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OTIMIZAÇÃO DA DERIVADA
167 minutos
Aula 4 - Otimização
Referências
Aula 1
INTRODUÇÃO
A história do cálculo perpassa a busca em descrever o comportamento dos fenômenos físicos.
É nesse contexto que nossa aula começa. Abordaremos as chamadas taxas relacionadas, que são as relações
estabelecidas entre as várias taxas de variação de um determinado fenômeno físico.
É comum que esses modelos matemáticos, que expressam fenômenos da natureza, não sejam apresentados
por equações explícitas ou simplificadas, o que nos leva à necessidade de trabalhar com equações implícitas e,
consequentemente, seus processos de derivação. Além disso, pela complexidade das equações envolvidas nos
modelos, apresentaremos as técnicas de derivação para expressões com expoentes racionais.
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Nesses casos, trabalhamos com o que é chamado a função implícita de x e utilizamos a regra da cadeia como
técnica de derivação.
Seja a equação y = x 2
− 5 . Observa-se que y é uma função explícita de x, pois podemos escrever y = f (x),
onde f (x) = x 2
− 5 .
Entretanto, a equação 2x 2
− 2y = 10 define a mesma função, pois, isolando y, obtemos y = x 2
− 5.
2
y = x − 5
Exemplo 1
Dada a equação 4x 2
− 2y = 6 , determine y' (x).
Solução:
Para não esquecermos que y é função em relação a x, podemos escrever a equação como 4x 2
− 2y (x) = 6 .
Assim, derivando ambos os lados em relação a x, obtemos 8x − 2y′(x) = 0 ou y′(x) = 4x.
Exemplo 2
Dada a equação x 2
y + 2y
3
= 3x + 2y determine y'.
Solução:
Note que a expressão y’ é uma função de x, logo, adotaremos a notação y(x) para evidenciar a necessidade da
aplicação da regra da cadeia.
2 2
2xy (x) + x y' (x) + 6[y (x)] y' (x) = 3 + 2y' (x)
2 2 3−2xy
y′(x) [x + 6[y (x)] − 2] = 3 − 2xy (x) ⇒ y′(x) = 2 2
x +6y −2
Muitas aplicações necessitam desse tipo de derivação, como, por exemplo, problemas de otimização e
problemas que envolvem taxas relacionadas. A capacidade de resolver uma derivada de forma implícita
também nos ajuda a entender o comportamento de algumas funções.
As taxas relacionadas permitem que avaliemos equações que apresentam mais de uma taxa de variação
instantânea conectadas entre si por uma mesma variável independente, sendo que essas expressões podem
estar na forma implícita.
Dessa forma, novamente temos a regra da cadeia como umas das principais ferramentas de cálculo para
solucionar problemas que envolvem taxas relacionadas.
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dt dt
2 3 2
x − y − 2x + 7y − 2 = 0
2
2xx' − 3y y' − 2x' + 14yy' − 0 = 0
As derivadas e são chamadas de taxas relacionadas, pois estão relacionadas por uma equação. Tal
dx dy
dt dt
equação pode ser usada para achar uma das taxas, quando a outra é conhecida.
Por exemplo, a velocidade é uma taxa de variação de um deslocamento em relação ao tempo. Assim, é possível
interpretar as taxas de variação e como velocidades instantâneas.
dx dy
dt dt
Podemos citar, além da velocidade, a taxa de variação da temperatura em relação ao tempo, dentre outras.
Outro problema muito comum, quando possuímos um modelo matemático que representa algum fenômeno da
natureza, está no fato de que as equações que o compõem costumam ser bastante complexas. Nesse sentido,
apresentamos a técnica para derivar equações com expoentes racionais. Na verdade, em nada difere um
expoente racional de um expoente inteiro e, por isso, podemos aplicar com bastante simplicidade a regra da
potência dada por:
d n n−1
[x ] = nx
dx
Exemplo 3
Duas variáveis x e y são funções de uma variável e estão ligadas pela equação
2
√ x − 2y + x = 7
Solução:
1
d(x 2 ) 2
2d(y ) d(x) d(7)
− + =
dt dt dt dt
1
1 − ′ ′ ′
x 2
x − 2 (2yy ) + x = 0
2
ou
1 dx dy dx
− 4y + = 0
2√ x dt dt dt
1 dx dy
( + 1) = 4y
2√x dt dt
1
+1
dy 2√x dx
=
dt 4y dt
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Com isso, conseguimos relacionar duas variáveis, x e y, em relação ao tempo, t, através de suas taxas de
variação.
FERRAMENTAS DE CÁLCULO
Como vimos, a derivação implícita é uma técnica de derivação utilizada para calcular a derivada quando não
temos uma expressão apresentada de maneira explícita ou quando o processo de transformação de uma
expressão implícita em explícita é muito trabalhoso.
A derivada implícita também pode ser utilizada para obter as derivadas das funções trigonométricas inversas. A
seguir, veja o processo para obter a derivada de y=arctg(x) usando a derivação implícita.
Exemplo 4
dx
x = tg y
• A derivada do lado esquerdo da expressão é resolvida aplicando a derivada da identidade dada por:
d
(x) = 1
dx
• A derivada do lado esquerdo da expressão é uma função na variável y, dependente de x. Desse modo, ao
aplicar a regra da cadeia, obtém-se:
d d dy dy
dx
(tg y) =
dy
(tg y).
dx
= sec y. ² dx
dx
(x) =
d
dx
(tg y) obtendo 1 = sec²y. dy
dx
Isolando o termo dy
dx
, encontramos:
dy 1
=
dx sec y ²
Ainda podemos usar a relação trigonométrica fundamental dada por tg²y + 1 = sec y, além da relação x=tg y, 2
Tendo claro que a derivação implícita e a derivação de funções com expoentes racionais são técnicas de
derivação que podem ser necessárias como ferramenta para resolver problemas que envolvem taxas
relacionadas, traremos, na sequência, um passo-a-passo que pode auxiliá-lo a resolver questões dessa
natureza..
