solução de EDP é formada pelos métodos de
diferenças finitas. Apresenta-se esta formulação para um problema de contorno que
envolve a equação unidimensional da onda.
∂ 2u ∂ 2u
c2 = , 0< x<L , t >0
∂ x2 ∂t 2
u (0, t ) = 0 , u (L, t ) = 0 , t>0 (13)
∂u
u ( x,0 ) = f ( x ) , = g (x ) , 0< x<L
∂t t =0
ou
2
∂u h ∂ 2 u h 3 ∂ 3 u
u ( x − h, t ) = u ( x , t ) − h + − + ...
∂x 2 ∂x 2 6 ∂x 3
Agora somando essas últimas duas equações, obtemos uma aproximação da derivada
∂ 2u
∂x 2
h
1
( )
= 2 [u ( x + h, t ) − 2u ( x, t ) + u ( x − h, t )] + O h 2 .
Observa-se que esta expressão fornece uma aproximação da segunda derivada de ordem
h2 .
∂ 2u 1
= 2 [u ( x, t + k ) − 2u ( x, t ) + u ( x, t − k )] + O(k 2 ) .
∂t 2
k
∂ 2u 2 ∂ u
2
Assim podemos substituir = c pela seguinte equação de diferenças, o que
∂t 2 ∂x 2
resulta em:
1 c2
[u ( x , t + k ) − 2u ( x , t ) + u ( x , t − k )] = [u ( x + h, t ) − 2u ( x, t ) + u ( x − h, t )]
k2 h2
kc
Isolando u ( x, t + k ) e chamando de µ , tem-se que
h
u ( x, t + k ) = µ 2 u ( x + h, t ) + 2(1 − µ 2 )u ( x, t ) + µ 2 u ( x − h, t ) − u ( x, t − k ) (14)
L V
h= e k= .
n m
x p = ph , p = 0,1,2,..., n
t q = qk , q = 0,1,2,..., m .
Para compreender melhor, veja a Figura 2, onde é representada a malha sobre o domínio
da função:
iniciais e de contorno
e u p , 0 = u ( x p , 0) = f ( x p ) condição inicial,
Pode-se ver que a equação (15) é uma equação de recorrência de ordem 2 em q , ou
seja, o termo q + 1 , depende dos termos q e q − 1 . Logo para começar há um pequeno
problema, pois, para encontrar u p , 2 , é preciso fazer q = 1 e conhecer os valores de u p ,1 ,
que são as estimativas de u na primeira linha do tempo. Mas os valores de u p ,1 ,
dependem dos valores de u p , 0 na linha zero do tempo e dos valores de u p ,−1 . Para
encontrar esses últimos valores, utiliza-se a condição de velocidade inicial
u t ( x,0) = g ( x) . Em t = 0 , tem-se
u ( x p , k ) − u ( x p ,− k )
g ( x p ) = u t ( x p ,0) ≈ . (16)
2k
u ( x p ,−k ) ≈ u ( x p , k ) − 2kg ( x p )
onde obtém-se
u p , −1 = u p ,1 − 2kg ( x p ) (17)
µ2
u p ,1 = (u p +1,0 + u p −1, 0 ) + (1 − µ 2 )u p ,0 + kg ( x p ) . (18)
2
Diz-se que um método computacional é estável, se este não propaga erros durante sua
execução.
Para a utilização de alguns métodos computacionais é necessário fazer uma análise para
que não haja nenhum erro grave. No caso do método das diferenças finitas, o problema
k2
pode ser instável se não escolhermos convenientemente os valores de 2 . Para
h
determinar as condições de estabilidade, considera-se uma solução da forma:
u p ,q = e iβphθ q (19)
sendo, β um parâmetro e i = − 1 .
