AM IV B 22-23-2 Semestre Slides Parte II

1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS Slide Nº 229
⌊ 1.5- Soluções por desenvolvimento em série de potências⌋

Sejam p(x) e q(x) duas funções polinomiais reais com coecientes reais e
sem factores comuns. Dado x0 ∈ R, tal que q(x0) ̸= 0, a função racional
p(x)
ψ(x) :=
q(x)
é analítica no ponto x = x0. A série de Taylor em torno do ponto x = x0 da

função ψ(x) tem raio de convergência
δ := min{|x0 − z| : z ∈ C e q(z) = 0}
e no intervalo ]x0 − δ, x0 + δ[ vale a igualdade:

∞
p(x) ψ (n)(x0)
(x − x0)n
X
ψ(x) = =
q(x) n=0 n!
DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Exemplo 120. Considere-se a função racional real, com coecientes reais,

x+4
ψ(x) := 4
x −1
Em C tem-se:
x4 − 1 = 0 ⇔ x=1 ou x = −1 ou x=i ou x = −i
Logo ψ(x) é analítica em todo o ponto de R − {−1, 1}. Considerando, por

exemplo, o ponto x = 3, tem-se
∞
x+4 X ψ (n)(3) n
= (x − 3)
x4 − 1 n=0 n!
para todo x ∈ ]1, 5[ , pois o raio de convergência da série de potências é:

δ := min{|3 − 1|, |3 + 1|, |3 − i|, |3 + i|} = 2

Soluções em torno de um ponto ordinário

Considere-se a equação diferencial
d2y dy
a(x) 2 + b(x) + c(x)y = 0 (51)
dx dx
onde a(x), b(x) e c(x) são funções reais de variável real denidas num certo
intervalo aberto I ⊆ R. Um ponto x0 ∈ I diz-se um ponto ordinário para a
equação diferencial (51), se as funções
b(x) c(x)
e
a(x) a(x)
forem analíticas em x = x0 . Caso contrário, diz-se um ponto singular.
Exemplo 121. Os pontos x = 1 e x = −1 são pontos singulares para a ED
(x2 − 1)y ′′ + xy ′ + x3y = 0
enquanto os restantes pontos de R são pontos ordinários.

Proposição 122. Considere-se a equação diferencial (51) acima,

a(x)y ′′ + b(x)y ′ + c(x)y = 0
Se x0 ∈ R é um ponto ordinário e se as séries de Taylor em torno de x = x0

das funções
b(x) c(x)
e
a(x) a(x)
têm raios de convergência, respectivamente, δ1 > 0 e δ2 > 0, então qualquer
solução y(x) da equação diferencial (51) num intervalo aberto I ⊆ R que
contenha o ponto x0 é analítica neste ponto, e o raio de convergência da
série de Taylor de y(x) em torno de x = x0 é maior ou igual a min{δ1, δ2}.
Os resultados estudados anteriormente sobre a analiticidade das funções

racionais (reais de variável real) permitem-nos enunciar o seguinte resultado:
Proposição 123. Considere-se a equação diferencial

a(x)y ′′ + b(x)y ′ + c(x)y = 0
com a(x), b(x), c(x) funções polinomiais reais de variável real sem factores
simultaneamente comuns. Se x0 ∈ R é um ponto ordinário e se
δ := min{|x0 − z| : z ∈ C e a(z) = 0}
então qualquer solução y(x) da ED acima num intervalo aberto I ⊆ R que

contenha o ponto x0 é analítica no ponto x = x0, e o raio de convergência
da série de Taylor de y(x) em torno do ponto x = x0 é maior ou igual a δ.
Exemplo 124. (Exercício 99 b)) Determine um limite inferior para o raio

de convergência das soluções da ED abaixo, obtidas por desenvolvimento
em série de potências em torno do ponto x0 = 4:
(x2 − 2x − 3)y ′′ + xy ′ + 4y = 0
Exemplo 125. (Exercício 100 c)) Determine, usando séries de potências

em torno do ponto x = 0, um par de soluções fundamentais da equação
diferencial abaixo. Indique, ainda, o maior intervalo aberto onde as soluções
obtidas desta forma são válidas:
(4 − x2)y ′′ + 2y = 0
Ora:
(•) O ponto x = 0 é um ponto ordinário, pelo que qualquer solução é
analítica neste ponto.

(•) Seja y(x) uma qualquer solução. Tem-se:
∞
anxn (an ∈ R, raio de convergência ≥ 2)
X
y(x) =
n=0
Vamos considerar separadamente as parcelas da equação:

4y ′′
−x2y ′′
2y
 ′′  
∞ ∞ ∞
′′ = 4  anxn = 4  n(n − 1)anxn−2 = 4n(n − 1)anxn−2
X X X
4y

n=0 n=0 n=0
 ′′  
∞ ∞
2 y ′′ = −x2  anxn = −x2  n(n − 1)anxn−2
X X
−x

n=0 n=0
∞
−n(n − 1)anxn
X
=
n=0
 
∞ ∞
anxn = 2anxn (Passo 1)
X X
2y

= 2 
n=0 n=0

 ′′  
∞ ∞ ∞
′′ n n−2 n−2
X X X
4y

=

4  an x  = 4 n(n − 1)an x = 4n(n − 1)an x
n=0 n=0 n=0
∞
4(n + 2)(n + 1)an+2xn (n ⇝ n + 2 )
X
=
n=−2
 ′′  
∞ ∞
2 y ′′ = −x2  anxn = −x2  n(n − 1)anxn−2
X X
−x

n=0 n=0
∞
−n(n − 1)anxn
X
=
n=0
 
∞ ∞
X X
2y = 2 

n=0 n=0

 ′′  
∞ ∞ ∞
′′ = 4  anxn = 4  n(n − 1)anxn−2 = 4n(n − 1)anxn−2
X X X
4y

n=0 n=0 n=0

∞ ∞
4(n + 2)(n + 1)an+2xn = 4(n + 2)(n + 1)an+2xn
X X
=
n=−2
n=0
 ′′  
∞ ∞
2 y ′′ = −x2  anxn = −x2  n(n − 1)anxn−2
X X
−x

n=0 n=0

∞
−n(n − 1)anxn
X
=

n=0
 
∞ ∞
X X
2y = 2 

n=0
n=0

Substituindo na equação diferencial:

0 = (4 − x2)y ′′ + 2y = 4y ′′ − x2y ′′ + 2y
∞ ∞ ∞
4(n + 2)(n + 1)an+2xn + −n(n − 1)anxn + 2anxn
X X X
=
n=0 n=0 n=0
∞ h i
4(n + 2)(n + 1)an+2 − (n + 1)(n − 2)an xn
X
=
n=0
Nestas condições,
4(n + 2)(n + 1)an+2 − (n + 1)(n − 2)an = 0 (n ≥ 0)
obtendo-se a relação de recorrência:

n−2
an+2 = an (n ≥ 0)
4(n + 2)
(•) Admita-se que y(x) é a solução tal que

y(0) = 1 e y ′(0) = 0
Então
n−2
a0 = 1, a1 = 0 e an+2 = an (n ≥ 0)
4(n + 2)
donde
a0 = 1 | a1 = 0
a2 = − 1
4 | a3 = 0
a4 = 0 | a5 = 0
a6 = 0 | a7 = 0
.. | ..
a2n = 0 (n ≥ 2) | a2n+1 = 0 (n ≥ 0)
Obtendo-se:
∞
X
n 2 x2
y(x) = anx = a0 + a1x + a2x + · · · = 1 −
n=0 4
(•) Admita-se agora que y(x) é a solução tal que

y(0) = 0 e y ′(0) = 1
Então
n−2
a0 = 0, a1 = 1 e an+2 = an (n ≥ 0)
4(n + 2)
donde
a0 = 0 | a1 = 1
a2 = 0 | −1
a3 = 3×4
a4 = 0 | 1 ×a =
a5 = 4×5 −1
3 2
4 ×3×5
a6 = 0 | 3 ×a =
a7 = 4×7 −1
5 3
4 ×5×7
.. | ..
a2n = 0 (n ≥ 0) | −1
a2n+1 = 4n×(2n−1)×(2n+1) (n ≥ 1)
Obtendo-se:
∞ ∞ ∞
−1
anxn = a2n+1x2n+1 = x + 2n+1
X X X
y(x) = n (2n − 1)(2n + 1)
x
n=0 n=0 n=1 4
Exemplo 126. (Exercício 101 a)) Utilizando desenvolvimentos em série

de potências, resolva o seguinte problema numa vizinhança do ponto x = 0:
(2x2 − 3x + 1)y ′′ + 2xy ′ − 2y = 0, y(0) = −1 e y ′(0) = −1
Ora:
(•) O ponto x = 0 é um ponto ordinário, pelo que qualquer solução é
analítica neste ponto.

(•) Seja y(x) a solução procurada. Tem-se:
∞
anxn (an ∈ R, raio de convergência ≥ 1/2)
X
y(x) =
n=0
a0 = −1 e a1 = −1.
Vamos considerar separadamente as parcelas da equação:

2x2y ′′
−3xy ′′

y ′′

2xy ′

−2y
∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
2 n 2 n−2
2x2 y ′′ = 2x an x = 2x n(n − 1)an x = 2n(n − 1)an xn

n=0 n=0 n=0
∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
−3xy ′′ = −3x an xn = −3x n(n − 1)an xn−2 = −3n(n − 1)an xn−1

n=0 n=0 n=0
∞
!′′ ∞
X X
y ′′ = an xn = n(n − 1)an xn−2

n=0 n=0
∞
!′ ∞
! ∞
X X X
2xy ′ = 2x an xn = 2x nan xn−1 = 2nan xn

n=0 n= n=0
∞ ∞
!

(Passo 1)
X X
n
−2y = −2 an x = −2an xn

n=0 n=0

∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
2x2 y ′′ = 2x2 an xn = 2x2 n(n − 1)an xn−2 = 2n(n − 1)an xn

n=0 n=0 n=0
∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
n n−2
−3xy ′′ = −3x an x = −3x n(n − 1)an x = −3n(n − 1)an xn−1

n=0 n=0 n=0
∞
(n ⇝ n + 1)
X
= −3(n + 1)nan+1 xn
n=−1
∞
!′′ ∞ ∞

(n ⇝ n + 2)
X X X
y ′′ = an xn = n(n − 1)an xn−2 = (n + 2)(n + 1)an+2 xn

n=0 n=0 n=−2
∞
!′ ∞
! ∞
X X X

n=0 n= n=0
∞ ∞
!

(Passo 2)
X X
−2y = −2 an xn = −2an xn

n=0 n=0

!′′
∞ ∞ ∞
!
X X X
2x2 y ′′ = 2x2 an xn = 2x2 n(n − 1)an xn−2 = 2n(n − 1)an xn

n=0 n=0 n=0

∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
n n−2
−3xy ′′ = −3x an x = −3x n(n − 1)an x = −3n(n − 1)an xn−1

n=0 n=0 n=0

∞
X ∞
X
= −3(n + 1)nan+1 xn = −3(n + 1)nan+1 xn
n=−1 n=0

∞
!′′ ∞ ∞
X X X
y ′′ = an xn = n(n − 1)an xn−2 = (n + 2)(n + 1)an+2 xn

n=0 n=0 n=−2

∞
X
= (n + 2)(n + 1)an+2 xn
n=0

!′
∞ ∞ ∞
!
X X X

n=0 n= n=0

∞ ∞
!

(Passo 3)
X X
−2y = −2 an xn = −2an xn

n=0 n=0


0 = (2x2 − 3x + 1)y ′′ + 2xy ′ − 2y = 2x2y ′′ − 3xy ′′ + y ′′ + 2xy ′ − 2y
∞ ∞
2n(n − 1)anxn + −3(n + 1)nan+1xn+
X X
=
n=0 n=0
∞ ∞ ∞
(n + 2)(n + 1)an+2xn + 2nanxn + −2anxn
X X X
+
n=0 n=0 n=0
∞ h i
(n + 2)(n + 1)an+2 − 3(n + 1)nan+1 + 2(n + 1)(n − 1)an xn
X
=
n=0
Nestas condições,
(n + 2)(n + 1)an+2 − 3(n + 1)nan+1 + 2(n + 1)(n − 1)an = 0 (n ≥ 0)
obtendo-se a relação de recorrência:

3n 2(n − 1)
an+2 = an+1 − an (n ≥ 0)
n+2 n+2
(•) De
3n 2(n − 1)
a0 = −1, a1 = −1 e an+2 = an+1 − an (n ≥ 0)
n+2 n+2
resulta
a0 = −1
a1 = −1
a2 = −1
a3 = −1
..
an = −1 (n ≥ 0)
Donde:
∞ ∞
1
anxn = − xn =
X X
y(x) = (|x| < 1)
n=0 n=0 x−1

Exemplo 127. (Equação de Airy) Tome-se a equação de Airy

y ′′ − xy = 0
Tem-se:
(•) x = 0 é um ponto ordinário. Qualquer solução é analítica em x = 0.
(•) Seja y(x) uma qualquer solução. Tem-se:
∞
anxn (an ∈ R, raio de convergência é
X
y(x) = +∞)
n=0
Considerando separadamente as parcelas da equação:
∞
!′′ ∞ ∞

(n ⇝ n + 3)
X X X
y ′′ = an xn = n(n − 1)an xn−2 = (n + 3)(n + 2)an+3 xn+1

n=0 n=0 n=−3

∞
X
= 2a2 + (n + 3)(n + 2)an+3 xn+1
n=0

∞ ∞
!

(Passo 1, Passo 2, Passo 3)
X X
−xy = −x an xn = −an xn+1

n=0 n=0


0 = y ′′ − xy
∞ h i
(n + 3)(n + 2)an+3 − an xn+1
X
= 2a2 +
n=0
Nestas condições,
a2 = 0 e (n + 3)(n + 2)an+3 − an = 0 (n ≥ 0)
ou seja,
1
a2 = 0 e an+3 = an (n ≥ 0)
(n + 3)(n + 2)
cando a0 e a1 livres.
(•) Tem-se:
1
an+3 = an (n ≥ 0)
(n + 3)(n + 2)
a0 = (livre)
1
a3 = a0
2×3
1 1
a6 = × a3 = a0
5×6 (2 × 3) × (5 × 6)
1 1
a9 = × a6 = a0
8×9 (2 × 3) × (5 × 6) × (8 × 9)
1 1
a12 = × a9 = a0
11 × 12 (2 × 3) × (5 × 6) × (8 × 9) × (11 × 12)
..
1
a3n = Qn a0 (n ≥ 1)
k=1 [(3k − 1)(3k)]
(•) Tem-se:
1
an+3 = an (n ≥ 0)
(n + 3)(n + 2)
a1 = (livre)
1
a4 = a1
3×4
1 1
a7 = × a4 = a1
6×7 (3 × 4) × (6 × 7)
1 1
a10 = × a7 = a1
9 × 10 (3 × 4) × (6 × 7) × (9 × 10)
1 1
a13 = × a10 = a1
12 × 13 (3 × 4) × (6 × 7) × (9 × 10) × (12 × 13)
..
1
a3n−2 = Qn−1 a1 (n ≥ 2)
k=1 [(3k)(3k + 1)]
(•) Tem-se:
1
a2 = 0 e an+3 = an (n ≥ 0)
(n + 3)(n + 2)
donde
a2 = a5 = a8 = · · · = a3n−1 = · · · = 0
(•) Finalmente, a solução geral:

∞
anxn
X
y(x) =
n=0
∞ ∞ ∞
a3nx3n + a1x + a3n−2x3n−2 + a3n−1x3n−1
X X X
= a0 +
n=1 n=2 n=1
 
∞
X x3n
= a0 1 + Qn +
n=1 k=1 [(3k − 1)(3k)]
 
∞
X x3n−2
+ a1 x + Qn−1 
n=2 k=1 [(3k)(3k + 1)]
y1 (x)
z
 }| {  
∞ ∞
X x3n X x3n+1
y(x)= a0 1 + Qn  +a1 x + Qn−1 
n=1 k=1 [(3k − 1)(3k)] n=1 k=1 [(3k)(3k + 1)]
| {z }
y2 (x)
' $
& %
Exemplo 128. (Equações de Hermite) Considere-se a seguinte equação

diferencial
y ′′ − 2xy ′ + λy = 0
com λ ∈ R, denominada por equação de Hermite. Qualquer solução y(x)

desta equação é analítica no ponto ordinário x = 0 e o raio de convergência
da série de MacLaurin de y(x) é +∞. Supondo que
∞
anxn
X
y(x) = (an ∈ R)
n=0
é a série de MacLaurin de y(x), obtêm-se a relação de recorrência:

2n − λ
an+2 = an (n ≥ 0)
(n + 1)(n + 2)

Partindo da relação anterior é fácil obter a solução geral (em R) da equação

de Hermite:
!
λ 2 λ(4 − λ) 4 λ(4 − λ)(8 − λ) 6
y(x) = a0 1 − x − x − x − ··· +
2! 4! 6!
!
2−λ 3 (2 − λ)(6 − λ) 5 (2 − λ)(6 − λ)(10 − λ) 7
+ a1 x + x + x + x + ···
3! 5! 7!
Observe-se:
(•) Se λ = 4n = 0, 4, 8, . . . a equação de Hermite admite como solução uma
função polinomial de grau, respectivamente, 2n.
(•) Se λ = 4n + 2 = 2, 6, 10, . . . a equação de Hermite admite como solução
uma função polinomial de grau, respectivamente, 2n + 1.
Após uma normalização conveniente, considerando o coeciente de xk de

cada função polinomial de grau k igual a 2k , as soluções
H0(x) := 1 (tomando λ = 0)
H1(x) := 2x (tomando λ = 2)
H2(x) := 4x2 − 2 (tomando λ = 4)
H3(x) := 8x3 − 12x (tomando λ = 6)
H4(x) := 16x4 − 48x2 + 12 (tomando λ = 8)
H5(x) := 32x5 − 160x3 + 120x (tomando λ = 10)

..
são conhecidas por funções polinomiais de Hermite ou, simplesmente,
polinómios de Hermite.
Exemplo 129. Considere-se o seguinte problema:

w′′ + (5 − x2)w = 0, w(0) = −2 e w′(0) = 0
Utilizando a mudança de variável

2
w ,→ y, w(x) := y(x)e−x /2
o problema dado transforma-se no novo problema

y ′′ − 2xy ′ + 4y = 0, y(0) = −2 e y ′(0) = 0
eq. Hermite
| {z }
(λ = 4)
Donde
−x2 /2 2 −x2 /2
y(x) = H2(x) ⇒ w(x) = H2(x)e = (4x − 2)e
é a solução do problema proposto.

Exemplo 130. (Equações de Legendre) Considere-se a seguinte equação

diferencial
(1 − x2)y ′′ − 2xy ′ + k(k + 1)y = 0
com k ∈ R, denominada por equação de Legendre. Qualquer solução y(x)
desta equação num intervalo aberto I ⊆ R que contenha o ponto ordinário
x = 0 é analítica neste ponto, e o raio de convergência da série de MacLaurin
de y(x) é superior ou igual a um. Supondo que
∞
anxn
X
y(x) =
n=0
é a série de MacLaurin de y(x), obtêm-se as relações:

k(k + 1)
−


 a2 = a0
2!





(k − 1)(k + 2)


a3 = − a1


 3!
(k − n)(k + n + 1)



a = − an (n ≥ 2)


 n+2

(n + 2)(n + 1)
Partindo das relações anteriores é fácil obter a solução geral no intervalo

] − 1, 1[ da equação de Legendre:
k(k + 1) 2 (k − 2)k(k + 1)(k + 3) 4

y(x) = a0 1 − x + x −
2! 4!
!
(k − 4)(k − 2)k(k + 1)(k + 3)(k + 5) 6
− x + ··· +
6!
(k − 1)(k + 2) 3 (k − 3)(k − 1)(k + 2)(k + 4) 5

+ a1 x − x + x −
3! 5!
!
(k − 5)(k − 3)(k − 1)(k + 2)(k + 4)(k + 6) 7
− x + ···
7!
Observe-se:
(•) Se k ∈ N0 a equação de Legendre admite como solução uma função
polinomial de grau k.
Escolhendo de forma conveniente as soluções polinomiais, por forma a que

os seus grácos passem no ponto (1, 1), obtém-se as soluções
P0(x) := 1 (tomando k = 0)
P1(x) := x (tomando k = 1)
1
P2(x) := (3x2 − 1) (tomando k = 2)
2
1
P3(x) := (5x3 − 3x) (tomando k = 3)
2
1
P4(x) := (35x4 − 30x2 + 3) (tomando k = 4)
8
1
P5(x) := (63x5 − 70x3 + 15x) (tomando k = 5)
.. 8
denominadas por funções polinomiais de Legendre ou, simplesmente,

polinómios de Legendre.
Alguns polinómios de Legendre:
' $
& %


!
d dW
sen ϕ + 6W sen ϕ = 0, W (π/2) = −1/2 e W ′(π/2) = 0
dϕ dϕ
Tomando a mudança de variável

ϕ ,→ x, x := cos ϕ
o problema dado transforma-se no novo problema:

d2 W dW
2
(1 − x ) 2
− 2x + 6W = 0, W (0) = −1/2 e W ′(0) = 0
dx dx
eq. Legendre (k = 2)
| {z }
pelo que
1 3
W (x) = P2(x) ⇒ W (ϕ) = P2(cos ϕ) = − + cos2 ϕ
2 2
é a solução do problema proposto.
Soluções em torno de um ponto singular regular

O método de Frobenius
Considere-se a equação diferencial
d2y dy
a(x) 2 + b(x) + c(x)y = 0 (52)
dx dx
onde a(x), b(x), c(x) são funções reais de variável real denidas num certo
intervalo aberto I ⊆ R. Um ponto singular x0 ∈ R diz-se um ponto singular
regular para a ED (52), se as funções
b(x) c(x)
(x − x0) e (x − x0)2 forem analíticas em x = x0
a(x) a(x)
Caso contrário, diz-se um ponto singular irregular.
Exemplo 132. (Exercício 106 b)) Determine os pontos ordinários e os
pontos singulares da ED abaixo e classique, quanto à regularidade, os
pontos singulares:
x2(1 − x)y ′′ + (x − 2)y ′ − 3xy = 0
Considere-se, novamente, a equação diferencial (52),

a(x)y ′′ + b(x)y ′ + c(x)y = 0
e admita-se que x0 ∈ R é um ponto singular regular para esta ED. Admita-se

ainda que
∞
b(x)
pn(x − x0)n (com raio de convergência ρ1 > 0 )
X
(x − x0) =
a(x) n=0
e
∞
c(x)
2 qn(x − x0)n (com raio de convergência ρ2 > 0)
X
(x − x0) =
a(x) n=0
Nestas condições vale:

b(x) c(x)
p0 = lim (x − x0)
x→x0
e q0 = lim (x − x0)
x→x0
2
a(x) a(x)
Com a notação anterior, à equação

r(r − 1) + p0r + q0 = 0
dá-se usualmente o nome de equação indicial (associada à singularidade

regular x = x0). As soluções desta equação algébrica denominam-se por
expoentes da singularidade regular x = x0.
Exemplo 133. (Exercício 107 b)) Encontre os pontos singulares regulares
da equação diferencial:
(4 − x2)y ′′ + 2xy ′ + 3y = 0
Determine, ainda, para cada um desses pontos a equação indicial e os

respectivos expoentes dessas singularidades.

Proposição 134. (O método de Frobenius) Tome-se a equação (52),

d2 y dy
a(x) 2 + b(x) + c(x)y = 0
dx dx
com x > x0,
e admita-se que x = x0 é uma singularidade regular. Se
r1, r2 ∈ R, com r1 ≥ r2, são soluções reais da equação indicial associada a
esta singularidade, então no intervalo ]x0, x0 + min{ρ1, ρ2}[ tem-se:
(•) a equação (52) admite uma solução da forma:
∞
y1(x) := (x − x0)r1 an(x − x0)n
X
(an ∈ R; a0 ̸= 0)
n=0
(•) se r1 − r2 ̸∈ N0, então a equação (52) admite uma segunda solução,

linearmente independente de y1(x), da forma:
∞
y(x) := (x − x0)r2 bn(x − x0)n
X
(bn ∈ R; b0 ̸= 0)
n=0
(•) se r1 − r2 = 0, então a equação (52) admite uma segunda solução,

∞
y(x) := y1(x) log x + (x − x0)r1 bn(x − x0)n
X
(bn ∈ R)
n=0
(•) se r1 − r2 ∈ N, então a equação (52) admite uma segunda solução,

∞
y(x) := Ay1(x) log x + (x − x0)r2 cn(x − x0)n
X
(cn, A ∈ R)
n=0
podendo a constante A ser nula.

Exemplo 135. Considere-se a equação diferencial,

4xy ′′ + 2y ′ + y = 0
(•) O ponto x = 0 é um ponto singular regular e a equação indicial associada

à singularidade regular x = 0 é
1 x

r(r − 1) + lim r + lim =0 ⇔ 2r2 − r = 0
x→0 2 x→0 4
Os expoentes da singularidade regular x=0 são r=0 e r = 1/2.
(•) Admita-se que

∞ ∞
anxn+r = xr anxn
X X
y(x) = (r, an ∈ R, a0 ̸= 0)
n=0 n=0
é solução da ED e tome-se, separadamente, as parcelas da equação:

4xy ′′ 2y ′ y


Tem-se:  ′′  
∞ ∞
′′ = 4x  anxn+r  = 4x  (n + r)(n + r − 1)anxn+r−2
X X
4xy

n=0 n=0
∞
4(n + r)(n + r − 1)anxn+r−1
X
=
n=0
 ′  
∞ ∞
′ = 2 anxn+r  = 2  (n + r)anxn+r−1
X X
2y

n=0 n=0
∞
2(n + r)anxn+r−1
X
=
n=0
∞

anxn+r (Passo 1)
X
y =

n=0
Tem-se:  ′′  
∞ ∞
′′ n+r n+r−2 
X X
4xy

=

4x  an x  = 4x  (n + r)(n + r − 1)an x
n=0 n=0
∞
4(n + r)(n + r − 1)anxn+r−1
X
=
n=0
 ′  
∞ ∞
′ = 2 anxn+r  = 2  (n + r)anxn+r−1
X X
2y

n=0 n=0
∞
2(n + r)anxn+r−1
X
=
n=0
∞ ∞

anxn+r = an−1xn+r−1 (n ⇝ n − 1) (Passo 2)
X X
y =

n=0 n=1
Tem-se:  ′′  
∞ ∞
′′ = 4x  n+r n+r−2 
X X
4xy

an x  = 4x  (n + r)(n + r − 1)an x
n=0 n=0
∞
4(n + r)(n + r − 1)anxn+r−1
X
=
n=0

∞
= 4r(r − 1)a0xr−1 + 4(n + r)(n + r − 1)anxn+r−1
X

n=1
 ′  
∞ ∞
′ = 2 anxn+r  = 2  (n + r)anxn+r−1
X X
2y

n=0 n=0

∞ ∞
2(n + r)anxn+r−1 = 2ra0xr−1 + 2(n + r)anxn+r−1
X X
=
n=0
n=1

∞ ∞

anxn+r = an−1xn+r−1 (Passo 3)
X X
y =

n=0 n=1


0 = 4xy ′′ + 2y ′ + y
∞
= [4r(r − 1) + 2r]a0xr−1 + [2(n + r)(2n + 2r − 1)an + an−1]xn+r−1
X
n=1
Donde, como a0 ̸= 0,
4r(r − 1) + 2r = 0 e 2(n + r)(2n + 2r − 1)an + an−1 = 0 (n ≥ 1)
ou seja,





4r(r − 1) + 2r = 0 ⇔ 2r2 − r = 0 (equação indicial)

 −1
an = an−1 (n ≥ 1)



2(n + r)(2n + 2r − 1)
Esta relação de recorrência permite obter o seguinte s.f.s. de soluções

no intervalo ]0, +∞[ :
Tomando r=0 obtém-se a recorrência:

−1
an = an−1 (n ≥ 1)
2n(2n − 1)
donde, para a0 = 1, vem
a0 = 1
−1 −1
a1 = × a0 =
2 2
−1 1
a2 = × a1 =
3×4 2×3×4
−1 −1
a3 = × a2 =
5×6 2×3×4×5×6
..
(−1)n
an = (n ≥ 0)
(2n)!
Logo, neste caso, obtém-se a solução:
∞∞
0 n
XX (−1)n n √
y(x) = x anx = x = cos( x) (x > 0)
n=0 n=0 (2n)!
Tomando agora r = 1/2 obtém-se a recorrência:

−1
an = an−1 (n ≥ 1)
2n(2n + 1)
a0 = 1
−1 −1
a1 = × a0 =
2×3 2×3
−1 1
a2 = × a1 =
4×5 2×3×4×5
−1 −1
a3 = × a2 =
6×7 2×3×4×5×6×7
..
(−1)n
an = (n ≥ 0)
(2n + 1)!
obtendo-se, neste caso, a solução
∞ ∞
√ (−1)n √
y(x) = x1/2 anxn = n
X X
x x = sen( x) (x > 0)
n=0 n=0 (2n + 1)!
Exemplo 136. (Exercício 111 a)) Determine um exemplo de um par de

soluções linearmente independentes para a equação diferencial:
x2y ′′ − 2x(x + 1)y ′ + 2(x + 1)y = 0
Tem-se:
(•) O ponto x = 0 é um ponto singular regular e a equação indicial associada
à singularidade regular x = 0 é

r(r − 1) + lim −2(x + 1) r + lim 2(x + 1) = 0 ⇔ r2 − 3r + 2 = 0
x→0 x→0
Os expoentes da singularidade regular x=0 são r=1 e r = 2.

