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Cálculo Diferencial

Material Teórico
Continuidade e Derivadas

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Ana Lúcia Manrique

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Continuidade e Derivadas

·· Introdução
·· Continuidade
·· Derivada
·· Interpretação Geométrica da Derivada
·· Regras de Derivação

Nesta Unidade, a discussão é sobre Continuidade e Derivação de funções


de uma variável real. Em relação à Continuidade, daremos ênfase ao estudo
do gráfico da função e a sua definição. E para a Derivação, apresentaremos
as demonstrações das derivadas das funções polinomiais.

Estamos iniciando nossos estudos sobre Continuidade e Derivadas. A proposta desta


Unidade é o estudo da Continuidade de uma função real de uma variável e a Derivação de
funções reais de uma variável.

Com relação aos conteúdos, dividimos em:


»» Continuidade;
»» Derivada;
»» Interpretação geométrica da Derivada;
»» Regras de Derivação.

Ao término deste estudo, desejamos que você seja capaz de interpretar e determinar a
derivada de uma função real de uma variável, utilizando a definição e as regras de derivação.
Além disso, desejamos que você seja capaz de interpretar e determinar a continuidade de
uma função real de uma variável pela definição e pela análise do gráfico da função.
Para ajudar, realize a leitura dos textos indicados, acompanhe e refaça os exemplos resolvidos,
além de treinar com as atividades práticas disponíveis e suas resoluções ao final do conteúdo.
Finalmente, e o mais importante, fique atento às atividades avaliativas propostas e ao prazo
para sua realização.

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Unidade: Continuidade e Derivadas

Contextualização

As ideias de taxa de variação média e instantânea são amplamente utilizadas em diferentes


ramos das ciências.
Se x muda seu valor de x1 para x2, então temos que a variação em relação à x foi ∆x = x2 – x1.
Se x e y estão relacionadas por meio de uma função, ou seja, y = f(x), então, quando x sofre
uma variação de x1 para x2, ou seja, ∆x = x2 – x1, temos que y também sofrerá uma variação:

∆y = f(x2) – f(x1)

E o quociente destas duas variações é denominado taxa de variação média de y em relação


à x em um determinado intervalo [x1,x2].

Esta taxa de variação média é conhecida como coeficiente angular da reta que passa pelos
pontos (x1,f(x1)) e (x2,f(x2)).

∆y f ( x 2 ) – f ( x1 )
=
∆x x 2 – x1

Quando fazemos ∆x tender a zero, estamos calculando a taxa de variação instantânea ou,
como estudaremos nesta Unidade, a derivada da função f em x1.

∆y
f ' ( x1 ) = lim
∆x → 0 ∆x

Na Física, estes conceitos são conhecidos como velocidade média e velocidade instantânea.

Se temos a função posição de uma partícula em relação ao tempo decorrido dada por:

s(t) = t2 + 2t + 1

Então, a velocidade desta partícula é dada por:

v(t)= 2t + 2 = s’ (t)

Ou seja, a velocidade é obtida derivando a função posição em relação ao tempo.


Na Economia, suponha que o custo total C de uma empresa para produzir determinada
quantidade x de um produto seja dada pela função:

C(x) = 1500 + 2x + 0,1x2

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Se pretendemos determinar o custo marginal, que fornece a taxa de crescimento do custo
em relação à quantidade produzida do produto, então queremos calcular a taxa de variação
instantânea da variação do custo.

∆C
C ' ( x ) = lim
∆x → 0 ∆x

Desta forma, o custo marginal é obtido calculando a derivada da função custo total C.
Estas aplicações ilustram como conceitos matemáticos podem ter interpretações diferentes
em cada uma das ciências.

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Unidade: Continuidade e Derivadas

Introdução

Nesta Unidade, estudaremos a Continuidade e a Diferenciação de uma função de uma variável


real. Procuraremos fazer estes estudos analisando o gráfico da função e sua expressão algébrica.
Com a expressão algébrica da função, buscaremos estabelecer algumas estratégias para
determinarmos a derivada da função, primeiramente calculando a derivada em um único
ponto e, posteriormente, determinaremos outra função que será designada como a derivada da
primeira função.

