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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE MATEMATICA

C ÁLCULO V ETORIAL A PLICADO


N OTAS DE AULA

Gleydson Chaves Ricarte


ricarte@mat.ufc.br
Ano 2022
Aula 1: Curvas no espaço euclidiano-Limite e Derivada
Cálculo Vetorial Aplicado

Gleydson C. Ricarte1

Abstract
Quando um corpo viaja pelo espaço, as equações x = f (t), y = g(t) e z = h(t) que dão suas coorde-
nadas como funções do tempo servem de equações paramétricas para seu movimento e sua trajetória.
Com notação vetorial, podemos considerar estas em uma única equação r(t) = f (t)i + g(t)j + h(t)k,
que dá a posição do corpo como uma função vetorial do tempo.
Nesta nota, mostraremos como usar cálculo para estudar a trajetória, a velocidade e a aceleração
de corpos em movimento. À medida que prosseguirmos, veremos como nosso trabalho responde às
questões básicas sobre trajetória e o movimento de planetas e satélites.

Contents

1 Funções Vetoriais de uma variável 1

2 Limite e Continuidade 4
2.1 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 Curvas Diferenciáveis 8

4 Curvas de Classe Ck 11

5 Comprimento de arco ao longo de uma curva 12


5.1 Reparametrização de curvas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

6 Estudo e exercícios 16

1. Funções Vetoriais de uma variável

Uma relação r : I ⊂ R → Rn é uma função vetorial quando, para todo t ∈ I associa um único vetor
r(t) = (r1 (t), r2 (t), . . . , rn (t)), onde cada ri : I → R é uma função de uma variável real. O intervalo I
é chamado domínio de r, o espaço euclidiano Rn é chamado contradomínio, o conjunto

Im(r) = {x ∈ Rn ; r(t) = x, t ∈ I}

1 Universidade
Federal do Ceará, Department of Mathematics, Fortaleza, CE-Brazil 60455-760,
ricarte@mat.ufc.br

Preprint submitted to Elsevier March 18, 2022


é chamado conjunto de valores ou imagem da função r. A imagem de uma função vetorial de uma
variável é chamada curva no espaço euclidiano. Por abuso de linguagem, passaremos a chamar
as funções vetoriais de umavariável de curvas. Finalmente, o vetor r(t) = (r1 (t), r2 (t), . . . , rn (t)) é
chamado vetor posição da curva. No caso de dimensão n = 2, escreva r(t) = ( f (t), g(t)). No caso de
dimensão n = 3, r(t) = ( f (t), g(t), h(t)) (veja Figura 4).

Figure 1: O vetor posição em dimensão n = 3

Exemplo 1.1.

a) A curva r(t) = (t,t 2 ) representa uma parábola. De fato, eliminando o parâmetro t, temos a
equação y = x2 .

Figure 2: Parábola

b) Seja r(t) = () cost, sent, t ∈ [0, 2π]. A imagem de r representa uma circunferência de raio
R = 1. Em gera, se R > 0, a curva r(t) = (R cost, Rsent) representa uma circunferência de raio
R.

Figure 3: Circunferência

2
c) A imagem da curva r(t) = (2 cos(t), sen(t)), t ∈ [0, 2π] representa uma elipse. De fato, basta
observar que
x2
+ y2 = 1.
4
Em geral, se a, b > 0 são constantes, a curva r(t) = (a cos(t), bsen(t)) representa uma elipse.

Figure 4: Elipse

d) A ciclóide é definida como o lugar geométrico do ponto fixo O da circunferência de um círculo


de raio R, que rola com velocidade constante e sem deslizar sobre uma reta de um mesmo plano
que o círculo. Para a parametrização da ciclóide, partiremos que o ponto O esté na origem do
sistema cartesiano e o eixo x é a reta na qual o círculo de raio R = 1 rola (veja Figura 5). Para

Figure 5: A ciclóide com R = 1

P(x, y), pela figura temos que:

x = t − sen(t), y = 1 − cost.

Portanto, uma parametrização da ciclóde é: r(t) = (t − sen(t), 1 − cost). Para uma circunfer-
ência de raio R > 0 qualquer, temos

r(t) = (Rt − Rsen(t), R − R cost).

e) A curva r(t) = (cost, sent,t) é chamada hélice circular. A hélice circular é uma curva se
“enrola" ao redor do cilindro x2 + y2 = 1 (veja Figura 7). A curva está localizada sobre o
cilindro porque as componentes i, j de r, sendo as coordenadas x e y da extremidade de r,
satisfazem a equação do cilindro:

x2 + y2 = (cost)2 + (sent)2 = 1.

3
Figure 6: A hélice circular

A curva sobe à medida que a componente k, que é z = t, aumenta. Cada vez que t aumenta
2π, a curva completa uma volta ao redor do cilindro. As equações

x = cost, y = sent, z=t

parametrizam a hélice, com o intervalor −∞ < t < ∞ sendo subentendido. De maneira mais
geral, se a, b > 0 são constantes, a curva r(t) = (a cost, asent, bt), representa uma hélice circu-
lar.

2. Limite e Continuidade

Definimos limites e continuidade de curvar de maneira similar que definimos limites de funções
reais.

Definição 2.1. Sejam r(t) = ( f (t), g(t), h(t)) uma curva e u um vetor. Dizemos que r tem limite em
u à medida que t se aproxima de t0 e escrevemos

lim r(t) = u
t→t0

se, para todo número ε > 0, existe um número correspondente δ > 0 tal que para todo t, com

0 < |t − t0 | < δ =⇒ kr(t) − uk < ε.

Figure 7: Limite de uma curva

4
Teorema 2.2. Se uma curva r(t) = ( f (t), g(t), h(t)) possui limite u = (u1 , u2 , u3 ) num ponto t0 ∈ R
se, e somente se, cada coordenada f (t), g(t) e h(t) possui limite u1 , u2 e u3 , respectivamente. Ou
seja, se u = (u1 , u2 , u3 ), então limt→t0 r(t) = u precisamente quando

lim f (t) = u1 , lim g(t) = u2 , e lim h(t) = u3 .


t→t0 t→t0 t→t0

Observação 2.3. A equação


 
lim r(t) = lim f (t), lim g(t), lim h(t) (2.1)
t→t0 t→t0 t→t0 t→t0

oferece uma maneira práfica de calcular os limites das curvas.