(•) Admita-se que
∞ ∞
anxn+r = xr anxn
X X
y(x) = (r, an ∈ R, a0 ̸= 0)
n=0 n=0
é solução da ED e tome-se, separadamente, as parcelas da equação:

x2y ′′
−2x2y ′

−2xy ′

2xy

2y


∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
2 n+r 2 n+r−2
x2 y ′′ = x an x =x (n + r)(n + r − 1)an x = (n + r)(n + r − 1)an xn+r

n=0 n=0 n=0
∞
!′ ∞
! ∞
X X X
−2x2 y ′ = −2x2 an xn+r = −2x2 (n + r)an xn+r−1 = −2(n + r)an xn+r+1

n=0 n=0 n=0
∞
!′ ∞
!
X X
−2xy ′ = −2x an xn+r = −2x (n + r)an xn+r−1

n=0 n=0
∞
X
= −2(n + r)an xn+r
n=0
∞ ∞
!
X X
n+r
2xy = 2x an x = 2an xn+r+1

n=0 n=0
∞ ∞
!

(Passo 1)
X X
n+r
2y = 2 an x = 2an xn+r

n=0 n=0
∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
2 n+r 2 n+r−2
x2 y ′′ = x an x =x (n + r)(n + r − 1)an x = (n + r)(n + r − 1)an xn+r

n=0 n=0 n=0
∞
!′ ∞
! ∞
X X X
2 n+r 2 n+r−1
−2x2 y ′ = −2x an x = −2x (n + r)an x = −2(n + r)an xn+r+1

n=0 n=0 n=0
∞
(n ⇝ n − 1)
X
= −2(n − 1 + r)an−1 xn+r
n=1
∞
!′ ∞
!
X X

n=0 n=0
∞
X
= −2(n + r)an xn+r
n=0
∞ ∞ ∞
!

(n ⇝ n − 1)
X X X
2xy = 2x an xn+r = 2an xn+r+1 = 2an−1 xn+r

n=0 n=0 n=1
∞ ∞
!

(Passo 2)
X X
n+r
2y = 2 an x = 2an xn+r

n=0 n=0
∞
!′′ ∞
! ∞
X X X
x2 y ′′ = x2 an xn+r = x2 (n + r)(n + r − 1)an xn+r−2 = (n + r)(n + r − 1)an xn+r

n=0 n=0 n=0

∞
X
= r(r − 1)a0 xr + (n + r)(n + r − 1)an xn+r
n=1

∞
!′ ∞
! ∞
X X X
2 n+r 2 n+r−1
−2x2 y ′ = −2x an x = −2x (n + r)an x = −2(n + r)an xn+r+1

n=0 n=0 n=0

∞
X
= −2(n − 1 + r)an−1 xn+r
n=1

∞
!′ ∞
!
X X

n=0 n=0

∞
X ∞
X
= −2(n + r)an xn+r = −2ra0 xr + −2(n + r)an xn+r
n=0 n=1

∞ ∞ ∞
!
X X X
2xy = 2x an xn+r = 2an xn+r+1 = 2an−1 xn+r

n=0 n=0 n=1

∞ ∞ ∞
!

(Passo 3)
X X X
2y = 2 an xn+r = 2an xn+r = 2a0 xr + 2an xn+r

n=0 n=0 n=1


0 = x2y ′′ − 2x(x + 1)y ′ + 2(x + 1)y
= [r(r − 1) − 2r + 2]a0xr +
∞
{[(n + r)(n + r − 3) + 2]an + 2(2 − n − r)an−1} xn+r
X
+
n=1
Donde, como a0 ̸= 0,
r(r − 1) − 2r + 2 = 0 ⇔ r2 − 3r + 2 = 0 (equação indicial)
e
[(n + r)(n + r − 3) + 2]an + 2(2 − n − r)an−1 = 0 (n ≥ 1)

Tomando r=2 obtém-se:

2
n(n + 1)an − 2nan−1 = 0 (n ≥ 1) ⇒ an = an−1 (n ≥ 1)
n+1
a0 = 1
a1 = 1
2
a2 = 2
3 × a1 = 2 = 2
3 3!
3
a3 = 2
4 × a2 = 2×2 = 2
3×4 4!
4
a4 = 2
5 × a3 = 2×2×2 = 2
3×4×5 5!
..
2 n
an = (n+1)! (n ≥ 0)

∞ n ∞ ∞
2 n 2 2 n x 2n+1 n+1 x
= (−1+e2x)
X X X
y(x) = x anx = x x = x
n=0 n=0 (n + 1)! 2 n=0 (n + 1)! 2
Tomando agora r=1 obtém-se:

n(n − 1)an + 2(1 − n)an−1 = 0 (n ≥ 1)

a0 = 1
a1 = 0 (pode ser tomado arbitrariamente)
a2 = 0
a3 = 0
..
an = 0 (n ≥ 1)

∞
y(x) = x1 anxn = x
X
n=0
Exemplo 137. Considere-se a equação diferencial:

x2y ′′ + xy ′ + x2y = 0 (x > 0)
Tem-se:
(•) x = 0 é um ponto singular regular.
(•) Os expoentes desta singularidade são r = 0 (duplo).
(•) Pelo método de Frobenius, a equação admite uma solução da forma
∞ ∞
y1(x) = x0 anxn = anxn
X X
(an ∈ R)
n=0 n=0
onde
−1
a2n+1 = 0 (n ≥ 0) e an = 2
an−2 (n ≥ 2)
n
Tomando a0 = 1 obtém-se:
x2 x4 x6
y1(x) = 1 − + − + ···
4 64 2304
(•) Novamente pelo método de Frobenius, a equação admite uma segunda

solução linearmente independente de y1(x) da forma
∞ ∞
y(x) = y1(x) log x + x0 bnxn = y1(x) log x + bn x n
X X
(bn ∈ R)
n=0 n=0
| ..
{z }
q
ϕ(x)
Ora:
y1 2y ′ y1
′ ′
y = y1 log x + + ϕ′ e ′′ ′′
y = y1 log x + 1 − 2 + ϕ′′
x x x
Substituindo y(x) na equação diferencial resulta:

0 = x2y ′′ + xy ′ + x2y
= log x x y1 + xy1 + x y1 +x2ϕ′′ + xϕ′ + x2ϕ + 2xy1′

′′ ′
h i
2 2
| {z }
q
0
Donde
x2ϕ′′ + xϕ′ + x2ϕ = −2xy1′
∞
X
2

n 2 x4 x6
b1 x + n bn + bn−2 x = x − + − ···
n=2 8 192
Logo
1
(b0 livre), b1 = 0, 4b2 + b0 = 1, 9b3 + b1 = 0, 16b4 + b2 = − ,
8
1
25b5 + b3 = 0, 36b6 + b4 = , ···
192
Tomando b0 := 0, obtém-se:
x2 x4 x6
!
y(x) = 1 − + − + ··· log x +
4 64 2304
x2 3x4 11x6
!
+ − + − ···
4 128 13824
| {z }
q
ϕ(x)
Exemplo 138. Considere-se a equação diferencial:

x2y ′′ − xy = 0 (x > 0)
Tem-se:
(•) x = 0 é um ponto singular regular.
(•) Os expoentes desta singularidade são r = 0 e r = 1.
(•) Pelo método de Frobenius, a equação admite uma solução da forma
∞ ∞
y1(x) = x1 anxn = anxn+1
X X
(an ∈ R)
n=0 n=0
onde
1
an = an−1 (n ≥ 1)
n(n + 1)
Tomando a0 = 1 obtém-se:
x2 x3
!
x
y1(x) = x 1 + + + + ···
2 12 144
(•) Novamente pelo método de Frobenius, a equação admite uma segunda

solução linearmente independente de y1(x) da forma
∞ ∞
y(x) = Ay1(x) log x + x0 bnxn = Ay1(x) log x + bn x n
X X
(A, bn ∈ R)
n=0 |n=0{z
.. }
q
ϕ(x)
Ora:
Ay1 2Ay1′ Ay
y ′ = Ay1′ log x + + ϕ′ e ′′ ′′
y = Ay1 log x + − 21 + ϕ′′
x x x
Substituindo y(x) na equação diferencial resulta:

0 = x2y ′′ − xy
= A log x x y1 − xy1 +x2ϕ′′ − xϕ + 2Axy1′ − Ay1

′′

2
| {z }
q
0

Donde,
x2ϕ′′ − xϕ = −2xAy1′ + Ay1
Atendendo às igualdades
x2 x3
!
x
y1(x) = x 1 + + + + ··· e ϕ(x) = b0 +b1x+b2x2 +b3x3 +· · ·
2 12 144
resulta
−b0x + (2b2 − b1)x2 + (6b3 − b2)x3 + · · · =
3Ax2 5Ax3
− Ax − − − ···
2 12
Tomando b0 = 1 e b1 = 0 (resultando A = 1), obtém-se:

x2 x3 3x2 7x3
! !
x
y(x) = x 1 + + + + ··· log x + 1 − − − ···
2 12 144 4 36
Equações de Bessel
Chama-se equação de Bessel de 1a espécie de ordem α à equação
x2y ′′ + xy ′ + (x2 − α2)y = 0 (x > 0; α ≥ 0)
Os expoentes da singularidade regular x = 0 são r = ±α, pelo que toda a

equação de Bessel admite em ]0, +∞[ uma solução da forma
∞ ∞
y(x) = xα anxn = anxn+α (53)
X X
(an ∈ R, a0 ̸= 0)
n=0 n=0
Substituindo (53) na equação de Bessel obtém-se a recorrência
(−1)n
a2n+1 = 0 (n ≥ 0) e a2n = 2n a0 (n ≥ 1)
2 n!(1 + α)(2 + α) · · · (n + α)
donde
 
∞
(−1)n
y(x) = a0xα 1 + 2n 
X
2n n!(1 + α)(2 + α) · · · (n + α)
x
n=1 2
Exemplo 139. (Equação de Bessel de ordem 0 ) Considere-se a equação

de Bessel,
x2y ′′ + xy ′ + x2y = 0 (x > 0) (54)
Pelo resultado anterior, esta equação admite a solução
∞
(−1)n x 2n
X
J0(x) := 2 2
(a0 = 1)
n=0 (n!)
denominada função de Bessel de 1a espécie de ordem zero, a qual está

denida em R, J0(0) = 1 e J0′ (0) = 0.
Utilizando o método de Frobenius é possível obter a seguinte segunda
solução linearmente independente de J0(x):
∞
2 x 2 X (−1)n+1

Y0(x) = γ + log J0(x) + ϕ x 2n (x > 0)
n
π 2 π n=1 22n(n!)2
(γ := limn→+∞(ϕn − log n) ≈ 0.5772, com e 1 1

(n ≥ 1).).

ϕ(0) := 0 ϕn := 1 + 2
+ ··· + n
Esta segunda solução Y0(x) é usualmente designada por função de Bessel

de 2a espécie de ordem zero.
Qualquer solução da equação de Bessel (54) em ]0, +∞[ será da forma
y(x) = AJ0(x) + BY0(x) (A, B ∈ R)
' $ ' $
& % & %
Gráco de J0(x) Gráco de Y0(x)

J0 (0) = 1 e J0′ (0) = 0 limx→0+ Y0 (x) = −∞ e limx→0 Y0′ (x) = +∞
+

2 d2 y dy
4x 2
+ 4x + xy = 0 (x > 0)
dx dx

x ,→ z, x := z 2
a equação dada transforma-se na equação de Bessel de ordem zero
2 d2y dy 2y = 0
z + z + z
dz 2 dz
donde
y(z) = AJ0(z) + BY0(z) (A, B ∈ R)
Assim, a solução do problema proposto é:

√ √
y(x) = AJ0( x) + BY0( x) (A, B ∈ R)
Exemplo 141. (Equação de Bessel de ordem 1 ) Considere-se a equação

de Bessel,
x2y ′′ + xy ′ + (x2 − 1)y = 0 (x > 0) (55)
Pelo resultado anterior, esta equação admite a solução
∞
(−1)n
2n+1
X x
J1(x) := (a0 = 1/2)
n=0 n!(n + 1)! 2
denominada função de Bessel de 1a espécie de ordem um, a qual está

denida em R, J1(0) = 0 e J1′ (0) = 1/2.
Utilizando o método de Frobenius é possível obter a seguinte segunda
solução em ]0, +∞[ linearmente independente de J1(x):
 
∞
2 x 2 (−1)n+1

J1(x) − x−1 1 +
X 2n
Y1(x) = γ + log 2n
ϕn−1 + ϕn x 
π 2 π n=1 2 n!(n − 1)!
(γ e ϕn denidos como no exemplo anterior.).

Esta segunda solução Y1(x) é usualmente designada por função de Bessel

de 2a espécie de ordem um.
Qualquer solução da equação de Bessel (55) em ]0, +∞[ será da forma
y(x) = AJ1(x) + BY1(x) (A, B ∈ R)
' $ ' $
& % & %
Gráco de J1(x) Gráco de Y1 (x)

J1 (0) = 0 e J1′ (0) = 1/2 limx→0+ Y1 (x) = −∞ e limx→0 Y1′ (x) = +∞
+

2 d2 y dy 2 − 1)y = 0
x + 3x + (x (x > 0)
dx2 dx

y ,→ z, y(x) := x−1z(x)
a equação dada transforma-se na equação de Bessel de ordem um
2 d2z dz 2 − 1)z = 0
x + x + (x
dx2 dx
donde
z(x) = AJ1(x) + BY1(x) (A, B ∈ R)
Assim, a solução do problema proposto é:

y(x) = x−1 [AJ1(x) + BY1(x)] (A, B ∈ R)
2 TRANSFORMADA INTEGRAL DE LAPLACE Slide Nº 294
⌊ 2.1- Transformada de Laplace⌋

Uma função real de variável real,
f : [0, +∞[ → R
diz-se seccionalmente contínua, de forma abreviada s.c., se em cada

intervalo [0, A], com A > 0, f tem um número nito (eventualmente, zero)
de descontinuidades,
0 ≤ x0 < x 1 < · · · < x n ≤ A
e em cada um destes pontos de descontinuidade xi, com i = 0, . . . , n, existem

e são nitos os limites laterais da função f .
(No que se segue suporemos sempre, sem perda de generalidade, que limt→0+ f (t) = f (0).)
(Se é s.c., então existe, para todo A > 0.)

RA
g : [0, +∞[ → R 0
g(t)dt
(Toda a função contínua g : [0, +∞[ → R é seccionalmente contínua.)

Exemplo de uma função seccionalmente contínua:

' $
& %
Exemplo de uma função que não é seccionalmente contínua:

' $
& %

Seja
f : [0, +∞[ −→ R
uma função seccionalmente contínua. Dene-se transformada de Laplace
da função f num ponto s ∈ R como sendo o número real

Z ∞ ∞ A
(56)
Z Z
L(f )(s) := f (t)e−st dt onde f (t)e−st dt := lim f (t)e−st dt
0 A→+∞
0 0
caso o integral impróprio em (56) seja convergente.
(Observe-se que se f : [0, +∞[ → R for seccionalmente contínua, então o mesmo sucede
à função f (t)e−st , para qualquer valor s ∈ R. Em particular, para cada A > 0, existe
f (t)e−st dt. No entanto, sem condições adicionais, nada garante que

RA RA
0
limA→+∞ 0 f (t)e−st dt
exista e seja nito.)

Tem-se:
(•) Se
{s ∈ R : o integral em (56) converge} = ∅
então L(f ) é a função vazia. Neste caso diz-se que a função f não admite
transformada de Laplace.
(Por exemplo, a função f (t) := et
2
não admite transformada de Laplace.)
(•) Se existir s0 ∈ R tal que o integral em (56) converge, então
Z ∞
∀ s > s0 f (t)e−st dt converge
0
Prova: Com efeito, xados s > s0 , tem-se:
∞ A
Z Z
f (t)e−s0 t dt converge f (t)e−s0 t dt ≤ K

⇒ ∃K > 0 ∀A > 0

0 0
A função h(t) := e(s0 −s)t é decrescente e lim h(t) = 0. Logo pelo Critério de Dirichlet
t→+∞
Z ∞ Z ∞
f (t)e−s0 t e(s0 −s)t dt = f (t)e−st dt converge ■
0 0
Em particular, se f admitir transformada de Laplace, o domínio de L(f )

será um intervalo de R não majorado que pode coincidir com o próprio R.
A transformada de Laplace é uma transformação integral que a cada função

f na variável t associa uma nova função L(f ) na variável s:
f (t) L / L(f )(s)
onde
Z ∞
L(f )(s) := f (t)e−st dt
0
Notações mais usuais para representar L(f )(s):
(•) F (s)
(•) L{f }(s) ou L{f }(s)
(•) L[f ](s) ou L[f ](s)

Exemplo 143. Considere-se a função degrau unitário ou, como também

é conhecida, função de Heaviside
se

0, 0≤t<a
θa : [0, +∞[ → R onde θa(t) :=

1, se t≥a
(a ≥ 0 número real xo). Tem-se:

#t→+∞
−st e−as
Z ∞ "
e
L(θa)(s) = e−stdt = = (s > 0)
a −s t=a s
Isto é,
L /
e−as
θa(t) F (s) =
s
Em particular, se a = 0, obtém-se L(1)(s) = 1s , com s > 0.
' $
Gráco de θa(t) :
& %
Considere-se a função θ:R→ R denida por:
se

0,
 t<0
θ(t) :=
1,

se t≥0
Nestas condições, xado o número real a ≥ 0, tem-se:

e−as
θa(t) = θ(t − a) (t ≥ 0) ⇒ L(θ(t − a))(s) =
s
Exemplo 144. Seja f (t) := eat, com t≥0 e a ∈ R. Tem-se:

 t→+∞
Z ∞
e (a−s)t 1
L eat (s) = e(a−s)t dt =   = (s > a)
0 a−s s−a
t=0
Portanto,
L 1
f (t) := eat / F (s) =
s−a
Exemplo 145. Seja w∈R xo. Para t≥0 tem-se:

s
(•) L(cos wt)(s) = (s > 0)
s2 + w 2
L /
s
f (t) := cos(wt) F (s) = 2
s + w2
w
(•) L(sen wt)(s) = (s > 0)
s2 + w 2
L /
w
f (t) := sen(wt) F (s) = 2
s + w2
Com efeito:
∞ ∞
eiwt + e−iwt −st eiwt − e−iwt −st
Z Z
L(cos(wt))(s) + i L(sen(wt))(s) = e dt + i e dt
0 2 0 2i
∞ t→+∞
eiwt e−st
Z
iwt −st
= e e dt =
0 iw − s t=0
1 s + iw s w
= × = 2 + i (s > 0) ■
s − iw s + iw s + w2 s2 + w2
s
(•) L(cosh wt)(s) = (s > |w|)
s2 − w 2
L /
s
f (t) := cosh(wt) F (s) = 2
s − w2
w
(•) L(senh wt)(s) = (s > |w|)
s2 − w 2
L /
w
f (t) := senh(wt) F (s) = 2
s − w2
Com efeito:
∞ ∞ ∞
ewt + e−wt −st
Z Z Z
1
L(cosh(wt))(s) = e dt = e(w−s)t dt + e(−w−s)t dt
0 2 2 0 0
1
= [L(1)(s − w) + L(1)(s + w)]
2

1 1 1 s
= + = (s > w e s > −w)
2 s−w s+w s2 − w 2
Analogamente para L(senh(wt))(s). ■

Funções de ordem exponencial.

Existência de transformada de Laplace
Uma função
f : [0, +∞[ −→ R
diz-se de ordem exponencial α, com α ∈ R, se existir uma constante real

M > 0, tal que
∀t ≥ 0 |f (t)| ≤ M eαt
(Estamos nas condições anteriores se, por exemplo,

f (t)
lim αt = 0
t→+∞ e
Note-se ainda que se uma função f for de ordem exponencial α, então f é de ordem
exponencial β , para todo β > α.)

Tem-se:
(•) A função exponencial f (t) := eat (a ∈ R) é de ordem exponencial α = a;
Prova: Imediato, pois
|eat | = eat ≤ 1 × eat (t ≥ 0) ■
(•) Toda a função limitada é de ordem exponencial α = 0;

Prova: Admitindo que |f (t)| ≤ K , para todo t ≥ 0, vale
|f (t)| ≤ Ke0×t (t ≥ 0) ■
(•) A função f (t) := tn (n ∈ N) é de ordem exponencial α, para todo α > 0;

Prova: É consequência imediata de
tn
lim =0 ■
t→+∞ eαt
(•) A soma e o produto de funções de ordem exponencial são funções de

ordem exponencial.
Proposição 146. (Existência de transformada de Laplace) Dada uma

função f : [0, +∞[ → R seccionalmente contínua e de ordem exponencial α,
existe
Z ∞
L(f )(s) = f (t)e−st dt (s > α)
0
transformada de Laplace de f , sendo a convergência do integral absoluta.
Prova: Com efeito, se |f (t)| ≤ M eαt para t ≥ 0, com M >0 e α ∈ R, então
0 ≤ |f (t)e−st | = e−st |f (t)| ≤ M e(α−s)t

Donde, para s > α,
Z ∞ Z ∞ Z ∞
1
e(α−s)t dt = converge ⇒ |f (t)e−st
|dt converge ⇒ f (t)e−st dt converge ■
0 s−α 0 0

⌊ 2.2- Propriedades gerais⌋

A transformada de Laplace goza de algumas propriedades que, na prática,
funcionam como um cálculo simbólico.
Proposição 147. (Linearidade de L ) Se f, g : [0, +∞[ → R são funções
tais que L(f )(s) existe para todo s > α e L(g)(s) existe para todo s > β ,
então L(f + g)(s) existe para todo s > max{α, β} e, além disso,
L(c1f + c2g)(s) = c1L(f )(s) + c2L(g)(s)
com c1 , c 2 ∈ R . Isto é, o operador L é linear.

Prova: Com efeito,
Z ∞ Z ∞ Z ∞
−st −st
L(c1 f +c2 g)(s) = (c1 f +c2 g)e dt = c1 fe dt+c2 ge−st dt = c1 L(f )(s)+c2 L(g)(s) ■
0 0 0
Em particular, com a notação da proposição anterior, vale:

L(f + g)(s) = L(f )(s) + L(g)(s) e L(c1f )(s) = c1L(f )(s)
Exemplo 148. Seja f (t) := 5e−3t − 7 cos(2t), com t ≥ 0. Como
−3t
1
L e (s) = (s > −3)
s+3
e
s
L(cos(2t))(s) = 2 (s > 0)
s +4
então
−3t

L(f )(s) = 5L e (s) − 7L(cos(2t))(s)
5 7s
= − 2
s+3 s +4
com s > 0.

Proposição 149. (Translação na transformada) Se F (s) := L(f )(s) para

s > 0 e se a é uma constante real, então

at
L e f (t) (s) = F (s − a) (s > a)
Prova: Com efeito, para s > a,

Z ∞
L eat f (t) (s) = f (t)e−(s−a)t dt = L(f )(s − a) ■

0
Exemplo 150. De
e−5s
L(θ(t − 5))(s) =
s
conclui-se, com a ∈ R,

at
e−5s+5a
L e θ(t − 5) (s) = L(θ(t − 5))(s − a) =
s−a

Exemplo 151. De
w
L(sen wt)(s) = 2 (w ∈ R)
s + w2
conclui-se, com a ∈ R,

at
w
L e sen wt (s) = L(sen wt)(s − a) =
(s − a)2 + w2
Analogamente,

at
s−a
L e cos wt (s) = L(cos wt)(s − a) =
(s − a)2 + w2

at
s−a
L e cosh wt (s) = L(cosh wt)(s − a) =
(s − a)2 − w2

at
w
L e senh wt (s) = L(senh wt)(s − a) =
(s − a)2 − w2

Proposição 152. (Derivação da transformada) Se f : [0, +∞[ → R é

seccionalmente contínua e de ordem exponencial α, e se F (s) := L(f )(s),
então
dn n tn f (t) (s)
n
F (s) = L ( (−1) ) (s > α)
ds
para todo n ∈ N.
Prova: Com efeito,

Z ∞ Z ∞ Z ∞
d d −st ∂
f (t)e−st dt = −tf (t)e−st dt = L(−tf )(s)

L(f )(s) = f (t)e dt =
ds ds 0 0 ∂s 0
seguindo-se o resultado por indução matemática. ■
Exemplo 153. Com w∈R tem-se:

d d s

L(t cos wt)(s) = − L(cos wt)(s) = −
ds ds s2 + w2
s2 − w 2
= 2
(s + w2)2
Exemplo 154. (Exercício 116 g)) Seja a ∈ R. Tem-se:

d2 d2 a 6as2 − 2a3

2
L t sen(at) (s) = 2 L(sen(at))(s) = 2 2 = 2
ds ds s + a2 (s + a2)3
Exemplo 155. Para cada n ∈ N0, seja

fn(t) := tn (t ≥ 0)
Tem-se:
dn dn 1 n!

L (fn) (s) = (−1)n L(1)(s) = (−1) n = n+1 (s > 0)
dsn dsn s s
Isto é,
L n!
fn(t) := tn / F (s) = n+1
s
Mais uma vez, em particular,
1
L(1)(s) = (s > 0)
s
Proposição 156. (Translação na função original) Se F (s) := L(f )(s) e

se a ≥ 0, então
L (θ(t − a)f (t − a)) (s) = e−asF (s)
Prova: Com efeito,

Z ∞ Z ∞
−st t,→u, t−a=u −as
L(θ(t − a)f (t − a))(s) = f (t − a)e dt ======= e f (u)e−su du
a 0
= e−as L(f )(s) ■
Exemplo 157. Tem-se, onde a ∈ R,

at

5a

a(t−5)

5a−5s

at
e5a−5s
L θ(t − 5)e (s) = e L θ(t − 5)e (s) = e L e (s) =
s−a
L(θ(t − π) sen t)(s) = −L(θ(t − π) sen(t − π))(s) = −e−πsL(sen t)(s)
e−πs
=− 2
s +1
Exemplo 158. (Exercício 116 m)) Seja

f (t) := t − π (π ≤ t < 2π)
Tem-se:
L(f )(s) = L ([θ(t − π) − θ(t − 2π)](t − π)) (s)
= L (θ(t − π)(t − π) − θ(t − 2π)(t − 2π) − πθ(t − 2π)) (s)
= e−πsL(t)(s) − e−2πsL(t)(s) − πe−2πsL(1)(s)
e−πs e−2πs πe−2πs

= 2 − −
s s2 s

Proposição 159. (Transformada de uma função periódica) Tome-se

f : [0, +∞[ → R função seccionalmente contínua, de ordem exponencial e
periódica de período T > 0. Nestas condições:
Z T
1
L(f )(s) = e−stf (t)dt
1 − e−sT 0
Prova: Com efeito, basta observar:
Z ∞ Z T Z ∞
−st −st
L(f )(s) = e f (t)dt = e f (t)dt + e−st f (t)dt
0 0 T
Z T Z ∞
−st −sT
= e f (t)dt + e e−su f (u + T ) du (t ,→ u, u := t − T )
0 0 ..
| {z }
q
f (u)
Z T
= e−st f (t)dt + e−sT L(f )(s) ■
0
Exemplo 160. Tem-se:

1 2π 1 1 − e−2πs 1
Z
L(sen t)(s) = e−st sen(t)dt = × =
1 − e−2πs 0 1 − e−2πs s2 + 1 s2 + 1
Proposição 161. (Primitivação da função original) Seja f : [0, +∞[ → R

uma função seccionalmente contínua e dena-se
Z t
ϕ(t) := f (u)du (t ≥ 0)
0
Se ϕ(t) for de ordem exponencial α, então existe L(f )(s) e
L(f )(s) = sL(ϕ)(s) (s > α)
Prova: Com efeito, primitivando por partes:
Z A Z A
−st −sA
f (t)e dt = ϕ(A)e +s ϕ(t)e−st dt (A > 0)
0 0
Notando que |ϕ(t)| ≤ M eαt para t ≥ 0, com M >0 e α ∈ R, tem-se para s>α
A→+∞ A→+∞
0 ≤ |ϕ(A)e−sA | = |ϕ(A)|e−sA ≤ M e(α−s)A −−−−→ 0 ⇒ ϕ(A)e−sA −−−−→ 0
e Z A
A→+∞
s ϕ(t)e−st dt −−−−→ sL(ϕ)(s)
0
Logo Z A Z A
L(f )(s) = lim f (t)e−st dt = lim ϕ(A)e−sA + s ϕ(t)e−st dt = sL(ϕ)(s) (s > α) ■
A→+∞ 0 A→+∞ 0

Z t
1

L e sen(u)du (s) = L(et sen(t))(s)
u
0 s
1 1
=
s (s − 1)2 + 1

Z t
1 10 t

L 10 u
u e du (s) = L t e (s)
0 s
10!
=
s(s − 1)11

Proposição 164. (Derivação da função original) Se n∈N e se

f (t), f ′(t), . . . , f (n−1)(t)
são funções contínuas em [0, +∞[ e de ordem exponencial, e se f (n)(t) é

seccionalmente contínua em [0, +∞[ , então:

L f (n) (s) = snL(f )(s) − sn−1f (0) − · · · − sf (n−2)(0) − f (n−1)(0)
Em particular, para n=1 e n=2 tem-se, respectivamente,

′ e L f (s) = s2L(f )(s) − sf (0) − f ′(0)
′′

L f (s) = sL(f )(s) − f (0)
Prova: Caso n = 1. Tome-se a função s.c. e de ordem exponencial, ϕ(t) := f (t) − f (0) × 1.
Tem-se:
Z t
ϕ(t) = f ′ (u)du ⇒ L(f ′ )(s) = sL(ϕ)(s) = sL(f − f (0) × 1)(s)
0
= sL(f )(s) − f (0)
Note-se ainda: L(f ′′ )(s) = L((f ′ )′ )(s) = sL(f ′ )(s) − f ′ (0) = s2 L(f )(s) − sf (0) − f ′ (0). ■
Exemplo 165. Calculemos L sen wt , com w ∈ R. Ora,

2
′
2
sen wt = 2w cos(wt) sen(wt) = w sen 2wt
Por outro lado,

′

2 2 2
L (sen wt) (s) = sL sen wt (s) − sen wt 2
= sL sen wt (s)
t=0
e, portanto,

2
1 2 ′

L sen wt (s) = L (sen wt) (s)
s
1
= L(w sen 2wt)(s)
s
w
= L(sen 2wt)(s)
s
w 2w
= × 2
s s + 4w2
Proposição 166. Se f : [0, +∞[ → R é uma função seccionalmente contínua

e de ordem exponencial, então
lim F (s) := lim L(f )(s) = 0
s→+∞ s→+∞
Prova: Supondo |f (t)| ≤ M eαt para t ≥ 0, com M >0 e α ∈ R, e tomando s>α tem-se:
A A A
e(α−s)A
Z Z Z
1 A→+∞ M
f (t)e−st dt ≤ |f (t)|e−st dt ≤ M e(α−s)t dt = M

− −−−−→

0 0 0 s−α s−α s−α
Logo
∞
Z
−st
M s→+∞ s→+∞
0 ≤ f (t)e dt ≤ −−−−→ 0 ⇒ L(f )(s) −−−−→ 0 ■
0 s−α
Exemplo 167. Por exemplo

s − 1 s→+∞ es s→+∞
F (s) := −−−−−→ 1, F (s) := −−−−−→ +∞ e s→+∞
F (s) := s2 −−−−−→ +∞
s+1 s
Logo nenhuma destas funções é uma transformada de Laplace.