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Passo 1: represente graficamente a situação problema, identificando as variáveis que serão adotadas na
construção do modelo matemático (avaliar se pode ser aplicado ao problema).
Passo 2: identifique as taxas de variação que são conhecidas (fornecidas) e a taxa de variação que deve ser
encontrada.
Passo 3: determine uma equação que relacione a quantidade, cuja taxa de variação deve ser encontrada, com a
quantidade cuja taxa de variação é conhecida.
Passo 4: derive ambos os lados dessa equação em relação à variável tempo, utilizando-se da regra da cadeia.
Exemplo 1
Um estudo ambiental, realizado em um bairro, sugere que a concentração média diária de monóxido de
carbono no ar é c (p) = √0,5p 2
+ 17 partes por milhão quando a população é p milhares de residentes.
Estima-se que, daqui t anos, a população do bairro será de p (t) = 3,1 + 0,1t mil residentes. Qual será a taxa 2
(não se aplica)
Passo 2: identifique as taxas de variação que são conhecidas (fornecidas) e a taxa de variação que deve ser
encontrada.
dt
para t=3
Passo 3: determine uma equação que relacione a quantidade, cuja taxa de variação deve ser encontrada, com a
quantidade cuja taxa de variação é conhecida.
Passo 4: derive ambos os lados dessa equação em relação à variável tempo, utilizando-se da regra da cadeia.
dc dc dp
= .
dt dp dt
1
−1
dc 1 2 2 2−1
= (0,5p + 17) . (2.0,5.p )
dp 2
1
−
dc 1 2 2 1
= (0,5p + 17) . (1.p )
dp 2
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dp
dt
∣
Substituindo as informações dadas:
= (0,2)t
1
dc
dp
p=4
Tem-se:
dc
dt
=
4
2
((0,5)4
= (0,4)(0,6) = 0,24
2
+ 17)
−
2
dp
2
p=4
= 0,4
=
2
dp
dc 4
=
dp
dt
((0,5)4
dp
dt t=3
p
dc
dt
wlldd_231_u4_cal_int_dif
(0,5p
= 2.0,1.t
dp
dt
dc
dt
=
= 0,2.t
+ 17)
= (0,2)3
dc
dp
dc
dp
2
= 4
−
+ 17)
dp
dt
dp
dt
2−1
1
1
dp
dt
dc
dp
= 0,4
= 0,6
−
p=3
=
1
Nesse exemplo, utilizamos os três conceitos principais dessa aula: as taxas relacionadas, a derivação implícita e
a derivação de funções com expoentes racionais.
APLICAÇÃO
A seguir, traremos dois modelos matemáticos aplicados a situações práticas. Lembre-se que os modelos são
simplificações de estruturas reais, portanto muitas variáveis são desconsideradas no processo de simplificação.
Aplicação 1
Um tumor é modelado por uma esfera de raio r. Se o raio do tumor mede, atualmente, r = 0,5 cm e está
diminuindo à taxa de 0,01 cm por mês, devido ao tratamento que está sendo aplicado, determine a taxa de
variação do volume do tumor.
Solução: segundo o enunciado do problema, tem-se a taxa de regressão do tumor dada por dr/dt=-0,01
cm/mês (o sinal negativo indica que o raio está diminuindo com o passar do tempo) e o raio da esfera que
descreve o tumor dado por 0,5 cm. A partir desses dados, deve-se determinar
do volume em relação ao tempo.
3
πr ³
= (0,2)3
2
2
(0,5p
1
+ 17)
dV
dt
= 0,6
−
1
2
.Aplicando esse
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Note que o problema está relacionado à variável tempo, portanto é necessário derivar a equação em função do
tempo. Ainda, é importante lembrar que um número inteiro também pode ser escrito na sua forma fracionária
e que a regra da potência para derivadas se aplica da mesma maneira para os dois casos. Assim, usando a regra
da cadeia, tem-se que:
dV 4 2 dr 2 dr
= π .3 r = 4 π r
dt 3 dt dt
dV 2
dt
= 4 π (0,5) (−0,01) = −0,01π = −0,0314cm/m s ê
Aplicação 2
Os trilhos são perfis de aço, dispostos de forma paralela entre si, formando as vias-férreas onde circulam os
trens. Os trilhos são montados sobre dormentes de madeira ou concreto armado, por isso são feitos com um
espaçamento para a dilatação, de modo a não envergarem com ganho de calor ou retraírem com a queda da
temperatura. A dilatação não é um fenômeno visível e varia de acordo com o material e a temperatura.
Suponha que o trilho tenha 10 metros de comprimento e 65,09 mm de largura, sendo seu formato aproximado
a um retângulo.
Quando a temperatura atinge 40°C , esse material apresenta uma taxa de variação do comprimento
dc
dT
= 0,001 cm/°C e da largura dT
dl
= 0,001 cm/°C . Sabendo que a temperatura máxima na região
analisada atinge, em média, 40°C , determine a taxa de variação da área superior do trilho.
Solução: para resolver esse problema, é necessário determinar a taxa de variação do comprimento em relação
à temperatura.
• dl
dT
= 0,001 cm/ ℃(taxa de variação da largura em relação à temperatura).
• dc
dT
= 0,001 cm/°C (taxa de variação do comprimento em relação à temperatura).
Considerando que a área do retângulo é dada por A = cl(produto do comprimento pela largura) e tanto o
comprimento quanto a largura dependem da temperatura, então, para encontrar a taxa de variação da área, é
necessário determinar a derivada do produto. Assim,
dA dc dl
= l + c
dT dT dT
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Dessa forma, percebemos a importância das ferramentas do cálculo diferencial integral para modelar e resolver
situações práticas ao nosso redor.
VÍDEO RESUMO
Nesta aula, vamos trazer o conceito de taxas relacionadas e resolveremos uma aplicação sobre esse assunto.
