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DESCRIÇÃO

Utilização de funções matemáticas elementares no estudo da variação do custo, da receita e


do lucro no que diz respeito à quantidade produzida de certa utilidade (ou serviço). Gráficos
dessas funções serão analisados, como também, com base neles, a taxa de variação de uma
variável quando comparada à outra.

PROPÓSITO
Calcular taxas de variação média entre duas grandezas e interpretá-las. Esboçar e interpretar
gráficos que representem a variação das funções custo, receita e lucro em relação à
quantidade produzida de certa utilidade com o intuito de analisar o comportamento de cada
uma delas quanto ao seu crescimento e decrescimento.

PREPARAÇÃO
Ao longo deste tema, você precisará de uma calculadora.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Calcular taxas de variação médias entre duas grandezas

MÓDULO 2

Relacionar as taxas de variação em gráficos com períodos de crescimento e decrescimento

MÓDULO 3

Interpretar as funções custo, receita e lucro e analisar seus gráficos

MÓDULO 4

Analisar, através de funções, a demanda e a oferta de produtos a partir do preço praticado

MÓDULO 1

 Calcular taxas de variação médias entre duas grandezas


INTRODUÇÃO
Vamos dar início a este módulo com o vídeo a seguir.

Assista ao vídeo Diversos usos das variáveis.

No estudo da relação entre variáveis, quando conseguimos quantificá-las, utilizamos as


funções matemáticas, como aquelas que você estudou no Ensino Médio, em que,
geralmente, expressamos o valor de uma variável 𝒚 em relação à outra, que costumamos
denotar por 𝒙.
A variável 𝒚 é comumente chamada de variável dependente.

A variável 𝒙 é comumente chamada de variável independente.

Para compreender melhor o comportamento da variável dependente em relação à variável


independente, muitas vezes, utilizamos o cálculo da taxa de variação da primeira em relação à
segunda, isto é, quanto que 𝒚 varia para cada unidade de 𝒙.

TAXA DE VARIAÇÃO MÉDIA DE 𝒚 EM


RELAÇÃO A 𝒙
Vamos considerar uma variável 𝒚 dada em função de 𝒙, ou seja:

𝒚 =  f (𝒙)


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

A taxa de variação média de 𝒚 em relação a 𝒙, num intervalo a ≤ 𝒙 ≤ b (para 𝒙 variando de a


até b) é dada por:

f (b) − f (a)

b − a


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

1. Esta expressão indica o quanto a variável dependente 𝒚 varia para cada unidade aumentada
na variável independente 𝒙.

2. É comum representarmos a variação ocorrida em uma variável inserindo a letra grega Δ


(“delta” maiúscula) antes da sua indicação. Por exemplo, a variação da variável 𝒙 será notada
por Δ𝒙. Sendo assim, a taxa de variação de 𝒚 em relação a 𝒙 poderá ser expressa por:

Δy f (b) − f (a)
  =  
Δx b − a


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

3. Algumas vezes, para facilitar representação, os valores a e b, das fórmulas acima são
indicados por 𝒙2 e 𝒙1, respectivamente. De forma semelhante, escrevemos:

y2 = f (b) e y1 = f (a)


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
4. Utilizando esse tipo de notação, podemos escrever:

Δy y2 −y1
  =  
Δx x2 −x1


Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

EXEMPLO 1

DADA A FUNÇÃO 𝒚 = f (𝒙), EM QUE f (𝒙) = 3 + 2𝒙, VAMOS


CALCULAR, INICIALMENTE, A TAXA DE VARIAÇÃO MÉDIA DE
𝒚 = f (𝒙) PARA 𝒙 VARIANDO DE 2 A 5 (2 ≤ 𝒙 ≤ 5).

PASSO A PASSO PARA A RESOLUÇÃO

PASSO 1
Nesse caso, consideramos:

x1   =  2 e x2   =  5

Assim:
y1 = f (x1 ) = f (2) =

3 + 2 .  2 = 3 + 4 = 7

Consequentemente:

y2 = f (x2 ) = f (5) =

3 + 2 .  5 = 3 + 10 = 13

PASSO 2
A taxa de variação média, portanto, será dada por:
Δy y2 −y1
  =     =
Δx x2 −x1

13−7 6
  =     =  2
5−2 2

Esse resultado nos diz que há um aumento de 2 unidades na variável 𝒚 para cada aumento de
uma unidade em 𝒙.

PASSO 3
Agora, vamos determinar a taxa de variação média para 𝒙 variando de 2 a 4.

Nesse caso, temos:

x1 = 2 e x2 = 4

Já vimos que:

y1 = f (x1 ) = f (2) = 7

Já o valor de 𝒚2 será dado por:

y2 = f (x2 ) = f (4) =

3 + 2 .  4 = 3 + 8 = 11

A taxa de variação média, portanto, será dada por:


Δy  y2 −y1
  =   =  
Δx x2 −x1

11−7  4
    =   =  2
4−2 2

 ATENÇÃO

Observe que não houve alteração na taxa média de variação de 𝒚 em relação a 𝒙. É que o tipo
de relação entre tais variáveis é linear, pois é descrita por uma função de primeiro grau. Nesse
caso, a variação de 𝒚 em relação a 𝒙 é uma constante. Experimente calcular as taxas
médias para outros intervalos de 𝒙 e note que o resultado será sempre o mesmo.

EXEMPLO 2

VAMOS CALCULAR ALGUMAS TAXAS MÉDIAS DE VARIAÇÃO


CONSIDERANDO A FUNÇÃO

𝒚 = f (𝒙) = 𝒙2 + 2𝒙.