Proposição 168. (Primitivação da transformada) Se f : [0, +∞[ →R é

s.c. e de ordem exponencial α, e se limt→0+ f (t)/t existe, então
Z ∞ !
f (t)
L(f )(u)du = L (s) (s > α)
s t
Prova: Por hipótese L(f (t)/t) existe e limA→+∞ L (f (t)/t) (A) = 0. Tem-se:
Z ∞
L(f )(u) = f (t)e−ut dt
0
Logo Z ∞ Z ∞ Z ∞ Z A Z ∞
L(f )(u)du = f (t)e−ut dt du = lim f (t)e−ut dt du
s s 0 A→+∞ s 0
Z ∞ Z A Z ∞ −ut u=A
e
= lim f (t)e−ut du dt = lim f (t) dt
A→+∞ 0 s A→+∞ 0 −t u=s
Z ∞ Z ∞
f (t) −st f (t) f (t) −st
= e dt − lim L (A) = e dt ■
0 t A→+∞ t 0 t


sen t
∞ Z
L (s) = L(sen t)(u)du
t s
Z ∞
1
= 2
du
s u +1
= lim arctg(u) − arctg(s)
u→+∞
π
= − arctg(s)
2
1

= arctg (s > 0)
s
Exemplo 170. (Exercício 121 a)) Calcule o integral:

Z +∞
sen t
dt
0 t

Os dois resultados que se seguem mostram que através da transformada de

Laplace é possível conhecer o comportamento de uma função f (t) quando
t → 0 ou t → +∞, mesmo não se conhecendo, explicitamente, f (t).
Proposição 171. (Teorema do valor inicial) Seja f : [0, +∞[ → R uma

função contínua em [0, +∞[ e de ordem exponencial, tal que a função f ′ é
seccionalmente contínua em [0, +∞[. Então
f (0) = lim [sL(f )(s)]
s→+∞
Prova: Resulta das hipóteses que L(f ′ ) existe. Tem-se:

lim L(f ′ )(s) = 0 e L(f ′ )(s) = sL(f )(s) − f (0) ⇒ f (0) = lim sL(f )(s) ■
s→+∞ s→+∞
Exemplo 172. Se f (t) está nas condições da Proposição 171 e

1
L(f )(s) = 2 então f (0) = 0
(s + 1)4
Proposição 173. (Teorema do valor nal) Seja f : [0, +∞[ → R uma

função contínua em [0, +∞[ e de ordem exponencial, tal que a função f ′ é
seccionalmente contínua em [0, +∞[ e limt→+∞ f (t) existe. Então
f (+∞) := lim f (t) = lim [sL(f )(s)]

t→+∞ s→0
Prova: Resulta das hipóteses que L(f ′) existe. Ainda por hipótese f (t) é limitada e,
portanto, de ordem exponencial α = 0. Donde
sL(f )(s) − f (0) = L(f ′ )(s) (s > 0)
Tem-se:
Z ∞ Z ∞ Z A
′ ′ −st ′
lim L(f )(s) = lim f (t)e dt = f (t)dt = lim f ′ (t)dt = lim [f (A) − f (0)]
s→0 s→0 0 0 A→+∞ 0 A→+∞
Logo f (+∞) = lims→0 [sL(f )(s)]. ■
Exemplo 174. Se f (t) está nas condições da Proposição 173 e

1 1

L(f )(s) = + arctg então f (+∞) = 1
s s
Proposição 175. (Mudança de escala) Se f : [0, +∞[ → R é uma função

seccionalmente contínua, de ordem exponencial α e c > 0, então:
1 s

L(f (ct))(s) = L(f ) (s > cα)
c c
Prova: Com efeito, basta observar:

Z ∞
L(f (ct))(s) = e−st f (ct)dt
0
Z ∞ u
1 −s
= e c f (u)du (t ,→ u, u := ct)
c 0
1 s
= L(f ) ■
c c
Exemplo 176. Se f (t) := sen(2t), então:

1 s 1 2 10

L(f (5t))(s) = L(f ) = × 2 = 2
5 5 5 s s + 100
25 + 4

Transformada de Laplace inversa.

Existência e unicidade
Seja f : [0, +∞[ → R uma função e
F (s) := L(f )(s)
a sua transformada de Laplace. A transformada de Laplace inversa da

função F (s) é denida e denotada por:
L−1(F )(t) := f (t)
Simbolicamente:

Exemplo 177. Por exemplo,

1 1

L−1

L e4t (s) = ⇒ (t) = e4t
s−4 s−4
Proposição 178. (Linearidade de L−1 ) O operador L−1 é linear, isto é,

se
L(f )(s) := F (s) e L(g)(s) := G(s)
então para quaisquer constantes reais c1 e c2,
L−1(c1F + c2G)(t) = c1L−1(F )(t) + c2L−1(G)(t) = c1f (t) + c2g(t)

!
1 1 1 1 1 1 1 1

L−1 + = L−1 + L−1 = et + e−t
2(s − 1) 2(s + 1) 2 s−1 2 s+1 2 2
= cosh t
Se f e g são duas funções seccionalmente contínuas e de ordem exponencial

que diferem num número nito de pontos, então L(f ) = L(g).
Proposição 180. (Unicidade Teorema de Lerch) Se f, g : [0, +∞[ → R
são funções seccionalmente contínuas e de ordem exponencial, e se
L(f )(s) = L(g)(s)
para todo s > s0 , então

f (t) = g(t)
em todo o ponto t onde f e g sejam contínuas.
Em particular:
Corolário 181. Funções contínuas, distintas e de ordem exponencial

possuem transformadas de Laplace distintas.
Exemplo 182. Pela propriedade da primitivação da função original tem-se:

Z t
1 1 1 1 t

= = L e (s) = L eudu (s) = L(et − 1)(s)
s2 − s s s−1 s 0
Donde
1

L−1 2 (t) = et − 1
s −s
Exemplo 183. Determinar !

s+1
L−1 2
(t)
s (s − 1)
Ora,
s+1 A B C −2 −1 2
= + 2+ = + 2 +
s2(s − 1) s s s−1 s s s−1
Logo,
!
s+1 1 1 1

L−1 2 (t) = −2L−1 (t) − L−1 2 (t) + 2L−1 (t)
s (s − 1) s s s−1
= −2 − t + 2et
Exemplo 184. Tendo em conta que

2s2 A + Bs C D s 1 1
= 2 + + =− 2 + +
(s2 + 1)(s − 1)2 s +1 s−1 (s − 1)2 s +1 s−1 (s − 1)2
então
2s2
!
L−1 (t) = − cos t + et + tet
(s2 + 1)(s − 1)2
Exemplo 185. Notando que

e−2s −2s L(sen t)(s) = L θ(t − 2) sen(t − 2) (s)
2
= e ( )
s +1
então

e−2s 0, 0≤t<2
!
L−1 2
(t) = θ(t − 2) sen(t − 2) =
s +1 
sen(t − 2), t≥2
Exemplo 186. Qual a transformada de Laplace inversa da função

s e−3s
F (s) := 2
(s + 4)2
Ora,
s e−3s 1 −3s d 1

F (s) = 2 = − e
(s + 4)2 2 ds s2 + 4
1 d
= − e−3s [L (sen 2t) (s)]
4 ds
1 −3s
= e L(t sen 2t)(s)
4
1
= L [(t − 3)θ(t − 3) sen(2(t − 3))] (s)
4
pelo que
s e−3s
" #
1
L−1 [F (s)] (t) = L−1 2 2
(t) = (t − 3)θ(t − 3) sen(2(t − 3))
(s + 4) 4
Exemplo 187. (Exercício 118 b) + f) + n)) Determine a transformada

de Laplace inversa das funções:
2
(•) F (s) =
s2 + 3s − 4
1
(•) F (s) =
s2(s2 + 4)
(s − 2)e−s
(•) F (s) =
s2 − 4s + 3
Exemplo 188. (Exercício 119 a)) Encontre a transformada de Laplace

inversa da função:
s+3

F (s) = log
s−4
Produto de convolução
A transformada de Laplace de uma soma de funções é, pela linearidade da
transformação L, a soma das transformadas de Laplace de cada uma dessas
funções.
Para entendermos o que se passa com o produto de transformadas de
Laplace, torna-se necessário introduzir um novo produto entre funções:
Sejam f, g : [0, +∞[ → R funções seccionalmente contínuas. Dene-se o
produto de convolução da função f pela função g como sendo a função:
Z t
(f ∗ g)(t) := f (z)g(t − z) dz
0
A este integral dá-se o nome de integral de convolução .

Propriedades do produto de convolução:

(•) f ∗ g = g ∗ f (comutatividade)
Prova: Com efeito:
Z t Z t
z,→u, u=t−z
(f ∗ g)(t) = f (z)g(t − z)dz ======= g(u)f (t − u)du = (g ∗ f )(t) ■
0 0
(•) f ∗ (g + h) = f ∗ g + f ∗ h (∗ é dist. em relação a +)
Prova: Com efeito:

Z t Z t Z t
[(f ∗ (g + h)](t) = f (z)[g(t − z) + h(t − z)]dz = f (z)g(t − z)dz + f (z)h(t − z)dz
0 0 0
= (f ∗ g)(t) + (f ∗ h)(t) ■
(•) f ∗ 0 = 0 (0 é elemento absorvente )
(•) (af ) ∗ g = a(f ∗ g) = f ∗ (ag) (a ∈ R) (lei do salto )

(•) f ∗ (g ∗ h) = (f ∗ g) ∗ h (associatividade)
Prova: Com efeito: Z t Z t Z t−z
[(f ∗ (g ∗ h)](t) = f (z)(g ∗ h)(t − z)dz = f (z) g(u)h(t − z − u)du dz
0 0 0
Z t Z t
= f (z) g(y − z)h(t − y)dy dz (u ,→ y, u = y − z)
0 z
Z t Z t
= f (z)g(y − z)h(t − y)dy dz
0 z
Z t Z y
= f (z)g(y − z)h(t − y)dz dy
0 0
Z t Z y
= f (z)g(y − z)dz h(t − y)dy
0 0
= [(f ∗ g) ∗ h](t) ■
[A função identicamente igual a um não é elemento neutro para o produto de convolução:

Z t
[(cos t) ∗ 1](t) = cos(z) dz = sen(t) ̸= cos t
0
Proposição 189. Sejam f, g : [0, +∞[ → R duas funções seccionalmente

contínuas e de ordem exponencial α. Então,
L(f ∗ g)(s) = L(f )(s) × L(g)(s) (s > α)
Em particular: (f ∗ g)(t) = L−1 (L(f ) × L(g)) (t).
Prova: Com efeito:

Z ∞ Z t
L(f ∗ g)(s) = f (t − z)g(z)dz e−st dt
0 0
Z ∞ Z ∞
= f (t − z)e−st dt g(z)dz
0 z
Z ∞ Z ∞
= f (u)e−s(u+z) du g(z)dz (t ,→ u, t − z = u)
0 0
Z ∞ Z ∞
= g(z)e−sz f (u)e−su du dz
0 0
Z ∞
= L(f )(s) g(z)e−sz dz = L(f )(s) × L(g)(s) ■
0
Exemplo 190. Determinar

!
1
L−1
s3(s2 + 1)
Tem-se:
1 1 1 1 2 1 2
3 2
= 3× 2 = L t × L(sen t) = L t ∗ sen t
s (s + 1) s s +1 2 2
Logo
t2 + 2 cos t − 2
!
1 1 2 1 t 2
Z
−1

L = t ∗ sen t = z sen(t − z)dz =
s3(s2 + 1) 2 2 0 2

Exemplo 191. Se f : [0, +∞[ → R é uma função seccionalmente contínua

e de ordem exponencial α, então
Z t
1

L f (v)dv (s) = L (1 ∗ f ) (s) = L(f )(s) (s > α)
0 s
Exemplo 192. (Exercício 122 c)) Determine a transformada de Laplace

da função:
Z t
f (t) = sen(t − τ ) cos τ dτ
0
Exemplo 193. (Exercício 123 b)) Calcule, utilizando o produto de

convolução, a transformada de Laplace inversa da função:
2
F (s) = 2
s − 4s + 3
⌊ 2.3- Aplicações à resolução de PVI⌋

Exemplo 194. Considere-se o PVI:


y ′ + y = e−t

y(0) = 5

Tem-se:
′ −t 1
L y ′ (s) + L(y)(s) =

L y + y (s) = L e (s) ⇔
s+1
Logo
1
sL(y)(s) − y(0) + L(y)(s) =
s+1
ou seja,
1
sL(y)(s) − 5 + L(y)(s) =
s+1
Donde
1 5
L(y)(s) = +
(s + 1)2 s+1
Ora,
1 5
L(y)(s) = +
(s + 1)2 s+1
−t

= L(t)(s + 1) + 5L e (s)
−t −t

= L e t (s) + 5L e (s)
−t −t

= L e t + 5e (s)
pelo que
y(t) = te−t + 5e−t
é a solução do PVI dado inicialmente.




 y ′′ − 3y ′ + 2y = e3t





y(0) = 1


y ′(0) = 0


Tem-se que:
′′ ′

L y − 3y + 2y (s) = L e3t (s)
1
L y (s) − 3L y ′ (s) + 2L(y)(s) =
′′

s−3
1
s2L(y)(s) − sy(0) − y ′(0) − 3[sL(y)(s) − y(0)] + 2L(y)(s) =
s−3
1
(s2 − 3s + 2)L(y)(s) = s − 3 +
s−3
Logo
s−3 1
L(y)(s) = 2 + 2
s − 3s + 2 (s − 3s + 2)(s − 3)
s−3 1
= +
(s − 1)(s − 2) (s − 1)(s − 2)(s − 3)
A B C D E

= + + + + (A, B, C, D, E ∈ R)
s−1 s−2 s−1 s−2 s−3
5 1 1 1 1
= × −2× + ×
2 s−1 s−2 2 s−3
5 t
2t
1 3t
= L e (s) − 2L e (s) + L e (s)
2 2
5 t 1

=L e − 2e2t + e3t (s)
2 2
e, portanto, 5 t 1
y(t) = e − 2 e2t + e3t
2 2




y ′′ + 3y ′ + 2y = f (t) 
0 ≤ t < 10

 1,
onde

y(0) = 0 f (t) :=




0, t ≥ 10
y ′(0) = 0


Como
f (t) = 1 − θ(t − 10) (t ≥ 0)
então:
L y ′′ + 3y ′ + 2y

= L (1 − θ(t − 10))
ou seja,

2
1 e−10s
s + 3s + 2 L(y) = −
s s
Logo
1 1
L(y)(s) = − e−10s
s(s + 1)(s + 2) s(s + 1)(s + 2)
A B C 1
= + + − e−10s (A, B, C ∈ R)
s s+1 s+2 s(s2 + 3s + 2)
!
1 1 1 1 1 1
= − + − e−10s − +
2s s + 1 2(s + 2) 2s s + 1 2(s + 2)
Tem-se:
1 1 −1 1 1

L −1 = L =
2s 2 s 2
1

L −1 = e−t
s+1
!
1 1 1 1

L−1 = L−1 = e−2t
2(s + 2) 2 s+2 2
!!
1 1 1
L−1 e−10s − + =
2s s + 1 2(s + 2)
1 −10s 1 −10s

=L −1 e L(1) − e−10s −t
L(e ) + e L(e−2t)
2 2
1 1

−1 −(t−10) −2(t−10)

=L L (θ(t − 10)) − L θ(t − 10)e + L θ(t − 10)e
2 2
1 1
= θ(t − 10) − θ(t − 10)e−(t−10) + θ(t − 10)e−2(t−10)
2 2
1 1

= θ(t − 10) − e−(t−10) + e−2(t−10)
2 2

Logo a solução do PVI é:
1 1 1 1

y(t) = − e−t + e−2t − θ(t − 10) − e−t+10 + e−2t+20
2 2 2 2
1 −t + 1 e−2t ,



 − e 0 ≤ t < 10
2 2


=


1 1
−e−t + e−2t + e−t+10 − e−2t+20,

t ≥ 10


2 2
Exemplo 197. (Exercício 126 k)) Resolva o seguinte problema utilizando

a transformada de Laplace:
 
y ′ + z = t
 y(0) = 1

e
z ′ + 4y = 0
 z(0) = −1


Impulso unitário
Alguns sistemas mecânicos sofrem a acção de uma força externa de grande
magnitude, a qual actua somente por um curto período. Por exemplo, uma
bola (beisebol, golfe ou ténis) ao ser atingida violentamente por algum tipo
de tacada (taco de beisebol, taco de golfe ou raqueta de ténis).
Considere-se a função (que pode servir como modelo para uma tal força):

1


 , se t0 − a < t < t0 + a
2a

δa(t − t0) := (a > 0)
caso contrário


0,

à qual se dá o nome de impulso unitário devido à propriedade de integração:

Z ∞
δa(t − t0) dt = 1
−∞

[Impulso unitário]
' $
& %
(Para pequenos valores de a, δa(t − t0) é, essencialmente, uma função

constante de grande magnitude que está activa somente por um curto
período em torno do ponto t0.)
' $
& %
[Comportamento de δa(t − t0) , quando a → 0 .]

(A área abaixo do gráco de δa (t − t0 ) é igual a 1 e não depende de a nem de t0.)

delta de Dirac
Distribuição
As funções δa(t − t0), com a > 0, originam um outro tipo de impulso unitário,
expresso na forma de uma função generalizada. De modo mais concreto,
dene-se, simbolicamente:
δ(t − t0) := lim δa(t − t0)
a→0+
Esta última expressão, que não dene uma função no sentido usual, pode
ser caracterizada pelas propriedades:
se

∞, t = t0 Z ∞
(I) δ(t − t0) = (II) δ(t − t0) dt = 1

0, se t ̸= t0 −∞
O impulso unitário δ(t − t0) é denominado distribuição delta de Dirac ou

função generalizada delta de Dirac.
(Com algum abuso de linguagem, por vezes, função delta de Dirac .)

(Requerendo rigor, a distribuição delta de Dirac deve ser abordada no contexto da Teoria
das Distribuições ou Teoria das Funções Generalizadas.)
Uma propriedade importante (propriedade da escolha ) da função delta de
Dirac é o seu efeito ou acção sobre outras funções. Isto é:
Se f :R→R é uma função contínua e limitada, então
Z ∞
f (t)δ(t − t0) dt = f (t0) (57)
−∞
Prova: Com efeito:

Z ∞ Z t0 +a Z t0 +a
1
f (t)δ(t − t0 )dt = lim+ f (t)δa (t − t0 )dt = lim+ f (t)dt
−∞ a→0 t0 −a a→0 2a t0 −a
1
= lim+ [F (t0 + a) − F (t0 − a)] (F primitiva de f )
a→0 2a

1 F (t0 + a) − F (t0 ) F (t0 − a) − F (t0 )
= lim+ − lim+ = F ′ (t0 ) = f (t0 ) ■
2 a→0 a a→0 a
Transformada de Laplace da delta de Dirac

Com a notação que temos vindo a utilizar, se t0 > 0, então:
1

L (δa(t − t0)) (s) = L [θ(t − t0 + a) − θ(t − t0 − a)] (s)
2a
 
1  e−(t0−a)s e−(t0+a)s  −st eas − e−as
= − =e 0×
2a s s 2as
Assim, aplicando limites quando a → 0+ , pode-se enunciar:
Proposição 198. Nas condições anteriores, para t0 > 0,
L (δ(t − t0)) (s) = e−st0

Observe-se o seguinte:
(•) Pela última proposição faz sentido concluir que
L (δ(t)) (s) = 1
o que realça o facto de δ(t) não ser uma função no sentido usual
(Recorde-se a este respeito a Proposição 166.).
(•) Valem as seguintes identidades, desde que estas façam sentido:
L(f (t) ∗ δ(t)) = L(f (t)) × L(δ(t)) = L(f (t))
pelo que
f (t) ∗ δ(t) = f (t)
Em particular, δ(t) é elemento neutro para o produto de convolução.

Exemplo 199. (Exercício 126 f)) Resolva o seguinte problema utilizando

a transformada de Laplace:
1
y ′′ − 5y ′ + 6y = − δ(t − 2), y(0) = 1 e y ′(0) = 2
2
Ora, admitindo que Y (s) := L(y)(s), então

1 1 1 1

Y (s) = + e−2s −
s−2 2 s−2 s−3
e, portanto,
1 1 1 1

y(t) = L−1 + e−2s − (t)
s−2 2 s−2 s−3
se

2t 0≤t<2
e ,


= e2t−4 − e3t−6
2t
e +

 , se t≥2
2
Algumas notas sobre a transformada de Laplace

(•) Pode-se denir a transformada de Laplace para s ∈ C. Se f : [0, +∞[ → R
é uma função s.c. e de ordem exponencial α ∈ R, o integral
Z ∞
L(f )(s) := f (t)e−stdt (s ∈ C)
0
converge sempre que Re(s) > α. Desta forma extende-se a transformada
de Laplace ao domínio C.
(•) Dene-se transformada de Laplace bilateral como sendo o integral
Z ∞
L(f )(s) := f (t)e−stdt
−∞
caso este seja convergente. Por vezes, ao aplicar esta denição, há a
necessidade de multiplicar a função f (t) pela função de Heaviside θ(t),
am de garantir a convergência do integral. Isto é, toma-se
Z ∞ Z ∞
θ(t)f (t)e−stdt = f (t)e−stdt
−∞ 0
coincidindo com a denição de transformada de Laplace utilizada.
3 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS PARCIAIS Slide Nº 356
⌊ 3.1- Generalidades. O método de integração⌋

Uma equação diferencial parcial, abreviadamente EDP, é uma equação
que relaciona funções de duas ou mais variáveis (as incógnitas da equação),
as variáveis independentes e as derivadas parciais dessas funções.
A ordem de uma EDP é determinada pela maior ordem das derivadas
presentes na equação.
Dada uma função real
u(x, y, . . . , z)
nas variáveis reais x, y, . . . , z , sucientemente regular, por vezes denotamos

∂u ∂u ∂ 2u ∂ 2u
ux := uy := uxx := uxy := etc...
∂x ∂y ∂x2 ∂y∂x
Exemplo 200. Exemplos de EDP:

(•) ux + uy = 0 (EDP de 1a ordem, u(x, y) função incógnita)
(•) ut + uutx = 0 (EDP de 2a ordem, u(t, x) função incógnita)
(•) ut + uxx + utxy = 0 (EDP de 3a ordem, u(t, x, y) função incógnita)
Uma solução de uma EDP é toda a função que satisfaça a equação

diferencial, numa dada região onde a equação esteja denida.
Exemplo 201. A função

u(x, y) := exy
é solução (em R2) da EDP:

xux − yuy = 0

A forma mais geral de uma EDP de 1a ordem nas variáveis independentes x

e y é dada por,
F (x, y, u(x, y), ux(x, y), uy (x, y)) = F (x, y, u, ux, uy ) = 0
A forma mais geral de uma EDP de 2a ordem nas variáveis independentes x

e y é dada por:
F (x, y, u, ux, uy , uxx, uxy , uyy ) = 0
com u(x, y) sucientemente regular para que se tenha uxy = uyx.
Uma EDP diz-se linear se for da forma L(u) = R, com L operador diferencial
parcial linear. Se R for a função identicamente nula, então a EDP diz-se
homogénea. Caso contrário, diz-se não homogénea.

O espaço das soluções de uma EDP linear homogénea satisfaz o chamado

Princípio da Superposição. Isto é, se u1 , u2 , . . . , un são soluções de uma
EDP linear homogénea, então o mesmo sucede às funções

c1u1 + c2u2 + · · · + cnun (ci ∈ R)
Exemplo 202. Utilizando o método de integração encontre as soluções

da EDP:
uxx = 0
Exemplo 203. Utilizando o método de integração determine a solução

do problema 


uxy = x2y



u(x, 0) = x 2




u(1, y) = cos y


Exemplo 204. Utilizando o método de integração encontre as soluções

dos problemas:
2z

 ∂


 2
= 4z



 ∂x



 ∂z
(•) (0, y) = 2 sen(y)




∂x


∂z



 (0, y) = 0


∂y

 ∂ 2z
+z =0





 ∂x 2




(•) z(0, y) = ey





∂z





 (0, y) = 1
∂x

⌊ 3.2- O método da separação de variáveis⌋
O método da separação de variáveis é um dos mais antigos e sistemáticos

métodos para resolver EDP. Embora ao longo dos tempos tenha sofrido
consideráveis renamentos e generalizações, ainda hoje contínua a ser um
método de grande importância e de uso frequente para resolver problemas
sobre EDP.
Em termos muito gerais, dada uma equação diferencial parcial, nas variáveis
independentes x1, x2, . . . , xn, este método consiste na determinação das
soluções da equação, caso existam, que possam ser escritas na forma
u(x1, x2, . . . , xn) = X1(x1)X2(x2) · · · Xn(xn)
onde cada função Xj (xj ) só depende da variável independente xj .

Exemplo 205. Considere-se o problema de valores na fronteira


ux = 4uy

u(0, y) = 8e−3y

e procuremos as soluções deste problema da forma

u(x, y) := X(x)Y (y)
Ora,
ux = X ′(x)Y (y) e uy = X(x)Y ′(y) ⇒ X ′(x)Y (y) = 4X(x)Y ′(y)
pelo que
X ′(x) Y ′(y) X ′(x) Y ′(y)
= ⇒ = =k∈R (constante de separação )
4X(x)
| {z }
Y (y)
| {z }
4X(x) Y (y)
só depende só depende
de x de y

Da igualdade anterior resulta o par de EDO:

X ′(x) − 4kX(x) = 0 e Y ′(y) − kY (y) = 0
A primeira equação diferencial tem como solução geral

X(x) = Ae4kx (A ∈ R)
enquanto a segunda tem como solução geral

Y (y) = Beky (B ∈ R)
Assim
u(x, y) = X(x)Y (y) = Cek(4x+y) (C ∈ R)
De u(0, y) = 8e−3y , resulta C=8 e k = −3. A solução do problema é:

u(x, y) = 8e−12x−3y

Observe-se que o método da separação de variáveis, por si só, pode não

esgotar as soluções de uma dada equação diferencial parcial. Se tomarmos,
por exemplo, a EDP do exemplo anterior,
ux = 4uy
vemos que a função

u(x, y) := 4x + y
é uma das suas soluções e, no entanto, esta solução não está incluída na
família de soluções
u(x, y) = X(x)Y (y) = Cek(4x+y)
obtida pelo método da separação de variáveis.

Problemas sobre EDP envolvem, normalmente, certas condições adicionais

como, por exemplo, condições iniciais e condições de fronteira.
Existem vários tipos de condições de fronteira:
Condições de Dirichlet: Especicam o valor que a solução deve satisfazer
ao longo de parte da fronteira do domínio do problema.
Condições de Neumann: Especicam o valor que as derivadas da solução
devem satisfazer ao longo de parte da fronteira do domínio do problema.
Condições de Cauchy: Especicam o valor que as derivadas e a própria
solução devem satisfazer ao longo de parte da fronteira do domínio do
problema.
Condições de Robin: Especicam o valor que uma combinação linear entre
a solução e as suas derivadas devem satisfazer ao longo de parte da fronteira
do domínio do problema.
O Problema da corda vibrante

' $
& %
(•) Corda esticada entre dois suportes colocados ao mesmo nível horizontal;
(•) A corda é colocada em movimento por forma a vibrar num plano vertical;
(•) u(x, t) denota o deslocamento vertical experimentado pela corda no ponto
x, no instante t. Em condições ideais, u(x, t) satisfaz a EDP

u

tt = c 2u
xx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) (58)
designada por equação das ondas ou equação da corda vibrante
(c > 0 e L > 0 são constantes, a primeira com signicado físico).
' $
Problema 1: Extremidades da corda xas
(Problema com condições de Dirichlet homogéneas)

(1) u = c 2u (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)


 tt xx




(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)


(3) ut (x, 0) = g(x) (velocidade inicial) (0 ≤ x ≤ L)









(0 ≤ x ≤ L)

(4) u(x, 0) = f (x) (deslocamento inicial)
& %
' $
& %

Admita-se que
(1) utt = c2uxx
possui soluções não triviais da forma:

u(x, t) := X(x)T (t)
Em particular, X(x) e T (t) não são identicamente nulas. Tem-se:

utt = c2uxx ⇔ X(x)T ′′(t) = c2X ′′(x)T (t)
e, portanto,
X ′′(x) T ′′(t) X ′′(x) T ′′(t)
= ⇒ = 2 =k (k ∈ R constante de separação)
X(x)
| {z }
c2T (t)
| {z }
X(x) c T (t)
depende de x depende de t
não depende de t não depende de x
resultando o sistema de EDO:


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′′(t) − kc2T (t) = 0



Por
(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
e lembrando que T (t) não é identicamente nula tem-se

∀t ≥ 0 0 = u(0, t) = X(0)T (t) ⇒ X(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = u(L, t) = X(L)T (t) ⇒ X(L) = 0
Juntando estas duas condições à equação

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
obtém-se o problema de valores na fronteira:


X ′′(x) − kX(x) = 0 −→ equação característica: r 2 − k = 0

X(0) = 0 = X(L)


Diferentes valores de k originam soluções de natureza diferente:

k=0 ⇝ soluções polinomiais
k>0 ⇝ soluções exponenciais
k<0 ⇝ soluções trigonométricas
Analisemos separadamente os casos k = 0, k > 0 e k < 0:

k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)
pelo que X(x) = A + Bx, com A, B ∈ R. Ora,


0 = X(0) = A

⇔ A=0=B
0 = X(L) = A + BL

obtendo-se apenas a solução trivial X(x) = 0, a qual não interessa.


