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Apostila de CÁLCULO II
Baseada no livro:
⋆ G.B. Thomas, Cálculo, Vol. 2, 12ed., Editora Pearson (2012).
Tucuruı́ - Pará
2021
i
Sumário
Introdução 1
2.4.1 Caso 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4.2 Caso 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3 Integrais duplas 13
ii
3.2.2 Centro de massa de uma lâmina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.3 Integral dupla em coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3.1 Coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3.2 Relação entre coordenadas polares e coordenadas cartesianas . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4 Substituição de variáveis em integrais duplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4 Integrais de linha 22
4.1 Curvas no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.1.1 Comprimento de curva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.2 Campo vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
4.3 Integral de linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
iii
Capı́tulo 1
1
1.1.1 Representação geométrica do domı́nio 2
y
1.1.1 Representação geométrica do
domı́nio
O domı́nio de uma função de duas
variáveis está conformado por pares ordenados de
números (a ordem em que aparecem os números é
importante), em que o primeiro número que apa-
recer represeta um valor da variável x, e o se-
gundo número que aparecer representa um valor
O x
da variável y.
O domı́nio duma função de duas y
P
y
z
O
y
x y
2
y=x
G
x
1 x
único ponto.
1 x Exemplo 1.4. O gráfico da função z = x2 + y 2 é
um parabolóide de revolução, tal como se mostra
x2+y2=1
na Figura 1.5.
z z
100
5
z=100−x2−y2
−5 5 y
O
5 10 10
x
x y
Curvas de Nível
10
p
Figura 1.6: Gráfico da função z = 25 − x2 − y 2 .
51
5
Curvas de Nível
4
0
y
4
2
-5 75
0
y
0
-10
21 -10 -5 0 5 10
-2
x
-4 3
-4 -2 0 2 4
Figura 1.8: Superior: Gráfico da função f (x, y) =
x 100 − x2 − y 2 . Inferior: Curvas de nı́vel da função
f (x, y) = 100 − x2 − y 2 , para os valores de z = 0,
z = 51, e z = 75.
Figura
p 1.7: Curvas de nı́vel da função z =
25 −√x2 − y 2 , para os valores de z = 3, z = 4, √ √
e z = 21. (a) f (x, y) = 16 − x2 − y 2 , (2 2, 2)
√
(b) f (x, y) = x2 − 1, (1, 0)
A equação de uma curva de nı́vel em
que a função tenha valor z = c, pode sempre ser
escrita como 1.3 Variação parcial e va-
f (x, y) = c riação total de uma função
Exercı́cio 1.5. Trace as curvas de nı́vel da função Na Figura 1.9, a curva P S é determi-
f (x, y) = 100 − x2 − y 2 para f (x, y) = 0, f (x, y) = nada pela intersecção da superfı́cie z = f (x, y) e o
51, e f (x, y) = 75 (compare seus resultados com os plano y = y0 (plano que intercepta perpendicular-
gráficos da Figura 1.8). mente o eixo y em y0 ). Sendo y constante em todo o
Exercı́cio 1.6. Seja a função z = y − x, determine ponto do plano y = y0 , z variará ao longo da curva
as curvas de nı́vel para (a) z = 0, (b) z = 1, (c) P S somente em função de x. Demos à variável in-
z = −1, e (d) z = 2. dependente x uma variação de ∆x, logo a variação
Exercı́cio 1.7. Encontre algumas curvas de nı́vel correspondente de z é chamado variação parcial
das seguintes funções de z em relação a x, denotada por ∆x z e definida
pela relação:
(a) z = x2 + y 2
√ ∆x z = f (x0 + ∆x, y0 ) − f (x0 , y0 ). (1.2)
(b) z = x2 − 1
(c) z = y − x2 em que (x0 , y0 ) são as coordenadas do ponto sobre
p o domı́nio em que se calcula a variação.
