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Disciplina: Análise Matemática para

Engenharia II

Aula 1: Cálculo Vetorial e Equações Paramétricas


Apresentação

Nesta aula, abordaremos as funções vetoriais, observando suas variações e algumas de suas representações.

Para isso, apresentaremos alguns conteúdos introdutórios de vetores e posteriormente a aplicação de alguns conceitos de
Cálculo, presente na disciplina Análise Matemática para Engenharia I.

Objetivos

Reconhecer uma função vetorial e sua representação;

Analisar um grá co de linha e suas possíveis oscilações;

Aplicar os conceitos do Cálculo Diferencial e Integral em uma função vetorial.


Funções vetoriais

Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

A Análise Matemática para Engenharia II preza pelo entendimento de conteúdos inerentes às disciplinas do Cálculo Diferencial e
Integral e do Cálculo Vetorial de uma maneira na qual os assuntos são trabalhados simultaneamente.

 Fonte: Billion Photos / Shutterstock


Até o presente momento foram usadas funções de valores reais para expressar grá cos e situações problemas, a partir desta
aula, veremos outro tipo, as Funções Vetoriais, cujos valores são vetores.

Essas funções são responsáveis por fazer a descrição de curvas e superfície no espaço, assim como a sua aplicação na Física
pode ser vista para se deduzir as leis de Kepler, o que não é o nosso objeto de estudo, portanto passemos às de nições e suas
aplicações.

De nição de Funções Vetoriais


A cada elemento do seu domínio é associado um único elemento da sua imagem, quando abordamos função vetoriais a de nição
não é muito diferente.

Uma função vetorial é aquela cujos valores do domínio são reais e estão associados a um
conjunto de vetores na sua imagem.

Para fazer essa associação das funções vetoriais, são associadas as funções r cujos valores são tridimensionais, signi cando
que para qualquer número t no domínio r, será associado a um vetor no R3 que denotamos como sendo r(t).

Com isso, temos a seguinte de nição:

Se f(t), g(t), e h(t) são componentes do vetor r(t), então f, g, h são funções a valores reais chamados funções componentes de r,
tendo a sua representação da seguinte forma:

→ → →

r  (t) = ⟨f(t), g(t), h(t)⟩ = f(t)  i   + g(t)  j   + h(t)  k  

 Figura 1: Representação gráfica de uma função vetorial.

Exemplo
Exemplo 1:

Sendo a função vetorial: 2
r  (t) = ⟨t , ln  (−2 + t),  √t⟩ , temos que as funções componentes são:

2
f(t) =  t

g(t) = ln  (−2 + t)

h(t) = √t

Exemplo 2:


Sendo a função vetorial: r  (t) = ⟨cossec t,  sen t ,   cos t⟩ , temos que as funções componentes são:

f(t) = cossec t      

g(t) =  sent  

h(t) =   cos t

Exemplo 3:


Sendo a função vetorial: , temos que as funções componentes são:
2 −t sent
r  (t) = ⟨1 + t , te , ⟩
t

2
f(t) =  1 +  t

−t
g(t) = te

sen t
h(t) =
t

Como exemplo de grá co de uma função vetorial, temos:

 Figura 2: Gráfico de uma função paramétrica.

A gura 2 é conhecida como hélice, essa mesma gura pode ser comparada com a representação do DNA, sendo ele uma hélice
dupla.
 Figura 3: Representação do DNA.

As funções vetoriais foram muito importantes no desenvolvimento das leis das órbitas desenvolvidas por Kepler, e isso será
falado um pouco mais na próxima aula. Assim, observa-se que há aplicação das funções vetoriais também na área da Física.

Função Vetorial representada por Funções Paramétricas


Outra representação possível para as funções vetoriais é a seguinte:

→ → →

r  (t) = x(t)  i  + y(t)  j  + z(t)  k 

Com isso, as funções paramétricas podem representar também uma função vetorial, como no exemplo abaixo.