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
X(x) = Ae x k + Be −x k (A, B ∈ R)
Ora,

0 = X(0) = A + B 1 1 √ √

√ √ e √

√ =e
−L k − e k ̸= 0
L
e−L k
0 = X(L) = AeL k + Be−L k L k
e

donde, necessariamente, A = B = 0 obtendo-se novamente a solução trivial

X(x) = 0, a qual mais uma vez não interessa.


k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √
X(x) = A cos x −k + B sen x −k (A, B ∈ R)
Ora, de X(0) = 0 resulta A = 0, pelo que

√ √
ou

0 = X(L) = B sen L −k ⇔ B=0 sen L −k = 0
Tomando B ̸= 0 (B = 0 não interessa, uma vez que nos leva à solução trivial
√
X(x) = 0), necessariamente sen L −k = 0, pelo que

√ nπ 2

L −k = nπ (n ∈ N) ⇔ k=− (n ∈ N)
L
Para estes valores de k obtém-se as soluções:
nπx

Xn(x) = Bn sen (n ∈ N, Bn ∈ R)
L
Para cada valor k = −(nπ/L)2, com n ∈ N, considere-se a segunda equação:

2
cnπ

(B) 0 = T ′′(t) − kc2T (t) = T ′′(t) + T (t)
L
Resolvendo estas equações obtém-se
cnπt cnπt

Tn(t) = Cn cos + Dn sen (Cn, Dn ∈ R)
L L
Para cada n∈N dena-se:
nπx cnπt cnπt

un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = Bn sen Cn cos + Dn sen
L L L
nπx cnπt cnπt

= sen En cos + Fn sen (En , Fn ∈ R)
L L L
NOTA: As funções un (x, t) satisfazem as condições:

 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
Pelo Princípio da Superposição Generalizado construa-se a solução formal

do problema inicial (onde αn, βn, γn ∈ R):
∞ ∞
nπx cnπt cnπt
X X
u(x, t) := αnun(x, t) = sen βn cos + γn sen
n=1 n=1 L L L
Por
(3) ut(x, 0) = g(x)
resulta ∞
cnπ
nπx
X
g(x) = ut(x, 0) = γn sen
n=1 L L
relação a partir da qual se deve poder determinar γn, para cada n ∈ N.

 
NOTA: Após encontrar γn obtém-se uma função u(x, t) a qual satisfaz:
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x) (0 ≤ x ≤ L)
Finalmente, por
(4) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞
nπx
X
f (x) = u(x, 0) = βn sen
n=1 L
relação a partir da qual se deve poder determinar βn, para cada n ∈ N.

 
NOTA: Após encontrar βn obtém-se uma função u(x, t) a qual satisfaz:
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x)
 

 (0 ≤ x ≤ L) 

 

 (4) u(x, 0) = f (x) (0 ≤ x ≤ L) 

 
Isto é, encontra-se a solução u(x, t) do Problema 1.

Exemplo 206. Considere-se o problema sobre a equação da corda vibrante

1
(1) utt = uxx (0 ≤ x ≤ 2, t ≥ 0) | (3) ut (x, 0) = g(x) := 0 (0 ≤ x ≤ 2)
9 πx
(2) u(0, t) = u(2, t) = 0 (t ≥ 0) | (4) u(x, 0) = f (x) := sen (0 ≤ x ≤ 2)
2
Por (1) e (2)
∞ nπx
X nπt nπt
u(x, t) = sen βn cos + γn sen (βn , γn ∈ R)
n=1
2 6 6
é a solução formal do problema. Por (3)

∞
X nπ nπx
0 = ut (x, 0) = γn sen ⇒ ∀ n ∈ N γn = 0
n=1
6 2
donde
∞ nπx
X nπt
u(x, t) = βn sen cos
n=1
2 6
Finalmente, por (4)
πx ∞ nπx πx
X 2πx β1 = 1
sen = u(x, 0) = βn sen = β1 sen +β2 sen +· · · ⇒
2 2 2 2 βn = 0 (n ≥ 2)
n=1
A solução do problema é: πx
πt
u(x, t) = sen cos
2 6
' $
Problema 2: Extremidades da corda livres
(Problema com condições de Neumann homogéneas)



 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)




(2) ux(0, t) = 0 = ux(L, t) (t ≥ 0)











(0 ≤ x ≤ L)

& %
' $
& %

Admita-se que
(1) utt = c2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′′(t) X ′′(x) T ′′(t)
= 2 T (t)
⇒ = 2 =k (k ∈ R constante de separação)
X(x)
| {z }
c
| {z }
X(x) c T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′′(t) − kc2T (t) = 0



Por
(2) ux(0, t) = 0 = ux(L, t) (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 0 = ux(0, t) = X ′(0)T (t) ⇒ X ′(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = ux(L, t) = X ′(L)T (t) ⇒ X ′(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X ′(0) = 0 = X ′(L)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X ′(0) = B

0 = X ′(L) = B

obtendo-se neste caso a solução X0(x) = A0, com A0 ∈ R


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
X(x) = Ae x k + Be −x k (A, B ∈ R)
Ora,

′
√
0 = X (0) = \k (A − B)

1 −1

√ √


e

L k −e−L k ̸= 0
=e

√ √ √ √ √
′ L k − Be−L k L k
−e−L k
0 = X (L) = \k Ae


 e
donde, necessariamente, A=B =0 obtendo-se a solução trivial X(x) = 0,

a qual não interessa.


k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √
Ora, de X ′(0) = 0 resulta B = 0, pelo que

√ √ √
0 = X ′(L) = −A ou

\
−k sen L −k ⇔ A=0 sen L −k = 0
Tomando A ̸= 0 (A = 0 não interessa, uma vez que nos leva à solução trivial
√

√ nπ 2

L −k = nπ (n ∈ N) ⇔ k=− (n ∈ N)
L
nπx

Xn(x) = An cos (n ∈ N, An ∈ R)
L
Para os valores k = 0 e k = −(nπ/L)2, com n ∈ N, tome-se, respectivamente,

a segunda equação:
2
cnπ

(B) 0 = T ′′(t) e 0 = T ′′(t) − kc2T (t) = T ′′(t) + T (t)
L
Resolvendo estas equações obtém-se, respectivamente,
cnπt cnπt

T0(t) = C0 + D0t e Tn(t) = Cn cos + Dn sen (Cn, Dn ∈ R)
L L
Dena-se:
u0(x, t) := X0(x)T0(t) = E0 + F0t (E0 , F0 ∈ R)
nπx cnπt cnπt

un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = An cos Cn cos + Dn sen
L L L
nπx cnπt cnπt

= cos En cos + Fn sen (n ∈ N, En , Fn ∈ R)
L L L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

(2) ux (0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
Pelo Princípio da Superposição Generalizado construa-se a solução formal do

problema inicial (onde αn, βn, γn ∈ R):
∞
X
u(x, t) := α0u0(x, t) + αnun(x, t)
n=1
∞
nπx cnπt cnπt
X
= β0 + γ0t + cos βn cos + γn sen
n=1 L L L
Por
(3) ut(x, 0) = g(x)
resulta ∞
nπx
cnπ
X
g(x) = ut(x, 0) = γ0 + γn cos
n=1 L L
relação a partir da qual se deve poder determinar γn, para cada n ∈ N0 .
 
 
(1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)
 
 
 
(2) ux (0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x) (0 ≤ x ≤ L)
Finalmente, por
(4) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞
nπx
X
f (x) = u(x, 0) = β0 + βn cos
n=1 L
relação a partir da qual se deve poder determinar βn, para cada n ∈ N0.
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) ux (0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x)
 

 (0 ≤ x ≤ L) 

 

 (4) u(x, 0) = f (x) (0 ≤ x ≤ L) 

 


(1) utt = uxx (0 ≤ x ≤ 1, t ≥ 0) | (3) ut (x, 0) = 0 (0 ≤ x ≤ 1)
1
(2) ux (0, t) = ux (1, t) = 0 (t ≥ 0) | (4) u(x, 0) = 1 + cos (πx) (0 ≤ x ≤ 1)
10
Por (1) e (2)
∞
X
u(x, t) = β0 + γ0 t + cos (nπx) [βn cos (nπt) + γn sen (nπt)] (βn , γn ∈ R)
n=1

∞
X
0 = ut (x, 0) = γ0 + nπγn cos (nπx) ⇒ ∀ n ∈ N0 γn = 0
n=1
donde ∞
X
u(x, t) = β0 + βn cos (nπx) cos (nπt)
n=1
Finalmente, por (4)
∞
1 X
1+ cos(πx) = u(x, 0) = β0 + βn cos(nπx) = β0 + β1 cos(πx) + β2 cos(2πx) + · · ·
10 n=1
Donde β0 = 1, β1 = 1
10
e βn = 0, para n ≥ 2. A solução do problema é:
1
u(x, t) = 1 + cos(πx) cos(πt)
10
' $
Problema 3: Uma extremidade da corda xa e a outra livre I
(Problema com condições de Cauchy homogéneas)



 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)




(2) u(0, t) = 0 = ux(L, t) (t ≥ 0)











(0 ≤ x ≤ L)

& %
' $
& %

Admita-se que
(1) utt = c2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′′(t) X ′′(x) T ′′(t)
= 2 T (t)
X(x)
| {z }
c
| {z }
X(x) c T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′′(t) − kc2T (t) = 0



Por
(2) u(0, t) = 0 = ux(L, t) (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 0 = u(0, t) = X(0)T (t) ⇒ X(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = ux(L, t) = X ′(L)T (t) ⇒ X ′(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X(0) = 0 = X ′(L)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X(0) = A

0 = X ′(L) = B



k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
X(x) = Aex k + Be−x k (A, B ∈ R)
Ora,

0 = X(0) = A + B



 1 1
e

̸= 0

√ √ √ √ √
′ L k − Be−L k L k −L k
0 = X (L) = \k Ae −e


 e



k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √

√ √ √
0 = X ′(L) = B ou

\ cos L −k
−k ⇔ B=0 cos L −k = 0
√
X(x) = 0), necessariamente cos L −k = 0, pelo que

√ π + nπ !2
π 2
L −k = + nπ (n ∈ N0) ⇔ k=− (n ∈ N0)
2 L
π + nπ !
Xn(x) = Bn sen 2 x (n ∈ N0, Bn ∈ R)
L
π 2
Para os valores k=− 2 +nπ
L , com n ∈ N0 , tome-se a segunda equação:
π + nπ !2
(B) 0 = T ′′(t) − kc2T (t) = T ′′(t) + 2 c T (t)
L
π + nπ ! π + nπ !
Tn(t) = Cn cos 2 ct + Dn sen 2 ct (Cn, Dn ∈ R)
L L
Dena-se, para cada n ∈ N0 ,
" π + nπ !#
un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = Bn sen 2 x ×
L
" π + nπ ! π + nπ !#
× Cn cos 2 ct + Dn sen 2 ct
L L
π + nπ !" π + nπ ! π + nπ !#
= sen 2 x En cos 2 ct + Fn sen 2 ct (En , Fn ∈ R)
L L L
!
(1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) (2) u(0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)


∞
X
u(x, t) := αnun(x, t)
n=0
∞ π + nπ ! " π + nπ ! π + nπ !#
2 2 2
X
= sen x βn cos ct + γn sen ct
n=0 L L L
Por
(3) ut(x, 0) = g(x)
resulta ∞ π + nπ π + nπ !
2 2
X
g(x) = ut(x, 0) = c γn sen x
n=0 L L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x) (0 ≤ x ≤ L)
Finalmente, por
(4) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞ π + nπ !
2
X
f (x) = u(x, 0) = βn sen x
n=0 L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x)
 

 (0 ≤ x ≤ L) 

 

 (4) u(x, 0) = f (x) (0 ≤ x ≤ L) 

 

Exemplo 208. Considere-se o problema para (x, t) ∈ [0, 3] × [0, +∞[ :

(1) utt = uxx | (3) ut (x, 0) = g(x) := 0

1 πx 1 5πx
(2) u(0, t) = ux (3, t) = 0 | (4) u(x, 0) = f (x) := sen + sen
3 2 5 6
Por (1) e (2)
∞ π π π
X
2
+ nπ + nπ + nπ
u(x, t) = sen x βn cos 2 t + γn sen 2 t (βn , γn ∈ R)
n=0
3 3 3

∞ π π
X
2
+ nπ 2
+ nπ
0 = ut (x, 0) = γn sen x ⇒ ∀ n ∈ N0 γn = 0
n=0
3 3
donde
∞ π π
X
2
+ nπ + nπ
u(x, t) = βn sen x cos 2 t
n=0
3 3
Finalmente, por (4)
∞
(
β0 = 0, β1 = 31 , β2 = 1
π
1 πx 1 5πx X + nπ 5
sen + sen = u(x, 0) = βn sen 2 x ⇒
3 2 5 6 n=0
3 βn = 0 (n ≥ 3)
A solução do problema é:

1 πx πt 1 5πx 5πt
u(x, t) = sen cos + sen cos
3 2 2 5 6 6
' $
Problema 4: Uma extremidade da corda xa e a outra livre II



 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)




(2) u(L, t) = 0 = ux(0, t) (t ≥ 0)











(0 ≤ x ≤ L)

& %
' $
& %

Admita-se que
(1) utt = c2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′′(t) X ′′(x) T ′′(t)
= 2 T (t)
X(x)
| {z }
c
| {z }
X(x) c T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′′(t) − kc2T (t) = 0



Por
(2) u(L, t) = 0 = ux(0, t) (t ≥ 0)
e lembrando que T (t) não é identicamente nula vem

∀t ≥ 0 0 = u(L, t) = X(L)T (t) ⇒ X(L) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = ux(0, t) = X ′(0)T (t) ⇒ X ′(0) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X(L) = 0 = X ′(0)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X(L) = A + BL

⇔ A=0=B
0 = X ′(0) = B



k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
Ora,
 √ √ √ √
L k + Be−L k L k −L k
0 = X(L) = Ae e e √ √


√ e
= − eL k + e−L k ̸= 0

0 = X ′(0) = \k (A − B ) −1

 1



k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √

√ √
ou

0 = X(L) = A cos L −k ⇔ A=0 cos L −k = 0
√

√ π + nπ !2
π 2
L −k = + nπ (n ∈ N0) ⇔ k=− (n ∈ N0)
2 L
π + nπ !
Xn(x) = An cos 2 x (n ∈ N0, An ∈ R)
L
π 2
Para os valores k=− 2 +nπ
L , com n ∈ N0 , tome-se a segunda equação:
π + nπ !2
(B) 0 = T ′′(t) − kc2T (t) = T ′′(t) + 2 c T (t)
L
π + nπ ! π + nπ !
Tn(t) = Cn cos 2 ct + Dn sen 2 ct (Cn, Dn ∈ R)
L L
Dena-se, para cada n ∈ N0 ,
" π + nπ !#
un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = An cos 2 x ×
L
" π + nπ ! π + nπ !#
× Cn cos 2 ct + Dn sen 2 ct
L L
π + nπ !" π + nπ ! π + nπ !#
= cos 2 x En cos 2 ct + Fn sen 2 ct (En , Fn ∈ R)
L L L
!
(1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) (2) u(L, t) = 0 = ux (0, t) (t ≥ 0)


∞
X
u(x, t) := αnun(x, t)
n=0
∞ π + nπ ! " π + nπ ! π + nπ !#
2 2 2
X
= cos x βn cos ct + γn sen ct
n=0 L L L
Por
(3) ut(x, 0) = g(x)
resulta ∞ π + nπ π + nπ !
2 2
X
g(x) = ut(x, 0) = c γn cos x
n=0 L L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(L, t) = 0 = ux (0, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x) (0 ≤ x ≤ L)
Finalmente, por
(4) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞ π + nπ !
2
X
f (x) = u(x, 0) = βn cos x
n=0 L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(L, t) = 0 = ux (0, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x)
 

 (0 ≤ x ≤ L) 

 

 (4) u(x, 0) = f (x) (0 ≤ x ≤ L) 

 


(1) utt = uxx (0 ≤ x ≤ 3, t ≥ 0) | (3) ut (x, 0) = 0 (0 ≤ x ≤ 3)
πx
(2) u(3, t) = ux (0, t) = 0 (t ≥ 0) | (4) u(x, 0) = 5 cos (0 ≤ x ≤ 3)
2
Por (1) e (2)
∞ π π π
X
2
+ nπ + nπ + nπ
u(x, t) = cos x βn cos 2 t + γn sen 2 t (βn , γn ∈ R)
n=0
3 3 3

∞ π π
X
2
+ nπ 2
+ nπ
0 = ut (x, 0) = γn cos x ⇒ ∀ n ∈ N0 γn = 0
n=0
3 3
donde
∞ π π
X
2
+ nπ + nπ
u(x, t) = βn cos x cos 2 t
n=0
3 3
Finalmente, por (4)
∞ π
πx X
2
+ nπ
5 cos = u(x, 0) = βn cos x
2 n=0
3
Donde β0 = 0, β1 = 5 e βn = 0, para n ≥ 2. A solução do problema é:

πx
πt
u(x, t) = 5 cos cos
2 2
' $
Problema 5
(Problema com condições de Cauchy)

(1) u = c 2u (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)


 tt xx


e


(2) u(0, t) = u(L, t) ux(L, t) = 0 (t ≥ 0)











(0 ≤ x ≤ L)

& %
' $
& %

Admita-se que
(1) utt = c2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′′(t) X ′′(x) T ′′(t)
= 2 T (t)
X(x)
| {z }
c
| {z }
X(x) c T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′′(t) − kc2T (t) = 0



Por
(2) u(0, t) = u(L, t) e ux(L, t) = 0 (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 X(0)T (t) = u(0, t) = u(L, t) = X(L)T (t) ⇒ X(0) = X(L)
e
∀t ≥ 0 0 = ux(L, t) = X ′(L)T (t) ⇒ X ′(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X(0) = X(L)

e X ′(L) = 0


k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)

  
X(0) = X(L)
 A = A + BL
 A ∈ R

⇔ ⇔
X ′(L) = 0
 B = 0
 B = 0

obtendo-se neste caso a solução X0(x) = A0, com A0 ∈ R.


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que √ √
Ora,  √ √
 
 1 − e L k A + 1 − e−L k B = 0
X(0) = X(L)
 


⇔ √ √
X ′(L) = 0
 √
L k A − e−L k B = 0
 \k e



Como √ √
1 − eL k 1 − e−L k

√ √ 2
= −e−L k −1 + eL k

√ √ ̸= 0
eL k −e−L k

necessariamente A = B = 0. Logo, neste caso, só se obtém a solução trivial

X(x) = 0, a qual não interessa.

k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √
Ora,
  √ √
X(0) = X(L)
  1 − cos L −k A − sen L −k B = 0

⇔ √ √ √
X ′(L) = 0
  −k

\ − sen L −k A + cos L −k B = 0
Para não sermos conduzidos à solução trivial necessariamente
√ √
1 − cos L −k − sen L −k √

= −1 + cos L −k = 0

√ √
− sen L −k cos L −k

Donde √ 2nπ 2

L −k = 2nπ (n ∈ N) ⇔ k=−
L
Para estes valores resulta da segunda equação B = 0 obtendo-se as soluções
2nπx

L
Para os valores obtidos k = 0 e k = −(2nπ/L)2, com n ∈ N, considere-se,

respectivamente, a segunda equação:
2
2nπc

(B) 0 = T ′′(t) e 0 = T ′′(t) − kc2T (t) = T ′′(t) + T (t)
L
2nπct 2nπct

L L
Dena-se:
u0(x, t) := X0(x)T0(t) = E0 + F0t (E0 , F0 ∈ R)
2nπx 2nπct 2nπct

un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = An cos Cn cos + Dn sen
L L L
2nπx 2nπct 2nπct

= cos En cos + Fn sen (n ∈ N, En , Fn ∈ R)
L L L
!
(1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) (2) u(0, t) = u(L, t) e ux (L, t) = 0 (t ≥ 0)


∞
X
u(x, t) := α0u0(x, t) + αnun(x, t)
n=1
∞
2nπx 2nπct 2nπct
X
= β0 + γ0t + cos βn cos + γn sen
n=1 L L L
Por
(3) ut(x, 0) = g(x)
resulta ∞
2nπc 2nπx
X
g(x) = ut(x, 0) = γ0 + γn cos
n=1 L L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = u(L, t) e ux (L, t) = 0 (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x) (0 ≤ x ≤ L)
Finalmente, por
(4) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞
2nπx
X
f (x) = u(x, 0) = β0 + βn cos
n=1 L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = u(L, t) e ux (L, t) = 0 (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x)
 

 (0 ≤ x ≤ L) 

 

 (4) u(x, 0) = f (x) (0 ≤ x ≤ L) 

 


(1) utt = uxx | (3) ut (x, 0) = g(x) := 0
(2) u(0, t) = u(2, t) e ux (2, t) = 0 | (4) u(x, 0) = f (x) := 3 + 8 cos (πx)
Por (1) e (2)

∞
X
u(x, t) = β0 + γ0 t + cos (nπx) [βn cos (nπt) + γn sen (nπt)] (βn , γn ∈ R)
n=1

∞
X
0 = ut (x, 0) = γ0 + nπγn cos (nπx) ⇒ ∀ n ∈ N0 γn = 0
n=1
donde
∞
X
u(x, t) = β0 + βn cos (nπx) cos (nπt)
n=1
Finalmente, por (4)
∞
X
3 + 8 cos (πx) = u(x, 0) = β0 + βn cos (nπx) = β0 + β1 cos (πx) + β2 cos (2πx) + · · ·
n=1
Donde β0 = 3, β1 = 8 e βn = 0, para n ≥ 2. A solução do problema é:
u(x, t) = 3 + 8 cos (πx) cos (πt)

' $
Problema 6
(Problema com condições de Cauchy)

(1) u = c 2u (0 ≤ x ≤ L)


 tt xx


e


(2) u(0, t) = 0 ux(0, t) = ux(L, t) (t ≥ 0)











(0 ≤ x ≤ L)

& %
' $
& %

Admita-se que
(1) utt = c2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′′(t) X ′′(x) T ′′(t)
= 2 T (t)
X(x)
| {z }
c
| {z }
X(x) c T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′′(t) − kc2T (t) = 0



Por
(2) u(0, t) = 0 e ux(0, t) = ux(L, t) (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 0 = u(0, t) = X(0)T (t) ⇒ X(0) = 0
e
∀t ≥ 0 X ′(0)T (t) = ux(0, t) = ux(L, t) = X ′(L)T (t) ⇒ X ′(0) = X ′(L)

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X(0) = 0

e X ′(0) = X ′(L)


k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)

  
X(0) = 0
 A = 0
 A = 0

⇔ ⇔
X ′(0) = X ′(L)
 B = B
 B ∈ R

obtendo-se neste caso a solução X0(x) = B0x, com B0 ∈ R .


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que √ √
X(x) = Ae x k + Be −x k (A, B ∈ R)
Ora,

A+B =0
 
X(0) = 0
 


⇔ √ √ √
X ′(0) = X ′(L)
 \k 1 − eL k A + −1 + e−L k B = 0
 


Como

1 1
√ √ 2
= e−L k −1 + eL k ̸= 0

√ √
1 − eL k −1 + e−L k

necessariamente A = B = 0. Logo, neste caso, só se obtém a solução trivial

X(x) = 0, a qual não interessa.

k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √
Ora, de X(0) = 0 resulta A = 0. Logo

√ √
X ′(0) = X ′(L)

⇔ B \
−k 1 − cos L −k =0
Para não sermos conduzidos à solução trivial tomamos B ̸= 0, pelo que

√
necessariamente cos L −k = 1, ou seja,

√ 2nπ 2

L −k = 2nπ (n ∈ N) ⇔ k=−
L
obtendo-se as seguintes soluções para os diversos valores de k:

2nπx

L
Para os valores obtidos k = 0 e k = −(2nπ/L)2, com n ∈ N, considere-se,

respectivamente, a segunda equação:
2
2nπc

(B) 0 = T ′′(t) e 0 = T ′′(t) − kc2T (t) = T ′′(t) + T (t)
L
2nπct 2nπct

L L
Dena-se:
u0(x, t) := X0(x)T0(t) = E0x + F0xt (E0 , F0 ∈ R)
2nπx 2nπct 2nπct

un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = Bn sen Cn cos + Dn sen
L L L
2nπx 2nπct 2nπct

= sen En cos + Fn sen (n ∈ N, En , Fn ∈ R)
L L L
!
(1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) (2) u(0, t) = 0 e ux (0, t) = ux (L, t) (t ≥ 0)


∞
X
u(x, t) := α0u0(x, t) + αnun(x, t)
n=1
∞
2nπx 2nπct 2nπct
X
= β0x + γ0xt + sen βn cos + γn sen
n=1 L L L
Por
(3) ut(x, 0) = g(x)
resulta ∞
2nπc 2nπx
X
g(x) = ut(x, 0) = γ0x + γn sen
n=1 L L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 e ux (0, t) = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x) (0 ≤ x ≤ L)
Finalmente, por
(4) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞
2nπx
X
f (x) = u(x, 0) = β0x + βn sen
n=1 L
 
 

 (1) utt = c2 uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 e ux (0, t) = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) ut (x, 0) = g(x)
 

 (0 ≤ x ≤ L) 

 

 (4) u(x, 0) = f (x) (0 ≤ x ≤ L) 

 


(1) utt = uxx | (3) ut (x, 0) = g(x) := 0
(2) u(0, t) = 0 e ux (0, t) = ux (2, t) | (4) u(x, 0) = f (x) := 2x − 7 sen (5πx)
Por (1) e (2)

∞
X
u(x, t) = β0 x + γ0 xt + sen (nπx) [βn cos (nπt) + γn sen (nπt)] (βn , γn ∈ R)
n=1

∞
X
0 = ut (x, 0) = γ0 x + nπγn sen (nπx) ⇒ ∀ n ∈ N0 γn = 0
n=1
donde
∞
X
u(x, t) = β0 x + βn sen (nπx) cos (nπt)
n=1
Finalmente, por (4)
∞
X
2x − 7 sen (5πx) = u(x, 0) = β0 x + βn sen (nπx) = β0 x + β1 sen (πx) + β2 sen (2πx) + · · ·
n=1
Donde β0 = 2, β5 = −7 e βn = 0, para n ∈ N − {5}. A solução do problema é:
u(x, t) = 2x − 7 sen (5πx) cos (5πt)

Problemas sobre a condução do calor

' $
& %
(•) Barra sólida uniforme de material homogéneo com os lados isolados;

(•) Em qualquer secção, considera-se que a temperatura u é constante. Isto
é, u depende apenas da coordenada axial x e do tempo t;
(•) A temperatura da barra, u(x, t), satisfaz, em condições ideais, a EDP

u

t = α 2u
xx (0 < x < L, t > 0) (59)
designada por equação do calor ou equação da difusão, onde α é uma
constante não nula com signicado físico.
' $
Problema I:



 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0)




(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)



(3) u(x, 0) = f (x)

(temperatura inicial) (0 < x < L)
& %
' $
& %

Admita-se que
(1) ut = α2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

ut = α2uxx ⇔ X(x)T ′(t) = α2X ′′(x)T (t)
e, portanto,
X ′′(x) T ′(t) X ′′(x) T ′(t)
X(x)
| {z }
α2T (t)
| {z }
X(x) α T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′(t) − kα2T (t) = 0



Por
(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
e uma vez que T (t) não é identicamente nula tem-se

∀t ≥ 0 0 = u(0, t) = X(0)T (t) ⇒ X(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = u(L, t) = X(L)T (t) ⇒ X(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X(0) = 0 = X(L)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X(0) = A

⇔ A=0=B
0 = X(L) = A + BL



k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
Ora,

1 1
0 = X(0) = A + B
 √ √
e

−L k − eL k ̸= 0
√ =e

√ √ √
e−L k
L k −L k L k
e


0 = X(L) = Ae + Be



k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √

√ √
ou

0 = X(L) = B sen L −k ⇔ B=0 sen L −k = 0
√

√ nπ 2

L −k = nπ (n ∈ N) ⇔ k=− (n ∈ N)
L
nπx

L
Para cada valor k = −(nπ/L)2, com n ∈ N, considere-se a segunda equação:

2
αnπ

(B) 0 = T ′(t) − kα2T (t) = T ′(t) + T (t)
L
2
−( αnπ
L ) t
Tn(t) = Cne (Cn ∈ R)
Para cada n∈N dena-se:

nπx 2

−( αnπ ) t
un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = Bn sen Cne L
L
nπx −( αnπ )2t

= Dn sen e L (Dn ∈ R)
L

 
 

 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) 

(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)


do problema inicial (onde αn, βn ∈ R):
∞ ∞
nπx −( αnπ )2t
X X
u(x, t) := αnun(x, t) = βn sen e L
n=1 n=1 L
Por
(3) u(x, 0) = f (x)
resulta ∞
nπx
X
f (x) = u(x, 0) = βn sen
n=1 L
relação a partir da qual se deve poder determinar βn, para cada n ∈ N.