(d) z = 9 − x2 − y 2 Da mesma maneira, se x é mantido
(e) z = x2 − y 2 constante e se dá uma variação de ∆y a y , a
variação correspondente de z chama-se variação
Exercı́cio 1.8. Encontre uma equação para a curva parcial de z em relação a y e nota-se ∆y z:
de nı́vel da função f (x, y) que passa pelo ponto
dado ∆y z = f (x0 , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 ), (1.3)
1.3.1 Taxas de variação parcial da função 5
z Q
1.3.1 Taxas de variação parcial da
T
Q’ S
função
T’
P
Seja a função de duas variáveis, z =
S’
f (x, y), denominamos taxa de variação parcial da
função em relação a x no ponto (x0 , y0 ), ao quoci-
ente
M ∆zx f (x0 + ∆x, y0 ) − f (x0 , y0 )
=
∆x ∆x
Mo
dy
y em que ∆x é uma variação da variável x. E da
dx
mesma forma, ao quociente
x
O
y
x
z
O
y
7
2.2 Diferencial total 8
y∆x
modo podemos calcular wy e wz .
Exercı́cio 2.4. Determine as derivadas parciais da
função w = xy + z 2
Exercı́cio 2.5. Seja u = x2 + y 2 + xtz 3 , determine
suas derivadas parciais. x
∆x
Exercı́cio 2.6. Para as seguintes funções determine
fx , fy e fz .
Exercı́cio 2.7. Seja a função área z = xy de um que denominamos derivadas parciais de segunda
retângulo.(a) Calcular o diferencial total da função ordem. Assim uma função de duas variáveis tem
no ponto (2,3) e considerando dx = dy = 10−3 , quatro derivadas parciais de segunda ordem. Es-
(b) calcule a variação total da função no mesmo sas derivadas parciais podem ser denotadas de uma
ponto e considerando ∆x = ∆y = 0.2, e agora (c) forma mais compacta, respectivamente como
calcule a variação total no mesmo ponto e conside-
∂2z
rando ∆x = dx e ∆y = dy. A Figura 2.1 mostra ou zxx
uma representação geometrica da variação total e ∂x2
do diferencial total. ∂2z
ou zxy
Seja w = f (x, y, z, ..., t), uma função ∂x∂y
dum número qualquer de variáveis, em que to- ∂2z
das as derivadas parciais são continuas no ponto ou zyx
∂y∂x
(x, y, z, ..., t). A expressão
∂2z
∂f ∂f ∂f ∂f ou zyy
dw = dx + dy + dz + ... + dt ∂y 2
∂x ∂y ∂z ∂t
Exercı́cio 2.9. Calcular as derivadas parciais de se-
constitui a diferencial total. gunda ordem da função z = 1/(x + y).
2.4 Regra da cadeia 9
√
Exercı́cio 2.10. Calcular as derivadas parciais de (c) z = ln(x2 + y 2 ), x = cos t, y = 4 t;
segunda ordem das seguintes funções: (a) z =
2
x2 y + y 3 ; (b) z = y 2 − x2 − sen (xy); (c) z = ex+y ; (d) z = sen (xy), x = t, y = ln t.
√
e (d) z = x2 y.
Exercı́cio 2.14. Determinar dw/dt se w = x/z +
Teorema 2.1. Se a função z = f (x, y) e as suas y/z, x = cos2 t, y = sen2 t, z = 1/t.
derivadas parciais zx , zy , zxy , e zyx são continuas
na vizinhança de um ponto do domı́nio, então,
nesse ponto cumpri-se 2.4.2 Caso 2
∂2z ∂2z Seja a função composta
= . (2.1)
∂x∂y ∂y∂x
z = f (x, y(x))
Exercı́cio 2.11. Calcular as derivadas parciais de
segunda ordem da função z = xy . em que y é uma função de x. Nessa situação, ao
variar x também varia y, e logo z sofre uma va-
riação total, é dizer, no final das contas z depende
2.4 Regra da cadeia somente de uma única variável, x, é dizer z = z(x).
O diferencial total de z será
2.4.1 Caso 1 dz = fx dx + fy dy
em que as variáveis x e y são funções de uma nova logo comparando com dz = z ′ (x)dx, obtemos
variável t. Nesta situação temos, uma variável de-
pendente, z, duas variáveis intermediarias, x e y, z ′ (x) = fx + fy y ′ (x)
e uma variável independente t. Logo podemos es-
crever diretamente, z = z(t), que é uma função que é a regra da cadeia para este segundo caso.
de uma única variável. Outra forma de apresentar
Exercı́cio 2.15. Determine dz/dt se: (a) z = x +
uma função composta é, escrevendo √
cos(xy), y = x2 + 1; (b) z = x2 + y, y = sen(x).