Para isso, necessitamos de algumas técnicas de derivação, também chamadas de ferramentas de cálculo.
Portanto, veremos o processo de derivação implícita.
Ao final da aula, você estará apto a identificar problemas que envolvem taxas relacionadas e saberá resolvê-los.
Saiba mais
Sugerimos como ferramenta gráfica para a visualização de gráficos de funções o software de geometria
dinâmica Geogebra online.
Aula 2
MÁXIMOS E MÍNIMOS
Nesta aula, estudaremos os pontos chamados de máximos e mínimos de uma função e
descreveremos os testes ou critérios para identificar tais pontos.
40 minutos
INTRODUÇÃO
Na engenharia existem muitas aplicações que nos levam a questionamentos, tais como: qual o custo mínimo de
produção, qual a carga máxima que uma viga suporta, qual a velocidade máxima atingida, dentre outros. Essa
área é descrita, matematicamente, pelo que chamamos de problemas de otimização.
É comum que em um problema de otimização precisemos determinar pontos de máximo e/ou de mínimo da
função que descreve o modelo representado. Para isso, é necessário que consigamos identificar esses pontos e
avaliar o comportamento da função com relação aos chamados pontos de inflexão, ou seja, pontos onde a
função muda o seu comportamento. Todos esses conceitos são descritos por meio de derivadas.
Nesta aula, estudaremos os pontos chamados de máximos e mínimos de uma função e descreveremos os
testes ou critérios para identificar tais pontos.
Graficamente, quando a derivada de uma função em um ponto especificado é igual a zero, temos uma reta
tangente a essa função que é paralela ao eixo das abscissas. Esse resultado matemático responde a muitos
questionamentos em modelos de otimização.
Para começar, precisamos definir alguns conceitos que serão base para a construção dos chamados máximos e
mínimos de uma função. Partiremos da análise do crescimento ou decrescimento dessa função em pontos
conhecidos.
seja y=f(x) uma função definida em um intervalo I. A função f é crescente no intervalo I se:
Note que as retas tangentes aos pontos x1 e x2 possuem o ângulo de inclinação entre 0 e 90º. Qualquer reta
tangente a f(x) crescente tem inclinação positiva, ou seja, f'(x)>0.
Através da relação entre a inclinação da reta tangente em um ponto especificado com a derivada dessa
mesma função neste ponto de tangência temos que tg = m = .
dy
(x0)
dx
A tangente será positiva quando o ângulo estiver no intervalo entre 0 e 90º. Esse resultado indica que o
coeficiente angular será positivo nesses mesmos intervalos.
Como o coeficiente angular é a derivada da função no ponto de tangência, pode-se garantir que a função é
crescente sempre que a derivada da função for positiva.
Seja y=f(x) uma função definida em um intervalo I. A função f é decrescente no intervalo I se f(x1)>f(x2) sempre
que x1<x2, para todo x 1, x2 ∈ I .
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Note que as retas tangentes aos pontos x1 e x2 possuem o ângulo de inclinação entre 90 e 180º. Nesse caso,
qualquer reta tangente à f(x) decrescente tem inclinação negativa, ou seja, f'(x)<0.
Considerando tg = m = , então, a função f(x) será decrescente sempre que a sua derivada for
dy
(x0)
dx
negativa.
O ponto intermediário entre um intervalo de crescimento e decrescimento de uma função é chamado de ponto
crítico. Vejamos a seguir essa definição.
Definição 1
Se x0 for um número do domínio da função f e se f’(x0) = 0 ou f’(x0 ) não existir, então, x0 será chamado de ponto
crítico de f.
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Exemplo 1:
3
+ 4x 3
Solução:
Os pontos críticos serão encontrados fazendo , logo . Neste exemplo, utilizaremos o gráfico
1 2
4 4 −
x 3
+ x 3
= 0
3 3
da função (sugerimos o uso do software Geogebra para desenhar o gráfico da função. Veja no Saiba mais o
endereço eletrônico dessa ferramenta) para encontrar as raízes da função de . Para isso,
1 2
4 4 −
x 3
+ x 3
= 0
3 3
Observe que, quando x = – 1, temos f’(x) = 0 e, quando x = 0, temos que f’(x) não existe. Ambos (– 1 e 0) estão no
domínio de f; logo, podemos dizer que – 1 e 0 são pontos críticos de f.
Figura 5 | Gráfico de f e f´
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Note que a identificação de x=-1 como ponto crítico permite que calculemos o valor para f(-1)=-3, obtendo, com
isso, o ponto B=(-1,-3), que é um ponto crítico de f(x).
Exemplo 2:
Solução:
2
f ′(x) = x + 3x + 2 ; assim, se f’(x) = 0, temos que x 2
+ 3x + 2 = 0 . Logo, x = –1 e x = –2. Como –1 e –
2 estão no domínio de f, então, podem ser denominados pontos críticos de f.
Como vimos, a derivada permite avaliar a função quanto ao seu crescimento ou decrescimento em intervalos
conhecidos. Como consequência, o ponto que divide esses intervalos é chamado ponto crítico da função. Mas,
será que podemos dizer que esses serão os pontos máximos e mínimos? Veremos na sequência a resposta a
essa questão.
FERRAMENTAS DE CÁLCULO
Dentro das aplicações que envolvem conceitos matemáticos é comum que precisemos calcular, para uma
função f em um intervalo pré-determinado, o maior valor de f(x) ou o menor valor para o intervalo. Problemas
de otimização, por exemplo, usam exatamente esse conceito.
O maior valor da função nesse intervalo é chamado de valor (ou ponto) máximo absoluto e o menor valor da
função no intervalo é chamado de valor (ou ponto) mínimo absoluto.
A função f terá um valor máximo absoluto em um intervalo se existir algum número c no intervalo tal que f(c) ≥
f(x) para todo x no intervalo. Nesse caso, f(c) será o valor máximo absoluto de f no intervalo.
