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Universidade São Francisco - USF

Curso de Engenharia

Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral I


Professores: Paulo Penha, Cláudia
Elaboração: Professor Paulo Penha

TAXA DE VARIAÇÃO: A DERIVADA

As notas a seguir foram tomadas a partir das idéias expostas em Hughes-Hallett et all (1999).

2.1 - Variação: Variação de uma função num intervalo numérico [a,b] é: Δy = f(b) – f(a)

Taxa média de variação: indica a variação média de uma função sobre um intervalo [a,b].
y f (b)  f (a )

x ba

Desse momento em diante, queremos saber qual é a taxa de variação em um ponto.


Exemplo da laranja:
t(s) 0 1 2 3 4 5 6 Qual é a velocidade em t = 1?
Para descobrir usamos as velocidades médias.
y = f(t) (m) 2 30 47 54 50 35 10 Em 0 < t < 1 Vm = 28 m/s
Em 1 < t < 2 Vm = 17 m/s

Espera-se que em t = 1 17 < Vm < 28


Para achar tal velocidade olhamos o que acontece perto de t = 1, com mais detalhes
t 0 0,9 0,99 0,999 1 1,001 1,01
y = f(t) 2 27,680 29,772 29,977 30 30,023 30,226

A velocidade instantânea de um objeto ao tempo t é definida como sendo o limite da velocidade


média do objeto sobre intervalos de tempo cada vez menores, contendo t. (p. 80)

Taxa instantânea de variação

A taxa de variação instantânea de f em a, também chamada de taxa de variação de f em a, é


definida como sendo o limite das taxas médias de variação de f sobre intervalos cada vez
menores em torno de a.

Exemplo 1. (p. 80)


A quantidade (em mg) de uma droga no sangue ao tempo t (em minutos) é dada por Q = 25.
(0,8)t. Avalie a taxa de variação da quantidade em t = 3 e interprete sua resposta.
Solução:
Q
t 2 3 4 Calculando a taxa em [2, 3]  -------------- =
t
Q 16 12,80 10,24
Q
Calculando a taxa em [3, 4]  --------------
t
=
Tomando valores mais próximos de t = 3, obtemos:
Q
t 2,99 3 3,01 em [2,99 ; 3]  –2,86
t
Q 12,8286 12,80 12,7715
Q
em [3 ; 3,01]  –2,85
t

Uma estimativa razoável para a taxa de variação da quantidade em t = 3 é (– 2,86 – 2,85)/2 = –


2,855 mg/min. Como a taxa de variação é negativa, a quantidade de droga está decrescendo.

Sugestão de exercícios: Ex. 2.1 páginas 82,83 números: 5, 7, 9 11.

Visualização

A taxa média de variação de uma função num intervalo é representada como inclinação da reta
secante ao seu gráfico sobre o intervalo.

0
1 2 3 4

A taxa de variação no ponto pode ser visualizada levando-se em conta que quanto mais
próximo o intervalo estiver do ponto, esse “trecho” do gráfico parecerá mais reto. Então
podemos dizer que a taxa de variação instantânea de uma função num ponto é a inclinação
do gráfico nesse ponto.

2.2 - A derivada num ponto (p. 84)

Derivada é um nome que damos para taxa de variação instantânea de uma função f num ponto
a.
A derivada de f em a é denotada por f '(a) (f linha de a). ou derivada de f em x = a.

Exemplo: Avalie f '(2) se f(x) = x3.


Adotamos um intervalo próximo de x = 2 por exemplo, 2 < x < 2,001, e observamos a taxa
média de variação nesse intervalo.
f ( 2,001)  f ( 2) 8,012  8
f '(2) = = = 12,0
2,001  2 0,001
Visualização da Derivada

B B

A A

0 0
A derivada de uma função no ponto A é igual:
 À inclinação do gráfico da função em A;
 À inclinação da reta tangente ao gráfico em A.

Exemplo 2: (p. 84)


Use o gráfico de f(x) = x 2 para determinar se cada uma das quantidades seguintes é positiva,
negativa ou zero:
a) f'(1) b) f'(-1) c) f'(2) d) f'(0)

Exemplo 3: (p. 85)


Avalie a derivada de f(x) = 2x em x = 0, gráfica e numericamente.

Sugestão de exercícios: Ex. 2.2 página 85 números: 1, 2, 3, 10 e 11.

2.3 A função derivada (p. 88)

A derivada de uma função toma valores diferentes em pontos diferentes. Assim, ela própria é
uma função. Lembre que a derivada de uma função num ponto nos diz a taxa à qual o valor da
função está variando naquele ponto. Geometricamente, se fizermos um “zoom” num ponto de
um gráfico, até que o gráfico pareça uma reta, a inclinação dessa reta é a derivada no ponto.