 
 

 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) u(x, 0) = f (x)
 
 (0 < x < L) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(x, t) do Problema I.
Exemplo 212. Considere-se o problema sobre a equação da difusão

(1) ut = uxx (0 < x < 1, t > 0)
(2) u(0, t) = u(1, t) = 0 (t ≥ 0)
(3) u(x, 0) = f (x) := 2 sen(3πx) + 4 sen(7πx) (0 < x < 1)
Por (1) e (2)

∞
X 2 2
u(x, t) = βn sen (nπx) e−n π t
(βn ∈ R)
n=1
2 sen(3πx) + 4 sen(7πx) = u(x, 0)

∞
X
= βn sen (nπx) = β1 sen (πx) + β2 sen (2πx) + · · ·
n=1
logo
β3 = 2, β7 = 4 e βn = 0 (n ∈ N − {3, 7})
2 2
u(x, t) = 2 sen(3πx)e−9π t + 4 sen(7πx)e−49π t

' $
Problema II:



 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0)




(2) ux (0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)



(3) u(x, 0) = f (x) (temperatura

inicial) (0 < x < L)
& %
' $
& %

Admita-se que
(1) ut = α2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′(t) X ′′(x) T ′(t)
X(x)
| {z }
α2T (t)
| {z }
X(x) α T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′(t) − kα2T (t) = 0



Por
(2) ux(0, t) = 0 = ux(L, t) (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 0 = ux(0, t) = X ′(0)T (t) ⇒ X ′(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = ux(L, t) = X ′(L)T (t) ⇒ X ′(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X ′(0) = 0 = X ′(L)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X ′(0) = B

0 = X ′(L) = B

obtendo-se neste caso a solução X0(x) = A0, com A0 ∈ R.


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √
Ora,

′
√
0 = X (0) = \k (A − B )


√ √ √
0 = X ′(L) = \k AeL k − Be−L k


e
1

−1 √ √
L k −e −L k ̸= 0
√ √ =e

−e−L k
L k
e

donde, necessariamente, A=B =0 obtendo-se a solução trivial X(x) = 0,

a qual não interessa.

k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √

√ √ √
0 = X ′(L) = −A ou

\ sen L −k
−k ⇔ A=0 sen L −k = 0
√

√ nπ 2

L −k = nπ (n ∈ N) ⇔ k=− (n ∈ N)
L
nπx

L
Para os valores k = 0 e k = −(nπ/L)2, com n ∈ N, tome-se, respectivamente,

a segunda equação:
2
αnπ

(B) 0 = T ′(t) e 0 = T ′(t) − kα2T (t) = T ′(t) + T (t)
L
2
−( αnπ
T0(t) = C0 e Tn(t) = Cne L ) t (Cn ∈ R)
Dena-se:
u0(x, t) := X0(x)T0(t) = D0
nπx 2

−( αnπ ) t
un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = An cos Cne L
L
nπx −( αnπ )2t

= Dn cos e L (n ∈ N, Dn ∈ R)
L
!
(1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) (2) ux (0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)


problema inicial (onde αn, βn ∈ R):
∞ ∞
nπx −( αnπ )2t
X X
u(x, t) := α0u0(x, t) + αnun(x, t) = β0 + βn cos e L
n=1 n=1 L
Por
(3) u(x, 0) = f (x)
resulta ∞
nπx
X
f (x) = u(x, 0) = β0 + βn cos
n=1 L
 
 

 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) 

 
(2) ux (0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) u(x, 0) = f (x)
 
 (0 < x < L) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(x, t) do Problema II.
Exemplo 213. Considere-se o problema sobre a equação do calor

(1) ut = uxx (0 < x < π, t > 0)
(2) ux (0, t) = ux (π, t) = 0 (t ≥ 0)
(3) u(x, 0) = f (x) := −1 + cos(2x) + 3 cos(4x) (0 < x < π)
Por (1) e (2)

∞
X 2
u(x, t) = β0 + βn cos (nx) e−n t (βn ∈ R)
n=1
−1 + cos(2x) + 3 cos(4x) = u(x, 0)

∞
X
= β0 + βn cos (nx) = β0 + β1 cos (x) + β2 cos (2x) + · · ·
n=1
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β0 = −1, β2 = 1, β4 = 3 e βn = 0 (n ∈ N − {2, 4})
u(x, t) = −1 + cos(2x)e−4t + 3 cos(4x)e−16t
' $
Problema III:



 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0)




(2) u(0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)




& %
' $
& %

Admita-se que
(1) ut = α2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′(t) X ′′(x) T ′(t)
X(x)
| {z }
α2T (t)
| {z }
X(x) α T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′(t) − kα2T (t) = 0



Por
(2) u(0, t) = 0 = ux(L, t) (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 0 = u(0, t) = X(0)T (t) ⇒ X(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = ux(L, t) = X ′(L)T (t) ⇒ X ′(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X(0) = 0 = X ′(L)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X(0) = A

0 = X ′(L) = B

obtendo-se a solução trivial X(x) = 0, a qual não interessa.


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
Ora,

0 = X(0) = A + B


√ √ √
0 = X ′(L) = \k AeL k − Be−L k


e
1 1 √ √

L k + e−L k ̸= 0
√ √ =− e

−e−L k
L k
e



k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √

√ √ √
0 = X ′(L) = B ou

\
−k cos L −k ⇔ B=0 cos L −k = 0
√

√ π + nπ !2
π 2
L −k = + nπ (n ∈ N0) ⇔ k=− (n ∈ N0)
2 L
π + nπ !
Xn(x) = Bn sen 2 x (n ∈ N0, Bn ∈ R)
L
π 2
Para cada valor k = − 2 +nπ
L , com n ∈ N0, considere-se a segunda equação:
π + nπ !2
(B) 0 = T ′(t) − kα2T (t) = T ′(t) + 2 α T (t)
L
π 2
− 2 +nπ α t
L
Para cada n ∈ N0 dena-se  2 

π
+nπ
" π + nπ !#  − 2 L α t
un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = Bn sen 2 x  Cne

L 
π 2
+nπ
π + nπ !
− 2L α t
= Dn sen 2 x e (Dn ∈ R)
L
!
(1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) (2) u(0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)


π 2
∞ ∞ π + nπ !
− 2 +nπ α t
X X
2 L
u(x, t) := αnun(x, t) = βn sen x e
n=0 n=0 L
Por
(3) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞ π + nπ !
2
X
f (x) = u(x, 0) = βn sen x
n=0 L
 
 

 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) 

 
(2) u(0, t) = 0 = ux (L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) u(x, 0) = f (x)
 
 (0 < x < L) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(x, t) do Problema III.

(1) ut = uxx (0 < x < 4, t > 0)
(2) u(0, t) = ux (4, t) = 0 (t ≥ 0)

7πx 11πx

(3) u(x, 0) = f (x) := sen 8
− sen 8
(0 < x < 4)
Por (1) e (2)

∞ π π +nπ 2
X
2
+ nπ − 2
t
u(x, t) = βn sen x e 4
(βn ∈ R)
n=0
4

7πx 11πx
sen − sen = u(x, 0)
8 8
∞ π
X
2
+ nπ πx 3πx
= βn sen x = β0 sen + β1 sen + ···
n=0
4 8 8
logo
β3 = 1, β5 = −1 e βn = 0 (n ∈ N0 − {3, 5})

7πx 49π 2 11πx 121π 2
u(x, t) = sen e− 64
t
− sen e− 64
t
8 8
' $
Problema IV:



 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0)




(2) ux (0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)




& %
' $
& %

Admita-se que
(1) ut = α2uxx

u(x, t) := X(x)T (t)

e, portanto,
X ′′(x) T ′(t) X ′′(x) T ′(t)
X(x)
| {z }
α2T (t)
| {z }
X(x) α T (t)


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) T ′(t) − kα2T (t) = 0



Por
(2) ux(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)

∀t ≥ 0 0 = ux(0, t) = X ′(0)T (t) ⇒ X ′(0) = 0
e
∀t ≥ 0 0 = u(L, t) = X(L)T (t) ⇒ X(L) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0



X ′(0) = 0 = X(L)




k = 0 Tem-se
(A) 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x)


0 = X ′(0) = B

⇔ A=0=B
0 = X(L) = A + BL

obtendo-se a solução trivial X(x) = 0, a qual não interessa.


k > 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0
pelo que
√ √
X(x) = Ae x k + Be −x k (A, B ∈ R)
Ora,

′
√
0 = X (0) = \k (A − B )

√ √
0 = X(L) = AeL k + Be−L k

e
1

−1 √ √
−L k + e k ̸= 0
L
√ √ =e

e−L k
L k
e



k < 0 Tem-se
(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

pelo que
√ √

√ √
ou

0 = X(L) = A cos L −k ⇔ A=0 cos L −k = 0
√

√ π + nπ !2
π 2
L −k = + nπ (n ∈ N0) ⇔ k=− (n ∈ N0)
2 L
π + nπ !
Xn(x) = An cos 2 x (n ∈ N0, An ∈ R)
L
π 2
Para cada valor k = − 2 +nπ
L , com n ∈ N0, considere-se a segunda equação:
π + nπ !2
(B) 0 = T ′(t) − kα2T (t) = T ′(t) + 2 α T (t)
L
π 2
− 2 +nπ α t
L
Para cada n ∈ N0 dena-se  2 

π
+nπ
" π + nπ !#  − 2 L α t
un(x, t) := Xn(x)Tn(t) = An cos 2 x  Cne

L 
π 2
+nπ
π + nπ !
− 2L α t
= Dn cos 2 x e (Dn ∈ R)
L
!
(1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) (2) ux (0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)


π 2
∞ ∞ π + nπ !
− 2 +nπ α t
X X
2 L
u(x, t) := αnun(x, t) = βn cos x e
n=0 n=0 L
Por
(3) u(x, 0) = f (x)
resulta
∞ π + nπ !
2
X
f (x) = u(x, 0) = βn cos x
n=0 L
 
 

 (1) ut = α2 uxx (0 < x < L, t > 0) 

 
(2) ux (0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)
 
 
 
(3) u(x, 0) = f (x)
 
 (0 < x < L) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(x, t) do Problema IV.
Exemplo 215. Considere-se o problema sobre a equação do calor

(1) ut = uxx (0 < x < 2π, t > 0)
(2) ux (0, t) = u(2π, t) = 0 (t ≥ 0)

5x

(3) u(x, 0) = f (x) := cos 4
(0 < x < 2π)
Por (1) e (2)

1 2
∞
!
1 +n
X
2
+n − 2
2
t
u(x, t) = βn cos x e (βn ∈ R)
n=0
2

5x
cos = u(x, 0)
4
∞
!
1
X
2
+n x 3x 5x
= βn cos x = β0 cos + β1 cos + β2 cos + ···
n=0
2 4 4 4
logo
β2 = 1 e βn = 0 (n ∈ N0 − {2})
5x 25
u(x, t) = cos e− 16 t
4
' $
Problema A: Equação de Laplace num rectângulo
Considere-se o problema matemático sobre a equação de Laplace :


(1) ∇2 u = uxx + uyy = 0 (0 < x < a, 0 < y < b)




(2) u(0, y) = u(a, y) = 0 (0 ≤ y ≤ b)


(3) u(x, 0) = 0 (0 ≤ x ≤ a)









(4) u(x, b) = f (x) (0 ≤ x ≤ a)
& %
' $
& %

Admita-se que
(1) ∇2u = uxx + uyy = 0

u(x, y) := X(x)Y (y)
Em particular, X(x) e Y (y) não são identicamente nulas. Tem-se:

uxx + uyy = 0 ⇔ X ′′(x)Y (y) + X(x)Y ′′(y) = 0
e, portanto,
X ′′(x) Y ′′(y) X ′′(x) Y ′′(y)
= − ⇒ =− =k (k ∈ R constante de separação)
X(x)
| {z }
Y (y)
| {z }
X(x) Y (y)
depende de x depende de y
não depende de y não depende de x


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) Y ′′(y) + kY (y) = 0



Por
(2) u(0, y) = 0 = u(a, y) (0 ≤ y ≤ b)
e uma vez que Y (y) não é identicamente nula tem-se

∀0 ≤ y ≤ b 0 = u(0, y) = X(0)Y (y) ⇒ X(0) = 0
e
∀0 ≤ y ≤ b 0 = u(a, y) = X(a)Y (y) ⇒ X(a) = 0

(A) X ′′(x) − kX(x) = 0


X ′′(x) − kX(x) = 0

X(0) = 0 = X(a)


O problema de valores na fronteira


X ′′(x) − kX(x) = 0

X(0) = 0 = X(a)

só admite soluções não triviais para

nπ 2

k=− (n ∈ N)
a
as quais, para cada um destes valores de k, são da forma
nπx

Xn(x) = An sen (n ∈ N, An ∈ R)
a
2
Para cada valor k=− a , com n ∈ N, considere-se a segunda equação:

nπ
2
nπ

(B) 0 = Y ′′(y) + kY (y) = Y ′′(y) − Y (y)
a
nπy
− nπy
Yn(y) = Cne a + Dne a (Cn, Dn ∈ R)
Para cada n∈N dena-se

un(x, y) := Xn(x)Yn(y)
nπx nπy
− nπy

= An sen Cne a + Dne a
a
nπx nπy
− nπy

= sen Ene a + Fn e a (En , Fn ∈ R)
a
NOTA: As funções un (x, y) satisfazem as condições:

 
 

 (1) uxx + uyy = 0 (0 < x < a, 0 < y < b) 

(2) u(0, y) = 0 = u(a, y) (0 ≤ y ≤ b)


∞ ∞
nπx nπy
− nπy
X X
u(x, y) := αnun(x, y) = sen βne a + γne a
n=1 n=1 a
Por
(3) u(x, 0) = 0
resulta
∞
nπx
X
0 = u(x, 0) = (βn + γn) sen ⇒ ∀ n ∈ N γn = −βn
n=1 a
e, portanto, ∞
nπx nπy
X
u(x, y) = δn sen senh (δn ∈ R)
n=1 a a
 
NOTA: Nesta etapa a função u(x, y) satisfaz:
 
 (1) u + u = 0 (0 < x < a, 0 < y < b) 
 xx yy 
 
 (2) u(0, y) = 0 = u(a, y) (0 ≤ y ≤ b)
 

 
(3) u(x, 0) = 0 (0 ≤ x ≤ a)
Finalmente, por
(4) u(x, b) = f (x)
resulta
∞
nπx nπb
X
f (x) = u(x, b) = δn sen senh
n=1 a a
relação a partir da qual se deve poder determinar δn , para cada n ∈ N.
NOTA: Após encontrar δn obtém-se uma função u(x, y) a qual satisfaz:

 
 

 (1) uxx + uyy = 0 (0 < x < a, 0 < y < b) 

 
(2) u(0, y) = 0 = u(a, y) (0 ≤ y ≤ b)
 
 
 
(3) u(x, 0) = 0 (0 ≤ x ≤ a)
 
 
 
(4) u(x, b) = f (x)
 
 (0 ≤ x ≤ a) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(x, y) do Problema A.

Exemplo 216. Considere-se no rectângulo [0, 1] × [0, 1] o problema:

(1) uxx + uyy = 0 | (3) u(x, 0) = 0
(2) u(0, y) = u(1, y) = 0 | (4) u(x, 1) = f (x) := sen(3πx) + 2 sen(5πx)
Por (1) e (2)

∞
X
sen (nπx) βn enπy + γn e−nπy

u(x, y) = (βn , γn ∈ R)
n=1
é a solução formal do problema. Por (3) resulta

∞
X
u(x, y) = δn sen (nπx) senh (nπy) (δn ∈ R)
n=1
Finalmente, por (4)

∞
X
sen(3πx) + 2 sen(5πx) = u(x, 1) = δn sen (nπx) senh(nπ)
n=1
= δ1 sen(πx) senh(π) + δ2 sen(2πx) senh(2π) + · · ·
Donde δ3 = 1
senh(3π)
, δ5 = 2
senh(5π)
e δn = 0 para n ∈ N − {3, 5}. A solução do problema é:
1 2
u(x, y) = sen(3πx) senh(3πy) + sen(5πx) senh(5πy)
senh(3π) senh(5π)
' $
Problema B: Equação de Laplace num rectângulo
Considere-se o problema matemático sobre a equação de Laplace:



(1) ∇2 u = uxx + uyy = 0 (0 < x < π, 0 < y < π)




(2) uy (x, 0) = uy (x, π) = 0 (0 ≤ x ≤ π)








(3) ux (0, y) = 0 (0 ≤ y ≤ π)



(4) ux (π, y) = cos(3y) (0 ≤ y ≤ π)








(5) u(π/2, π/2) = 0


& %

Admita-se que
(1) ∇2u = uxx + uyy = 0

u(x, y) := X(x)Y (y)
Em particular, X(x) e Y (y) não são identicamente nulas. Tem-se:

uxx + uyy = 0 ⇔ X ′′(x)Y (y) + X(x)Y ′′(y) = 0
e, portanto,
X ′′(x) Y ′′(y) X ′′(x) Y ′′(y)
= − ⇒ =− =k (k ∈ R constante de separação)
X(x)
| {z }
Y (y)
| {z }
X(x) Y (y)
depende de x depende de y
não depende de y não depende de x


(A) X ′′(x) − kX(x) = 0

(B) Y ′′(y) + kY (y) = 0



Por
(2) uy (x, 0) = 0 = uy (x, π) (0 ≤ x ≤ π)
e uma vez que X(x) não é identicamente nula tem-se

∀0 ≤ x ≤ π 0 = uy (x, 0) = X(x)Y ′(0) ⇒ Y ′(0) = 0
e
∀0 ≤ x ≤ π 0 = uy (x, π) = X(x)Y ′(π) ⇒ Y ′(π) = 0

(B) Y ′′(y) + kY (y) = 0


Y ′′(y) + kY (y) = 0

Y ′(0) = 0 = Y ′(π)


O problema de valores na fronteira


Y ′′(y) + kY (y) = 0

Y ′(0) = 0 = Y ′(π)

só admite soluções não triviais se

k=0 ou k = n2 (n ∈ N)
as quais, para cada um destes valores de k, são, respectivamente, da forma

Y0(y) = A0 ou Yn(y) = An cos(ny) (n ∈ N, A0, An ∈ R)
Para os valores de k acima tome-se, respectivamente, a primeira equação:

(A) 0 = X ′′(x) e 0 = X ′′(x) − kX(x) = X ′′(x) − n2X(x)

X0(x) = C0 + D0x e Xn(x) = Cnenx + Dne−nx (C0, D0, Cn, Dn ∈ R)
Para cada n ∈ N0 dena-se, com En, Fn ∈ R,
u0(x, y) := X0(x)Y0(y) = E0 + F0x
un(x, y) := Xn(x)Yn(y)
−nx
h i
nx
= Cne + Dne [An cos(ny)]
= cos(ny) Enenx + Fne−nx

h i
NOTA: As funções un (x, y) satisfazem as condições:

 
 

 (1) uxx + uyy = 0 (0 < x < π, 0 < y < π) 

(2) uy (x, 0) = 0 = uy (x, π) (0 ≤ x ≤ π)


∞ ∞
cos (ny ) βnenx + γne−nx
X X h i
u(x, y) := α0u0(x, y)+ αnun(x, y) = β0+γ0x+
n=1 n=1
Por
(3) ux(0, y) = 0
resulta
∞
e
X
0 = ux(0, y) = γ0 + (nβn −nγn) cos(ny) ⇒ γ0 = 0 (∀ n ∈ N βn = γn)
n=1
Logo ∞
X
u(x, y) = β0 + δn cos(ny) cosh(nx) (δn ∈ R)
n=1
 
NOTA: Nesta etapa a função u(x, y) satisfaz:
 
 (1) u + u = 0 (0 < x < π, 0 < y < π) 
 xx yy 
 
 (2) uy (x, 0) = 0 = uy (x, π) (0 ≤ x ≤ π)
 

 
(3) ux (0, y) = 0 (0 ≤ y ≤ π)
Por
(4) ux(π, y) = cos(3y)
resulta
∞
X
cos(3y) = ux(π, y) = nδn cos(ny) senh(nπ)
n=1
= δ1 cos(y) senh(π) + 2δ2 cos(2y) senh(2π)+
+ 3δ3 cos(3y) senh(3π) + · · ·
e, portanto,
1
δ3 = e δn = 0 (n ∈ N − {3})
3 senh(3π)
Logo
1
u(x, y) = β0 + cos(3y) cosh(3x)
3 senh(3π)
Finalmente, por
(5) u(π/2, π/2) = 0
resulta
0 = u(π/2, π/2) = β0
pelo que
1
u(x, y) = cos(3y) cosh(3x)
3 senh(3π)
NOTA: Após encontrar β0 e δn obtém-se uma função u(x, y) a qual satisfaz:

 
 

 (1) uxx + uyy = 0 (0 < x < a, 0 < y < b) 

 

 (2) uy (x, 0) = 0 = uy (x, π) (0 ≤ x ≤ π) 

 
(3) ux (0, y) = 0 (0 ≤ y ≤ a)
 
 
 
(4) ux (π, y) = cos(3y) (0 ≤ y ≤ π)
 
 
 
 
 (5) u(π/2, π/2) = 0 
 
Isto é, encontra-se a solução u(x, y) do Problema B.
Equação de Laplace em coordenadas polares

Considere-se a equação de Laplace em coordenadas cartesianas
∇2u = uxx + uyy = 0 (com u = u(x, y))
e tome-se a mudança de coordenadas


x := r cos θ
(x, y) ,→ (r, θ) onde y := r sen θ
(com r ≥ 0 e 0 ≤ θ < 2π)
Nestas condições a função

u = u(x, y) = u(r cos θ, r sen θ) = u(r, θ)
satisfaz a equação
1 1
∇2u = urr + ur + 2 uθθ = 0 (com u = u(r, θ))
r r
dita equação de Laplace em coordenadas polares.
Com efeito,
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u
ur = = + = cos θ + sen θ
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂x ∂y
∂ 2u

∂ ∂u ∂u
urr = = cos θ + sen θ
∂r2 ∂r ∂x ∂y
∂ 2u 2 ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 2
= cos θ + sen θ cos θ + sen θ cos θ + sen θ
∂x2 ∂y∂x ∂x∂y ∂y 2
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u
uθ = = + = (−r sen θ) + r cos θ
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ ∂x ∂y
∂ 2u

∂ ∂u ∂u
uθθ = = (−r sen θ) + r cos θ
∂θ2 ∂θ ∂x ∂y
∂ 2u 2 2 ∂ 2u 2 ∂u ∂ 2u
= 2
r sen θ + (−r sen θ cos θ) − r cos θ + (−r2 sen θ cos θ)+
∂x ∂y∂x ∂x ∂x∂y
∂ 2u 2 2 ∂u
+ r cos θ − r sen θ
∂y 2 ∂y
donde
1 1
urr + ur + 2 uθθ = uxx + uyy = 0
r r
' $
Problema C: Equação de Laplace no interior de um círculo
(Problema de Dirichlet no interior de um círculo)
Considere-se o problema matemático sobre a equação de Laplace

em coordenadas polares:
1 1

(1) ∇2 u = urr + ur + 2 uθθ = 0 (0 < r < a, 0 ≤ θ ≤ 2π)
r




 r

(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (0 < r < a, 0 ≤ θ < 2π)





(3) lim u(r, θ) < ∞
r→0+







(4) u(a, θ) = f (θ) (0 ≤ θ < 2π)
& %
' $
& %

Admita-se que
2 1 1
(1) ∇ u = urr + ur + 2 uθθ = 0
r r
u(r, θ) := F (r)G(θ)
Em particular, F (r) e G(θ) não são identicamente nulas. Tem-se:

1 1
urr + ur + 2 uθθ = 0 ⇔ r2F ′′(r)G(θ) + rF ′(r)G(θ) + F (r)G′′(θ) = 0
r r
e, portanto,
2 F ′′(r) F ′(r) G′′(θ) 2 F ′′(r) F ′(r) G′′(θ)
r +r = − ⇒ r +r =− =k
|
F (r) {z F (r)} G(θ)
| {z }
F (r) F (r) G(θ)
depende de r depende de θ
não depende de θ não depende de r
k∈R constante de separação, resultando o sistema de EDO:


(A) r 2F ′′(r) + rF ′(r) − kF (r) = 0 (Equação de Euler)

(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0



Por
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (0 < r < a, 0 ≤ θ ≤ 2π)
e uma vez que F (r) não é identicamente nula, resulta de

F (r)G(θ) = u(r, θ) = u(r, θ + 2π) = F (r)G(θ + 2π)
que G(θ) é 2π -periódica, isto é,

G(θ) = G(θ + 2π)
Por outro lado,
u(r, θ) = F (r)G(θ)
(3) lim u(r, θ) < ∞ ⇒ lim F (r) < ∞
r→0+ r→0+
Analise-se a existência de soluções não triviais do problema:


G′′(θ) + kG(θ) = 0 −→ equação característica: r 2 + k = 0

G(θ) = G(θ + 2π)



Diferentes valores de originam soluções de natureza diferente:

k
k = 0 ⇝ soluções polinomiais
k < 0 ⇝ soluções exponenciais
k > 0 ⇝ soluções trigonométricas
Analise-se separadamente os casos k = 0, k < 0 e k > 0:

k = 0 Tem-se
(B) 0 = G′′(θ) + kG(θ) = G′′(θ)
pelo que G(θ) = A + Bθ, com A, B ∈ R. Ora, de G(θ) = G(θ + 2π) resulta
B = 0, obtendo-se neste caso a solução G0(θ) = A0, com A0 ∈ R.

k < 0 Tem-se
(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0

pelo que √ √
G(θ) = Ae θ −k + Be −θ −k (A, B ∈ R)
De G(θ) = G(θ + 2π) resulta necessariamente A = B = 0, obtendo-se apenas
a solução trivial G(θ) = 0, a qual não interessa.

k > 0 Tem-se
(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0
pelo que
√ √
G(θ) = A cos θ k + B sen θ k (A, B ∈ R)
Verica-se(∗) G(θ) = G(θ + 2π) se, e só se,

√
k=n (n ∈ N)
o que nos leva a encontrar as soluções

Gn(θ) = An cos (nθ) + Bn sen (nθ) (n ∈ N, An, Bn ∈ R)
(∗) Se a > 0 e b ≥ 0, então a função

f (θ) := sen(aθ + b)
é 2π -periódica se, e só se, a ∈ N. Vale um resultado análogo para g(θ) := cos(aθ + b).
Para os valores k = 0 e k = n2, com n ∈ N, encontrados considere-se,

respectivamente, a primeira equação:
(A) r 2F ′′(r) + rF ′(r) = 0 e r2F ′′(r) + rF ′(r) − n2F (r) = 0

F0(r) = C0 + D0 log(r) e Fn(r) = Cnrn + Dnr−n (Cn, Dn ∈ R)
A condição limr→0+ F (r) < ∞ implica D0 = 0 = Dn (n ∈ N). Logo

F0(r) = C0 e Fn(r) = Cnrn
Dena-se:
u0(r, θ) := F0(r)G0(θ) = E0 (E0 ∈ R)
un(r, θ) := Fn(r)Gn(θ) = Cnrn [An cos (nθ) + Bn sen (nθ)]
= rn [En cos(nθ) + Hn sen(nθ)] (n ∈ N, En , Hn ∈ R)
NOTA: As funções un (r, θ) satisfazem as condições:

!
(1) ∇2 u = urr + 1r ur + r12 uθθ = 0 (2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (3) limr→0+ u(r, θ) < ∞

∞ ∞
rn [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
X X
u(r, θ) := α0u0(r, θ) + αnun(r, θ) = β0 +
n=1 n=1
Finalmente, por
(4) u(a, θ) = f (θ)
resulta
∞
an [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
X
f (θ) = u(a, θ) = β0 +
n=1
relação a partir da qual se deve poder determinar as constantes βn e γn.
NOTA: Após encontrar βn e γn obtém-se uma função u(r, θ) a qual satisfaz:
 
 
1 1

 (1) ∇2 u = urr + r
ur + r2
uθθ = 0 (0 < r < a, 0 ≤ θ ≤ 2π) 

 
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (0 < r < a, 0 ≤ θ < 2π)
 
 
 
(3) lim u(r, θ) < ∞
 
 
 r→0+ 
(4) u(a, θ) = f (θ)
 
 (0 ≤ θ < 2π) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(r, θ) do Problema C.
Exemplo 217. Considere-se o problema sobre a equação de Laplace no círculo unitário

Ω := {(r, θ) : 0 < r < 1 e 0 ≤ θ ≤ 2π}
(1) ∇2 u = urr + 1r ur + r12 uθθ = 0 | (3) lim u(r, θ) < ∞

r→0+
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) | (4) u(1, θ) = f (θ) := 1 + 2 sen(θ)
Por (1), (2) e (3)

∞
X
u(r, θ) = β0 + rn [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)] (βn , γn ∈ R)
n=1

∞
X
1 + 2 sen(θ) = u(1, θ) = β0 + [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
n=1
donde
β0 = 1, γ1 = 2 e β1 = β2 = β3 = · · · = 0 = γ2 = γ3 = γ4 = · · ·
u(r, θ) = 1 + 2r sen(θ)
' $
Problema D: Equação de Laplace numa coroa circular
(Problema de Dirichlet numa coroa circular)


 1 1
(1) ∇2 u = urr + ur + 2 uθθ = 0 (a < r < b, 0 ≤ θ ≤ 2π)
r



 r


(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (a < r < b, 0 ≤ θ < 2π)


(3) u(a, θ) = f (θ) (0 ≤ θ ≤ 2π)









(4) u(b, θ) = g(θ) (0 ≤ θ ≤ 2π)


& %
' $
& %

Admita-se que
2 1 1
(1) ∇ u = urr + ur + 2 uθθ = 0
r r
u(r, θ) := F (r)G(θ)

1 1
r r
e, portanto,
2 F ′′(r) F ′(r) G′′(θ) 2 F ′′(r) F ′(r) G′′(θ)
r +r = − ⇒ r +r =− =k
|
F (r) {z F (r)} G(θ)
| {z }
F (r) F (r) G(θ)



(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0



Por
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (a < r < b, 0 ≤ θ ≤ 2π)


G(θ) = G(θ + 2π)
Juntando esta condição à equação

(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0
obtém-se o problema:


G(θ) = G(θ + 2π)




k

k = 0 Tem-se
(B) 0 = G′′(θ) + kG(θ) = G′′(θ)

k < 0 Tem-se
(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0

pelo que √ √
G(θ) = Ae θ −k + Be −θ −k (A, B ∈ R)

k > 0 Tem-se
(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0
pelo que
√ √

√
k=n (n ∈ N)





Dena-se:
u0(r, θ) := F0(r)G0(θ) = E0 + H0 log(r) (E0 , H0 ∈ R)
−n
i h
n
un(r, θ) := Fn(r)Gn(θ) = Cnr + Dnr [An cos (nθ) + Bn sen (nθ)]
−n −n
h i h i
n
= Enr + Hnr n
cos(nθ) + Inr + Jnr sen(nθ)
onde n ∈ N, En, Hn, In, Jn ∈ R.