Os dois teoremas que veremos na sequência embasam a aplicação de máximos e mínimos de funções.
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Se f for contínua em [a, b] e derivável em ]a, b[, então, existirá pelo menos um c em ]a, b[ tal que
f (b)−f (a)
= f ´(c) ou f (b) − f (a) = f ′(c) (b − a)
b−a
Geometricamente, se s é uma reta passando pelos pontos (a, f(a)) e (b, f(b)), existirá pelo menos um (c, f(c)) com
a < c < b, tal que a reta tangente ao gráfico f, nesse ponto, é paralela à reta s. Como é o coeficiente
f (b)−f (a)
b−a
A demonstração do Teorema do Valor Médio é baseada em um caso particular, conhecido como Teorema de
Rolle.
• f(a) = f(b) = 0.
Demonstração
• Primeiro caso: f(x) = 0 para todo x ∈ [a, b]. Então, f’(x) = 0 para todo x ∈ (a, b), logo, qualquer número entre a e
b pode ser tomado como c.
Como f é contínua no intervalo fechado [a, b], então f tem um valor de máximo e um valor de mínimo absoluto
em [a, b].
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f(x) não é zero Ɐx ∈ (a, b). Logo, f terá um valor máximo absoluto positivo em algum de (a, b), ou um valor
mínimo absoluto negativo em algum de
(a, b) ou ambos.
Assim, para ou , conforme o caso, existe um extremo absoluto em um ponto interior ao intervalo [a, b]. Logo, o
extremo absoluto f(c) é também um extremo relativo e, como por hipótese existe f’(c), segue que f’(c) = 0.
f(x) não é zero Ɐx ∈ (a, b). Logo, f terá um valor máximo absoluto positivo em algum de (a, b), ou um valor
mínimo absoluto negativo em algum de
(a, b) ou ambos.
Assim, para c = c ou c = c , conforme o caso, existe um extremo absoluto em um ponto interior ao intervalo
1 2
[a, b]. Logo, o extremo absoluto f(c) é também um extremo relativo e, como por hipótese existe f’(c), segue que
f’(c) = 0.
As definições nos mostram como avaliar a existência de valores máximos e mínimos de funções, que podem ser
observados na Figura 6.
Definição 2
A função f terá um valor máximo relativo em c se existir um intervalo aberto contendo c, no qual f(x) esteja
definida, tal que f(c) ≥ f(x) para todo x nesse intervalo.
Definição 3
A função f terá um valor mínimo relativo em c se existir um intervalo aberto contendo c, no qual f(x) esteja
definida, tal que f(c) ≤ f(x) para todo x nesse intervalo.
Exemplo 3
Dada f(x) = 4x3 – 9x. Analise as condições das hipóteses do Teorema de Rolle no intervalo
−√ 3 √3
[ , ]
2 2
Figura 9 | Gráfico da função f(x) = 4x3 – 9x e representação dos pontos críticos respectivamente máximo e mínimo local
Note que o intervalo foi escolhido adotando os pontos de máximo e mínimo absolutos dessa função. Assim,
temos como ponto de máximo absoluto o ponto D e como ponto de mínimo absoluto o ponto E. Para calculá-
los, basta fazer f'(x)=12x2-9=0. Assim, teremos .
Se a função f tiver um máximo ou mínimo relativo em c, então, f tem um extremo relativo em c. Através da
aplicação do Teorema do Valor Médio (TVM) é possível encontrar os possíveis c para os quais existe um extremo
relativo.
A condição de anulamento da derivada em um ponto c, contido no intervalo (a, b), é necessária, mas não é
suficiente para que c seja um extremo relativo. Isso ocorre porque f só terá extremos relativos quando f´(x)=0,
mas o contrário não é verdadeiro. Ou seja, a derivada de uma função pode resultar em zero, sem que esse seja
um extremo relativo.
Exemplo 4:
Solução:
f ′(x) = 5x
4
; assim, f’(0) = 0. Dessa forma, a derivada de f no ponto x0=0 é igual a zero, mas f não é derivável
nesse ponto, ou seja, não possui extremo relativo nesse ponto.
A seguir, apresentaremos os chamados testes da primeira e da segunda derivada, que resumem os conceitos
vistos até o momento.
Seja f uma função contínua em um intervalo fechado [a,b], que possui derivada em todo ponto do intervalo
aberto (a,b), exceto, possivelmente, em um ponto c:
• Se f'(x)>0 para todo x<c e f'(x)<0 para todo x>c, então, f tem um máximo local em c.
• Se f'(x)<0 para todo x<c e f'(x)>0 para todo x>c, então, f tem um mínimo local em c.
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Se a função cresce antes de chegar no ponto crítico e decresce após passar pelo ponto crítico, esse ponto crítico
é um ponto de máximo local da função. De forma análoga, se a função decresce antes de chegar no ponto
crítico e cresce após passar pelo ponto crítico, esse ponto crítico é um ponto de mínimo local da função.
Se f'(c)=0 no intervalo (a,b), então, c é um provável ponto de máximo ou de mínimo local em (a,b).
Solução: inicialmente, deve-se determinar os pontos críticos. Para isso, deriva-se a função uma vez e iguala-se a
zero, assim: f ′(x) = 3x 2
− 12 = 0 . As raízes dessa equação são {−2,2}, que são os pontos críticos.
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Ambos os critérios podem ser utilizados para determinar máximos e mínimos de função, dependendo da
facilidade de derivar e de analisar os intervalos.
Os pontos de extremos locais, máximo e mínimo local, podem ser utilizados para determinar máximos e
mínimos de funções, mas as aplicações limitam o intervalo em que os valores podem ser analisados. Nesse
caso, deve-se avaliar os pontos que limitam o intervalo da função.
VÍDEO RESUMO
Nesta aula, vamos trazer o conceito de máximos e mínimos de funções através dos testes de derivação.