TAXA MÉDIA DE VARIAÇÃO DE 𝒚 EM RELAÇÃO A 𝒙


NO INTERVALO 0 ≤ 𝒙 ≤ 3.
Comecemos determinando a taxa média de variação de 𝒚 em relação a 𝒙 no intervalo
0 ≤ x ≤ 3

Temos, portanto, x1 = 0 e x2 = 3 . Assim,


2
y1 = f (x1 ) = f (0) = 0 + 2 .  0 = 0

y2 = f (x2 ) = f (3) =

2
3 + 2 .  3 = 9 + 6 = 15

A taxa que queremos determinar, então, será

dada por:
Δy y2 −y1
  =     =  
Δx x2 −x1
15−0 15

3−0
  =  
3
  =  5

TAXA MÉDIA DE VARIAÇÃO DE 𝒚 EM RELAÇÃO A 𝒙


NO INTERVALO 0 ≤ 𝒙 ≤ 2.
O que acontece se considerarmos o intervalo

0 ≤ x ≤ 2

Vamos calcular a taxa de variação média nesse caso.

Consideraremos x1 = 0 e x2 = 2 .

Já vimos que y1 = f (x1 ) = f (0) = 0 e, além disso, teremos:

y2 = f (x2 ) = f (2) =

2
2 + 2 .  2 = 4 + 4 = 8

Nesse caso, a taxa que queremos determinar será dada por:


Δy y2 −y1
  =     =
Δx x2 −x1

8−0 8
    =     =  4
2−0 2

 ATENÇÃO

O resultado, como vemos, não é o mesmo. Esse tipo de função não apresenta a taxa de
variação constante como a do exemplo anterior.

EXEMPLO 3

UMA FUNÇÃO PODE APRESENTAR DECRESCIMENTO EM UM


TRECHO

E, NO OUTRO, CRESCIMENTO.

CONSIDERE A FUNÇÃO:

f (𝒙) = 𝒙3 — 3𝒙2 + 𝒙 + 3

VAMOS CALCULAR AS TAXAS DE VARIAÇÃO MÉDIA EM


DIFERENTES INTERVALOS.

CRESCIMENTO DE 𝒚 EM RELAÇÃO A 𝒙 NO
INTERVALO 1 ≤ 𝒙 ≤ 3.
Vamos calcular a sua taxa de variação média no intervalo 1 ≤ x ≤ 3 .

Temos que:

x1 = 1  e  x2 = 3

Daí:

y1 = f (x1 ) = f (1) =

3 2
1 − 3  .  1 + 1 + 3 =

1 − 3 + 1 + 3 = 2

y3 = f (x2 ) = f (3) =

3 2
3 − 3 .  3 + 3 + 3 =

27 − 27 + 3 + 3 = 6

A taxa de variação média nesse intervalo será dada por:


Δy y2 −y1
  =     =  
Δx x2 −x1

6−2 4
  =     =  2
3−1 2
Aqui, observa-se um crescimento de 𝒚 em relação a 𝒙.

DECRESCIMENTO DE 𝒚 EM RELAÇÃO A 𝒙 NO
INTERVALO 1 ≤ 𝒙 ≤ 2.
O que acontece se considerarmos o intervalo

1 ≤ x ≤ 2 ?

Nesse caso, teremos:

x1 = 1,  x2 = 2,

y1 = f (x1 ) = f (1) = 2

y2 = f (x2 ) = f (2) =

3 2
2 − 3 .  2 + 2 + 3 =

8 − 12 + 2 + 3 = 1

A taxa de variação média nesse intervalo será dada por:


Δy y2 −y1
  =     =
Δx x2 −x1

1−2 −1
    =     =   − 1
2−1 1

O que indica que houve, em média, decréscimo de uma unidade em 𝒚 enquanto 𝒙


aumentou uma unidade.

EXEMPLO 4

VEJAMOS MAIS UM EXEMPLO QUE MOSTRA O CÁLCULO DE


TAXAS DE VARIAÇÃO MÉDIA, MAS CONSIDERANDO TAMBÉM
VALORES NEGATIVOS PARA 𝒙.

CONSIDERE A FUNÇÃO f (𝒙) = 𝒙2 — 3𝒙 — 4.


Vamos determinar a taxa de variação média dessa função no intervalo —3 ≤ 𝒙 ≤ —1.
Temos 𝒙1 = —3 e 𝒙2 = —1. Daí:

y1 = f (−3) =

2
(−3) − 3(−3) − 4 =

9 + 9 − 4 = 14

y2 = f (−1) =

2
(−1) − 3(−1) − 4 =

1 + 3 − 4 = 0

Portanto, a taxa média de variação será dada por:


Δy  y2 −y1 0−14
  =   =  
Δx x2 −x1 −1−(−3)

−14
=     =   −  7
2

 ATENÇÃO

Não há, como você pode constatar, nenhuma alteração no processo, porém será preciso
atentar-se apenas aos sinais.

MÃO NA MASSA

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA

TEORIA NA PRÁTICA
Uma taxa de variação média à qual você certamente já se referiu diversas vezes é a
velocidade média. Ela corresponde à taxa média de variação da posição de um móvel em
relação ao tempo. Considere, por exemplo, um móvel que se desloca de acordo com a
equação (função horária) em que s corresponde à sua posição, em metros, no instante t
segundos.

s(t) = —t2 + 10t

Para determinar sua velocidade média em determinado intervalo de tempo (Δt), basta calcular
a variação média de sua posição nesse intervalo.

