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Minicurso

Uma Introdução à aplicações polinomiais


e Conjectura Jacobiana
˜ Thị Bích Thủy
Nguyên
Ibilce - Unesp

Outubro de 2018
INTRODUÇÃO

Oferecemos neste mini-curso as primeiras noções sobre aplicações polinomiais e apresenta-


mos uma introdução sobre uma Conjectura relacionada ao estudo dessas aplicações: Conjectura
Jacobiana. O objetivo deste mini-curso é apresentar de forma simplificada um assunto que,
mesmo sendo novo para alunos de graduação, possa ser compreendido por alunos do primeiro
ano. Para isso, construimos os conhecimentos que gostaríamos transferir aos alunos a partir de
duas noções básicas que todos alunos já conheceram: deviradas e polinômios.
O mini-curso tem duas partes: A primeira parte é uma introdução sobre aplicações polino-
miais e a Conjectura Jacobiana. A segunda parte é a aproximação do Polígono de Newton para
estudar a Conjectura Jacobiana Complexa de dimensão dois (que ainda está aberta até hoje).
Sumário

Capítulo 1. Aplicações polinomiais e Conjectura Jacobiana 2


1.1 Aplicações polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Matriz Jacobiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Conjectura Jacobiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.1 Enunciado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3.2 Diferença entre condições Jacobianas para o caso real e o caso complexo . 6
1.4 Conjectura Jacobiana é verdadeira para polinômios F : K Ñ K, onde K “ R ou
K“C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4.1 Caso F : R Ñ R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4.2 Caso F : C Ñ C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5 Conjectura Jacobiana Real de dimensão dois é falsa: Contra-exemplo de Pinchuk 8
1.6 O exemplo de Pinchuk pode ser um contra-exemplo para Conjectura Jacobiana
Complexa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Conjectura Jacobiana Complexa de dimensão dois: Aberta ou Fechada? . . . . . 9
1.8 Conjectura Jacobiana Complexa Plana F “ pf, gq : C2 Ñ C2 em relação a grau:
Verdadeira quando um polinômio coordenado (f ou g) é linear ou o grau da
aplicação F é inferior a 102 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.8.1 Caso graupf q “ 1 ou graupgq “ 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.8.2 Caso o grau de F é inferior a 102 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.9 Conjectura Jacobiana Geral: Verdadeira para grau um e dois, aberta ainda para
grau três! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Capítulo 2. Aproximação de polígono de Newton 13


2.1 Definição de Polígono de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Graduação de um polinômio f : C2 Ñ C segundo uma direção . . . . . . . . . . 15
2.3 Teoremas da Semelhança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3.1 Lemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.2 Demonstrações dos Teoremas da Semelhança . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Resultados obtidos pelo Método do Polígono de Newton . . . . . . . . . . . . . . 22

Referências Bibliográficas 24

1
Capítulo 1. Aplicações polinomiais e Conjectura Jacobiana
Ofereceremos neste capítulo o conceito de aplicações polinomiais e apresentaremos com
detalhes o entendimento do enunciado da Conjectura Jacobiana. Providenciaremos também as
informações do estado atual da Conjectura Jacobiana hoje em dia.

1.1 Aplicações polinomiais


Definição 1.1.1. Seja f : R Ñ R uma função de uma variável. Dizemos que f é uma função
polinomial real, ou f é um polinômio real, se f tem a forma

an xn ` an´1 xn´1 ` ¨ ¨ ¨ ` a1 x1 ` a0 ,

ou seja,
n
ÿ
f“ ai x i ,
i“0

onde ai são números reais, para i “ 1, . . . , n, denominados coeficientes do polinômio f .


O grau de um polinômio é o maior grau do termo cujo coeficiente correspondente não é nulo.
Exemplo 1.1.2. As seguintes funções reais
? 1 ?
f pxq “ 5x2 ` 2x ` 1, gpxq “ 1, hpxq “ 3x5 ´ x3 ` x ` 3,
2
são polinômios reais. O polinômio f tem grau 2, o polinômio g tem grau 0 e o polinômio h tem
grau 5.
Definição 1.1.3. Sejam A e B dois conjuntos. Uma regra f : A Ñ B é uma aplicação se para
cada a P A, existe um único b P B tal que f paq “ b.
Definição 1.1.4. Seja f : C Ñ C uma aplicação, onde C é o conjunto dos números complexos.
Dizemos que f é uma função polinomial complexa de uma variável, ou f é um polinômio
complexo, se f tem a forma

cn z n ` cn´1 z n´1 ` ¨ ¨ ¨ ` c1 z1 ` c0 ,

ou seja,
n
ÿ
f“ ci z i ,
i“0

onde ci P C, para i “ 1, . . . , n, denominados coeficientes do polinômio f .


Exemplo 1.1.5.
2i ´ 1 ?
f pzq “ iz 2 ` z ` 2, gpzq “ 3z 9 ´ 5z, hpzq “ 3z 5 ´ 2z 3 ` z ´ i,
2
onde z é variável complexa e i é a unidade imaginária, isto é, i2 “ ´1, são polinômios complexos.

2
Definição 1.1.6. Seja f : K2 Ñ K uma aplicação, onde K “ R ou K “ C, e

K2 “ tpx, yq | x, y P Ku.

Dizemos que f é uma função polinomial de duas variáveis, ou um polinômio de duas variáveis,
se f é da forma ÿ
f px, yq “ aij xi y j ,
i“1,...,m
j“1,...,k

com aij P K, para i “ 1, . . . m, j “ 1, . . . , k.


O grau de f é o grau do monômio de maior grau.

Um polinômio de duas variáveis é, de grosso modo, um polinômio de uma variável quando


outra variável é fixada como uma constante. Desta forma, o grau do polinômio f px, yq em
relação a variável x é o grau do polinômio considerando y como constante. O grau do polinômio
f px, yq em relação a variável y é definido analogamente.
?
Exemplo 1.1.7. 1. A função f : R2 Ñ R definida por f “ x2 y´2x3 y` 2y 5 é um polinômio
real de duas variáveis. O grau de f é 5, o grau de f em relação a x é 3 e o grau de f em
relação a y é 5.
?
2. A função f : C2 Ñ C definida por f “ pi ´ 1qx2 y ´ 2ix3 y ` 5y 2 ` 2 é um polinômio
complexo de duas variáveis. O grau de f é 4, o grau de f em relação a x é 3 e o grau de
f em relação a y é 2.

Definição 1.1.8. Um polinômio de duas variáveis f : K2 Ñ K, onde K “ C ou K “ R, é


chamado de homogêneo se os graus de todos os termos de f são iguais.

