Você está na página 1de 6

CÁLCULO I

Equipe de Professores do Projeto Newton

Aula nº 27: Teorema do Valor Médio para Integrais, Teorema Fundamental do Cálculo II e
Funções dadas por uma integral.

Objetivos da Aula
ˆ Apresentar as funções dadas por uma integral;

ˆ Apresentar o Teorema do Valor Médio para Integrais;

ˆ Apresentar o Teorema Fundamental do Cálculo II;

ˆ Denir Integral Indenida.

1 Funções denidas por uma integral


Considere a integral
Z b
f (t) dt
a
Na aula anterior aprendemos que, sob certas condições sobre f, podemos calcular o valor da integral e
que o mesmo é um número. Contudo, se substituirmos o limite superior b por uma variável x, x ∈ [a, b],
podemos entender a integral como sendo uma função, dada por
Z x
F (x) = f (t) dt,
a

que associa a cada valor de x ao número F (x). Dessa forma, obtemos uma função que é dada por uma
integral. Vejamos um exemplo.

Exemplo 1. Considere a função Z x


F (x) = cos(t) dt
0
π  π 
e determine F (0), F ,F .
6 4
Solução: Substituindo x por cada um dos valores mencionados acima na integral, obtemos
Z 0
F (0) = cos(t) dt = 0
0
π  Z π
6 cos(t) dt = sen π − sen (0) = 1
 
F =
6 0 6 2
Z π √
π 
4 cos(t) dt = sen π − sen (0) = 2
 
F = .
4 0 4 2


1
Cálculo I Aula nº 27

Poderíamos entender também o valor de F como sendo o valor da área compreendida entre o eixo t e
o gráco da função f (t) = cos(t) entre as retas t=0 e t = x, como mostrado abaixo:

Uma forma de denirmos a função logarítmica f (x) = ln(x) é pela função dada por integral
Z x
1
ln(x) = dt,
1 t
1
e entendendo que os valores dessa função é o valor da área abaixo de g(t) = entre t = 1 e t = x, obtemos
t
que

Observação 1. No ensino médio, denimos a função logarítmica após denirmos a função exponencial,
como sendo a inversa desta última. Contudo, pode ocasionar uma dúvida em como denir o valor de números
como eπ , por isso, alguns autores preferem a abordagem contrária, isto é, denir a função logarítmica
utilizando a integral e após isso, denir a função exponencial como sendo a inversa da primeira.

2 Teorema Fundamental do Cálculo II


Teorema 1 (Teorema Fundamental do Cálculo II) . Se f for contínua em [a, b], então a função g denida
por Z x
g(x) = f (t) dt a≤x≤b
a
é contínua em [a, b] e derivável em (a, b) e 0
g (x) = f (x).
Observação 2. O Teorema Fundamental do Cálculo II nos diz basicamente que as funções dadas por
integral da forma Z x
g(x) = f (t) dt
a
são primitivas de f .
Z xp
Exemplo 2. Encontre a derivada da função g(x) = 1 + t2 dt.
0

Solução: Uma vez que f (t) = 1 + t2 é contínua, a parte 1 do Teorema Fundamental do Cálculo fornece
p
g 0 (x) = 1 + x2 .


Equipe de Professores do Projeto Newton 2


Cálculo I Aula nº 27

Z x4
d
Exemplo 3. Encontre sec(t) dt.
dx 1

Solução: Seja u = x4 , temos


Z x4 Z u
d d
sec(t) dt = sec(t) dt
dx 1 dx 1
Z u 
d du
= sec(t) dt
du 1 dx
du
= sec(u)
dx
= 4x3 sec(x4 ).


Exemplo 4. Se
Z x2
xsen (πx) = f (t) dt,
0
onde f é uma função contínua, calcule f (4).

Solução: Derivando ambos os membros, temos


"Z #
x2
d d
[xsen (πx)] = f (t) dt
dx dx 0

sen (πx) + πx cos(πx) = 2xf (x2 ).


Para x = 2, temos
π
sen (πx) + πx cos(πx) = 2xf (x2 ) ⇒ sen (2π) + 2π cos(2π) = 4f (4) ⇒ f (4) = .
2

Em aulas anteriores, vimos que, se uma função f F e G, denidas sobre um
possui duas primitivas
mesmo intervalo, então elas são iguais a menos de uma constante, isto é, F (x) = G(x) + C , então pelo
Teorema Fundamental do Cálculo II, se tomarmos dois pontos quaisquer x0 e x1 em um intervalo [a, b]
contido no domínio de f, as funções
Z x Z x
F (x) = f (t) dt e G(x) = f (t) dt
x0 x1

que são primitivas de f (denidas no intervalo [a, b]), são iguais a menos de uma constante (nesse caso, você
seria capaz de dizer quanto vale a constante C , tal que F (x) = G(x) + C ?). Desse modo, representamos
as primitivas utilizando a notação de integral sem os limites de integração e substituindo a variável muda t
por x, da seguinte forma: Z
f (x) dx = F (x) + C.

