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Apresentação
Nesta aula, apresentaremos a definição de funções vetoriais de uma variável real, o conceito, a notação e a relação entre
conteúdos aprendidos em disciplinas anteriores. Também apresentaremos a parametrização de algumas curvas.
A disciplina Cálculo III apresentará o conteúdo de integral que envolve várias variáveis e suas diversas aplicações. Além de
despertar no aluno a curiosidade de verificar e conhecer as aplicações, em diversas áreas, tais como em Física, Economia
etc. Para isto o aluno necessitará identificar e compreender os métodos de integração envolvendo várias variáveis e assim
poder conhecer a aplicação em problemas clássicos.
A disciplina Cálculo III permitirá resgatar conteúdos de Cálculo I e Cálculo II, Introdução ao Cálculo e Matemática Básica,
mostrando assim ao aluno a importância da interdisciplinaridade.
Estudaremos generalizações da Geometria e adaptações da derivada e de integral, dando aplicações e interpretações sob
diversos pontos de vista.
Objetivos
Aprender funções com valores vetoriais;
Premissa
Nos cursos anteriores, trabalhamos com função de uma variável, nesta disciplina trabalharemos com funções que são vetores
e mais a frente com funções que podem ter mais de uma variável.
Neste momento, iremos trabalhar com uma variável escalar t e uma função f ( t ), onde as operações representadas
reproduzem um vetor. Portanto, definimos função vetorial como uma função cujo domínio é um conjunto de números reais e
cuja imagem é um conjunto de vetores.
Atenção
Lembre-se que se estamos trabalhando com vetores, todas as propriedades e as operações aprendidas no curso anterior (cálculo
vetorial) são válidas aqui. A seguir veremos uma das aplicações do conceito de função vetorial.
Na disciplina de Cálculo Vetorial e Geometria Analítica aprendemos que a posição deste no espaço é associada a um vetor de
coordenadas (x, y, z).
Imagine que esse ponto se desloque em cada instante de tempo t, portanto descreverá uma curva (função). Logo, x está escrito
em função do tempo, ou seja, x = x(t).
Analogamente, definimos y = y(t) e z = z(t). Podemos então escrever este vetor da seguinte maneira, σ(t) = (x(t), y(t), z(t)), estes
estão definidos no intervalo I, I ⊂ R , com valores em R3 , t Є I.
Atenção
Aprendemos em Cálculo Vetorial que qualquer vetor pode ser escrito usando os vetores unitários i, j, k nas direções dos
respectivos eixos coordenados x , y e z , isto é, i = ( 1, 0, 0), j = ( 0, 1, 0 ) e k = (0, 0, 1). O vetor posição pode então ser determinado
pela equação vetorial σ(t) = x(t)i + y(t)j + z(t)k.
Exemplo
Exemplo: σ(t) = (t2 , cos t, t3) então x(t) = t2 , y(t) = cos t e z(t) = t3
Definições
Uma função de uma variável real a valores em R2 é uma função σ : A ⊂ R → R2. Esta função associa a cada real t ∈ A, um
único vetor σ(t) ∈ R2.
O conjunto imagem ou trajetória de σ é o lugar geométrico em R2 descrito por σ(t) quando t varia no domínio de σ. Imσ = {σ(t) ∈
2
R / t ∈ Dσ }
Uma função de uma variável real a valores em R3 é uma função σ : A ⊂ R → R3 . Esta função associa a cada real t ∈ A, um
único vetor σ(t) ∈ R3.
Uma função cujo domínio é um conjunto de números reais e cuja imagem é um conjunto de vetores é chamada função vetorial.
Exemplo
Exemplo: ƒ : I ⊂ R → R n
σ (t) = (x(t), y(t), z(t)), t ∈ I
Agora veremos uma associação do que foi aprendido na disciplina de Cálculo à função vetorial.
