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RECURSO DE AULA

AULA: Nº 07

Disciplina: Cálculo Integração com uma Variável

Professor: Fátima Ribeiro

O Teorema fundamental do Cálculo é à base das duas operações centrais do cálculo,


diferenciação e integração, que são considerados como inversos um do outro. Isto significa
que se uma função contínua é primeiramente integrada e depois diferenciada, volta-se na
função original. Este teorema é de importância central no cálculo tanto que recebe o nome
teorema fundamental para todo o campo de estudo. Uma consequencia importante disto, às
vezes chamada de segundo teorema fundamental do cálculo, permite computar integrais
utilizando a antiderivada da função a ser integrada. Em seu livro de 2003 (pág.393), James
Stewart credita a idéia que conduziu ao teorema fundamental ao matemático inglês Isaac
Barrow apesar da primeira prova conhecida deste teorema ser reconhecida ao matemático
escocês James Gregory.

O teorema fundamental do cálculo estabelece a importante conexão entre o Cálculo


Diferencial e o Cálculo Integral. O primeiro surgiu a partir do problema de se determinar a reta
tangente a uma curva em um ponto, enquanto o segundo surgiu a partir do problema de se
encontrar a área de uma figura plana. Aparentemente, mas apenas aparentemente, entre os
dois problemas parece não existir nenhuma relação.

Barrow, professor de Newton em Cambridge, descobriu que os dois problemas estão


intimamente relacionados, percebendo que os processos de diferenciação e integração são
processos inversos. Entretanto, foram Newton e Leibniz, independentemente, que exploraram
essa conexão e desenvolveram o Cálculo.

Em particular, eles perceberam que o Teorema Fundamental permitia encontrar a área de uma
figura plana de uma forma muito fácil, sem a necessidade de se calcular a soma de áreas de
um número indefinidamente grande de retângulos, mas sim usando a primitiva da função
envolvida.

O teorema afirma que se I for um intervalo de R com mais do que um ponto e se f for uma
função contínua de I em R, então, para cada a ∈ I a função F de I em R definida por

 é derivável e a sua derivada é precisamente a função f. Por outras palavras, F é uma


primitiva de f.

Intuição

Intuitivamente, o teorema simplesmente diz que a soma de variações infinitesimais em uma


quantidade ao longo do tempo (ou ao longo de outra quantidade) adiciona a variação líquida
naquela quantidade.
Para explicar esta afirmação, começaremos com um exemplo. Suponha que uma partícula viaja
em uma linha reta com sua posição dada por x(t) onde t é o tempo. A derivada desta função é
igual à variação infinitesimal em x pela variação infinitesimal do tempo (é claro, a própria
derivada é dependente do tempo). Vamos definir esta variação na distância com o tempo
como a velocidade v da partícula. Na Notação de Leibnitz:

Rearranjando a equação, fica claro que:

Pela lógica acima, uma variação em x, chamada Δx, é a soma das variações infinitesimais dx.
Que também se iguala à soma dos infinitesimais produtos da derivada e do tempo. Esta soma
infinita é a integração; a operação de integração permite recuperar a função original a partir
de sua derivada. Claramente, este operação funciona como inversa já que podemos diferenciar
o resultado de nossa integral para recuperar a função velocidade.

Formalização

Formalmente, o teorema diz o seguinte:

Considere f uma função contínua de valores reais definida em um intervalo fechado [a, b]. Se F
for a função definida para x em [a, b] por

então

para todo x em [a, b].

Considere f uma função contínua de valores reais definida em um intervalo fechado [a, b]. Se F
é uma função tal que

para todo x em [a, b]

então

Exemplos

Como um exemplo, suponha que precisamos calcular


Aqui, f(x) = x2 e podemos usar F(x) = (1 / 3)x3 como a antiderivada. Logo:

Generalizações

Não precisamos assumir a continuidade de f em toda a extensão do intervalo. A Parte I do


teorema diz que: se f é uma função integral de Lebesgue qualquer em [a,b] e x0 é um número
em [a,b] tal que f é contínuo em x0, então

é diferenciável para x = x0 com F'(x0) = f(x0). Podemos tirar ainda mais restrições de f e supor
que ela é pelo menos localmente integrável. Neste caso, podemos concluir que a função F é
diferenciável quase em toda sua extensão e F'(x)=f(x) em quase toda sua extensão. Isto é
geralmente conhecido como Teorema da diferenciação de Lebesgue.

A Parte II do teorema é verdadeira para qualquer função integral de Lebesgue f que possui
uma antiderivada F (nem todas as funções integrais possuem, entretanto).

A versão do teorema de Taylor que expressa o termo erro como uma integral pode ser visto
como uma generalização do teorema fundamental.

Há uma versão do teorema para funções de números complexos: suponha que U é um


conjunto aberto em C e f: U -> C é uma função que tem uma antiderivada holomórfica F em U.
Então para cada curva γ : [a, b] -> U, a curva integral pode ser computada como

O teorema fundamental pode ser generalizado para curvas e superfícies integrais em maiores
dimensões e em manifolds.