z = f (x, y), x = x(t), y = y(t)
Note que quando a varı́avel t sofre uma variação, 2.5 Derivação das funções
tanto x e y também variam simultaneamente, e
logo z sofre uma variação total. O diferencial total implı́citas
de z, será
dz = fx dx + fy dt Seja a função de duas variáveis, z =
F (x, y). A curva de nı́vel F (x, y) = 0, define uma
mas, dado que dx = x′ (t)dt e dy = y ′ (t)dt, então ou várias curvas sobre o plano xy, mas por outro
temos lado, uma curva no plano xy pode representar o
dz = [fx x′ (t) + fy y ′ (t)] dt gráfico de uma função da forma y = y(x). Logo
de onde, comparando com dz = z ′ (t)dt, obtemos a podemos dizer que a equação F (x, y) = 0, define
seguinte regra uma ou várias funções da forma y = y(x).
Por exemplo, seja a função F (x, y) =
z ′ (t) = fx x′ (t)+fy y ′ (t) ou
dz
=
∂f dx ∂f dy
+ x2 − y 2 , logo a equação x2 − y 2 = 0, se simplifica
dt ∂x dt ∂y dt a y = ±x, é dizer, define duas funções: y = x e
y = −x, cujos gráficos são as curvas de nı́vel de
que é a regra da cadeia para este primeiro caso. F (x, y) quando F (x, y) = 0.
Exercı́cio 2.12. Determinar dz/dt se z = x2 + y, Seja y = y(x) a função definida im-
x = cos t, y = t2 . plicitamente pela equação F (x, y) = 0, é evidente
Exercı́cio 2.13. Use a regra da cadeia para encon- que z = F (x, y(x)) = 0, ou z = z(x) = 0. É di-
trar a derivada de z em relação a t, das seguintes zer, z é uma função de x identicamente zero, logo
funções: z ′ (x) = 0, mas por outro lado aplicando a regra da
cadeia a z = F (x, y(x)) temos Fx + Fy y ′ (x), que
(a) z = xy, x = cos t, y = sen t; deve ser identicamente zero, assim temos
P0 f (1 + s · √1 , 2
2
+s· √1 )
2
− f (1, 2)
Dû f (P0 ) = lim
s→0 s
O (1 + √s )2 + (1 + √s )(2 + √s ) − (12 + 1 · 2)
x 2 2 2
= lim
s→0 s
∇f (2, 0) = (1, 2)
Dû f (P0 ) =
Logo a derivada direcional de f no ponto (2, 0) e
f (x0 + ∆x, y0 + ∆y) − f (x0 , y0 + ∆y) na direção de ⃗v será
ux lim
∆x→0 ∆x
∆y→0
Dû f (2, 0) = ∇f (2, 0) · û
f (x0 , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 )
+uy lim 3 4 3 8
∆y→0 ∆y = (1, 2) · ,− = − = −1.
5 5 5 5
em que ux e uy saem dos limites dado que são cons-
tantes, finalmente aplicando os limites e usando a 2.6.1 Propriedades da derivada dire-
definição das derivadas parciais, obtemos cional
∂f ∂f Utilizando a definição do produto es-
Dû f (P0 ) = ux + uy
∂x Po ∂y Po calar, obtemos
Definição 2.3. O vetor gradiente ou gradiente Dû f = ∇f · û = ||∇f || ||û|| cos θ = ||∇f || cos θ,
de f (x, y) é a função vetorial
pois ||û|| = 1, e θ é o ângulo entre os vetores û
∂f ∂f e ∇f , tal como se mostra na Figura 2.4(a). Esta
∇f = , (2.2)
∂x ∂y fórmula revela as seguintes propriedades:
Teorema 2.2. Se f (x, y) for diferenciável em • A função f cresce mais rapidamente quando
Po = (x0 , y0 ), então a derivada direcional é cos θ = 1, é dizer quando θ = 0 ou quando û
é paralelo a ∇f . Isto é, quando escolhemos
Dû (Po ) = (∇f )Po · û, (2.3) û na direção da gradiente. A derivada nessa
direção será
que é o produto escalar do gradiente de f em Po e
û. Dû f = ||∇f || cos 0 = ||∇f ||
O vetor unitário û associado a qual-
quer vetor ⃗u se determina usando a seguinte • De maneira similar, f decresce mais rapida-
fórmula mente quando cos θ = −1, é dizer quando
⃗u θ = π ou quando û aponta na direção de −∇f ,
û =
||⃗u|| e a derivada nessa direção será
em que ||⃗u|| é o módulo do vetor ⃗u. Dû f = ||∇f || cos π = −||∇f ||
Exercı́cio 2.18. Determine a derivada √da função
√