Continuidade

Nas unidades anteriores, estudamos limites de uma função de uma variável real e verificamos
que o limite de algumas funções em determinados pontos correspondem ao valor da função
naqueles pontos. Por exemplo, consideremos a função f(x) = x2 + 1 e calculemos o valor do
lim( x 2 + 1) . Para calcular este limite, utilizamos as Leis dos Limites 1, 10 e 8 e temos que:
x→2

lim( x 2 + 1) = lim x 2 + lim1 = 22 + 1 = 5 = f ( 2 )


x→2 x→2 x→2

Entretanto, estudamos outras funções em que os limites laterais da função em determinados


pontos eram diferentes ou não existiam.
Vejamos mais dois exemplos.
Seja a função g(x) = x4 + 2x3 – x – 1 e seu gráfico desenhado a seguir.

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Ao analisarmos este gráfico, percebemos que ele não apresenta interrupções, saltos ou
desníveis.
Ao contrário desta função, vejamos o que acontece com o gráfico da função:
 x 2 + 3 x, x ≤ −1
h( x ) =  3
 x + 2, x > −1

Percebemos que este gráfico tem um salto, uma interrupção quando x = –1, diferentemente
do gráfico da função g, apresentado anteriormente, que possui um traçado contínuo.

Definição
Uma função f é contínua em a∈IR se lim f ( x ) = f ( a ) . E quando a função f não for contínua
x→a
em a, dizemos que a função é descontínua em a.

De acordo com esta definição, devemos, primeiramente, verificar se a função está definida
para x = a, ou seja, a∈Df. Depois, determinar a existência do lim f ( x ) =e,f por
( a ) último, caso o
x→a
limite exista, verificar se este valor do limite é igual ao valor da função no ponto a.
Além disso, se uma função for contínua em todos os valores de seu domínio, então dizemos
que esta função é contínua.
Voltemos aos nossos dois exemplos.
A função g é contínua em todos os pontos de seu domínio, pois a função g está definida para
todos os valores reais, ou seja, Dg = IR. Depois, como a função g é uma função polinomial,
então podemos utilizar sempre as Leis do Limite, ou seja, podemos determinar o limite desta
função em todos os valores de seu domínio e este é sempre igual ao valor da função no ponto.
Agora, a função h não apresenta o mesmo comportamento da função g. Embora a função h
esteja definida em todos os valores reais, ou seja, Dh = IR, os limites laterais da função h para
x tendendo a –1 são diferentes.

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Unidade: Continuidade e Derivadas

lim+ h ( x ) = lim+ ( x 3 + 2 ) = ( −1) + 2 = 1


3

x →−1 x →−1

lim h ( x ) = lim− ( x 2 + 3x ) = ( −1) + 3. ( −1) = −2


2

x →−1− x →−1

Desta forma, a função h não é contínua em x = –1. Podemos, também, dizer que a função
h apresenta descontinuidade em x = –1 ou, ainda, dizer que a função h é contínua para x ∈
IR – {–1}.

Exemplos
 − x + 1, x ≤ −1
1- Dado o gráfico da função t ( x) =  2
, queremos determinar para quais valores
− x + 2, x > −1
esta função t não é contínua.

Ao analisarmos o gráfico, verificamos que a função t não é contínua em x = –1, pois o gráfico
da função apresenta um salto, uma interrupção.

Vejamos algebricamente como podemos determinar esta descontinuidade. Como a função


está definida por intervalos, necessitamos determinar, primeiramente, qual deve ser o possível
ponto de descontinuidade. Neste caso, será x = –1, pois é o valor que a função apresenta uma
alteração na expressão algébrica.

Além disso, precisamos escolher a expressão para calcular os limites laterais. Para x se
aproximando de –1, com x < –1, escolhemos a expressão (–x + 1), e para x se aproximando
de –1, com x > –1, escolhemos a expressão (–x2 + 2).

lim t ( x ) = lim− ( − x + 1) = − ( −1) + 1 = 2


x →−1− x →−1

lim+ t ( x ) = lim+ ( − x 2 + 2 ) = − ( −1) + 2 = 1


2

x →−1 x →−1

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 x 2 + 2, x < 1
2- Consideremos o gráfico da função f ( x) = 
 3, x ≥ 1

A função f esta definida para todos os valores reais, Df = IR. Embora, observando o gráfico da
função f, percebamos uma junção de traços, de uma parábola e de uma reta horizontal. O gráfico
não apresenta interrupção ou salto. Então, dizemos que esta função é contínua em seu domínio.
Vejamos o que acontece quando verificamos a continuidade por meio da definição. Queremos
determinar se a função f é contínua em x = 1, pois esta função está definida por intervalos.

lim f ( x ) = lim+ ( 3) = 3
x →1+ x →1

lim− f ( x ) = lim− ( x + 2 ) = (1) + 2 = 3


2 2

x →1 x →1

Como os limites laterais existem e são iguais ao valor 3, então dizemos que lim f ( x ) = 3 . E
x →1

comparando o valor deste limite com o valor da função em x = 1, temos que lim f ( x ) = f (1) = 3 .
x →1

Desta forma, dizemos que a função f é contínua em todo valor de seu domínio, ou
simplesmente, dizemos que f é contínua.
Vejamos o gráfico da função tangente f(x) = tg x.