Relembrando uma função paramétrica temos que a sua representação se dá da seguinte maneira:

⎧ x(t) = x0 + at

⎨ y(t) = y + bt
0


z(t) = z0 + ct

Onde:

(x0 ,  y 0 ,  z0 )  são pontos;

(a,b,c) são vetores.


Exemplo

⎧ x(t) = 3 + t

Dada a representação paramétrica da função: ⎨ y(t) = 2t   , escreva a sua respectiva função vetorial.


z(t) = t

Resolução:

→ → →

r  (t) = x(t)  i  + y(t)  j   + z(t)  k  

→ → →

r  (t) = ( 3 + t) i   + 2t j   + t k  

Antes de continuar, veja mais alguns exemplos <galeria/aula1/anexo/exemplo01.pdf> .

Derivada de uma função vetorial

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Ao fazermos a abordagem de uma derivada de uma função vetorial, devemos ter em mente que seja uma função clássica ou uma
função vetorial, a abordagem é a mesma, respeitando os seus conceitos, as suas de nições e regras de derivação.

A derivada de uma função vetorial r, representada por r’ (erre linha) tem a sua de nição da mesma maneira que as funções de
valores reais:
→ →
r  (t+h)− r  (t)

, caso exista o limite:


dr
⃗ 
= r ´(t)  =  lim   
dr h
h→0

Geometricamente falando, o vetor derivada é tangente à trajetória feita pelo vetor, sendo assim, tangente à curva.

Repare que essa é uma de nição bem parecida com a de derivada para função de valores reais, conforme dito anteriormente.

As guras abaixo ilustram três momentos da representação geométrica de uma função vetorial:

a) É a representação inicial da função vetorial: b) Temos o valor da função começando a tender a 0, o que
está transformando o vetor secante em vetor tangente.
→ →
r  (t+h)− r  (t)

lim   .
h
h→0

c) Já temos o vetor tangente no ponto t0, ou seja, a


derivada no ponto.
Resumidamente temos que, se r(t) é uma função vetorial tal que:

→ → →

r  (t) = ⟨f(t), g(t), h(t)⟩ = f(t)  i   + g(t)  j  + h(t)  k  

Onde:

f, g e h são funções diferenciáveis

Então:


r  '(t) = ⟨f' (t), g' (t), h' (t)⟩

→ → →

r  '(t) = f'(t)  i   + g'(t)  j   + h'(t)  k  

As regras de derivação da função vetorial são as mesmas das funções de valores reais:

 d
= [u(t) + v(t)] = u'(t) + v'(t)
dt

 d
= [cu(t)] = cu'(t)
dt

d
  = [f(t)u(t)] = f'(t)u(t) + f(t)u'(t)
dt

d
  = [u(t). v(t)] = u'(t). v(t) + u(t). v'(t)
dt

d
  = [u(t)x v(t)] = u' (t)x v(t) + u(t)  x v'(t)
dt

 d
= [u(f(t))] = f' (t)  u'((f(t)) —  Regra da Cadeia 
dt

Aplicação das derivadas vetoriais

Exemplo
→ → →

Determine a derivada de 2
r  (t) = (t + 3)  i   + 3t j   + sen 2t k  

Resolução:

A derivada da função r(t) deve ser feita para cada componente da função vetorial, sendo assim, temos:

2
f(t) = t + 3 ⟶ f'(t) =   2t 

g(t) = 3t ⟶ g' (t) = 3

h(t) =  sen 2t ⟶ h' (t) = 2  cos  2t

→ → →

r  '(t) = 2t i   + 3 j   + 2cos 2t k 

Antes de continuar, veja mais alguns exemplos <galeria/aula1/anexo/exemplo02.pdf> .

Integral de uma função vetorial

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Quando falamos da integral de uma função vetorial, assim como dito na derivada de uma função vetorial, a maneira da
abordagem da integral se assemelha à integral das funções de valores reais, sendo a integral das funções vetoriais calculada em
cada uma das suas componentes; assim como nas derivadas, seu resultado é um vetor.

