Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conforme foi visto é muito simples se obter a solução geral de uma EDO linear de 2 a
ordem a coeficientes constantes
ay by cy 0 .
Já no caso não-homogêneo
ay by cy f (t )
isso nem sempre é possível, pois depende de f (t ) . Nos casos em que f (t ) não é um
quase-polinômio, utilizando-se o método da variação dos parâmetros, o que se obtém é
solução geral na forma de uma integral definida.
Isso talvez não tenha ficado muito evidente, pois no caso muito particular da equação de
Euler a solução geral ainda pode ser dada em termos de funções elementares. Entretanto,
no caso geral, invariavelmente a solução geral tem de ser dada através de novas funções
transcendentes, denominadas funções especiais, as quais só podem ser expressas numa
representação infinita: seja em séries infinitas, seja em frações contínuas ou seja através
de integrais definidas. Na verdade, as funções transcendentes podem ser divididas em
duas classes: as que,como as funções de Bessel, são soluções de EDO’s e as que, como a
função Zeta de Riemann, não satisfazem nenhuma EDO. No presente capítulo, nos
ateremos as EDO’s cuja solução geral pode ser representada através de séries infinitas,
mais especificamente séries de potência.
Equação de Cauchy-Euler
a( x x0 )2 y b( x x0 ) y cy 0 , a, b, c R .
Equação de Bessel
x2 y xy ( x2 2 ) y 0 , R .
Equação de Legendre
(1 x2 ) y 2 xy y 0 , R .
y xy 0 , R .
Equação de Hermite
Equação de Chebyshev
(1 x2 ) y xy n2 y 0 , n N .
OBS: Todas as EDO’s acima possuem coeficientes polinomiais. Isso ocorre na maioria das
EDO’s da Física-Matemática. De modo que, poderíamos nos restringir as EDO’s com
coeficientes polinomiais, apesar do método das séries de potências se aplicar a EDO’s com
coeficientes não polinomiais.
a( x) y b( x) y c( x) y 0 (LH)
y p( x) y q( x) y 0
y( x0 ) y0 , y ( x0 ) y1
tomados em x0 .
f ( x) a0 a1 x ... a n x n .
f ( x) a n ( x x0 ) n .
n 0
Neste caso diz-se que a função foi expandida em série em torno do ponto x0 . Nas
expansões acima tem-se que x0 0 . Relembramos os seguintes resultados
m
lim
m
an (~
x x0 ) n .
n 0
a n ( x x0 ) n
n 0
n 0
onde c n pode ser obtido através de
n
a n ( x x0 ) c n ( x x0 ) bn ( x x0 ) c k bnk
n n n ( x x0 ) n ,
n 0 n 0 n 0 n 0 k 0
sendo que o raio de convergência pode ser menor que .
6. Suponha que f ( x ) a n ( x x0 ) n converge em x . Então
n 0
d d
f ( x ) a n ( x x0 ) n
dx n 0
dx a n ( x x0 ) n na n ( x x0 ) n1
n 0 n 1
a ( x x ) n(n 1)a ( x x )
d2 d2
f ( x )
dx n 0 2 a n ( x x0 ) n dx 2 n 0
n
n 0
n 2
n 0 n 2
e assim sucessivamente, sendo que cada série converge absolutamente em x .
Além disso, tem-se a seguinte relação
f ( n ) ( x0 )
f ( x) n!
( x x0 ) n , em x x0 ?
n 0
Definição: Uma função cuja série de Taylor converge em x x0 é dita ser analítica
em x x0 .
Dada a EDO
a( x) y b( x) y c( x) y d ( x) (1)
Utilizando o fato de x x0 ser um ponto ordinário, a EDO pode ser posta na forma
normal
y p( x) y q( x) y r( x) (2)
p( x) p n ( x x0 ) n , q( x ) q n ( x x0 ) n , r( x) rn ( x x0 ) n
n 0 n 0 n 0
y( x ) a n ( x x0 ) n .
n 0
y y 0 , x .
Como a(x) 1 então a EDO não possui pontos singulares em. De modo que, podemos
tomar x0 0 e
y( x ) an x n .
n 0
y ( x ) na n x n1 e y ( x) n(n 1)a n x n2 .
n 1 n 2
n(n 1)a n x n2 an x n 0.
n 2 n 0
(n 2)(n 1)a n2 x n an x n 0
n 0 n 0
ou seja
(n 2)(n 1)a n2 a n x n 0.
n 0
a0 a a a a a
a2 0 , a4 2 0 , a6 4 0 ,...
2.1 2! 4.3 4! 6.5 6!
a1 a a a a a
a3 1 , a5 3 1 , a7 - 5 - 1 ,...
2.3 3! 5.4 5! 7.6 7!
( 1) n
a2n a0
(2n)!
an , n 1,2,3,...
a ( 1) n
a
2n 1 (2n 1)! 1
ou seja
x2 ( 1) n 2n x3 ( 1) n 2n 1
y( x ) a0 1 ... x ... a1 x ... x ...