Essa integral (que, de fato, não é uma integral, mas sim uma notação pra designar a família de
primitivas da função f) é chamada de integral indenida.
sen (x)
Exemplo 5. Determine a primitiva da função f (x) = .
cos2 (x)
Solução: Note que
sen (x) sen (x)
Z Z Z
1
dx = dx = tg (x) sec(x) dx = sec(x) + C.
cos2 (x) cos(x) cos(x)


Equipe de Professores do Projeto Newton 3


Cálculo I Aula nº 27

Exemplo 6. Se deixarmos cair uma pedra, podemos admitir que a resistência do ar é desprezível. Segundo
essa suposição, experimentos mostram que a aceleração desse movimento é constante e igual a chamada
aceleração da velocidade g = 9, 8m/s2 . Determine a função posição x = x(t) em relação ao tempo da pedra.

Solução: Como a aceleração é constante e igual a g , temos que


a(t) = g.

Já sabemos que a velocidade é uma primitiva da aceleração, então


Z Z
v(t) = a(t) dt = g dt = gt + C1 .

Como a pedra foi solta, então v(0) = 0. Logo,


v(0) = 0 ⇒ g · 0 + C1 = 0 ⇒ C1 = 0.

Desse modo,
v(t) = gt.
Também sabemos que a função posição é uma primitiva da função velocidade, logo,
gt2
Z Z
x(t) = v(t) dt = gt dt = + C2 .
2
Considerando a posição x = 0 como sendo aquela de onde a pedra cai, temos que x(0) = 0, e desse
modo, temos que
g · 02
x(0) = 0 ⇒ + C2 = 0 ⇒ C2 = 0.
2
Portanto,
gt2
x(t) = .
2


3 Teorema do Valor Médio para Integrais


Denição 1 (Valor Médio de uma Função) . O valor médio de uma função f no intervalo [a, b] é denido
por: Z b
1
fmed = f (x) dx.
b−a a

Exemplo 7. Encontre o valor médio da função f (x) = 1 + x2 no intervalo [−1, 2].

Solução: Com a = −1 e b = 2, temos


2 2
x3
Z 
1 2 1
fmed = (1 + x ) dx = x+ = 2.
2 − (−1) −1 3 3 −1

Exemplo 8. O custo unitário C = C(x) para produzir um certo artigo num período de 10 anos é dado
por C(x) = 25 − 0, 2x + 0, 5x2 + 0, 03x3 , onde x é o tempo em meses. Determine o custo unitário médio
durante o período.

Solução: Note que 0 ≤ x ≤ 120, logo


Z 120
1
Cmed = (25 − 0, 2x + 0, 5x2 + 0, 03x3 ) dx = 15.373.
120 − 0 0

Equipe de Professores do Projeto Newton 4


Cálculo I Aula nº 27

Exemplo 9. Uma distribuidora estoca 24000 caixas de seu principal produto para as vendas de natal.
Em geral, as vendas são baixas no início do mês de dezembro e à medida que se aproxima o dia 24,
as vendas aumentam de tal modo que após x dias desde primeiro de dezembro o estoque é dado por
f (x) = 24000 − 3x3 , 1 ≤ x ≤ 20. Determine o número médio de caixas disponível no período de 20 dias.

Solução: Neste caso, a = 1 e b = 20. Temos que


Z 20
1 70737
fmed = (24000 − 3x3 ) dx = = 17684, 25.
20 − 1 1 4


Teorema 2 (Teorema do Valor Médio para Integrais). Se f for contínua em [a, b], então existe um número
c em [a, b] tal que
Z b
1
f (c) = fmed = f (x) dx,
b−a a
ou seja, Z b
f (x) dx = f (c)(b − a).
a

Exemplo 10. No Exemplo 7, calculamos o fmed =2 para a função f (x) = 1 + x2 . Como esta função é
contínua no intervalo [−1, 2], o Teorema do Valor Médio para integrais indica que existe um número c em
[−1, 2] tal que
Z 2
(1 + x2 ) dx = f (c)[2 − (−1)].
−1

Neste caso particular, podemos encontrar c:

1 + c2 = 2 ⇔ c = ±1.

Do teorema do Valor Médio para integrais, se f é contínua em [a, b], então existe c ∈ (a, b) tal que

Z b
1
f (c) = f (x) dx
b−a a

que pode ser escrito na forma


Z b
f (c)(b − a) = f (x) dx.
a
Geometricamente, podemos entender essa equação como sendo a igualdade entre as áreas de um
retângulo cuja base é o comprimento do intervalo [a, b] e altura f (c) e a área da região abaixo do gráco
de f, acima do eixo x entre as retas x=a e x = b. Observe abaixo.

Equipe de Professores do Projeto Newton 5


Cálculo I Aula nº 27

Resumo
Faça um resumo dos principais resultados vistos nesta aula, destacando as denições dadas.

Aprofundando o conteúdo
Leia mais sobre o conteúdo desta aula nas páginas 350 − 356 do livro texto.

Sugestão de exercícios
Resolva os exercícios das páginas 357 − 359 do livro texto.

Equipe de Professores do Projeto Newton 6

Você também pode gostar