Sendo f’ uma função, podemos obter sua representação gráfica a partir do gráfico da função f.
Sabemos que no intervalo onde a função é crescente, temos que a reta tangente é crescente e,
portanto, sua inclinação é positiva. Logo a derivada é positiva.
Da mesma forma, quando a função é decrescente, sua derivada é negativa.
Fórmula da Derivada

Se uma função nos for dada através de uma fórmula, podemos encontrar uma fórmula para sua
derivada f’.
“Muito do poder do cálculo, na verdade, depende de nossa habilidade para encontrar fórmulas
para as derivadas de todas as funções familiares.” Veremos isso mais adiante.

Vamos adivinhar uma fórmula para a derivada de f(x) = x2, estimando os valores de f’(1), f’(2) e
f’(3).
Para isso montaremos uma tabela com valores de f(x) = x2, próximos de x = 1, x = 2 e x = 3.
2 2
x x x x
0,999 0,998 2,001 4,004
1,000 1,000 2,002 4,008
1,001 1,002 2,999 8,994
1,002 1,004 3,000 9,000
1,999 3,996 3,001 9,006
2,000 4,000 3,002 9,012

Perto de x = 1, a função cresce por cerca de 0,002 de cada vez que x cresce de 0,001, assim
0,002 0,004 0,006
f ' (1)  2 e f ' (2)  4 f ' (3)  6
0,001 0,001 0,001

Saber o valor de f’ em pontos específicos nunca pode nos dizer a fórmula para f’, mas
certamente pode nos ser sugestivo:
saber que f’(1)  2, f’(2)  4, f’(3)  6 sugere que f’(x) = 2.x

Outra notação para derivada

Até agora estamos denotando a derivada de uma função f(x) por f’(x).
dy
Outra notação possível é . Esta foi introduzida pelo matemático alemão Gottfried Wilhelm
dx
dy
Leibniz (1646-1716). Assim f’(x) =
dx
“A notação dy/dx é útil na determinação de unidades para a derivada: as unidades de dy/dx são
as unidades de y divididas pelas unidades de x.

Exemplo: A velocidade, que é a variação do espaço pelo tempo:


ds
v= metros/segundo
dt

FOCO NA TEORIA

Definição de derivada
Definimos a derivada como sendo a taxa instantânea de variação de uma função. Calculamos
através da taxa média de variação sobre intervalos sempre menores. Retomemos essa idéia
para dar uma definição simbólica da derivada.
Representando por h o tamanho do intervalo, temos:

Taxa média de variação entre a e a + h


f ( a  h)  f ( a ) f ( a  h )  f ( a )
= 
( a  h)  a h

Inclinação = taxa média de


variação
= (f(a + h) – f(a))/h

0
h
h a+h

Para achar a derivada, tomemos o limite quando h, o tamanho do intervalo, diminui a zero.
Assim dizemos
f ( a  h)  f ( a )
Derivada = Limite, quando h tende a zero, de
h

0
Simbolicamente escrevemos:
f (a  h )  f ( a )
f ' (a)  lim
h0 h

desde que este limite exista. Dizemos que a função é diferenciável ou derivável, em qualquer
ponto a em que a função derivada exista.

A idéia de limite

O estudo do limite de uma função f(x) consiste em fazer uma análise do valor desta função
quando sua variável independente (x) se aproxima de algum valor específico.
Exemplo 1: Tomemos a função y = 3x – 1. Vamos analisar o que acontece com o valor da
função quando o valor de x se aproxima de 1.
Nas tabelas atribuímos valores próximos de x = 1:
Valores menores que 1, indicando que x está se aproximando de 1 pela esquerda; e valores maiores que 1,
mostrando a aproximação de x pela direita de 1.
Valores à esquerda de 1. Valores à direita de 1. Y
x y = 3x – 1 x y = 3x - 1
0,5 0,5 1,5 3,5
0,7 1,1 1,3 2,9 2
0,8 1,4 1,2 2,6
0,9 1,7 1,1 2,3
0,95 1,85 1,05 2,15
0,99 1,97 1,01 2,03
0,999 1,997 1,001 2,003 1 X
0,99999 1,99997 1,00001 2,00003 -1
Simbolicamente escrevemos:
lim(3 x  1)  2
x 1
“O limite da função (3x – 1), quando x tende a 1 (x  1), é 2. Ou seja, y  2 quando x  1”
Exemplo 2: Muitas vezes queremos determinar o limite de uma função quando sua variável
tende para um valor que não faz parte de seu domínio, ou seja, um valor para o qual a função f
não está definida.
2x  1 Y
Exemplo: y=
x 1
Como sabemos, a função acima não é definida para x =
1. Então o estudo do limite dessa função nos permitirá
saber qual o comportamento da função quando x
assume valores próximos de 1.
Pela esquerda Pela direita
2
x y x Y
0,5 -4 1,2 17
0,7 -8 1,1 32 1 X
0,9 -28 1,09 35,33333
0,99 -298 1,005 602
0,999 -2998 1,0001 30002
0,9999 -29998 1,000001 3000002

Observando a tabela e o gráfico podemos perceber que quando x se aproxima de 1 pela


esquerda, ou seja com valores menores que 1, a função assume valores negativos cada vez
menores. Quando essa aproximação se dá com valores maiores que 1 (pela direita), os valores
de y estão cada vez maiores.