f (x, y) = x2 + xy na direção û = (1/ 2, 1/ 2), • A função f tem variação zero quando cos θ =
e no ponto (1,2). 0, é dizer quando θ = π/2 ou quando û é or-
Exercı́cio 2.19. Seja a função z = x2 + xy, deter- togonal ao gradiente, assim
mine a derivada na direção: (a) ⃗u = (1, 2), e no
ponto (1,2); (b) ⃗u = (−1, 2), e no ponto (1,2); (c) Dû f = ||∇f || cos π/2 = ||∇f || · 0 = 0
⃗u = (−1, 1), e no ponto (-1,1); (d) ⃗u = (1, −1), e
no ponto (-1,1). Grafique em folha milimitrada o Exercı́cio 2.20. Seja a função f (x, y) = x2 − xy +
ponto e a direção, em cada caso. y 2 . No ponto (1, −1), determine as direções û e os
Exemplo 2.2. Encontre a derivada de f (x, y) = valores da derivada para os quais a função
xey + cos (xy) no ponto (2, 0) e na direção de
⃗u = (3, −4). (a) cresce mais rapido,
Resolução: O módulo de ⃗u será (b) decresce mais rapido,
p
||⃗u|| = 32 + (−4)2 = 5 (c) mantem um valor constante.
2.6.1 Propriedades da derivada direcional 12
Resolução:
∇f = xî + y ĵ
∇f (1, 1) = î + ĵ
î + ĵ î + ĵ 1 1
û = =√ = √ î + √ ĵ.
||î + ĵ|| 12 + 1 2 2 2
Capı́tulo 3
Integrais duplas
3.1 A integral dupla forma (i, j), tal que i e j indicam as posições ao
longo dos eixos x e y, respectivamente. Logo o par
Vamos supor que queremos calcular de números reais (xi , yj ) serão as coordenadas do
o volume de um sólido delimitado, superiormente centro do retângulo (i, j).
pelo gráfico da função z = f (x, y), lateralmente
pelos planos x = a, x = b, y = c e y = d, e Em particular, vamos dividir R con-
inferiormente pelo plano xy ou z = 0, tal como se siderando quatro faixas paralelas ao eixo x e três
mostra na Figura 3.1 faixas paralelas ao eixo y, que formam um total
de doze retângulos. Assim neste caso 1 ≤ i ≤ 3
e 1 ≤ j ≤ 4, tal como se mostra na Figura 3.1.
Agora, sobre cada retângulo vamos construir um
paralelepı́pedo, de modo que a altura do parale-
lepı́pedo sobre um determinado retângulo seja igual
ao valor da função no centro desse retângulo. Por
exemplo, a altura do paralelepı́pedo sobre o retan-
gulo (2,3) será f (x2 , y3 ), tal como se mostra na
Figura 3.1. O volume do paralelepı́pedo sobre o
retângulo (i, j) será f (xi , yj )∆x∆y.
z = 0. ≈ f (xi , yj )∆x∆y
i=1 j=1
Na geometria não existe uma fórmula Em geral, se tivesse considerado m e n faixas pa-
geral para calcular o volume deste tipo de sólidos. ralelas aos eixos x e y, respectivamente, então
Assim é necessário o uso do cálculo para resolver terı́amos
este problema.
A base do sólido é uma região sobre X
n X
m
V ≈ f (xi , yj )∆x∆y
o plano xy que podemos simbolizar por R, logo
i=1 j=1
R é definida pelas desigualdades: a ≤ x ≤ b e
c ≤ y ≤ d. Para resolver o problema de calcular
o volume do sólido, primeiramene vamos dividir a Para valores pequenos de n e m, esta aproximação
região R em pequenos retângulos, traçando retas tem uma grande erro, mas esse erro vai se atenu-
paralelas aos eixos x e y, tal como se mostra na ando a medida que aumentamos os valores de n e
Figura 3.1, de modo que cada retângulo tenha la- m, é dizer podemos melhorar o resultado para V
dos ∆x e ∆y, o lado ∆x paralelo ao eixo x e ∆y aumentando o número de retângulos sobre R. O
paralelo ao eixo y. Cada retângulo será etique- caso extremo é fazer n → ∞ e m → ∞, nessa si-
tada por uma par de números naturais i e j, da tuação ∆x → 0 e ∆y → 0, dado que ∆x = (b−a)/n
13
3.1.1 Cálculo de integrais duplas sobre regiões retangulares 14
Z π/2 Z 1
e ∆y = (d − c)/m. Logo, o limite
(d) x3 cos y dxdy.