!
(1) ∇2 u = urr + 1r ur + r12 uθθ = 0 (2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ)


problema inicial (onde αn, βn, γn, δn, µn ∈ R):
∞
X
u(r, θ) := α0u0(r, θ) + αnun(r, θ) = β0 + γ0 log(r)+
n=1
∞ nh
−n −n
i h i o
n n
X
+ βnr + γnr cos(nθ) + δnr + µnr sen(nθ)
n=1
Por
(3) u(a, θ) = f (θ)
resulta
f (θ) = u(a, θ) = β0 + γ0 log(a)+
∞ nh
−n −n
i h i o
n n
X
+ βna + γna cos(nθ) + δna + µna sen(nθ)
n=1

e por
(4) u(b, θ) = g(θ)
resulta
g(θ) = u(b, θ) = β0 + γ0 log(b)+
∞ nh
−n −n
i h i o
n n
X
+ βnb + γnb cos(nθ) + δnb + µnb sen(nθ)
n=1
NOTA: Após encontrar βn , γn , δn e µn obtém-se uma função u(r, θ) a qual satisfaz:

 
 
1 1

 (1) ∇2 u = urr + r
ur + r2
uθθ = 0 (a < r < b, 0 ≤ θ ≤ 2π) 

 
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (a < r < b, 0 ≤ θ < 2π)
 
 
 
(3) u(a, θ) = f (θ) (0 ≤ θ < 2π)
 
 
 
(4) u(b, θ) = g(θ)
 
 (0 ≤ θ < 2π) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(r, θ) do Problema D.

Exemplo 218. Considere-se o problema sobre a equação de Laplace na coroa circular

Ω := {(r, θ) : 3 < r < 6 e 0 ≤ θ ≤ 2π}
(1) ∇2 u = urr + 1r ur + r12 uθθ = 0 | (3) u(3, θ) = f (θ) := 5 cos(θ)
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) | (4) u(6, θ) = g(θ) := 10 sen(θ)
Por (1) e (2)

∞
X
βn rn + γn r−n cos(nθ) + δn rn + µn r−n sen(nθ)

u(r, θ) = β0 + γ0 log(r) +
n=1
com βn , γn , δn , µn ∈ R é a solução formal do problema. Por (3) e (4) tem-se, respectivamente,

∞
X
n −n n −n

5 cos(θ) = u(3, θ) = β0 + γ0 log(3) + βn 3 + γn 3 cos(nθ) + δn 3 + µn 3 sen(nθ)
n=1
e
∞
X
βn 6n + γn 6−n cos(nθ) + δn 6n + µn 6−n sen(nθ)

10 sen(θ) = u(6, θ) = β0 + γ0 log(6) +
n=1
donde é fácil concluir que a solução do problema é:

5r 20 20r 20
u(r, θ) = − + cos(θ) + − sen(θ)
9 r 9 r
' $
Problema E: Equação de Laplace no exterior de um círculo
(Problema de Dirichlet no exterior de um círculo)


 1 1
(1) ∇2 u = urr + ur + 2 uθθ = 0 (a < r < ∞, 0 ≤ θ ≤ 2π)
r



 r


(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (a < r < ∞, 0 ≤ θ < 2π)


(3) u(r, θ) limitada quando r → ∞









(4) u(a, θ) = f (θ) (0 ≤ θ ≤ 2π)

& %
' $
& %
Admita-se que
2 1 1
(1) ∇ u = urr + ur + 2 uθθ = 0
r r
u(r, θ) := F (r)G(θ)

1 1
r r
e, portanto,
2 F ′′(r) F ′(r) G′′(θ) 2 F ′′(r) F ′(r) G′′(θ)
r +r = − ⇒ r +r =− =k
|
F (r) {z F (r)} G(θ)
| {z }
F (r) F (r) G(θ)



(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0



Por
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (a < r < ∞, 0 ≤ θ ≤ 2π)


G(θ) = G(θ + 2π)
Juntando esta condição à equação

(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0
obtém-se o problema:


G(θ) = G(θ + 2π)




k

k = 0 Tem-se
(B) 0 = G′′(θ) + kG(θ) = G′′(θ)

k < 0 Tem-se
(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0

pelo que √ √
G(θ) = Ae θ −k + Be −θ −k (A, B ∈ R)

k > 0 Tem-se
(B) G′′(θ) + kG(θ) = 0
pelo que
√ √

√
k=n (n ∈ N)





Como u(r, θ) é limitada quando r → ∞, então D0 = 0 = Cn (n ∈ N). Logo

F0(r) = C0 e Fn(r) = Dnr−n
Dena-se:
u0(r, θ) := F0(r)G0(θ) = E0 (E0 ∈ R)
un(r, θ) := Fn(r)Gn(θ) = Dnr−n [An cos (nθ) + Bn sen (nθ)]
= r−n [En cos(nθ) + Hn sen(nθ)] (n ∈ N, En , Hn ∈ R)

!
(1) ∇2 u = urr + 1r ur + r12 uθθ = 0 (2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (3) u(r, θ) lim. qd r → ∞

∞ ∞
r−n [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
X X
u(r, θ) := α0u0(r, θ) + αnun(r, θ) = β0 +
n=1 n=1
Por
(4) u(a, θ) = f (θ)
resulta
∞
a−n [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
X
f (θ) = u(a, θ) = β0 +
n=1
NOTA: Após encontrar βn e γn obtém-se uma função u(r, θ) a qual satisfaz:
 
 
1 1

 (1) ∇2 u = urr + r
ur + r2
uθθ = 0 (a < r < ∞, 0 ≤ θ ≤ 2π) 

 
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) (a < r < ∞, 0 ≤ θ < 2π)
 
 
 
(3) u(r, θ) limitada quando r → ∞
 
 
 
(4) u(a, θ) = f (θ)
 
 (0 ≤ θ < 2π) 
 
Isto é, encontra-se a solução u(r, θ) do Problema E.
Exemplo 219. Considere-se o problema sobre a equação de Laplace na região

Ω := {(r, θ) : 2 < r < ∞ e 0 ≤ θ ≤ 2π}
(1) ∇2 u = urr + 1r ur + r12 uθθ = 0 | (3) u(r, θ) limitada quando r → ∞
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) | (4) u(2, θ) = f (θ) := log(2) + 4 cos(3θ)
Por (1), (2) e (3)

∞
X
u(r, θ) = β0 + r−n [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)] (βn , γn ∈ R)
n=1
é a solução formal do problema. Por (4) tem-se,

∞
X
log(2) + 4 cos(3θ) = u(2, θ) = β0 + 2−n [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
n=1
donde
β0 = log(2), β3 = 25 e β1 = β2 = β4 = · · · = 0 = γ1 = γ2 = γ3 = · · ·
u(r, θ) = log(2) + 25 r−3 cos(3θ)
4 ANÁLISE DE FOURIER Slide Nº 507
Funções periódicas
Uma função f : R → R diz-se periódica, se existir T > 0, tal que
∀x ∈ R f (x + T ) = f (x)
A T dá-se o nome de período da função f . Neste caso, também se diz, com

igual signicado, que a função f é T -periódica.
Chama-se período fundamental de uma função periódica, ao menor T > 0,
caso exista, tal que f seja T -periódica.
' $
& %
Exemplo de uma função T -periódica

Tem-se:
(•) Se f é T -periódica, então f é kT -periódica, qualquer que seja k ∈ N.
(•) Se f e g são funções T -periódicas, então também é T -periódica a função

produto f · g.
(•) Se são funções T -periódicas, então quaisquer que sejam
f1, f2, . . . , fn
α1, α2, . . . , αn ∈ R, é T -periódica a função
α1 f 1 + α2 f 2 + · · · + αn f n
(•) As funções constantes são funções T -periódicas, qualquer que seja T > 0.
As funções constantes não possuem período fundamental.
(•) As funções f (x) := cos(nπx/ℓ) e g(x) := sen (nπx/ℓ), com ℓ > 0 e n ∈ N
xos, são funções 2ℓ-periódicas. Estas funções têm período fundamental
2ℓ/n.
Proposição 220. Se f : R → R é uma função T -periódica e sucientemente

regular, então
Z u+T Z v+T
f (x) dx = f (x) dx
u v
quaisquer que sejam u, v ∈ R.
Prova: Com efeito, seja: Z z+T

H(z) := f (x)dx (z ∈ R)
z
Tem-se:
dH
∀z ∈ R (z) = f (z + T ) − f (z) = 0
dz
Logo H(z) é constante, pelo que
Z u+T Z v+T
∀ u, v ∈ R f (x)dx = H(u) = H(v) = f (x)dx ■
u v

Proposição 221. Dada uma função f : ] − ℓ, ℓ] → R,

com ℓ > 0, existe
uma única função f˜ : R → R que é 2ℓ-periódica, designada por extensão
2ℓ -periódica da função f , tal que
∀ x ∈ ] − ℓ, ℓ] f˜(x) = f (x)
' $
& %
Extensão 2π -periódica da função f : ] − π, π] → R , com f (x) := x

⌊ 4.1- Séries de Fourier⌋

Uma função polinomial trigonométrica ou, simplesmente, polinómio
trigonométrico, é toda a função real de variável real da forma:
n
kπx kπx
X
Sn(x) := A + ak cos + bk sen
k=1
ℓ ℓ
onde A, a1, . . . , an, b1, . . . , bn ∈ R, n ∈ N e ℓ > 0.
Tem-se:
(•) Todo o polinómio trigonométrico é uma função 2ℓ-periódica.
(•) Se a série trigonométrica com coecientes reais,

∞
kπx kπx
X
A+ ak cos + bk sen
k=1
ℓ ℓ
for convergente para uma certa função S(x), então S(x) é uma função
2ℓ-periódica.
Séries de Fourier. Forma real

Seja f : R → R uma função 2ℓ-periódica, para a qual se possam calcular os
números reais:  Z ℓ
1
a0 := f (x) dx



ℓ



 −ℓ



1 ℓ
Fórmulas de Euler-Fourier nπx

 Z
an := f (x) cos dx (n ∈ N)


 ℓ −ℓ ℓ


 Z ℓ
1 nπx



 bn :=

 f (x) sen dx (n ∈ N)
ℓ −ℓ ℓ
Dá-se o nome de série de Fourier na forma real da função f à série

trigonométrica,
∞
a0 nπx nπx
X
+ an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
Os números reais a0, an, bn, com n ∈ N, designam-se por coecientes de

Fourier da função f .
Notacionalmente,
∞
a0 nπx nπx
X
f ∼ + an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
indica que a série trigonométrica à direita é a série de Fourier da função f .

Sejam f, g : ] − ℓ, ℓ] → R, com ℓ > 0, duas funções tais que
f (x) = g(x)
excepto, eventualmente, num número nito de pontos do intervalo ] − ℓ, ℓ].

Então, é possível determinar a série de Fourier da extensão 2ℓ-periódica f˜ se,
e só se, for possível determinar a série de Fourier da extensão 2ℓ-periódica g̃
e, nesse caso, as duas séries de Fourier coincidem.

Exemplo 222. Considere-se a função sinal, periódica de período 2π,

f : R −→ R
denida por:
se



 −1, −π < x < 0
se

f (x) := 0, x=0

se



1, 0<x≤π
' $
& %
Função sinal
Com ℓ=π e n ∈ N, tem-se:
1 ℓ
Z
a0 = f (x) dx
ℓ −ℓ
"Z #
1 0 Z π
= −1 dx + 1 dx = 0
π −π 0
1 ℓ nπx
Z
an = f (x) cos dx
ℓ −ℓ ℓ
"Z #
1 0 Z π
= − cos(nx) dx + cos(nx) dx = 0
π −π 0

1 ℓ nπx
Z
bn = f (x) sen dx
ℓ −ℓ ℓ
"Z #
1 0 Z π
= − sen(nx) dx + sen(nx) dx
π −π 0
2[1 − cos(nπ)] 2
= = [1 − (−1)n]
nπ nπ
Então,
∞
a0 nπx nπx
X
f ∼ + an cos + bn sen =
2 n=1 ℓ ℓ
∞ ∞
X2 n 4 X 1
= [1 − (−1) ] sen(nx) = sen[(2n − 1)x]
n=1 nπ π n=1 2n − 1

O teorema de Fourier
Seja f uma função real de variável real:
(•) Diz-se que f é seccionalmente contínua num intervalo [a, b] ⊂ R, se:
f (a+) := lim f (x) e f (b−) := lim f (x)
x→a+ x→b−
existem (e são nitos) e, além disso, f for contínua no intervalo ]a, b[,
excepto eventualmente num número nito de pontos, relativamente aos
quais existem os limites laterais (esquerdos e direitos) da função f .
(•) Diz-se que f é seccionalmente contínua, se f for seccionalmente contínua
em qualquer intervalo [a, b] ⊂ R.
(•) Diz-se que f é seccionalmente suave, se f e f′ forem seccionalmente
contínuas.
Proposição 223. (Teorema de Fourier) Seja f : R → R uma função

2ℓ-periódica seccionalmente suave. Tem-se:
1) É possível calcular a série de Fourier da função f
∞
a0 nπx nπx
X
Sf (x) := + an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
sendo esta série convergente para cada concretização da variável x ∈ R.

Em particular, a sua função soma, Sf , é uma função 2ℓ-periódica.
2) Para cada x ∈ R, vale
∞
f (x−) + f (x+) a0 nπx nπx
X
= + an cos + bn sen
2 2 n=1 ℓ ℓ
Em particular, se f for contínua em x ∈ R, então

∞
a0 nπx nπx
X
f (x) = + an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
Exemplo 224. Considere-se a função sinal do Exemplo 222,

se



−1, −π < x < 0
se

f (x) := 0, x=0

se



1, 0<x≤π
Como f é seccionalmente suave, então a série trigonométrica

∞
4 X 1
Sf (x) = sen[(2n − 1)x]
π n=1 2n − 1
é convergente qualquer que seja x ∈ R, tendo-se:
se

4 X∞
1 f (x),
 x ̸= kπ (k ∈ Z)
Sf (x) = sen[(2n − 1)x] =
π n=1 2n − 1 0,

se x = kπ (k ∈ Z)

' $
& %
Gráco de f (x)
' $
& %
Gráco de Sf (x)
O fenómeno de Gibbs
' $
& %

Nas condições do teorema de Fourier vale

lim an = 0 = lim bn
n→+∞ n→+∞
Além disso, e ainda nas condições do teorema de Fourier, os coecientes de

uma série de Fourier são únicos. Isto é, se f for uma função 2ℓ-periódica
seccionalmente suave,
∞
a0 nπx nπx
X
2 n=1 ℓ ℓ
e valer a igualdade
∞
c0 nπx nπx
X
f (x) = + cn cos + dn sen (c0, cn, dn ∈ R)
2 n=1 ℓ ℓ
no intervalo [−ℓ, ℓ], excepto, eventualmente, num número nito de pontos,

então
a0 = c0 an = cn bn = dn (n ∈ N)
Exemplo 225. Seja f : R → R a função 2π-periódica, tal que

f (x) := cos2 x (−π < x ≤ π)
Como f é seccionalmente suave podemos perguntar:

Qual a série de Fourier da função f ?
Ora, a série de Fourier da função f será uma série trigonométrica da forma
∞
a0 X
f ∼ + [an cos(nx) + bn sen(nx)]
2 n=1
Como
1 1
cos2 x = + cos(2x)
2 2
resulta pela unicidade do desenvolvimento em série de Fourier que a soma
1 + 1 cos(2x) é a série de Fourier da função f , onde
2 2
1
a0 = 1 a1 = b1 = 0 a2 = b2 = 0 an = bn = 0 (n ≥ 3)
2
Nas condições do teorema de Fourier, se

∞
a0 nπx nπx
X
2 n=1 ℓ ℓ
vale a identidade de Parseval :

a2 ∞
1 ℓ 2
Z
0+ 2 2
X
f (x) dx = an + bn
ℓ −ℓ 2 n=1
Exemplo 226. Usando o desenvolvimento em série de Fourier da função

sinal do Exemplo 222
∞
4 X 1
f ∼ sen[(2n − 1)x]
π n=1 2n − 1
tem-se pela identidade de Parseval

∞ ∞
16 X 1 1 π 1 π2
Z X
= 1 dx = 2 ⇒ =
π 2 n=1 (2n − 1)2 π −π n=1 (2n − 1)2 8
Séries de Fourier: derivação termo a termo

Proposição 227. Tome-se f : R → R uma função 2ℓ-periódica, contínua
e seccionalmente suave, tal que f ′ seja também seccionalmente suave.
Considere-se a série de Fourier da função f :
∞
a0 nπx nπx
X
f (x) = + an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
Nestas condições,
∞
nπ nπx nπ nπx

f′ ∼
X
−an sen + bn cos
n=1 ℓ ℓ ℓ ℓ
isto é, a série de Fourier da função f ′ obtém-se derivando termo a termo a

série de Fourier da função f . Mais, para cada x ∈ R vale:
∞
nπ nπx nπ nπx f ′(x−) + f ′(x+)
X
−an sen + bn cos =
n=1 ℓ ℓ ℓ ℓ 2
Exemplo 228. Seja f : R → R a função 2π-periódica, tal que

f (x) := x2 (−π < x ≤ π)
A série de Fourier desta função é

∞
π2 X (−1)n
f (x) = + 4 2
cos(nx)
3 n=1 n
Pela proposição anterior, a série de Fourier da função 2π -periódica
f ′(x) = 2x (−π < x < π)
é a série trigonométrica:
∞
X (−1)n+1
4 sen(nx)
n=1 n

Séries de Fourier. Forma complexa

Seja f :R→R uma função 2ℓ-periódica seccionalmente suave e
∞
a0 nπx nπx
X
Sf (x) = + an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
a série de Fourier da função f . Comecemos por recordar que se ω ∈ R, então:

eωi + e−ωi eωi − e−ωi
cos(ω) = e sen(ω) =
2 2i
Em particular, para cada n ∈ N,
nπx i nπx i nπx i nπx i

nπx e + e− nπx e − e−

ℓ ℓ ℓ ℓ
cos = e sen =
ℓ 2 ℓ 2i

Posto isto:
 nπx − nπx nπx − nπx

∞
a0 X e ℓ i +e ℓ i e ℓ i −e ℓ i
Sf (x) = + an + bn 
2 n=1 2 2i
∞ ∞
a0 an − ibn nπx i an + ibn − nπx i
(cn conjugado de cn )
X X
= + e ℓ + e ℓ
2
|{z} 2 }
n=1 | {z n=1 | 2 }
{z
|| || ||
c0 cn cn
c−n := cn
∞ nπx i ∞ ↑ ∞ ∞
− nπx
ℓ i
nπx i − nπx
ℓ i
X X X X
= c0 + cn e ℓ + cn e = cne ℓ + c−ne
n=1 n=1 n=0 n=1
∞
X nπx i
−∞
X nπx i ∞
X nπx i
= cn e ℓ + cn e ℓ := cn e ℓ
n=0 n=−1 n=−∞

À série
∞
X nπx i
cn e ℓ
n=−∞
dá-se o nome de série de Fourier na forma complexa ou série de Fourier

na forma exponencial da função f , e à sequência de números reais (cn)n∈Z
o nome de coecientes complexos de Fourier da função f .
Observe-se ainda que para cada n ∈ N0 ,
1 ℓ nπx i ℓ nπx
Z Z
f (x) cos dx − f (x) sen dx
an − ibn ℓ −ℓ ℓ ℓ −ℓ ℓ
cn = =
2 2
1 ℓ nπx nπx
Z
= f (x) cos − i sen dx
2ℓ −ℓ ℓ ℓ
1 ℓ − nπx
Z
= f (x)e ℓ i dx
2ℓ −ℓ
e
1 ℓ − nπx 1 ℓ nπx i
Z Z
i
c−n = cn = f (x)e ℓ = f (x)e ℓ
2ℓ −ℓ 2ℓ −ℓ
Logo:
1 ℓ − nπx
Z
∀n ∈ Z cn = f (x)e ℓ i dx
2ℓ −ℓ
Note-se ainda o seguinte:

an − ibn

c = (n ∈ N0)
 
 n

an − ibn = 2cn

2
 
⇔

 an + ibn a + ib = 2c

n n n
cn = (n ∈ N)


2
an = 2 Re (cn)

 (n ∈ N0)
⇔
b = −2 Im (c )

(n ∈ N)
n n
Exemplo 229. Considere-se a função sinal do Exemplo 222, onde:

se



−1, −π < x < 0
se

f (x) := 0, x=0
se


1, 0<x≤π

Com ℓ=π tem-se:

!
1 ℓ
Z 0 Z π
− 0×πx 1
Z
c0 = f (x)e ℓ i dx = −1 dx + 1 dx = 0
2ℓ −ℓ 2π −π 0
!
1 ℓ
Z 0 Z π
− nπx 1
Z
cn = f (x)e ℓ i dx = −e−nxi dx + e−nxi dx
2ℓ −ℓ 2π −π 0
se n = 2k, com

0,
 k ∈ Z − (0)
i

= [(−1)n − 1] = 2i
(n ∈ Z, n ̸= 0)
nπ − se n = 2k − 1, com k∈Z

 ,
nπ
Logo a forma complexa da série de Fourier da função f é:

∞ nπx i i 2i X 1
[(−1)n − 1] enxi e(2n−1)xi
X X
f ∼ cn e ℓ = =−
n=−∞ n∈Z nπ π n∈Z 2n − 1
n̸=0
A partir desta série é fácil recuperar a forma real da série de Fourier da

função f encontrada no Exemplo 222. Com efeito, para cada n ∈ N0,
a0 = 2 Re (c0) = 0
an = 2 Re (cn) = 0
se n = 2k, com

0,
 k∈N
2

bn = −2 Im (cn) = − [(−1)n − 1] = 4
nπ 

 , se n = 2k − 1, com k∈N
nπ
o que permite recuperar a série de Fourier na forma real:
∞ ∞
a0 nπx nπx 4 X 1
X
f ∼ + an cos + bn sen = sen[(2n − 1)x]
2 n=1 ℓ ℓ π n=1 2n − 1
Séries de co-senos. Séries de senos

Uma função real de variável real f :R→R diz-se:
(•) uma função par, se
∀x ∈ R f (x) = f (−x)
(•) uma função ímpar, se

∀x ∈ R f (−x) = −f (x)
' $
& %

Sejam f, g : R → R funções. Valem as seguintes propriedades:

(•) Se f é par e g é par, então f +g e f ×g são funções pares;
(Par + Par = Par) e (Par × Par = Par)
(•) Se f é ímpar e g é ímpar, então f +g é ímpar e f ×g é par;

Ímpar + Ímpar = Ímpar e Ímpar × Ímpar = Par

(•) Se f é par e g é ímpar, então f ×g é ímpar.

Par × Ímpar = Ímpar


Proposição 230. Seja f : R → R uma função sucientemente regular. Se f

é par, então
Z a Z a
f (x) dx = 2 f (x) dx (a > 0)
−a 0
Prova: Com efeito,

Z a Z 0 Z a
f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx
−a −a 0
Z 0 Z a
=− f (−z)dz + f (x)dx (x ,→ z , onde x = −z )
a 0
Z a Z a Z a
= f (z)dz + f (x)dx = 2 f (x)dx ■
0 0 0

Proposição 231. Seja f : R → R uma função sucientemente regular. Se f

é ímpar, então
Z a
f (x) dx = 0 (a > 0)
−a
Prova: Com efeito,

Z a Z 0 Z a
f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx
−a −a 0
Z 0 Z a
=− f (−z)dz + f (x)dx (x ,→ z , onde x = −z )
a 0
Z a Z a
=− f (z)dz + f (x)dx = 0 ■
0 0

Proposição 232. Seja f :R→R uma função 2ℓ-periódica seccionalmente

suave. Tem-se:
1) Se f é uma função par, então
Z ℓ ∞
nπx a0 nπx

e
X
f (x) sen dx = 0 f ∼ + an cos
−ℓ ℓ 2 n=1 ℓ
onde se tem
2 ℓ 2 ℓ nπx

e
Z Z
a0 = f (x) dx an = f (x) cos dx (n ∈ N)
ℓ 0 ℓ 0 ℓ
2) Se f é uma função ímpar, então
Z ℓ Z ℓ ∞
nπx nπx

e
X
f (x) dx = 0 = f (x) cos dx f ∼ bn sen
−ℓ −ℓ ℓ n=1 ℓ
onde se tem
2 ℓ nπx
Z
bn = f (x) sen dx (n ∈ N)
ℓ 0 ℓ
Exemplo 233. (Exercício 162) Seja ζ : ]1, +∞[ → R a função zeta de

Riemann, denida por:
∞
X 1
ζ(x) := x
n=1 n
Aplicando a identidade de Parseval ao desenvolvimento de Fourier da função

2π -periódica f : R → R, tal que
f (x) := x2 (−π < x ≤ π)
determine o valor numérico de ζ(4).