Exemplo 1.1.9. Os polinômios f px, yq “ xy 2 ` x3 ` x2 y ` y 3 , gpx, yq “ xy ` x2 , hpx, yq “ x5


e ppx, yq “ 1 são polinômios homogêneos com grau 3, 2, 5 e 0, respectivamente.

Definição 1.1.10. Seja F : K2 Ñ K2 uma aplicação, onde K “ R ou K “ C. Assim, F “


pF1 , F2 q, onde Fi : K2 Ñ K é uma função, para i “ 1, 2. Dizemos que F é uma aplicação
polinomial se para cada i, a função Fi é um polinômio de duas variáveis.

De modo análogo, podemos definir aplicações polinomiais F : Kn Ñ Kn , para n ě 2


qualquer.

Exemplo 1.1.11. 1. A aplicação F : R2 Ñ R2 definida por F “ px2 ` 2xy, ´y ` 5xy 2 q é


uma aplicação polinomial real.

2. A aplicação F : C2 Ñ C2 definida por F “ pix2 ` 2xy, ´y ` p5 ´ iqxy 2 q é uma aplicação


polinomial complexa.

3
1.2 Matriz Jacobiana
Definição 1.2.1 (Derivadas Parciais). Seja f : K2 Ñ K, f “ f px, yq, uma função polinomial,
onde K “ R ou K “ C. A derivada parcial em relação à x no ponto px0 , y0 q da função f px, yq
é o limite
f px0 ` h, y0 q ´ f px0 , y0 q
lim
hÑ0 h
desde que o limite exista.

Denotamos a derivada parcial em relação à x da função f por


Bf
px0 , y0 q ou fx px0 , y0 q.
Bx
A derivada parcial em relação à x da função f é, de grosso modo, a derivada da função f
em relação à variável x considerando y como uma constante. Isto é
Bf d
px0 , y0 q “ fx px0 , y0 q :“ f px, y0 q|x“x0 .
Bx dx
A derivada parcial em relação à y é definida analogamente , isto é

Bf d f px0 , y0 ` hq ´ f px0 , y0 q
px0 , y0 q “ fy px0 , y0 q :“ f px0 , yq|y“y0 “ lim .
By dy hÑ0 h

Se a função f px, yq tiver derivadas parciais em todos pontos no seu domínio, as derivadas
parciais se tornarem de novo funções de duas variáveis x e y, que denotadas por fx e fy , ou Bf
Bx
e Bf
By
, respectivamente.

Exemplo 1.2.2. 1. Seja f “ x2 ` 2xy uma função polinomial real, temos

fx “ 2x ` 2y, fy “ 2x.

2. Seja f : C2 Ñ C uma função polinomial complexa definida por f “ ´y ` p5 ´ iqxy 2 , então

fx “ p5 ´ iqy 2 , fy “ ´1 ` 2p5 ´ iqxy.

Definição 1.2.3 (Matriz Jacobiana). Seja F : K2 Ñ K2 uma aplicação polinomial. Suponha-


mos que F px, yq “ pf px, yq, gpx, yqq. A matriz Jacobiana, denotada por JF , da aplicação F é a
matriz ˜ ¸
Bf Bf
Bx By
JF “ Bg Bg .
Bx By

Exemplo 1.2.4. Calculemos a matriz Jacobiana das aplicações polinomiais no exemplo 1.1.11.

4
1. Com a aplicação polinomial real F “ px2 ` 2xy, ´y ` 5xy 2 q, temos
ˆ ˙
2x ` 2y 2x
.
5y 2 ´1 ` 10xy

2. Com a aplicação polinomial complexa F “ pix2 ` 2xy, ´y ` p5 ´ iqxy 2 q, temos


ˆ ˙
2ix ` 2y 2x
.
p5 ´ iqy 2 ´1 ` 2p5 ´ iqxy

Definição 1.2.5. O determinante da matriz Jacobiana é denominado determinante Jacobiano


da aplicação considerada.

Observação 1.2.6. O determinante Jacobiano de uma aplicação polinomial é um polinômio.


Quando a aplicação considerada F for de K em K, o determinante Jacobiano detpJF q será
um polinômio de uma variável real ou complexa, respectivamente K “ R ou K “ C. Além
disso, neste caso, detpJF q é a derivada de primeira ordem de F .
Quando F : K2 Ñ K2 , o determinante Jacobiano detpJF q é um polinômio de duas variáveis
reais ou complexas se respectivamente K “ R ou K “ C.
?
Exemplo 1.2.7. Seja f : R Ñ?R o polinômio definido por f pxq “ x5 ` 5x2 ´ 3x. Temos
detpJf q “ f 1 pxq “ 5x4 ` 10x ´ 3.

Exemplo 1.2.8. Voltamos ao exemplo 1.2.4:

1. Com a aplicação polinomial real F “ px2 ` 2xy, ´y ` 5xy 2 q, temos



2x ` 2y 2x
detpJF q “ “ p2x`2yqp´1`10xyq´5y 2 .2x “ 20x2 y´10xy 2 ´2x´2y.
2
5y ´1 ` 10xy

2. Com a aplicação polinomial complexa F “ pix2 ` 2xy, ´y ` p5 ´ iqxy 2 q, temos



2ix ` 2y 2x
detpJF q “ “ 4p1 ` 5iqx2 y ` 2p5 ´ iqxy 2 ´ 2ix ´ 2y.
2
p5 ´ iqy ´1 ` 2p5 ´ iqxy

1.3 Conjectura Jacobiana


Nesta parte, consideramos aplicações polinomiais F : Kn Ñ Kn , onde 1 ď n ď 2 e K “ R ou
K “ C.

5
1.3.1 Enunciado
A Conjectura Jacobiana, que foi enunciada pelo matemático alemão Otto Henrich Keller [8], é
reconhecida, hoje em dia, como o seguinte:
Seja F : Kn Ñ Kn , onde K “ R ou K “ C, uma aplicação polinomial. Se o determinante
da matriz Jacobiana de F é não-nulo em todo X P Kn , isto é, se

detpJF pXqq ‰ 0, @X P Kn , pJq

então F é injetora ou sobrejetora.