Resolveremos um problema que permitirá a aplicação do critério da segunda derivada, que possibilitará a
análise dos pontos de máximo ou mínimos (locais ou globais).
Ao final da aula, você estará apto a identificar problemas que envolvem máximos e mínimos, locais e globais, e
aplicar os testes de derivação .
Saiba mais
Para reforçar o conteúdo da aula, sugerimos o material intitulado Teste da primeira derivada. Com ele você
poderá ver mais exemplos a respeito desse tema.
Aula 3
INTRODUÇÃO
Na engenharia existem muitas aplicações que nos levam a questinamentos, como: qual o custo mínimo de
produção, qual a carga máxima que uma viga suporta, qual a velocidade máxima atingida, dentre outros. Essa
área é descrita matematicamente pelo que chamamos de problemas de otimização.
É comum que, em um problema de otimização, precisemos determinar pontos de máximo e/ou de mínimo da
função que descreve o modelo representado. Para isso, é necessário que consigamos identificar esses pontos e
avaliar o comportamento da função com relação aos chamados pontos de inflexão, ou seja, pontos onde a
função muda o seu comportamento.
Com a identificação dos pontos de inflexão também é possível avaliar a função com relação a concavidades
formadas em subintervalos de seu domínio.
Nesta aula, identificaremos essas regiões onde há a mudança de concavidade e também os pontos de inflexão,
quando existirem.
Bons estudos.
• Se f ′(x) < 0 para todo x interior a I, então, f será estritamente decrescente em I.
Exemplo 1:
Solução:
Seja f (x) = x 3 2
– x – x + 1 , então, f ′(x) = 3x 2
– 2x – 1 .
Se fizermos f ′(x) = 3x 2
− 2x − 1 = 0 , obteremos as raízes x′= − e x 1
3
′′
= 1 .
3
e em ]1, + ∞[, e f’(x) < 0 em [−
[
1
3
,1].
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3
[ e em ]1,+∞[, e f é estritamente
decrescente em [− 1
3
,1].
Figura 1 | Gráficos de f e f’
Para analisar o intervalo de concavidade de uma função y=f(x), ou seja, se a função é côncava para cima ou
côncava para baixo, utilizamos a derivada de segunda ordem (teste da segunda derivada).
Assim, para avaliar a concavidade de uma função, é necessário calcular tanto a derivada de primeira ordem,
obtendo assim os pontos críticos e os domínios de crescimento (ou decrescimento) da função, quanto calcular a
derivada de segunda ordem, classificando os pontos críticos em máximos e mínimos (se existirem).
Exemplo 2:
Solução:
2
f ′(x) = 3x – 2x – 1 e f ′′
(x) = 6x − 2 .
• Se f ′′(1) > 0no intervalo Ia, então, a função é côncava para cima em Ia
• Se f ′′(− 1
3
) < 0no intervalo Ia, então, a função é côncava para baixo em Ia
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Note que não foi possível determinar os extremos para os intervalos Ia e Ib, pois ainda precisaremos
compreender mais uma definição para isso. Veremos como calcular esses valores a partir da próxima definição.
Definição 1
Temos um ponto de inflexão, x0 de f(x), tal que f(x0) é contínua, se f"(x0)=0 ou f"(x0) não existe.
Com essa informação, veremos no exemplo a seguir o cálculo para o ponto de inflexão e a determinação dos
intervalos Ia e Ib do Exemplo 2:
Exemplo 3:
Solução:
6x − 2 = 0 , logo x = 1
3
é o ponto de inflexão.
Agora, voltando aos resultados do exemplo anterior, podemos definir os intervalos Ia e Ib, logo:
3
, +∞) , então, a função é côncava para cima em( 1
3
, +∞)
• Se f ′′(− 1
3
) < 0 no intervalo (−∞, 1
3
), então, a função é côncava para baixo em(−∞, 1
3
)
Vimos nos exemplos acima o cálculo de pontos de inflexão e concavidade de funções com o uso das derivadas.
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1 Encontrar os pontos críticos da função f Os pontos críticos são todos os valores para
x, tais que f'(x)=0, ou f'(x) não existe.
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Exemplo 4:
1. Pontos críticos
Tendo f ′
(x) = 3x
2
− 3 e fazendo 3x 2
− 3 = 0 obtemos x=1 e x=-1. Observamos esses valores no gráfico a
seguir:
Lembrando que x=1 e x=-1 são as raízes de f’(x), logo D = (1,f (1)) e G=(-1,f(-1)) são os pontos críticos de f
apresentados.
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(1,∞) 2 ′
f (2) = 9 Crescente
Note que os valores são valores de cada um dos intervalos, escolhidos para verificação. Dessa forma, quando,
por exemplo, assumimos o intervalo (−∞, −1) e calculamos para x *
= −2 o valor para f ′ *
(x ) = f (−2) = 9
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• f ′
' (−1) = −6 < 0 , então x=-1 é ponto de máximo local.
• f ′′
(1) = 6 > 0, então x=1 é ponto de mínimo local.
onde x=-1 e x=1 são as raízes de f'(x), portanto, pontos críticos de f(x).
Logo, o ponto de inflexão é x=0. Com o ponto de inflexão calculado, determinamos os intervalos que
apresentam concavidade para cima e para baixo.
(0,∞) 1 ′
f (1) = 6 Concavidade para cima
5. Gráfico de f(x)
Note que a ferramenta gráfica (Geogebra) adotada para representar os gráficos em cada passo, permitiram que
fôssemos visualizando os resultados. Contudo, nem sempre temos esse tipo de ferramenta disponível. Assim, a
análise feita nos passos anteriores permite que, ao chegarmos no passo 5, possamos compreender a estrutura
do gráfico dessa função.
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Assim, temos as derivadas como uma importante ferramenta de construção de gráficos de funções e análise.
Exemplo 5:
A função S(t) reflete um aumento gradual dessa concentração e uma queda acentuada da quandidade de
medicamento na corrente sanguínea.