−π/2 0
X
n X
m
n→∞
lim f (xi , yj )∆x∆y
m→∞ i=1 j=1 Exemplo 3.1. Calcule a integral dupla
ZZ
será o volume exato do sólido. A esse limite, se (3y − 2x2 )dA,
existir, denominamos integral dupla da função f R
sobre a região R e denotamos como
se R for dada pelas desigualdades −1 ≤ x ≤ 2 e
ZZ ZZ
1 ≤ y ≤ 3.
f (x, y)dxdy ou f (x, y)dA
R R
Resolução: Neste caso a = −1, b = 2, c = 1, e
em que dA = dxdy. d = 3, logo, usando a primeira maneira, temos
ZZ Z 3 Z 2
3.1.1 Cálculo de integrais duplas so- (3y − 2x )dA =
2
(3y − 2x )dx dy
2
R 1 −1
bre regiões retangulares
Agora mostraremos como integrar Agora vamos resolver a integral interna por sepa-
uma funçãof (x, y) sobre uma região retangular, rado
em que cada integral dupla pode ser calculada em Z 2 Z 2 Z 2
estágios, usando-se os métodos de integração de (3y − 2x ) =
2
3ydx − 2x2 dx
−1 −1 −1
uma variável. Z Z
2 2
Seja a integral dupla da função f (x, y) = 3y dx − 2 x2 dx
sobre a região R dada pelas desigualdades: a ≤ x ≤ −1 −1
b e c ≤ y ≤ d, x3 22
ZZ = 3yx ]−1 − 2
]
3 −1
f (x, y)dA 2
R = 3y[2 − (−1)] − [23 − (−1)3 ]
3
nesta situação podemos resolver a integral dupla = 9y − 6,
de duas maneiras. A primeira maneria consiste em
fazer logo, substituindo na expressão da integral dupla,
Z d "Z b # obtemos
ZZ
ZZ Z 3
f (x, y)dA = f (x, y)dx dy
R c a (3y − 2x2 )dA = [9y − 6] dy,
R 1
Z 3 Z 3
em que separamos em duas integrais simples, a
= 9ydy − 6dy
integral interna se integral em relação a x man- 1 1
tendo y constante, e logo ao resultado integramos y2 3 3
em relação a y. = 9 ] − 6y ]1
2 1
A segunda maneira consiste em fazer 9 2
= [3 − 12 ] − 6[3 − 1]
ZZ Z "Z b
#
d 2
f (x, y)dA = f (x, y)dy dx = 24.
R a c
Exemplo 3.2. Ache o volume do sólido limitado
em que novamente separamos em duas integrais pela superfı́cie f (x, y) = 4 − 19 x2 − 16
1 2
y , pelos pla-
simples, a integral interna se integral em relação nos x = 3, y = 2 e pelos três planos coordenados,
a y mantendo x constante, e logo ao resultado in- tal como mostra a Figura 3.2.
tegramos em relação a x.
Exercı́cio 3.1. Calcular as seguintes integrais du- Resolução: O volume V do sólido será dado pela
plas: integral dupla
Z 2Z 1 ZZ
(a) (5 − x − y) dydx; V = f (x, y)dA
R
0 0
Z 3Z 2 em que R é dada pelas desigualdades 0 ≤ x ≤ 3 e
(b) (3y − 2x2 ) dxdy; 0 ≤ y ≤ 2, agora vamos resolver a integral dupla
1 −1
ZZ da segunda maneira, é dizer, fazendo
(c) (6y 2 − 2x) dA, em que R: 0 ≤ x ≤ 1 e Z 3 Z 2
1 2 1 2
0≤y≤2
R V = 4 − x − y dy dx
0 0 9 16
3.1.2 Propriedades de integrais duplas 15
4
z (P2) Soma e Diferença:
z = f(x,y) ZZ ZZ
[f (x, y) ± g(x, y)] dA = f (x, y)dA ±
R
Z ZR
g(x, y)dA
R
(P3) Aditividade:
O ZZ ZZ ZZ
2 y
f (x, y)dA = f (x, y)dA+ f (x, y)dA
R
R R1 R2
y
Figura 3.2: Sólido debaixo da superfı́cie z = 4 − R = R1 ∪ R2
x2 /9 − y 2 /16.