A condição (J) é chamada de condição Jacobiana.
Chamamos uma aplicação polinomial F : Kn Ñ Kn satisfazendo a condição Jacobiana de
aplicação Keller.
Chamamos a Conjectura Jacobiana Real ou a Conjectura Jacobiana Complexa, respectiva-
mente, a K “ R ou K “ C. Quando n “ 2, chamaremos Conjectura Jacobiana Plana.
No ano 1960, Neumann [12] descobriu que uma aplicacção polinomial injetora de R2 é
bijetora. No ano 1962, Bialinicki e Rosenlich [3] mostraram que esse fato também é verdadeiro
para o caso geral, isto é, uma aplicação polinomial injetora de Rn é bijetora. Esse fato vale
também no caso complexo. Portanto, quando uma aplicação polinomial F : Kn Ñ Kn satisfizer
a Condição Jacobiana, então a injetividade, a sobrejetividade e a bijetividade são equivamente,
como mostra o seguinte teorema:

Teorma 1.3.1 ([3, 9, 16, 19]). Seja F : Kn Ñ Kn uma aplicação polinomial, onde K “ R ou
K “ C. Se
detpJF pXqq ‰ 0, @X P Kn ,
então as seguintes afirmações são equivalentes:

1. F é injetora.

2. F é sobrejetora.

3. F é bijetora.

4. F é isomorfismo.

1.3.2 Diferença entre condições Jacobianas para o caso real e o caso


complexo
Pela observação 1.2.6, o determinante Jacobiano é um polinômio. No caso complexo, isto é, se
F : Cn Ñ Cn é uma aplicação polinomial, detpJF q é um polinômio complexo. Sabemos que um
polinômio complexo não constante tem sempre soluções complexas, pelo Teorema Fundamental

6
da Álgebra. Logo, a condição Jacobiana (J) para o caso complexo torna-se: o determinante
Jacobiano é um poliômio constante, isto é

detpJF pXqq ” const. ‰ 0, @X P Kn .

Para distinguir a Conjectura Jacobiana para o caso complexo e o caso real, voltamos a
enunciar a Conjectura Jacobiana para cada caso:

1. Conjectura Jacobiana Real: Seja F : Rn Ñ Rn uma aplicação polinomial. Se

detpJF pXqq ‰ 0, @X P Kn , pJq

então F é injetora ou sobrejetora.

2. Conjectura Jacobiana Complexa: Seja F : Cn Ñ Cn uma aplicação polinomial. Se

detpJF pXqq ” const. ‰ 0, @X P Kn , pJq

então F é injetora ou sobrejetora.

Exemplo 1.3.2. Seja F : K2 Ñ K2 , onde K “ R ou K “ C, a aplicação polinomial definida


por
F px, yq “ px ` ppyq, yq,
onde ppyq é um polinômio de uma variável y, então

detpJF pxqq ” 1.

Neste caso, F é inversível e a sua inversa é

F ´1 “ px ´ hpyq, yq.

1.4 Conjectura Jacobiana é verdadeira para polinômios


F : K Ñ K, onde K “ R ou K “ C
1.4.1 Caso F : R Ñ R
Seja F : R Ñ R uma aplicação polinomial. Neste caso, F é um polinômio. Logo, F pode ser
escrito sob a forma

F pxq “ an xn ` an´1 xn´1 ` ¨ ¨ ¨ ` a2 x2 ` a1 x ` a0 .

A derivada de F é dada pelo polinômio:

F 1 pxq “ nan xn´1 ` pn ´ 1qan´1 xn´2 ` ¨ ¨ ¨ ` 2a2 x ` a1 .

7
Se a Condição Jacobiana satisfizer, isto é, se F 1 pxq ‰ 0 para todo x P R, teremos dois
casos: F 1 pxq ą 0, para todo x P R, ou F 1 pxq ă 0, para todo x P R. De fato, se for o contrário,
isto é, se existirem a P R e b P R tais que F 1 paq ă 0 e F 1 pbq ą 0, então pelo Teorema do
Valor Intermediário, existirá c P pa, bq tal que F 1 pcq “ 0, uma vez que F 1 pxq é contínua, o que
contradiz à Condição Jacobiana. Então:

1. Se F 1 pxq ą 0, para todo x P R, a função F é crescente em R, logo é bijetora.

2. Se F 1 pxq ă 0, para todo x P R, a função F é decrescente em R, então é bijetora.

Portanto, a Conjectura Jacobiana é verdadeira para os polinômios reais F : R Ñ R.

1.4.2 Caso F : C Ñ C
Antes de falarmos sobre este caso, relembramos o Teorema Fundamental da Álgebra: Seja F pzq
um polinômio complexo não-constante, isto é,

F pzq “ αn z n ` αn´1 z n´1 ` ¨ ¨ ¨ ` α2 z 2 ` α1 z ` α0 ,

onde αi P C, para i “ 0, . . . , n, e existe pelo menos um i P t0, . . . , nu tal que αi ‰ 0, então


a equação F pzq “ 0 tem sempre solução. Mais precisamente, um polinômio complexo não-
constante de grau n tem exatamente n soluções.

Exemplo 1.4.1. Seja F pxq “ x2 ` 1. Se considerarmos F como um polinômio real, F não terá
soluções. Mas se consideramos F como um polinômio complexo, F terá duas soluções x “ i e
x “ ´i.

Voltamos agora à Conjectura Jacobiana para F : C Ñ C. Seja F um polinômio complexo,


então, sua derivada F 1 pzq é, de novo, um polinômio complexo. A Condição Jacobiana

F 1 pzq ‰ 0, @z P C

nos diz que a equação F 1 pzq “ 0 não tem soluções. Logo, F 1 pzq é um polinômio constante
não-nulo, ou seja, existe α P Czt0u tal que F 1 pzq “ α. Neste caso, F pzq “ αz ` β, onde β P C,
então F é um polinômio inversível.
Portanto, a Conjectura Jacobiana é verdadeira para os polinômios complexos F : C Ñ C.

1.5 Conjectura Jacobiana Real de dimensão dois é falsa:


Contra-exemplo de Pinchuk
A Conjectura Jacobiana é falsa para o caso de aplicações polinomiais reais de duas variáveis
F : R2 Ñ R2 . Uma classe de contra-exemplos foi descoberta pelo matemático russo Sergey
Pinchuk [17] no ano 1994, cuja construção é a seguinte:

8
Dado px, yq P R2 , denotamos
t “ xy ´ 1, h “ tpxt ` 1q, f “ pxt ` 1q2 pt2 ` yq, P “ f ` h.
Escolhamos Q sob a forma
Q “ ´t2 ´ 6thph ` 1q ´ upf, hq,
onde u é um polinômio de variáveis f e h escolhidas tais que
JpP, Qq “ t2 ` pt ` pf p13 ` 15hqq2 ` f 2 .
1
Tem-se JpP, Qqpx, yq ą 0, para todo px, yq P R2 , pois se t “ 0, então f “ y “ x
‰ 0. Podemos
verificar que pP, Qq não é injetora.
A original aplicação do Pinchuk é definida por escolher
75 4
Q “ ´t2 ´ 6thph ` 1q ´ 170f h ´ 91h2 ´ 195f h2 ´ 69h3 ´ 75f h3 ´ 4
h
(veja [17]). Esta aplicação tem grau 25, uma vez que grauphq “ 5 e graupf q “ 10. Esta aplicação
também é uma aplicação do tipo de Pinchuk que tem o menor grau.