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Unidade: Continuidade e Derivadas

π 3π 5π 7π
Sabemos que a função tangente não está definida para os valores ±
2

2

2

2
, e
assim por diante. E podemos perceber, analisando este gráfico da função, que estes pontos
são descontinuidades da função, ou seja, existem infinitos pontos de descontinuidade.
sen x
Como a função f ( x) = tg x = cos x , então esta função não está definida quando cos x = 0, para
π 2n + 1
os valores positivos e negativos múltiplos ímpares de , ou seja, para x = π , para n ∈ Z.
2 2
Assim, verificamos que uma função pode ser descontínua em um determinado ponto ou em
um conjunto infinito de pontos.

Teoremas

Teorema 1
Sejam f e g funções contínuas em x = a e c uma constante. Então, podemos dizer que:
a. f + g é contínua em x = a
b. f - g é contínua em x = a
c. c.f é contínua em x = a
d. f.g é contínua em x = a
f
e. é contínua em x = a, se g(a) ≠ 0
g

Teorema 2
Toda função polinomial é contínua em todo seu domínio.

Teorema 3
Toda função racional é contínua todo domínio.

Teorema 4
As funções trigonométricas, as funções exponenciais e as funções logarítmicas são contínuas
em seus domínios.

Teorema 5
Seja f uma função contínua em x = b e lim
x→a
g ( x ) = b , então
x→a
( x→a
)
lim f ( g ( x ) ) = f lim g ( x ) = f ( b )

Teorema 6
Se g é contínua em a e f é contínua em g(a), então a função composta f∘g dada por f∘g(x) =
f(g(x)) é contínua em a.
Vamos pensar na demonstração deste último teorema.

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Primeiramente, temos de identificar quais são os fatos, as hipóteses, que possuímos para
começar uma demonstração.
Pelo enunciado do teorema 6, temos que: g é contínua em a é uma das minhas hipóteses.
Sabendo disso, podemos dizer que lim g ( x) = g (a) .
x→a

Outra hipótese que temos, dada no enunciado do teorema 6, é que: f é contínua em g(a).
Vamos denominar g(a) = b.

Desta forma, temos que:

(
lim f ( x ) = f ( b ) = f ( g ( a ) ) = f lim g ( x )
x →b x→a
)
g é contínua em x = a

E, como queremos provar que a função composta f∘g é contínua em a, temos de provar que:
lim f ( g ( x ) ) = f ( g ( a ) )
x→a

Mas, pelo teorema 5, temos que:

( )
lim f ( g ( x ) ) = f lim g ( x ) = f ( g ( a ) )
x→a x→a

Portanto, provamos que o teorema 6 é verdadeiro.

Derivada

Estudamos, nas unidades anteriores, que a taxa de variação instantânea de duas grandezas
x e y em um determinado valor x0, que se relacionam por y = f(x), é dada por:

f ( x ) − f ( x0 )
lim
x → x0 x − x0
Este limite corresponde também ao coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função
f no ponto x0, conforme estudado nas unidades anteriores.
Podemos obter este limite em outras situações e, por isso, ele será estudado de maneira especial.

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Unidade: Continuidade e Derivadas

Definição
f ( x) − f (a)
A derivada de uma função f em um número a, denotada por f‘(a), é igual a lim .
x→a x−a
É comum este limite ser escrito de uma maneira diferente. Se escrevemos x = a + h, então
h = x – a. E se x tende ao valor a, então h tende ao valor 0.

Ao substituirmos no limite, temos:

f ( x) − f (a) f (a + h) − f (a) f (a + h) − f (a)


lim = lim = lim
x→a x−a h →0 a+h−a h →0 h

Se este limite for verdadeiro para outros valores do domínio da função e se, por exemplo,
pudermos substituir a por x, de tal modo que este limite seja verdadeiro, podemos considerar a
função derivada da função f.

