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Equações Diferenciais Lineares de Ordem Superior

Uma equação diferencial linear de ordem n tem a forma:

dny d n −1 y
+ a 0 y = g (x )
dy
an n
+ a n −1 n −1
+ ... + a1
dx dx dx

onde a n , a n −1 , ..., a1 , a 0 e g (x ) dependem apenas de x ou são constantes.


Se g ( x )  0 , então a equação é homogênea; em caso contrário é não-homogênea.
Uma equação diferencial linear tem coeficientes constantes se todos os coeficientes a i
na equação acima são constantes; se pelo menos um dos coeficientes não é constante a
equação é de coeficientes variáveis.

➢ Soluções para Equações Lineares

Dizemos que um conjunto de funções f 1 (x ) , f 2 ( x ) ,..., f n (x ) é linearmente


dependente em um intervalo I se existem constantes C 1 , C 2 ,..., C n , não todas nulas,
tais que
C1 f 1 (x ) + C 2 f 2 (x ) + ... + C n f n (x ) = 0
para todo x no intervalo I.
Se a única solução da equação acima é C 1 = C 2 =...= C n = 0 , então o conjunto de
funções f 1 (x ) , f 2 ( x ) ,..., f n (x ) é dito linearmente independente no intervalo.

Exemplos: As funções y1 = e x , y 2 = e 2 x e y 3 = 3e x são linearmente dependentes, pois


para C1 = −3 , C 2 = 0 e C 3 = 1 tem-se: C1 y1 + C 2 y 2 + C3 y 3 = −3e x + 0.e 2 x + 3e x = 0 . É fácil
verificar neste caso, que as funções y1 = e x e y 3 = 3e x são múltiplas uma da outra, ou
seja, y 3 = 3y1 , o que as torna linearmente dependentes.

Já as funções y1 = 1 , y 2 = x e y 3 = x 2 são linearmente independentes pois só se


obtém C1 y1 + C 2 y 2 + C 3 y 3 = 0 , se e somente se C 1 = C 2 = C 3 = 0 e C1 + C 2 x + C3 x 2  0 se
algum C i for diferente de zero. Além disso, nenhuma das soluções é múltipla de uma
outra.

A equação diferencial linear homogênea de ordem n sempre tem n soluções


linearmente independentes. Se y1 (x ) , y 2 (x ) ,..., y n (x ) representam essas soluções, então
a solução geral é dada por : y (x ) = C1 y1 (x ) + C 2 y 2 (x ) + ... + C n y n (x ) , onde C 1 , C 2 ,..., C n
são constantes arbitrárias (Princípio da Superposição).
Além disso, uma equação diferencial linear homogênea sempre possui a solução
trivial y = 0 .
No caso das equações diferenciais lineares não-homogêneas de ordem n sua solução
é obtida da solução da equação homogênea associada a ela, adicionada de uma solução
particular, ou seja , se y1 (x ) , y 2 (x ) ,..., y n (x ) representam as soluções da equação
homogênea associada (que por sua vez são linearmente independentes), então a solução
geral é dada por : y(x ) = C1 y1 (x ) + C 2 y 2 (x ) + ... + C n y n (x ) + y p (x ) , onde C 1 , C 2 ,..., C n são
constantes arbitrárias.

➢ Equações Lineares Homogêneas com Coeficientes Constantes

Consideremos a equação diferencial linear homogênea:

dny d n −1 y dy
an n
+ a n −1 n −1
+ ... + a1 + a0 y = 0 (1)
dx dx dx

onde a n , a n −1 , ..., a1 , a 0 são constantes.


dy
Para n = 1 temos: a1 + a 0 y = 0 . Separando as variáveis,
dx
dy a
= − 0 dx
y a1
e integrando em ambos os lados, obtemos
a0
ln y = − x+K
a1
ou seja,
a0
y = Ce mx , onde m = −
a1
Assim, a solução da equação diferencial a1 y' + a0 y = 0 é y = Ce mx , onde m é a raiz da
equação a1 m + a0 = 0 .
Para n qualquer, suponhamos que y seja dada por y = Ce mx . Derivando em relação
a x até a n-ésima ordem, vamos ter:
dy
= mCe mx
dx

d2y
2
= m 2 Ce mx
dx

d3y
= m 3 Ce mx
dx 3

n
d y
n
= m n Ce mx
dx

Substituindo esses valores na equação (1), tem-se:

a n m n Ce mx + a n −1 m n −1Ce mx + ... + a1 mCe mx + a 0 Ce mx = 0


isto é,
( )
Ce mx a n n m + a n −1 m n −1 + ... + a1 m + a 0 = 0

Como Ce mx é diferente de zero para valores reais de x, pode-se escrever:


a n n m + a n −1 m n −1 + ... + a1 m + a 0 = 0

que é chamada de equação característica ou equação auxiliar da equação dada.


Em relação à equação característica, temos três casos a considerar:

Caso I – A equação característica admite somente raízes reais e distintas.

Se m1 , m2 , m 3 , ..., mn são raízes da equação característica, encontramos n soluções

y1 = e m1x , y 2 = e m2 x , y 3 = e m3 x ,..., y n = e mn x

que são linearmente independentes. Assim, a solução geral é dada por:

y = C1e m1x + C 2 e m21x + C3 e m3 x + ... + C n e mn x

Caso II – A equação característica admite raízes múltiplas.

Se m1 = m2 = m 3 =...= mt e mt +1 ,..., mn são raízes da equação característica, encontramos


t soluções iguais
y1 = e m1x , y 2 = e m2 x , y 3 = e m3 x ,..., y t = e t
mx

e neste caso linearmente dependentes. Assim, determinando outras soluções da forma:

y 2 = xe m2 x , y 3 = x 2 e m3 x ,..., y t = x t −1e t
mx

afim de se obter soluções linearmente independentes, a solução geral é dada por:

y = C1e m1x + C2 xem21x + C3 x 2 e m3 x + ... + Ct x t −1e mt x + ... + Cn e mn x

Caso III – A equação característica admite raízes complexas distintas.

Se ms = a + bi e mt = a − bi são as raízes da equação característica, encontramos como


soluções
y s = e (a+bi )x e y t = e (a −bi ) x

Como y = y s + yt , tem-se:

y = Cs e (a+bi )x + Ct e (a−bi )x  y = Cs e ax e bix + Ct e ax e −bix

Evidenciando o termo comum e ax

(
y = e ax Cs e bix + Ct e −bix )
Para trabalhar com funções reais em vez de exponenciais complexas, usamos as
fórmulas de Euler, que nos fornecem:
e i = cos  + isen
e −i = cos  − isen

Assim:
y = e ax Cs (cosbx + isenbx) + Ct (cosbx − isenbx)
y = e ax (Cs + Ct )cosbx + i(Cs − Ct )senbx

chamando C s + C t de A e i(C s − Ct ) de B, tem-se a solução geral:


y = e ax A cos bx + Bsenbx

Exemplo 1: Resolva as seguintes equações diferenciais:


d 2 y dy
a) − − 2y = 0
dx 2 dx

d3y d2y dy
b) 3
− 6 2
+ 11 − 6 y = 0
dx dx dx

c) y (iv ) − 9 y ' '+20 y = 0

d) y' '−8 y'+16 y = 0

d3y d2y
e) + 3 − 4y = 0
dx 3 dx 2

d2y dy
f) 2
+4 + 5y = 0
dx dx

g) y' ' '−6 y' '+2 y'+36 y = 0

Exemplo 2: Resolva o problema de valor inicial y' '−4 y'+13 y = 0 , y (0) = −1 , y ' (0) = 2 .

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