1.6 O exemplo de Pinchuk pode ser um contra-exemplo


para Conjectura Jacobiana Complexa?
A resposta é: Não. Uma vez que o determinante Jacobiano JpP, Qq no exemplo de Pinchuk
é sempre positivo para o caso real mas no caso complexo, ele tem sempre soluções. Isto é,
os contra-exemplos do Pinchuk não podem ser aplicados no caso complexo pois a Condição
Jacobiana não é satisfeita neste caso.

1.7 Conjectura Jacobiana Complexa de dimensão dois:


Aberta ou Fechada?
A resposta é: A Conjectura Jacobiana Complexa para aplicações complexas F : C2 Ñ C2 ainda
está aberta.
Uma coisa interesante é que, depois de a Conjectura Jacobiana ter sido enunciada por
Keller em 1939, já em 1941, descobrimos a estrutura de uma aplicação polinomial bijetora
F : C2 Ñ C2 , como seguinte:
Teorma 1.7.1 (Veja [6]). Toda aplicação polinomial bijetora de C2 é um produto finito de
aplicações lineares e aplicações polinomiais bijetoras da forma px, yq ÞÑ px ` ppyq, yq, onde ppyq
é um polinômio de uma variável y.
Neste momento, pensamos que estávamos muito perto da solução da Conjectura Jacobi-
ana, mas não! Até agora, a Conjectura Jacobiana Complexa ainda está aberta mesmo para a
dimensão dois.

9
1.8 Conjectura Jacobiana Complexa Plana F “ pf, gq :
C2 Ñ C2 em relação a grau: Verdadeira quando um
polinômio coordenado (f ou g) é linear ou o grau da
aplicação F é inferior a 102
Seja F “ pf, gq : C2 Ñ C2 uma aplicação polinomial. A Conjectura Jacobiana Complexa de
dimensão dois é verdadeira quando f é linear ou g é linear ou graupF q é inferior a 102. Note
que o grau de F é o maior grau dos polinômios f e g.

1.8.1 Caso graupf q “ 1 ou graupgq “ 1


Teorma 1.8.1. Seja F “ pf, gq : C2 Ñ C2 uma aplicação Keller. Se graupf q “ 1 ou graupgq “
1, então F é inversível.

Demonstração. Sem perda de generalidade, podemos supor que graupf q “ 1. Então, f tem
a forma f px, yq “ ax ` by ` c, onde a, b P C e a ‰ 0 ou b ‰ 0. Fazendo a seguinte mudança de
variáveis
u “ ax ` by, v “ y. (1.8.2)
Suponhamos que ϕpu, vq e ψpu, vq sejam funções novas de f e g, respectivamente, em relação
às novas variáveis u e v. Tem-se f px, yq “ ϕpu, vq “ u ` c. Pela Regra da Cadeia, segue-se

Jpf, gqpx, yq “ fx gy ´ fy gx “ ϕu ux ψv ´ ψu ux ϕv “ apϕu ψv ´ aψu ϕv qpu, vq “ aJpϕ, ψqpu, vq.

Como Jpf, gq é um polinômio constante não nulo, a deve ser não nulo e, além disso, existe
k P Czt0u tal que Jpϕ, ψqpu, vq “ k. Agora, note que

Jpϕ, ψqpu, vq “ ϕu ψv ´ ϕv ψu “ ψv .

Segue-se ψv “ k, portanto ψpu, vq “ kv ` ppuq, onde ppuq é um polinômio de uma variável u.


Sejam
v ´ ppuq
αpu, vq “ u ´ c, βpu, vq “ ,
k
então pα, βq é a aplicação inversa da aplicação pϕ, ψq, ou seja pϕ, ψq é inversível. Portanto,
F “ pf, gq também é inversível pois a mudança de variáveis (1.8.2) é linear. l

Observação 1.8.3. A demonstração do Teorema 1.8.1 vale também para o caso real.

1.8.2 Caso o grau de F é inferior a 102


Teorma 1.8.4 (Moh, [10]). A Conjectura Jacobiana Complexa de dimensão dois é verdadeira
para aplicações polinomiais de grau inferior a 102.

10
A demonstração deste Teorema foi feita por um método computacional.
Este Teorema nos diz que, para estudar a Conjectura Jacobian Complexa Plana, precisamos
de estudar aplicações polinomiais de grau superior a 101. Isto significa que, para tratar a
Conjectura Jacobiana deste caso, precisamos de certos métodos especiais. Um destes métodos
é o método do Polígono de Newton que apresentaremos no próximo capítulo. Mas antes isto,
gostaríamos de discutir um pouco sobre a Conjectura Jacobiana no caso de dimensão qualquer.

1.9 Conjectura Jacobiana Geral: Verdadeira para grau


um e dois, aberta ainda para grau três!
Lembramos primeiramente que a Conjectura Jacobiana Real para aplicações polinomiais F :
Rn Ñ Rn ainda está aberta para n “ 3 e a Conjectura Jacobiana Complexa para aplicações
polinomiais F : Cn Ñ Cn ainda está aberta para n “ 2. Quando tratarmos a Conjectura
Jacobiana F : Kn Ñ Kn , onde K “ R ou K “ C, no caso em que n ě 2 qualquer, chamaremos-
a de Conjectura Jacobiana Geral.
Seja F : Kn Ñ Kn uma aplicação polinomial, onde n ě 2 e K “ R ou K “ C. O curioso é
que a Conjectura Jacobiana Complexa Geral é verdadeira quando graupF q “ 1, uma vez que
neste caso, F é uma transformação linear, e a Condição Jacobiana nos diz que a matriz desta
transformação em relação à base canônica é invertível, portanto F é invertível. A Conjectura
Jacobiana Complexa Plana também é verdadeira para o caso em que o grau de F seja dois.
Porém, a surpresa é que a demonstração deste caso foi descoberta somente por volta do ano 1980
por Wang [19], 41 anos depois da Conjectura Jacobiana ter sido enunciada, e a demonstração
foi feita de forma simples, usando somente derivadas como ferramentas. No entanto, para o
caso em que o grau de F é três, a Conjectura Jacobiana Geral ainda está aberta. Além disso,
por volta do ano 1980, os matemáticos Bass, Connel e Wright [2], Yagzhev [23] e Druzkowski
[5] descobriram que para verifiar a Conjectura Jacobiana, precisamos justificar somente para
aplicações polinomiais da forma F pXq “ X ` H3 pXq, onde H3 pXq é uma aplicação polinomial
homogênea de grau 3 como mostra o seguinte teorema:

Teorma 1.9.1 ([2, 23, 5]). A Conjectura Jacobiana Complexa Plana é verdadeira se é verda-
deira para a classe de aplicações polinomiais da forma F pXq “ X ` H3 pXq, onde H3 pXq é uma
aplicação polinomial homogênea de grau 3.