Proof. (=⇒) Suponha que r(t) = ( f (t), g(t), h(t)) possui limite u = (u1 , u2 , u3 ). Então, dado ε > 0,
existe δ > 0 tal que, se 0 < |t − t0 | < δ =⇒ kr(t) − uk < ε. Por outro lado,
q
kr(t) − uk = ( f (t) − u1 )2 + (g(t) − u2 )2 + (h(t) − u3 )2

e
q
| f (t) − u1 | ≤ ( f (t) − u1 )2 + (g(t) − u2 )2 + (h(t) − u3 )2
q
|g(t) − u2 | ≤ ( f (t) − u1 )2 + (g(t) − u2 )2 + (h(t) − u3 )2
q
|h(t) − u3 | ≤ ( f (t) − u1 )2 + (g(t) − u2 )2 + (h(t) − u3 )2

Logo,
| f (t) − u1 | < ε, |g(t) − u2 | < ε, |h(t) − u3 | < ε,
sempre que 0 < |t − t0 | < δ . Portanto, f (t), g(t) e h(t) possui limites u1 , u2 e u3 respectiva-
mente.
(⇐=) Suponhamos que cada coordenada f , g e h possui limite u1 , u2 e u3 respectivamente. Então,
para cada ε > 0, existe δ1 , δ2 e δ3 tal que, se 0 < |t − t0 | < δi (i = 1, 2, 3) vale:
ε ε ε
| f (t) − u1 | < √ , |g(t) − u2 | < √ , e |h(t) − u3 | < √ (2.2)
3 3 3
Tomando δ = min{δ1 , δ2 , δ3 }, temos então, para 0 < |t − t0 | < δ , que vale as condições (2.2).
Portanto, se 0 < |t − t0 | < δ
r
ε2 ε2 ε2
q
kr(t) − uk = 2 2 2
( f (t) − u1 ) + (g(t) − u2 ) + (h(t) − u3 ) < + +
3 3 3
= ε.

Ou seja, limt→t0 r(t) = u.

5
 
t−2
Exemplo 2.4. A curva r(t) = t 2 −4
, 2t + 1 possui limite no ponto t0 = 2. De fato, pelo Teorema
anterior, basta analisar a coordenada f (t) = tt−2
2 −4 se possui limite no ponto t0 = 2, pois, g(t) = 2t + 1
possui limite em qualquer ponto t0 ∈ R e em particular, limt→2 (2t + 1) = 5. Mas
t −2 t −2 1
2
= = , se t , 2.
t − 4 (t − 2)(t + 2) t + 2
1 1
Portanto, limt→2 tt−2
2 −4 = limt→2 t+2 = 4 . Portanto,
   
t −2 1
lim r(t) = lim 2 , lim(2t + 1) = ,5 .
t→2 t→2 t − 4 t→2 4
 
Exemplo 2.5. A curva r(t) = |t|t ,t + 2 nõo possui limite em t0 = 0. De fato, basta observar que
t
f (t) = |t| não possui limite em t0 = 0, visto que
t t
lim− = −1 e lim+ = 1.
t→0 |t| t→0 |t|
Como os limites laterais são diferentes, temos que o limite em t0 = 0 não existe.
Exemplo 2.6. Na ciclóide de raio R = 1, vemos que
 
lim r(t) = lim (t − sent) , lim (1 − cost) = (π, 2).
t→π t→π t→π
Teorema 2.7 (Propriedades do Limite). Sejam r e s duas curvas definidas num intervalo I. Se
lim r(t) = u e lim s(t) = v
t→t0 t→t0

então:
a) A curva (r + s)(t) = r(t) + s(t) possui limite em t0 e lim (r + s(t)) = lim r(t) + lim s(t) = u + v;
t→t0 t→t0 t→t0
b) Para todo escalar c ∈ R, (cr)(t) = cr(t) possui limite em t0 e lim (cr(t)) = c lim r(t) = cu;
t→t0 t→t0
c) O produto interno hr, si(t) = hr(t), s(t)i possui limite em t0 e lim hr(t), s(t)i = hu, vi;
t→t0
d) O produto vetorial r(t) × s(t) possui limite em t0 e lim (r(t) × s(t)) = u × v.
t→t0
Proof. Podemos demonstrar este Teorema usando somente o resultado do Teorema 2.2. De fato,
escreva r(t) = ( f1 (t), g2 (t), h1 (t)) e s(t) = ( f2 (t), g2 (t), h2 (t)). Note que
(r + s)(t) = (( f1 + f2 )(t), (g1 + g2 )(t), (h1 + h2 )(t)) .
Pelo Teorema 2.2,
lim r(t) = u = (u1 , u2 , u3 ) ⇔ lim f1 (t) = u1 , lim g1 (t) = u2 , lim h1 (t) = u3
t→t0 t→t0 t→t0 t→t0
lim s(t) = v = (v1 , v2 , v3 ) ⇔ lim f2 (t) = v1 , lim g2 (t) = v2 , lim h2 (t) = v3
t→t0 t→t0 t→t0 t→t0

Então,
lim ( f1 + f2 )(t) = u1 + v1 , lim (g1 + g2 )(t) = u2 + v2 , lim (h1 + h2 )(t) = u3 + v3 .
t→t0 t→t0 t→t0

Usando outra vez o Teorema 2.2, (r + s)(t) possui limite em t0 e


lim (r + s)(t) = (u1 + v1 , u2 + v2 , u3 + v3 ) = u + v.
t→t0

A demonstração dos itens b),c) e d) fica como exercício.

6
2.1. Continuidade
Definição 2.8. Uma curva r = r(t) é contínua em t0 ∈ R se, e somente se, r satisfaz as seguintes
condições:
a) A curva r está definida em t0 ;
b) A curva r possui limite em t0 ;
c) Além disso, lim r(t) = r(t0 ).
t→t0

Teorema 2.9. Uma curva r(t) = ( f (t), g(t), h(t)), t ∈ I é contínua em t0 ∈ I se, e somente se, cada
coordenada f (t), g(t) e h(t) é contínua em t0 .