Nesse caso dizemos que


 quando x  1+ (x tende a 1 pela direita), y  +  (y tende para + infinito)
 quando x  1– (x tende a 1 pela esquerda), y  –  (y tende para – infinito)

Exemplo 3: Vamos analisar outro exemplo observando parte de seu gráfico:


2x  1
lim
x 0 x
2 1 x
Observe que a expressão não está definida para x = 0. Para descobrir o que acontece
x
2x  1
quando x tende a 0, olhamos o gráfico de f(x) = .
x

1,0
2x  1
Percebe, pelo gráfico que quando x se avizinha de zero por qualquer lado, o valor de
0,5 x
parece aproximar-se de 0,7.
(3  h) 2  9 x
Exemplo 4: Avalie lim numericamente.
h 0 h
Sabemos que o limite é o valor de que se avizinha esta expressão quando h se avizinha de
zero. Pela tabela abaixo, parecem que a expressão se aproxima de 6 quando h 0.
h -0,1 -0,01 -0,001 0,001 0,01 0,1
((3 + h)2 – 9)/h 5,9 5,99 5,999 6,001 6,01 6,1

Assim, é razoável pensar que


(3  h) 2  9
lim =6
h 0 h
Porém, não podemos ter certeza de que o limite é exatamente 6 olhando a tabela. O cálculo
exato de limite exige álgebra.
(3  h) 2  9
Exemplo 5 : Use álgebra para achar lim
h0 h

Continuidade
Falando informalmente, dizemos que uma função é contínua num intervalo se seu gráfico não
tem quebra, saltos ou buracos nesse intervalo. Uma função contínua tem um gráfico que pode
ser traçado sem levantar o lápis do papel.

A idéia de continuidade proíbe quebras, saltos ou buracos, ao exigir que o comportamento de


uma função perto de um ponto seja consistente com seu comportamento no ponto:

A função f é contínua em x = c se f for definida em x = c e


lim f ( x)  f (c)
h c
A função é contínua num intervalo [a,b] se for contínua em cada ponto do intervalo.

Voltando à derivada

Não há mais necessidade de calcularmos a derivada em vários pontos, para obtermos sua
fórmula. Agora podemos voltar a falar em derivada e obter a fórmula da função derivada,
usando a definição que vimos anteriormente.
f ( x  h)  f ( x )
f ' ( x)  lim
h 0 h

Exemplos:
Usando a definição, calcule a derivada das seguintes funções:
a) f(x) = x2
b) f(x) = 3x – 2
c) f(x) = x3
d) f(x) = x2 + 5x
e) f(x) = x3 – 2x2 + 7

Taxa de variação: a derivada

Alguns exercícios da Seção 2.1 do livro Hughes-Hallett et all (1999), página 82

5) A distância (em metros) de um objeto a um ponto é dada por s(t) = t 2, onde o tempo t é em
segundos.
a) Qual é a velocidade média do objeto entre t = 3 e t = 5?
b) Usando intervalos cada vez menores em torno de 3, avalie a velocidade instantânea ao
tempo t = 3.

7) Associe os pontos marcados na curva da Figura 2.6 com as inclinação dadas.

Inclinação -3 -1 0 ½ 1 2
Ponto E
F

B
A

D
C
9) Ache a velocidade média no intervalo 0  t  0,8 e estime a velocidade em t = 0,2, de um
carro cujo posição, s, é dada na tabela seguinte:
t (Seg) 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
s (m) 0 0,5 0,6 1,3 2,2 3,2

11) A população, P, da China, em bilhões, pode ser aproximada pela função


P = 1,15(1,014)t , onde t é o número de anos desde o início de 1993. Segundo este modelo,
quão depressa a população está crescendo no início de 1993 e no início de 1995? Dê sua
resposta em milhões de pessoas por ano.

Alguns exercícios da Seção 2.2 do livro texto página 87

1) Use o gráfico de y = f(x) na Figura 2,14 para decidir qual das seguintes quantidades é
positiva, negativa ou zero. Ilustre suas respostas graficamente.

a) A taxa de variação média de f(x) entre x = 3 e x =7.


b) A taxa de variação instantânea de f(x) em x = 3

2. a) Use um gráfico de f(x) = 2 – x3 para decidir se f’(1) é


positiva ou negativa. Dê razões.
b) Use um intervalo pequeno para estimar f’(1).

3) Avalie P’(0), se P(t) = 200.(1,05)t. Explique como você obteve sua resposta

10) Mostre como você pode representar o que segue, no gráfico abaixo.
f (5)  f (2)
a) f(4) b) f(4) – f(2) c) d) f’ (3)
52

y = f(x)

11) Considere o a função f(x) mostrada no exercício 10. Para cada um dos seguintes pares de
números, decida qual é maior. Explique sua resposta.
a) f(3) ou f(4)?
b) f(3) - f(4) ou f(2) - f(1)?
f (2)  f (1) f (3)  f (1)
c) ou
2 1 3 1
d) f’(1) ou f’(4)?

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