Desta forma, dada uma função f, temos que a função derivada de f será dada por:

f ( x + h) − f ( x)
f ' ( x ) = lim
h →0 h

E o domínio desta nova função será o conjunto {x tal que f‘(x) existe}. Isto significa que o
domínio da função derivada pode ser menor que o domínio da função.
É comum alguns livros adotarem outras notações alternativas para a derivada.

Se consideramos y = f(x), a derivada pode ser denotada por:

dy df d
f '( x) = y ' = = = f ( x ) = Df ( x ) = Dx f ( x )
dx dx dx

Teorema 7
Se a função f possui derivada em x = a, então a função f é contínua em x = a.
Vamos provar este teorema. Para isso, precisamos identificar quais são as hipóteses que temos
dadas no enunciado do teorema. É dado que a função f possui derivada em x = a.

Então, temos que existe:

f ( x) − f (a)
f ' ( a ) = lim
x→a x−a
Mas, queremos provar que f é contínua em x = a, ou seja, que f ( a ) = lim f ( x ) . Vamos, então,
x→a
utilizar uma estratégia. Como x ≠ a, temos que:

f ( x) − f (a)
f ( x) − f (a) = .( x − a )
x−a

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E vamos aplicar o limite nos dois membros desta igualdade.

f ( x) − f (a) f ( x) − f (a)
lim  f ( x ) − f ( a )  = lim[ . ( x − a )] = lim .lim ( x − a )
x→a x→a x−a x →a x−a x →a

f possui derivada em x= a

Então, temos que:

lim  f ( x ) − f ( a )  = f ' ( a ) . ( a − a ) = 0
x→a

Ou seja,

lim  f ( x ) − f ( a )  = 0 → lim f ( x ) = lim f ( a ) = f ( a )


x→a x→a x→a

Provamos que a função f é contínua em x = a.


É importante salientar que se a função é contínua em x = a, não é verdade que a função
possui derivada em x = a.

Exemplos
1 - Vamos determinar a derivada da função f(x) = x2 em a ∈Df. Podemos utilizar um dos dois limites
dados na definição de derivada.
Consideramos f(x) =x2
f (a + h) − f (a) ( a + h) − a2
2

f ' ( a ) = lim = lim


h →0 h h →0 h
2 2 2
a + 2ah + h − a 2ah + h 2
f ' ( a ) = lim = lim
h →0 h h →0 h
h. ( 2a + h )
lim = lim ( 2a + h ) = 2a
h →0 h h →0

Desta forma, concluímos que se f(x) = x2, então f‘(x) = 2x.


2- Consideremos, agora, a função f(x) = c, c é uma constante fixa e o valor a pertencente ao
domínio da função f.

f’(a)= lim f ( a + h ) − f ( a ) = lim c − c = lim 0 = 0 Consideramos f(x) = c


h →0 h h →0 h h →0 h

Desta forma, concluímos que se f(x) = c, então f‘(x) = 0.

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Unidade: Continuidade e Derivadas

3- Seja f(x) = x e determinemos a função derivada.

f ( x + h) − f ( x) x+h−x h
f ' ( x) = lim = lim = lim = lim1 = 1
h →0 h h →0 h h →0 h h →0

Desta forma, concluímos que se f(x) = x, então f‘(x) = 1.


4- Seja f(x) = x2 + 2x – 1 e determinemos a função derivada.

[( x + h ) + 2 ( x + h ) − 1] − ( x 2 + 2 x − 1)
2
f ( x + h) − f ( x)
f ' ( x ) = lim = lim
h →0 h h →0 h
[ x + 2 xh + h + 2 x + 2h − 1] − ( x + 2 x − 1)
2 2 2

lim
h →0 h
2 xh + h 2 + 2h h. ( 2 x + h + 2 )
lim = lim = lim ( 2 x + h + 2 ) = 2 x + 2
h →0 h h →0 h h →0

Desta forma, concluímos que se f(x) = x2 + 2x – 1, então f‘(x) = 2x + 2.


Como vimos anteriormente, o limite que define a função derivada é o coeficiente angular da
reta tangente ao gráfico da função em um determinado ponto.
E como a equação de uma reta é dada por: y – y0 = m.(x – x0), onde m é o coeficiente
angular e (x0, y0) é um ponto do gráfico da função, podemos escrever que:

A reta tangente a y = f(x) em (a,f(a)) é a reta que passa pelo ponto (a,f(a)) e
tem inclinação igual a f‘(a). E sua equação é dada por:

y – f(a) = f‘(a).(x – a)

5- Determine a equação da reta tangente à parábola f(x) = x2 + 2x – 1 no ponto (1,2).