Proof. De fato, a) se r(t) está definida em t0 se, e só se, cada coordanada f (t), g(t) e h(t) está definida
em t0 . Para o item b), r possui limite em t0 ∈ I se, e só se, cada coordanada f ( f ), g(t) e h(t) possui
limite em t0 ∈ I. Por fim, para c), temos

lim r(t) = r(t0 ) ⇔ lim f (t) = f (t0 ), lim g(t) = g(t0 ), lim h(t) = h(t0 ).
t→t0 t→t0 t→t0 t→t0

(  
sen (2t)
t , 2t + 3 , se t , 0
Exemplo 2.10. A curva r(t) = é contínua em t0 = 0. De fato, a)
(1, 3), se t = 0
r(0) = (1, 3), então a curva r está definida em t0 = 0. Para b)
 
sen(2t)
lim r(t) = lim , lim(2t + 3) = (2, 3).
t→0 t→0 t t→0

Para c), basta observar que limt→0 r(t) = r(0).


(  
sen (2t)
t , 2t + 3 , se t , 0
Exemplo 2.11. A curva r(t) = não é contínua em t0 = 0. De fato,
(1, 3), se t = 0
a) r(0) = (1, 3), então a curva r está definida em t0 = 0. Para b)
 
sen(2t)
lim r(t) = lim , lim(2t + 3) = (2, 3).
t→0 t→0 t t→0

Porém, o item c), da definição de continuidade, temos que limt→0 r(t) , r(0).

Definição 2.12. Uma curva r : I ⊂ R → R3 (ou R2 ) é dita contínua no intervalo I se r é contínua em


todo ponto t ∈ I.

Teorema 2.13. Sejam r, s : I ⊂ R → R3 (ou R2 ) duas curvas contínuas num ponto t0 ∈ I. Então,

a) (r + s)(t) = r(t) + s(t) é contínua em t0 ∈ I;


b) Para todo escalar c ∈ R, (cr)(t) = cr(t) é contínua em t0 ∈ I;
c) O produto interno hr(t), s(t)i é contínua em t0 ;
d) A norma kr(t)k é contínua em t0 .

7
3. Curvas Diferenciáveis

Suponhamos que uma partícula se move no espaço euclidiano sobre uma curva r = r(t). Para
cada instante t a posição da partícula é dada pelo vetor posição. A velocidade média vm da partícula
durante o intervalo de tempo (t,t + ∆t) é definida por vm = r(t+∆t)−r(t)
∆t . O quociente r(t+∆t)−r(t)
∆t é
chamado quociente de Newton. A velocidade instantânea da partícula num instante t é definida
como sendo o limite do quociente de Newton quando ∆t → 0, quando o limite existe. Denotamos a
velocidade instantânea num instante t por r0 (t), ou seja,

r(t + ∆t) − r(t)


r0 (t) = lim .
∆t→0 ∆t
A aceleração média am da partícula durante o intervalo de tempo (t,t + ∆t) é definida por am =
r0 (t+∆t)−r0 (t)
∆t . A aceleração instantânea da partícula num instante t é definida como sendo o limite do
quociente de Newton quando ∆t → 0, quando o limite existe. Denotamos a velocidade instantânea
num instante t por r00 (t), ou seja,

r0 (t + ∆t) − r0 (t)
r00 (t) = lim .
∆t→0 ∆t
A velocidade escalar de uma partícula é definida pela intensidade do vetor velocidade r0 (t) e deno-
tamos por v(t) = kr0 (t)k. Finalmente, a aceleração escalar da partícula é definida pela intensidade
do vetor aceleração r00 (t) e denotamos por a(t) = kr00 (t)k. Se uma partícula de massa m se move
sobre uma curva r, pela segunda Lei de Newton, a força resultante sobre a partícula é dada por
F(r(t)) = mr00 (t).

Definição 3.1. Dizemos que uma curva r = r(t) possui derivada num ponto t se, e somente se, o
quociente de Newton
∆r r(t + ∆t) − r(t)
=
∆t ∆t
possui limite quando ∆t → 0. A derivada de uma curva r em t é denotada por r0 (t), onde

r(t + ∆t) − r(t)


r0 (t) = lim .
∆t→0 ∆t

8
Interpretação da derivada: Pela figura abaixo, quando ∆t → 0, a posição r(t + ∆t) vai tender
para r(t). Neste caso, r0 (t) é paralelo a reta s(λ ) = r(t) + λ r0 (t) a qual é tangente à curva r no ponto
r(t).

Figure 8: Conforme ∆t → 0, o ponto Q se aproxima de ~


Figure 9: No limite, o vetor PQ/∆t se transforma no
P ao longo da curva C. vetor tangente r0 (t).

Como vimos, esta seção é a mais importante desta nota. As derivadas de curvas são fundamentais
no estudo da cinemática e da dinâmica, parte da mecânica vetorial.
Exemplo 3.2. A curva r(t) = (t + 3, 2t + 1) possui derivada em todo t ∈ R. De fato, note que
∆r = r(t + ∆t) − r(t) = (t + ∆t + 3, 2t + 2∆t + 1) − (t + 3, 2t + 1) = (∆t, 2∆t) .
Portanto, temos  
∆r 1 ∆t 2∆t
= (∆t, 2∆t) = , = (1, 2).
∆t ∆t ∆t ∆t
Ou seja,
∆r
r0 (t) = lim = (1, 2).
∆t→0 ∆t

Teorema 3.3. Uma curva r(t) = ( f (t), g(t), h(t)) possui derivada num ponto t se, e somente se, cada
coordenada f , g, h possui derivada em t. Ademais,
r0 (t) = f 0 (t), g0 (t), h0 (t) .


Proof. De fato, basta observar que


   
∆r f (t + ∆t) − f (t) g(t + ∆t) − g(t) h(t + ∆t) − h(t) ∆ f ∆g ∆h
= , , = , , .
∆t ∆t ∆t ∆t ∆t ∆t ∆t
∆ f ∆g ∆h
Pelo Teorema 2.2, ∆r
∆t possui limite quando ∆t → 0 se, e só se, cada coordenada ∆t , ∆t , ∆t possui
limite quando ∆t → 0. Logo,
 
∆r ∆ f ∆g ∆h
lim = lim , , = ( f 0 (t), g0 (t), h0 (t)).
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t ∆t ∆t

9
Se uma curva r = r(t) possui derivada num ponto t0 , dizemos que ela é diferenciável em t0 , visto
que suas coordenadas são funções reais de uma variável e cada uma possui derivada. Para as funções
reais de uma variável, diferenciabilidade e derivada tem o mesmo significado.