Limite
Aprendemos várias regras para calcular todas as formas de limites em função de uma variável. Agora, traremos todas aquelas
regras para uma função vetorial.
lim R σ (t) = ( lim x (t), ( lim y (t), ( lim z (t))
t→t1 t→t1 t→t1 t→t1
Exemplo
EXEMPLO 1: Para σ (t) = ( t2 , cos t, t3) temos lim σ (t) = ( lim x (t), ( lim y (t), ( lim z (t)) quanto t → t1 será
t→t1 t→t1 t→t1 t→t1
2 3
lim σ (t) = (lim t , limcos t , lim t = (0, 1, 0)
t→0 t→0 t→0
t→0
Observe que o componente z(t) nos dá uma indeterminação. Portanto temos que usar a regra de L’Hospital para resolver tal
limite.
3 2
8−t 3t
lim t = 2, ( lim cos t = cos e lim t 2
= lim 2t
= 3.
4−t 2
t→2 t→2 t→2 t→2
Continuidade
A função σ(t) é contínua em t ∈ I se, e somente se x(t), y(t) e z(t) são contínuas em t.
Ainda podemos acrescentar que σ(t) será contínua no intervalo I, se σ(t) for
contínua para todo t no intervalo I, neste caso o ponto P do vetor σ(t)
descreverá uma curva C em R3 .
Derivada
A derivada da função σ(t) usará as mesmas regras e as mesmas condições aprendidas na disciplina de Cálculo, além da
mesma definição, porém agora trabalharemos com vetor, como pode ser visto a seguir.
σ(t− ∆t)−σ(t)
A derivada da função vetorial σ(t), t ∈ I, é a função vetorial denotada por σ'(t) e definida por: σ(t1) = lim
∆t→0 ∆t
Notação: σ(t) ser de Classe C1 no intervalo I, significa que σ(t) é diferenciável no intervalo I e σ'(t) é contínua no intervalo I.
A interpretação geométrica de derivada continua valendo para função
vetorial, portanto σ'(t) será o vetor tangente à curva no ponto P.
PQ= OQ – OP
1 1
PQ = [σ(t + ∆t) − σ(t)]
∆t ∆t
1
PQ → Mesma direção de PQ
∆t
Vetor tangente a C em P
1
PQ →
∆t
Exemplo
Dada a função σ(t) = (t2 , cos t, t3) então o vetor σ'(t) será (2t, - sen t, 3t2).
d d d
= σ(u(t)) = = σ(u(t)) = u(t)
dt dt dt
Demonstração:
Suponha:
Então:
d d d d
= σ(u(t)) = ( x (u(t)) = y (u (t)), z (u(t)) )
dt dt dt dt
Curvas Parametrizadas
Como foi visto anteriormente, segundo o critério de continuidade de uma função, o ponto P do vetor "σ" (t) descreverá uma
curva C em R3 quando "σ" (t) for contínua para todo t no intervalo I.
Portanto, definimos a equação "σ" (t) = (x(t), y(t), z(t)) como a parametrização da curva C e as componentes x(t), y(t), z(t) são
chamadas de equações paramétricas da curva C, onde a variável t denominaremos como parâmetro.
Atenção
Observe que podemos trabalhar parametrização em R2, para isto basta que z(t) = 0.
Exemplo
2 3 2
σ (t) = (t , cos t, t ) onde x(t) = t , y(t) = cos t e z (t) = t
3
são as equações paramétricas.
Podemos trabalhar com curvas paramétricas no cálculo de limite e derivada.
Parametrização Natural
Será a parametrização do tipo σ(t) = (t, f(t)).
Exemplo
A equação da reta y = 6x + 9 pode ser parametrizada considerando a parametrização natural, ou seja, σ(t) = (t ,6t+9).
Exemplo
Lembre-se: f (x) = y.
Então podemos definir para a equação cartesiana a seguinte parametrização: x = t, y = t2 (parametrização natural).
Nesse exemplo, poderíamos ter x = t2 e consequentemente y = x4 e muitas outras definições para x que determinariam outros y.
Portanto, a parametrização de uma curva, não é a única.
Podemos também trabalhar no processo inverso. Dada a equação paramétrica de uma curva, encontra a equação cartesiana
correspondente à parametrização.
Exemplo
Seja x = 3t – 4 e y = 6 – 2t. Determine a equação da reta.
Basta isolar, em uma das equações, o parâmetro t e depois substituir na outra ou isolar o parâmetro t em ambas e igualar as
equações, ou seja, estamos trabalhando com sistema de equações.