A representação de um integral vetorial pode ser representada da mesma forma que a integral de uma função real.
n n
b n n

a
⃗ 
r (t) d t  = lim   ∑
i−1
⃗  ti *) 
 r  ( ∆ t  = lim   [(∑  f  (ti *)  ∆ t) i +   (∑i−1  g(ti *)  ∆ t) j  +   (∑   h(ti *)  ∆ t)k]
n→∞ n→∞
i−1 i−1

Ou de uma forma mais conhecida:

b b b b
∫ ⃗ 
 r (t)dt  =   (∫  f(t)) i  +   (∫  g(t)) j  +   (∫  h(t))k 
a a a a

Essa última maneira mostra que podemos fazer a integração de uma função
vetorial integrando cada uma das suas componentes.

O teorema fundamental do cálculo, que é aplicado a funções reais, também pode ser estendido a funções vetoriais.

b
b
∫ ⃗ 
 r (t)dt  =  R(t)]   =  R(b)  −  R(a)
a
a

Sendo R uma primitiva de r, ou seja, R’(t) = r(t) e sendo a notação ∫ r(t)dt utilizada para as
integrais inde nidas.

Exemplo
→ → →
Integrar a função vetorial ∫ (cos t j    −  sent j   +  2 k  )dt .

Resolução:

Essa integral pode ser feita integrando cada uma das componentes dessa função vetorial representada da seguinte maneira:

⃗  ⃗  ⃗ 
∫ (cos t i ) dt  −   ∫ (sen) jdt  +   ∫  2k dt

Integrando cada uma das componentes temos:

sen t − (−cost ) + 2t + c

→ → →
sen t i  + cost j    + 2t k   + c

Repare que na integral inde nida, assim como na integral de uma função de valores reais, temos, ao nal da integração, o valor da
constante C.

Antes de continuar, veja mais alguns exemplos <galeria/aula1/anexo/exemplo03.pdf> .

Na próxima aula, continuaremos com a abordagem de funções vetoriais, igualmente com a aplicação das derivadas nessas
funções.

Antes disso, vamos fazer algumas atividades. Aproveite para rever o conteúdo e refazer os exercícios quantas vezes achar
necessário. Isso o ajudará a internalizar os conceitos com mais propriedade. A nal, quando aliada à teoria, a prática exercita o
conhecimento.

Atividade
−→

1. Determinando a função vetorial para um segmento de reta que passa pelo ponto D e tem como direção o vetor DR, sendo D =
(1,-1,-2) e R = (2,1, 0), encontramos como resposta:

→ → →

a) r  (t) = (1 − 3t)  i   + (−1 − 2t)  j   + (−2 − 2t)  k  

→ → →

b) r  (t) = (−3t)  i   + (−1 − 2t) j   + (−2 − 2t) k  

→ → →

c) r  (t) = (1 − 3t)  i  − 2t j   + (−2 − 2t) k  

→ → →

d) r  (t) = (1 − 3t)  i  + (−1 − 2t) j   + k  

→ → →

e) r  (t) = (1 − 3t)  i  + (−1 − 2t) j   + 2t k  
2. Determinando a função vetorial para um segmento de reta que passa pelos A (0,1,2) e possui como direção o vetor
→ → →

v = 3 i   − 4 j   − 2 k  , temos como resposta:

→ → →

a) r  (t) = 3 i   + (1 − 4t) j   + (2 − 2t) k 

→ → →

b) r  (t) = (3t)  i  − 4t j   + (2 − 2t) k  

→ → →

c) r  (t) = (3t) i  + (1 − 4t) j   + (2t) k 

→ → →

d) r  (t) = (3t) i  + (1 − 4t) j  + (2 − 2t) k 

→ → →

e) r  (t) = (3t) i  + 4t j   + (2 − 2t) k 

→ → → →
3. Ao determinarmos a derivada da função vetorial f  (t) = − cos
3 2
  t i   −  sent j   + cos  t k  , temos como resposta:

→ → → →
a) f'  (t) = 3 cos

t .  (sent)  i  − cost j − 2cost .  sent k  

→ → → →
b) f'  (t) = 3 cos

t .  (sent)  i  − cost j + 2cost .  sent k  

→ → → →
c) f'  (t) = 3 cos

t .  (sent)  i  + cost j − 2cost .  sent k  

→ → → →
d) f'  (t) = −3 cos

t .  (sent)  i  − cost j − 2cost .  sent k  

→ → → →
e) f'  (t) = 3 cos

t .  (sent)  i  − cost j − 2cost .  sent k  

→ → →

4. A derivada da função vetorial 2 2 2
r  (t) = (3 − t  )  i   + t  j   − 1/t    k  tem como resposta:

→ → →
a) r '(t)
2
⃗   = −2t i  − 2t j   +    k  
3
t

→ → →
b) r '(t)
2
⃗   = +2t i  + 2t j   +    k  
3
t

→ → →
c) r ′⃗ (t) 
2
= −2t i  + 2t j   +    k  
2
t

→ → →
d) r ′⃗ (t) 
1
= −2t i  + 2t j   +    k  
3
t

→ → →
e) r ′⃗ (t) 
2
= −2t i  + 2t j   +    k  
3
t

1
2
⃗  ⃗ 
5. Ao resolvermos a integral da função vetorial ∫0 2
f (t) dt  →  f (t)  =  (5t
2  ⃗ 
−  2) i   −  e
 t ⃗ 
j +  2k
⃗ 
temos como

resposta:


a) ( 41
3
1 2 1
)  i   + (  .  e ( . e
2 2
2 ⃗ 
− 1)) j − 2k
⃗ 


b) (− 41
3
1 2 1
)  i   + (  .  e ( . e
2 2
2 ⃗ 
− 1)) j − 2k
⃗ 


c) ( 41
3
1 2 1
)  i   + (  .  e ( . e
2 2
2 ⃗ 
+ 1)) j − 2k
⃗ 


d) ( 41
3
1 2 1
)  i   + (  .  e ( . e
2 2
2 ⃗ 
− 1)) j − 2k
⃗ 


e) ( 41
3
1 2 1
)  i   + (  .  e ( . e
2 2
2 ⃗ 
− 1)) j + 2k
⃗ 
Notas
Referências

BROCHI, A. Cálculo diferencial e integral II (livro proprietário). Rio de Janeiro: SESES, 2015.

FINNEY, Ross L.; WEIR, Maurice D.; GIORDANO, Frank R. (Ed.). Cálculo George B. Thomas. São Paulo: Pearson, 2009. v. 1 e 2.

FLEMMING, D. M., GONÇALVES, M. B. Cálculo B. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2007.

Próxima aula

Curvas no espaço;

Aplicação da derivada vetorial na Física.

Explore mais

Nos links abaixo você poderá usufruir de objetos de aprendizagem, eles darão uma visão mais ampla do conteúdo apresentado
até aqui:

BARBOZA, Rafael de Oliveira. Funções paramétricas. Disponível em: https://www.geogebra.org/m/FTqXnG3f


<https://www.geogebra.org/m/FTqXnG3f> . Acesso em: 31 out. 2018.

KHANACADEMY. Derivação de equações paramétricas. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/math/ap-calculus-bc/bc-


derivatives-advanced/bc-diff-param-vec-func/v/parametric-function-differentiation <https://pt.khanacademy.org/math/ap-
calculus-bc/bc-derivatives-advanced/bc-diff-param-vec-func/v/parametric-function-differentiation> . Acesso em: 31 out.
2018.

LEMKE, Raiane. Equações paramétrica para as quádricas. Disponível em: https://www.geogebra.org/m/HJ97EJDy


<https://www.geogebra.org/m/HJ97EJDy> . Acesso em: 31 out. 2018.

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