Definição 3.4. Uma curva r = r(t) é diferenciável num intervalo I se, e somente se, r é diferenciável
em todo t ∈ I.

Exemplo 3.5. A curva r(t) = (t · cost,t 2 ) é diferenciável em todo ponto t ∈ R.

De fato, as coordenadas f (t) = t · cost e g(t) = t 2 são funções deriváveis em R. Ademais, o vetor
velocidade de r é igual a
r0 (t) = (−2sent − t cost, 2t).
O vetor r0 (t) é diferenciável e r00 (t) = (−2sent − t cost, 2). O vetor r00 (t) é diferenciável e r000 (t) =
(−3 costt sent, 0). E assim, existem curvas que possuem derivadas de qualquer ordem. É o caso desse
exemplo.

Teorema 3.6. Toda curva r = r(t) diferenciável em t0 é contínua em t0 .

Proof. Basta observar que


 
r(t0 + ∆t) − r(t0 )
lim (r(t0 + ∆t) − r(t0 )) = lim · ∆t = r0 (t0 ) · 0 = 0.
∆t→0 ∆t→0 ∆t

Logo,
lim r(t0 + ∆t) = r(t0 ) =⇒ r é contínua em t0
∆t→0

Teorema 3.7 (Propriedades). Sejam r e s : I ⊂ R → R3 (ou R2 ) duas curvas diferenciáveis em t0 ∈ I.


Então,

a) (r + s)(t) é diferencviável em t0 ∈ I com (r + s)0 (t0 ) = r0 (t0 ) + s0 (t0 );


b) Para todo escalar c ∈ R, (cr)(t) é diferenciável em t0 com (cr)0 (t0 ) = cr0 (t0 );
c) O produto interno hr(t), s(t)i é diferenciável em t0 com

hr, si0 (t0 ) = hr0 (t0 ), s(t0 )i + hr(t0 ), s0 (t0 )i

Proof. Exercício.

Equação da reta tangente: A derivada r0 (t0 ) de uma curva r = r(t) num ponto t0 é tangente à
curva em r(t0 ). Então a equação paramétrica da reta tangente à r no ponto r(t0 ) é dada por

x(t) = r(t0 ) + t · r0 (t0 ).

Exemplo 3.8. Determine a equação da reta tangente à curva r(t) = (2t,t 2 ,t 3 ) no ponto r(1) =
(2, 1, 1).

Solução: Aqui, r0 (1) = (2, 2, 3) (verifique!). Portanto, a reta tangente será

x(t) = (2, 1, 1) + t · (2, 2, 3) = (2 + 2t, 1 + 2t, 1 + 3t).

10
4. Curvas de Classe Ck

Se uma curva r : I → R3 (ou R2 ) é contínua no intervalo I, dizemos que r é de classe C0 em I,


denotamos C0 (I). Se r é diferenciável e r0 é contínua no intervalo I, dizemos que r é continuamente
diferenciável ou de classe C1 no intervalo I, denotamos C1 (I). Se r0 é diferenciável no intervalo I e
(r0 )0 = r00 écontínua no intervalo I, dizemos que r é duas vezes continuamente diferenciável ou de
classe C2 no intervalo I, denotamos C2 (I). Por indução, se r(k−1) é diferenciável no intervalor I e
[r(k−1) ]0 = r(k) (derivada k-ésima) de classe Ck no intervalo I, dizemos que r é k vezes continuamente
diferenciável ou de classe Ck no intervalo I, denotamos Ck (I). Finalmente, se r possui derivadas
contínuas de todas as ordens no intervalo I, dizemos que r é de classe C∞ (I), ou seja,

\
C∞ (I) = Ck (I).
k−0

Note que, Ck+1 (I) ⊆ Ck (I) para todo k = 0, 1, 2, 3, . . .. Ou seja,

C∞ ⊆ . . . ⊆ C3 (I) ⊆ C2 (I) ⊆ C1 (I) ⊆ C0 (I).

Exemplo 4.1. A curva r(t) = (2t + 1,t 2 + 3t + 2) é de classe C∞ (R). De fato, temos

r0 (t) = (2, 2t + 3)
r00 (t) = (0, 2)
r000 (t) = (0, 0)
r(k) (t) = (0, 0), para todo k ≥ 3.

Ademais, todas são contínuas. Logo r ∈ C∞ (R).

Exemplo 4.2. A curva r(t) = (|t|, cost) é de classe C0 (R) mas não é de classe C1 (R), pois f (t) = |t|
nÃo é derivável em t0 = 0.

Exemplo 4.3. A curva r(t) = (t|t|,t 2 ) é uma curva de classe C1 (R) mas não é de classe C2 (R). De
a coordenada f (t) = t|t|, pois a coordenada g(t) = t 2 é de classe C∞ . Temos o
fato, basta olhar 
t 2 , se t ≥ 0
seguinte, f (t) = Logo, se t > 0, f 0 (t) = 2t e, se t < 0, f 0 (t) = −2t. Devemos
−t 2 , se t < 0
verificar em t0 = 0 de maneira separada. Mas,

f (0 + ∆t) − f (0) f (∆t)


f 0 (0) = lim = lim = lim |∆t| = 0.
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t ∆t→0

2t, se t ≥ 0
Portanto, f 0 (t) = Como limt→0+ f 0 (t) = 0 e limt→0− f (t) = 0, temos que limt→0 f 0 (t) =
−2t, se t < 0
0 = f 0 (0). 0 1 1
 Logo f é contínua. Portanto, f ∈ C (R). Portanto, r ∈ C (R). Agora, observe que
t, se t > 0
f 00 (t) = mas f 0 (0) não existe. Logo, r não pode ser de classe C2 . Em geral,
−2, se t < 0
para exibir um exemplo de função que é de classe Ck (R) mas não é de classe Ck+1 (R), basta pegar
r(t) = (t k |t|,t 2 ).