k 2 c 2 iβh k 2c 2 k 2 c 2 −iβh
θ= e + 2 1 − + e − θ −1
h2 h2 h2
k 2c2 k 2c 2
θ + θ −1 = 2 1 − + 2 cos(βh )
h2 h2
mas como
βh
cos(βh ) = 1 − 2 sen 2 ,
2
k 2c 2 βh
θ + θ −1 − 2 + 4 2
sen 2 =0
h 2
k 2c2 βh
θ 2 − 2 1− 2 2
sen 2 θ +1 = 0 ,
h 2
2
k 2c2 βh k 2c 2 βh
2 1 − 2 2 sen 2 ± 2 1 − 2 2 sen 2 −4
h 2 h 2
θ= ,
2
simplificando, encontra-se
2
k 2c2 βh k 2c2 βh
θ = 1 − 2 2 sen 2 ± 1 − 2 2 sen 2 −1 (20)
h 2 h 2
Se
2
k 2c 2 βh
1 − 2 2 sen 2 > 1,
h 2
k 2c 2 βh
1− 2 2
sen 2 >1 (21)
h 2
ou
k 2c2 βh
1− 2 2
sen 2 < −1 (22)
h 2
k 2c 2 βh
mas a inequação (21) é falsa, pois, 2
sen 2 é sempre maior ou igual 0. Então
h 2
segue-se que
2
k 2c 2 βh k 2c 2 βh
1− 2 2
sen 2 − 1− 2 2
sen 2 −1 > 1
h 2 h 2
o que mostra que para esses valores de h e k a solução de (15) será instável.
Se isso acontecer, a solução será um número complexo, que terá valor absoluto igual a
1, pois
2
2 2
k 2c2 βh k 2c 2 βh
θ = 1 − 2 2 sen 2 + 1 − 1 − 2 2 sen 2 =1
h 2 h 2
k 2c 2 βh
−1 ≤ 1− 2 2
sen 2 ≤1
h 2
ou
k 2c 2 βh
− 2 ≤ −2 2
sen 2 ≤0
h 2
βh k 2c 2 k 1
e como sen 2 ≤ 1 , então 2
≤ 1 , isto é ≤ .
2 h h c
Esse método numérico é mais viável, quando o valor de c (velocidade de propagação da
onda) não é muito grande, pois, pode-se observar que se o valor de c for muito grande,
1 k
a razão será um valor muito pequeno, fazendo com que seja um valor muito
c h
pequeno também, o que poderia demorar muito para se encontrar a solução. Por
exemplo, considere no problema modelo, que o valor de c fosse igual a 10, não teria
L 1
problema, pois bastaria fazer n = 5 e m = 25 , para que h = = = 0,2 e
n 5
0,5
V 0,5 k 0,5 1 1
k= = = 0,02 , e = 25 = = 0,1 ≤ = = 0,1 , essa partição gera uma
m 25 h 1 5 c 10
5
malha com pouco mais de 150 pontos. Mas no caso de c = 1000 , já daria muito mais
trabalho, pois seria preciso escolher valores mil vezes menor para k em relação à h , o
que tornaria o processo de iteração muito mais lento, pois, pegando n = 5 novamente,
obtém-se h = 0,2 , onde valor de k deve ser menor ou igual que 0,0002, fazendo com
k 1
que o valor de m = 2500 para que ≤ , o que iria acarretar em uma malha com
h c
mais de 15000 pontos.
4. RESULTADOS NUMÉRICOS
∂ 2u ∂ 2u
= , 0 < x < 1 , 0 < t < 0,5
∂x 2 ∂t 2
u (0, t ) = 0 , u (1, t ) = 0 , 0 < t < 0,5
∂u
u ( x,0 ) = senπx , |t =0 = 0 . 0 < x < 1
∂t
1
Identificamos L = 1 , V = 0,5 , com n = 5 e m = 10 , tem-se que h = = 0,2 ,
5
0,5 k 1
k= = 0,05 , logo, = 0,25 ≤ = 1 e µ = 0,25 .
10 h c
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Certamente foi atingido o objetivo deste trabalho, que é mostrar dois tipos de resoluções
para o problema da equação da onda. No caso do método das diferenças finitas,
mostrou-se a importância de se escolher adequadamente os passos no tempo e espaço,
para que a equação pudesse ser resolvida sem nenhum problema de estabilidade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
ZILL, Dennis G. CULLEN, Michael R. Equações Diferenciais - volume 2 – São Paulo: Editora
MAKRON Books, 2001.