Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
dy
M (x; y ) + N (x; y ) = 0: (3)
dx
Veja que a equação (2) é facilmente transformada na equação (3) considerando M (x; y ) =
f (x; y ) e N (x; y ) = 1, mas podem existir outras maneiras de fazer essa transformação.
No caso em que M depende apenas de x e N depende apenas de y , a equação (3) fica
dy
M ( x) + N ( y ) = 0: (4)
dx
A equação (4) é chamada de equação separável, porque se for escrita na forma diferencial
então, caso se queira, as parcelas envolvendo cada variável podem ser separadas pelo sinal de
igualdade.
Uma equação separável pode ser resolvida integrando-se as funções M e N . Vejamos um
exemplo.
1
Figura 1: Curvas integrais de y 0 = x2 =(1 y2)
dy x2
= : (6)
dx 1 y2
Escrevendo a equação (6) na forma
dy
x2 + (1 y2) = 0; (7)
dx
comparamos com a equação (4) e concluímos que (7) é uma equação separável.
Analisando cada uma das parcelas da equação (7), vemos que:
x3
• x2 é derivada de ;
3
dy y3
• (1 y 2 ) , pela regra da cadeia, é a derivada em relação a x de y , pois lembre-se
dx 3
que y é uma função que depende da variável x.
ou !
d x3 y3
+y = 0:
dx 3 3
x3 + 3 y y 3 = c; (8)
em que c é uma constante arbitrária. A equação (8) é uma equação para as curvas integrais da
equação (6). A Figura 1 ilustra algumas curvas integrais da equação (6).
2
Qualquer função diferenciável y = (x) que satisfaça a equação (8) é uma solução da equação
(6). Uma equação da curva integral que contém um ponto particular (x0 ; y0 ) pode ser encontrada
substituindo-se x e y por x0 e y0 , respectivamente, na equação (8) e determinando o valor
correspondente de c.
Essencialmente, podemos aplicar o mesmo processo para resolver qualquer equação separável.
Considerando novamente a equação (4), sejam H1 e H2 as primitivas de M e N , respectivamente.
Dessa forma:
dy
H10 (x) + H20 (y ) = 0: (9)
dx
Pela regra da cadeia, temos:
dy d
H2 ( y )
0
= H (y ): (10)
dx dx 2
Logo, escrevemos a equação (9) na forma
d
[H (x) + H2 (y )] = 0: (11)
dx 1
Integrando a equação (11), obtemos
H1 (x) + H2 (y ) = c; (12)
em que c é uma constante arbitrária. Uma função qualquer y = (x) que satisfaça a equação
(12) é uma solução de (4). Em outras palavras, a equação (12) define a solução implicitamente,
em vez de explicitamente.
Observe que as funções H1 e H2 são primitivas arbitrárias de M e N , respectivamente. Na
prática, a equação (12) é obtida da equação (5), em geral, integrando-se a primeira parcela em
relação a x e a segunda em relação a y .
Se, além da equação diferencial, for dada uma condição inicial
y (x0 ) = y0 ; (13)
então a equação (4) que satisfaz essa condição é obtida fazendo-se x = x0 e y = y0 na equação
(12). Dessa forma, temos:
c = H1 (x0 ) + H2 (y0 ): (14)
Substituindo esse valor de c na equação (12) e observando que
Z x
H1 (x) H1 (x0 ) = M (s)ds;
x0
Z y
H2 ( y ) H2 (y0 ) = N (s)ds;
y0
obtemos Z x Z y
M (s)ds + N (s)ds = 0: (15)
x0 y0
A equação (15) é uma representação implícita da solução da equação diferencial (4) que
também satisfaz a condição inicial (13).
Para determinar uma expressão explícita para a solução, é necessário que a equação (15)
seja resolvida para y como função de x. No entanto, não é sempre que conseguimos fazer isso
analiticamente. Nesses casos, podemos recorrer a métodos numéricos para encontrar valores
aproximados de y para valores dados de x.
3
Exemplo 2. Vamos resolver o problema de valor inicial
8
> dy 3x2 + 4x + 2
<
= ;
dx 2(y 1) (16)
>
:
y (0) = 1;
e determinemos o intervalo no qual a solução existe.