2! (2n)! 3! (2n 1)!
( 1) n 2n ( 1) n 2n 1
a0 x a1 x
n 0 (2n )! n 0 (2n 1)!
Agora que obtivemos a solução formal, devemos estudar a convergência das séries
obtidas. Utilizando o Teste da Razão, obtemos que
1
x lim 0 1 , x R
n (2n 2)(2n 1)
( 1) n 2n ( 1) n 2n 1
y1 ( x) x e y2 ( x ) x .
n 0 (2n )! n 0 (2n 1)!
Observamos que
W [ y1 , y2 ]( x) W [ y1 , y2 ](0)e 0
0dx
1.
y( x) a0 y1 ( x) a1 y2 ( x) , a0, a1 R .
a0 y(0) , a1 y (0) .
y y 0
PVI :
y(0) 1, y (0) 0
Por outro lado, aprendemos no Cálculo que y1 é a série de Taylor para cos x em x0 0
e y 2 é a série de Taylor de sen x em x0 0 . De modo que, as funções cos x e
sen x podem ser definidas através de PVI’s. Na verdade, a maioria das funções especiais
da Física-Matemática é definida como soluções de PVI’s. Para a maioria dessas funções
não existe forma mais simples de defini-las.
y xy 0 , x .
y( x ) an x n (1)
n 0
(n 2)(n 1)a n2 x n x a n x n 0
n 0 n 0
ou seja
(n 2)(n 1)a n2 x n a n x n1 0
n 0 n 0
Deslocando novamente o índice na segunda série, substituindo n por n-1, obtém-se que
(n 2)(n 1)a n2 x n a n1 x n 0
n 0 n 1
2a2 (n 2)(n 1)a n2 x n
a n1 x n 0
n 1 n 1
sendo que
a2 0 .
0 a2 a5 a8 ... .
a0 a a0 a a0
a3 , a6 3 , a9 6 ,...
2.3 5.6 2.3.5.6 8.9 2.3.5.6.8.9
ou seja
a0
a3n , n 1,2,...
2 3 5 6 ... (3n 4)(3n 3)(3n 1)(3n)
a1 a a1 a a1
a4 , a7 4 , a10 7 ,...
34 6.7 3 4 6 7 9 10 3 4 6 7 9 10
ou seja
a1
a3n 1 , n 1,2,...
3 4 6 7 ... (3n 3)(3n 2)(3n)(3n 1)
De modo que,
x 3n
x 3n 1
y( x) a0 1 a1 x (2)
n 1 2 3 ... (3 n 1)(3n )
n 1 2 3 ... (3n )(3n 1)
y(0) a0 e y (0) a1 .
a primeira série converge em toda reta. O mesmo acontecendo com a segunda série.
Definindo as funções analíticas
x 3n x 3n 1
y1 ( x ) e y 2 ( x )
n 0 2 3 ... (3n 1)(3n ) n 0 2 3 ... (3n)(3n 1)
y xy 0
PVI :
y(0) 1, y (0) 0
e y 2 é a única solução do
y xy 0
PVI :
y(0) 0, y (0) 1
W [ y1 , y2 ]( x) W [ y1 , y2 ](0) 1 , x R .
y( x ) a n ( x 1) n
n 0
y ( x) na n ( x 1) n 1
(n 1)a n1 ( x 1) n
n 1 n 0
y ( x) n(n 1)a n ( x 1) n2 (n 2)(n 1)a n2 ( x 1) n
n 2 n 0
(n 2)(n 1)a n2 ( x 1) n x (n 1)a n1 ( x 1) n 0 .
n 0 n 0
x 1 ( x 1) .
Substituindo obtém-se
(n 2)(n 1)a n2 ( x 1) n
[1 ( x 1)] a n ( x 1) n 0
n 0 n 0
ou seja
(n 2)(n 1)a n2 ( x 1) n a n ( x 1) n a n ( x 1) n1 0
n 0 n 0 n 0
Soltando o primeiro termo nas duas primeiras séries e transladando o índice na última
série chega-se a
2a2 a0 (n 2)(n 1)a n2 a n a n1 ( x 1) n 0.
n 1
Logo,
a0 a a a a a a a a a a
a2 , a3 1 0 , a4 2 1 0 1 , a5 3 2 1 0 ,...
2 6 6 12 12 24 12 20 20 120 30
ou seja
O seguinte resultado devido a Immanuel Lazarus Fuchs, obtido em 1866, delimita o que
pode ser feito no caso de pontos ordinários para uma vasta classe de EDO’ s
Teorema: (Fuchs)
Hipóteses:
Tese:
OBS: No caso n = 2, o teorema pode ser posto do seguinte modo: A solução geral de (LN)
é dada por
y( x ) a n ( x x0 ) n a0 y1 ( x) a1 y2 ( x)
n 0