Vejamos como é o movimento deste móvel:

Assista ao vídeo Teoria na Prática: Carro em Movimento

Vamos calcular sua velocidade média entre os instantes 1 e 5 segundos. Considerando t1 = 1 e

t2 = 5 segundos, temos:

s(t1) = — 12 + 10 . 1 = — 1 + 10 = 10 metros

s(t2) = s(5) = — 52 + 10 . 5 = — 25 + 50 = 25 metros

As expressões acima correspondem, respectivamente, às posições desse móvel nos instantes


1 e 5 segundos. Sendo assim, sua velocidade média nesse intervalo de tempo será dada por:

Δs  s(t2 )−s(t1 )


=   =  
Δt t2 −t1

25 m − 9 m
    =
5 s − 1 s
16 m
  =  4 m/s
4 s

Portanto, concluímos que, do instante t1 = 1s ao instante t2 = 5s, esse móvel percorreu um

trecho de 16 metros em 4 segundos, isto é, sua velocidade média foi de 4 m/s. Isso não
significa que sua velocidade permaneceu constante durante esse tempo. Observe, a seguir,
que, se considerarmos o intervalo de tempo de 1 a 4 segundos, sua velocidade média será
diferente da que já calculamos.

Vamos considerar t1 = 1 e t2 = 4 segundos. Já vimos que s(1) = 9m. No instante t2 = 4s, a

posição do móvel é dada por s(t2) = s(4) = − 42 + 10 .4 = − 16 + 40 = 24 metros.

Portanto, sua velocidade média nesse novo intervalo de tempo será dada pela expressão a
seguir, pois é maior do que no intervalo considerado anteriormente.

Δs  s(t2 )−s(t1 )


=   =
Δt t2 −t1

24 m − 9 m
    =
4 s − 1 s

15 m
  =  5 
3 s

O que acontece com esse móvel quando consideramos sua velocidade média entre os
instantes t1 = 6s e t2 9s? Vamos ao cálculo.

Temos:

s(t1) = s(6) = — 62 + 10 . 6 = — 36 + 60 = 24 metros

s(t2) = s(9) = — 92 + 10 . 9 = — 81 + 90 = 9 metros

Essas expressões correspondem, respectivamente, às posições desse móvel nos instantes 6 e


9 segundos. Observe que são as mesmas posições que esse móvel ocupou nos instantes 4 e 1
segundos.

Sua velocidade média nesse intervalo de tempo será dada por:

Δs  s(t2 )−s(t1 )


=   =  
Δt t2 −t1

9 m − 24 m
  =
9 s − 6 s

−15 m
  =   − 5 m / s
3 s

Temos uma velocidade média negativa, que ocorre quando o móvel se desloca no sentido
contrário da trajetória definida anteriormente. Note que, entre os instantes 1 e 4 segundos e
entre 6 e 9 segundos, a distância percorrida é a mesma e em um mesmo intervalo de tempo (3
segundos). No entanto, no primeiro caso, o móvel sai da posição 9 metros e chega à posição
24 metros, percorrendo a distância de 15 metros, e, no segundo caso, sai da posição 24
metros e chega à posição 9 metros, isto é, percorre a mesma distância, mas no sentido
contrário.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Relacionar as taxas de variação em gráficos com períodos de crescimento e


decrescimento

INTRODUÇÃO
Vamos dar início a este módulo com o vídeo a seguir.

Assista ao vídeo Representando Funções em Gráficos.

Já vimos, no módulo anterior, como determinar a taxa de variação, isto é, de crescimento ou


decrescimento de uma variável em relação à outra através dos valores calculados a partir das
funções que as relacionam. No entanto, toda função matemática pode ser representada
graficamente e, por conseguinte, a análise da taxa de variação também.

Veremos como é possível examinar a variação de uma variável em relação à outra com base
em análises gráficas e como representá-la geometricamente.
ANÁLISES GRÁFICAS E
REPRESENTAÇÕES GEOMÉTRICAS
Considere uma função 𝒚 = f (𝒙) e um intervalo a ≤ 𝒙 ≤ b na qual ela está definida.

A Figura 1 mostra a variação de 𝒚 (Δ𝒚) e a variação de 𝒙 (Δ𝒙) para o intervalo dado;

Os pontos A e B têm coordenadas (a,f (a)) e (b,f (b)), respectivamente;

A reta que passa por esses pontos tem inclinação que muda de acordo com a taxa de
variação média da função f (𝒙) em relação a 𝒙 no intervalo a ≤ 𝒙 ≤ b;

Seu coeficiente angular corresponde a essa taxa de variação. Se a taxa de variação


aumentar, por exemplo, a reta apresentará inclinação mais acentuada.

 Figura 1 – Taxa de variação média: interpretação gráfica.

Para determinar se um gráfico apresenta tendência de crescimento ou decrescimento em um


intervalo dado, basta calcular a taxa de variação média nesse intervalo ou verificar se a reta
que une os dois pontos correspondentes ao intervalo é crescente (coeficiente angular positivo)
ou decrescente (coeficiente angular negativo).
EXEMPLO 1
Considere o gráfico abaixo.

Vamos determinar a taxa de variação média de 𝒚 em relação a 𝒙, inicialmente, para o intervalo


2 ≤ 𝒙 ≤ 6. Temos, nesse caso, Δ𝒙 = 6 — 2 = 4 e Δ𝒚 = 6 — 4 = 2.
Δy
Logo, a taxa de variação média é: Δx
  =  
2

4
  =  0, 5 .