R1
y = g 2 (x)
y
Logo,
ZZ
3
f (x, y)dA = [−x cos x + sen x]π0 ,
R 2
= −π · cos π + sen π −
R
[−0 · cos 0 + sen 0],
y = g 1(x)
= π.
x
O
x=π
R
x
Figura 3.5: O
x=π
Z
sen (x)dx = − cos(x) + C, para resolver esse problema é usar a integral dupla,
em que a área A da região R será
obtemos, ZZ
ZZ π A= dA
1 R
f (x, y)dA = − cos(2x) + cos(x) ,
R 2 0 Exercı́cio 3.7. Encontre a área da região R quando:
1
= − cos(2π) + cos π −
2 (a) R é limitada por y = x e y = x2 no primeiro
1 quadrante;
[− cos(2 · 0) + cos 0],
2
= −2. (b) R é limitada pela parábola y = x2 e pela reta
y = x + 2.
Dado que cos(2π) = 1.
RR
Exercı́cio 3.4. Calcular R (y − 2x2 )dA onde R é a
região delimitada pelas retas x+y = 1, −x+y = 1, 3.2 Aplicações das integrais
x + y = −1 e −x + y = −1 (ou em forma mais duplas
compacta |x| + |y| = 1). Graficar a região.
Regiões de tipo II 3.2.1 Massa de uma lâmina
Seja R uma região no plano xy, deli-
mitada pelas retas y = c e y = d, em que a < b, Seja dada uma lâmina tendo a forma
e pelas curvas x = h1 (y) e x = h2 (y), em que de uma região fechada R, no plano Oxy (veja a
h1 (y) ≤ h2 (y) para c ≤ y ≤ d. Nesse caso, R pode Figura 3.7), e seja p(x, y) a medida da densidade de
ser dada pelas desigualdades massa por unidade de área da lámina em qualquer
ponto (x, y) ∈ R. Para encontrar a massa total M
c≤y≤d e h1 (y) ≤ x ≤ h2 (y) da lâmina, usamos a fórmula
ZZ
Regiões dadas por este tipo de desigualdades
M= p(x, y)dA, (3.1)
denomina-se regiões de tipo II. Nesta situação, a R
integral da função f (x, y) sobre a região R deve ser
resolvida necessariamente da seguinte maneira dada mediante uma integral dupla.
ZZ Z "Z d h2 (y)
#
f (x, y)dA = f (x, y)dx dy 3.2.2 Centro de massa de uma
R c h1 (y) lâmina
Neste caso primeiro integramos em relação a x e ao Muitas estruturas e sistemas
resultado integramos em relação a y, para regiões mecânicos se comportam como se sua massa
de tipo II sempre tem que ser nessa ordem. estivesse concentrada em um único ponto, cha-
RR
Exercı́cio 3.5. Determinar R xydA, em que R é mado de centro de massa. É importante saber
delimitada pelas retas y = 2x, y = 0 e x + y = 3. como localizar esse ponto e fazer isso é basicamente
Exercı́cio 3.6. Seja as seguintes integrais duplas: um trabalho matemático.
R 1 R 4−2x y
(a) 0 2 dydx;
R 2 R 4−y2
(b) 0 0
ydxdy;
√
R 1 R 1−y2
R
R e R ln(x) y p(x,y)
(d) 1 0
xydydx.
Em todos os casos esboce a região de integração,
e escreva uma integral dupla equivalente com a or-
dem de integração invertida. Finalmente resolva as
integrais. O x x cm x
nadas serão encontradas usando as fórmulas voltando para a expressão da massa, temos
My Z a
xcm = , ycm = Mx
(3.2) 4 3 1 3
M M M = k 2ax − x − a x + a dx
2 2
ZZ 3 3
RR 0 Z a Z a
My = xp(x, y)dA, Mx = yp(x, y)dA, 4
R
R = k 2a x2 dx − x3 dx−
0 3 0
Z a Z
novamente usando integrais duplas. 2 1 3 a
a xdx + a dx
0 3 0
Exemplo 3.5. Uma lâmina com a forma de uma
triângulo retângulo isósceles tem uma densidade de a3 4 a4 a2
= k 2a · − · − a2 · +
massa por unidade de área que varia com o qua- 3 3 4 2
drado da distância ao vértice do ângulo reto. Se 1 3
a massa for medida em kilogramos, a distância em a ·a
3
metros, ache a massa e o centro de massa da lámina
a4
(veja a Figura 3.8). M = k .