11
5. Comprimento de arco ao longo de uma curva
Uma das características das curvas espaciais é que elas tem um comprimento mensurável. Isso
nos permite localizar pontos ao longo dessas curvas dando sua distância orientada s ao longo da curva
a partir de algum ponto-base, da mesma maneira que localizamos pontos sobre os eixos coordenados
dando suas distâncias orientadas a partir da origem. O tempo é o parâmetro natural para descrever
a velocidade e a aceleração de um corpo em movimento, mas s é o parâmetro natural para estudar o
formato de uma curva.
Teorema 5.1 (Comprimento de arco). Seja r : [a, b] → R3 (ou R2 ) uma curva de classe C1 ([a, b]).
Então o comprimento de arco de r é o valor da integral
Z b
s= kr0 (t)k dt
a

Proof. Seja P = {a,t1 ,t2 , . . . ,tn−1 , b} uma partição do intervalo [a, b] de tal modo que r é de classe
C1 em cada subintervalo (ti−1 ,ti ). Então, se denotarmos por r(t) = ( f (t), g(t), h(t))

r(ti+1 ) − r(ti ) = ( f (ti+1 ) − f (ti ), g(ti+1 ) − g(ti ), h(ti+1 ) − h(ti ))

Pelo Teorema do valor médio, existe ξi ∈ (ti ,ti+1 ) tal que

f (ti+1 ) − f (ti ) = f 0 (ξi ).∆ti , g(ti+1 ) − g(ti ) = g0 (ξi )∆ti , h(ti+1 ) − h(ti ) = h0 (ξi )∆ti

Por outro lado,


q
kr(ti+1 ) − r(ti )k = ( f (ti+1 )) − f (ti ))2 + (g(ti+1 )) − g(ti ))2 + (h(ti+1 )) − h(ti ))2
q
= ( f 0 (ξi ))2 (∆ti )2 + (g0 (ξi ))2 (∆ti )2 + (h0 (ξi ))2 (∆ti )2
q q
= [ f 0 (ξi )2 + g0 (ξi )2 + h0 (ξi )2 ] (∆ti )2 = f 0 (ξi )2 + g0 (ξi )2 + h0 (ξi )2 · ∆ti
= kr0 (ξi )k · ∆ti .

Então, o comprimento da poligonal será


n
s ≡ ∑ kr0 (ξi )k∆ti
i=1

O comprimento de arco da curva é igual a


n Z b
0
s = lim ∑ kr (ξi )k∆ti = kr0 (t)kdt.
n→∞ a
i=1

Notação: Se r(t) = ( f (t), g(t), h(t)), então r0 (t) = ( f 0 (t), g0 (t), h0 (t)). Logo,
q
kr0 (t)| = ( f 0 (t))2 + (g0 (t))2 + (h0 (t))2 .

Logo, a fórmula do comprimento de arco fica:


Z bq
s= ( f 0 (t))2 + (g0 (t))2 + (h0 (t))2 dt
a

12
Exemplo 5.2. O comprimento de arco de uma circunferência C : x2 + y2 = R2 é s = 2πR. De fato, a
parametrização da circunferência é:

r(t) = (R cost, Rsent), t ∈ [0, 2π].

Logo, r0 (t) = (−Rsent, R cost). Daí, kr0 (t)k = R. Portanto, pela fórmula do comprimento de arco,
Z 2π Z 2π Z 2π
s= kr0 (t)kdt = Rdt = R dt = 2πR.
0 0 0

Exemplo 5.3. Um planador está voando para cima ao longo da hélice

r(t) = (cost, sent,t).

Qual a distância percorrida atingida pelo planado ao longo de sua trajetória de t = 0 até t = 2π ≈ 6, 28
s? (veja Figura 10)

Figure 10: Trajetória do planador

Solução: O segmento da trajetória durante esse tempo corresponde a uma volta completa da
hélice. O comprimeto dessa parte é
Z 2π Z 2π q
0
s = kr (t)kdt = (−sent)2 + (cost)2 + (1)2 dt
0 0
Z 2π √ √
= 2dt = 2π 2 unidade de comprimento
0

Isso é 2 vezes o comprimento do círculo no plano xy no qual a hélice se encontra.

Função comprimento de arco: Se escolhemos um ponto-base P(t0 ) em uma curva C de classe


C1 parametrizada por t, cada valor de t determina um ponto P(t) = ( f (t), g(t), h(t)) em C e uma
“distância orientada" Z t
s(t) = kr0 (τ)k dτ
t0

13
medida ao longo de C a partir do ponto-base (Figura 11). Se t > t0 , s(t) é a distâcia de P(t0 ) a P(t).
Se t < t0 , s(t) é o oposto da distância. Cada valor de s determina um ponto C e isso parametriza C
em relaç ao a s. Chamamos s um parâmetro de comprimento de arco para a curva. O valor do
parâmetro aumenta na direção de t crescente. O parâmetro comprimento de arco é particularmente
eficaz para investigar a natureza da rotação de uma curva especial.

Rt 0
Figure 11: A distância orientada ao longo da curva de P(t0 ) até qualquer ponto P(t) é s(t) = t0 kr (t)kdt

Usaremos a letra grega τ (“tau") como a variável de integração na Equação (5.1) porque a letra t
já é usada como limitante superior.
Parâmetro comprimento de arco com ponto-base P(t0 ).
Z t Z t q
0
s(t) = kr (τ)k dτ = [ f 0 (t)]2 + [g0 (t)]2 + [h0 (t)]2 dt (5.1)
t0 t0

Exemplo 5.4 (Encontrando a função comprimento de arco da Hélice ). Considere a hélice circular
r(t) = (cost, sent,t). Vamos escolher o ponto base como sendo t0 = 0. É fácil verificar que kr0 (t)k =

2. Logo, Z t √
Z t √
s(t) = kr0 (τ)kdτ = 2dt = 2t.
0 0

Exemplo 5.5 (Distância ao longo de uma reta). Mostre que se u = (u1 , u2 , u3 ) é um vetor unitário,
então a função comprimento do arco da reta

r(t) = (x0 , y0 , z0 ) + t · (u1 , u2 , u3 ) = (z0 + tu1 , y0 + tu2 , z0 + tu3 )

do ponto base P(x0 , y0 , z0 ) correspondente ao tempo t0 = 0 é o próprio t.