Observe que, se considerarmos outro intervalo qualquer, como, por exemplo, 2 ≤ 𝒙 ≤ 4, a taxa
de variação média permanecerá a mesma, pois se trata de um gráfico com comportamento
linear.

Para esse último intervalo, temos Δ𝒙 = 4 — 2 = 2 e Δ𝒚 = 5 — 4 = 1.


Δy
Portanto, a taxa de variação média é: Δx
  =  
1

2
  =  0, 5 .

EXEMPLO 2
Vamos calcular as taxas médias de variação apresentadas pelo gráfico a seguir para os
intervalos 1 ≤ 𝒙 ≤ 3 e —1 ≤ 𝒙 ≤ 2.
Considerando 𝒙1 = 1 e 𝒙2 = 3, teremos 𝒚1 = 2 e 𝒚2 = 6. Portanto, a taxa média de variação de

𝒚 em relação a 𝒙 será dada por:


Δy y2 −y1
  =     =
Δx x2 −x1

 6−2
  =  
3−1

4
    =  2
2

Agora, se considerarmos 𝒙1 = —1 e 𝒙2 = 2, teremos 𝒚1 = —2 e 𝒚2 = 1. Portanto, a taxa média

de variação de 𝒚 em relação a 𝒙 será dada por:


Δy y2 −y1
  =     =
Δx x2 −x1

 1−(−2)
  =  
2−(−1)

3
    =  1
3

MÃO NA MASSA

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA

TEORIA NA PRÁTICA
O cálculo da taxa média de variação é utilizado em diversas situações das mais diversas áreas.
Inclusive, já vimos algumas dessas aplicações.

No campo da Economia e das Finanças, um conceito bastante utilizado é o de custo marginal,


que consiste na mudança no custo total de produção resultante da variação em uma unidade
da quantidade produzida.

Para melhor compreensão, apresentaremos, adiante, uma situação de análise de custos.

Quando se produz certa utilidade, é importante analisar os custos de produção e a receita


gerada pela sua comercialização. Dessa forma, torna-se possível a avaliação dos lucros
obtidos em tal processo. Dois dos principais conceitos que devem ser considerados nessa
análise são o de:
CUSTO VARIÁVEL MÉDIO

CUSTO MARGINAL

Em situações em que se conhece a função que modela o custo de produção, utilizamos um


conceito que foge ao escopo deste texto, que é o de derivada de uma função para definir e
obter o custo marginal. Porém, quando os custos são analisados com base em tabelas que o
relacionam com a quantidade produzida, esse conceito remete ao uso da taxa de variação
média.

Considere a tabela a seguir, que apresenta o custo total de produção de garrafas de suco de
laranja para cada quantidade produzida em certo período.

Quantidade de garrafas Custo total (R$)

0 5.000,00

1.000 11.000,00

1.500 12.000,00

1.800 14.000,00

2.000 17.000,00

O gráfico a seguir representa os dados dessa tabela.

Observe:

CUSTO FIXO
Mesmo quando nenhuma garrafa de suco é produzida, há um custo de R$5.000,00. Esse é o
chamado custo fixo, que é aquele advindo de aluguel, salário de funcionários etc.

CUSTO VARIÁVEL MÉDIO


Quando são produzidas 1.000 garrafas, o custo total passa a ser de R$11.000,00. Observe que
houve uma variação de R$6.000,00 quando a quantidade produzida foi de 0 a 1.000 garrafas.
Isso significa que cada garrafa produzida proporcionou um aumento de R$6,00 no custo total
de produção, isto é, R$6.000,00/1.000. Chamamos esse valor de custo variável médio, que,
para certa quantidade q, pode ser definido como a taxa de variação do custo total,
considerando a variação da quantidade produzida de 0 até q.

Se considerarmos a existência de um custo fixo de R$5.000,00 que deve ser dividido por toda
a produção, podemos acrescentar R$5,00 ao custo final de cada unidade produzida. Esses
valores mudam à medida que alteramos a quantidade produzida. Esse tipo de alteração deve
ser analisada por quem gere os custos.

A tabela a seguir apresenta os custos variáveis médios para cada quantidade apresentada na
tabela anterior.

Quantidade de garrafas Custo total (R$) Custo médio (R$)

0 5.000 -

1.000 11.000 6,00

1.500 12.000 0,67

1.800 14.000 1,11

2.000 17.000 1,50

Observe que, até a produção de 1.000 unidades, o custo variável médio é bem maior do que
nos demais casos. Quando são produzidas 1.500 unidades, esse valor cai bastante e é o
menor entre os apresentados. Isso é um indicativo de que esse nível de produção é o que gera
o menor custo por unidade.

No entanto, nem sempre o custo variável médio indica o melhor nível de produção em relação
ao custo, pois ele considera a diluição do custo fixo.
Uma medida que absorve melhor a diminuição do custo por unidade é o custo marginal
médio.

O custo marginal é o aumento no custo associado à produção adicional. O custo marginal


médio é o custo marginal dividido pelo número de unidades adicionais.

Na tabela a seguir, os valores dos custos marginais e custos marginais médios são
apresentados.

Quantidade de Custo total Custo Custo médio Custo marginal médio


garrafas (R$) marginal (R$) (R$)

0 5.000 - - -

1.000 11.000 6.000 6,00 6,00

1.500 12.000 1.000 0,67 2,00

1.800 14.000 2.000 1,11 6,67

2.000 17.000 3.000 1,50 15,00

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

Note que, quando aumentamos a quantidade produzida de 1.000 para 1.500 unidades, o custo
total varia R$1.000,00, ou seja, cada unidade produzida a mais, nesse intervalo, gera um
aumento de R$2,00 no custo total.