No exemplo 4, determinamos a derivada da função f(x) = x2 + 2x – 1, que é dada por


f‘(x) = 2x + 2.

Como queremos determinar a equação da reta tangente à curva no ponto (a=1 e f(a)= 2),
precisamos determinar o valor da derivada em x = 1.

Substituindo x = 1 em f‘(x), temos f‘(1) = 2.1 + 2 = 4.

E a equação de uma reta tangente é dada por:


y – f(a) = f‘(a).(x – a)
y – 2 = 4.(x – 1)
y = 4x – 4 + 2 ⟹ y = 4x – 2
Vejamos os gráficos da função f e da reta tangente ao ponto (1, 2)

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6- Consideremos a função f ( x) = x + 1 e determinemos sua derivada.
Primeiramente, determinemos o domínio da função f.
Para que a raiz quadrada de (x + 1) exista, é necessário que tenhamos:

x+1≥0
x ≥–1

Desta forma, temos que o domínio da função f é {x ϵ IR / x ≥–1}


Vamos determinar, agora, a função derivada.

f ( x + h) − f ( x) x + h +1 − x +1
f ' ( x ) = lim f ( x + h ) − f ( x ) = lim x + h + 1 − x + 1
h → 0 f ( x + hh) − f ( x )
ff '' (( xx )) =
= lim
lim =
= lim
h →0
lim
x + h + h1 − x + 1
h →0 h h →0 h
x + h + 1 − x + 1 x +hh + 1 + x + 1
h →0 h → 0
lim x + h + 1 − x + 1 . x + h + 1 + x + 1 = lim ( x + h + 1) − ( x + 1)
( xh+ h + 1) − ( x + 1)
lim
h →0 x + h + h1 − x + 1 . x + h + 1 + x + 1 = lim h →0
(
h.( x +x h+ ++11)h−+( x x+ +
1)1
)
lim
h →0
h →0
h
h
h
. x + h + 1 + x + 1 = lim
x + h +1 + x +1
1
h →0
h → 0 h.(( x +
1
+ 1 h
h. x + +1h + x + 1 + x + 1 ))1
lim h = lim 1 = 1 = 1
lim
h →0
(
h. x + h +h1 + x + 1 = ) lim
h →0 x + h +1 + x + 1 = x +1 + 1 x +1 = 2 1x + 1
lim
h → 0 h.
h →0
((
h. xx +
+hh+ +1 1+ + xx + +1))
1
= lim
h →0
h →0 xx +
+hh++1 1++ xx + +11
= xx +
+11++ xx + +11 2
=
2 xx +
+11

1
Assim, se f ( x) = x + 1 , então sua derivada é f ( x) =
2 x +1
.

f ( x) a= x + 1 está no denominador
Determinemos, agora, o domínio da função derivada. Como
da função derivada, então devemos ter:

x + 1 > 0 ⟹ x > –1

17
Unidade: Continuidade e Derivadas

Desta forma, o domínio da derivada da função f é {x ϵ IR / x > –1}, que é diferente do


domínio da função.
 x2 + 2, x ≤ 2
7 - Vamos considerar o gráfico da seguinte função g( x ) =  .
 x + 4, x > 2

Primeiramente, verificamos que o domínio da função g é IR, pois esta função está definida
para todo valor de x ϵ IR.

Depois, é possível perceber, analisando o gráfico da função g, que esta função é contínua em
seu domínio. Mas, vamos verificar os limites laterais para x se aproximando de 2, que é valor
em que ocorre a junção do gráfico de uma parábola e de uma reta.

lim− g ( x ) = lim− ( x 2 + 2 ) = lim− x 2 + lim− 2 = 22 + 2 = 6


x→2 x→2 x→2 x→2

lim g ( x ) = lim+ ( x + 4 ) = lim+ x + lim+ 4 = 2 + 4 = 6


x → 2+ x→2 x→2 x→2

Concluímos, então, que a função g é contínua em x = 2, pois os limites laterais são iguais e
lim g ( x ) = g ( 2 ) = 22 + 2 = 6
x→2 .
Mas, vamos agora verificar se a função g possui derivada em x = 2.