A equação diferencial pode ser escrita como
2
2(y 1)dy = (3x + 4x + 2)dx:
y2 2y = x3 + 2x2 + 2x + c; (17)
em que c uma constante arbitrária. Para determinar a solução que satisfaz a condição inicial
dada, substituímos os valores x = 0 e y = 1 na equação (17), obtendo c = 3. Portanto, a
solução do problema de valor inicial é dada implicitamente por
y2 2y = x3 + 2 x2 + 2 x + 3 : (18)
Para obter a solução explicitamente, precisamos resolver a equação (18) para y em função
de x. Neste caso, como tratamos de uma função quadrática em y , obtemos:
p
y = 1 x3 + 2 x2 + 2 x + 4 : (19)
A equação (19) fornece duas soluções da equação diferencial, mas apenas uma delas satisfaz
a condição inicial dada. Essa é a solução correspondente ao sinal de menos na equação (19), de
modo que obtemos: p
y = (x) = 1 x3 + 2 x 2 + 2 x + 4 (20)
como solução do problema de valor inicial (16). Note que, se o sinal de mais fosse escolhido
erroneamente na equação (19), então obteríamos a solução da mesma equação diferencial que
satisfaz a condição inicial y (0) = 3, não sendo, portanto, a solução do problema de valor inicial
dado.
Para finalizar o exemplo, vamos determinar o intervalo no qual a solução (20) é válida. Para
isso, devemos encontrar o intervalo no qual a expressão dentro da raiz quadrada é positiva.
Vemos que a única raiz real dessa expressão é x = 2. Logo, o intervalo desejado é x > 2. A
Figura 2 mostra a solução do problema de valor inicial e algumas outras curvas integrais para a
equação diferencial.
Note que a fronteira do intervalo de existência da solução (20) é determinado pelo ponto
( 2; 1), no qual a reta tangente é vertical.
2 Soluções constantes
Uma outra forma de representar uma equação diferencial separável é da forma
dy
c = g (x)h(y ); (21)
dx
4
Figura 2: Curvas integrais de y 0 = (3x2 + 4x + 2)=2(y 1)
em que g é uma função que depende apenas de x e h é uma função que depende apenas de y .
Como determinar soluções constantes de (21), caso existam?
Para que y (x) = c, com x 2 I e c constante, seja uma solução de (21), devemos ter, para
todo x 2 I ,
dy
= g (x)h(y (x)); ou seja; 0= g (x)h(c);
dx
pois dy=dx = 0 e y (x) = c. Supondo então que g (x) não seja identicamente nula em I , deveremos
ter h(c) = 0, ou seja, para que a função constante y (x) = c, x 2 I , seja solução basta que c seja
raiz da equação h(y ) = 0.
Exemplo 4. A equação
dx 2
=4+x
dt
não admite solução constante, pois h(x) = 4 + x2 não admite raiz real.
5
3 Equações Homogêneas
Antes de estudar o conceito de equações diferenciais homogêneas, precisamos relembrar o
conceito de função homogênea.
(c) f (x; y ) = x3 + y 3 + 1:
f (tx; ty ) = (tx)3 + (ty )3 + 1 6= t3 f (x; y ) = t3 x3 + t3 y 3 + t3 .
Logo, f não é uma função homogênea.
x
(d) f (x; y ) = + 4:
2y
tx x
f (tx; ty ) = +4= + 4 = t0 f (x; y ).
2ty 2y
Logo, f é uma função homogênea de grau 0.
6
Definição 2. Uma equação diferencial da forma
dy = udx + xdu:
Substituindo na equação homogênea, temos:
1 u 1+1+1 u 1 u+2 (1 + u) + 2 2
= = = = 1+ :
1+u 1+u 1+u 1+u 1+u
7
Voltando à última equação de (23), temos:
dx 2
+ 1+ =0
x 1+u
Z Z
) dx x
+ 1+
2
1+u
du = 0
) ln jxj + [ u + 2 ln j1 + uj] = c1
) ln jxj xy + 2 ln 1 + xy = c1
) ln jxj + ln 1 + xy = xy + c1
) ln jxj + ln x = xy + c1
x + y 2
) ln x2 = xy + c1
x( x + y )
2
(x + y )
) ln x = xy + c1
2
(x + y )
2
) x = c2ey=x; c2 = ec1 ;
)(x + y)2 = cxey=x; c = c2:
Portanto, a solução geral da equação é (x + y )2 = cxey=x , com c 2 R.