Solução: Temos que


 
0 d d d
r (t) = (x0 + tu1 ), (y0 + tu2 ), (z0 + tu3 ) = (u1 , u2 , u3 ).
dt dt dt
q
Portanto, kr0 (t)k = u21 + u22 + u23 = 1, pois u é unitário. Logo,
Z t Z t
s(t) = kr0 (τ)kdτ = dτ = t.
0 0

14
5.1. Reparametrização de curvas
Definição 5.6. Uma curva r : I → R3 é dita regular se r0 (t) , 0, para todo t ∈ I.
Exemplo 5.7. A curva r : [0, 2π] → R3 dada por

r(t) = (cost, sent,t)



é uma curva regular, pois r0 (t) = (−sent, cost, 1). Implicando que kr0 (t)k = 2 , 0. Por outro lado,
a curva r : [0, 1] → R3 , r(t) = (t 4 ,t 3 ,t 2 ) não é uma curva regular, visto que r0 (0) = (0, 0, 0) (verifique).
Definição 5.8. Uma aplicação φ : [c, d] → [a, b] é dita um difeomorfismo se, e somente se, φ é uma
bijeção diferenciável e sua inversa φ −1 : [a, b] → [c, d] é ainda uma função diferenciável.
Observação 5.9. É um fato bastante conhecido dos cursos de cálculo de uma variável que uma apli-
cação como φ acima para possuir inversa deve ser moótona crescente ou monótona decrescente. Daí
se φ for crescente diremos que a mesma é um difeomorfismo crescente, caso contrário a terminologia
utilizada será análoga.
Motivados pela última definição temos
Definição 5.10. Dada uma curva r : [a, b] → R3 e um difeomorfismo φ : [c, d] → [a, b] uma reparametriza-
ção da curva r é a curva r ◦ φ de tal forma que r(t) = r(φ (s)), onde φ (s) = t para todo t ∈ [a, b] e
s ∈ [c, d]. Assim como mostra o diagrama abaixo

[c, d]
r◦φ
φ
 !
[a, b] / R3
r

Exemplo 5.11. Considere √ o difeomorfismo φ : [0, 2 2π] → [0, 2π] dado simplesmente por φ (s) =
√s . Temos que r : [0, 2 2π] → [0, 2π] dado por
2
     
s s s
r(s) = cos √ , sen √ , √
2 2 2
é uma reparametrização da hélice circular.
Definição 5.12. Uma curva r : I ⊂ R → R3 (ou R2 ) é dita parametrizada pelo comprimneto de
arco se, e somente se, a velocidade escalar kr0 (t)k = 1, para todo t ∈ I.
Exemplo 5.13.

a) A curva r(t) = (cost, sent) é parametrizada pelo comprimento de arco, pois

r0 (t) = (−sent, cost) =⇒ kr0 (t)k = 1, ∀t.

b) A hélice r(t) = cos 4t5 , sen 4t5 , 3t5 é parametrizado pelo comprimento de arco. De fato,
  

note que, pela regra da cadeia


s   
4 2 3 2
     
4 4t 4 4t 3
r0 (t) = − sen , cos , =⇒ kr0 (t)k = + = 1.
5 5 5 5 5 5 5

15
Uma boa pergunta neste momento seria:

“Dada uma curva regular r, sempre existe uma reparametrização


da mesma pelo comprimento de arco?"
A resposta é afirmativa e brevemente teremos o momento oportuno de provar tal resultado. Mas
antes disto nos atentemos a mais algumas considerações. Vimos que, dada uma curva r : [a, b] → R3
de classe C1 ([a, b]), associamos a função comprimento de arco s : [a, b] → [o, `] definida por
Z t
S(t) = kr0 (τ)k dτ,
a
Rb
onde ` = a kr0 (t)kdt. Portanto, pelo Teorema fundamental do cálculo
dS
= kr0 (t)k > 0, pois r é regular
dt
Portanto, temos que S possui uma função inversa S−1 : [0, `] → [a, b] o qual é um difeomorfismo.
Chegou a hora de responder, de forma positiva, a pergunta sobre a reparametrização pelo compri-
mento de arco.
Teorema 5.14. Seja r : [a, b] → R3 uma curva regular de classe C1 ([a, b]). Então r admite uma
reparametrização pelo comprimento de arco.
Proof. Seja S : [a, b] → [0, `] a função comprimento de arco da curva r. Como r é regular, segue, por
considerações feitas acima que s é um difeomorfismo. Seja S−1 : [0, `] → [a, b] a função inversa do
comprimento de arco de r, afirmamos que r ◦ S−1 é uma reparametrização de r pelo comprimento de
arco. De fato, temos, dessa forma, que t = S−1 (s) e assim r(s) = r(t(s)) e portanto

dr(s) dr(t(s)) dr(t(s)) dt(s)


= = · .
ds ds dt ds
Pelo Teorema da derivada da função inversa, temos que
dt(s) 1
= 0
ds kr (s)k
e portanto

d(r)(s)
= dr(t(s)) · dt(s)


ds dt ds
= kr0 (t(s))k · kr0 (s)k−1 = kr0 (s)k · kr0 (s)k−1 = 1.

Concluindo assim que de fato r(s) = r(t(s)) é uma reparametrização de r, pelo comprimento de
arco.

6. Estudo e exercícios

Leia a seção 10.1 até seçnao 10.6 do Capítulo 10 da referência [1], Capítulo 1 da referência [3].
Faça os problemas Exercícios 10.5 da referência [1].

16
References

[1] George B. Thomas. Cálculo Vol. 2 . Pearson Education .

[2] James Stweart Cálculo Vol. II.

[3] Jerrold E. Marsden and Anthony Tromba. Vector Calculus, sexta edição.

Exercícios

Problema 1. Determine a equação da reta tangente à curva α = α(t) no ponto dado.

(a) α(t) = (2t,t 3 ,t 2 − 3t), no ponto α(1);


α(t) = 2t+3

(b) t ,t + 2, ln(t) , no ponto α(1);
2t

(c) α(t) = arc tg(t), e ,t ln(2t + 1) , no ponto α(1);
(d) α(t) = (e2−t , 3t cos(πt)), no ponto α(2);
t 2 +2
(e) α(t) = ( 3t+2
t+1 , 2−t ), no ponto α(0).

Problema 2. Determine a equação da reta tangente à curva

α(t) = (2t 2 + 3t, ln(2t + 1), e2t ),

a qual é paralela a equação da reta


x+5 y−7 z−4
r: = = .
3 2 2
Problema 3. Encontre α 0 (t) e α‘(0) em cada uma das seguintes curvas.

(a) α(t) = (cos(4t), sen(4t), 3t);


(b) α(t) = (t 2 , 2t,t 3 /3);
2
(c) α(t) = (et , ln(2t + 1), arc tg(t));
(d) α(t) = (tg(2t), ecost );
(e) α(t) = (t 2 ,t 3 ,t|t|);
α(t) = t 2 sen( 1t ),t 2 se t , 0 e α(0) = (0, 0).