Esse é o custo marginal médio do intervalo, e é o menor dos valores apresentados. Entretanto,
quando a produção passa de 1.800 para 2.000 unidades, o custo marginal é demasiadamente
grande.

Isso indica que o cenário é mais favorável à produção quando a quantidade produzida gira em
torno de 1.500 unidades e menos favorável quando ela se aproxima de 2.000 unidades.

No próximo módulo, estudaremos os custos de produção com mais detalhes.


VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Interpretar as funções custo, receita e lucro e analisar seus gráficos

INTRODUÇÃO
Vamos dar início a este módulo com o vídeo a seguir.

Assista ao vídeo Funções Matemáticas Aplicadas à Área Financeira.

FUNÇÕES CUSTO, RECEITA E LUCRO


TOTAIS
As funções matemáticas, das mais elementares às mais complexas, são utilizadas nas
análises de variação de duas grandezas, uma em relação à outra, em vários cenários e têm
uma infinidade de aplicações práticas. Neste módulo, serão abordadas as funções custo,
receita e lucro totais.
Elas são largamente utilizadas na Administração, Economia, nas Ciências Contábeis e em
áreas afins.

FUNÇÃO CUSTO TOTAL


A função custo total de uma utilidade é aquela que relaciona o seu custo total de produção CT

com a quantidade produzida q e é dada pela soma dos custos fixos CF e dos custos

variáveis CV, como a seguir:

CT = CF + CV

Os custos variáveis geralmente são obtidos pela multiplicação do custo unitário c pela
quantidade produzida q. Dessa forma, a função custo total pode ser expressa por:

CT = CF + c . q

Observe que esse é o formato de uma função de primeiro grau. Apesar de poder assumir
outras formas, a função custo total geralmente apresenta esse tipo de comportamento linear.

Os custos fixos são aqueles que não estão diretamente relacionados à produção. Eles são
compostos, por exemplo, pelo aluguel que a empresa paga pela instalação, pelos salários de
seus colaboradores etc. Mesmo que, em determinado período, não seja produzida nenhuma
unidade do produto, o custo fixo ocorre. Já o custo variável é aquele que tende a variar de
forma direta à quantidade produzida: quanto mais se produz, maior é o custo variável (total). Se
nenhuma unidade for produzida, o custo variável é nulo.

FUNÇÃO RECEITA TOTAL


A função receita total de uma utilidade é aquela que relaciona o valor total recebido RT pela

comercialização de q unidades dessa utilidade e é expressa pelo produto entre o seu preço
unitário p e a quantidade comercializada, como a seguir:

RT = p . q

Apesar de expressa em relação a duas variáveis (preço e quantidade), conseguimos


representá-la com função apenas da variável q. Isso porque o preço pode ser fixado ou
expresso em relação à quantidade. Quando o preço p é fixo, a função receita tem
comportamento linear. Porém, quando o preço se relaciona com a quantidade (através de uma
função de demanda, como veremos no próximo módulo), ela assume outras formas, como, por
exemplo, a de uma função quadrática, cujo gráfico é uma parábola.

O ponto no qual o custo se iguala à receita é denominado ponto de nivelamento. Ele é


importante na determinação da meta de produção e venda, pois, a partir dele, começa-se a
verificar a ocorrência de lucro.

FUNÇÃO LUCRO TOTAL


A função denominada função lucro total (LT) associa, a cada quantidade q produzida e

comercializada, a diferença entre as respectivas funções receita total e o custo total. Sua forma
é:

LT = RT — CT

Ela fornece o lucro obtido com a produção e comercialização de q unidades de uma utilidade,
podendo assumir valores negativos (prejuízo), positivos (lucro), ou até mesmo ser nula. Neste
último caso, consideramos que custo e receita se igualam.

EXEMPLO
Para produzir certa utilidade, uma fábrica gasta R$10,00 por unidade, além de uma despesa
fixa (que independe da quantidade produzida) de R$800,00. Cada unidade produzida é vendida
por R$14,00.

Temos:

Custo fixo: CF = R$800,00;

Custo unitário: c = R$10,00;


Preço unitário de venda: p = R$14,00.

Para expressar o custo total CT em relação à quantidade produzida q, colocamos esses valores

na expressão:

CT = CF + c ∙ q

Assim, temos:

CT = 800 + 10 ∙ q

A função receita total, que tem a forma:

RT = p ∙ q

Nesse caso, ela é expressa por:

RT = 14 ∙ q

O ponto de nivelamento é aquele em que custos e receita se igualam. Para determiná-lo,


começamos resolvendo a equação:

RT = CT

14q = 800 + 10q

14q — 10q = 800

4q = 800
800
q=
4

q = 200

Concluímos, portanto, que, quando são produzidas e comercializadas 200 unidades, não há
lucro nem prejuízo, pois receita e custo assumem o mesmo valor.

Para determinar que valor é esse, basta substituir q por 200 na função custo ou receita.

Veja:

CT (200) = 800 + 10 ∙ 200 = 800 + 2.000 = 2.800 reais

ou

RT (200) = 14 ∙ 200 = 2.800 reais

Logo, o ponto de nivelamento será dado por (200, 2.800).


A seguir, veja o gráfico com as funções custo e receita e com o ponto de nivelamento.