(x+4)
t =
3
6−2(x+4)
Substituindo em y e arrumando a equação, obteremos y (equação reduzida) ... Ou
10−2x
= =
3 3
Em cálculo vetorial aprendemos que no R3, uma reta pode ser determinada quando:
1 2
Para qualquer caso a reta é definida como r = V t + P, onde v é o vetor direção, t o parâmetro e P é um ponto que pertence à reta.
Quando conhecemos apenas os dois pontos que pertencem à reta, podemos definir o vetor direção (subtraindo o ponto final
menos o inicial) e voltamos a trabalhar com a reta r = V t + P.
σ(t) = (vx t + x0 , vz t + y0 , vz t + z0 ) = (vx , vy , vz ) t + (x0, y0, z0) . t ∈ R
Saiba mais
Também podemos construir uma expressão cartesiana da reta (equação simétrica da reta), isto é, eliminando o parâmetro t nas
equações paramétricas da reta, isto é, para x = vx t + x0, y = vy t + y0 e z = vz t + z0, teremos:
x−x 0 y−y z−z0
0
= =
vx xy vz
Lembre-se: σ (t) = (vx t + x0, vy t + y0, vz t + z0) = (vx, vy, vz) t + (x0, y0,z0).
Logo o vetor direção será v (1, 1,1) e P0 (0,0,0).
A reta r será: (1,1, 1) t + (0, 0,0)
Dizemos que dσ
(to) é um vetor tangente à trajetória de σ, em σ (t0 ).
dt
Para esse caso devemos identificar qual o valor do parâmetro t que satisfaz
a curva.
Podemos observar que o único valor é t = 1.
Devemos encontrar a derivada da função vetorial, isto é, σ'(t) = (3t2, 2t, 1),
essa função nos leva ao vetor diretor (vetor tangente a curva), ou seja, o
vetor v = (3,2,1).
⎧ X = V x t + Px
⎪
⎨ Y = V y t + Py
⎩
⎪
Z = V z t + Pz
⎧ X = 3t + 1
⎪
⎨ Y = 2t + 1
⎩
⎪
Z = 1t + 1
Parametrização da circunferência
Para parametrizar uma circunferência deveremos usar as coordenadas polares aprendidas na disciplina de Cálculo
anteriormente. Seja C a circunferência no plano xy de centro (a, b) e raio r definimos a parametrização de C como:
Quando a circunferência tem centro na origem (0,0) e queremos definir a equação cartesiana da circunferência eliminamos o
parâmetro θ.
x(t) = r cos θ
{ > X 2 + Y2 = r 2
Y (t) = r sen θ
Cicloide
Parametrização da cicloide (curva plana descrita por um ponto P sobre uma circunferência quando gira ao longo de uma reta).
Simultaneamente ele se move paralelamente ao eixo z de modo que sua terceira componente é proporcional ao ângulo de
rotação com constante de proporcionalidade b ≠ 0. Considerando o início do movimento em P = (0,0,0).
Atenção
Você deverá verificar como exercício a demonstração para definir essa parametrização, tal demonstração envolve a teoria
aprendida na disciplina de Geometria. Além de pesquisar sobre outras parametrizações como para curva de Agnesi, da involuta,
da hipocicloide, astroide etc.
Notas
Texto 1
Referências
AYRES JR, Frank. Teoria e Problemas de Cálculo.4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2007.
GUIDORIZZI, Hamilton Luiz.Curso de Cálculo.5ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. 4.v.
GONÇALVES, Marcelo dos Anjos e Silva; FLEMING, Diva Maria.Cálculo C: funções vetoriais, integrais curvilíneas, integrais de
superfície.3ª ed. São Paulo: Makron, 2004.
IEZZI, Gelson; MURAKAMI, Carlos; MACHADO, Nílson José.Fundamentos de Matemática Elementar, 8; limites, derivadas,
noções de integral. 5ª ed. São Paulo: Atual, 2001.
LEITHOLD, Louis.Cálculo com geometria analítica. 3ª ed. São Paulo: Harbra, 1994-2002. 2v.
PINTO, Diomara; MORGADO, Maria Candida Ferreira.Cálculo diferencial e integral de funções de várias variáveis. 3ª ed. Rio de
Janeiro: UFRJ, 2005.
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