(f)

Problema 4. Sejam α, β : I ⊂ R → Rn duas curvas diferenciáveis num ponto t ∈ I. Seja f : I → R


uma função possuindo derivada em t ∈ I. Mostre que

(a) α(t), β (t) é diferenciável em t e a derivada


d
hα(t) · β (t)i = hα(t), β 0 (t)i + hα 0 (t), β (t)i;
dt
(b) ( f α)(t) é diferenciável em t e a derivada
d
( f α)(t) = f 0 (t)α(t) + f (t)α 0 (t).
dt
Problema 5. Determine o vetor velocidade e o vetor aceleração de cada curva.

17
(a) α(t) = (cos(3t), sen(3t), 4t);
(b) α(t) = (et , e−t , cos(2t));
(c) α(t) = (arc tg(2t), 2t,t 3 );
(d) α(t) = (ln(t 2 + t + 2), e−cos(t) ,t 2t );
(e) α(t) = (sen(3t + 2), cos(3t − 1), et+3 ).

Problema 6. Considere a Hélice

α(t) = (cos(at), sen(at), bt).

(a) Mostre que a velocidade escalar de α é constante;


(b) Mostre que o ângulo entre o vetor velocidade de α e o eixo Oz é constante.

Problema 7. A posição de um ponto no espaço R3 no instante t0 = 0 é α(0) = (2, 1, 0) e sua veloci-


dade α 0 (t) = (2t, cos(3t),t 2 ). Determine a posição α(t) em qualquer instante.

Problema 8. Um pinto se move sobre uma curva de classe C1 α : I ⊂ R → R2 no intervalo I tal que

α 0 (t) ⊥ α(t), ∀t ∈ I.

Mostre que o ponto se movimenta sobre uma circunferêcia.



Problema 9. Mostre que a curva r(t) = (sent, cost, 3) tem comprimento constante e é ortogonal
à sua derivada.

Problema 10. Mostre que a curva


   
1 1 1 1 1
r(t) = (2i + 2j + k) + √ i − √ j · cost + √ i + √ j + √ k · sint
2 2 3 3 3
descreve o movimento de uma partíaula no círculo de raio 1 centrado no ponto (2, 2, 1) e contido no
plano x + y − 2z = 2.

Problema 11. Determine o comprimento de arco de cada curva abaixo.

(a) α(t) = (2t,t 3 /3,t 2 ) no intervalo −2 ≤ t ≤ 2;


(b) α(t) = (t|t|,t 2 ) no intervalo −1 ≤ t ≤ 1;
(c) α(t) = (cos(2t), sen(2t),t 2 ) em 0 ≤ t ≤ 1;
(d) α(t) = (2t, ln(t),t 2 ) em 1 ≤ t ≤ 2;
(e) α(t) = (t − sen(t), 1 − cos(t)) em 0 ≤ t ≤ 2π;
(f) α(t) = (cos(4t), sen(4t), 3t) em 0 ≤ t ≤ 3;
α(t) = 0t (1 − cos(u))du, 0t sen(u)du em 0 ≤ t ≤ 2π
R R 
(g)

Problema 12. Seja P um ponto de uma circunferência C (no plano XOY) de raio a > 0 e centro (0, a)
e seja Q o ponto de intersecção da reta y = 2a com a reta que passa pela origem e por P. Seja ainda
R o ponto de intersecção da reta horizontal que passa por P com a reta vertical que passa por Q. Á
medida que P se move ao longo de C, R descreve uma curva chamada curva de Agnesi. Determine
uma parametrização desta curva e a respectiva equação cartesiana.

18
Problema 13. Considere um disco a rodar (sem escorregar) numa superfície plana, ao longo de
uma linha reta. Chama-se ciclóide á curva plana descrita por um ponto nesse disco. Mostre que,
se a linha reta for o eixo OX e o disco tiver raio a > 0, a ciclóide pode ser parametrizada por
α(t) = a(t − sen(t), 1 − cos(t)).

Problema 14. A curva de Viviani é obtida pela intersecção do cilindro (x − a)2 + y2 = a2 com a
esfera x2 + y2 + z2 = 4a2 (veja figura). Mostre que a curva de Viviani pode ser parametrizada por
  t 
α(t) = a 1 + cos(t), sen(t), 2sen .
2

Figure 12: Curva de Viviani

Problema 15. Nos itens a)-d), calcule o limite.

a) limt→3 t 2 , 4t, 1t ;


19
b) limt→π (sen(2t), cos(t),tg(4t));
c) limt→0 e2t , ln(t + 1), 4 ;

 
1 et −1
d) limt→0 1+t , t , 4t .

1

Problema 16. Considere a curva α(t) = t , sen(t), 4 . Calcule

α(t + h) − α(t)
lim .
h→0 h
Problema 17. Considere a curva α(t) = (sen(t), 1 − cos(t), −2t). Calcule

α(t)
lim .
t→0 t
Problema 18. Nos itens a)-h), calcule a derivada.

a) α(t) = (t,t 2 ,t 3 );
b) α(t) = (sen(3t), cos(3t));
c) β (s) = (es , e−2s );
d) r(θ ) = (tg(θ ), 4θ − 2, sen(θ ));
r(t) = t − 1t , 4t 2 , 8 ;

e)
f) c(t) = 1t~i − e2t~k;
g) a(θ ) = (cos 2θ )~i + (sen2θ )~j + (sen4θ )~k;
1
h) b(t) = e4t−3 , sen(t 2 ), 4t+3

.

Problema 19. Seja r(t) = (t,t 2 ,t 3 ). Calcule r0 (t) e r00 (t).

Problema 20. Esboce a curva α(t) = (1 − t 2 ,t) para −1 ≤ t ≤ 1 junto com seu vetor tangente em
t = 1 e inclua-o no esboço.

Problema 21. Esboce a curva α(t) = (t,t 2 ) junto com seu vetor tangente em t = 1. Em seguida, faça
o mesmo com β (t) = (t 3 ,t 6 ).

Problema 22. Esboce a ciclóide α(t) = (t − sent, 1 − cost) junto com seus vetores tangentes em
t = π3 e 3π
4 .

Problema 23. Considere as seguintes curvas:

α(t) = (8t, 4, −t 3 ) e β (t) = (0, et , −6).