Observe, no gráfico, que o encontro dos segmentos que representam as funções custo e
receita ocorre quando q = 200. À esquerda desse ponto, o custo supera a receita, indicando,
portanto, que, para q < 200 (quantidades inferiores a 200 unidades), ocorre prejuízo. À direita,
é a receita que supera o custo, indicando que, para q > 200, ocorre lucro.

A função lucro total LT pode ser obtida considerando:

LT = RT — CT

Daí, temos:

LT = 14q — (800 + 10q)

LT = 14q — 800 — 10q

LT = 4q — 800

Inserindo a representação dessa função no mesmo gráfico em que estão representadas as


funções custo total e receita total, podemos comparar as variações dessas três funções. Veja a
seguir:
Note que o segmento que representa a função lucro total intercepta o eixo horizontal no valor q
= 200 (isso significa que o lucro é igual a zero quando a quantidade é igual a 200), que é a
mesma quantidade do ponto de nivelamento, pois, quando receita e custo se igualam, o lucro é
nulo.

A função lucro total pode ser utilizada para estimar o lucro obtido com a venda de certa
quantidade q dessa utilidade e para determinar qual quantidade deve ser produzida e vendida
para que determinada meta de lucro seja alcançada. Por exemplo, se queremos determinar o
lucro quando são produzidas e comercializadas 500 unidades, fazemos:

LT (500) = 4.500 — 800 = 2.000 — 800 = 1.200 reais

Agora, se pretendemos determinar qual quantidade deve ser produzida para que o lucro seja
de, por exemplo, R$3.000,00, devemos resolver a equação:

LT (q) = 3.000

Isto é:

4q — 800 = 3.000

4q = 3.000 + 800

4q = 3.800

q= 3.800

q = 950
MÃO NA MASSA

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA

TEORIA NA PRÁTICA
Os custos de produção são avaliados em diversas situações, como, por exemplo, no estudo da
viabilidade de instalação de produção em determinadas filiais ou regiões. Assim, as funções
custo e receita são primordiais nesse tipo de estudo.

A seguir, veja um exemplo bem interessante abordado na questão do Enade (Exame Nacional
de Desempenho dos Estudantes – 2012 – Administração – Questão 13):

As decisões sobre a localização de empresas são estratégicas e integram o planejamento


global do negócio. Considerando que o preço de venda da grande maioria dos bens produzidos
é estabelecido pelo mercado, é preciso que as empresas conheçam em detalhes os custos nos
quais incorrerão em determinada localidade. O modelo padrão custo-volume-lucro é útil na
decisão de localização. A figura a seguir apresenta, em um único gráfico, as curvas de custo
total versus a quantidade produzida mensalmente para as cidades de Brasília, São Paulo e
Goiânia, as quais foram previamente selecionadas para receber uma nova fábrica de
brinquedos. Sabe-se que a receita total é a mesma para as três localidades e que a decisão
com base no lucro esperado em cada localidade varia com a quantidade produzida.
A análise do modelo de custo-volume-lucro apresentado no gráfico revela que:

A) São Paulo é a localidade que proporcionará maior lucro para a nova fábrica, se a quantidade
mensal a ser produzida variar entre 5.000 e 10.000 unidades, considerando a estrutura de
custos apresentada.

B) São Paulo é a cidade na qual deve ser instalada a nova unidade produtiva, se a quantidade
a ser produzida mensalmente for maior que 7.500 unidades, pois, a partir desse volume de
produção, é a localidade que proporcionará maior lucro.

C) Brasília é a localidade mais indicada para receber a nova fábrica para volumes de produção
mensal inferiores a 5.000 unidades, pois é a cidade que viabilizará maior lucro.

D) Goiânia deve receber a instalação da nova fábrica, se a quantidade produzida mensalmente


for superior a 10.000 unidades, tendo em vista que, nas condições apresentadas, é a cidade
que poderá dar maior lucro.

E) Tanto Goiânia quanto Brasília podem receber a nova fábrica, se o objetivo é produzir uma
quantidade mensal exatamente igual a 5.000 unidades, considerando que o lucro será o
mesmo nas duas localidades.

RESPOSTA

Observe que a comparação entre o custo em cada região com a função receita permite
avaliar em qual região o lucro deverá ser maior, considerando o nível de produção. A
alternativa correta é a letra A, pois, para o nível de produção entre 5.000 e 10.000 unidades,
a função custo referente à São Paulo é a que está no menor patamar de todas. Como a
receita independe da região, isto é, será a mesma para qualquer uma, então o maior lucro
será atingido quando o custo for o menor.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 4

 Analisar, através de funções, a demanda e a oferta de produtos a partir do preço


praticado

INTRODUÇÃO
Vamos dar início a este módulo com o vídeo a seguir.

Assista ao vídeo Definições das Funções: Demanda, Oferta e Preço de Equilíbrio.

ANÁLISE DAS FUNÇÕES DEMANDA E


OFERTA
Duas funções matemáticas largamente utilizadas no campo da Economia são a demanda e a
oferta. Delas deriva o preço de equilíbrio de mercado, que é peça fundamental em diversas
análises econômicas.
DEMANDA OU QUANTIDADE DEMANDADA 𝐐𝐃

A demanda ou quantidade demandada QD de certa utilidade (bem ou serviço) a um preço

unitário P é a soma das quantidades que todos os compradores do mercado desejam e estão
aptos a adquirir a esse preço em certo período.