Seja f uma função real denida no intervalo ]0, ℓ[, com ℓ > 0. É possível
extender f : ]0, ℓ[ → R ao conjunto ] − ℓ, ℓ[ − {0} das duas seguintes formas:
extensão par:
' $
(•)
se

f (−x),
 −ℓ < x < 0
fp(x) :=
f (x),

se 0<x<ℓ
& %
extensão ímpar:
' $
(•)
se

−f (−x),
 −ℓ < x < 0
fi(x) :=
f (x),

se 0<x<ℓ
& %

Exemplo 234. Considere-se a função f : ]0, π[ → R, denida por

f (x) := x + π
(•) Vamos desenvolver f (x) em série de co-senos. Para isso, tome-se a
extensão par fp(x) da função f (x) e, em seguida, a extensão 2π-periódica
f˜p(x) da referida extensão par (observe-se que f˜p(x) é uma função par).
' $
Extensão par fp (x) da função f (x)
& %
' $
& %
Extensão 2π -periódica f˜p(x) da função par fp(x)
Tem-se:
2 ℓ 0 × πx 2 π
Z Z
a0 = f (x) cos dx = (x + π) dx = 3π
ℓ 0 ℓ π 0
2 ℓ nπx 2 π 2[−1 + (−1)n]

Z Z
an = f (x) cos dx = (x + π) cos(nx) dx =
ℓ 0 ℓ π 0 πn2
bn = 0 (porque f˜p (x) é par)
com n ≥ 1. Logo,
∞
a0 nπx nπx
X
f˜p(x) ∼ Sf˜p (x) = + an cos + bn sen
2 n=1 ℓ ℓ
∞
3π X 2[−1 + (−1)n]
= + 2
cos(nx)
2 n=1 πn
∞
3π X 4 cos[(2n − 1)x]
= −
2 n=1 π(2n − 1)2
Além disso,
∞
3π X 4 cos[(2n − 1)x]
x+π = − (0 < x < π)
2 n=1 π(2n − 1)2
' $
& %
Gráco de Sf˜ (x)
p

(•) Vamos agora desenvolver f (x) em série de senos. Para tal, tome-se a
extensão ímpar fi(x) da função f (x) e, em seguida, a extensão 2π-
-periódica f˜i(x) da referida extensão ímpar (f˜i(x) é uma função ímpar).
' $
' $
& % & %
Extensão ímpar fi(x) Extensão 2π -periódica f˜i(x) da função ímpar fi(x)

da função f (x)

Neste caso tem-se:

a0 = 0 (porque f˜i (x) é ímpar)
an = 0 (porque f˜i (x) é ímpar)
2 ℓ nπx 2 π 2
Z Z
bn = f (x) sen dx = (x + π) sen(nx) dx = [1 − 2(−1)n]
ℓ 0 ℓ π 0 n
com n ≥ 1. Logo,
∞
a0 nπx nπx
X
f˜i(x) ∼ Sf˜ (x) = + an cos + bn sen
i 2 n=1 ℓ ℓ
∞
2
[1 − 2(−1)n] sen(nx)
X
=
n=1 n

Verica-se ainda:
∞
2
[1 − 2(−1)n] sen(nx)
X
x+π = (0 < x < π)
n=1 n
' $
& %
Gráco de Sf˜(x)
ii

Observe-se que a partir da igualdade

∞
2
[1 − 2(−1)n] sen(nx)
X
x + π = f (x) = (0 < x < π)
n=1 n
obtém-se, tomando x = π2 ,
∞
3π π 2 nπ

n
X
=f = [1 − 2(−1) ] sen
2 2 n=1 n 2
∞
X (−1)n
= −6
n=1 2n − 1
Donde:
∞
X (−1)n π
=−
n=1 2n − 1 4

⌊ 4.2- Aplicações à resolução de EDP⌋

As séries de Fourier desempenham um papel muito importante na teoria das
equações diferenciais parciais. Nomeadamente, permitem-nos resolver uma
maior variedade de problemas envolvendo condições iniciais e condições de
fronteira como veremos nos exemplos que se seguem:
' $

Problema 1





 (1) utt = c 2u
xx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)


(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)





 (3) ut(x, 0) = g(x) (velocidade inicial) (0 ≤ x ≤ L)


(4) u(x, 0) = f (x)

(deslocamento inicial) (0 ≤ x ≤ L)

& %
Por (1) e (2) a solução formal do problema é (com βn, γn ∈ R):

∞
nπx cnπt nπx cnπt
X
u(x, t) = βn sen cos + γn sen sen
n=1 L L L L
Partindo da solução formal

∞ nπx
X cnπt nπx cnπt
u(x, t) = βn sen cos + γn sen sen
n=1
L L L L
tem-se, respectivamente, por (3) e (4):

∞ Z L
X cnπ nπx cnπ 2 nπz
g(x) = ut (x, 0) = γn sen ⇒ γn = g(z) sen dz (n ∈ N)
n=1
L L L L 0 L
| {z }
Desenvolvimento de g(x)
em série de senos
∞ nπx Z L
X 2 nπz
f (x) = u(x, 0) = βn sen ⇒ βn = f (z) sen dz (n ∈ N)
n=1
L L 0 L
| {z }
Desenvolvimento de f (x)
em série de senos
∞ Z L
X 2 nπz nπx cnπt
u(x, t) = f (z) sen dz sen cos +
n=1
L 0 L L L
Z L
2 nπz nπx cnπt
+ g(z) sen dz sen sen
cnπ 0 L L L
Exemplo 235. Considere-se o problema com (x, t) ∈ [0, 1] × [0, +∞[ :

(1) utt = 16uxx | (3) ut(x, 0) = g(x) := 0
(
2x, 0 ≤ x ≤ 1/2
(2) u(0, t) = u(1, t) = 0 | (4) u(x, 0) = f (x) :=
2(1 − x), 1/2 < x ≤ 1
Por (1) e (2)

∞
X
u(x, t) = [βn sen (nπx) cos (4nπt) + γn sen (nπx) sen (4nπt)] (βn , γn ∈ R)
n=1

∞
X
g(x) = 0 = ut (x, 0) = 4nπγn sen (nπx) ⇒ ∀ n ∈ N γn = 0
n=1
donde
∞
X
u(x, t) = βn sen (nπx) cos (4nπt)
n=1

Finalmente, por (4)

∞
X
f (x) = u(x, 0) = βn sen (nπx)
|n=1 {z }
em série de senos
donde, para cada n ∈ N,
1
!
Z 1 Z
2
Z 1
βn = 2 f (x) sen(nπx)dx = 2 2x sen(nπx)dx + 2(1 − x) sen(nπx)dx
1
0 0 2
8 nπ
= 2 2 sen
n π 2
∞ nπ

8 X sen 2
u(x, t) = 2 sen(nπx) cos(4nπt)
π n=1 n2
∞
8 X (−1)n+1
= 2 sen[(2n − 1)πx] cos[4(2n − 1)πt]
π n=1 (2n − 1)2
' $

Problema 2




 (1) utt = c2uxx (0 ≤ x ≤ L, t ≥ 0)



(2) ux(0, t) = 0 = ux(L, t)

(t ≥ 0)


(3) ut(x, 0) = g(x) (velocidade inicial) (0 ≤ x ≤ L)









(4) u(x, 0) = f (x)

(deslocamento inicial) (0 ≤ x ≤ L)
& %
∞
nπx cnπt nπx cnπt
X
u(x, t) = β0 + γ0t + βn cos cos + γn cos sen
n=1 L L L L


∞ nπx
X cnπt nπx cnπt
u(x, t) = β0 + γ0 t + βn cos cos + γn cos sen
n=1
L L L L
tem-se, respectivamente, por (3) e (4):  Z L

 1
∞ γ0 = g(z)dz


X cnπ nπx L 0
g(x) = ut (x, 0) = γ0 + γn cos ⇒
n=1
L L 
 cnπ 2
Z L
nπz

| {z } 
 γn = g(z) cos dz (n ∈ N)
Desenvolvimento de g(x) L L 0
L
em série de co-senos  Z L
 1
∞ β0 = f (z)dz


X nπx L 0
f (x) = u(x, 0) = β0 + βn cos ⇒
n=1
L 
 2
Z L
nπz

| {z } βn =
 f (z) cos dz (n ∈ N)
Desenvolvimento de f (x) L 0
L
em série de co-senos
Z L Z L ∞ Z L
1 1 2 nπz nπx cnπt
X
u(x, t) = f (z)dz + g(z)dz t + f (z) cos dz cos cos +
L 0
L 0
L 0
L L L
n=1
Z L
2 nπz nπx cnπt

+ g(z) cos dz cos sen
cnπ 0
L L L
Exemplo 236. Considere-se o problema com (x, t) ∈ [0, 2] × [0, +∞[ :

(1) utt = 4uxx | (3) ut(x, 0) = g(x) := 0
(2) ux(0, t) = ux(2, t) = 0 | (4) u(x, 0) = f (x) := x(x − 2)
Por (1) e (2)

∞ h
X nπx nπx i
u(x, t) = β0 + γ0 t + βn cos cos (nπt) + γn cos sen (nπt) (βn , γn ∈ R)
n=1
2 2

∞
X nπx
g(x) = 0 = ut (x, 0) = γ0 + nπγn cos ⇒ ∀ n ∈ N0 γn = 0
n=1
2
donde
∞
X nπx
u(x, t) = β0 + βn cos cos (nπt)
n=1
2

Finalmente, por (4)

∞
X nπx
f (x) = x(x − 2) = u(x, 0) = β0 + βn cos
n=1
2
| {z }
em série de co-senos
donde
Z 2
1 2
β0 = x(x − 2)dx = −
2 0 3
Z 2 nπx 8
βn = x(x − 2) cos dx = 2 2
[1 + (−1)n ] (n ∈ N)
0 2 n π
∞
2 8 X 1 + (−1)n nπx
u(x, t) = − + 2 cos cos(nπt)
3 π n=1 n2 2
∞
2 4 X 1
=− + 2 cos (nπx) cos(2nπt)
3 π n=1 n2

' $

Problema 3




 (1) ut = α2uxx (0 < x < L, t > 0)




(2) u(0, t) = 0 = u(L, t) (t ≥ 0)


(3) u(x, 0) = f (x)

(0 < x < L)

(temperatura inicial)

& %
Por (1) e (2) a solução formal do problema é (com βn ∈ R):
∞
nπx −( αnπ )2t
X
u(x, t) = βn sen e L
n=1 L


∞
nπx −( αnπ )2t
X
u(x, t) = βn sen e L
n=1 L
por (3) tem-se:

∞
nπx 2 L nπz
X Z
f (x) = u(x, 0) = βn sen ⇒ βn = f (z) sen dz
n=1 L L 0 L
| {z }
em série de senos
∞ " Z L #
2 nπz nπx −( αnπ )2t
X
u(x, t) = f (z) sen dz sen e L
n=1 L 0 L L


(1) ut = 25uxx (0 < x < 5, t > 0)
(2) u(0, t) = u(5, t) = 0 (t ≥ 0)

(3) u(x, 0) = f (x) := x (0 < x < 5)
Por (1) e (2)

∞
X nπx 2 2
u(x, t) = βn sen e−n π t
(βn ∈ R)
n=1
5

∞ nπx Z 5
X 2 nπx 10
f (x) = x = u(x, 0) = βn sen ⇒ βn = x sen dx = (−1)n+1
n=1
5 5 0 5 nπ
| {z }
em série de senos
para cada n ∈ N. A solução do problema é:

∞
10 X (−1)n nπx 2 2
u(x, t) = − sen e−n π t
π n=1 n 5

' $

Problema 4

Considere-se o problema matemático sobre a equação de Laplace:




 (1) ∇ 2u = u
xx + uyy = 0 (0 < x < a, 0 < y < b)


(2) u(0, y) = u(a, y) = 0

(0 ≤ y ≤ b)


(3) u(x, 0) = 0 (0 ≤ x ≤ a)







(4) u(x, b) = f (x)


(0 ≤ x ≤ a)
& %
∞
nπx nπy
− nπy
X
u(x, y) = sen βne a + γne a
n=1 a


∞
nπx nπy nπy
X
u(x, y) = sen βn e a + γn e− a
n=1
a
por (3) tem-se:

∞
X nπx
0 = u(x, 0) = (βn + γn ) sen ⇒ ∀ n ∈ N γn = −βn
n=1
a
donde ∞
X nπx nπy
u(x, y) = δn sen senh (δn ∈ R)
n=1
a a
Por (4) tem-se:
∞ Z a
X nπb nπx 2 nπz
f (x) = u(x, b) = δn senh sen ⇒ δn = nπb
f (z) sen dz
a a a senh a 0 a
|n=1 {z }
em série de senos
∞
" #
Z a
X 2 nπz nπx nπy
u(x, y) = nπb
f (z) sen dz sen senh
n=1
a senh a 0 a a a
Exemplo 238. Considere-se no rectângulo [0, 1] × [0, 2] o problema:

(1) uxx + uyy = 0 | (3) u(x, 0) = 0
(2) u(0, y) = u(1, y) = 0 | (4) u(x, 2) = f (x) := x
Por (1) e (2)
∞
X
sen (nπx) βn enπy + γn e−nπy

u(x, y) = (βn , γn ∈ R)
n=1
é a solução formal do problema. Por (3) resulta

∞
X
u(x, y) = δn sen (nπx) senh (nπy) (δn ∈ R)
n=1
Finalmente, por (4)
∞ Z 1
X 2
f (x) = x = u(x, 2) = δn senh(2nπ) sen (nπx) ⇒ δn = x sen(nπx)dx
n=1
senh(2nπ) 0
| {z }
em série de senos
∞
2 X (−1)n+1
u(x, y) = sen (nπx) senh (nπy)
π n=1 n senh(2nπ)
' $

Problema 5

(Problema de Dirichlet no interior de um círculo)

2u = u + 1 u + 1 u = 0



(1) ∇ rr r r r 2 θθ (0 < r < a, 0 ≤ θ ≤ 2π)


(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ)

(0 < r < a, 0 ≤ θ < 2π)





(3) lim u(r, θ) < ∞
r→0+





(4) u(a, θ) = f (θ)


(0 ≤ θ < 2π)
& %
Por (1), (2) e (3) a solução formal do problema é (com βn, γn ∈ R):
∞
rn [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
X
u(r, θ) = β0 +
n=1


∞
X
u(r, θ) = β0 + rn [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
n=1
por (4) tem-se:

∞
X
f (θ) = u(a, θ) = β0 + an [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
n=1
| {z }
Série de Fourier da função 2π -periódica f (θ)
donde, para cada n ∈ N,

Z 2π Z 2π Z 2π
1 1 1
β0 = f (ϕ)dϕ, βn = f (ϕ) cos(nϕ)dϕ e γn = f (ϕ) sen(nϕ)dϕ
2π 0 πan 0 πan 0
Z 2π ∞ Z 2π
1 1 X r n
u(r, θ) = f (ϕ)dϕ + f (ϕ) cos(nθ − nϕ)dϕ
2π 0 π n=1 a 0

Exemplo 239. Tome-se o problema sobre a equação de Laplace no interior do círculo

Ω := {(r, θ) : 0 < r < 4 e 0 ≤ θ ≤ 2π}
(1) ∇2u = urr + 1r ur + r1 uθθ = 0 2 | (3) lim u(r, θ) < ∞

r→0+
(
100, 0 ≤ θ ≤ π/4
(2) u(r, θ + 2π) = u(r, θ) | (4) u(4, θ) = f (θ) :=
0, π/4 < θ < 2π
Por (1), (2) e (3)

∞
X
u(r, θ) = β0 + rn [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)] (βn , γn ∈ R)
n=1

∞
X
f (θ) = u(4, θ) = β0 + 4n [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
n=1

Da igualdade
∞
X
f (θ) = u(4, θ) = β0 + 4n [βn cos(nθ) + γn sen(nθ)]
n=1
resulta
π
Z 2π Z
1 1 4 25
β0 = f (θ)dθ = 100dθ =
2π 0 2π 0 2
π
Z 2π Z
1 1 4 100 nπ
βn = f (θ) cos(nθ)dθ = 100 cos(nθ)dθ = sen (n ∈ N)
π4n 0 π4n 0 nπ4n 4
π
Z 2π Z
1 1 4 100 h nπ i
γn = f (θ) sen(nθ)dθ = 100 sen(nθ)dθ = 1 − cos (n ∈ N)
π4n 0 π4n 0 nπ4n 4
∞
25 100 X r n 1 h nπ nπ i
u(r, θ) = + sen cos(nθ) − cos sen(nθ) + sen(nθ)
2 π n=1 4 n 4 4
∞
25 100 X r n 1 h nπ i
= + sen − nθ + sen(nθ)
2 π n=1 4 n 4

⌊ 4.3- Transformada integral de Fourier⌋

Motivação. Denição. Propriedades
A transição das séries de Fourier para a transformada de Fourier surge
quando se passa de funções periódicas para funções não periódicas.
Am de motivar a denição de transformada de Fourier, suponhamos que
f : R → C é uma função 2ℓ-periódica, com ℓ > 0, tal que
∞ nπx i
(série de Fourier)
X
f (x) = cn e ℓ
n=−∞
onde
1 ℓ − nπx
Z
cn = f (x)e ℓ idx (n ∈ Z)
2ℓ −ℓ
Tomando ωn := nπℓ = nω0 , onde ω0 := πℓ é a frequência fundamental, e

∆ω := ωn+1 − ωn tem-se:
∞ ∞ !
nπx i 1 ℓ
Z
f (z)e−iωnz dz eiωnx
X X
cn e ℓ =
n=−∞ n=−∞ 2ℓ −ℓ
∞ Z ℓ !
1 1
f (z)e−iωnz dz eiωnx∆ω
X
=√ √
2π n=−∞ 2π −ℓ
| {z }
..
q
fbℓ (ωn )
∞
1
fbℓ(ωn)eiωnx∆ω
X
=√ (∗)
2π n=−∞
Pensando no limite quando ℓ → ∞ (i.e. ∆ω → 0) e notando a analogia de
(∗) com uma soma de Riemann, espera-se que a série de Fourier dê lugar a:
Z ∞ A
1 1
v.p.
Z
√ iωx
f (ω)e dω = √
b lim fb(ω)eiωxdω
2π −∞ 2π A→+∞ −A
Z ∞ A
1 1
v.p.
Z
fb(ω) = √ f (x)e−iωx dx = √ lim f (x)e−iωxdx (⋆)
2π −∞ 2π A→+∞ −A
(Note-se que quando ℓ → ∞, então ω0 → 0 e, portanto, ωn percorre todos os valores da
recta real dando lugar à variável contínua ω.)
Chama-se transformada de Fourier à transformação integral que a cada

função
f :R→C
faz corresponder a função complexa de variável real,
fb : R −→ C
denida por:
1
Z ∞
f (ω) := √
b f (x)e−iωx dx (ω ∈ R)
2π −∞
caso o integral seja convergente.

Também se usa com igual signicado F (f ) para representar fb.
(NOTA: Caso a função f (x) apresente alguma regularidade, por exemplo se f ∈ L1(R), o
valor principal de Cauchy do integral considerado em (⋆) existe e é igual ao valor do integral
usado na denição de transformada de Fourier.)
Chama-se transformada inversa de Fourier à transformação integral que

a cada função
f :R→C
faz corresponder a função complexa de variável real,

1 ∞
denida por:
Z
fˇ : R −→ C fˇ(x) := √ f (ω)eiωx dω (x ∈ R)
2π −∞

Observe-se que recuperando a igualdade anterior
∞ ∞
nπx i 1
fbℓ(ωn)eiωnx∆ω
X X
f (x) = cn e ℓ =√ (∗)
n=−∞ 2π n=−∞
resulta, tomando ℓ → 0, a conhecida Regra da Inversão :

1 ∞ Z
1 ∞ Z
dω = fb ˇ (x)

f (x) = √ lim fℓ(ωn) e
b iωx dω = √ f (ω)e
b iωx
2π −∞ ℓ→∞ 2π −∞
Vale ainda:
Z ∞
1
ˇ √ fˇ(ω)e−iωxdω

f (x) =
b
2π −∞
1 ∞ Z
fb(−ω)e−iωxdω

=√ fˇ(u) = f (−u)
b
2π −∞
1 ∞ Z
=√ fb(p)eipxdp (ω ,→ p, onde ω := −p)
2π −∞
= fb ˇ (x) = f (x) (Regra da Inversão)

Em resumo valem as igualdades:

fb ˇ = f e

fˇ b = f

ou seja, fˇ = F −1(f ) e, portanto,

F −1(F (f )) = f e F (F −1(f )) = f
Observe-se que se f é real, não negativa e fb existe, então

√
Z ∞
2π fb(0) = f (x) dx
−∞
é a medida da área limitada pelo gráco de f e o eixo das abcissas.
Exemplo 240. Considere-se a função:

se |x| < 1

1,
f (x) :=
0, caso contrário
Tem-se e
q
fb(0) = 2/π
#x=1 s
−iωx
Z 1 "
1 1 e 2 sen ω
fb(ω) = √ e−iωx dx = √ = (ω ̸= 0)
2π −1 2π −iω x=−1 π ω
Qual será a transformada inversa de Fourier fˇ da função f ?

' $
& %

Exemplo 241. Considere-se a função

se x > 0

e−Ax,
f (x) := (A > 0)
denominada decaimento exponencial. Tem-se:
#x→+∞
−Ax −iωx
Z ∞ "
1 1 e e 1 A − iω
fb(ω) = √ e(−iω−A)x dx = √ − =√
2π 0 2π iω + A x=0 2π A2 + ω 2
(NOTA:Na comunidade cientíca não existe unanimidade no que respeita à denição da

transformada de Fourier. Algumas denições adoptadas:
Z ∞
1
fb(ω) = f (x)eiBωx dx
A −∞
com √
(A = 2π, B = ±1) ou (A = 1, B = ±2π) ou (A = 1, B = ±1)
√
Neste curso, adoptamos A= 2π e B = −1.)

Para que algumas das propriedades das transformadas de Fourier que a seguir se estudam
sejam satisfeitas, é suciente garantir que as transformadas das funções em causa existam.
Para outras, são necessárias hipóteses adicionais que não abordaremos aqui. Desta forma,
trataremos a maioria destas propriedades como um formalismo útil para calcular certas
transformadas de Fourier.
As provas destes resultados serão omitidas, por serem semelhantes às provas efectuadas
aquando do estudo das propriedades da transformada de Laplace.
(•) Linearidade: Se α, β ∈ C e f, g : R → C, então:

F (αf + βg)(ω) = αF (f )(ω) + βF (g)(ω)
(•) Translação na função original: Se α ∈ R e f : R → C, então:

F (f (x − α))(ω) = e−iωαF (f )(ω)
(•) Translação na transformada: Se α ∈ R e f : R → C, então:

iαx
F e f (ω) = F (f )(ω − α)

Exemplo 242. Considere-se as funções:

se |x| < 1 se 3 < x < 5
 
1,
 1,

f (x) := e u(x) := 
 0, caso contrário
Pelo Exemplo 240 e pela propriedade anterior da translação na função

original, tem-se para ω ̸= 0: s
2 e−4iω sen ω
F (u(x))(ω) = F (f (x − 4))(ω) = e−4iω F (f (x))(ω) = ×
π ω
Exemplo 243. Considere-se as funções
se x > 0 se x > 0
 
e−x,
 e(3i−1)x,

f (x) := e v(x) := 
0,

caso contrário 0, caso contrário
Pelo Exemplo 241 e pela propriedade da translação na transformada, tem-se
para ω ∈ R:
3ix
1 1 − i(ω − 3)
F (v(x))(ω) = F e f (x) (ω) = F (f (x))(ω − 3) = √ ×
2π 1 + (ω − 3)2
Exemplo 244. Seja A > 0 (xo) e considere-se a função de Laplace

q(x) := e−A|x| (x ∈ R)
Tem-se:
Z ∞ Z 0 Z ∞ !
1 −iωx 1
q(ω)
b =√ q(x)e dx = √ eAxe−iωxdx + e−Axe−iωxdx
2π −∞ 2π −∞ 0
" #x=0 #x→∞

Ax −iωx e−Axe−iωx
"
1 e e
=√  + 
2π A − iω x→−∞ −A − iω x=0
1 1 1

=√ +
2π A − iω A + iω
s
2 A
= (ω ∈ R)
π A2 + ω 2
' $
& %

Exemplo 245. (Exercício 177) Considere a função

π −|x|
r
f (x) := e (x ∈ R)
2
onde se sabe
1
fb(ω) = (ω ∈ R)
1 + ω2
Mostre que:
Z ∞
cos x π
dx =
−∞ 1 + x2 e

Exemplo 246. (Exercício 175 a)) Determine a transformada inversa de

Fourier da seguinte função:
se

sen(ω),
 |ω| ≤ 2π
g(ω) :=
0,

se |ω| > 2π
Considere-se a função
se

1,
 |ω| ≤ 2π
H(ω) := θ(ω + 2π) − θ(ω − 2π) =
0,

se |ω| > 2π
Tem-se:
1 2π Z
2 sen(2πx)
Ȟ(x) = √ iωx
e dω = √
2π −2π x 2π
Por outro lado:

g(ω) = sen(ω)H(ω)
Tem-se:
eiω − e−iω ˇ
" #
ǧ(x) = [sen(ω)H(ω)]ˇ (x) = H(ω) (x)
2i
eiω − e−iω
" #
b
= H(ω) (−x)
2i
1 h iω i h
−iω
i
= e H(ω) (−x) − e
b H(ω) (−x)
b
2i
1 hc i
= H(−x − 1) − H(−x
c + 1)
2i
1
= Ȟ(x + 1) − Ȟ(x − 1)
2i
" #
1 2 sen(2πx + 2π) 2 sen(2πx − 2π)
= √ − √
2i (x + 1) 2π (x − 1) 2π
s
2 sen(2πx)
=i
π x2 − 1
Algumas propriedades de simetria:

(•) Se f é uma função real, então
fb(−ω) = fb(ω)
Prova: Com efeito,
Z ∞ Z ∞
1 1
fb(ω) = √ f (x)e−iωx dx = √ f (x)e−iωx dx (porque f (x) ∈ R)
2π −∞ 2π −∞
Z ∞
1
=√ f (x)eiωx dx = fb(−ω) ■
2π −∞
(•) Se f é uma função par, então fb é também uma função par.

Prova: Com efeito,
Z ∞ Z ∞
1 1
fb(ω) = √ f (x)e−iωx dx = √ f (−z)eiωz dz (x ,→ z , onde x = −z )
2π −∞ 2π −∞
Z ∞
1
=√ f (z)eiωz dz = fb(−ω) ■
2π −∞

(•) Se f é uma função real e par, então fb é também real e par.

Prova: Com efeito,
f par ⇒ fb par
f real e par ⇒ fb(ω) = fb(−ω) = fb(ω) ⇒ fb(ω) ∈ R ■
(•) Se f é uma função ímpar, então fb é também uma função ímpar.

Prova: Com efeito,
Z ∞ Z ∞
1 1
fb(ω) = √ f (x)e−iωx dx = √ f (−z)eiωz dz (x ,→ z , onde x = −z )
2π −∞ 2π −∞
Z ∞
1
=−√ f (z)eiωz dz = −fb(−ω) ■
2π −∞
(•) Se f é uma função real e ímpar, então fb é ímpar e toma valores

imaginários puros.
Prova: Com efeito,
f ímpar ⇒ fb ímpar
real e ímpar Re fb(ω) = 0
h i
f ⇒ −fb(ω) = fb(−ω) = fb(ω) ⇒ ■

Mais algumas propriedades:
(•) Derivação da função original: Se f : R → C, então:

′

F f (ω) = iωF (f )(ω)
e
′′

F f (ω) = −ω 2F (f )(ω)
(•) Derivação da transformada: Se f : R → C e n ∈ N, então:

n n dn
F (x f (x))(ω) = i [F (f (x))] (ω)
dω n

Exemplo 247. Considere-se a função de Gauss

−x2
g(x) := e (x ∈ R)
Tem-se g ′(x) = −2xg(x) e

′

F g (x) (ω) = iωF (g(x)) (ω)
Por outro lado,
′
d
F g (x) (ω) = F (−2xg(x)) (ω) = −2i [F (g(x))] (ω)
dω
Logo,
dgb ω −ω 2 /4
+ gb = 0 ⇒ g (ω) = Ke
b (K ∈ R)
dω 2
Como √
1 −x 2
Z ∞
1 √ 2
K = gb(0) = √ e dx = √ × π=
2π −∞ 2π 2
√
resulta gb(ω) = 22 e−ω /4.
2

NOTA: Vale o resultado:

Z ∞
−x2 √
I := e dx = π
−∞
Com efeito:
Z ∞ Z ∞
I2 = I × I = e −x2 dx × e−y 2 dy
−∞ −∞
Z ∞ Z ∞
−(x 2 +y 2 )
= e dxdy
−∞ −∞
Z 2π Z ∞
2
= re−r drdθ ((x, y) ,→ (r, θ), onde x = r cos θ , y = r sen θ )
0 0
r→∞
−r2

e
= 2π   =π
−2
r=0
√
Como I > 0, vem I= π.
Exemplo 248. Considere-se a função,

−x2
h(x) := cos(2πx)e (x ∈ R)
Partindo da igualdade
e2πxi + e−2πxi −x2 1 2πxi −x2

2
h(x) = e = e e + e−2πxie−x
2 2
resulta pelo Exemplo 247 e pela propriedade da translação na transformada:
1

2πxi −x 2 −2πxi −x2
F (h(x))(ω) = F e e (ω) + F e e (ω)
2
2 2
" #
1 − (ω−2π) − (ω+2π)
= √ e 4 + e 4
2 2

Mais algumas propriedades:

(•) Dada f :R→C vale:
fb(ω) = fˇ(−ω) e fˆ(ω) = f (−ω)
Prova: Com efeito, denotando g := fb e h := gb, tem-se:

h(ω) = gb(ω) = ǧ(−ω) = f (−ω) ■
(•) Se f :R→C é uma função par, então:

fb(ω) = fˇ(ω)
Prova: Com efeito:
f par ⇒ fb par ⇒ fb(ω) = fb(−ω) = fˇ(ω) ■
(•) Analogamente, se f :R→C é uma função ímpar, então:

fb(ω) = −fˇ(ω)
Prova: Com efeito:
f ímpar ⇒ fb ímpar ⇒ fb(ω) = −fb(−ω) = −fˇ(ω) ■

Considere-se a sequência de transformadas de Fourier:


F0 = f ˆ
isto é, a sequência: ˆ ˆ
ˆ ˆ ...
f, f , f, f, f,
b
n+1 = Fn (n ∈ N0 )
F c
Será esta sequência nita? Ora:

F0(ω) = f (ω)
F1(ω) = fˆ(ω)
F2(ω) = fˆ(ω)
Z ∞ Z ∞ Z ∞
1 1 1
F3(ω) = √ fˆ(u)e−iωu du = √ f (−u)e−iωu du = √ f (v)eiωv dv = fˇ(ω)
2π −∞ 2π −∞ 2π −∞
F4(ω) = f (ω)
Logo, é nita a sequência:

ˆ ˆ ˆ
ˆ . . . = f, fb, f, ˆ
ˆ f, ˆ
ˆ f, ˆ
ˆ f,
ˆ
f, f , f, f, f,
b ˆ f, fb, f, ˆ f, fb, f, ˆ ...
Representação integral de δ(x − x0)

Tem-se:
e−iωx0
Z ∞
1 −iωx
F (δ(x − x0))(ω) = √ δ(x − x0)e dx = √
2π −∞ 2π
Em particular
1
F (δ(x))(ω) = √
2π
Da primeira igualdade deriva ainda a representação integral de δ(x − x0) :
e−iωx0
!
δ(x − x0) = F −1 √ (x)
2π
1 ∞
Z
= eiω(x−x0)dω
2π −∞
1 ∞
Z
= e−iω(x−x0)dω
2π −∞
A propriedade seguinte é usualmente designada por mudança de escala:
(•) Mudança de escala: Sejam α ∈ R − {0} e f : R → C uma função. Vale:
1 ω

F (f (αx))(ω) = F (f )
|α| α

1 ω

F (δ(2x − 1))(ω) = F (δ(x − 1))
2 2
−i ω
e 2
= √
2 2π

Convolução e transformada de Fourier

Sejam f, g : R → R funções. Dene-se o produto de convolução da função
f pela função g como sendo a função:
Z ∞
(f ∗ g)(x) := f (u)g(x − u) du (−∞ < x < ∞)
−∞
caso o integral seja convergente. O produto de convolução é uma operação

binária entre funções que goza das seguintes propriedades:
(•) f ∗ g = g ∗ f (comutatividade)
(•) f ∗ (g ∗ h) = (f ∗ g) ∗ h (associatividade)
(•) f ∗ (g + h) = f ∗ g + f ∗ h (∗ é dist. em relação a + )
(•) f ∗ 0 = 0 (0 é elemento absorvente)
(•) (af ) ∗ g = a(f ∗ g) = f ∗ (ag) (a ∈ R ) (lei do salto)