Mesmo assim, a Conjectura Jacobiana ainda está aberta!


Apresentamos aqui a demonstração da Conjectura Jacobiana Geral no caso graupF q “ 2,
feito por Wang [19] por volta do ano 1980.

Teorma 1.9.2 (Wang [19], 1980). Toda aplicação polinomial Keller de grau 2 é inversível.

11
Demonstração. Seja F : Kn Ñ Kn uma aplicação Keller, onde K “ R ou K “ C e n ě 2.
Então detpJF pXqq ‰ 0, para todo X P K2 . Suponhamos que F não seja injetiva. Então existem
a, b P Kn tal que a ‰ b e F paq “ F pbq. Considere

GpXq “ F pX ` aq ´ F paq.

Como graupF q “ 2, então graupGq “ 2 e, portanto, G pode ser escrita na forma

GpXq “ G1 pXq ` G2 pXq,

onde Gi são aplicações polinomiais cujos polinômios coordenados são homogêneos de grau i,
para i “ 1, 2. Isto é, para cada paramêtro t P C, temos

G1 ptXq “ tG1 pXq, G2 ptXq “ t2 G2 pXq.

Seja c “ b ´ a e u “ tc. Temos

Gpuq “ Gptcq “ tG1 pcq ` t2 G2 pcq.

Segue-se
JGpuqptq “ G1 pcq ` 2tG2 pcq. (1.9.3)
Por outro lado, pela Regra da Cadeia, temos
du
JGpuqptq “ JGpuq “ cJGpuq.
dt
Note que significamos JGpuqptq a matriz Jacobiana de G em relação à variável t e JGpuq a
matriz Jacobiana de G em relação à variável u. Pela definição de G, temos JF puq “ JGpuq.
Pela hipótese da Condição Jacobiana de F , tem-se JGpuq ‰ 0, para todo u “ ct, com t P C.
Além disso, como a ‰ b e c “ b ´ a, então c ‰ 0. Portanto, JGpuqptq ‰ 0, para todo t P C.
De (1.9.3), implica-se G1 pcq ` 2tG2 pcq ‰ 0, para todo t P C. Escolhendo t “ 1{2, temos que
G1 pcq ` G2 pcq “ 0. Porém,

G1 pcq ` G2 pcq “ Gpcq “ F pc ` aq ´ F paq “ F pbq ´ F paq “ 0,

uma vez que F pbq “ F paq, o que é impossível. l

12
Capítulo 2. Aproximação de polígono de Newton
Neste capítulo, apresentaremos o conceito de polígono de Newton de um polinômio com-
plexo de duas variáveis e as primeiras etapas do Método de Polígono de Newton no estudo da
Conjectura Jacobiana Complexa de dimensão dois.

2.1 Definição de Polígono de Newton


Denotamos Crx, ys o conjunto de todos os polinômios complexos de duas variáveis f : C2 Ñ C.
Logo, se f P Crx, ys, f pode ser escrito na forma
ÿ
f“ aij xi y j .
i,j

A partir de agora, no caso em que não tenha confusão, dizer um polinômio significará dizer um
polinômio complexo de duas variáveis.
Definição 2.1.1. O suporte do polinômio f é o conjunto
Supppf q “ tpi, jq : aij ‰ 0u.
O polígono de Newton de f , denotado por N pf q, é a envoltória convexa do conjunto
Supppfq Y tp0, 0qu,
isto é,
N pf q :“ ConvpSupppf q Y tp0, 0quq.
Exemplo 2.1.2. 1. f px, yq “ 1 ` x ` x2 .

N pf q
‚ ‚ ‚ x
0

2. f px, yq “ x ` x2 ` xy ` y ` y 2 .
y


N pf q
‚ ‚

‚ ‚ ‚ x
0

13
3. f px, yq “ x ` x2 y ` xy ` xy 2 ` y.

‚ N pf q

‚ ‚ ‚

‚ ‚ x
0

4. f px, yq “ x2 ` x3 ` x4 ` y 4 ` x3 y ` x4 y ` xy 2 ` x2 y 2 ` x4 y 2 ` xy 3 ` x2 y 3 ` x2 y 4 .

‚ ‚

‚ ‚ N pf q

‚ ‚ ‚

‚ ‚

‚ ‚ ‚ ‚ x
0

Sejam f e g dois polinômios de Crx, ys. Se f e g satisfizerem a Condição Jacobiana, isto é,


se
detpJpf, gqq “ const. ‰ 0,
o par pf, gq será chamado de par Jacobiano, e cada f e g será chamado de polinômio Jacobiano.
Observação 2.1.3. 1. Seja f, g P Crx, ys. Se pf, gq for um par Jacobiano, então

p1, 0q Y p0, 1q P Supppf q Y Supppgq.

Além disso, se p1, 0q R Supppf q, então p1, 0q P Supppgq.

2. Seja f px, yq um polinômio Jacobiano. Se graux pf q ą 0 e grauy pf q ą 0, então N pf q não


é um segmento, onde graux pf q (resp., grauy pf q) é o grau de f em relação à x (resp., em
relação à y).

3. Seja f px, yq um polinômio Jacobiano. Se f depende somente de uma variável, então


graupf q “ 1.

4. Seja f px, yq um polinômio Jacobiano. Se graupf q ą 1, então N pf q não é um segmento.

14
2.2 Graduação de um polinômio f : C2 Ñ C segundo uma
direção
Definição 2.2.1. Um vetor w “ pu, vq, onde u, v P Z, é chamado de direção se u ą 0 ou v ą 0
e mdcpu, vq “ 1. A direção w “ pu, vq é chamada direção positiva (respectivamente, negativa)
se uv ą 0 (respectivamente, uv ă 0).

Lembramos que mdcpu, vq é o maior divisor comum de u e v.

Observação 2.2.2. Se w “ pu, vq for uma direção, u ou v poderá ser 0, mais u e v não poderão
ser 0 simultaneamente.

Para ser intuitivo e acessível, antes de introduzirmos a noção de graduação de um polinômio,


consideremos o seguinte exemplo para ilustrá-la: sejam a direção w “ p2, 1q e o polinômio

f “ x3 ` x2 y 2 ` x2 y ` xy 4 ` xy 3 ` xy 2 ` xy ` x ` y 3 ` y 2 ` y ` 2.

O Supppf q é o conjunto de vetores

p3, 0q, p2, 2q, p2, 1q, p1, 4q, p1, 3q, p1, 2q, p1, 1q, p1, 0q, p0, 3q, p0, 2q, p0, 1q, p0, 0q.