6
R
p(x,y) = k d 2
y (x,y)
d
• Centro de massa: Utilizando a fórmula (3.2)
temos,
O x a x ZZ
k
xcm = x(x2 + y 2 )dA
M R
Z a Z a−x
Figura 3.8: k 2 2
= x(x + y )dy dx
M 0
ZZ 0
Resolução: Seja d p
a distância ao vértice do k
ângulo reto, então d = x2 + y 2 , logo a densidade ycm = y(x2 + y 2 )dA
M R
p fica Z a Z a−x
k
p(x, y) = k(x2 + y 2 ). = y(x2 + y 2 )dy dx,
M 0 0
A equação da hipotenusa do triângulo retângulo
é dada pela fórmula y = a − x, e a equação dos
catetos é x = 0, e y = 0, portanto o domı́nio de
integra é dada como x ∈ [0, a], e y ∈ [0, a − x].
= 2a2 x2 − a3 x −
3 a4
2ax3 + x4 + .
4 4
Z a
k 2 2
ycm = 2a x − a3 x − 2ax3 +
M 0 Figura 3.9: Um ponto e um semi-eixo definem as
coordenadas polares de uma ponto sobre o plano.
3 4 a4
x + dx
4 4
k a3 a2 a4 3 a5
= 2a2 − a3 − 2a + + Agora falaremos de equações e
M 3 2 4 4 5 gráficos em coordenadas polares. A equação
a4 r = r0 , em que r0 é uma constante, representa
a
4 uma circunferência de raio r0 e centrada no polo.
k a5 A equação θ = θ0 , em que θ0 é uma constante,
= representa uma semi-reta que começa no polo e
M 15
2a que forma um ângulo θ0 com o eixo polar. As
ycm = = 0.4a, curvas dadas pelas equações da forma r = r0 ou
5
pelas equações da forma θ = θ0 denominam-se
4 curvas de nı́vel de coordenadas polares.
onde foi utilizado o resultado M = k a6 .
Exercı́cio 3.8. Graficar em uma folha polar as se-
guintes equações polares: (a) r = 3; (b) r = 1/2;
3.3 Integral dupla em coorde- (c) r = 1; θ = π/6; (d) θ = 2π/3; e (e) θ = π.
J(r, θ) = r
Exercı́cio 3.10. Seja o ponto com coordenadas car- Exercı́cio 3.14. Seja a integral dupla
tesianas (1,2), determine as coordenadas polares ZZ
desse ponto. x2 + y 2 dxdy
R
Exercı́cio 3.11. (a) Seja os pontos (3,4); (1,-1); e
(0,2) em coordenadas cartesianas. Determine as em
√ que R é a região delimitada pelas curvas y =
coordenadas polares desses pontos. (b) Seja os 4 − x2 , y = 0, e x = 0. Reescrever essa integral
pontos (2,π/3); (1,2π/3); e (3,3π/2) em coordena- em coordenadas polares e logo resolver.
3.4 Substituição de variáveis em integrais duplas 21
em
√ que R é a região delimitada pelas curvas y =
4 − x2 e y = 0
Exercı́cio 3.17. Resolver as integrais
(a) √
Z 1 Z 1−x2
(x2 + y 2 )dydx
0 0
(b) ZZ p
x2 + y 2 dxdy
R
em que R é a região dada pelas desigualdades
1 ≤ r ≤ 3 e π/2 ≤ θ ≤ 5π/6.
(c) ZZ
dA
R
em que R é um cı́rculo de raio 2.
(d) ZZ
(x2 + y 2 )dA
R
em que R é um cı́rculo de raio 2 centrado na
origem de coordenadas.
(e) ZZ
1
p dA
R x2 + y 2
em que R é a região dada pelas desigualdades
0 ≤ r ≤ 1 e π ≤ θ ≤ 2π.
(f ) √
Z 1 Z 1−x2 p
x2 + y 2 dydx
−1 0
Capı́tulo 4
Integrais de linha
22
4.3 Integral de linha 23