Vale o seguinte resultado, denominado Teorema da Convolução :

√
F (f ∗ g)(ω) = 2π [F (f )(ω) × F (g)(ω)]
Prova: Com efeito, Z ∞ Z ∞

1
F (f ∗ g)(ω) = √ f (u)g(x − u)du e−iωx dx
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞
1
=√ f (u)g(x − u)e−iω(x−u) e−iωudxdu
2π −∞ −∞
Z ∞ Z ∞
1
=√ f (u)e−iωu g(x − u)e−iω(x−u) dx du
2π −∞ −∞
√
Z ∞ Z ∞
1 1
= 2π √ f (u)e−iωu √ g(z)e−iωz dz du
2π −∞ 2π −∞
√
= 2π fb(ω) × gb(ω) ■
NOTA: δ(x) comporta-se como elemento neutro para o produto de convolução:

Z ∞
δ(x) ∗ f (x) = δ(u)f (x − u)du = f (x)
−∞
Com as mesmas hipóteses, a simetria entre a transformada de Fourier e a

sua inversa permitem estabelecer:
√ h i
(•) F −1 (f ∗ g)(x) = 2π F −1(f )(x) × F −1(g)(x)
Prova: Com efeito,
−1
√
F (f ∗ g)(x) = F (f ∗ g)(−x) = 2π [F (f )(−x) × F (g)(−x)]
√ −1 −1

= 2π F (f )(x) × F (g)(x) ■
Z ∞
(•) (f ∗ g)(x) = fb(ω)gb(ω)eiωx dω
−∞
Prova: Com efeito,
√ Z ∞
−1
(f ∗ g)(x) = F 2π [F (f ) × F (g)] (x) = fb(ω)gb(ω)eiωx dω ■
−∞
1
(•) F (f × g)(ω) = √ [F (f ) ∗ F (g)] (ω)
2π
Prova: Com efeito,
1 √

−1 1
F √ [F (f ) ∗ F (g)] =√ 2π f × g = f × g ■
2π 2π
Exemplo 250. (Exercício 176) Se é uma função tal que

f :R→R fb é
dada pelo gráco A, estabeleça uma correspondência entre gcj , onde
1
g1(x) := e2ixf (x), g2(x) := −if ′(x), g3(x) := √ (f ∗ f )(x)
2π
g4(x) := f (−x) e g5(x) := f (2x)
e os grácos B, C, D, E e F.
Gráco A Gráco C
Gráco B Gráco D Gráco E Gráco F

Aplicações à resolução de equações diferenciais (EDO e EDP)

' $

Problema 1

−u′′ + u = f (x) e lim u(x) = 0

|x|→∞
& %
Aplicando a transformada de Fourier a ambos os membros da equação resulta

ω 2u(ω)
b + u(ω)
b = fb(ω)
donde
fb(ω) π b
r
−|x|
b q
−|x| (ω) = π2 1
b
u(ω)
b = 2
= f (ω) e (ω) e 1+ω 2
1+ω 2
π 1 1
r
−|x| −|x|
b b
= √ f (x) ∗ e (ω) = f (x) ∗ e (ω)
2 2π 2
Logo,
1 1 ∞
Z
−|x| f (u)e−|x−u|du

u(x) = f ∗e (x) =
2 2 −∞
' $

Problema 2

(Temperatura da barra innita)
&
ut = α 2u
xx (−∞ < x < ∞, t > 0) e u(x, 0) = f (x) %
Aplicando a transformada de Fourier Fx na variável x, obtém-se:

u(x, t) 5
u(ω,
b t)
Fx
du 2 2
+ α2 ω 2 u t) = K(ω)e−α ω t
b
b=0 ⇒ u(ω,
b
dt
Tem-se
1 ∞ 1 ∞Z Z
K(ω) = u(ω,
b 0) = √ u(x, 0)e−iωx dx = √ f (x)e−iωxdx = fb(ω)
2π −∞ 2π −∞
Donde
−α 2ω2t
u(ω,
b t) = f (ω)e
b
Logo
1 ∞ Z
u(x, t) = Fx−1 fb(ω)e −α2 ω 2 t (x) = √
2 2
fb(ω)e−α ω teiωx dω
2π −∞
' $

Problema 3

π −|x|
r
utx = uxx (−∞ < x < ∞, t > 0) e u(x, 0) = f (x) := e
&
2 %

u(x, t) 3
u(ω,
b t)
Fx
du
b
= iω u
b
dt
Logo
eiωt
t) = K(ω)eiωt

1
u(ω, ⇒ u(ω, t) = = fb(ω) = u
b(ω, 0) = K(ω)
1 + ω2
b b 1+ω 2
Donde
eiωt
!
1 ∞ 1 1
Z
u(x, t) = Fx−1 (x) = √ eiω(x+t) dω = ˇ (x + t)
1 + ω2 2π −∞ 1 + ω 2 1 + ω2
π −|x+t|
r
= f (x + t) = e
2
' $
& %
Gráco de f (x) :=
pπ
2
e−|x|
' $
' $
2
0
-2
1.0
0.5
0.0
-2
& %
& %
Gráco de u(x, t) , para t xo Gráco de u(x, t)
' $

Problema 4

(Equação de transporte)
&
ut + cux = 0 (−∞ < x < ∞, t > 0) e u(x, 0) = f (x) %

u(x, t) 5
u(ω,
b t)
Fx
du
b
+ icω u
b=0
dt
Donde
t) = K(ω)e−icωt t) = fb(ω)e−icωt

u(ω,
b ⇒ u(ω,
b fb(ω) = u
b(ω, 0) = K(ω)
Finalmente,
1 ∞ Z
−1 −icωt
h i
u(x, t) = Fx e f (ω) (x) = √
b fb(ω)eiω(x−ct)dω = f (x − ct)
2π −∞
#

Problema 5

"
tux + ut = 0 (−∞ < x < ∞, t > 0) e u(x, 0) = f (x) !

u(x, t) 5
u(ω,
b t)
Fx
du
b
= −iωtu
b
dt
Logo
2 2
−i t2 ω −i t2 ω

u(ω,
b t) = K(ω)e ⇒ u(ω,
b t) = fb(ω)e f (ω) = u
b b(ω, 0) = K(ω)
Consequentemente,
2

t2
" # Z ∞ !
−i t2 1 iω x− t2
u(x, t) = Fx−1 fb(ω)e 2 ω
(x) = √ fb(ω)e dω = f x −
2π −∞ 2
' $

Problema 6

(Equação de Laplace no semi-plano)
uxx + uyy = 0 (−∞ < x < ∞, y > 0)

u(x, 0) = f (x) (−∞ < x < ∞)
lim u(x, y) = 0
y→∞
e lim u(x, y) = 0
|x|→∞
& %

u(x, y) 5
u(ω,
b y)
Fx
d2 u 2u y) = A(ω)eωy + B(ω)e−ωy
b
2
− ω b=0 ⇒ u(ω,
b
dy
De limy→∞ u(x, y) = 0 e analisando o sinal de ω resulta
y) = C(ω)e−|ω|y y) = fb(ω)e−|ω|y

u(ω,
b ⇒ u(ω,
b fb(ω) = u
b(ω, 0) = C(ω)
Finalmente, a solução do problema:

−1 −|ω|y
h i
u(x, y) = Fx fb(ω)e (x)
 s  
2 y b
= Fx−1 fb(ω) 
q
 (ω) (x) 2 A b(ω) = e−|ω|A, A > 0
π y 2 + x2 π A +x2
2
  q  
y 2 b
 1
= Fx−1  √ f (x) ∗ 2
π 
(ω) (x)
 
2

2π y +x
1 y
= f (x) ∗ 2
π y + x2
1 ∞ y
Z
= f (z) 2 2
dz
π −∞ y + (x − z)

Relação entre L(f ) e F (f )

Se f : [0, +∞[ → R é uma função s.c. e de ordem exponencial α ∈ R, vimos
atrás que a transformada de Laplace da função f pode ser denida em C:
Z ∞
L(f )(s) = f (x)e−sxdx (s ∈ C, Re(s) > α)
0
(Re(s) > α dene a região de convergência RC do integral impróprio.)
Supondo que RC contém o eixo iω , com ω ∈ R, vale:

1 ∞ Z
F (f˜)(ω) = √ f˜(x)e−iωxdx (ω ∈ R)
2π −∞
1 ∞ Z
=√ f (x)e−iωxdx
2π 0
1
=√ L(f (x))(iω)
2π
(f˜ : R → R, com f˜(x) := 0 se x<0 e f˜(x) := f (x) se x ≥ 0.)

5 CÁLCULO DAS VARIAÇÕES Slide Nº 603
Cálculo das variações

Uma das aplicações mais comuns do Cálculo das Variações consiste em
determinar extremos relativos (máximos ou mínimos relativos) de funções
reais denidas sobre espaços funcionais, generalizando o cálculo de máximos
e mínimos de funções reais de uma variável real.
Neste curso abordaremos o Cálculo das Variações no sentido clássico. Isto é,
aquele em que se estudam máximos e mínimos de funções (reais) denidas
por integrais, ou seja, funcionais reais do tipo
Z t
1
J(y) = F (t, y(t), y ′(t)) dt
t0

⌊ 5.1- Funcionais reais⌋

Um funcional real é toda a aplicação (função)
J :H→R
onde H é um espaço vectorial real. Se o espaço vectorial H for constituído

por funções, a H dá-se o nome de espaço funcional real.
Exemplo 251. Seja H o espaço funcional real das funções y : R → R. A

aplicação
J : H −→ R
y 7−→ y(1)
é um funcional real. Por exemplo, considerando a função y(t) := 3t − 1,
tem-se
J(y) = J(3t − 1) = 2
Exemplo 252. Seja H o espaço funcional das funções

y:R→R
que admitem derivada no ponto t = 0. A aplicação

J : H −→ R
y 7−→ y ′(0)
é um funcional real. Por exemplo, considerando a função

y(t) := sen t
tem-se
d

J(y) = J(sen t) = sen t =1
dt t=0

Exemplo 253. Seja H o espaço funcional das funções contínuas

y:R→R
A aplicação
J : H −→ R
Z 1
y 7−→ y(t) dt
0
é um funcional real. Por exemplo, considerando a função

y(t) := t + 3
tem-se
Z 1
7
J(y) = J(t + 3) = (t + 3) dt =
0 2

Exemplo 254. Sejam A e B números reais xos. Seja H o espaço funcional

real constituído pelas funções continuamente diferenciáveis y : [t0, t1] → R,
onde t0, t1 ∈ R e t0 < t1, tais que
y(t0) = A e y(t1) = B
Seja ainda F (a, b, c) uma função de classe C1 em [t0, t1] × R2. A aplicação
J : H −→ R
Z t
1
y 7−→ F (t, y(t), y ′(t)) dt
t0
é um funcional real. Por exemplo, xando

A := 0 B := 0 t0 := 0 t1 := 1 e F (a, b, c) := a + b + c
e considerando y(t) := t(t − 1) tem-se

Z 1
1
J(y) = J(t(t − 1)) = (t2 + 2t − 1) dt =
0 3
⌊ 5.2- Equação de Euler-Lagrange cálculo de extremais⌋

Sejam A e B números reais xos. Seja Ω o espaço funcional real constituído
pelas funções continuamente diferenciáveis y : [t0, t1] → R, onde t0, t1 ∈ R e
t0 < t1, tais que
y(t0) = A e y(t1) = B
Seja ainda F (a, b, c) uma função de classe C1 em [t0, t1] × R2 e considere-se

o funcional real,
J : H −→ R
Z t
1
y 7−→ F (t, y(t), y ′(t)) dt
t0
O problema básico do cálculo das variações consiste em determinar os

extremos do funcional J(y).
Proposição 255. (Lema Fundamental do Cálculo das Variações) Seja

f : [t0, t1] → R uma função contínua e admita-se que para toda a função
h ∈ C 1([t0, t1]), tal que h(t0) = 0 = h(t1), vale
Z t
1
f (t)h(t)dt = 0
t0
Então, necessariamente, f (t) é identicamente nula em ]t0, t1[.
Prova: Admita-se que existe f (t2 ) ̸= 0. Sem perda de generalidade
t0 < t 2 < t 1 , tal que
pode-se supor que f (t2 ) > 0. Pela continuidade de f (t), existe um intervalo [c, d] ⊆ [t0 , t1 ],
tal que t0 < c < t2 < d < t1 e f (t) > 0, para todo t ∈ [c, d]. Considerando
' $

0,
 t0 ≤ t < c 2
h(t) := (t − c)2 (t − d)2 , c≤t≤d


d < t ≤ t1

0,
2
& %
tem-se h ∈ C 1 ([t0 , t1 ]), h(t0 ) = 0 = h(t1 ) e

Z t1 Z d
f (t)h(t)dt = (t − c)2 (t − d)2 f (t)dt ̸= 0 ■
t0 c
Admita-se que o funcional

Z t
1
J(y) = F (t, y(t), y ′(t)) dt
t0
atinge um valor extremo (máximo ou mínimo) em y = y.
Seja h ∈ C 1([t0, t1]), tal que
h(t0) = 0 e h(t1) = 0
Dena-se, ainda, a função real de variável real

Z t
1
f (ε) := J(y + εh) = F (t, y + εh, y ′ + εh′) dt (ε ∈ R)
t0
A função f (ε) atinge um valor extremo em ε = 0.

Tem-se:
d t1
Z
′
f (ε) = F (t, y + εh, y ′ + εh′) dt
dε t0
Z t
1 ∂
= F (t, y + εh, y ′ + εh′) dt
t0 ∂ε
∂y ′
Z t !
1 ∂F ∂t ∂F ∂y ∂F
= × + × + ′× dt
t0 ∂t ∂ε ∂y ∂ε ∂y ∂ε
Z t " #
1 ∂F ∂F
= (t, y + εh, y ′ + εh′)h + (t, y + εh, y ′ + εh′ )h′ dt
t0 ∂y ∂y ′

Então:
Z t " #
1 ∂F ∂F
0 = f ′(0) = (t, y, y )h + ′ (t, y, y ′)h′ dt
′
t0 ∂y ∂y
Z t Z t
1 ∂F ′ 1 ∂F
= ′
h dt + h dt
t ∂y 0 t ∂y 0
" #t !
1 Z t t1 ∂F
∂F ∂F 1 d
Z
= ′
h − ′
h dt + h dt
∂y t0 t0 dt ∂y t0 ∂y
Z t " !#
1 ∂F d ∂F
= − h dt
t0 ∂y dt ∂y ′
Pelo Lema Fundamental do Cálculo das Variações:

!
∂F d ∂F
− =0 (em [t0, t1])
∂y dt ∂y ′
Nas condições anteriores, chama-se equação de Euler-Lagrange, associada

ao funcional J(y), à equação diferencial:
!
d ∂F ∂F
= (t0 ≤ t ≤ t1) (60)
dt ∂y ′ ∂y
onde t, y, y ′ são tratadas como variáveis independentes.
Vale o seguinte resultado:
Nas condições anteriores, é condição necessária para que o funcional J atinja

em y(t) ∈ Ω um valor extremo (máximo ou mínimo) que y(t) satisfaça a
equação de Euler-Lagrange (60) associada a J .
Às funções y(t) ∈ Ω que sejam soluções da equação (60) dá-se o nome de

funções extremais para o funcional J .
Exemplo 256. Considere-se o funcional real,

Z 1
J(y) := (cos y + sen y ′) dt
0
Tem-se:
!
d ∂F d ∂F
= (cos y ′) = −y ′′ sen y ′ e = − sen y
dt ∂y ′ dt ∂y
A equação de Euler-Lagrange associada a este funcional real é a equação

diferencial:
y ′′ sen y ′ − sen y = 0

Considere-se a equação de Euler-Lagrange:

!
d ∂F ∂F
=
dt ∂y ′ ∂y
Notando que y e y′ são funções de t, resulta pela regra da cadeia que

dy ′
! ! ! !
d ∂F ∂ ∂F ∂ ∂F dy ∂ ∂F
= + + ′
dt ∂y ′ ∂t ∂y ′ ∂y ∂y ′ dt ∂y ∂y ′ dt
Assim, a equação de Euler-Lagrange pode ser escrita na forma

d2 y dy
Fy′y′ 2 + Fy′y + (Fy′t − Fy ) = 0
dt dt
sendo imediato reconhecer que se trata de uma EDO de segunda ordem,

em geral não-linear. A solução geral duma equação diferencial deste tipo
envolve, normalmente, dois parâmetros e daí a importância das condições de
fronteira y(t0) = A e y(t1) = B na determinação das funções extremais.
Exemplo 257. Considere-se o funcional real
t y (t) 2
Z e ′
J(y) := dt
1 2
sujeito às condições de fronteira
y(1) = 0 e y(e) = 1
A equação de Euler-Lagrange associada a este funcional é

y ′ + ty ′′ = 0
pelo que a função

y(t) = log t
é uma função extremal para o funcional J .

Exemplo 258. Considere-se o funcional real

Z 1 2
J(y) := ′
y − t dt ≥ 0
0
sujeito às condições de fronteira

3
y(0) = 1 e y(1) =
2
A equação de Euler-Lagrange é
y ′′ = 1
pelo que a função

t2
y(t) = +1
2
minimiza o funcional J(y), pois
t2
!
J +1 =0
2
' $

Problema
1
(Curva de menor comprimento ligando dois pontos)
Sejam P e Q dois pontos (distintos) xos do plano. Qual

&
a curva de menor comprimento que liga P a Q? %
' $
& %

' $

Problema
1
(Curva de menor comprimento ligando dois pontos)

&
a curva de menor comprimento que liga P a Q? %
' $
Resposta: Segmento de recta.
& %

Com efeito, o comprimento da curva y(t) que liga P a Q é dado por

Z br 2
J(y) = 1 + y ′ dt
a
Como
y′
!
d dF dF
= ⇔ = const.
dt dy ′
q
dy ′ 2
1+ y
resulta, elevando ambos os membros ao quadrado,
y ′ = const. ⇒ y(t) = A + Bt (A, B ∈ R)

' $

Problema
2
(Superfície de revolução com menor área)

a curva que liga P a Q, por forma a que a superfície de
revolução gerada pela sua rotação em torno do eixo-t
&
tenha menor área? %
' $
& %

' $

Problema
2
(Superfície de revolução com menor área)

a curva que liga P a Q, por forma a que a superfície de
revolução gerada pela sua rotação em torno do eixo-t
&
tenha menor área? %
' $
' $
Resposta: Catenária.
& %
Catenóide
& %

Com efeito, a área da superfície de revolução gerada pela curva y(t) que liga
os pontos P e Q é dada por
Z b r 2
J(y) = 2π y 1 + y ′ dt
a
Resolvendo a equação de Euler-Lagrange

!
d dF dF
=
dt dy ′ dy
obtém-se
t−B

y(t) = A cosh (A, B ∈ R)
A

' $

Problema
3
(O problema da braquistócrona)
Sejam P e Q dois pontos (distintos) xos do plano. Admita-se que o

ponto P está situado numa posição mais alta do que o ponto Q.
Admita-se ainda que P está ligado a Q por um o curvo. Qual a forma
do o de modo a que, desprezando o atrito, uma conta com velocidade
&
inicial nula deslize de P para Q no menor tempo possível? %
' $
& %

' $

Problema
3
(O problema da braquistócrona)
Sejam P e Q dois pontos (distintos) xos do plano. Admita-se que o

ponto P está situado numa posição mais alta do que o ponto Q.
Admita-se ainda que P está ligado a Q por um o curvo. Qual a forma
do o de modo a que, desprezando o atrito, uma conta com velocidade
&
inicial nula deslize de P para Q no menor tempo possível? %
' $

Resposta: Ciclóide.

& %

6 TRANSFORMADA INTEGRAL DE RADON Slide Nº 626
Transformada integral de Radon

J. Radon introduziu a seguinte transformação integral, posteriormente
denominada transformada de Radon:
Dada uma função f : R2 → R, contínua e de suporte compacto, e um vector
ω ∈ R2 unitário, o integral de linha da função f ao longo da recta L(t, ω),
recta perpendicular a ω e a uma distância t da origem, é denido por:
Z
R(f )(t, ω) := f dℓ
L(t,ω)
Em certo sentido, a transformada de Radon de uma função f (x, y) de duas

variáveis é um conjunto de integrais de linha.
(A transformada de Radon é um exemplo bastante importante de um problema matemático
que foi estudado muito antes de se conhecer uma sua aplicação prática.)

São várias as áreas cientícas onde a transformada de Radon desempenha

um papel fundamental:
' $
& %

Um exemplo bastante importante de aplicação da transformada de Radon

verica-se no caso da Tomograa, tecnologia de grande sucesso na área
da Medicina (como, por exemplo, na TC = Tomograa Computadorizada e
na TAC = Tomograa Axial Computadorizada). Esta técnica consiste na
reconstituição do interior de um objecto, através do registo da alteração da
intensidade da radiação que se faz atravessar esse objecto.
Este tipo de procedimento está directamente relacionado com a inversão

da transformada de Radon e enquadrada-se nos chamados problemas de
reconstrução, os quais consistem na determinação da função f (x, y) a partir
do conjunto de integrais de linha que caracterizam a transformada de Radon.
A ideia básica da Tomograa Clássica é a seguinte:

Sejam Ω ⊆ R2 um objecto do espaço R2 e L uma recta de R2. Suponha-se

um raio X direccionado ao objecto Ω ao longo da recta L. Sejam I0 e I ,
respectivamente, a intensidade do raio X antes e depois de penetrar em Ω.
' $
Segundo o modelo físico (Lei de Beer) vale:
Z
I = I0 Exp µ(x, y) ds
L
onde µ(x, y) é o coeciente de atenuação em
cada ponto de Ω. Tomando logaritmos:
!
I
Z
log = µ(x, y) ds
I0 L & %
Movendo a fonte e o detector obtém-se um conjunto de integrais de linha

que pode ser considerado uma amostra da transformada de Radon.
⌊6.1- Rectas no plano⌋

Seja L uma recta do xy-plano e t ≥ 0 a
' $
distância de L à origem (0, 0). O ponto

P := (t cos θ, t sen θ)
pertence a L, tendo L a direcção do vector

unitário
⃗
u := (− sen θ, cos θ) & %
Assim,
ℓt,θ := L = {P + s⃗
u : s ∈ R} = {(t cos θ, t sen θ) + s(− sen θ, cos θ) : s ∈ R}
= {(t cos θ − s sen θ, t sen θ + s cos θ) : s ∈ R}
(Dada uma qualquer recta do plano L, existem t ∈ R e θ ∈ [0, π[ únicos, tal que L = ℓt,θ .)

⌊ 6.2- A transformada de Radon⌋

Chama-se transformada de Radon à transformação integral que a cada
função f : R2 → R faz corresponder a função real, nas variáveis reais t e θ,
R(f ) : R × [0, π[ −→ R
denida por:
Z ∞
R(f )(t, θ) := f (t cos θ − s sen θ, t sen θ + s cos θ) ds
−∞

Note-se:
(•) f e R(f ) são funções, f função das coordenadas cartesianas x e y, R(f )
função das coordenadas polares t e θ.
(•) Para cada valor de t e cada valor de θ, R(f )(t, θ) é um número real.
Proposição 259. (Linearidade de R ) Se α, β ∈ R e f, g : R2 → R são duas

funções, então:
R(αf + βg) = αR(f ) + βR(g)
Seja Ω uma região limitada do plano e
fΩ : R2 −→ R
' $
a função, tal que:
(
1, (x, y) ∈ Ω
fΩ (x, y) :=
0, caso contrário
O valor de fΩ (x, y) ao longo de uma recta ℓt,θ é zero,
excepto se ℓt,θ ∩ Ω ̸= ∅ onde, neste caso, a função vale 1.
Logo, R(fΩ ) ao longo de uma recta ℓt,θ que não intersecte
& %
Ω é zero, ao passo que ao longo de uma recta ℓt,θ que
intersecte Ω é igual ao comprimento da intersecção ℓt,θ ∩Ω.

Exemplo 260. Suponha que um paciente possui um pequeno tumor circular

centrado no ponto (0, 1) e com um raio de 0.05. Se a função coeciente
de atenuação f (x, y) vale 10 na região do tumor e zero fora desta região,
qual o valor de R(f ) em (sen θ, θ), com θ ∈ [0, π[?
Exemplo 261. Seja f : R2 → R a função denida por:

e x+y ≤1

1,
 x, y ≥ 0
f (x, y) :=
0,

caso contrário
√
Mostre que

R(f ) 0, 3π
4 = 22 ·
Exemplo 262. Determine a transformada de Radon da função f : R2 → R

denida por:
2 2
f (x, y) := xe−x −y (x, y ∈ R)
⌊ 6.3- Retroprojecção⌋
Seja h : R2 → R uma função (integrável) descrita em coordenadas polares.
Dene-se a retroprojecção da função h como sendo a função, real nas
variáveis reais x e y, denida por:
1 π
Z
B(h)(x, y) := h(x cos θ + y sen θ, θ) dθ
π 0
(A retroprojecção de uma função h num ponto (x, y) é a média de h sobre todas as rectas
que passam sobre o ponto (x, y).)
Proposição 263. (Linearidade de B ) Se α, β ∈ R e h1, h2 : R2 → R são

duas funções, então:
B(αh1 + βh2) = αB(h1) + βB(h2)

⌊6.4- A fórmula da inversão⌋

Utilizando a retroprojecção e a transformada de Fourier (Radon não previu
a ligação entre estes dois conceitos), é possível inverter a transformada de
Radon e recuperar a função f (x, y), fracção relativa da radiação absorvida
em todas as rectas possíveis. Desta forma é possível, por exemplo, criar a
imagem do interior de um objecto a partir de uma máquina de raio X.
Proposição 264. (Fórmula da inversão) Seja f : R2 → R uma função.

Vale o seguinte resultado:
1 n −1 o
f (x, y) = B F1 [|r|F1 (R(f ))] (x, y)
2
onde f é uma função sucientemente regular, B a retroprojecção, R a

transformada de Radon e F1 a transformada de Fourier a uma dimensão.

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1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS Slide Nº 229

⌊ 1.5- Soluções por desenvolvimento em série de potências⌋

é analítica no ponto x = x0. A série de Taylor em torno do ponto x = x0 da

e no intervalo ]x0 − δ, x0 + δ[ vale a igualdade:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Exemplo 120. Considere-se a função racional real, com coecientes reais,

Logo ψ(x) é analítica em todo o ponto de R − {−1, 1}. Considerando, por

para todo x ∈ ]1, 5[ , pois o raio de convergência da série de potências é:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Soluções em torno de um ponto ordinário

enquanto os restantes pontos de R são pontos ordinários.

Proposição 122. Considere-se a equação diferencial (51) acima,

Se x0 ∈ R é um ponto ordinário e se as séries de Taylor em torno de x = x0

Os resultados estudados anteriormente sobre a analiticidade das funções

Proposição 123. Considere-se a equação diferencial

então qualquer solução y(x) da ED acima num intervalo aberto I ⊆ R que

Exemplo 124. (Exercício 99 b)) Determine um limite inferior para o raio

Exemplo 125. (Exercício 100 c)) Determine, usando séries de potências

analítica neste ponto.

Vamos considerar separadamente as parcelas da equação:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Substituindo na equação diferencial:

4(n + 2)(n + 1)an+2 − (n + 1)(n − 2)an = 0 (n ≥ 0)

obtendo-se a relação de recorrência:

(•) Admita-se que y(x) é a solução tal que

(•) Admita-se agora que y(x) é a solução tal que

Exemplo 126. (Exercício 101 a)) Utilizando desenvolvimentos em série

analítica neste ponto.

Vamos considerar separadamente as parcelas da equação:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Substituindo na equação diferencial:

obtendo-se a relação de recorrência:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Exemplo 127. (Equação de Airy) Tome-se a equação de Airy

Substituindo na equação diferencial:

(•) Finalmente, a solução geral:

Exemplo 128. (Equações de Hermite) Considere-se a seguinte equação

com λ ∈ R, denominada por equação de Hermite. Qualquer solução y(x)

é a série de MacLaurin de y(x), obtêm-se a relação de recorrência:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Partindo da relação anterior é fácil obter a solução geral (em R) da equação

Após uma normalização conveniente, considerando o coeciente de xk de

H2(x) := 4x2 − 2 (tomando λ = 4)

H3(x) := 8x3 − 12x (tomando λ = 6)

H4(x) := 16x4 − 48x2 + 12 (tomando λ = 8)

H5(x) := 32x5 − 160x3 + 120x (tomando λ = 10)

Exemplo 129. Considere-se o seguinte problema:

Utilizando a mudança de variável

o problema dado transforma-se no novo problema

é a solução do problema proposto.

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Exemplo 130. (Equações de Legendre) Considere-se a seguinte equação

Partindo das relações anteriores é fácil obter a solução geral no intervalo

k(k + 1) 2 (k − 2)k(k + 1)(k + 3) 4

(k − 1)(k + 2) 3 (k − 3)(k − 1)(k + 2)(k + 4) 5

Escolhendo de forma conveniente as soluções polinomiais, por forma a que

denominadas por funções polinomiais de Legendre ou, simplesmente,

Alguns polinómios de Legendre:

DM FCT-UNL: ANÁLISE MATEMÁTICA IV-B (Ano 2023-V1) A. PATRÍCIO

Exemplo 131. Considere-se o seguinte problema:

Tomando a mudança de variável

1 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS Slide Nº 229

Exemplo 120. Considere-se a função racional real, com coecientes reais,

Após uma normalização conveniente, considerando o coeciente de xk de

Gráco de J0(x) Gráco de Y0(x)

(γ e ϕn denidos como no exemplo anterior.).

Gráco de J1(x) Gráco de Y1 (x)