Agora, vamos “graduar” f em polinômios fi tais que para cada i, Supppfi q contém vetores cujo
produto escalar de cada vetor deste conjunto com o vetor direção w “ p2, 1q é uma mesma
constante. Logo, temos
f “ f6 ` f5 ` f4 ` f3 ` f2 ` f1 ` f0 ,
onde
f6 “ x3 ` x2 y 2 ` xy 4 , pois p3, 0q.p2, 1q “ p2, 2q.p2, 1q “ p1, 4q.p2, 1q “ 6;
f5 “ x2 y ` xy 3 , pois p2, 1q.p2, 1q “ p1, 3q.p2, 1q “ 5;
f4 “ xy 2 , pois p1, 2q.p2, 1q “ 4;
f3 “ y 3 ` xy, pois p0, 3q.p2, 1q “ p1, 1q.p2, 1q “ 3;
f2 “ x ` y 2 , pois p1, 0q.p2, 1q “ p0, 2q.p2, 1q “ 2;
f1 “ y, pois p0, 1q.p2, 1q “ 1;
f0 “ 2, pois p0, 0q.p2, 1q “ 0.
Note que os pontos do suporte de cada fi estão na mesma reta que passa por estes pontos
e é ortogonal ao vetor direção w “ pu, vq. Portanto, estas retas são paralelas.

15
y

‚ ‚

‚ ‚ w
~
f6
‚ f3‚f4 f5‚

‚f1 f2‚ ‚
f0
‚ ‚ ‚ x
0 N pf q

Cada polinômio fi , para i “ 0, 1, . . . , 6, é chamado poilinômio w-homogêneo. Assim, com


uma direção dada, podemos sempre “graduar” um polinômio em polinômios w-homogêneos. A
ideia do “Método do Polígono de Newton” é facilitar o estudo de polinômios: em vez de estudar
o polígono de um polinômio, reduzir a estudar cada polinômio w-homogêneo deste polinômio.
Mais geralmente, com uma direção fixada w “ pu, vq, seja
# +
ÿ
Ck rx, ys “ aλµ xλ y µ : uλ ` vµ “ k .
λ,µ

Um polinômio não nulo f P Ck rx, ys é chamado polinômio w-homogêneo de Crx, ys e k é


chamado w-grau de f , denotado por wgrau(f ). Portanto, o conjunto dos polinômios Crx, ys
pode ser graduado por
Crx, ys “ ‘k Ck rx, ys.
Com essa graduação, um polinômio f P Crx, ys pode ser escrito na forma

f “ fd1 ` fd2 ` ¨ ¨ ¨ ` fdm ,

onde fdi é um polinômio w-homogêneo com wgraupfdi q “ di e d1 ą d2 ą ¨ ¨ ¨ ą dm . O polinômio


fd1 , que tem o maior w-grau, é chamado o polinômio de maior w-grau, e denotado por f ` . O
maior w-grau d1 é chamado também w-grau do polinômio f .

Observação 2.2.3. 1. O (1,1)-grau de um polinômio de duas variáveis f px, yq é o grau usual


de f , como já sabemos. (1,0)-grau de f px, yq é o grau segundo a variável x, considerando
y como uma constante. De modo análogo, (0,1)-grau é o grau segundo a variável y.

2. Como convenção, o polinômio nulo é um polinômio de w-grau qualquer.

16
3. O grau de um polinômio homogêneo segundo uma direção pode ser 0 ou negativo.

4. Se considerarmos diferentes direções w, os w-graus de um (mesmo) polinômio podem ser


diferentes.
Exemplo 2.2.4. Para o polinômio h “ xy ` x2 y, se considerarmos a direção w “ p´1, 1q, o
w-grau de h será 0. Se consideramos a direção w “ p´2, 1q, temos w-grauphq “ ´1.
ř
Observação 2.2.5. Seja o polinômio f px, yq “ ij aij xi y j P Crx, ys. Suponhamos que

f “ fd1 ` fd2 ` ¨ ¨ ¨ ` fdm ,

seja a expressão homogênea de f , onde wgraupfdi q “ di e d1 ą d2 ą ¨ ¨ ¨ ą dm . Temos:


1. Se uv ă 0 e fd1 for o polinômio homogêneo de maior w-grau de f , então fdm será o
polinômio homogêneo de maior p´wq-grau de f .

2. Supppf q está no meio de duas retas ux ` vy “ d1 e ux ` vy “ dm .

3. Temos ÿ
fdi “ aλµ xλ y µ .
λu`µv“di

Isso significa que fdi é a soma de monômios (de f ) cujo exponente está na reta

αu ` βv “ di .

Agora, vemos que todo lado do polígono de Newton de um polinômio tem uma direção
correspondente w “ pu, vq tal que w é ortogonal a esse lado. Se w for positiva (resp., negativa),
isto é, uv ą 0, (resp., uv ă 0), este lado será chamado de lado positivo (resp., lado negativo).
Seja w “ pu, vq uma direção. Denotamos

|w| “ u ` v.

Considere o par dos polinômios pf, gq. Suponhamos que


ÿ ÿ
f“ fi , g “ , com fl ‰ 0, gm ‰ 0,
iďl jďm

sejam as expressões homogêneas de f e g, respectivamente, segundo a direção w. Temos a


seguinte propriedade:
Propriedade 2.2.6. 1. A expressão homogênea de Jpf, gq segundo a direção w é
ÿ
Jpf, gq “ Js pf, gq,
s

onde ÿ
Js pf, gq “ Jpfi , gj q.
i`j“s`|w|

17
2. Se pf, gq for um par Jacobiano, isto é, Jpf, gq “ c P Czt0u, teremos
ř
(a) J0 pf, gq “ i`j“|w| Jpfi , gj q “ c,
(b) Js pf, gq “ 0, para todo s ‰ 0.

2.3 Teoremas da Semelhança


Considere um par Jacobiano pf, gq. Pelo Teorema 1.8.1, se graupf q “ 1 ou graupgq “ 1, então
pf, gq é inversível. No caso em que graupf q ą 1 e graupgq ą 1, o que podemos afirmar? Note que,
para entender a Conjectura Jacobiana, precisamos entender o par Jacobiano pf, gq. Neste con-
texto, tentamos entender o par Jacobiano pf, gq através dos polígonos de Newton N pf q e N pgq.
Por volta do ano 1970, o matématico Abhyankar [1] e o matemático Razas [18] descobriram os
seguintes fatos importantes e bonitos que são chamados Teoremas da Semelhança.

Teorma 2.3.1. Sejam pf, gq um par Jacobiano, onde graupf q ą 1 e graupgq ą 1 e w uma
direção. Então, existe um polinômio w-homogêneo h tal que

f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2

onde ni P N e ci P Czt0u, para i “ 1, 2.