A FUNÇÃO MATEMÁTICA QUE RELACIONA AS VARIÁVEIS QD


E P DE UMA UTILIDADE É DENOMINADA FUNÇÃO DEMANDA
DESSA UTILIDADE.
A tendência que geralmente se observa é que, se o preço aumenta, a quantidade demandada
cai, pois o produto torna-se menos interessante para o consumidor.

Porém, se o preço cai, a demanda tende a subir.

OFERTA E PREÇO SÃO GRANDEZAS QUE COSTUMAM


VARIAR NO MESMO SENTIDO.
OFERTA OU QUANTIDADE OFERTADA 𝐐𝐎

A oferta ou quantidade ofertada QO de uma utilidade (bem ou serviço) a um preço unitário P é

a soma das quantidades que todos os fornecedores ou produtores estão aptos e dispostos a
vender desse produto ao preço P em certo período.

A FUNÇÃO MATEMÁTICA QUE RELACIONA AS VARIÁVEIS QO


E P É DENOMINADA FUNÇÃO OFERTA DESSA UTILIDADE.
Com relação ao estudo da quantidade ofertada e do preço, a tendência que geralmente se
observa é que, se o preço aumenta, a quantidade ofertada aumenta, pois o produto torna-se
mais atrativo para quem o fornece. Porém, se o preço cai, a oferta também tende a cair.

PREÇO P

O PREÇO P DE UMA UTILIDADE PARA O QUAL AS


QUANTIDADES DEMANDADA E OFERTADA SE IGUALAM É
DENOMINADO PREÇO DE EQUILÍBRIO DE MERCADO OU,
SIMPLESMENTE, PREÇO DE EQUILÍBRIO.

POR TAIS MOTIVOS, É DESEJÁVEL UM PREÇO QUE SE


APROXIME DO PREÇO DE EQUILÍBRIO.

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
Recorrer à representação gráfica das funções demanda e oferta é bastante útil para facilitar
suas análises e a do ponto de equilíbrio. O gráfico a seguir mostra uma situação genérica que
representa tais elementos.

EXEMPLO
Certo produto tem sua quantidade demanda QD e sua quantidade ofertada QO dadas,

respectivamente, por:

QD = 10.000 — 15p

QO = —1.200 + 25p

P é o preço unitário de venda e varia de 100 a 500 reais.

Nesse caso, as duas funções são de primeiro grau, isto é, são representadas graficamente por
um segmento de reta no intervalo designado. Portanto, para traçá-las, podemos tomar apenas
dois pontos de cada.

Vamos considerar os preços R$100 e R$500, que são os extremos do intervalo considerado,
para calcular os valores apresentados na tabela a seguir.
Preço (R$) Quantidade demandada Quantidade ofertada

100 8.500 1.300

500 2.500 11.300

Outro ponto que já podemos localizar no gráfico é o ponto de equilíbrio. Para obtê-lo
algebricamente, basta resolver a equação a seguir:

QO = QD

— 1.200 + 25p = 10.000 — 15p

25p + 15p = 10.000 + 1.200

40p = 11.200

p  =  
11.200

40

p = 280 reais

Este é, portanto, o preço de equilíbrio.

A quantidade de equilíbrio pode ser obtida substituindo esse valor em qualquer uma das
funções, demanda ou oferta. Substituindo-o na função demanda, temos:

QD = 10.000 — 15.280 = 10.000 — 4.200 = 5.800 unidades

Logo, o ponto de equilíbrio é a interseção entre 280 e 5.800. Este ponto, bem como as
funções demanda e oferta, é apresentado no gráfico a seguir.
Pela análise do gráfico, podemos concluir que:

À medida que os preços vão se afastando de R$280,00 para valores menores, a tendência é
que haja falta do produto no mercado, já que a demanda superará a oferta.
No caso de preços maiores que o preço de equilíbrio, a oferta deverá superar a demanda, e,
portanto, haverá sobra desse produto no mercado.

 ATENÇÃO

As funções demanda nem sempre são representadas por segmentos de reta. Elas podem ser
de outros tipos, como quadráticas, exponenciais, logarítmicas, entre outros formatos. Contudo,
o tipo de análise gráfica que fizemos há pouco pode ser realizado quaisquer que sejam os tipos
de funções que caracterizam essas duas variáveis em relação ao preço.

Na prática, diferentemente das funções custo, receita e lucro que vimos no módulo anterior, as
funções demanda e oferta são obtidas através de processos estatísticos. Estes, por sua vez,
obtêm equações relacionando duas variáveis a partir de levantamentos, para, assim, obter
valores associados dessas variáveis.

MÃO NA MASSA

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA

TEORIA NA PRÁTICA
No módulo anterior, você estudou a função receita referente à venda de certa utilidade dada
em relação à sua quantidade vendida. Essa função pode ser expressa na forma:

RT = p ∙ q

Em que:

p é o seu preço de venda unitário;

q é a quantidade comercializada.

Vejamos, a seguir, alguns pontos importantes para a análise:

PREÇO FIXO
Quando o preço p é fixo, como já vimos, o gráfico dessa função será representado por uma
semirreta. Nesse caso, quanto maior for a quantidade vendida, maior será o lucro. E, se a
função custo dessa utilidade também for de primeiro grau, podemos concluir que, quanto maior
for a quantidade produzida e vendida, maior será o lucro obtido.

VARIAÇÃO DE PREÇO
Nem sempre o preço é fixo, na maior parte dos casos, o preço do produto varia. Essa
variação geralmente pode ser expressa por uma função demanda. Nesse caso, você sabe
que geralmente as variáveis preço e quantidade variam em sentidos inversos. Se a demanda
está abaixo do esperado para um produto, seus fornecedores tendem a diminuir seu preço, a
fim de que o número de consumidores dispostos a consumi-lo aumente. De modo semelhante,
se a demanda está alta, pode ser que que haja aumento no preço.