E a mais poderosa declaração nesta direção é o Teorema de Stokes.

Referências
 Stewart, J. (2003). Fundamental Theorem of Calculus. In Integrals. In Calculus: early
transcendentals. Belmont, California: Thomson/Brooks/Cole.
 Larson, Ron, Bruce H. Edwards, David E. Heyd. Calculus of a single variable. 7th ed.
Boston: Houghton Mifflin Company, 2002.

 Leithold, L. (1996). The calculus 7 of a single variable. 6th ed. New York: HarperCollins
College Publishers.

 A Malet, Studies on James Gregorie (1638-1675) (PhD Thesis, Princeton, 1989).


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_fundamental_do_C%C3%A1lculo

Teorema Fundamental do Cálculo

Agora podemos demonstrar o teorema mais importante do Cálculo Diferencial e Integral. Nós
o faremos em duas versões e posteriormente mostraremos que ambas são equivalentes.

1o. Teorema Fundamental do Cálculo: Seja f uma função contínua num intervalo [a,b] e seja F
a função definida por

F(x) = f(t) dt

Então, F é derivável em todos os pontos internos desse intervalo e F'(x) = f(x)

Demonstração: Dando um acréscimo h à variável x, poderemos escrever:

x+h x x+h x+h

F(x+h)= f(t)dt= f(t)dt+ f(t)dt=F(x)+ f(t)dt

a a x x

Pelo teorema da média, existe um valor c entre x e x+h, tal que

x+h

f(x) dx = f(c) h

Das duas últimas expressões, obtemos para x < c < x+h, que: F(x+h) - F(x) = f(c) h
Dividindo ambos os membros por h e fazendo h tender a 0, teremos a definição de derivada da
função F=F(x). O cálculo deste limite garante que c tenderá a x e pela continuidade de f, f(c)
tenderá a f(x), assim F'(x)=f(x), o que significa que

F(x) = f(t) dt

é uma primitiva para a função f.

2o. Teorema Fundamental do Cálculo: Seja f uma função contínua num intervalo [a,b] e G uma
primitiva de f, então,

f(x)dx = G(b) - G(a) (3)

Equivalência entre as duas versões: Suponhamos que a 2a.versão seja válida e vamos substituir
em (3) a variável b por x. Assim,

f(x)dx = G(x) - G(a) (4)

Como por hipótese, G é derivável com derivada f, então o primeiro membro de (4) também é
derivável tendo a mesma derivada f, assim a 2a. versão implica a 1a. versão.

Reciprocamente, vamos admitir que a 1a. versão seja válida, isto é, que:
x

F(x) = f(t) dt

seja uma primitiva para f. Se G for outra primitiva de f, então G(x) - F(x) = K (constante) logo

G(x) = K + f(t) dt

é a expressão mais geral de uma primitiva para f e como a integral de t=a até t=a é nula, segue
que G(a) = K o que garante que:

G(x) = G(a) + f(t) dt

Tomando x=b nesta última expressão, obtemos:

G(b)-G(a) = f(t) dt

Exemplo 1: Usando o Teorema Fundamental do Cálculo, vamos refazer o cálculo da área da


figura delimitada pela parábola y=x², o eixo OX e as retas x=0 e x=1. Uma primitiva para f(x)=x²
é a função G(x)=x³/3 e pelo Teorema Fundamental do cálculo, temos que:
1

x² dx = G(1) - G(0) = 1/3

Exemplo 2: Calcular a área da região limitada pela parábola y = x² e a reta y = 3-2x.

1 1

Área = (3-2x)dx - x² dx = 32/3

-3 -3

Uma Aplicação da integral definida

Um certo estudo indica que, daqui a x anos, a população de uma cidade crescerá à taxa de
117+200x pessoas por ano. Qual será o aumento populacional da cidade nos próximos 10
anos?

Solução: Seja P=P(x) a população daqui a x anos, então: P'(x) = 117 + 200 x

Uma primitiva para P'(x) é G(x)=117x+100x², logo o aumento populacional nos próximos 10
anos será dado por

10

P(10)-P(0)= (117+200x)dx=G(10)-G(0)=11170

Observação: Para o cálculo de uma integral mediante o uso do Teorema Fundamental do


Cálculo, necessitamos conhecer uma primitiva para a função envolvida. Obter uma primitiva
de uma função nem sempre é um problema simples de ser resolvido e algumas vezes são
impossíveis, como é o caso das integrais elípticas, que aparecem naturalmente quando se
deseja calcular o comprimento do arco de uma elipse através de integrais.

Obter uma primitiva para uma função pode envolver técnicas bastante sofisticadas, que são
desenvolvidas nos cursos de Cálculo e Análise Matemática. Nosso objetivo aqui não é
desenvolver estas técnicas de integração. Estamos mais interessados na compreensão do
conceito de integral e de suas consequências.

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