Estime o tempo t para a obtenção do ponto de inflexão. Avalie se essa função possui pontos de máximo e/ou
mínimo no intervalo 0 ≤ t ≤ 4 e analise o significado físico desses pontos nesse problema. Avalie também a
concavidade de S(t) para 0 ≤ t ≤ 4.
Solução:
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Pontos de inflexão são calculados quando a derivada de segunda ordem é nula. Já para a análise de pontos de
máximo e mínimo precisamos dos testes da primeira e segunda derivadas.
Assim, o primeiro passo nesse problema é encontrar as funções S' (t) e S'' (t). Logo:
t t
e (25−e ) t t
′ ′′ 25e −2e
S (t) = e S (t) =
25 25
Para nos auxiliar no cálculo de raízes de equações exponenciais, já que o foco dessa aula não está neses
cálculos, usaremos um software de geometria dinâmica que permite o cálculo das raízes e a visualização gráfica
dessas funções. Deixamos a descrição desse software no Saiba mais desta unidade.
t t
t = 3,2189
, logo t = 2,5257
t t
25e −2e
= 0
25
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O ponto de inflexão nos mostra quando a curva de concentração começa a subir. Assim, quando t=2,5257
horas, a concentração começa a subir até o seu pico máximo, que se dá 3,2189 horas após a aplicação do
medicamento.
VÍDEO RESUMO
Nesta aula, vamos trazer o conceito de concavidades e pontos de inflexão de uma função, apresentados no
contexto de uma aplicação. Ao final da aula, você estará apto a identificar e resolver problemas que envolvem a
análise de concavidades e pontos de inflexão, com o uso de derivadas de primeira e segunda ordem.
Saiba mais
Sugerimos como ferramenta gráfica para a visualização de gráficos de funções o software de geometria
dinâmica Geogebra online. Com ele, também é possível calcular as raízes e pontos específicos de uma
função conhecida.
Também indicamos uma calculadora online gratuita para auxiliar e comparar resultados: Symbolab.
Aula 4
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OTIMIZAÇÃO
Usaremos as técnicas de derivação aprendidas ao longo da disciplina para resolver problemas de
indeterminação no cálculo do limite de funções.
42 minutos
INTRODUÇÃO
Nesta unidade de aprendizagem, usaremos as técnicas de derivação aprendidas ao longo da disciplina para
resolver problemas de indeterminação no cálculo do limite de funções. Para esse fim, apresentaremos a
chamada Regra de L’Hôspital, idealizada pelo matemático Bernoulli.
Além disso, aplicaremos os conceitos e as técnicas de derivação para resolver problemas de otimização,
também chamados de aplicações. Nesse contexto utilizaremos, principalmente, os testes da primeira e segunda
derivadas, análise de pontos críticos, verificação da concavidade de funções e pontos de inflexão.
Misturaremos teoria e prática, aproximando os conceitos teóricos aprendidos com a resolução de problemas
reais.
0
e ∞
∞
suas representações matemáticas. Tem-se
também a multiplicação 0 ⋅ ∞, a subtração +∞ − ∞ e as potências 0 , ∞ e 1 . 0 0 ∞
A seguir apresentamos de qual limite de funções cada uma dessas representações deriva:
+
x
x
x→0
4. Para ∞ − ∞, tem-se lim f (x) + g (x), com lim f (x) = ∞ e lim g (x) = −∞,
x→a x→a x→a
∞ g(x)
x→a x→a x→a
0 g(x)
x→a x→a x→a
Algumas dessas indeterminações podem ser resolvidas por meio de simplificações, como exemplo,
substituições por produtos notáveis, uso de limites fundamentais ou aplicação de racionalização de
denominadores. Vejamos a seguir alguns exemplos:
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Exemplo 1:
Solução:
Aplicando uma substituição direta na tentativa de resolução desse limite, nota-se que existe uma
indeterminação do tipo . 0
Portanto, lim
(x−1) (√ x+1) (x−1)(√ x+1) (√ x+1)
x−1
lim = lim = lim = √1 + 1 = 2 = 2
(√x−1) (√x+1) (x−1) 1 √x−1
x→1 x→1 x→1 x→1
Observe na figura abaixo que em x=1 a função não tem solução. Esse resultado está apresentado na tabela ao
lado do gráfico.
√x−1
²
b. lim
sen x
x→0
²
x
Solução:
0
, neste caso, utiliza-se o artifício matemático do limite fundamental
lim
sen x
x
= 1 , então, deve-se arrumar o limite de modo que possa ser aplicada a substituição:
x→0
2
²
Portanto, lim
sen x
2
sen x 2 sen x sen x
2
lim = lim ( ) = (lim ) = 1 = 1 = 1.
x→0
2
x
x→0
x
x→0
x
x→0
x²
Observe na figura a seguir que em x = 0 a função não tem solução. Esse resultado está apresentado na tabela
ao lado do gráfico.
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²
Figura 2 | Gráfico de f (x) = sen x
x ²
c.
2
x +x 1
lim 2
.=
3x +7 3
x→∞
Solução:
∞
, neste caso, utiliza-se o artifício matemático do limite do termo de
maior grau. Portanto deve-se dividir o numerador e o denominador por x2:
2 2
x +x x x
1
2 + 1+
x +x x
2
x
2
x
2
x 1
lim 2
= lim 2
= lim 2
= lim 7
=
3x +7 3x +7 3x 7
3+ 3
x→∞ x→∞ x→∞ + x→∞ 2
2 2 2 x
x x x
Portanto, lim
2
x +x 1
2
=
3x +7 3
x→∞
Observe na figura a seguir que para valores muito grandes de x, a função tende a . Esse resultado pode ser 1
observado analisando o gráfico da função (em azul) que se aproxima da assíntota (cinza tracejada) y = 1
3
,
quando x tende a ∞.