Assim, queremos verificar o seguinte limite:

g ( 2 + h ) − g ( 2)
g ' ( 2 ) = lim
h →0 h
Porém, esta função está definida por intervalos e para determinar este limite precisamos
calcular os limites laterais.

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Se a variável se aproxima de 2 por números menores que 2, então h se aproxima de zero por
números negativos e teremos 2 + h < 2 (h < 0).

g ( 2 + h ) − g ( 2) [( 2 + h ) + 2] − (22 + 2) (4 + 4h + h 2 + 2) − ( 4 + 2 )
2

lim− = lim− = lim− =


h →0 h h →0 h h →0 h
4h + h 2 h (4 + h)
lim− = lim− = lim− ( 4 + h ) = 4 + 0 = 4
h →0 h h →0 h h →0

Agora, se a variável se aproxima de 2 por números maiores que 2, então h se aproxima de


zero por números positivos e teremos 2 + h > 2, ou seja, h > 0.

g ( 2 + h ) − g ( 2) ( 2 + h + 4 ) − ( 2 + 4 ) = lim h = lim 1 = 1
lim+ = lim+
h →0 h h →0 h h → 0+ h h → 0+

Verificamos que os limites laterais são diferentes, então a função g não possui derivada em x = 2.
Desta forma, exemplificamos que, embora a função seja contínua em todo seu domínio, esta
função não possui derivada em todo o seu domínio.
Lembre-se de que, pelo teorema 7, se a função possui derivada em um determinado ponto,
então a função é contínua neste ponto. Mas, a recíproca não é verdadeira, como verificamos
neste exemplo.

Interpretação Geométrica da Derivada


Determinamos, até este momento, a derivada de uma função pela definição de derivada.
Mas, também verificamos que podemos generalizar alguns destes resultados.
Por exemplo, seja f(x) = c, c uma constante fixada. Verificamos que a derivada desta função
é nula, ou seja, f‘(x) = 0, para qualquer valor de x.
Vejamos graficamente o que isso significa, consideremos f(x) = 2.

19
Unidade: Continuidade e Derivadas

Neste caso, para qualquer valor de x, temos sempre que f(x) = 2, ou seja, o gráfico desta
função é uma reta horizontal. Em uma reta horizontal temos que a inclinação é nula.
E o que significa a derivada desta função ser nula?
Estudamos que a derivada de uma função em um determinado ponto é o coeficiente angular
da reta tangente ao gráfico da função no ponto determinado.
Neste caso, ao determinar que a derivada em qualquer ponto desta função é nula, significa
que a função derivada é, também, uma reta horizontal. Agora, f‘(x) = 0 pode ser escrita como
y = 0, que é a equação que representa o eixo x.
Salientamos que, como a reta tangente, a curva deve passar pelo ponto. Então, a reta tangente
ao gráfico desta função é a próxima reta f(x) = 2.

y – f(a) = f‘(a).(x – a)
y – 2 = 0.(x – a)
y = 2 = f(x)

Analisemos outro caso: seja a função f(x) = x e sua derivada f‘(x) = 1. Vamos desenhar o
gráfico destas duas funções.

A derivada de uma função em um determinado ponto é o coeficiente angular da reta tangente


à curva no ponto determinado.
Consideremos x = a, como f(x) = x então f(a) = a. Para determinarmos a equação da reta
tangente ao gráfico da função no ponto (a,a), é necessário calcular a derivada de f em x = a e
como f‘(x) = 1, temos que f‘(a) = 1.

y – f(a) = f‘(a).(x – a)
y – a = 1.(x – a)
y = x = f(x)

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Ou seja, verificamos que a equação da reta tangente ao gráfico da função f em um ponto
(a,a) é igual à expressão da função f. Então, a reta tangente coincide com o gráfico da função f.
Mas, preste atenção!
Desenhamos anteriormente o gráfico da função f e da derivada de f; não o gráfico da reta tangente.
O gráfico da derivada da função f(x) = x indica que em cada valor x = a, temos f’(a) = 1,
qualquer que seja o valor de a do domínio da derivada da função f. Ou seja, a derivada da
função f é uma função constante e igual a 1.
Vejamos mais um exemplo, seja f(x) = x2 e sua derivada é f’(x) = 2x, também determinada
anteriormente.
Sabemos que a derivada de uma função em um determinado ponto é o coeficiente angular
da reta tangente à curva no ponto determinado.
Consideremos, então, x = 1, como f(x) = x2 então f(1) = 1.
Para determinarmos a equação da reta tangente ao gráfico da função no ponto (1, 1) é
necessário calcular a derivada de f em x = 1 e como f‘(x) = 2x, temos que f’(1) = 2.