INTERFERÊNCIA NA RECEITA
A variação do preço logicamente interferirá na receita da empresa. Podemos pensar que o
aumento do preço, por exemplo, aumentará a receita. Porém, se a quantidade demandada do
produto diminuir, o que garantirá o aumento da receita? Da mesma forma, a diminuição do
preço poderia nos levar a concluir pela diminuição da receita. No entanto, se o aumento da
quantidade vendida resultante dessa queda no preço tiver mais peso sobre a receita, o que
podemos concluir?

Isso mostra que nem sempre o lucro aumentará se a quantidade produzida e vendida
também aumentar. Se o aumento do preço provoca diminuição na quantidade vendida, é
preciso avaliar esse tipo de relação matematicamente para obter as conclusões corretas.
Nesse caso, podemos utilizar a função demanda para obter a função receita de uma
utilidade.

Vamos considerar o exemplo a seguir para ilustrar como ocorre esse tipo de análise e qual sua
importância na determinação de um nível de produção e venda que pode levar ao maior lucro
possível.

Considere um produto que tenha custo fixo de R$6.000,00 e custo variável unitário de R$80,00.
A sua quantidade demanda q, em unidades, relaciona-se com seu preço de venda unitário p,
em reais, através da função demanda:

q = 400 — p

Com as informações dadas, podemos escrever sua função custo total na forma:

CT = 6.000 + 80q

Com relação à função receita total RT, como não temos um preço fixo, vamos obtê-lo a partir

da sua relação com a quantidade q dada pela função demanda. Tomando essa função,
podemos isolar a variável p, isto é, escrever p em função de q. Teremos:

q + p = 400

Substituindo p por 400 — q, na função RT = p ∙ q, chegamos a:

RT = (400 — q) ∙ q

RT = 400q — q2
Esta é uma função quadrática. Seu gráfico é uma parábola. Como o coeficiente do termo
quadrático é negativo, então essa parábola terá concavidade voltada para baixo.

Para obter a função lucro total, fazemos:

LT = RT — CT

LT = — q2 + 400q — (6.000 + 80q)

LT = — q2 + 400q — 6.000 — 80q

LT = — q2 + 320q — 6.000

Observe que essa também é uma função quadrática representada por uma parábola com
concavidade voltada para baixo, como mostra o gráfico a seguir:

Pela sua análise, percebemos que, à medida que a quantidade aumenta, há também o
aumento do lucro, mas até certo ponto. Há um ponto em que o lucro atinge seu valor máximo.
Isso ocorre no vértice dessa parábola. Para determinar sua coordenada 𝒙, podemos utilizar a
seguinte fórmula, em que a é o coeficiente do termo 𝒙2 e b, o coeficiente do termo 𝒙. Portanto,

a = — 1 e b = 320.
b
xv   =   −  
2a

Sendo assim, temos:


b
xv   =   −     =  
2a
320
−    =  
2 . (−1)

320
  −   =  160
−2

Logo, a quantidade que deverá ser produzida e vendida para que o lucro atinja seu valor
máximo é 160 unidades. Qualquer outro valor de q levará a um valor menor para LT. Para

calcular qual é o lucro máximo, podemos substituir esse valor na expressão do lucro, como
mostrado a seguir:

LT = — 1602 + 320 ∙ 160 — 6.000 = — 25.600 + 51.200 — 6.000 = 19.600 reais

Pode parecer estranho o fato de a quantidade produzida e vendida aumentar e, mesmo assim,
o lucro diminuir. Isso ocorre porque, para aumentar a quantidade, o preço deve cair. Se, por um
lado, o aumento da quantidade tende a provocar aumento da receita e, consequentemente, do
lucro, por outro, a diminuição do preço tende a provocar diminuição da receita e do lucro.

Até certo ponto, o lucro cresce, mas chega um momento em que a diminuição do preço está
tendo maior “força” do que o aumento da quantidade.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender taxas de variação é uma importante habilidade de qualquer profissional, em especial
daqueles em cargo de gestão. Essas taxas nos ajudam a estimar o que acontece com uma
grandeza quando outra grandeza relacionada varia. Podemos reconhecer os períodos de
crescimento ou decrescimento de uma grandeza que acompanhamos. Em especial para os
gestores, podemos descrever inúmeras situações onde esse conhecimento é aplicado. Neste
tema, vimos a aplicação direta nas situações com custo de produção, receita e lucro (algo bem
presente na vida de muitos profissionais!). Também vimos a aplicação direta na relação de
oferta de demanda, onde, para cada preço, temos uma demanda.

Essas são algumas das aplicações desses conceitos fundamentais da Matemática, mas
existem muitas outras! O importante é que, utilizando esses conhecimentos como ferramentas,
podemos tomar decisões mais acertadas em situações futuras.

 PODCAST

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
GOLDSTEIN, L. J.; LAY, D. C.; SCHNEIDER, D. I. Matemática Aplicada. 10. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2006.

LEITE, A. Aplicações da Matemática. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

SILVA, S. M. da; SILVA, E. M. da; SILVA, E. M. da. Matemática: para os cursos de Economia,
Administração e Ciências Contábeis. São Paulo: Atlas, 1997.

TAN, S. T. Aplicada à Administração e Economia. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning,


2012.

CONTEUDISTA
André Luís Corte Brochi

 CURRÍCULO LATTES

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