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Nos três exemplos anteriores conseguimos usar algum artifício algébrico com o objetivo de sair das
indeterminações do tipo 0
0
ou ∞
∞
. Todavia, para alguns limites, nenhum dos artifícios vistos anteriormente são
suficientes. Um exemplo é o caso lim x
x
e
x→∞
O matemático Johann Bernoulli descobriu uma propriedade que permite calcular limites desse tipo. Essa
descoberta consiste em perceber que, na vizinhança de um ponto, pode-se comparar o quociente de duas
funções com o quociente de suas derivadas, desde que determinadas hipóteses estejam satisfeitas. Essa
descoberta foi chamada de Regra de L’Hôspital, por ter sido o Marquês de L’Hôspital (aprendiz de Bernoulli)
quem a publicou. Segue a definição da regra de L’Hôspital.
Sejam f e g duas funções contínuas e deriváveis em um intervalo I conhecido, com g′(x) ≠ 0 para todo x.
Considere ainda que x pertence a uma vizinhança V tal que V = ]a − r, a + r[ , com r>0. Com essas condições
satisfeitas, duas indeterminações podem ocorrer:
1. Indeterminação do tipo : 0
Seja a ∈ I , com f (a) = g (a) = 0. Se houver lim , finito ou infinito, então, existe e lim
f '(x) f (x)
g'(x) g(x)
x→a x→a
f (x) f '(x)
lim = lim
g(x) g'(x)
x→a x→a
2. Indeterminação do tipo ∞
∞
:
Seja x ≠ a, com x ∈ V . Se houver lim , finito ou infinito, então existe lim e pode ser determinado
f '(x) f (x)
g'(x) g(x)
x→a x→a
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FERRAMENTAS DE CÁLCULO
Como vimos, a regra de L’Hôspital permite que resolvamos o limite de funções apesar de possíveis
indeterminações.
Exemplo 2:
Solução:
∞
. Portanto é possível aplicar a
regra de L’Hôspital:
d
(x)
x dx 1
lim x = lim d
= lim x = 0
e (e )
x e
x→∞ x→∞ dx x→∞
Logo, lim x
x
e
= 0 .
x→∞
Resolveremos na sequência, alguns dos limites de funções vistos no bloco anterior, mas que agora serão
resolvidos aplicando a regra de L’Hôspital.
Exemplo 3:
√x−1
x→1
d
(x−1) 2√ x
x−1 dx 1
lim = lim d
= lim 1
= lim = 2
√x−1 (√ x−1) 1
x→1 x→1 dx x→1 2√x
x→1
√x−1
= 2 .
x→1
²
b. lim sen x
x ²
x→0
²
sen x
d
dx
(sen x) ² 2 sen x cos x sen x cos x
lim = lim = lim = lim
x² ²
d
(x ) 2x x
x→0 x→0 dx x→0 x→0
0
.Logo, aplica-se a regra de L’Hôspital
novamente.
d
sen x cos x dx
(sen x cos x) ²
cos x+sen x
2
1
lim = lim d
= lim = lim = 1
x (x) 1 1
x→0 x→0 dx x→0 x→0
²
Portanto, lim .
sen x
= 1
x²
x→0
Muitas vezes, o limite a ser calculado apresenta indeterminações do tipo ∞ − ∞ , 0.∞ , 0 0
, 1
∞
, ∞ , que
0
0
e
∞
∞
, para que a regra de L’Hôspital possa ser
aplicada.
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Exemplo 4:
a. lim +
[
x−1
x
−
1
ln x
]
x→1
Solução:
Esse limite apresenta indeterminação do tipo ∞ − ∞, porém, não se pode aplicar a regra de L’Hôspital de
maneira direta.
É necessário, em primeiro lugar, preparar o limite de forma que aparece uma indeterminação do tipo 0
0
ou ∞
O primeiro passo para esse limite é reduzir as duas frações à uma única fração:
x 1 x ln x− (x−1)
lim [ − ] = lim
+
x−1 ln x + (x−1) ln x
x→1 x→1
0
e, portanto, pode-se
aplicar a regra de L’Hôspital:
d
x ln x− (x−1) (x ln x− (x−1))
dx ln x+1−1 ln x
lim = lim d
= lim (x−1)
= lim 1
+ (x−1) ln x + ((x−1) ln x) + + ln x+1−
x→1 x→1 dx x→1 ln x+ x→1 x
x
Nesse ponto, o limite ainda apresenta indeterminação do tipo . Dessa forma, aplica-se a regra de L’Hôspital 0
novamente.
d 1 1
(ln x)
ln x dx x 1 1
lim 1
= lim d 1
= lim 1 1
= 1 1
=
+ ln x+1− + (ln x+1− ) + + + 2
x→1 x x→1 dx x x→1 x ²
x 1 ²
1
Portanto, lim +
[
x
x−1
−
ln x
1
] =
1
2
.
x→1
b. lim +
x
x
x→0
Solução:
Esse limite apresenta indeterminação do tipo 0 . Portanto, é necessário preparar o limite de forma que apareça
0
0
ou ∞
Nesse caso, aplica-se o logaritmo em ambos os lados da função y = x , para transformar a função exponencial x
em um produto:
x
ln y = ln x
Isolando y tem-se:
x ln x
y = e
Assim,
[ lim (xln x)]
x x ln x +
lim x = lim e = e x→0
+ +
x→0 x→0
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Esse limite apresenta indeterminação do tipo 0.∞, porém, ainda não se pode aplicar a regra de L’Hôspital.
Reescrevendo o limite como uma divisão, apresenta-se uma das indeterminações que possibilitam aplicar essa
regra.
ln x
lim (x ln x) = lim 1
+ +
x→0 x→0 x
∞
pode-se aplicar a regra de L’Hôspital:
d 1
(ln x)
ln x dx x −x
lim 1
= lim d 1
= lim 1
= lim = 0
+ + ( ) + − +
1
x→0 x x→0 dx x x→0 x² x→0
Portanto, x x
= e x→0
+
= e
0
= 1
APLICAÇÕES
Os problemas conhecidos como problemas de otimização usam todos os conceitos estudados nesta disciplina,
mas, principalmente, as técnicas e os conceitos de derivação vistos nas seções anteriores desta unidade.