Teorma 2.3.2. Seja pf, gq um par Jacobiano, onde graupf q ą 1 e graupgq ą 1. Então os polí-
gonos de Newton N pf q e N pgq de f e g, respectivamente, são semelhantes. Mais precisamente,
existe um polígono convexo W tal que

N pf q “ dW, N pgq “ eW,

onde
graupf q graupgq
d“ , e“ .
mdcpgraupf q, graupgqq mdcpgraupf q, graupgqq
Note que mdcpgraupf q, graupgqq significa o menor divisor comum de graupf q e graupgq. O
polígono W é chamado polígono de base do par Jacobiano pf, gq.
O Teorema 2.3.2 nos diz que se graupf q ą 1 e graupgq ą 1, então os dois polígonos de
Newton de f e g são semelhantes. Ou seja, o Teorema garante que não precisamos estudar os
polígonos de Newton dos polinômios f e g do par Jacobiano pf, gq, apenas estudar um dos
polígonos, devido à semelhança.
O Teorema 2.3.1 nos conta que temos uma relação especial entre os polinômios homogêneos
de maior w-grau pf ` q e g ` segundo uma direção fixada. Note que quando fixarmos um lado
de um polígono de Newton de f , poderemos sempre escolher uma direção w tal que este lado
contém o suporte do polinômio de maior w-grau pf ` q. Portanto, em vez de estudar todos os
lados do polígono N pf q, podemos estudar somente o lado de maior w-grau.

18
Estes teoremas nos ajudam estudar a fronteira do polígono de Newton de f (ou g). Porém,
para entender o polinômio f , precisamos entender também o que acontece no interior do seu
polígono de Newton. Uma sequência importante dos Teoremas da Semelhança é a seguinte:
Por volta do ano 1977, o matemático Abhyankar [1] inventou um processo conhecido como
Eliminação de Abhyankar. Este processo serve para “eliminar” o lado de maior w-grau para
“entrar” no interior do polígono de Newton N pf q (ou N pgq). Continuando com este processo,
podemos entender inteiramente o polígono de Newton. O processo de Abhyankar completa o
método chamado Método do Polígono Newton para estudar a Conjectura Jacobiana Complexa
Plana. Este método havia sido estudado por muitos matemáticos, por exemplo, Nagata [11],
Nowicki [13], Oka [14, 15], etc.
O Método do Polígono de Newton nos providência os resultados importantes no estudo da
Conjectura Jacobiana Complexa Plana.
O objetivo desta seção é demontrar os Teoremas da Semelhança. Para isso, precisamos de
alguns lemas.

2.3.1 Lemas
Lema 2.3.3. Sejam f e g dois polinômios w-homogêneos tais que Jpf, gq “ 0. Então:

1. Existe um polinômio w-homogenêo h tal que

f “ c1 hn1 , g “ c2 hn2 ,

onde ni P N e ci P Czt0u, para i “ 1, 2.

2. h não tem a forma chs0 , onde c P Czt0u, h0 P Crx, ys e s é um número inteiro tal que
s ą 1.

Antes de provar este Lema, vamos nos permitir aceitar um resultado das derivadas sobre
Crx, ys que podemos verificar em [6]: Uma C-derivada sobre Crx, ys é a aplicação D : Crx, ys Ñ
Crx, ys satisfazendo a condição de Leibniz, isto é:

Dpf ` gq “ Dpf q ` Dpgq, Dpf gq “ f Dpgq ` gDpf q, @f, g P Crx, ys.

Se D for uma C-derivada não nula sobre Crx, ys, existirá um polinômio h P Crx, ys tal que
KerD “ Crhs.
Demonstramos agora o Lema 2.3.3.
Demonstração. [Lema 2.3.3]

1. Seja
D :“ fy Bx ´ fx By .
Então, D é uma derivada sobre Crx, ys. Além disso, temos

Dpgq “ fy gx ´ fx gy , Dpf q “ fy fx ´ fx fy .

19
É claro que Dpf q “ 0. Pela hipótese Jpf, gq “ 0, temos Dpgq “ 0 também. Isso significa
que f e g pertencem a KerD. Como D é uma C-derivada sobre Crx, ys, existe um polinômio
ř ř
h P Crx, ys tal que KerD “ Crhs. Logo, f “ ai hi e g “ bj hj , com ai , bj P C. Por
outro lado, como f e g são polinômios homogêneos, então h também é um polinômio
homogêneo. Portanto, existem n1 , n2 P N e c1 , c2 P Czt0u tais que f “ c1 hn1 e g “ c2 hn2 .

2. Suponhamos que existam c P Czt0u e um número inteiro s ą 1 tais que h “ chs0 . Como
h P KerD, então h0 P KerD também. Logo, h0 “ c1 ht , onde t ě 1 e c1 P Czt0u. Portanto,
h “ cpc1 ht qs , isso significa que s “ t “ 1, o que contradiz o fato de s ą 1.

l
Seja w uma direção. O par de polinômios pf, gq será chamado de w-relativo se existirem
um polinômio w-homogêneo h, dois números naturais n1 , n2 P N e dois números complexos não
nulos c1 , c2 tais que
f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2 .

Lema 2.3.4. Sejam pf, gq um par Jacobiano e w uma direção satisfazendo

wgraupf ` q ` wgraupg ` q ´ |w| ą 0,

então pf, gq é w-relativo.

Demonstração. Como pf, gq é um par Jacobiano e wgraupf ` q ` wgraupg ` q ´ |w| ą 0, usando


a Propriedade 2.2.6, temos Jpf ` , g ` q “ 0. Pois f ` e g ` são polinômios w-homogêneos, pelo
Lema 2.3.3, existe um polinômio w-homogêneo h tal que

f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2 ,

onde n1 , n2 P N e c1 , c2 P Czt0u. Portanto, pf, gq é w-relativo. l


Com um polinômio f P Crx, ys, denotamos

tx pf q :“ maxt0, grauf px, 0qu,

ty pf q :“ maxt0, grauf p0, yqu.

Lema 2.3.5. Se pf, gq for um par Jacobiano com graupf q ą 1 e graupgq ą 1, então os números
tx pf q, tx pgq, ty pf q e ty pgq são positivos.

Demonstração. Mostramos que tx pf q ą 0. O resto do lema pode ser mostrado analogamente.