Nos itens a)-d), use a regra do produto apropriada para calcular a derivada.
d
a) dt (α(t) · β (t));
d 4
b) dt (t α(t));
d
c) dt (α(t) × β (t));
d) d
dt (α(t) · γ(t)), em t = 5, supondo que γ(5) = (3, 1, 2) e γ 0 (5) = (−1, 2, 7).

20
Problema 24. Considere as seguintes curvas:
 
2 3 1
α(t) = (t ,t , 4t) e β (t) = , 1 + t, 2 .
t

Seja a função f : R → R, f (t) = α(t) · β (t). Calcule f 0 (t), usando a regra do produto. Expanda o
produto α(t) · β (t) e derive. Compare com o obtido na primeira parte.
Problema 25. Considere as seguintes curvas do problema 24. Seja a função F : I ⊂ R → R3 , F(t) =
α(t) × β (t). Calcule F 0 (t), usando a regra do produto. Expanda o produto vetorial α(t) × β (t) e
derive. Compare com o obtido na primeira parte.
d
Problema 26. Nos itens a)-d), como aplicação do exercício anterior, calcule dt (α(φ (t))) usando a
regra da cadeia.

a) α(t) = (t 2 , 2t, 4), φ (t) = et ;


b) α(t) = (et , e2t , 4), φ (t) = 4t + 9;
c) α(t) = (4sen2t, 6cos2t), φ (t) = t 2 ;
d) α(t) = (3t , arc tg(t)), φ (t) = sen(t).

Problema 27. Seja α(s) = s2~i + 2s~j + s92~k. Calcule d


ds α(φ (s)) em s = 4, supondo que φ (4) = 3 e
φ 0 (4) = −9.
Problema 28. Seja r(t) = (t 2 , 1 − t, 4t). Calcule a derivada de r(t) · a(t) em t = 2 supondo que
a(2) = (1, 3, 3) e a0 (2) = (−1, 4, 1).
Problema 29. Nos itens a)-e), encontre uma parmetrização da reta tangente no ponto indicado.

a) α(t) = (1 − t 2 , 5t, 2t 3 ), t = 2;
b) α(t) = (cos 2t, sen3t, sen4t), t = π4 ;
c) α(t) = 4s~i − s83~k, s = 2;
d) α(t) = (t 2 ,t 4 ), t = 1;
e) α(t) = ln(t)~i + t −1~j + 9t~k, t = 1.

Problema 30. Seja α(t) = (sen(2t) cos(t), sen(2t)sen(t), cos(2t)). Mostre que kα(t)k é constante e
conclua que α(t) e α 0 (t) são ortogonais. Em seguida, calcule α 0 (t) e verifique que é ortogonal a
α(t).
dr
Problema 31. O caminho r(t) de uma partíaula satisfaz dt = (8, 5 − 3t, 4t 2 ). Qual é a localização
da partícula em t = 4 se r(0) = (1, 6, 0)?
Problema 32. Encontre todas as soluções de α 0 (t) =~v, onde ~v é um vetor constante em R3 .
Problema 33. Seja ~u um vetor constante em R3 . Encontre a solução de α 0 (t) = (sent)~u que satisfaz
α 0 (0) = 0.
Problema 34. Encontre todas as soluções de α 0 (t) = 2α(t), onde α(t) é uma curva no espaço.
Problema 35. Nos itens a)-f), calcule o comprimento da curva ao longo do intervalo dado.

a) α(t) = (3t, 4t − 3, 6t + 1), 0 ≤ t ≤ 3;

21
b) α(t) = 2t~i − 3t~k, 11 ≤ t ≤ 15;
c) α(t) = (2t, lnt,t 2 ), 1 ≤ t ≤ 4;
d) α(t) = (2t 2 + 1, 2t 2 − 1,t 3 ), 0 ≤ t ≤ 4;
e) α(t) = t~i + 2t~j + (t 2 − 3)~k, 0 ≤ t ≤ 2;
f) α(t) = (t cos(t),tsen(t), 3t), 0 ≤ t ≤ 2π.
Problema 36. Calcule Z t
s(t) = kα 0 (u)kdu
0
para α(t) = (t 2 , 2t 2 ,t 3 ).
Problema 37. Nos itens a)-d), encontre a velocidade escalar no valor de t dado.
a) α(t) = (2t + 3, 4t − 3, 5 − t), t = 4;
b) α(t) = (et−3 , 12, 3t ), t = 3;
c) α(t) = (sen(3t), cos(4t), cos(5t)), t = π2 ;
d) α(t) = (cos h(t), senh(t),t), t = 0.
Problema 38. Considere a curva α(t) = (3t + 1, 4t − 5, 2t).
a) Calcule s(t) = 0t kα 0 (u)kdu como função de t;
R

b) Encontre a inversa φ (s) = t(s) e mostre que β (s) = α(φ (s)) é uma parametrização pelo com-
primento de arco.
Problema 39. Encontre uma parametrização pelo comprimento de arco do círculo no plano z = 9
de raio R = 4 e centro C = (1, 4, 9).
Problema 40. Mostre que um arco da ciclóide α(t) = (t − sent, 1 − cost) tem comprimento ` = 8.
Encontre o valor de t em [0, 2π] no qual é máxima a velocidade.
Problema 41. Encontre uma parametrização pelo comprimento de arco de α(t) = (et sent, et cost, et ).
Problema 42. Encontre uma parametrização pelo comprimento de arco de α(t) = (t 2 ,t 3 ).
Problema 43. A hélice circular de raio R e altura h que faz N voltas completas tem a parametrização
     
2πN 2πN
α(t) = R cos t , Rsen t ,t , 0 ≤ t ≤ h.
h h
Calcule o comprimento da Hélice.
Problema 44. Considere a curva espiral de Bernoulli
α(t) = (et cos(4t), et sen(4t)).
t
kα 0 (u)kdu. É conveniente tomar −∞ como limite inferior de integração porque
R
Calcule s(t) = −∞
s(−∞) = 0. Use s para obter uma reparametrização pelo comprimento de arco de α(t). Prove que o
ângulo entre o vetor posição e o vetor tangente é constante.

G LEYDSON C. R ICARTE
Universidade Federal Ceará
Department of Mathematics
Fortaleza, CE-Brazil 60455-760
ricarte@mat.ufc.br

22

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