Lembre-se: existem outras maneiras de se resolver cada uma dessas aplicações. Assim, desde que você opte
por uma forma matematicamente correta de chegar ao resultado, sua maneira de resolver pode ser diferente
da apresentada nos exemplos a seguir.
Exemplo 5:
Uma lata de leite condensado tem o formato de um cilindro reto com a capacidade de 395 gramas que equivale,
aproximadamente, a um volume de 320 cm3.
O fabricante determina a altura e o raio desse cilindro para que tenha custo mínimo de material.
Sabe-se que a lata é produzida com alumínio, sendo que o custo para o alumínio usado na tampa e na base é de
dez centavos por cm2 e o custo para o material usado na lateral é de cinco centavos por cm2.
Determine a altura e o raio da tampa (e base) para que o fabricante tenha um custo mínimo para a produção da
lata.
Solução:
Temos que nosso cilindro tem volume igual a 320 cm3, portanto
2 320
V = 320 = πr h ⇒ h = 2
πr
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Queremos minimizar o custo do material que está relacionado a área da lata, sendo que o custo do material
usado para a base do recipiente e para a tampa é de dez centavos por cm2 e o custo do usado para a parte
lateral é de cinco centavos por cm2.
Dessa forma, podemos planificar nossa lata cilíndrica de forma que a área da base (círculo) terá um custo e a
área da lateral (do retângulo) terá outro custo, que somados nos dão a equação:
Abase = πr e A
2
lateral = base X altura = 2πr. h
2
C (r) = Custo = 2 (10 (πr )) + 5 (2πrh)
2 320 2 −1
C (r) = 20 (πr ) + 5 (2πr ( 2
)) = 20πr + 3200r
r π
Logo, tenho uma função em relação ao raio r. Fazendo C′(r) = 0 encontramos os pontos críticos para a
função.
—2
C′(r) = 40πr – 3200r
Fazendo 40πr − 3200r −2
= 0 , encontraremos as raízes de C′(r)
−2
40πr = 3200r
3
40πr = 3200
3 3200
r =
40π
r ≈ 2,9425
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Como desejamos um custo mínimo, precisamos garantir que em r=2,9425 teremos um ponto de mínimo local.
Assim, fazemos C ′′
(r) = 40π + 6400r
−3
. Dessa forma, como C ′′
(2,9425) = 376,87 > 0 , então tem-se um
ponto de mínimo em C(r) quando r=2,9425.
Logo, sabemos que para obter custo mínimo, sendo r = 2,9425 e h = 320
πr
2
, substituindo, teremos então
h=11,77 cm.
Você pôde perceber que usamos diretamente os conceitos de derivadas para analisar situações do dia a dia e,
com isso, tirar resultados importantes para a solução de problemas, chamados de problemas de otimização.
VÍDEO RESUMO
Neste vídeo vamos trazer o conceito de otimização. Para isso, selecionamos uma aplicação que dependerá de
técnicas de derivação vistas ao longo das seções que compõem esta unidade, além de conceitos desta seção. Ao
final da aula, você estará apto a identificar problemas de otimização e saberá resolvê-los.
Saiba mais
Sugerimos como ferramenta gráfica para a visualização de gráficos de funções o software de geometria
dinâmica GeoGebra on-line.
Para saber um pouco mais sobre a vida de L’Hôspital e Bernoulli, sugerimos dois materiais. O primeiro,
Guillaume François Antoine Marquis de L'Hospital (1661-1704), e o segundo Johann Bernoulli (1667 - 1748)
REFERÊNCIAS
15 minutos
Aula 1
ANTON, H.; BIVENS, I. C.; DAVIS, S. L. et al. Cálculo. v.1. Rio de Janeiro: Grupo A, 2014. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582602263/ . Acesso em: 12 set. 2022
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=claudionormoreira.s01%40gmail.com&usuarioNome=CLAUDIONOR+MOREIRA+DOS+SANTOS&disciplinaDescricao=&atividadeId=36614… 37/39
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GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. v. 1, 6. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521635574/. Acesso em: 12 set. 2022.
STEWART, J. Cálculo. v. 1. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2017. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126859/. Acesso em: 12 set. 2022.
Aula 2
ANTON, H.; BIVENS, I. C.; DAVIS, S. L. et al. Cálculo. v.1. Rio de Janeiro: Grupo A, 2014. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582602263/ . Acesso em: 12 set. 2022
GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. v. 1, 6. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. Disponível em:
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HOFFMANN, L. D.; BRADLEY, G. L. Cálculo - Um curso moderno e suas aplicações. 11. ed. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-2909-2/ Acesso em:
19 set. 2022.
STEWART, J. Cálculo. v. 1. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2017. Disponível em:
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TESTE da primeira derivada. Matemática Essencial. UEL. [s. d.]. Disponível em:
http://www.uel.br/projetos/matessencial/superior/calculo/maxmin/mm02.htm#:~:text=Se%20a%20derivada%20
de%20f,ponto%20de%20m%C3%ADnimo%20para%20f Acesso em: 15 nov. 2022.
Aula 3
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Aula 4
CONNALY, HUGHES-HALLETT, GLEASON, et al. Funções para modelar variações – uma preparação para o
cálculo. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A: funções, limite, derivação e integração. 6. ed., rev. e ampl. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
GOLDSTEIN, L. J. et al. Matemática aplicada. Porto Alegre: Grupo A, 2012. Disponível em:
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GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. v. 1, 6. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521635574/ . Acesso em: 28 set. 2022.
STEWART, J. Cálculo. v. 1. Tradução da 8ª edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2017.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522126859/ . Acesso em: 28 set. 2022.
Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.
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