Suponhamos que tx pf q “ 0. Note que como pf, gq é um par Jacobiano, então pela Observação
2.2.3, como graupf q ą 1, o polígono N pf q não é um segmento. Logo, existe uma direção
w “ pu, vq onde u ą 0 e v ą 0 tal que, segundo esta direção, existe pelo menos um ponto de
Supppf ` q diferente da origem que está na reta ux ` vy “ 0 e não há pontos de Supppf ` q que

20
estão na região ux ` vy ą 0. Por outro lado, como tx pf q “ 0, tem-se p1, 0q R Supppf q. Portanto,
pela Observação 2.2.3, temos p1, 0q P Supppgq. Isso significa que

wgraupg ` q ě u ą u ` v “ |w|

(note que v ă 0). Além disso, com a direção w escolhida, temos wgraupf ` q “ 0, segue-se

wgraupf ` q ` wgraupg ` q ´ |w| ą 0.

Pelo Lema 2.3.4, existe um polinômio w-homogêneo h tal que

f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2

onde n1 , n2 P N e c1 , c2 P Czt0u. Como wgraupg ` q ě u ą 0, então wgrauphq ą 0. Mas, como


wgraupf ` q “ 0, temos n1 “ 0. Implica-se f ` “ c1 , o que contradiz com o fato de que Supppf ` q
contém pelo menos um ponto diferente da origem.
l

Lema 2.3.6. Se pf, gq for um par Jacobiano com graupf q ą 1 e graupgq ą 1, teremos

wgraupf q ` wgraupgq ´ |w| ą 0,

para qualquer direção w.

Demonstração. Suponhamos que w “ pu, vq. Note que mdcpu, vq “ 1 e u ą 0 ou v ą 0.


Temos dois casos:

1. u ą v: então u ą 0. Pelo Lema 2.3.5, como graupf q ą 1 e graupgq ą 1, tem-se tx pf q ě 1


e tx pgq ě 1. Logo,

wgraupf q ě utx pf q ě u, wgraupgq ě utx pgq ě u.

Segue-se wgraupf q ` wgraupgq ě 2u ą u ` v “ |w|, e portanto,

wgraupf q ` wgraupgq ´ |w| ą 0.

2. u “ v: como mdcpu, vq “ 1, temos que u “ v “ 1. Neste caso, wgraupf q “ graupf q e


wgraupgq “ graupgq. Portanto, wgraupf q ` wgraupgq ´ |w| ě 2 ą 0.

2.3.2 Demonstrações dos Teoremas da Semelhança


Agora, temos todas as ferramentas para demonstrar o Teorema 2.3.1 e o Teorema 2.3.2. Vamos
prová-los agora.

21
Demonstração do Teorema 2.3.1
Demonstração. [Teorema 2.3.1] Como pf, gq é um par Jacobiano com graupf q ą 1 e
graupgq ą 1, então, pelo Lema 2.3.6, temos wgraupf q ` wgraupgq ´ |w| ą 0. Note que

wgraupf q “ wgraupf ` q, wgraupgq “ wgraupg ` q.

Portanto, o Teorema é provado, devido ao Lema 2.3.4. l

Demonstração do Teorema 2.3.2


Demonstração. [Teorema 2.3.2] Tome a direção w “ p1, 1q. Denotamos m “ graupf q e
l “ graupgq. Como pf, gq é um par Jacobiano com graupf q ą 1 e graupgq ą 1, então pelo
Teorema 2.3.1, existe um polinômio w-homogêneo h tal que

f ` “ c1 hn1 , g ` “ c2 hn2

onde n1 , n2 P N e c1 , c2 P Czt0u. Logo, a aresta do polígono de Newton N pf q que contém


Supppf ` q é semelhante com a aresta do polígono N pgq que contém Supppg ` q, com o centro na
origem e a razão m : l.
Se N pf q e N pgq contêm somente Supppf ` q e Supppg ` q, o Teorema é provado.
O caso em que N pf q contenha outras arestas diferentes de Supppf ` q será mostrado analo-
gamente. Neste caso, com uma aresta fixada de N pf q, existe sempre uma direção w1 tal que
esta aresta contém Supppf ` q. Repetimos o processo para todas as arestas do polígono, e assim,
o Teorema é provado.
l

2.4 Resultados obtidos pelo Método do Polígono de New-


ton
Apresentamos aqui alguns resultados importantes da Conjectura Jacobiana Plana Complexa
obtidos pelo Método do Polígono de Newton.
O Teorema seguinte apresenta quatro afirmações equivalentes à Conjectura Jacobiana Plana
Complexa.

Teorma 2.4.1 (Abhyankar[1]). As seguintes afirmações são equivalentes:

1. Se pf, gq for um par Jacobiano, então pf, gq será invertível (Conjectura Jacobiana).

2. Se pf, gq for um par Jacobiano, então o polígono de Newton de f será o triângulo com os
vértices p0, 0q, pl, 0q, p0, mq, com l, m P N.

22
3. Se pf, gq for um par Jacobiano, então graupf q dividirá graupgq ou graupgq dividirá graupf q.

4. Se pf, gq for um par Jacobiano, então f e g tem um ponto no infinito.


O seguinte Teorema apresenta a estrutura de um contra-exemplo da Conjectura Jacobiana
Plana Complexa caso exista.
Teorma 2.4.2 (Nagata, [11]). Um contra-exemplo da Conjectura Jacobiana, caso exista, tem
a seguinte forma ÿ
f px, yq “ xmd y nd ` aij xi y j ,
iďmd
jďnd
i`jămd`nd
ÿ
gpx, yq “ xme y ne ` brs xr y s ,
rďme
sďne
r`săme`ne

onde d, e ą 1 e mdcpd, eq “ 1.
Este teorema profundo de Nagata nos diz que para estudar a existância dos contra-exemplos
da Conjectura Complexa de dimensão dois, podemos estudar somente os polinômios cujos
polígonos de Newton são contidos na caixa
tpi, jq P Z2 : 0 ď i ď md; 0 ď j ď ndu
como mostra a seguinte figura:
y y

b‚ ‚ pa, bq b‚ ‚ ‚ pa, bq

‚ ‚ ‚ ‚ ‚ ‚ ‚

‚ ‚ ‚ N pf q ‚ ‚ ‚ ‚ N pf q

‚ ‚ ‚ x ‚ ‚ ‚ ‚ x
0 a´b a 0 a´b a1 a

Além dos dois teoremas importantes acima, obtivemos também os seguintes resultados par-
ticulares da Conjectura Jacobiana Complexa Plana obtidos a partir do Método do Polígono de
Newton:
Teorma 2.4.3 (Veja [11]). Seja pf, gq um par Jacobiano, temos que
1. Se mdcpgraupf q, graupgqq for um número primo, então pf, gq será invertível.

2. Se graupf q ou graupgq for o produto de dois números primos, então pf, gq será invertível.
Teorma 2.4.4 (Veja [11]). Seja pf, gq um par Jacobiano. Se mdcpgraupf q, graupgqq ď 8, então
pf, gq é invertível.

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Referências Bibliográficas

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