y – f(a) = f’(a).(x – a)
y – 1 = 2.(x – 1)
y = 2x – 2 + 1
y = 2x – 1

Ou seja, determinamos que a equação da reta tangente ao gráfico da função f em um ponto


(1,1) é y = 2x – 1.
Desenhemos o gráfico da função f, da função derivada de f e da reta tangente ao gráfico da
função f no ponto (1,1).

21
Unidade: Continuidade e Derivadas

Vejamos mais um exemplo.


 x2 − 1, x ≤ 2
Seja f ( x) =  , uma função definida por intervalos. Esta função é contínua em todo
3, x > 2
seu domínio, mas não é derivável em x = 2. Vejamos o gráfico desta função.

Vejamos que a função não é derivável em x = 2, calculando os limites laterais.


Se os valores de x se aproximam de 2 por valores maiores que 2, então queremos h > 0. E
a expressão a ser utilizada no limite lateral é f(x)=3, para x > 2.

f ( 2 + h) − f ( 2) 3−3 0
lim+ = lim+ = lim+ = 0
h →0 h h →0 h h →0 h

E ao analisarmos o gráfico da função, percebemos que a reta tangente ao gráfico de f para


x > 2 é uma reta horizontal, logo f’(x)=0, para x>2.
Agora, se os valores de x se aproximam de 2 por valores menores que 2, então queremos
h < 0. E a expressão a ser utilizada no limite lateral é f(x)=x2 - 1, para x > 2.

f ( 2 + h) − f ( 2) [( 2 + h ) − 1] − (22 − 1)
2

lim = lim− =
h → 0− h h →0 h
(4 + 4h + h 2 − 1) − ( 4 − 1)
= lim− =
h →0 h
3 + 4h + h 2 − 3 4h + h 2
= lim− = lim− =
h →0 h h →0 h
h (4 + h)
= lim− = lim− ( 4 + h ) = 4
h →0 h h →0

Como os limites laterais são diferentes em x = 2, então, a função f não é derivável em x = 2.


Podemos também saber que não existe a derivada na função em x = 2 ao analisarmos o gráfico
da função, pois, em x = 0, percebemos que o gráfico apresenta um bico, uma ponta.

22
Regras de Derivação

Apresentamos, agora, uma lista das derivadas das funções elementares. Algumas das
demonstrações destas regras de derivação foram realizadas ao longo desta Unidade e outras
estão no tópico Aprofundando o Tema.

y=c y’ = 0
y=x y’ = 1
y = x2 y’ = 2x
y = x3 y’ = 3x2
y = xn y’ = n.xn-1
y = c.f(x) y’ = c.f’(x)
y = f(x) + g(x) y’ = f‘(x) + g’(x)
y = f(x) – g(x) y’ = f‘(x) – g’(x)

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Unidade: Continuidade e Derivadas

Material Complementar

Para pesquisar e aprofundar seus estudos sobre Limites consulte o site e as referências a seguir.
Sites
»» http://www.somatematica.com.br/superior/derivada.php
»» http://www.somatematica.com.br/historia/derivadas.php
»» http://www.somatematica.com.br/superior/limites/limites3.php
»» https://pt.khanacademy.org/math/differential-calculus/taking-derivatives/intro_
differential_calc/v/newton-leibniz-and-usain-bolt
»» https://pt.khanacademy.org/math/differential-calculus/taking-derivatives/derivative_
intro/v/calculus-derivatives-1-new-hd-version
»» http://omatematico.com/Novo/NIVELSUPERIOR/derivadas/derivadas.html

Referências Bibliográficas
ANTON, H. Cálculo, Um Novo Horizonte. v. 1. Porto Alegre: Bookman, 2000;
STEWART, J. Cálculo. v. 1. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2009;
THOMAS, G. Cálculo. v. 1. São Paulo: Addison Wesley, 2003.

24
Referências

STEWART, J. Cálculo. v.1 4.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning. 2001.

LARSON, R.; HOSTETLER, R. P.; EDWARDS, B. H. Cálculo. v.1. São Paulo: McGraw-Hill, 2006

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Unidade: Continuidade e Derivadas

Anotações

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